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DEDICACAO DELTA_EBOOK_PACOTE_ANTICRIME

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1 
 
Lei 13964/19 
Pacote Anticrime 
 
Minuta 1 para revisão 
(pendente – ajuste de gráficos) 
 
 
 
 
 
2 
Sumário 
 
1. Introdução ..................................................................................................................................... 7 
ALTERAÇÕES REFERENTES AO CÓDIGO PENAL............................................................................... 8 
2. Legítima defesa. ............................................................................................................................ 9 
2.1. Introdução sobre o tema: excludente de ilicitude. ........................................................... 9 
2.1.1. Agressão injusta. ......................................................................................................... 11 
2.1.2. Agressão atual ou iminente. ...................................................................................... 13 
2.1.3. Agressão contra direito próprio ou de terceiros. .................................................... 14 
2.1.4. Meios necessários. ...................................................................................................... 15 
2.1.5. Uso moderado dos meios necessários. .................................................................... 17 
3. Execução da pena de multa. ..................................................................................................... 18 
4. Limite de pena. ........................................................................................................................... 27 
5. Livramento condicional. ............................................................................................................. 31 
5.1. Requisitos para a sua concessão: ...................................................................................... 34 
5.2. Condições do livramento condicional. ............................................................................. 37 
6. Pena de perdimento de bens. .................................................................................................. 43 
7. Causas impeditivas da prescrição. ........................................................................................... 53 
8. Alterações no delito de roubo. ................................................................................................. 64 
9. Alterações no delito de estelionato. ........................................................................................ 78 
10. Alteração da pena em relação ao delito de concussão. ........................................................ 81 
ALTERAÇÕES REFERENTES AO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. ................................................ 82 
11. Medidas suspensas pela ADI 6298 ........................................................................................... 83 
12. Do Juiz de Garantias .................................................................................................................. 84 
12.1. Introdução ............................................................................................................................ 84 
12.2. Da disciplina normativa ...................................................................................................... 95 
12.2.1. Vedação ao atuar de ofício do juiz na fase pré-processual e a revogação tácita 
do Art. 20 da L.11340/06 ............................................................................................................... 95 
 
3 
12.2.2. Da competência do juiz das garantias .................................................................... 103 
12.2.3. Regras complementares ........................................................................................... 118 
13. Inquérito Policial ....................................................................................................................... 120 
13.1. Constituição de Defensor quando o investigado for integrante da segurança pública 
ou militar – Art. 14-A do CPP. .......................................................................................................... 120 
13.2. Arquivamento do inquérito policial ................................................................................ 122 
14. Ação Penal ................................................................................................................................. 129 
14.1. Do acordo de não persecução penal - plea bargaining. ............................................. 129 
14.1.1. Conceito ..................................................................................................................... 129 
14.1.2. Requisitos, condições e vedações .......................................................................... 131 
14.1.3. Procedimento do acordo de não persecução penal ............................................ 138 
15. Provas ......................................................................................................................................... 142 
15.1. Da iniciativa probatória do juiz e do sistema acusatório .............................................. 142 
15.2. Da cadeia de custódia ...................................................................................................... 144 
15.2.1. Considerações iniciais .............................................................................................. 148 
15.2.2. Quebra da cadeia de custódia, princípio da mesmidade e desconfiança ......... 150 
15.2.3. Fases da cadeia de custódia .................................................................................... 152 
16. Da prisão e da liberdade provisória ....................................................................................... 163 
16.1. Disposições gerais ............................................................................................................ 163 
16.2. Prisão Preventiva ............................................................................................................... 176 
17. Da restituição de coisas apreendidas .................................................................................... 182 
18. Das medidas assecuratórias .................................................................................................... 185 
18.1. Utilização de bens apreendidos por órgãos estatais ................................................... 185 
19. Alterações no procedimento do Tribunal do Júri ................................................................ 191 
ALTERAÇÕES NA LEI DE EXECUÇÃO PENAL.................................................................................. 193 
20. Lei de Execuções Penais .......................................................................................................... 194 
20.1. Da classificação ................................................................................................................. 194 
20.2. Das faltas disciplinares – Regime Disciplinar Diferenciado - RDD .............................. 196 
20.3. Progressão de regime prisional ...................................................................................... 200 
20.4. Saída temporária ............................................................................................................... 203 
 
4 
20.5. Lei de organização criminosa e requisito para concessão de benefícios .................. 204 
ALTERAÇÕES NA LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – L. 12850/13 ........................................ 206 
21. Alterações na lei de organização criminosa – L. 12850/13 .................................................. 207 
21.1. Colaboração premiada (Lei 12.850/13) ......................................................................... 207 
21.2. Agente infiltrado e ambiente cibernético (Lei 12.850/13) ........................................... 215 
ALTERAÇÕES NA LEI DE CRIMES HEDIONDOS..............................................................................219 
22. Lei de Crimes Hediondos. ....................................................................................................... 220 
22.1. Considerações Iniciais ...................................................................................................... 220 
22.2. Classificação dos Crimes Hediondos ............................................................................. 222 
22.3. A Lei 8.072/90. .................................................................................................................. 225 
22.4. Roubo ................................................................................................................................. 229 
22.5. Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítiva, ocorrência de lesão 
corporal ou morte (ART. 158, § 3º);................................................................................................ 234 
22.6. Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou artefato análogo que cause perigo 
comum (ART. 155, § 4º-A). .............................................................................................................. 235 
22.7. Genocíio - ARTS. 1º, 2º E 3º DA LEI NO 2.889, DE 1º DE OUTUBRO DE 1956 .......... 237 
22.8. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido - ART. 16 , §2º DA LEI Nº 
10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003. ....................................................................................... 240 
22.9. Crime de comércio ilegal de arma de fogo - art. 17 da lei nº 10.826, de 22 dezembro 
de 2003. ............................................................................................................................................. 244 
22.11. Crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo 
ou equiparado. ................................................................................................................................. 246 
22.12. Progressão de regime .................................................................................................. 247 
ALTERAÇÕES NA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ........................................................ 251 
23. Lei de Improbidade Administrativa. ....................................................................................... 252 
ALTERAÇÕES NA LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. LEI 9.296/1996. ............................... 253 
24. Lei de Interceptação telefônica. Lei 9.296/1996. .................................................................. 254 
24.1. Breve introdução ............................................................................................................... 254 
24.2. Conceito ............................................................................................................................. 256 
ALTERAÇÕES NA LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS. LEI. 9.613/1998. ........................................... 271 
25. Alterações na lei de lavagem de capitais. Lei. 9.613/1998. ................................................ 272 
 
5 
25.1. Infiltração de agentes ....................................................................................................... 273 
25.1.1. Conceito e previsão normativa ................................................................................ 273 
25.1.2. Espécies de infiltração .............................................................................................. 274 
25.1.3. Fases da infiltração .................................................................................................... 274 
25.1.4. Legitimidade para requerer ..................................................................................... 274 
25.1.5. Limites e alcance da decisão ................................................................................... 275 
25.1.6. Fragmentariedade e Subsidiariedade .................................................................... 276 
25.1.7. Plano de organização da infiltração ........................................................................ 276 
25.1.8. Segredo de Justiça .................................................................................................... 277 
25.1.9. Sustação da operação .............................................................................................. 277 
25.1.10. Responsabilidade criminal do agente infiltrado ................................................ 278 
25.1.11. Infiltração de agentes na internet como modalidade de investigação prevista 
na Lei 12.850/13. Lei de Organização Criminosa. .................................................................... 278 
25.2. Ação controlada ................................................................................................................ 280 
25.2.1. Denominações ........................................................................................................... 281 
25.2.2. Desnecessidade de prévia autorização judicial ..................................................... 282 
25.2.3. Flagrante prorrogado, retardado ou diferido........................................................ 283 
25.2.4. Entrega vigiada .......................................................................................................... 284 
ALTERAÇÕES NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO. LEI 10.826/03. ........................................ 285 
26. Estatuto do Desarmamento. Lei 10.826/03. .......................................................................... 286 
26.1. Inclusão da qualificadora de arma de fogo de uso proibido. ..................................... 286 
26.2. Alteração da pena do artigo 17: Crime de Comércio ilegal de arma de fogo e 
Inclusão do §2º. ................................................................................................................................ 288 
26.3. Alteração da pena do artigo 18: Tráfico ilegal de Arma de fogo, acessórios ou 
munições. .......................................................................................................................................... 294 
26.4. Inclusão de causa de aumento de pena no artigo 20 do Estatuto do Desamamento 
em caso de reincidência específica. .............................................................................................. 296 
26.5. Criação do banco nacional de perfis balísticos. ............................................................ 297 
ALTERAÇÕES NA LEI DE DROGAS. (LEI 11.343/06). ...................................................................... 300 
27. Lei de Drogas. (Lei 11.343/06). ............................................................................................... 301 
 
6 
ALTERAÇÕES NA LEI DE TRANSFERÊNCIA/INCLUSÃO DE PRESOS EM ESTABELECIMENTOS 
PENAIS FEDERAIS DE SEGURANÇA MÁXIMA (LEI 11.671/08). ..................................................... 305 
28. Alterações Na Lei De Transferência/Inclusão De Presos Em Estabelecimentos Penais 
Federais De Segurança Máxima (Lei 11.671/08).............................................................................. 306 
ALTERAÇÕES NA LEI DE IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL. LEI 12.037/09. ........................................ 316 
29. Alterações na Lei de Identificação Criminal. Lei 12.037/09. ............................................... 317 
ALTERAÇÕES NA LEI DE PROCESSO E O JULGAMENTO COLEGIADO EM PRIMEIRO GRAU DE 
JURISDIÇÃO DE CRIMES PRATICADOS POR ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS (LEI 12.694/12).
 ................................................................................................................................................................ 325 
30. Lei de processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de jurisdição de crimes 
praticados por organizações criminosas (lei 12.694/12). ............................................................... 326 
ALTERAÇÕES NA LEI DO DISQUE-DENÚNCIA. LEI 13.608/2018. ................................................ 330 
31. Lei do Disque-Denúncia.Lei 13.608/2018. ........................................................................... 331 
ALTERAÇÕES NA LEI 8038/90. (PROCEDIMENTOS PERANTE O STF E STJ). ............................. 335 
32. Lei 8038/90. (Procedimentos perante o STF e STJ). ............................................................ 336 
32.1. Requisitos, condições e vedações .................................................................................. 339 
32.2. Procedimento do acordo de não persecução penal .................................................... 345 
ALTERAÇÕES NA LEI DO FUNDO NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA (LEI 13756/18). ..... 349 
33. Alterações na lei do fundo nacional de segurança pública (Lei 13756/18). ..................... 350 
ALTERAÇÕES NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR. ...................................................... 352 
34. Alterações no Código de Processo Penal Militar. ................................................................ 353 
 
 
 
7 
Introdução 
 
Com o advento da L. 13964/19, o sistema jurídico-penal brasileiro sofreu 
profundas mudanças, algumas delas esperadas por muito tempo, outras nem tanto. De 
toda sorte, merece nossa análise não somente os dispositivos que foram alterados 
expressamente, mais também aqueles que passam a clamar por uma releitura, visto que, 
como de costume, o legislador realizou a reforma no código de processo penal sem 
alterar as legislações extravagantes que dispõem sobre o mesmo tema. 
 
Portanto, analisaremos aqui a reforma e os seus reflexos no ordenamento jurídico, 
sempre com o foco em eventuais questões de concurso. 
 
 
 
8 
ALTERAÇÕES 
REFERENTES AO 
CÓDIGO PENAL. 
 
 
 
9 
Legítima defesa. 
 
1.1. Introdução sobre o tema: excludente de ilicitude. 
 
Inicialmente, é importante ressaltar que a legítima defesa é inerente à própria 
condição humana, o instinto defensivo do homem é inerente a sua natureza. Desse 
modo, o ordenamento jurídico não poderia criminalizar condutas praticadas nesse 
contexto. 
 
Resta às legislações nacionais estabelecer condições, requisitos, limitações e 
efeitos jurídicos a esses institutos. 
 
Vejamos as lições do professor Galdino Siqueira nesse sentido: 
 
“Tão visceralmente ligada â pessoa se manifesta a defesa, isto 
é, a faculdade de repelir pela força o ataque no momento em 
que se produz, que CÍCERO, na sua oração —Pro Milone, a 
reputa como um direito natural derivado da necessidade —non 
scnpta sed nata lex, proposição verdadeira, se considerarmos 
o substratum fisiológico e psicológico da defesa, como reação 
do instinto de conservação que brota e se desenvolve 
independente de qualquer regulamentação.” 
 
É importante também observamos que a autotutela (defesa de direitos com as 
próprias forças) é, em regra, vedada em nosso ordenamento jurídico. Contudo, em 
 
10 
hipóteses excepcionais, considerando que o Estado não estará presente em todos os 
momentos para tutelar os direitos protegidos, admite-se a autotutela. Desse modo, veja 
que a legítima defesa nada mais é do que maneira específica e autorizada de exercer a 
defesa de direitos próprios ou de terceiros diante de injustas agressões. 
 
Nesse contexto, pergunta-se: Qual é natureza jurídica da legítima defesa? 
 
Em nosso ordenamento jurídico, com previsão no artigo 25, Código Penal 
Brasileiro, é tratada como causa genérica de exclusão da ilicitude. 
 
Vejamos o comparativo entre a redação anterior e a atual redação implementada 
pela Lei 13. 964/19. 
 
Antes. Depois. 
Art. 25. Entende-se em legítima defesa 
quem, usando moderadamente dos 
meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a 
direito seu ou de outrem 
 
Art. 25. Entende-se em legítima defesa 
quem, usando moderadamente dos 
meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a 
direito seu ou de outrem. 
 
Parágrafo único. Observados os 
requisitos previstos no caput deste 
artigo, considera-se também em 
legítima defesa o agente de 
segurança pública que repele agressão 
 
11 
ou risco de agressão a vítima mantida 
refém durante a prática de crimes. 
 
 
Quais são os requisitos para a aplicação da legítima defesa? 
 
A legítima defesa se desenvolve sob o binômio Agressão / Reação. Desse modo, 
pressupõe: 
 
Agressão. Reação. 
 Injusta. 
 Atual ou Iminente. 
 Contra direito próprio ou de 
terceiros. 
 Uso dos meios necessários. 
 Uso moderado desses meios. 
 
Assim, passamos a analisar cada um dos requisitos exigidos para a configuração 
da legítima defesa. 
 
1.1.1. Agressão injusta. 
 
Nos dizeres do professor Cléber Masson, agressão é toda ação ou omissão 
humana, consciente e voluntária, que lesa ou expõe a perigo de lesão um bem ou 
interesse consagrado pelo ordenamento jurídico. 
 
 
12 
O termo agressão somente é utilizado para ações humanas, desse modo, 
condutas praticadas institivamente por animais não são consideradas agressões 
humanas, salvo se o animal for utilizado como instrumento de ataques humanos. 
 
 
É possível a legítima defesa contra inimputáveis? 
 
A doutrina se posiciona, majoritariamente, no sentido positivo. Veja que a conduta 
do inimputável, apesar de não haver culpabilidade, é típica e ilícita e, portanto, apta a ser 
repelida por legítima defesa. Registramos posicionamento em sentido contrário exarado 
pelo professor Nelson Hungria para quem os inimputáveis se equiparam a ataques 
realizados por animais e, quando repelidos, configurariam estado de necessidade e não 
legítima defesa. Para provas objetivas, devemos adotar o primeiro posicionamento. 
 
 
Seria possível a prática da legítima defesa contra uma 
omissão ilícita? 
 
Sim, Mezger fornece o exemplo do carcereiro que tem o dever de liberar o recluso 
cuja pena já foi integralmente cumprida. Com a sua omissão ilícita, inevitavelmente 
agride um bem jurídico do preso, autorizando a reação em legítima defesa.1 
 
Ainda se exige que a agressão seja injusta. O conceito de injustiça se coaduna com 
a ideia de contrariedade ao direito. Assim, não é necessário que a conduta se configure 
 
1 MEZGER, Edniund. Tratado de derecho penal. Trad, espanhola Josè Arturo Rodrigues Mufloz. Madrid: Revista de Derecho Privado, 1955. t 1, p. 453 
 
13 
especificamente como crime, basta que ela seja praticada em desacordo com as normas 
jurídicas. 
 
A doutrina admite a legítima defesa contra condutas culposas e até mesmo contra 
condutas despidas de culpa, desde que revestidas de injustiça. Exemplo: aquele que está 
sentado no banco de um ônibus e nota uma pessoa que acabara de escorregar caindo 
em sua direção, pode, se necessário, empurrá-la contra o chão para não ser atingido, 
exemplo citado na obra do professor Cleber Masson. 
 
1.1.2. Agressão atual ou iminente. 
 
Diferentemente do que ocorre em relação ao Estado de Necessidade, a Legítima 
Defesa autoriza que a agressão seja atual ou iminente. Não seria razoável exigir que o 
agente tivesse sua integridade ofendida para só então poder repeli-la. 
 
De outro modo, a agressão passada ou a agressão futura e remota não autorizam 
a incidência da legítima defesa. No primeiro caso, justamente em razão de se configurar 
na verdade como vingança e, no segundo, por se configurar como fórmula que 
desestimularia as pessoas a buscarem auxílio das autoridades públicas quando sofrerem 
ameaças. 
 
Vejamos conceito de agressão atual ou iminente apresentada pelo professor 
Cleber Masson: 
 
Atual é a agressão presente, isto é, já se iniciou e ainda não se encerrou a lesão 
ao bem jurídico. 
 
14 
Exemplo: a vítima é atacada com golpes de faca. 
 
Iminente é a agressão prestes a acontecer, ou seja, aquela que se torna atual em 
um futuro imediato. 
 
Exemplo: o agressor anuncia â vítima a intenção de matá-la, vindo à sua direção 
com uma faca em uma das mãos.1.1.3. Agressão contra direito próprio ou de terceiros. 
 
Observe que a legislação não exige que o bem defendido seja de propriedade do 
defensor autorizando que a defesa ocorre em relação a bens jurídicos de terceiros. Em 
relação aos bens jurídicos, é importante fazermos algumas observações: 
 
a. Bem jurídico. 
 
i. Próprio ou de terceiro. 
ii. Não só a vida ou a integridade física são passíveis de proteção 
em legítima defesa. Toda a ordem de bens jurídicos podem ser 
tutelados e protegidos pela legítima defesa. 
iii. É possível a legítima defesa contra ataques a bens de pessoas 
jurídicas ou mesmo contra bens jurídicos do Estado. 
iv. É possível ainda a defesa, por meio de legítima defesa, inclusive 
contra ataques atuais ou iminentes a fetos (nascituros). 
 
 
15 
 
A conduta do sniper (atirador de elite) que atira no agressor 
que tem a vítima na condição de refém, é abrangida por 
excludente de ilicitude? 
 
Sim, veja que se enquadra perfeitamente nos requisitos que estamos analisando. 
Trata-se de agressão atual ou iminente contra direito de terceiro. Desse modo, 
majoritariamente a conduta do sniper que dispara contra o agressor que tem refém em 
sua posse sempre foi, doutrinariamente, tratada como legítima defesa. É justamente 
nesse sentido que a alteração legislativa milita, vejamos: 
 
“Art. 25. [...] 
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste 
artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de 
segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a 
vítima mantida refém durante a prática de crimes. ” (NR) 
 
Desse modo, agora, expressamente o legislador optou por tratar a condição do 
agente de segurança pública que repele agressão atual ou iminente praticada por 
agressor que mantém a vítima na condição de refém. 
 
1.1.4. Meios necessários. 
 
A repulsa a agressão deverá ser praticada se valendo dos meios necessários. 
Contudo, pergunta-se: professor, o que são meios necessários? 
 
 
16 
Os meios necessários são aqueles menos lesivos colocados à disposição do 
agente e capaz de repelir a agressão atual ou iminente. 
 
Observe assim os requisitos: 
 
 Meio menos lesivo: 
o à disposição do agente que reage. 
o capaz de repelir a injusta agressão. 
 
Desse modo, a análise deve ser feita a partir da situação concreta, pois a reação 
até pode ser desproporcional, quando o agente não possui outro meio menos lesivo 
apto a repelir a agressão que sofre. 
 
Acerca desse tema, curial a leitura de Bento de Faria: 
 
“O homem que é subitamente agredido, não pode, na perturbação 
e na impetuosidade da sua defesa, proceder a operação de medir a 
sangue frio e com exatidão se há algum outro recurso para o qual 
possa apelar, que não o de infligir um mal ao seu agressor; se há 
algum meio menos violento a empregar na defesa, se o mal que 
inflige excede ou não o que seria necessário à mesma defesa. E 
preciso considerar os fatos como eles ordinariamente se 
apresentam, e reconhecer as fraquezas inerentes à natureza 
humana, não se exigindo dela o que ela não pode dar, reconhecer 
mesmo as exigências sociais, que podem justificar o emprego de 
 
17 
certos meios de defesa, suposto não seja absoluta a necessidade 
desse emprego.” 2 
 
Observe que, ainda que o agente possa fugir da injusta agressão, essa conduta 
não é exigida dele. A ordem jurídica não pode abranger situações ilícitas e não pode 
exigir de quem é atacado a conduta de fugir. Desse modo, a doutrina se posiciona no 
sentido de não se exigir o que se convencionou chamar de commodus discessus. 
 
O agente será responsabilizado caso aja com excesso, o qual poderá ser doloso 
ou culposo. Existia previsão no texto originário do pacote anticrime a esse respeito, 
contudo essa disposição não foi incluída no projeto aprovado. 
 
1.1.5. Uso moderado dos meios necessários. 
 
O uso dos meios necessários deve ocorrer na estrita necessidade de repelir a 
injusta agressão, qualquer conduta que exceda o necessário para a defesa poderá ser 
tratada como excesso. Logicamente, não se exige que para essa análise cálculo 
matemático, até porque não é factível que se exija essa exatidão de pessoas que estarão 
submetidas a situação de estresse e nervosismo. 
 
Assim, exige-se proporcionalidade no uso dos meios necessários de forma que 
não se desconstitua a ideia do instituto que é defender bens jurídicos da situação de 
risco. 
 
 
2 FARIA, Bento, Código penai brasileiro comentado. Rio de Janeiro: Dísíríbuidora Reoord, 1S61. v. II, p. 192 
 
18 
Execução da pena de 
multa. 
 
Antes. Depois. 
Art. 51. Transitada em julgado a 
sentença 
condenatória, a multa será considerada 
dívida de valor, aplicando-se-lhes as 
normas da legislação relativa à dívida 
ativa da Fazenda Pública, inclusive no 
que concerne às causas interruptivas e 
suspensivas da prescrição. 
 
Art. 51. Transitada em julgado a 
sentença 
condenatória, a multa será executada 
perante o juiz da execução penal e será 
considerada dívida de valor, aplicáveis 
as normas relativas à dívida ativa da 
Fazenda Pública, inclusive no que 
concerne às causas interruptivas e 
suspensivas da prescrição. 
 
Antes de tratarmos efetivamente a respeito das mudanças operadas, vamos tratar 
um pouco a respeito da pena de multa? 
 
Para iniciarmos nosso estudo, devemos tratar inicialmente a respeito do conceito 
da pena de multa. Trata-se de espécie de sanção penal, de cunho patrimonial e consiste 
no pagamento de determinada quantia em dinheiro em favor do Fundo Penitenciário 
Nacional ou outro fundo específico estabelecido em cada uma das legislações especiais. 
 
Apesar de ser pena pecuniária, continua tendo as características relacionadas a 
sua natureza de sanção penal. Desse modo, deve respeitar o princípio da legalidade, 
 
19 
reserva legal, anterioridade e intranscendência da pena. Ainda nesse sentido, é 
necessária a sua cominação por lei em sentido material e formal, editada anteriormente 
à prática do fato típico cuja punição se pretende. 
 
O Código Penal Brasileiro adotou como critério referente para a imposição da 
pena de multa o sistema bifásico. Desse modo, diferentemente do que ocorre em relação 
às penas privativas de liberdade (adoção do critério trifásico), a fixação da pena de multa 
será definida em duas fases: 
 
 Fixação da quantidade de dias-multa impostos. 
 Fixação do valor de cada um dos dias-multa. 
 
O Código Penal, em cada das infrações que estabelece, como também o faz a lei 
de contravenções penais, estabelece a penalidade de multa quando aplicável àquele 
caso. Nesse sentido, podemos analisar o artigo 49, CP: 
 
É importante ressaltar que as disposições genéricas previstas no Código Penal ou 
mesmo no Código de Processo Penal não afasta as a possibilidade de tratamento diverso 
em legislações especiais, vejamos um exemplo: 
 
A Lei 8.666/1993 - Lei de Licitações, por seu turno, prevê em seu art. 99, caput: 
 
“Art. 99. A pena de muita cominada nos arts. 89 a 98 desta Lei 
consiste no pagamento de quantia fixada na sentença e calculada 
em índices percentuais, cuja base corresponderá ao valor da 
vantagem efetivamente obtida ou potencialmente auferível pelo 
agente.” 
 
20 
 
 
Professor, como efetivamente é fixada a penal de multa? Se 
sujeita a limites máximos ou mínimos? 
 
Sim, para responder a esse questionamento iremos analisar as duas fases de 
definição da penalidade de multa: 
 
a. Fixação dos dias-multa: (Art. 49, parte final, Código Penal 
Brasileiro): O juiz deve fixar a quantidade de dias-multa entre o 
mínimo de 10 dias e o máximo de 360 dias. 
 
 
Qual o critério utilizado pelo magistrado para a fixação da 
quantidade de dias-multa? 
 
A resposta a esse questionamento é bastante interessante. O magistrado deverá 
analisar todas as fases adotadas no critériotrifásico para a fixação da pena privativa de 
liberdade. Assim, na fixação da quantidade de dias, o magistrado deverá considerar: 
 
a. Circunstâncias judiciais, estabelecidas no artigo 59, Código 
Penal Brasileiro. 
i. Agravantes e atenuantes. 
ii. Causas de aumento e causas de diminuição. 
 
Assim, todas as fases do sistema trifásico são analisadas em uma única fase na 
fixação da pena de multa. Fixada a quantidade, o magistrado passará a analisar o valor 
de cada um desse dia-multa estabelecido. 
 
21 
 
b. Fixação do valor de cada um dos dia-multa estabelecido. 
(Art. 49, §1º, Código Penal Brasileiro): Cada um dos dias impostos 
poderá ter o valor de 1/30 avos do salário mínimo até 5 vezes o valor 
do salário mínimo. 
 
 
Qual o critério que o magistrado utilizará para fixar o valor 
dos dias-multa? 
 
O critério utilizado é a situação econômica do réu, podendo a pena de multa ser 
aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do 
réu, a pena é ineficaz, embora aplicada no máximo. (Art. 60, CP). 
 
Nos crimes contra o sistema financeiro nacional, o valor da pena de multa 
pode ser estendido até o décuplo (Lei 7.492/1986, art. 33), o que também se 
verifica nos crimes contra a propriedade industrial (Lei 9.279/1996, art. 197, 
parágrafo único) e nos crimes previstos nos arts. 33 a 39 da Lei de Drogas 
(Lei 11.343/2006, art. 43, parágrafo único). 
 
Vejamos dois exemplos citados na obra do excepcional professor Cleber Masson3: 
 
01) Uma pessoa de elevado poder econômico pratica um crime de estelionato. As 
circunstâncias judiciais do a art 59, caput, do Código Penal, lhe são favoráveis. 
O juiz deve aplicar o número de dias multa no mínimo legal (10 dias-multa), mas 
 
3 MASSON, Cleber, Direito Penal Esquematizado, vol. 01, pag.699. 
 
22 
fixar o valor de cada um deles em montante relevante, bem acima do piso legal, 
em face da situação econômica do réu. 
 
02) Outra pessoa, com péssimos antecedentes criminais e conduta social 
desajustada, portadora de personalidade voltada à prática rotineira de 
infrações penais, comete uma extorsão com requintes de crueldade. 
É, todavia, paupérrima. O juiz deve aplicar o número de dias-multa 
bem acima do mínimo legal, e estipular o valor de cada um deles 
no patamar raso, diante da condição econômica do réu. 
 
A pena de multa deverá ser paga no prazo de 10 dias depois de transitado em 
julgado a sentença. É justamente nesse ponto que entraremos na alteração incluída pelo 
pacote anticrime. 
 
E se a penalidade de multa não for paga é possível a conversão em pena privativa 
de liberdade? 
 
Não, a partir das alterações operadas pela Lei 9.268/96, as penas decorrentes da 
aplicação de multa são consideradas dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas 
relativas à dívida da fazenda pública, inclusive no que concerne as causas suspensivas e 
interruptivas da prescrição. 
 
Assim, apesar de ser tratada como dívida de valor, esse fenômeno não lhe retira o 
caráter de pena, dessa conclusão retiramos alguns pontos importantes: 
 
 A extinção do processo de execução fica condicionado ao 
pagamento integral da multa, não se extinguindo com o 
 
23 
cumprimento da pena privativa de liberdade quando imposto em 
conjunto (privação de liberdade e multa). 
 
 O não pagamento da multa com a sua posterior morte não 
transfere a obrigação aos herdeiros, considerando a pessoalidade 
das sanções de natureza penal. 
 
Considerando todas as observações realizadas até agora, pergunta-se: Qual é a 
forma, o juízo competente e o legitimado para proceder a execução da penalidade de 
multa, caso não tenha ocorrido o pagamento voluntário? 
 
Sobre esse tema, tínhamos 03 posições na doutrina, vejamos: 
1º Corrente: A pena de multa deve ser executada pelo Ministério 
Público, perante a Vara das Execuções Penais, pelo rito da Lei de 
Execução Penal. (LEP). 
 
2º Corrente: A pena de multa deve ser executada pelo Ministério 
Público, perante a Vara das Execuções Penais, pelo rito da Lei 
6.830/1980, Lei de Execuções Fiscais. 
 
3º Corrente: A pena de multa deve ser executada pela Fazenda 
Pública, perante a Vara das Execuções fiscais, pelo rito da Lei 
6.830/1980, Lei de Execuções Fiscais. 
 
Assim, a alteração legislativa veio justamente no sentido de solucionar essa 
controvérsia, vejamos mais uma vez o referido dispositivo: 
 
 
24 
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será 
executada perante o juiz da execução penal e será considerada 
dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da 
Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas 
e suspensivas da prescrição. 
 
Assim, uma parte da controvérsia está solucionada: a definição do juízo 
competente para promover a execução é o juiz da execução penal e não o juiz da vara 
de execuções fiscais. 
 
 
A quem compete promover essa execução? 
 
Há manifestação do STF sobre o tema, inclusive editado antes da edição da 
legislação em estudo: 
 
Conforme apontado na ADI 3150, o STF decidiu que, por ter natureza de sanção 
penal, a competência da Fazenda Pública para executar essas multas se limita aos casos 
de inércia do MP. Ainda segundo a decisão, apenas se o MP não adotar as providências 
para a cobrança no prazo de noventa dias é que o juiz da Vara de Execuções Penais deve 
cientificar a Fazenda Pública para que proceda à cobrança perante a Vara de Execuções 
Fiscais e com base na Lei 6.830/80. Por isso deve ser considerada como superada a 
Súmula 521 do STJ: “A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de 
pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda 
Pública”. 
 
 
25 
Então, podemos sintetizar o tema da seguinte forma: 
 
O Ministério Público possui legitimidade para propor a 
cobrança de multa decorrente de sentença penal condenatória 
transitada em julgado a ser proposta perante a vara de execuções 
penais, com a possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda 
Pública. 
 
Desse modo, seguindo as lições do professor Márcio André Cavalcante, pergunta-
se: Quem executa a pena de multa? 
 
 Prioritariamente: o Ministério Público, na 
vara de execução penal, aplicando-se a LEP. 
 
 Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias após ser 
devidamente intimado: a Fazenda Pública irá executar, na 
vara de execuções fiscais, aplicando-se a Lei nº 6.830/80. STF. 
Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, 
julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). STF. Plenário. AP 470/MG, 
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). 
Obs.: a Súmula 521-STJ fica superada e deverá ser cancelada. 
 
Vejamos o teor da referida súmula: Súmula 521-STJ: A legitimidade para 
a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença 
condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. 
 
 
26 
 
 
27 
Limite de pena. 
 
Vejamos as alterações operadas no artigo 75, Código Penal Brasileiro: 
 
Antes. Depois. 
Art. 75. O tempo de cumprimento das 
penas privativas de liberdade não pode 
ser superior a 30 (trinta) anos. 
 
§ 1º. Quando o agente for condenado a 
penas privativas de liberdade cuja soma 
seja superior a 30 (trinta) anos, devem 
elas ser unificadas para atender ao 
limite máximo deste artigo. 
 
§ 2º. Sobrevindo condenação por fato 
posterior ao início do cumprimento da 
pena, far-se-á nova unificação, 
desprezando-se, para esse fim, o 
período de pena já cumprido. 
Art. 75. O tempo de cumprimento das 
penas privativas de liberdade não pode 
ser superior a 40 (quarenta) anos. 
 
§ 1º. Quando o agente for condenado a 
penas privativas de liberdade cuja soma 
seja superior a 40 (quarenta) anos, 
devem elas ser unificadas para atender 
ao limite máximo deste artigo. 
 
§ 2º.Sobrevindo condenação por fato 
posterior ao início do cumprimento da 
pena, far-se-á nova unificação, 
desprezando-se, para esse fim, o 
período de pena já cumprido. 
 
 
O referido dispositivo do Código Penal busca dar efetividade à vedação 
constitucional às penas de caráter perpétuo, vejamos: 
 
 
28 
Constituição Federal: Art. 5º, XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 
84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
 
Assim, não é admitido em nosso ordenamento jurídico a imposição de penas 
privativas de liberdade de caráter perpétuo. 
 
Ainda nesse raciocínio, observa-se que a pena é dotada de finalidades gerais e 
especiais ou também chamada de específica (finalidade específica da pena), uma delas 
é a ressocialização. Aplicando-se penas de caráter perpétuo a ressocialização não seria 
atingida, já que o indivíduo não voltaria a vida em sociedade. 
 
Com o fito de dar aplicabilidade ao mandamento constitucional, o legislador 
definiu o limite máximo para cumprimento da pena privativa de liberdade: antes 30 anos, 
agora 40 anos. 
 
 
E se houver nova condenação após o início de cumprimento 
da pena? 
 
A esses casos, aplica-se o §2º, Art. 75, Código Penal Brasileiro: 
 
 
29 
Art. 75, § 2º. Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do 
cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, 
para esse fim, o período de pena já cumprido. 
 
Assim, havendo condenação superveniente, haverá nova unificação de pena, 
desprezando-se para fins de submissão ao limite de 40 anos, a pena já cumprida. 
 
Vejamos alguns exemplos citados na obra do professor Marcelo André Azevedo e 
Alexandre Salim: 
 
Vejamos o seguinte exemplo: o agente é condenado por vários crimes, cuja soma 
das penas resulte em 100 anos. Unificando as penas, inicia o seu cumprimento. Após 
cumprir 18 anos de prisão, vem a ser condenado à pena de 10 anos de reclusão por 
crime praticado durante a execução penal. Desprezam-se os 18 anos, de sorte que 
faltarão 12 anos a cumprir da pena anteriormente unificada. Assim, somam-se os 12 anos 
restantes com a nova condenação (10 anos), de modo que deverá o condenado cumprir 
mais 22 anos de prisão. Registre-se que a melhor interpretação é no sentido de se somar 
a nova pena com o restante que faltava para o cumprimento dos 40 anos (pena unificada), 
e não do restante da soma total das penas sem unificação. 
 
MUITO IMPORTANTE: Observa-se que o referido raciocínio somente é aplicado 
para as condenações relacionadas a fatos ocorridos após o início do cumprimento da 
pena. Caso a condenação superveniente seja relacionada a fato anterior ao início do 
cumprimento da pena, a pena deverá ser somada ao total antes da unificação. 
 
 
30 
 
Para fins de cálculo de benefícios prisionais: progressão, 
livramento condicional, considera-se a pena total antes ou 
após a unificação? 
 
Apesar de existir duas correntes sobre o assunto, prevalece o posicionamento 
exarado pelo STF na súmula – 715: A pena unificado para atender ao limite de 30 anos 
de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para o 
concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável 
de execução" (Súmula 715 do STF). 
 
Observa-se que será necessário a releitura da súmula a partir do novo limite 
estabelecido. 
 
Como o tema foi cobrado em prova: 
 
(FCC - 2015 - TJGO - Juiz de Direito) "A pena unificada para atender 
ao limite de 40 anos de cumprimento, determinado pelo an. 75 do 
Código Penal, não é considerada unicamente para a concessão de 
livramento condicional. (adaptada). Resposta: Errado. 
 
31 
Livramento 
condicional. 
 
Alterações no artigo 83 do Código Penal Brasileiro, especificamente no tema: 
livramento condicional. 
 
Antes. Depois. 
Art. 83. O juiz poderá conceder 
livramento condicional ao condenado a 
pena privativa de liberdade igual ou 
superior a 2 (dois) anos, desde que: 
 
I - cumprida mais de um terço da pena 
se o condenado não for reincidente em 
crime doloso e tiver bons antecedentes; 
 
II - cumprida mais da metade se o 
condenado for reincidente em crime 
doloso; 
 
 
III - comprovado comportamento 
satisfatório durante a execução da 
“Art. 83. [...] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III - comprovado: 
a) bom comportamento durante a 
execução da pena; 
 
32 
pena, bom desempenho no trabalho 
que lhe foi atribuído e aptidão para 
prover à própria subsistência mediante 
trabalho honesto; 
 
IV - tenha reparado, salvo efetiva 
impossibilidade de fazê-lo, o dano 
causado pela infração; 
 
V - cumpridos mais de dois terços da 
pena, nos casos de condenação por 
crime hediondo, prática de tortura, 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se 
o apenado não for reincidente 
específico em crimes dessa natureza. 
 
Parágrafo único - Para o condenado por 
crime doloso, cometido com violência 
ou grave ameaça à pessoa, a concessão 
do livramento ficará também 
subordinada à constatação de 
condições pessoais que façam presumir 
que o liberado não voltará a delinquir. 
b) não cometimento de falta grave nos 
últimos 12 (doze) meses; 
c) bom desempenho no trabalho que 
lhe foi atribuído; e 
d) aptidão para prover a própria 
subsistência mediante trabalho 
honesto; 
 
 
Iniciaremos o nosso estudo com uma pergunta: O que é livramento 
condicional? 
 
33 
 
O livramento condicional é um benefício prisional, concedido durante a execução 
penal, ao condenado preso e consiste no direito de entrar em liberdade antecipada, isto 
é, antes do término da execução da pena, desde que cumpridos requisitos próprios. 
Após o término do período de prova, sem descumprimento das condições, gera a 
extinção da punibilidade pelo total cumprimento da pena. 
 
O indivíduo que está no gozo do livramento condicional desfruta de uma 
liberdade antecipada, condicional e precária. 
 
 Antecipada: porque o condenado é solto antes de ter 
cumprido integralmente a pena. 
 
 Condicional: uma vez que, durante o período restante da 
pena (chamado de período de prova), ele terá que cumprir certas 
condições fixadas na decisão que conceder o benefício. 
 
 Precária: tendo em vista que o benefício poderá ser revogado 
(e ele retornar à prisão) caso descumpra as condições impostas. 4 
 
Para estudarmos o tema liberdade condicional, devemos nos ater a dois pontos: 
 
 Requisitos para a sua concessão. 
 Condições a serem estabelecidas. 
 
 
4 (MASSON, Cleber. Direito Penal esquematizado. 8. ed., São Paulo: Saraiva, 2014, p. 808) 
 
34 
Vamos analisar cada um desses dois temas. 
 
1.2. Requisitos para a sua concessão: 
 
Requisitos. 
Requisitos Objetivos. O condenado deve ter: 
1) sido sentenciado a uma pena 
privativa de liberdade igual ou superior 
a 2 anos; 
 
2) reparado o dano causado com o 
crime, salvo se for impossível fazê-lo; 
 
3) cumprido parte da pena, quantidade 
que irá variar conforme ele seja 
reincidente ou não: 
 
• condenado não reincidente em crime 
doloso e com bons antecedentes: basta 
cumprir mais de 1/3 (um terço) da pena. 
É chamado de livramento condicional 
SIMPLES; 
 
• condenado reincidente em crime 
doloso: deve cumprir mais de 1/2 
 
35 
(metade) da pena para ter direito ao 
benefício. É o 
livramento condicional QUALIFICADO; 
 
• condenado por crime hediondo ou 
equiparado, se não for reincidente 
específico em crimes dessa natureza: 
deve cumprir mais de 2/3 (dois terços) 
da pena. É o livramento condicional 
ESPECÍFICO; 
Requisitos Subjetivos. O condenado deve ter: 
 
1) bom comportamento carcerário, a ser 
comprovado pelo diretor da unidade 
prisional; 
 
2) bom desempenho notrabalho que lhe 
foi atribuído; 
 
3) Não ter cometido falta grave nos 
últimos 12 meses. (nova exigência). 
 
3) aptidão para prover a própria 
subsistência mediante trabalho honesto; 
 
 
36 
4) para o condenado por crime doloso, 
cometido com violência ou grave ameaça 
à pessoa, a concessão do livramento ficará 
também subordinada à constatação de 
condições pessoais que façam presumir 
que o liberado não voltará a delinquir. 
 
Nesse sentido, observa-se que o cometimento de falta grave nos últimos 12 meses 
impede a concessão do livramento condicional. É muito importante relembrarmos o teor 
da súmula 441 – STJ. 
 
Súmula 441 – STJ: A falta grave não interrompe o prazo para 
obtenção do livramento condicional (Súmula 441-STJ). 
 
Assim, a súmula há de ser lida e acordo com o novo dispositivo constitucional, apesar 
de não interromper o prazo (requisito objetivo) para a concessão do livramento, quando 
cometida nos último 12 meses, impede a concessão do benefício. 
 
Vamos responder mais algumas perguntas: Quem concede o benefício? 
O juiz da execução, considerando que estamos no curso da execução da pena. É 
importante observar que o juiz antes de decidir deverá: 
 
 Requerer parecer do diretor do estabelecimento prisional a 
respeito do comportamento do preso. 
 Oitiva prévia do Ministério Público e da defesa. 
 
Quem possuiu legitimidade para requerer o benefício? 
 
37 
 
 O sentenciado; 
 Cônjuge ou de parente em linha reta do sentenciado; 
 Diretor do estabelecimento penal; ou 
 Por iniciativa do Conselho Penitenciário. 
 
 
Quando o requerimento não for formulado pelo Conselho 
Penitenciário, será necessária a prévia oitiva deste órgão? 
 
Não se exige a prévia oitiva do Conselho Penitenciário para fins de concessão do 
livramento condicional, segundo a nova redação do art. 112 da LEP dada pela Lei nº 
10.792/2003. STJ. 5ª Turma. HC 350.902/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 
21/06/2016. 
 
Terminada a análise dos requisitos passamos a analisar, as condições a serem 
estabelecidas, considerando que existem condições obrigatórias e condições de ordem 
facultativa. 
 
O livramento condicional consiste na última etapa da execução da pena, visando 
à ressocialização do apenado, quando ele é colocado em liberdade mediante o 
cumprimento de determinadas condições previstas nos arts. 83, do Código Penal e 132, 
§ 1º, da Lei de Execução Penal, algumas obrigatórias, outras facultativas. STJ. 5ª Turma. 
HC 235.480/SP, Rel. Min. Gilson Dipp, julgado em 26/06/2012. 
 
1.3. Condições do livramento condicional. 
 
 
38 
Condições Obrigatórias. Condições Facultativas. 
São condições obrigatórias: 
 a) Obter ocupação lícita, dentro de prazo 
razoável se for apto para o trabalho; 
b) Comunicar periodicamente ao Juiz sua 
ocupação; 
c) Não mudar do território da comarca do 
Juízo da execução, sem prévia 
autorização. 
São condições facultativas: 
a) Não mudar de residência sem 
comunicação ao Juiz e à autoridade 
incumbida da observação cautelar e 
de proteção; 
b) Recolher-se à habitação em hora 
fixada; 
c) Não frequentar determinados 
lugares. 
Trata-se de rol taxativo. Trata-se de rol exemplificativo. 
 
Observe que o prazo do livramento condicional é justamente aquele restante para 
o cumprimento da pena. Assim, não há um prazo específico e definido. 
 
Passaremos agora a analisar as causas de revogação, as quais também se dividem 
em causas de revogação obrigatórias e causas de revogação facultativas. Além de 
analisarmos as causas de revogação, também devemos analisar os efeitos do período 
cumprido, quando o benefício é revogado antes de sua extinção. Vamos lá? 
 
Causas de revogação obrigatórias. Causas de revogação obrigatórias. 
Agente for condenado definitivamente 
à pena privativa de liberdade por crime 
cometido durante a vigência do 
benefício. 
Se o liberado deixar de cumprir 
qualquer das obrigações constantes da 
sentença; 
Efeitos. Efeitos. 
 
39 
 Não se computa o período de 
livramento já gozado como pena 
cumprida. O condenado irá “perder” 
o período que ficou sob livramento 
condicional. 
 Não poderá ser concedido novo 
livramento condicional no processo 
em que se apura o crime em que o 
benefício foi revogado. Em relação a 
outro delito, seria possível a 
concessão do benefício. 
 
 Não se computa o período de 
livramento já gozado como pena 
cumprida. O condenado irá “perder” 
o período que ficou sob livramento 
condicional. 
 Não poderá ser concedido novo 
livramento condicional no processo 
em que se apura o crime em que o 
benefício foi revogado. Em relação a 
outro delito, seria possível a 
concessão do benefício. 
 
Se o agente for condenado 
definitivamente à pena privativa de 
liberdade por crime anterior à vigência 
do benefício. 
Se o liberado for condenado 
definitivamente por crime ou 
contravenção e não receber pena 
privativa de liberdade. Ex: recebeu pena 
restritiva de direitos. 
Efeitos. Efeitos. 
 Computa-se o período de livramento 
gozado como pena cumprida. 
 Poderá ser concedido novamente o 
benefício. 
Aplica-se as regras da revogação 
obrigatória a depender de o crime ou a 
contravenção penal ser praticado antes ou 
durante o gozo do benefício. 
 
Vamos a análise dos dispositivos legais: 
 
(LEP) Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal 
anterior à vigência do livramento, computar-se-á como tempo de 
 
40 
cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para a 
concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) 
penas. 
(LEP) Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se 
computará na pena o tempo em que esteve solto o liberado, e 
tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo 
livramento. 
(LEP) Art. 88. Revogado o livramento, não poderá ser novamente 
concedido, e, salvo quando a revogação resulta de condenação por 
outro crime. 
 
Ponto Muito Importante: Observe que o fator para determinar a perda é a 
condenação, pergunta-se: Se o juiz for informado do cometimento de uma infração penal 
praticada durante a vigência do delito, contudo ainda sem condenação, qual a medida 
que o magistrado deverá adotar? 
 
A resposta está no artigo 145, Lei de Execuções Penais: 
 
Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá 
ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o 
Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, 
cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final. 
 
A medida a ser adotada é a suspensão do livramento condicional, pois caso a 
medida não seja suspensa o exaurimento do prazo de livramento condicional sem sua 
suspensão ou revogação gera a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da 
pena. 
 
41 
 
Nesse sentido, é a súmula 617 – STJ, vejamos: 
 
Súmula 617-STJ: A ausência de suspensão ou revogação 
do livramento condicional antes do término do período de prova 
enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da 
pena. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 26/09/2018, DJe 01/10/2018. 
 
Diante de todas análises feitas até agora, retiramos as seguintes conclusões do site 
dizer o direito a respeito do entendimento e da súmula editada pelo STJ: 
 
Conclusões: 
 
 Se o réu cometeu crime durante a vigência 
do livramento condicional, não haverá a suspensão, prorrogação ou 
revogação automática do benefício; 
 Em caso de prática de crime durante o período de prova, o juiz 
deverá determinar: 
o a suspensão do livramento condicional (caso o processo 
criminal pelo segundo delito ainda não tenha se encerrado) ou a sua 
revogação (caso já tenha sentença condenatória transitada em 
julgado); 
 Se o juiz não suspender nem revogar expressamente 
o livramento condicional durante o período de prova, não poderá 
mais fazê-lo depois que esgotado esseprazo; 
 Se o período de prova transcorrer sem decisão formal do juiz 
suspendendo ou revogando o livramento, considera-se que houve 
 
42 
o cumprimento integral da pena, não havendo outra solução a não 
ser reconhecer a extinção da punibilidade; 
 Logo, a ausência de suspensão ou revogação 
do livramento condicional antes do término do período de prova 
enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da 
pena; 
 Decorrido o período de prova do livramento condicional sem 
que seja proferido uma decisão formal e expressa de suspensão ou 
revogação do benefício, a pena deve ser extinta, nos termos do art. 
90 do CP. 
 
 
 
43 
Pena de perdimento 
de bens. 
 
Nesse ponto, foi incluído novo dispositivo no Código Penal Brasileiro até então 
inexistente, vejamos: 
 
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei 
comine pena máxima superior a 6 anos de reclusão, poderá ser 
decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos 
bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio 
do condenado e aquele que seja compatível com o seu 
rendimento lícito. 
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-
se por patrimônio do condenado todos os bens: 
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o 
domínio e o benefício direto ou indireto, na data infração penal 
ou recebidos posteriormente; e 
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante 
contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. 
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da 
incompatibilidade ou a procedência lícita do 
patrimônio. 
 
44 
§ 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida 
expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do 
oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada. 
§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da 
diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada. 
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por 
organizações criminosas e milícias deverão ser declarados 
perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da 
Justiça onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em 
perigo a segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, 
nem ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento 
de novos crimes. 
 
Inicialmente, iremos tratar sobre alguns pontos relevantes no que diz respeito aos 
efeitos da condenação penal e, posteriormente, entraremos especificamente em cada 
um dos temas relacionados ao novo dispositivo incluído no Código Penal Brasileiro. 
 
Ao falarmos sobre efeitos da condenação, devemos nos atentar, inicialmente, em 
diferenciar: 
 
 
45 
 
 
Vamos detalhar essa tabela? 
 
 
Quais são os efeitos principais da condenação? 
 
Essa é muito simples, o efeito principal da condenação é efetivamente a imposição 
de sanção de natureza penal. Desse modo, as sanções penais podem ser subdividias em 
penas e medidas de segurança. 
 
As primeiras, as penas, podem ser: privativas de liberdade e restritivas de direitos. 
Já a segunda, medidas de segurança, podem ser medidas de internação ou ainda 
tratamento ambulatorial. 
Efeitos da 
Condenação
Principais Sanção Penal
Penas
Privativa de 
Liberdade
Restritiva de 
Direitos
Multa
Medidas de 
Segurança
Internação
Tratamento 
Ambulatorial
Secundários
Penais
Extrapenais
Genéricos
Específicos
 
46 
 
Esses são denominados efeitos primários ou principais da condenação. Ao lado 
desses efeitos, temos as repercussões secundárias que podem ter natureza penal ou 
extrapenal. Vamos analisar cada uma delas preliminarmente. 
 
Efeitos secundários penais: 
 
a) enseja reincidência, se houver crime posterior (CP. art. 63); 
b) revogação facultativa (irrecorrivelmente condenado, por crime 
culposo ou por contravenção penal a pena privativa de liberdade 
ou restritivas de direitos) ou obrigatória (irrecorrivelmente 
condenado por crime doloso) do sursis anteriormente 
concedido (CP, an. 81); 
c) revogação facultativa ou obrigatória do livramento condicional 
(CP. arts. 86 e 87); 
d) aumento ou interrupção do prazo de prescrição da pretensão 
executória quando caracterizada a reincidência (CP. art. 110, caput); 
e) revogação da reabill1acão (CP, art. 95), quando se tratar de 
reincidente; 
f) impede a concessão de certos privilégios, tais como: art. 155,§ 2º; 
170; 171, § 1º, todos do CP; 
g) impossibilidade de eventual concessão de suspensão 
condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95). 
 
É muito importante observar que esses efeitos, apesar de secundários, ainda 
possuem natureza penal, motivo pelo qual são efeitos automáticos decorrentes da 
condenação. 
 
47 
 
Efeitos secundários extrapenais. 
 
Já os efeitos secundários extrapenais são efeitos da condenação em esferas 
distintas da esfera penal. Os efeitos secundários ainda podem ser divididos em efeitos 
secundários extrapenais genéricos (art. 91, CP), os quais são automáticos e os efeitos 
secundários extrapenais específicos (Art. 92, CP), os quais dependem de manifestação 
expressa do magistrado para que tenham aplicabilidade. 
 
Vejamos os dispositivos penais citados: 
 
Efeitos genéricos e específicos 
 
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo 
crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de 
terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo 
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua 
proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 
§ 1o Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao 
produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou 
quando se localizarem no exterior. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
 
48 
§ 2o Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na 
legislação processual poderão abranger bens ou valores 
equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação 
de perda. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação 
dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou 
superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou 
violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído 
pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo 
superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 
9.268, de 1º.4.1996) 
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou 
da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão 
cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder 
familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado 
ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018) 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio 
para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são 
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na 
sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 
 
49 
Assim, o tema incluído no Código Penal diz respeito a mais um efeito extrapenal 
genérico da condenação. Desse modo, além da condenação penal tornar certa a 
obrigação de indenizar e gerar o perdimento do produto do crime ou de qualquer bem 
ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática criminosa, com a 
alteração passa-se a prevernova modalidade específica de perdimento de bens, é 
justamente a respeito dessa hipótese que passaremos a tratar a partir de agora. 
 
A alteração incluída no Código Penal prevê nova modalidade específica de perda 
de bens decorrente da condenação, especificamente em infrações penais a que a lei 
comine pena máxima superior a 06 anos, o juiz ao proferir o decreto condenatório 
poderá determinar a perda da diferença entre o patrimônio atual do condenado e o 
patrimônio que seria compatível com seus rendimentos lícitos. 
 
Assim, passaremos a analisar especificamente essa nova modalidade específica de 
perda. 
 
Hipótese de cabimento. 
 
Essa modalidade de perda somente poderá ser aplicada nas infrações penais a 
que a lei comine pena máxima superior a 06 anos de RECLUSÃO. 
 
Desse modo, o legislador levou em consideração a pena em abstrato máxima 
aplicável ao delito. Além do que não possibilitou a aplicação nas hipóteses em que a 
infração penal for punida com detenção. 
 
Objeto da perda. 
 
50 
O objeto da perda será justamente o produto ou proveito do crime, o qual corresponderá 
ao patrimônio apurado com as seguintes regras: 
 
 O membro do Ministério Público, ainda por ocasião do oferecimento 
da denúncia, deverá indicar os rendimentos lícitos do processado e 
estimar o patrimônio que seria compatível com esses rendimentos. 
 
O membro do Ministério Público deverá indicar o patrimônio real 
pertencente ao agente. Inclui-se na ideia do patrimônio do agente 
os bens transferidos a terceiros ou alienados por quantitativo 
irrisório, vejamos: 
 
Art. 91-A, § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, 
entende-se por patrimônio do condenado todos os bens: 
I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha o domínio 
e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou 
recebidos posteriormente; e 
II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante 
contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal. 
 
Após a apuração desses valores, será realizada a diferença entre o patrimônio real do 
agente e o patrimônio compatível com os seus rendimentos lícitos, sobre a diferença será 
decretada a perda. 
 
Logicamente, essas matérias deverão ser submetidas ao crivo do contraditório, 
assim, o processado poderá demonstrar a origem lícita do patrimônio de sua 
propriedade e exonera-se da perda, vejamos: 
 
51 
 
Art. 91-A, § 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da 
incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. 
 
Perda decretada judicialmente. 
 
Após a formulação do pedido de perda, apuração do patrimônio a ser pedido na 
denúncia, submissão de todas essas matérias ao crivo do contraditório, o juiz 
determinará a perda na sentença. 
 
Art. 91-A, § 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor 
da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for 
decretada. 
 
Decretação de perda de bens pertencentes à organizações criminosas. 
 
Art. 91-A, § 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes 
por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados 
perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça 
onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a 
segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem 
ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de 
novos crimes. ” 
 
O referido dispositivo legal determina a perda de bens de organizações 
criminosas e milícias privadas, ainda que: 
 
 
52 
 Não ponham em perigo a segurança das pessoas, moral ou a 
ordem pública. 
 Não ofereçam sério risco de ser utilizado para o cometimento 
de novos crimes. 
 
Dessa maneira, considerando a gravidade dessas duas infrações penais, o 
legislador optou por abrandar as exigências para que ocorra a perda de bens de 
organizações criminosas e milícias privadas. Assim, dispensa-se a prova de efetivo risco 
para que seja determinada a perda do patrimônio das referidas instituições criminosas. 
 
 
 
53 
Causas impeditivas da 
prescrição. 
 
A Lei 13.964/2019 também incluiu alterações no artigo 116, Código Penal Brasileiro, 
vamos analisar? 
 
Antes. Depois. 
Art. 116 - Antes de passar em julgado a 
sentença da final, a prescrição não 
corre: 
I - enquanto não resolvida, em outro 
processo, questão de que dependa o 
reconhecimento da existência do crime; 
II - enquanto o agente cumpre pena no 
estrangeiro. 
 
Art. 116 – [...] 
 
I - enquanto não resolvida, em outro 
processo, questão de que dependa o 
reconhecimento da existência do crime; 
 
II - enquanto o agente cumpre pena no 
exterior; 
 
III - na pendência de embargos de 
declaração ou de recursos aos Tribunais 
Superiores, quando inadmissíveis; e 
 
IV - enquanto não cumprido ou não 
rescindido o acordo de não persecução 
penal 
 
 
54 
Devemos nos lembrar que a prescrição é forma de extinção da punibilidade que 
se configura com o transcurso de lapso temporal legalmente previsto sem que o Estado 
tenha exercido de forma satisfatória a sua pretensão punitiva. 
Podemos observar que a prescrição fundamenta-se em algumas premissas: 
 
a. Desnecessidade da pena depois de tanto tempo após o 
cometimento da infração penal. 
 
b. Perda do caráter didático da sanção, já que passado tanto 
tempo do cometimento do delito. Nesses casos, permaneceria 
unicamente o caráter sancionatório punitivo. 
 
c. Falta de segurança jurídica. Caso não houvesse prazo 
legalmente definido para que o Estado exercesse a sua pretensão 
punitiva, o Estado permaneceria ilimitadamente com essa 
prerrogativa, fato que ofenderia a segurança jurídica, pois o 
investigado / processado passaria toda a vida com a dúvida de 
quando o Estado exercia essa pretensão. 
 
A prescrição transcorre entre o período compreendido entre a data da 
consumação do crime (em regra) e antes do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória, trata-se da prescrição da pretensão punitiva, ao passo que, com o trânsito 
em julgado para as partes em diante, poderá ocorrer a prescrição da pretensão 
executória. 
 
 
55 
Desse modo, salvo as infrações previstas constitucionalmente como 
imprescritíveis, as transgressões penais são passíveis de prescrição. Nesse sentido, faz-
se necessária uma pergunta: Quais são as infrações penais imprescritíveis? 
 
1) CF, art. 5º, XLII - a prática do racismo constitui crime 
inafiançável 
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. 
2) CF, art. 5º, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a 
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático. 
 
 
Seria possível ser criado pelo legislador infraconstitucional 
novas hipóteses de imprescritibilidade? 
 
A maioria da doutrina se posiciona no sentido negativo, tendo em vista que a 
prescrição se constituiria como um direito fundamental do indivíduo, sua flexibilização 
somente seria admitida em hipóteses originariamente previstas na Constituição. 
 
Desse modo, voltando ao tema, temos duas espécies de prescrição na esfera 
penal: 
 
 Prescrição da pretensão punitiva, a qual se divide em: 
 
o Prescrição da pretensão punitiva propriamente dita. 
o Prescrição da pretensão punitiva retroativa. 
 
56 
o Prescrição da pretensão punitiva intercorrente / superveniente 
/ subsequente. 
 
 Prescrição da pretensão executória. 
 
Terminada essa fase introdutória, passamos a tratar efetivamente das alterações 
implementadas pelo pacote anticrime. As alterações ocorreram especificamente nas 
causas suspensivas da prescrição. 
 
As chamadas causas suspensivas da prescrição suspendem o curso do prazo 
prescricional. Cessado o motivo da suspensão. O prazo prescricional retoma o seu curso, 
computando-se o período anterior. 
 
O Código Penal Brasileiro originariamente previa duas hipótesesem que a 
suspensão ficaria suspensa: 
 
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição 
não corre: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que 
dependa o reconhecimento da existência do crime; (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - enquanto o agente cumpre pena no 
estrangeiro; (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
A primeira situação: enquanto não resolvida em outro processo questão de que 
dependa o reconhecimento da existência do crime. 
 
 
57 
Essa hipótese trata das questões prejudiciais, ou seja, são hipóteses em que a 
própria existência do delito depende da resolução de outra demanda. Exemplo comum 
citado pela doutrina é o delito de bigamia. Nesses casos, o processo penal relativo ao 
delito ficará suspenso enquanto não resolvido no juízo cível a nulidade do casamento. 
 
A segunda situação: enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. 
 
Veja que aqui já tratamos a respeito da primeira alteração em nossa legislação. 
Retirou-se a expressão estrangeiro e a substituiu para estrangeiro. Acreditamos que não 
há alteração substancial da norma, mas apenas correção terminológica. 
 
Essa causa de suspensão se fundamenta pela impossibilidade de se extraditar 
agente que cumpre pena no exterior, dessa forma, a pretensão executória do Estado 
brasileiro estaria maculada. 
 
Além dessa alteração terminológica, duas outras hipóteses suspensivas foram 
incluídas em nosso ordenamento: 
 
Pendência de Embargos de Declaração ou Recursos aos tribunais superiores 
quando inadmissíveis. 
 
III - na pendência de embargos de declaração ou de recursos aos 
Tribunais Superiores, quando inadmissíveis; e (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019) 
 
 
58 
A primeira hipótese trata de alguns recursos específicos. O objetivo desse trabalho 
não é especificamente detalhar o recurso, mas tão somente explicar o motivo pelo qual 
o transcurso do prazo prescricional ficará suspenso. 
 
A primeira hipótese trata dos Embargos de Declaração. A legislação determina 
que na pendência de julgamento de ED (embargos de declaração) não haverá transcurso 
do prazo prescricional. Esse mandamento se justifica pela natureza desse instrumento. 
Os Embargos de Declaração tem a função de esclarecer, sanar contradição ou mesmo 
omissão por parte do magistrado, assim, ao menos em tese, não tem a função de alterar 
o mérito do julgado. 
 
Desse modo, muitas vezes esse recurso é utilizado unicamente com objetivo 
protelatório. Assim, por opção do legislador, não haverá transcurso do prazo 
prescricional na pendência do julgamento de Embargos de Declaração quando eles não 
forem admitidos. 
 
No mesmo sentido, não haverá o transcurso do prazo na pendência de julgamento 
de recursos aos tribunais superiores (recurso especial e recurso extraordinário) quando 
esses instrumentos forem declarados inadmissíveis. 
 
Essa opção se justifica pela natureza dos referidos recursos. Tais instrumentos 
destinam a discutir questões de direito e não de fato, razão pela qual a possibilidade de 
reforma do julgamento encontra-se restrita a situações excepcionais. 
 
Outro fator que justifica a opção é a demora encontrada no julgamento desses 
recursos, fenômeno que favorecia litigantes que tivessem objetivo de protelar o trânsito 
em julgado da decisão e com isso alcançar a extinção da punibilidade pela prescrição. 
 
59 
 
Ponto importante é a discussão sobre a expressão: quando inadmissíveis. 
 
Entendemos que o legislador somente suspense a prescrição, ou seja, impede o 
seu transcurso entre a pendência do julgamento e a decisão que considera inadmissível 
os recursos e os embargos de declaração. O julgamento dos recursos se dá, 
normalmente, em duas fases: admissibilidade ou conhecimento e mérito. 
 
O legislador impede o transcurso do prazo justamente quando o recurso não é 
conhecido ou admitido. 
 
Nesse sentido5: 
 
O juízo de admissibilidade analisa se recurso atende os 
pressupostos formais exigidos pela lei. Nesta fase, caso o recurso 
esteja de acordo com as normas, diz-se que o recurso foi conhecido 
ou admitido. 
Caso não contenha as preliminares necessárias, o recurso não será 
conhecido, prejudicando a análise do mérito, ou seja, o recurso 
morre antes mesmo de ser avaliado. 
Já o juízo de mérito irá avaliar a matéria a qual o recurso desafia, ou 
seja, irá analisar as razões e o pedido constante do recurso, que não 
se confunde com o mérito da causa propriamente dito. 
 
5 https://ribeirooliveiraadvogados.jusbrasil.com.br/artigos/346961871/requisito-de-admissibilidade-de-um-recurso no-
ncpc 
 
60 
Nesta fase diz-se que caso a decisão atacada seja mantida, diz-se 
que o recurso não foi provido. Já, se a decisão é reformada, 
esclarecida, anulada ou cassada, diz-se que o recurso foi provido. 
Assim, desde a proposição dos recursos especiais e extraordinários ou Embargos 
de Declaração até a decisão que não conhece os referidos instrumentos não haverá 
transcurso do prazo prescricional. 
 
Enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução 
penal. 
 
O acordo de não persecução penal trata-se de instituto de natureza processual 
que possibilita ao acusado confessar a praticado do crime e sofrer as sanções propostas 
pelo Ministério Público, possibilitando, assim, uma solução negociada no processo penal 
(justiça negociada). O investigado confessa o crime, se sujeita às condições do acordo e 
ao final, caso cumprido o acordo, vê extinta a punibilidade. 
 
Segundo a doutrina6, é a adoção pelo sistema brasileiro do chamado “plea 
bargaining” Norte-Americano: 
 
“No plea bargaining norte-americano, o imputado manifesta 
perante o Ministério Público sua decisão de declarar-se culpado, 
aceitando as imputações acordadas, assim como a pena pactuada, 
ao mesmo tempo em que renuncia a certas garantias processuais. 
Como explica Luiz Flávio Gomes, "uma vez que se dá conhecimento 
da acusação - qualquer que seja o crime - para o imputado, pede-
 
6 (Lima, 2017, p. 260) 
 
61 
se o pleading, isto é, para se pronunciar sobre a culpabilidade; se 
se declara culpado (pleads guilty) - se confessa - opera-se o plea, é 
dizer, a resposta da defesa e então pode o juiz, uma vez 
comprovada a voluntariedade da declaração, fixar a data da 
sentença (sentencing), ocasião em que se aplicará a pena 
(geralmente 'reduzida' - ou porque menos grave ou porque 
abrangerá menos crimes -, em razão do acordo entre as partes), sem 
necessidade de processo ou veredito (trial ou veredict); em caso 
contrário, abre-se ou continua o processo e entra em ação o jurado". 
 
Com a reforma, poderá o Ministério Público propor ao investigado o acordo de 
não persecução penal obedecidos os seguintes requisitos: 
 
a) Confissão formal e circunstancial do investigado; 
b) Infração penal sem violência ou grave ameaça; 
c) Com a pena mínima inferior a 4 anos. 
d) Necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime; 
 
Importante destacar, que segundo o §1º, para fins de aferição da pena mínima, 
serão consideradas as causas de aumento e diminuição de pena. 
 
Cumpridos os requisitos, o acordo será oferecido mediante as seguintes 
condições, que poderão ser ajustadas cumulativamente ou alternativamente: 
 
a) Reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na 
impossibilidade de fazê-lo; 
 
62 
b) Renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo 
Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do 
crime; 
c) Prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por 
período correspondente à pena mínima cominada ao delito 
diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da 
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7