Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL MARIA GABRIELE DOS SANTOS MORENO ANÁLISE DO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE E DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA): UMA PESQUISA DOCUMENTAL SOBRE O COMPROMISSO SOCIOAMBIENTAL DO GRUPO NEOENERGIA PONTA PORÃ 2019 MARIA GABRIELE DOS SANTOS MORENO ANÁLISE DO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE E DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA): UMA PESQUISA DOCUMENTAL SOBRE O COMPROMISSO SOCIOAMBIENTAL DO GRUPO NEOENERGIA Monografia apresentada ao Curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS - como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Dr. Carlos Jaelso Albanese Chaves PONTA PORÃ 2019 MARIA GABRIELE DOS SANTOS MORENO ANÁLISE DO RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE E DA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA): UMA PESQUISA DOCUMENTAL SOBRE O COMPROMISSO SOCIOAMBIENTAL DO GRUPO NEOENERGIA Esta monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS. Aprovado em ___/___________________/______. Banca Examinadora ................................................................................................... Prof. Dr. Carlos Jaelso Albanese Chaves .................................................................................................... Prof. Me. Fábio Miguel Gonçalves da Costa .................................................................................................... Prof. Me. Patrícia Pereira Castro Agradecimentos: Gostaria de agradecer primeiramente a Deus que me abençoou de forma tão grandiosa em minha vida. Agradecer à minha família, em especial a minha mãe Maria Cleuza dos Santos que sempre me apoiou e apoia em todos os momentos bons e ruins, meu exemplo de vida. A minha irmã Lena e ao meu cunhado Leandro, pelo qual tenho total admiração e carinho. As minhas amigas que esteve ao meu lado e a todas as pessoas que conheci ao longo desta jornada, em especial a Daniele Aguero e a Érica Hameno, pessoas que sabem exatamente o caminho que traçamos para chegarmos ao tão esperado dia, onde passamos grandes momentos de alegria, tristeza e de aflição, mas nos fortalecendo a cada instante para conseguir o tão sonhado diploma e a nunca desistir dos nossos objetivos. Ao meu amigo Adrian, que no final desta caminhada foi muito importante para mim, sendo meu porto seguro. Aos meus professores por contribuir de forma valorosa para o meu conhecimento e evolução, em especial ao meu orientador Carlos Jaelso Albanese Chaves pela paciência e total dedicação concedida a mim, pelos puxões de orelha que serviram de grande sabedoria. RESUMO: O objetivo desta pesquisa teve por finalidade, analisar os relatórios de sustentabilidade de uma Hidrelétrica, identificando e analisando os indicadores socioambientais que a empresa desenvolve. Inicialmente foi realizado como base teórica, desde o desenvolvimento sustentável, com a responsabilidade social e ambiental à contabilidade e seus relatórios de sustentabilidade, juntamente com a Demonstração do Valor Adicionado, servindo como base para a compreensão do tema e atingir o objetivo proposto. Para atender os requisitos quanto ao problema e os objetivos, foi utilizada como tratamento dos dados a técnica de análise qualitativa, descritiva e documental, utilizando documentos como o relatório de sustentabilidade e a DVA, onde foi possível obter informações dos indicadores sociais e ambientais da empresa, em apresentá-las, compará-las e analisá-las. Foi necessária a utilização dos Demonstrativos Financeiros Padronizados da empresa para esclarecimento destes indicadores, como adicional das informações para melhor entendimento. Palavras-chave: Relatório de Sustentabilidade. DVA. Responsabilidade Social. Responsabilidade Ambiental. Compromissos Socioambientais. LISTA DE QUADROS Quadro 01: Geração de valor antes da distribuição...................................................37 Quadro 02: Distribuição da riqueza entre os contribuintes.........................................38 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Número Total de Colaboradores ............................................................. 49 Tabela 02: Total de horas de Treinamento e Desenvolvimento por colaborador ...... 49 Tabela 03: Investimento em Desenvolvimento e Treinamento Profissional .............. 50 Tabela 04: Investimento em Educação ..................................................................... 51 Tabela 05: Benefícios Sociais com base na distribuição do Valor Adicionado .......... 53 Tabela 06: Investimentos Ambientais ........................................................................ 56 Tabela 07: Resultados das instalações para geração de energia renovável. ........... 56 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 6 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ........................................................................................ 8 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................. 8 1.2.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 8 1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 8 1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 9 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 10 2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ..................................................................... 10 2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL ................................................................................. 13 2.2.1 Benefícios sociais .............................................................................................. 15 2.2.2 Treinamento e desenvolvimento de pessoas................................................... 16 2.2.3 Educação como um processo de aprendizagem ............................................. 18 2.3 DA RESPONSABILIDADE SOCIAL À RESPONSABILIDADE AMBIENTAL .............. 19 2.4 A CONTABILIDADE E SEU COMPROMISSO SOCIOAMBIENTAL ........................... 23 2.5 RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE ..................................................................... 27 2.6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA) ................................................ 32 3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 38 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 38 3.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .................................................................................. 40 3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................... 41 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 48 4.1 COMPROMISSOS SOCIAIS – GRUPO NEOENERGIA ............................................. 48 4.2 COMPROMISSO AMBIENTAL – GRUPO NEOENERGIA ......................................... 55 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 58 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................60 6 1 INTRODUÇÃO O aumento da concorrência entre as empresas torna-se cada vez mais acirrado, devido ao engaje da inovação tecnológica. A responsabilidade socioambiental das empresas cresceu nos últimos anos, após o aumento da conscientização das entidades em promover o desenvolvimento sustentável, a preservação dos recursos, que cada vez mais escasso. Com a perda gradativa, o Estado, com o compromisso de realizar o bem da sociedade e do ambiental, vem buscando ajudar e a incentivar práticas de sustentabilidade nas empresas (BORDIN; PASQUALOTTO, 2013). Almeida (2002 apud TINOCO, KRAEMER, 2011) salienta que “a sustentabilidade exige postura preventiva, que identifique tudo o que um empreendimento pode fazer de positivo – para ser maximizado – e de negativo – para ser minimizado”. Com esse fim, as organizações vêm investindo em tecnologias, que buscam inovações para a preservação dos recursos naturais, com o mínimo impacto ambiental e bem-estar da humanidade. Para Melo Neto e Froes (2002), a empresa socialmente responsável tende a contribuir com as melhorias no bem-estar dos colaboradores ali presentes e da comunidade, na promoção de uma comunicação transparente com seus acionistas e, seus parceiros, garantindo a satisfação dos clientes. Segundo os autores, “a responsabilidade social, assumida de forma consistente e inteligente pela empresa, pode contribuir de forma decisiva para a sustentabilidade e o desempenho empresarial” (MELO NETO; FROES, 2002, p. 95). Nesse sentido, Chaves, Vieira e Mendes (2015, p. 272) também descrevem que, “a existência de uma consciência empresarial responsável, contudo, é fundamental para que haja possibilidade de engajamento de todos no processo de desenvolvimento, objetivando a construção de uma sociedade economicamente próspera e socialmente justa”. Machado e Chagas (2012) comentam que, assim que as grandes companhias se engajam pela adoção de responsabilidade social e ambiental, entra em cena a contabilidade, que se encontra em constante evolução, para atender não somente 7 aos usuários que necessitam das informações econômico-financeiras, mas em atender as expectativas perante a sociedade e o meio ambiente. Tinoco e Kraemer (2011, p. 62) relatam que “a Contabilidade pode e deve em muito enriquecer a informação que reporta a seus mais diferenciados usuários, parceiros de suas atividades, que buscam informação plena, justa e não enviesada”. Considerando a forma que a contabilidade vem evoluindo, os autores complementam que para que as organizações tenham transparência em suas atividades pelo enfoque socioambiental, usam com eficiência o Balanço Social e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Por meio dos relatórios de sustentabilidade, o Balanço Social é um documento que retrata as ações da entidade sobre sua gestão ambiental e os investimentos de melhorias na sociedade e no meio ambiente. Em outras palavras, Tinoco (2010, p. 8) resume o Balanço Social como sendo relatório para atender à necessidade “[...] o bem-estar dos próprios funcionários e da sociedade com ênfase no aspecto ambiental”. A Demonstração do Valor Adicionado, segundo Boscov e Bispo (2010), é uma das vertentes do Balanço Social. Tal demonstração contém informações da geração de riqueza de uma empresa e a partir dela, como distribuído pelos seus contribuintes: Governo, empregados, financiadores de capital e acionistas. Para Cunha, Ribeiro, Santos (2005 apud BOSCOV, BISPO 2010): A DVA possibilita o conhecimento de quanto cada empresa criou de riqueza e como a distribuiu aos agentes econômicos que ajudaram a criá-la. Além de atender a um número maior de usuários, quando comparada à Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), amplia o universo atingido pela contabilidade e tem grande vantagem, por ser facilmente lida e interpretada. Almeida et al. (2009) esclarecem que a DRE tem por finalidade informar riqueza somente pela ótica do proprietário e sócios na forma de lucro, diferentemente da DVA, que demonstra a capacidade de produzir riqueza e sua distribuição. O valor adicionado, juntamente com a informação contábil, assume não apenas o conhecimento da situação patrimonial da empresa, mas evidencia o compromisso da entidade em suas ações sociais e ambientais. A DVA, com as informações sobre questões socioambientais que as organizações prestam, pode demonstrar o real compromisso da empresa diante de uma sociedade e dos usuários envolvidos. 8 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA Como o relatório de sustentabilidade e a DVA revelam os compromissos socioambientais do Grupo Neoenergia? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Apresentar como o relatório de sustentabilidade e a DVA revelam os compromissos socioambientais da empresa. 1.2.2 Objetivos Específicos a) Conhecer os indicadores sociais e ambientais do relatório de sustentabilidade e da DVA da empresa Neoenergia; b) Comparar e analisar os indicadores sociais e ambientais do relatório de sustentabilidade e da DVA dos três últimos anos; c) Apresentar como as demonstrações revelam o compromisso socioambiental da Neoenergia. 9 1.3 JUSTIFICATIVA A elaboração deste trabalho ilustra a importância da Contabilidade através de seus relatórios, juntamente com a Demonstração do Valor Adicionado, duas das vertentes do Balanço Social para a gestão da empresa e seus usuários, sejam eles internos e externos, principalmente no que concerne às práticas sociais e ao Meio Ambiente, demonstrando as ações lideradas pela instituição. Por ser um tema de discussão das grandes organizações para a prática do desenvolvimento sustentável e perspectiva de boa relação na sociedade e seus stakeholders, as entidades buscam uma imagem ecologicamente sustentável perante seus clientes, fornecedores, ONGs, Governo e outros. Este trabalho busca, através da contribuição teórica, identificar os compromissos socioambientais de uma organização no ramo de setor elétrico. Para a contribuição prática, demonstra de que forma a empresa vêm realizando as práticas socioambientais em seu quadro colaborativo, através de análises do relatório de sustentabilidade juntamente com a DVA dos últimos três anos. 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo, foram abordadas teorias sobre o compromisso socioambiental de uma organização e a contribuição da contabilidade para o seu cumprimento, abordando temáticas como Desenvolvimento Sustentável, Responsabilidade Social e Ambiental, a Contabilidade e seu Compromisso Socioambiental, Relatórios de Sustentabilidade e a Demonstração do Valor Adicionado. 2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Segundo a WWF Brasil (2019), uma organização nacional sem fins lucrativos em busca da prevenção a degradação socioambiental, fez a definição mais próxima de desenvolvimento sustentável é: “o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro”. Feil e Schreiber (2017, p. 674-675) questionam a amplitude do conceito de desenvolvimento sustentável e argumentam que “o entendimento de sociedade nesse conceito não abrange apenas a civilização humana, mas todo um conjunto complexo de aspectos ambientais, sociais e econômicos”. O autor complementa que há duas ‘’questões-chaves’’ sobre a prioridade de atender aos mais pobres nos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos e as tecnologias presentes para atender tanto às necessidades básicas existentes e futuras. Nesse sentido, percebe- se a preocupação que existe em atender entre ambas por prioridade, considerando a continuação da vida dos seres humanos dentro de certas restrições ambientais. Considerando as questões ambientais, o embaixadorLuiz Alberto Figueiredo Machado, em audiência na Comissão de Relações Exteriores (CRE) comentou que: “[...] se a decisão de proteger a floresta não for acompanhada de perspectivas de desenvolvimento econômico, de inclusão social e de geração de empregos não há como se garantir a proteção ambiental” (SENADO, 2012). Esse assunto foi tratado no Rio de Janeiro, na ECO 92, uma conferência para tratar do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, documento Agenda 21 (RIO +20, CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO 11 SUSTENTAVEL, 2012). Observa-se que as questões ambientais na fala do embaixador estão diretamente ligadas às questões sociais e econômicas, tal como o conceito desenvolvimento sustentável apresenta. Conforme Feil e Schreiber (2017), a relação entre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável dá-se de forma que, à primeira integra os sistemas para a eficiência do desenvolvimento sustentável e por seguinte, manter a eficácia de suprir as necessidades do homem. A sustentabilidade, por sua vez, é o resultado final, meta a ser atingida ao longo do processo pelo desenvolvimento sustentável. Com isso, por ser praticada ao longo dos anos, outros fatores podem ocasionar mudanças para o desenvolvimento sustentável, como as condições financeiras, gerenciais, reflexos das condições evolutivas da região mencionada pelo autor, assim, alterando possível qualidade do sistema: A visão de longo prazo vincula-se à ideia de que o sistema global tenha vida útil indeterminada e nesta temporalidade a sustentabilidade deve ser mantida em um nível saudável. Entretanto, este sistema global sofre adaptações e evoluções as quais demandam mudanças na forma de mensuração do nível de sustentabilidade e um contínuo aperfeiçoamento das estratégias advindas do desenvolvimento sustentável para manter aquele nível (FEIL; SCHREIBER, 2017, p. 677). Nesse sentido, a WWF BRASIL observa que além do objetivo de um planejamento eficiente sob o desenvolvimento sustentável nas indústrias, o crescimento econômico no país, onde o aumento de demanda na economia visa o desdobramento na exploração do uso de recursos, já escassos. “O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem” (WWF BRASIL, 2019). No mesmo sentido, Tinoco e Kraemer (2011, p. 111) descrevem que as empresas devem empregar novas ideias de planejamentos para a valorização de produções de bens naturais, “[...] em que a cultura do descartável e do desperdício seja coisa do passado”. Através desse cenário, o autor menciona atividades a serem implantadas ao planejamento estratégico para gerenciamento ambiental, garantindo vantagem competitiva: Formular estratégias de administração para o meio ambiente, assegurar a conformidade com as leis ambientais, implementar programas de prevenção a poluição, gerir instrumentos de correção de danos ao meio ambiente, 12 adequar os produtos às especificações ecológicas, monitorar o programa ambiental da empresa. (TINOCO; KRAEMER, 2011, p.111). Tinoco e Kraemer (2011, p. 116-117) em seu livro de Contabilidade e Gestão Ambiental, observa que o desenvolvimento sustentável apresenta cinco dimensões: Sustentabilidade social: que se entende como criação de um processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização com maior equidade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir o abismo entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres; Sustentabilidade econômica: que deve ser alcançada através do gerenciamento e da alocação mais eficientes dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados; Sustentabilidade ecológica: que pode ser alcançada através do aumento da capacidade de utilização dos recursos, limitação do consumo de combustíveis fosseis e de outros recursos e produtos que são facilmente esgotáveis, redução da geração de resíduos e de poluição, através da conservação de energia, de recursos e da reciclagem; Sustentabilidade espacial: que deve ser digerida para a obtenção de uma configuração rural-urbana mais equilibrada e melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômica; Sustentabilidade cultural: incluindo a procura por raízes endógenas de processo de modernização e de sistemas agrícolas integrados, que facilitem a geração de soluções especificas para o local, o ecossistema, a cultura e a área. Sobre esse assunto, ao tratar dos indicadores do GRI (Global Reporting Iniciative), Tinoco e Kraemer (2011, p. 260) comentam que existem três elementos inter-relacionados a serem aplicados por organizações para apresentarem seus compromissos socioambientais em seus relatórios de sustentabilidade: Econômico: inclui, por exemplo, os gastos e benefícios, produtividade no trabalho, criação de emprego, despesas em serviços externos, despesas em investigação e desenvolvimento, investimentos em educação e outras formas de capital humano. O aspecto econômico inclui, embora não se limite só a ela, a informação financeira e respectivas declarações. Ambiental: Inclui, por exemplo, impacto dos processos, produtos, serviços no ar, água, solo, biodiversidade e saúde humana. Social: inclui, por exemplo, o tratamento que se dá aos grupos minoritários e as mulheres, o trabalho feito em favor de menores, a saúde e segurança ocupacionais, estabilidade do empregado, direitos laborais, direitos humanos, salários e condições de trabalho nas relações externas. Complementando, Feil e Schreiber (2017) apresentam estratégias como propriedades de desenvolvimento sustentável: a) Objetiva o crescimento econômico sem agressão ambiental humana; b) Visão de longo prazo em relação às gerações futuras abrangendo o ambiental, o econômico e o social em equilíbrio mútuo; c) 13 Propõe mudança no comportamento da humanidade materializado por meio de estratégias e; d) Envolve processos e práticas. Os autores argumentam também sobre a utilização do desenvolvimento sustentável como estratégia de longo prazo para melhoria de bem-estar social, que devem integrar os conceitos econômicos, ambiental e político, respeitando a vida ambiental pela limitação de acesso a esses recursos. O conceito de estratégias, ou seja, o ato de gerenciar é elaborado com base nos resultados das avaliações da sustentabilidade, e tem como foco os aspectos negativos, recuperando ou normalizando até o ponto em que o processo evolutivo do sistema ocorra normalmente (FEIL; SCHREIBER, 2017). Pela necessidade em inserir a responsabilidade socioambiental nas empresas, observa-se certa dificuldade na conciliação dos interesses de todos os grupos que de alguma forma se inter-relacionam, como funcionários, sociedade, acionistas, distribuidores, etc. De acordo com a definição do Instituto Ethos (2019) é possível que as empresas, no reconhecimento de suas ações e gerenciamento de seus negócios, sejam socialmente e ambientalmente responsáveis, as quais deverão conhecer e cumprir as leis e que “voluntariamente” excedam obrigações naquilo que seja relevante para o bem-estar da coletividade. 2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL A partir dos anos 60, com a evolução do capitalismo, grandes empresas contemplavam crescimento econômico e grandes lucros. Não obstante a essas conquistas, observou-se a ausência da divulgação de informações contábeis, devido à exploração de trabalho, baixa remuneração oferecida aos colaboradores e ações laborais desumanas. Mesmo que houvesse maior transparência nos relatórios contábeis, os dados existentes não permitiam demonstrar as destinações dos recursos da entidade. Surge então a necessidade de maior detalhamento e liberação de acesso às informações, utilizando posteriormente como ferramenta na fiscalização de tais problemas. Segundo Tinoco e Kraemer (2011),a Responsabilidade Social teve o reconhecimento por volta dos anos 60 e 70. Surgido na França, com a incorporação 14 do Balanço Social, expandiu-se para outros países da Europa e somente nos anos 80 foi implantado no Brasil. Para Melo Neto e Brennand (2006), há uma dificuldade em definir corretamente o que é Responsabilidade Social. Segundo os autores, há vários conceitos de “Responsabilidade”, como por exemplo, Responsabilidade Ética, Responsabilidade Empresarial, Responsabilidade Social Corporativa, entre outros. Neste sentido, Melo (2014) argumenta, que para muitas empresas, Responsabilidade Social não tem o mesmo significado. Para algumas instituições, pode significar apenas uma obrigação ou um comportamento ético e para outras, ser socialmente conscientes. “Portanto, não existe ainda um conceito formal de Responsabilidade Social, permanecendo diversos pontos de vista particulares sobre o tema” (MELO, 2014, p. 4). Segundo Eon (2014), o compromisso social é dado pela postura profissional ética e no desempenho econômico na organização, conceituado como Responsabilidade Social, no qual as empresas adotam comportamentos que promovam o bem estar coletivo de seus funcionários, comunidades e parceiros. Melo Neto e Brennand (2006, p.3) mencionam: “algumas definições buscam associar a ideia de Responsabilidade Social ao compromisso social de contribuir para o desenvolvimento social, a preservação do meio ambiente e ao dever ético da empresa em assegurar a lisura e a transparência em seus negócios”. Nesse sentido, segundo as palavras de Ferrel, Fraedrich e Ferrel (2000 apud MELO NETO, BRENNAND 2006) “Responsabilidade Social é a obrigação que a empresa assume com a sociedade”. Ser socialmente responsável implica maximizar os efeitos positivos sobre o stakeholders (clientes, comunidade, fornecedores, governo, proprietários e empregadores). Segundo Cruz e Souza (2017), as empresas decidem operacionalizar seus desempenhos sociais através da adoção de atividades e programas de responsabilidade social com seus principais stakeholders, pelo qual está vinculada à melhora do ambiente organizacional e da sociedade como um todo. Para Araújo (2006), as empresas buscam qualidade na produção e comprometimento de seus empregados e, deverá relacionar em satisfazer as necessidades pessoais e profissionais do colaborador. Os investimentos em benefícios sociais, qualificação de trabalho e educação são alguns exemplos de 15 atividades contidas nos relatórios contábeis em relação ao compromisso social pelas companhias em prol de seus colaboradores e também para a sociedade. 2.2.1 Benefícios sociais Araújo (2006) define que, os benefícios sociais são condições de trabalho oferecidas aos funcionários para que possam permanecer dentro da organização. Esses benefícios são remunerações indiretas, ou seja, incentivos sociais internos oferecidos pela organização para satisfazer às necessidades pessoais, proporcionando um ambiente mais harmonioso e produtivo possível para toda a organização. Segundo a RH Portal (2015), os benefícios sociais de uma organização estão relacionados à percepção de Responsabilidade Social. Para Boldo, Severo e Guimarães (2019, p. 6), os benefícios sociais concedidos pela empresa, têm objetivo de “tornar a vida dos colaboradores mais agradável e humana, pois sem eles, os custos atrelados à alimentação, saúde entre outros teriam que ser diminuídos do salário”. Assim, os benefícios sociais podem auxiliar na qualidade de vida dos colaboradores, melhorias no ambiente de trabalho, diminuição na rotação de pessoas, boa manutenção do departamento de Recursos Humanos e aumento na produtividade em geral. Araújo (2006) identifica os principais benefícios sociais mais aplicados pelas entidades: a) Alimentação: benefício criado pela empresa em ter seu próprio refeitório, oferecendo café da manhã, almoço ou jantar. Outro tipo muito utilizado é o Vale alimentação (ticket), com o qual o funcionário pode realizar suas refeições em restaurantes ou fazendo compras em supermercados; b) Assistenciais: oferece aos beneficiários e seus dependentes, assistência médica, educacional e jurídica, exemplo; c) Departamento médico: a organização disponibiliza convênios em farmácias e drogarias, assumindo custos totais ou parciais; 16 d) Cesta Básica: com intuito em complementar de forma indireta o salário do funcionário, que também, podem receber o ticket com determinado valor para que realize suas próprias compras; e) Transporte: a empresa fornece aos seus funcionários condução própria, estacionamento ou vale-transporte; f) Lazer: são algumas atividades que as empresas fornecem, como descanso e recreação. Alguns eventos ou datas comemorativas como Dias das Mães, dos Pais, Carnaval, entre outras, podem ser desfrutados também pelos familiares e parentes próximos dos funcionários. g) Serviço Social e aconselhamento: tende a oferecer atendimento psicológico, auxiliando em problemas pessoais ou profissionais que podem acarretar problemas no âmbito organizacional. h) Monetários: condiz a participação de funcionários em resultados financeiros da organização, ajudando na remuneração direta. Outro benefício que pode ser considerado como monetário são as gratificações, incentivando a produtividade. i) Planos de previdência: este benefício caberá à organização se disponibiliza esse tipo de plano, como no caso dos planos coletivos, contratados pelas empresas em benefício do seu quadro de funcionários. Vale destacar que Karkotli (2006) observa que a responsabilidade social corporativa “é toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade, possibilitando que as organizações demonstrem toda sua preocupação por meio de significativos projetos sociais”. Consideram que por meio de seus projetos sociais, a empresa apresenta para o seu público interno e externo seus compromissos sociais. 2.2.2 Treinamento e desenvolvimento de pessoas Com relação à preparação para o mercado de trabalho e para desenvolvimento dos funcionários, segundo Campos et al. (2004), as empresas bem-sucedidas deram conta de que o investimento em pessoas de forma bem aplicada e inteligente terá como retorno resultados gratificantes no meio social em 17 que a empresa atua. O objetivo de capacitação de pessoas para atender às exigências que o mercado impõe entende-se por investimento em aprendizagem, desenvolvimento e treinamento. Aprendizagem “diz respeito à aquisição de novos hábitos, atitudes e comportamentos, após um treinamento específico ou novas experiências”. (RIBEIRO, 2005, p. 33). Para Araújo (2006), trata-se de experiências vividas por cada pessoa, adaptadas dentro de uma nova realidade, “facilitada” pelo processo de treinamento. A seguir, dentro do conceito de aprendizagem, serão abordados dois procedimentos que são determinantes para bom desempenho da organização e seus departamentos em busca de vantagem competitiva: Desenvolvimento e Treinamento. O desenvolvimento, segundo Araújo (2006), é um processo de aprendizagem ligado ao crescimento intelectual do indivíduo, associado a melhorias em níveis de conhecimentos, atitudes, habilidades e valores éticos. Para Dessler (2005), o treinamento são conjuntos de métodos utilizados para exibir habilidades novas e antigas necessárias para o desempenho do funcionário no trabalho. Porém Araújo (2006, p. 91) relata que, para algumas pessoas, o desenvolvimento e treinamento “são suficientemente claras e não necessitam de nenhuma ajuda auxiliar” gerando certa dificuldade em explica-los e especifica-los separadamente. Mas sim, é possível distingui-los, são tratamentos diferentes. Ribeiro (2005, p. 33) faz a distinção entre aprendizagem e treinamento: “a aprendizagem traduz o processo dinâmico por meio do qual o indivíduo assimilanovos conhecimentos, habilidades e atitudes. O treinamento proporciona ao treinando novos conhecimentos, habilidades e hábitos relacionados ao seu trabalho”. Ou seja, Araújo (2006) confirma que ambos são processos de aprendizagem, porém, o treinamento é voltado para processo individual e em equipe para operação de tarefas, entendendo a organização como “organismo vivo”. O desenvolvimento, por sua vez, está relacionado às habilidades, conhecimento e atitudes intelectuais do indivíduo. Teófilo et al. (2013, p. 4) consideram que o desenvolvimento e treinamento dos colaboradores tornaram indispensáveis. A combinação relevante desses dois conceitos faz com que “aumentam a base de habilidades e desempenho dos 18 funcionários para obtenção do sucesso” fazendo com que as empresas se sobressaiam entre seus concorrentes. Segundo o autor, a capacitação profissional também é utilizada como meio de estratégias no meio corporativo, tendo em vista aplicar objetivos específicos a serem executados, como a exposição de conhecimentos, discussões em grupos para compartilharem o aprendizado exposto, estudo de mercado, entre outros, que a companhia, juntamente com seus gestores, tende a avaliar de forma adequada para cada ambiente organizacional associada as suas necessidades. Com relação ao papel da empresa dentro de uma sociedade, Melo Neto e Brennand (2006) ponderam que a entidade deve ter consciência de suas ações no ambiente em que está inserida, ponderando o impacto que pode acarretar sobre as instalações dessas empresas, entendendo a situação e a gravidade inerentes do problema social, com respeito e transparência pelo compromisso com a sociedade: A atitude empresarial baseia-se na escolha de uma causa social e da assunção de compromisso social. A escolha de ambas deve ser influenciada pela sinergia o negócio da empresa, pela relevância do problema social, pela área de ocorrência deste problema e pela população alvo (MELO NETO; BRENNAND, 2006, p. 11). Diante desse argumento, para Santos e Severo (2018), as empresas investem em programas com desempenhos de atividades sociais, pela preocupação de sua imagem perante a sociedade e a atração de bons resultados financeiros através de motivações de políticas públicas, como os incentivos fiscais para a prática de responsabilidade social. 2.2.3 Educação como um processo de aprendizagem Santos e Severo (2018) complementam sobre as iniciativas de Responsabilidade Social das empresas em busca de mudanças comportamental dentro e fora dela. Segundo Oliveira (2002), a Responsabilidade Social de uma empresa abrange o desenvolvimento da comunidade, como também o bem estar dos seus empregados, e com sua educação. 19 Os investimentos em educação por meio de práticas sociais desenvolvidas por grandes empresas, fundações, instituições não governamentais, entre outras são fluentes principalmente em relação à educação básica. A educação é direito fundamental de todos os cidadãos. Onde o desenvolvimento humano é dado pelo ensino e aprendizagem, visualizando a potencialidade da capacidade intelectual do indivíduo. O processo de aprendizagem está ligado às formações escolares, familiar e social. “é uma prática social que visa ao desenvolvimento do ser humano, de suas potencialidades, habilidades e competências. A educação por tanto, não se restringe à escola” (BRASIL ESCOLA, 2019). Os autores Silva e Souza (2009) dizem que a participação indireta dos empresários no âmbito educacional consiste em “familiarizar” a empresa com a escola, pois além de complementarem uma ação do governo, poderá cobrar políticas educacionais através de sua participação na gestão de escolas. A educação brasileira em relação às expectativas mundiais não é nada agradável devido ao retrocesso na qualidade de leitura, capacidade lógica, conhecimentos básicos e gerais, que deixam a desejar. Segundo o site Gestão Educacional, é primordial o investimento em educação de qualidade no ensino básico, pois estariam qualificando e preparando para o mercado de trabalho e tornando uma sociedade mais justa. [...] “fazer com que uma grande parcela da população tivesse acesso aos assuntos de interesse de todos os cidadãos, o que não necessariamente os colocarão numa crise de mão de obra qualificada – mas com mais possibilidades e perspectivas profissionais e de entendimento do mundo” (GESTÃO EDUCACIONAL, 2019). 2.3 DA RESPONSABILIDADE SOCIAL À RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Segundo De Luca et al. (2009), o compromisso social de uma empresa torna –se mais exigente nos dias atuais, pois a sociedade busca encontrar respostas às crises socioeconômicos acarretado pelas organizações. Neste sentido, as empresas são encorajadas a responderem aos desafios de “tornar mais sociais suas ações e decisões” (DE LUCA et al., 2009, p. 7). 20 De acordo com Zarpelon (2006, p. 15) “Responsabilidade Social não pode ser confundida com a Responsabilidade Ambiental. A diferença é que o foco da Responsabilidade Social são as pessoas e o meio na qual estas pessoas estão inseridas, enquanto o foco da responsabilidade ambiental é o meio ambiente, [...]”. Assim, segundo o autor, para a responsabilidade social o raciocínio está relacionado às necessidades inerentes às pessoas, tais como “necessidades de alimentação, vestimenta, educação, moradia, saúde, transporte e lazer” (p. 16). No que concerne à gestão e responsabilidade ambiental o foco está voltado para a necessidade de equilíbrio da fauna e da flora, de não degradação e de preservação. Para Melo Neto e Cesar Froes (1999) a responsabilidade social de uma empresa está condicionada a alguns vetores. Dentre eles, citam: a) o apoio ao desenvolvimento da comunidade; b) preservação do meio ambiente c) Investimentos no bem-estar dos funcionários e seus dependentes e num ambiente de trabalho agradável; d) comunicações transparentes; e) satisfação dos clientes e/ou parceiros. Considerando as afirmações de Melo Neto e Froes (1999), percebe-se que para a responsabilidade social também existe uma preocupação com o meio ambiente, o que torna diferente das considerações de Zarpelon (2006), que separou os dois conceitos. A diferença na compreensão dos conceitos dos autores encontra- se no fato de que se trata de um assunto ainda recente e em discussão. De acordo com Barreto, Carvalho Neto e Tanure (2013, p. 3) “é possível dizer que é um conceito ainda em formação”. No mesmo sentido do que foi mencionado por Reis e Medeiros (2007, p. 5), a responsabilidade social é: Um movimento que tem seu início nos anos de 1960. Sua proliferação se deu a partir dos EUA e a motivação se fundamentou na busca por maior consciência de segmentos da sociedade em relação à responsabilidade das empresas na preservação do meio ambiente e dos direitos dos consumidores. De Luca et al. (2009, p. 8) descrevem: Há na sociedade uma crescente preocupação em se analisar a empresa e também como instituição social e não apenas como instituição econômica. A sociedade vem premiando as empresas que tomam a iniciativa de promover atividades sociais com a participação de seus empregados e com a sociedade, como também de participar do processo de preservação do meio ambiente onde estão inseridas. 21 Com a emergência de tentar reverter a situação que se degradou ao longo desses anos devido às condições precárias na sociedade, acarretada por grandes instituições, organizações etc., Tinoco (2010, p. 2) descreve: “a desumanização que resultava de forma crescente e certas estruturas organizacionais provocou insatisfação [...] contra certos grupos multinacionais”. Tinoco (2010, p. 5) relatou que, a dificuldade das empresas em reconhecer a responsabilidade social para com o ambiental, deu-se pelos seguintes fatores: - altos custos: os custos para aquisição de tecnologias necessárias para contenção, redução ou eliminaçãode resíduos tóxicos, com todo processo tecnológico em desenvolvimento, eram bastante elevados, o que gerava um forte impacto no fluxo de caixa das empresas e, numa visão superficial, sem proporcionar reflexos positivos, em termos de receitas; - inexistência da legislação ambiental ou de rigor nas já existentes: a legislação sobre o assunto é relativamente recente, sendo que as penalidades contidas nas mais antigas não serviam como instrumento inibidor para seus infratores, dado que era menos oneroso para a empresa arcar com os encargos de uma multa do que adquirir equipamentos antipoluentes; - os movimentos populares não eram fortes e coesos o bastante para unir e conscientizar toda a sociedade; - os consumidores não associavam a atuação e comportamento da empresa ao consumo de seus produtos. Segundo Tinoco e Kraemer (2011), as organizações se veem “obrigadas” a incorporarem objetivos para alcance de seus lucros e promoção das responsabilidades social e ambiental. Uma vez que as organizações são as principais causadoras da degradação ambiental ao longo desses anos, a pauta tornou-se maior para as questões de integridade do meio ambiente e do uso racional dos recursos naturais. “Neste sentido, o impacto dos danos ambientais nas gerações atuais e seus reflexos para as futuras fizeram com que a questão ambiental atravessasse fronteiras, se tornasse globalizadas” (TINOCO; KRAEMER, 2011, p. 28). A discussão sobre os impactos ambientais teve início com estudos acadêmicos e pelas ONGs (Organização não governamentais) nos anos 70, “em face da preocupação e da consciência dos prejuízos que vem provocando para a humanidade, com consequências nefastas sobre a fauna, flora, a vida das pessoas”. (TINOCO; KRAEMER 2011). 22 Para Matos e Santos (2018), o aumento da devastação do meio ambiente se agravou após avanços da tecnologia no campo da ciência e da economia. Através dessas consequências imprevistas nessas áreas, com o intuito em promover “o bem- estar da população”, acarretou no poder de destruição da humanidade com esses artefatos tecnológicos. Assim, o resultado dessas ações como já conhecido, ocasionou a mudança drástica do clima, a escassez dos recursos naturais, entre outros que, infelizmente, tornou-se corriqueiro. Diante disso, com a crescente preocupação do “patrimônio natural da humanidade”, Tinoco (2010, p. 123) descreve que “os formadores de opinião” e a sociedade fizeram com que as empresas se adaptassem “para que haja convivência equilibrada com o meio ambiente”. Com o despertar de grandes indústrias pela consciência ecológica, “O Compromisso das Empresas com o Meio ambiente”, publicação feita pelo Instituto Ethos, denomina a ideia pelo compromisso ambiental ligada às questões sociais, ao desenvolvimento sustentável em concordância com a economia. O compromisso ambiental difunde a ideia de sustentabilidade em propagar o crescimento da ecoeficiência na gestão “[...] em sintonia com a preservação dos recursos e da qualidade ambiental, por meio de ações, programas e metas para cada área da produção” (INSTITUTO ETHOS, 2005). O compromisso ambiental está associado ao conceito de Responsabilidade Ambiental ligada às práticas de questões ambientais. Segundo PRIMA OSCIP (2019): Responsabilidade Ambiental é um conjunto de atitudes, individuais ou empresariais, voltado para o desenvolvimento sustentável do planeta. Ou seja, estas atitudes devem levar em conta o crescimento econômico ajustado à proteção do meio ambiente na atualidade e para as gerações futuras, garantindo a sustentabilidade. Os autores Bánkuti e Bánkuti (2014, p. 7) comentam que a questão ambiental ligada às empresas como a missão, visão e valores da entidade estão fortemente associados aos enfoques ambientais, realçando a interação do homem com o meio ambiente. A adoção de políticas ambientais, incluindo diretrizes para o planejamento estratégico, as quais tratam temas como biodiversidades, impacto de produtos e GEE. 23 Outro ponto que os autores destacaram foi a diretoria da entidade voltada também para o desenvolvimento sustentável, garantindo o equilíbrio entre as áreas sociais, ambiental e econômica, “promovendo uma abordagem transversal sobre a importância de incluírem-se indicadores e metas ambientais e sociais nas atividades estratégicas, táticas e operacionais desenvolvidas na empresa” (BÁNKUTI; BÁNKUTI, 2014, p. 7). As empresas brasileiras, ao se relacionarem com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, segundo Berté (2010), adequaram-se para trabalhar dentro de uma perspectiva sustentável. No entanto, o autor descreve que a maioria dos empresários considera uma “ilusão" a ideia de obter o crescimento econômico juntamente com a preservação do meio ambiente. Nas palavras de Tachizawa e Andrade (2008, p. 16), “As organizações [...] necessitam partilhar do entendimento de que deve existir um objetivo comum, e não um conflito, entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental, tanto para o momento presente como para as gerações futuras”. Desse modo, conclui-se que a partir do momento em que as organizações relacionarem o sucesso a uma “empresa verde”, tenderão a possuir maior engajamento e longevidade no mercado, com a necessidade de adotar uma gestão socioambiental nas organizações, segundo Tachizawa e Andrade (2008), além de mostrar sua competência econômico-financeira, existe a necessidade de evidenciação e divulgação de seus relatórios para exibição do fato, demonstrando assim sua responsabilidade à frente de projetos sociais e ambientais. Entretanto, existe uma preocupação das empresas em evidenciar seus compromissos com as questões sociais e ambientais. Diante desse fato, entra em cena a contabilidade, como geradora de informações para o processo decisório no que se refere às questões em estudo. 2.4 A CONTABILIDADE E SEU COMPROMISSO SOCIOAMBIENTAL De Luca et al. (2009) relatam as transformações incorporadas pelas empresas em razão do comportamento de responsabilidade socioambiental. Além de buscar somente produzir riquezas, eles também são agentes sociais que prestam 24 contas aos demais usuários. Dentre outras obrigações, os autores lembram o relacionamento que deverá existir na entidade, como a preservação do meio ambiente, a criação e a manutenção de empregos, boa gestão corporativa para tratamentos estratégicos de questões ambientais a longo prazo, entre outros, que cooperem com a permanência da entidade nos negócios. Borges Junior (2019) afirma que a empresa, ao adotar a postura socioambiental, cria “motivações e fatores contextuais”, como: Competitividade, isto é, a eventual possibilidade de obter vantagem competitiva sustentável e, consequentemente, incrementar a rentabilidade, proveniente de suas ações socioambientais; legitimação, a qual consiste na vontade da organização de adequar suas ações ao conjunto de normas, regulações, valores, crenças, entre outros aspectos intrínsecos ao ambiente em que está inserida; e, por fim, a responsabilidade ecológica, que faz a organização se preocupar com seus valores e obrigações com o bem-estar social (BORGES JUNIOR, 2019, p. 4). Segundo o site Biosfera especializado em consultoria ambiental, os projetos ambientais estão ligados às ações propostas pela Gestão Ambiental de uma empresa e, apresentam medidas efetivas em preservação ao meio ambiente. Souza (2000, p. 11) conceitua gestão ambiental como “[...] conjunto de procedimentos que visam à conciliação entre desenvolvimento e qualidade ambiental”. Para Sanches (2000, p. 11), a gestão ambiental é o compromisso das empresas em relação ao meio ambiente, através de um planejamento estratégico para o alcance de metas com redução dos impactos ambientais. Segundo o autor, a empresa pode estar “monitorando suas atividades, corrigindo problemas, implementando novas soluções, avaliandoriscos e adotando medidas preventivas dentro da política e dos objetivos determinados pelo plano estratégico ambiental”. Pela obrigatoriedade da empresa perante a comunidade onde se encontra, a Contabilidade integrada assume sua responsabilidade com as questões sociais e ambientais para reportar informações aos seus stakeholders através dos relatórios contábeis, para evidenciar, demonstrar e assim, ser relevante nas tomadas de decisões. Com a contabilidade integrada em fazer sua parte para a preservação do patrimônio ambiental e pelo uso eficiente de seus recursos, Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000 apud TINOCO 2010), afirmam que “a proteção ambiental deslocou- 25 se uma vez mais, deixando de ser uma função exclusiva de proteção para tornar-se também uma função de administração”. Considerando a contabilidade como responsável por registrar os atos e fatos da empresa, Tinoco (2010) afirma que, os contadores não servem somente para fornecer as devidas informações aos chefes encarregados, mas também, para participarem na gestão da entidade. Tinoco e Kraemer (2011) acreditam que a contabilidade ambiental ainda não é muito utilizada nas empresas e mal conhecida, mesmo em cenário mundial. Os autores expõem que, a contabilidade por ser “nova e complexa”, o contador possa encontrar dificuldades em apropriações de gastos para obtenção de equilíbrio ambiental. Nesse sentido, Tachizawa e Andrade (2008) também destacam a dificuldade que os profissionais encontram em apresentar no Balanço Social, a mensuração correta de ativos e passivos ambientais. De outra maneira, Costa (2014, p. 6) confirma que é por meio do “[...] Balanço Ambiental que as empresas conseguem refletir sobre sua interação com o meio ambiente” (COSTA, 2014, p. 6). Dentre tais razões, Tinoco e Kraemer (2011, p. 16) compreendem que: A Contabilidade, entendida como meio de fornecer informações, deveria buscar responder a esse novo desafio, atendendo aos seus usuários interessados na atuação das empresas sobre o meio ambiente, subsidiando o processo de tomada de decisão, além das obrigações com a sociedade no que tange à responsabilidade social e à questão ambiental. Sobre as informações da contabilidade e sua obrigatoriedade, Costa (2014) observa que a obrigatoriedade da divulgação dos efeitos causados por ações da empresa ao meio ambiente podem não possuir o correto entendimento do empresário e sua relação perante a sociedade, estando preocupados apenas com o acréscimo em seus custos. E nesse caso, as informações contábeis podem não possuir perfil decisório. Para Tinoco (2010, p.10) “a contabilidade ambiental busca evidenciar os aspectos favoráveis e desfavoráveis, provocados pelo relacionamento da organização com o meio ambiente”. Nesse sentido, percebe-se a relevância do registro contábil referente aos fatos ligados às questões sociais e ambientais. 26 Costa (2014) comenta sobre o desafio do empresário em estabelecer conformidade entre o crescimento econômico com a preservação ambiental. Para que venha ser alcançado o equilíbrio entre a capacidade de produção com os recursos naturais, Tinoco e Kraemer (2011, p. 127) destacam objetivos a serem traçados pela contabilidade em prol da conservação do meio ambiente, assumindo controle dos seguintes aspectos: Fornecimento: de recursos mínimos e uso extensivo de materiais reciclados ou renováveis; Processos produtivos e investimentos em imobilizados: mínimo consumo de água e energia, mínima emissão atmosférica e mínima quantidade de resíduos; Características do produto: mínimos vasilhames e embalagens, reciclagem e reutilização do mesmo. Entre tais circunstâncias Tinoco e Kraemer (2011) compreendem que a organização, ao adotar a Contabilidade Ambiental, baseia-se nos seguintes pontos: Gestão interna: está relacionada com uma ativa gestão ambiental e controle, visando reduzir custos e despesas operacionais e melhorar a qualidade dos produtos; Exigências legais: a crescente exigência legal e normativa pode obrigar os diretores a controlar mais seus riscos ambientais, sob pena de multas e de indenizações; Demanda dos parceiros sociais: a empresa está submetida cada vez mais a pressões internas e externas. Essas demandas podem ser dos clientes, empregados, organizações ecológicas, seguradoras, comunidade local, acionistas, administração (TINOCO; KRAEMER, 2011, p. 127-128). A respeito da Contabilidade pelo enfoque em gestão ambiental, como utilidade essencial nas tomadas de decisões, Tinoco e Kraemer (2011) comentam sobre quais resultados a empresa tende a traçar através da adoção do “Sistema de Contabilidade Ambiental”. Assim, os autores propõem conhecer os objetivos desse sistema, a saber: Saber se a empresa cumpre ou não com a legislação ambiental vigente; Ajudar a direção em seu processo decisório e na fixação e uma gestão ambiental; Comprovar a evolução da atuação ambiental da empresa através do tempo e identificar as tendências que se observam; Detectar as áreas da empresa que necessitem de especial atenção (áreas críticas) quanto aos aspectos ambientais; No caso de empresas com uma política ambiental já estabelecida: observar se cumpre com os objetivos ambientais fixados pela companhia; Identificar oportunidades para melhor gestão dos aspectos ambientais; 27 Identificar oportunidades estratégicas: como a empresa pode obter vantagens competitivas graças a melhoras concretas na gestão ambiental; quais são as melhoras que agregam valor à companhia; Obter informação especifica para fazer à solicitação dos stakeholders (TINOCO, KRAEMER, 2011, p 128). A partir da adoção da Contabilidade como gestão socioambiental, torna-se essencial, pela equipe gestora, a utilização dos relatórios de sustentabilidade para a definição de estratégias e objetivos, embasando-os na tomada de decisões de ordem econômica, social e ambiental. 2.5 RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE Segundo Tinoco (2010), Relatório de Sustentabilidade, chamado de Balanço Social Relatório de Sustentabilidade (BSRS) ou também por Relatório Socioambiental, iniciou-se na França em 1977, cujas informações eram de Recursos Humanos e serviam como base para divulgação das atividades feitas pelas organizações em âmbito social dos seus colaboradores e também para demonstrar os resultados garantidos e a eficácia social da entidade. Em meados dos anos 70 para os anos 80, o RS se expandiu para outros territórios europeus como Alemanha, Inglaterra e Holanda. Com a ampliação em demonstrar as riquezas que a entidade conseguira expandir, afora seus compromissos com o meio para a busca das práticas do desenvolvimento sustentável, surge o Balanço Social, segundo Tinoco (2010, p. 45), “a inserção das questões econômicas, ambientais e de cidadania as sociais [...]”. A GRI (Global Reporting Iniciative), uma organização internacional sem fins lucrativos (fundada nos anos de 1997 nos Estados Unidos na cidade de Boston), é referência em relatórios de sustentabilidade padrão no mundo e atende aos interesses de questões socioambientais em prol dos benefícios e interesse a população, de forma gratuita. A GRI conceitua o relatório de sustentabilidade como “relatório publicado por uma empresa ou organização sobre os impactos econômicos, ambientais e sociais causados por suas atividades cotidianas” (GLOBAL REPORTING INICIATIVE, 2019). 28 Esse relatorio permite que as organizações revelem, de foma transparente e eficaz, relatos sobre seus riscos e desempenhos. O Brasil encontra-se na terceira posição (mundial) na divulgação dos relatórios de sustentabilidade. Em 2010, o país contabilizou 160 registros no banco de dados da GRI (2019). Conforme De Luca et al. (2009), na GRI, além das informações sobre desempenho econômico, social e ambiental, as organizações também precisam “fornecer informações sobreobjetivos e desempenhos, política, responsabilidade organizacional, treinamento e conscientização, monitoramento e acompanhamento, além de outras que venham a ser consideradas relevantes” (DE LUCA et al., 2009, p. 17). De Luca et al. (2009) compreendem que “para algumas empresas, trata-se apenas de dar transparência aos investimentos sociais que já vem fazendo silenciosamente e em volume e qualidade crescentes”. Tinoco e Kraemer (2011) observam que as formas em que baseia a evidenciação em geral, de que não existe o “corretamente certo” sobre como evidenciar nos relatórios e de sua extensão. Assim, o autor reflete sobre as questões básicas dos demonstrativos contábeis e como evidenciá-lo: a) a quem deve ser relevada a informação? b) Qual o propósito da informação? e; c) qual a extensão em que se deve revelar? (TINOCO; KRAEMER, 2011, p. 233). A agência de comunicação financeira e sustentabilidade, The Média Group, com atuação nacional há mais de 20 (vinte) anos, em um artigo de sua publicação Contabilidade e Sustentabilidade, relata o esquecimento de importantes informações contábeis, como as Demonstrações Contábeis (DC’s) completas e as Notas Explicativas (NE), por empresas brasileiras ao tentarem se enquadrar nos padrões de relatórios de sustentabilidade da GRI. Salienta-se o crédito de tais relatórios na prática da gestão empresarial, entretanto não sendo observado a devida importância: O que existe hoje é um documento simples, ou seja, um relatório único com informações econômico-financeiras somadas a informações socioambientais. E não relatórios construídos para que a produção da informação contábil leve em consideração a sustentabilidade e para que a equipe responsável pelo conteúdo socioambiental tenha preocupação com o impacto contábil e financeiro (THE MEDIA GROUP, 2012 p. 08). 29 A agência The Média Group (2012) descreve a importância dos contadores na empresa, sendo fundamentais na elaboração dos relatórios de sustentabilidade. Mencionam-se também os auditores, relatando em suas demonstrações contábeis as informações socioambientais necessárias, ilustrando a real situação e valorizando a transparência da entidade. Com essa objetividade em fornecer informações claras e fidedignas dentro da contabilidade, Tinoco e Kraemer (2011) conceituam os relatórios de sustentabilidade demonstrados de forma auditada “ou não” sejam “relativos aos eventos e impactos das atividades da empresa no meio ambiente em que envolvem, especificamente, riscos, impactos, politicas, estratégias, alvos, custos, despesas, receitas, passivos ou qualquer outra informação relevante de seu desempenho ambiental [...]” (TINOCO; KRAEMER, 2011, p. 236). Diante da necessidade de registrar e analisar o desempenho social, assim como seu desempenho econômico financeiro, De Luca et al. (2009) explicam que a contabilidade tem sido atualizada, pode-se assim dizer, para fornecer as informações a diversos usuários que precisam de algum tipo de informação de natureza social como 1) Dirigentes: conhecimento das respostas aos programas e responsabilidades sociais que cumpre à empresa implementar. 2) Investidores e Fornecedores: conhecimento da maneira como a empresa encara suas responsabilidades em relação ao quadro de colaboradores, o que, certamente, representa um indicador de forma como a empresa é administrada. 3) Consumidores: conhecimento do padrão de qualidade dos produtos/ serviços que a empresa lhes oferta. 4) Funcionários: conhecimento da política de recursos humanos, compreendendo planos de carreira, treinamentos etc. 5) Estado: conhecimento do desempenho social da empresa com vista à análise do bem-estar da comunidade em que ela está inserida, bem como sua contribuição para a riqueza nacional e em relação à arrecadação tributária. (DE LUCA et al., 2009, p. 10). Para a empresa poder desempenhar esse papel e reportar seus esforções aos seus usuários, De Luca et al. (2009) finalizam que, por meio da contabilidade, faz-se a avaliação e evidenciação dos planos e programas sociais da entidade, através do Balanço Social. Tinoco e Kraemer (2011) relatam o grande passo dentro da contabilidade em decorrência do avanço do capitalismo nos anos 60, assim como 30 a “ciência de repostar informação”, com a elaboração do Balanço Social no ano de 1977 na França, e somente nos anos 80 se espalhou para outros países da Europa. Com a necessidade da divulgação do Balanço Social demonstrar os aspectos da empresa em informações econômicos e sociais, “o registro, a acumulação, a mensuração, a avaliação, bem como a divulgação das atividades e operações das entidades, são feitas pela Contabilidade, desde há muito tempo, de forma sistêmica, através das Demonstrações Contábeis” (TINOCO, 2010, p. 3). “Balanço social é um instrumento de gestão de informação que visa evidenciar, de forma mais transparente possível, informações financeiras, econômicas, ambientais e sociais, do desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários, seus parceiros sociais” (TINOCO; KRAEMER, 2011, p. 12). Em outras palavras, Santos (2003 apud TINOCO 2010) amplia o conceito de Balanço Social: É um conjunto de informações que pode ou não ter origem na contabilidade financeira e tem como principal objetivo demonstrar o grau de envolvimento da empresa em relação à sociedade que a acolhe, devendo ser entendido como um grande instrumento no processo de reflexão sobre as atividades das empresas e dos indivíduos no contexto da comunidade como um todo. Será um poderoso referencial de informações nas definições de política de recursos humanos, nas decisões de incentivos fiscais, no auxilio sobre novos investimentos e no desenvolvimento da consciência para a cidadania. Para a elaboração do Balanço Social, em que a organização possa divulgar em seus relatórios, as informações necessárias aos seus stakeholders, Tinoco (2010) concerne o estudo sobre o que tange o Balanço Social, apontam para três dimensões: A primeira, de uma “abordagem contábil”, dando ênfase ao “valor adicionado” gerado e distribuído pela empresa. A segunda, em que os “aspectos sociais, ambientais e de relações do pessoal”, de caráter eminentemente qualitativo, merecem evidencia. E uma terceira, denominada de “mista”, em que “concilia os aspectos econômicos e contábeis, com os sociais” (TINOCO, 2010, p.3-4). Através da Resolução CFC – CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, nº 1.003/04 aprova a NBC T15 – Informações de Natureza Social e Ambiental estabeleceu as informações a serem evidenciadas de natureza social e ambiental. Por assim, entende-se: a) a geração e a distribuição de riqueza; b) os recursos humanos; c) a interação da entidade com o ambiente externo; d) a interação com o 31 meio ambiente (NBC, T15). A Geração e Distribuição de Riqueza, apresentada nos relatórios de DVA – Demonstração do Valor Adicionado. Recursos Humanos, tratado no CPC 33 (Benefícios a Empregados) nas quais se enquadram a remuneração dos funcionários, benefícios concedidos, passivos trabalhistas, participação do lucro, aposentadoria, entre outros, como informações sociais internas. Interação da Entidade com o Ambiente Externo também a ser divulgada conforme a NBC T15, são as informações contidas relativas à empresa com o ambiente externo e sua relação com a sociedade inserida, como clientes e fornecedores. Segundo a Norma, as informações relativas à interação com a comunidade, devem ser evidenciadas com os totais dos investimentos em educação, cultura, lazer e não podem ser consideradas com finalidade publicitaria. Com relação a clientes, o número de reclamações recebidas, reclamações recebidas por meio dos órgãos de proteção e defesa do consumidor, por meios da Justiça e entre outros. E as informações ao interesse dos seus fornecedores cabem à entidade utilizar critérios de responsabilidade social para aseleção de seus fornecedores. E por fim, as informações da Interação da empresa com o Meio Ambiente: Investimentos e gastos com manutenção nos processos operacionais para a melhoria do meio ambiente, investimentos e gastos com a preservação e/ou recuperação de ambientes degradados, investimentos e gastos com a educação ambiental para empregados, terceirizados, autônomos e administradores da entidade, entre outros. Em última análise do Balanço Social por meios das normas, as empresas, ao seguirem o CPC para formação do relatório social em suas demonstrações contábeis, segundo The Media Group (2012), tornam-se essenciais para aqueles que não possuíam o conhecimento dessas informações, como CPC 29, Ativos Biológicos e Produtos Agrícolas. Esse pronunciamento direciona analistas e envolvidos nessa área a fazerem a devida mensuração, avaliação e classificação, iniciando o processo de integração de seus ativos. Fazendo o uso desse pronunciamento, nota-se que há exceções para certa 32 utilização de bens e haverá necessidade de complementar outros Pronunciamentos Técnicos para o desenvolvimento correto desses relatórios sociais. No entender de Tinoco e Kraemer (2011), quando o Balanço Social assume a responsabilidade de reportar informações pelo objetivo de ser equitativo para suprir as necessidades daqueles que precisam das informações, o Balanço Social, assim como a Contabilidade, a fim de fornecer relatórios contábeis, financeiro, econômico, social e dentre outras, necessita que a organização forneça aos seus usuários os lucros arrecadados através de bens e serviços realizados por terceiros e sua distribuição. O autor conclui a importância, do entendimento ao processo do valor adicionado, tornando-se indispensável para grandes organizações e seus relacionados. 2.6 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO (DVA) A história da DVA surgiu segundo De Luca et al. (2009), na década de 1970 no Reino Unido, o interesse pelo valor adicionado foi ganhando forças através de suas publicações anuais pelo Balanço Social entre as empresas norueguesas, holandesas, alemãs e belgas. Conforme Tinoco (2010) com a expansão do Balanço Social, a necessidade em demonstrar as riquezas que a organização realizou no período, surge a necessidade da Demonstração do Valor Adicionado. De Luca et al. (2009) relatam que, no Brasil, o valor adicionado foi implantado na década de 1980, com grandes estudos de suas informações para as tomadas de decisões, avaliação da empresa e responsabilidade social e confronto das informações da riqueza e do lucro contábil. Segundo Tinoco (2010, p. 43), “A DVA ampliou sobremaneira o conceito de Balanço Social”. A Demonstração do Valor Adicionado, nas palavras de Tinoco e Kraemer (2011), é o desempenho econômico e social no qual as organizações têm a capacidade de analisar o valor total de bens e serviços adquiridos por terceiros, em um determinado período, abatendo os custos para a produção. No mesmo sentido, De Luca et al. (2009, p. 22) resumem que A DVA “[...] visa demonstrar o valor da riqueza gerada pela empresa e sua distribuição com os elementos que contribuíram para sua geração”. 33 A DVA, com estreita ligação com conceito de responsabilidade social através do Balanço Social, surgiu pela necessidade em demonstrar aos seus usuários “o valor da riqueza criada pela empresa e sua respectiva utilização”, como mencionados anteriormente (DE LUCA, et al., 2009, p. 30). Os autores explicam que as tradições de informar nas demonstrações contábeis tenham, na maioria das vezes, o maior interesse em evidenciar a DRE, que avalia o lucro no final de um determinado período, geralmente tratado de maior interesse ao proprietário. Porém, a DRE avalia o valor da riqueza que foi evidenciada pelo valor adicionado (DVA), pois além de mostrar o lucro do “proprietário”, ele demonstra também as informações da riqueza gerada pela empresa com a colaboração de terceiros e como foi distribuída. Para De Luca et al. (2009), a elaboração da DVA baseia-se em uma “reorganização” através dos dados utilizados para a formação da DRE. Para concluir seu pensamento, De Luca et al. (2009, p. 42) complementam sua ideia que: “A DRE visa atender aos interesses dos acionistas quanto a formação do lucro líquido, enquanto a DVA visa informar a contribuição da companhia no PIB e a distribuição do Valor Adicionado entre os agentes que contribuíram para a sua geração”. Tinoco (2010) explica que, o relatório de DVA não possui o objetivo de “substituir” a DRE, pelo contrário; o objetivo principal da Demonstração do Resultado é a informação do resultado líquido da empresa, em um certo período, e na DVA, o objetivo principal é alimentar seus usuários (stakeholders) com diversas informações. Sendo assim: Ao utilizar a produção como base de mensuração, o valor adicionado está sendo calculado em função dos bens e serviços produzidos. O critério que usa a produção como base de mensuração e avaliação é o adotado para fins macroeconômicos na apuração e divulgação do Produto Interno Bruto (PIB). Por outro lado, as empresas, ao elaborarem a Demonstração do Resultado do Exercício, utilizam o total de vendas do período como base de mensuração, portanto, se o valor adicionado for mensuração de outra forma, dificultará a reconciliação entre duas demonstrações, porem esse resultado tem que ser ajustado, para servirem como sendo o PIB das empresas. [...] (TINOCO, 2010, p. 88). 34 Assim, “a DVA surgiu para evidenciar o quanto de valor a empresa adiciona aos insumos que adquire, bem como a sua distribuição aos elementos que contribuíram para esse acréscimo [...]” (DE LUCA et al. 2009, p. 30). A NBC TG 09 aprovada pela RESOLUÇÃO CFC Nº. 1.138/08 esclarece que as entidades de capital aberto “devem elaborar a DVA e apresentá-la como parte das demonstrações contábeis divulgadas ao final de cada exercício social. É recomendado, entretanto, a sua elaboração por todas as entidades que divulgam demonstrações contábeis” (NBC, TG 09). A Lei das Sociedades Anônimas (Lei n° 6.404/76) dada pela Lei n° 11.638/07, Art. 188, obriga todas as empresas de companhia de capital aberto, à demonstração dos valores de riqueza contribuídos por terceiros, como empregados, financiadores, governo, acionistas e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída. Situação que virá a prover maior transparência a atividades empresariais, como exemplo a “Reservas de Lucros a Realizar”. Assim sendo, De Luca et al. (2009) também apresentam a parcela que se destina à remuneração de cada elemento, conforme a Lei apresentada anteriormente, que embasou sua formatação, descrevendo-a da seguinte forma: Empregados: remuneração pela força de trabalho; Financiadores: remuneração pelos recursos emprestados; Governo: remuneração pela estrutura separadamente a parcela que se destina à remuneração de operações no meio ambiente; Acionistas: remuneração pelo capital investido na empresa (DE LUCA et al., 2009, p. 31). Nesse sentido, colocadas pelas normas da NBC TG 09: Para os investidores e outros usuários, essa demonstração proporciona o conhecimento de informações de natureza econômica e social e oferece a possibilidade de melhor avaliação das atividades da entidade dentro da sociedade na qual está inserida. A decisão de recebimento por uma comunidade (Município, Estado e a própria Federação) de investimento pode ter nessa demonstração um instrumento de extrema utilidade e com informações que, por exemplo, a demonstração de resultado por si só não é capaz de oferecer (NBC, TG 09). Conforme o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 09), que se alinha com as Normas Contábeis e Leis que a regem, a geração e distribuição das riquezas 35 criadas pelas empresas devem ser detalhadas da seguinte forma: (i) pessoal e encargos; (ii) impostos, taxas econtribuições; (iii) juros e aluguéis; (iv) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos; (v) lucros retidos/prejuízos do exercício (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 09) Segundo Tinoco (2010), o valor adicionado bruto ou agregado (VAB), trata-se da equação “Vendas – Compras = Valor Adicionado Bruto (VAB)” (TINOCO, 2010, p. 86), que deve ser considerado sempre, pois, para que cumpra sua atividade, toda empresa deve procurar bens e serviços, usar os recursos de terceiros como matérias-primas, mão de obra de colaboradores e entre outros, para depois comercializar o seu produto. Para os investidores e diversos usuários, o CPC 09 define que a demonstração oferece conhecimento nas áreas sociais e econômicas, possibilitando uma perspectiva de melhora nas avaliações que a entidade tem perante a sociedade. “A decisão de recebimento por uma comunidade (Município, Estado e a própria Federação) de investimento pode ter nessa demonstração um instrumento de extrema utilidade e com informações que, por exemplo, a demonstração de resultados por si só não é capaz de oferecer” (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 09). As características apresentadas pela CVM n°557 dizem respeito às diferenças atemporais nos modelos econômicos e contábeis, assim mencionados por Consenza (2003 apud TINOCO 2010), que o valor adicionado pode ser usado em dois tipos de cálculos, com os enfoques: econômico e contábil. Pelo enfoque econômico, “o conceito de riqueza gerada é obtido a partir do montante da produção”, enquanto no contábil, “pode-se evidenciar com base no montante das vendas”. Sendo assim, de acordo com CVM n° 557, a econômica baseia-se na produção para o cálculo do PIB, enquanto a contabilidade utiliza o conceito contábil da realização da receita, isto é, baseia-se no regime contábil de competência (CVM, n° 557). A Demonstração do Valor Adicionado, tratado por Tinoco (2010), é composta por duas partes: a primeira é a apresentação da geração da riqueza, e a segunda, 36 trata-se da distribuição do Valor Adicionado. Para o preenchimento dos elementos que compõem a DVA pela geração de riqueza, de forma resumida, temos: As receitas incluem o total de vendas realizadas em cada período, com os respectivos tributos sobre essas receitas e outras receitas eventuais, inclusive aquelas provenientes de baixas e vendas de ativos. Os insumos e serviços adquiridos de terceiros compreendem as aquisições de matérias- primas, mercadorias, materiais, energia, serviços, dentre outros, e não inclui gastos com pessoal próprio e despesas financeiras. Todos esses itens são computados pelos seus valores brutos, ou seja, incluindo os impostos (GARCIA; CINTRA; RIBEIRO DIBBERN, 2015, p. 8). Como apresentado de forma resumida pelos autores, observa-se a conjugação com as normas do CPC 09 o modelo de DVA para empresas em geral, minuciando cada riqueza criada pela empresa por terceiros: DESCRIÇÃO Em milhares de reais 20X1 Em milhares de reais 20X0 1 – RECEITAS 1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços– Reversão / (Constituição) 1.2) Outras receitas 1.3) Receitas relativas à construção de ativos próprios 1.4) Provisão para créditos de liquidação duvidosa 2 - INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui os valores dos impostos – ICMS, IPI, PIS e COFINS) 2.1) Custos dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos 2.2) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros 2.3) Perda / Recuperação de valores ativos 2.4) Outras (especificar) 3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 4 - DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO 5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4) 6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1) Resultado de equivalência patrimonial 6.2) Receitas financeiras 6.3) Outras 7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) 8 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (*) Quadro 01: Geração de valor antes da distribuição Fonte: CPC_09. p. 16. 37 A DVA, demonstrada pela geração de receitas por terceiros, segundo os autores GARCIA; CINTRA; RIBEIRO DIBBERN, (2015, p. 11), observa o item referente “recebido em transferência”, pela qual representa a riqueza não gerada pela empresa, mas gerada por terceiros, “[...] com recursos da empresa e a ela transferida. Inclui-se o resultado de participações em outras companhias, receitas financeiras e outras receitas, tais como os aluguéis e royalties”. Após o reconhecimento da geração de riqueza pela DVA, a segunda parte apresenta de forma detalhada como a riqueza adquirida pela empresa foi distribuída. A seguir, o quadro conforme o modelo do CPC 09 detalha os componentes dessa distribuição: 8.1) Pessoal 8.1.1 – Remuneração direta 8.1.2 – Benefícios 8.1.3 – F.G.T.S 8.2) Impostos, taxas e contribuições 8.2.1 – Federais 8.2.2 – Estaduais 8.2.3 – Municipais 8.3) Remuneração de capitais de terceiros 8.3.1 – Juros 8.3.2 – Aluguéis 8.3.3 – Outras 8.4) Remuneração de Capitais Próprios 8.4.1 – Juros sobre o Capital Próprio 8.4.2 – Dividendos 8.4.3 – Lucros retidos / Prejuízo do exercício 8.4.4 – Participação dos não-controladores nos lucros retidos (só p/ consolidação) Quadro 02: Distribuição da riqueza entre os contribuintes. Fonte: CPC_09. p. 16 Pode se conhecer como a DVA possibilita o conhecimento de criação de riqueza e a sua distribuição entre os que ajudaram nessa criação. Para os autores Machado e Chagas (2012, p.19) “esta demonstração amplia o universo de informações atingido pela contabilidade e tem a vantagem de ser facilmente lida e interpretada”. 38 3 METODOLOGIA Neste tópico, são apresentados os meios metodológicos utilizados nesta pesquisa. Inicialmente, foram apresentadas as classificações de pesquisa e suas especificações que remetem ao estudo quanto à abordagem, objetivos e técnicas das coletas de dados. Na sequência, encontra-se a delimitação de pesquisa delineadas por tempo, espaço e perfil das análises, dando ênfase para a compreensão do projeto em questão. A Metodologia em projeto de pesquisa, segundo Oliveira e Valença (2015), deve-se pela busca do conhecimento, em que o pesquisador esteja engajado para construção de soluções para os diversos problemas. Para os cursos de graduação, a metodologia ajuda a promover o desenvolvimento crítico dos alunos a partir dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, auxiliando na qualidade das produções e produtividade dos docentes. [...] levar o aluno a comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando um pensamento estruturado, plausível e convincente, através de regras que facilitam e estimulam à prática da leitura, da análise e interpretação de textos e consequentemente a formação de juízo de valor, crítica ou apreciação com argumentação plausível e coerente (OLIVEIRA; VALENÇA, 2015, p.9). Assim, a Metodologia conduz os alunos a um bom desempenho de suas competências, habilidades, opiniões e interpretações sobre conceitos e teorias, “desenvolvendo sua capacidade de argumentação favorável ou contrária às situações e ideias expostas” (BRASIL ESCOLA, 2019). 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA Para um melhor entendimento, a metodologia desta pesquisa compreende a sua classificação quanto à abordagem, quanto aos seus objetivos e quanto aos procedimentos técnicos de coleta de dados. a) Classificação da pesquisa quanto à abordagem: Este estudo fundamenta-se na abordagem qualitativa de investigação. Silva et al. (2009, p. 2) comentam que “no âmbito da abordagem qualitativa, diversos métodos são utilizados de forma a se aproximar da realidade social [...]”. Ou seja, 39 pela interpretação das informações, que, não enfatizam a quantidade do conteúdo, mas sim, a visão crítica do pesquisador, pela compreensão de diversos ambientes dos seus relacionamentos sociais. Gerhardt
Compartilhar