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Resumo: Este estudo busca analisar, com base em autores consagrados, as possíveis razões pelas quais ocorrem os conflitos de agência nas empresas, conflitos estes que tornaram-se importantes a partir da evolução dos mercados de capital . Sabe-se que a principal função do administrador financeiro é dar continuidade aos negócios de uma empresa, proporcionando o crescimento da mesma e oferecendo aos proprietários e/ou sócios a maximização da riqueza. Os conflitos de agência surgem devido aos interesses paralelos dos gestores (administradores) contratados para conseguir esta maximização, pois os mesmos podem buscar maximizar também suas próprias riquezas, usando como suporte as estruturas das empresas para as quais trabalham. Estes conflitos prejudicam os resultados das empresas, pois geram os chamados custos de agência. A investigação proposta é bibliográfica, mostrando os aspectos financeiros e/ou administrativos que envolvem estes conflitos, com sugestões direcionadas para um posicionamento defensivo das organizações, no sentido de evitar ou minimizar os mesmos. Palavras-chave: conflitos de agência, acionistas, proprietários, maximização. Verificou-se, nas últimas décadas, uma grande expansão industrial/comercial de caráter globalizado, gerando novos desafios para os administradores, pois o que funciona no mercado interno pode não funcionar a contento no mercado externo. As empresas se expandem globalmente para ampliar lucros, seu potencial de crescimento e ganhar com a troca de tecnologia. A economia emergente, por exemplo, fez com que as concorrências se acirrassem ainda mais em muitos setores da economia; e a tendência para a privatização da indústria em países como China e Rússia abre novas oportunidades de investimentos não disponíveis anteriormente. Tanto as indústrias têxteis como as grandes siderúrgicas tiveram suas rotinas alteradas. A definição de economia "emergente" surgiu no início dos anos 80, pela mão do Banco Mundial, para descrever economias com um rendimento per capita médio ou baixo e que se encontravam num processo de transição entre estados de desenvolvimento, sobretudo por meio de reformas nas suas políticas econômicas ou nas suas instituições. Desde então, aquele termo “emergente” tem sido utilizado, sobretudo, para designar economias asiáticas (como a China ou a Índia), economias da Europa Central e do Leste (como a Polônia, a Turquia ou a Rússia) ou economias da América Latina (como o Brasil, o México e a Argentina). E cada empresa, independente de seu tamanho, traz em seu quadro uma função específica que é o administrador financeiro. Este personagem tem como principal tarefa gerir a empresa com meta de conseguir o valor mais alto possível para cada ação pertencente aos acionistas ou proprietários da mesma. Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2010), o administrador financeiro de uma sociedade por ações toma decisões em nome dos acionistas da empresa; decisões acertadas aumentam o valor por ação da empresa e decisões erradas o diminuem. Mostra-se, então, ser evidente que os administradores financeiros agem de acordo com os melhores interesses dos acionistas ou proprietários ao tomarem decisões que aumentam o valor da ação da empresa. Sabe-se que em finanças os riscos mais altos em geral estão associados aos ganhos mais altos possíveis; isso gera um dilema para o administrador financeiro, pois alguns projetos podem ser mais lucrativos, mas o risco inerente a eles pode ser elevado e levar a empresa à insolvência. A preocupação em relação ao ambiente empresarial, principalmente no caso em que sua propriedade é dispersa, é assegurar que as decisões dos agentes agreguem o maior valor possível às ações diante das estratégias e condutas possíveis de serem implementadas. Vale lembrar que a administração financeira está relacionada com outras ciências, especialmente com a Economia (teoria da preferência pela liquidez, estrutura do sistema econômico, economia internacional); com a Contabilidade (princípio de caixa e de competência e demonstrações financeiras); com a Matemática e a Estatística (medidas quantitativas, desvio-padrão, variância e co-variância); com a Computação (software específicos) e com o Direito (normas e leis). Groppelli e Nikbakht (2010) salientam a diferença entre maximização de lucro e de riqueza, mostrando que maximizar lucro é uma questão de curto prazo e que se consegue quando os administradores fazem cortes de despesas, demitem empregados com salários de valores significativos ou minimizam custos de manutenção de equipamentos, enquanto que maximizar riqueza é ter preocupação constante quanto ao risco, fazendo-se constante monitoramento dos fatores micro e macroeconômicos. E Brigham e Houston (1999) afirmam que, tudo o mais permanecendo constante, se a administração estiver interessada no bem-estar dos acionistas, deve se concentrar no lucro por ação, em vez de nos lucros totais da empresa. O autor salienta que embora o administrador financeiro concorde com o objetivo de maximizar a riqueza dos proprietários e acionistas, eles também se preocupam com a própria riqueza, com a segurança de seus empregos e com os benefícios recebidos. Verifica-se, portanto, que maximizar riqueza de uma empresa não é tarefa fácil, pois fatores econômicos não são previstos com precisão e muitas projeções podem estar sujeitas a consideráveis erros. Empresas tradicionais tendem à fazer maximização de lucro; seu objetivo é o lucro. Quando se tem um modelo de maximização de lucro não se considera o risco e procura-se lucrar o máximo. A maximização de lucro é um objetivo de curto prazo e é menos importante que a maximização de riqueza, pois diferentemente da riqueza, lucros altos podem ser obtidos em um curto prazo. Numa empresa pequena, normalmente é o proprietário que faz todo o controle, desde as atividades operacionais como, por exemplo, as quantidades a serem vendidas, até as decisões sobre quanto se endividar junto às instituições financeiras, porém este panorama se modifica quando a empresa se expande e sua estrutura fica mais complexa, ocorrendo as divisões de tarefas, tanto na produção como em vendas, finanças, recursos humanos e marketing. Segundo Lemes Júnior et al (2010), historicamente, o setor financeiro é o último a ser abandonado pelo sócio proprietário. Surge então a necessidade de contratação dos administradores, que podem ser considerados os agentes dos proprietários que os contrataram, delegando-lhes autoridade para tomar decisões e administrar os negócios. E esta separação entre a propriedade da empresa e sua gestão pode gerar uma série de conflitos, entre os quais se encontra o conflito objeto deste estudo, que é o “conflito de agência”. Neste contexto se dará o desenvolvimento deste estudo, com objetivo de analisar as possíveis razões pelas quais ocorrem os conflitos de agência nas empresas. Esta análise terá como suporte o referencial teórico com os diversos posicionamentos de autores da área de administração financeira. Um exemplo típico é quando o gestor de uma empresa pode se dar alguns mimos (alugar automóveis de luxo para se deslocar e fizer compras pessoais com o cartão corporativo, entre outros), não trabalhar com afinco em projetos que criem valor, aventurar-se em negócios muitíssimo arriscados por conta de outros interesses, etc. Ao fazer isto, este gestor não está trabalhando nos melhores interesses da firma e de seus proprietários. Recentemente, caso típico de conflito de agência e de irresponsabilidade social, tomou conta das manchetes, que foi o caso do Banco Pan-americano. Alí verifica-se, na prática, tudo que está contemplado pela teoria. O termo conflito de agência retrata a situação onde os interesses dos acionistas e dos gestores executivos entram em conflito. O melhor exemplo para retratar essa situação é o pagamento de bônus para os executivos. Usualmente a medida para o pagamento de bônus é o resultado do exercício e para atingir os resultados pode ocorrer uma situação onde o executivo tome uma medida que privilegie o curto prazo em detrimentodo longo prazo, o que obviamente conflita com o interesse de perpetuidade e longevidade do sócio. Com relação ao PanAmericano percebe-se que a não baixa de ativos alterou o resultado do banco e gerou bônus para os executivos.