Buscar

RESENHA CRITICA DO LIVRO CRIME E CASTIGO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

RESENHA CRÍTICA1 
 
Gabriela Dourado Gomes2 
 
 
 DOSTOIÉSVSKI, Fiódor. Crime e Castigo. Tradução: Paulo Bezerra. Editora 34, 
2009. (6ª Edição). 
 
O autor Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski foi um escritor, filósofo e jornalista do Império 
Russo. É considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história, após o término de 
sua formação acadêmica como engenheiro, Dostoiévski trabalhou integralmente como escritor, 
produzindo romances, novelas, contos, memórias, escritos jornalísticos e escritos críticos. Além 
disso, atuou como editor em revistas próprias, como preceptor e participou de atividades 
políticas. A importância do clássico da literatura universal, não somente para a criminologia 
como também para as demais ciências sociais na atualidade, pode ser vista a partir de uma 
síntese do retrato que ele fez de sua era. Neste período, a Europa ocidental desenvolveu diversos 
ramos de conhecimento, como antropologia, sociologia, estatística e economia. Tal fenômeno 
acarretou em uma certa petulância das elites neste sentido, tornando o saber científico vigente 
a um novo dogma. 
 
Crime e Castigo é um romance publicado em 1866. O livro narra a história de um crime 
cometido por Ródion Ramanovich Raskolnikov e as suas consequências um ex-estudante muito 
inteligente na casa dos vinte anos que vive na miséria num minúsculo apartamento em 
Pitsburgo. O rapaz precisou desistir dos estudos devido às dificuldades financeiras que 
enfrentava. Ele acredita que está destinado a grandes ações, mas que a miséria o impede de 
atingir todo o seu potencial. Com problemas econômicos, Raskolnikov recorre à ajuda de uma 
senhora que empresta a juros altíssimos e maltrata a sua irmã mais nova, de trinta e poucos 
anos. Convencido de que a velha tem um péssimo caráter e explora as pessoas vulneráveis que 
lhe pedem ajuda, Raskolnikov decide assassiná-la. O livro contém 592 páginas, com o 
fascinante efeito que produz a leitura, angústia, revolta e compaixão renovadas a cada página. 
 
 
1 Resenha apresentada para avaliação da II unidade para componente curricular de Direitos Humanos do III 
Semestre do curso de Bacharelado em Direito da Faculdade Irecê sobre orientação da Professora Leonellea 
2 Gabriela Dourado Gomes Acadêmico do 3º semestre do curso de Bacharelado em Direito da Faculdade Irecê. 
 E-mail: gabrieladourado05@gmail.com 
Apesar de se acreditar que o livro gira em torno do crime que Raskolhnikóv desejava cometer, 
o principal de toda a trama é muito mais profundo: a culpa, que é o castigo citado no título do 
livro. Após cometer o assassinato de duas mulheres (uma, que desejava matar, e outra que 
infortunada mente surgiu na cena), ele se depara com uma mistura de sentimentos que não 
planejava. A culpa consome o personagem principal, que começa a delirar, ficar doente, 
passando até a desejar ser punido pelo crime cometido. 
 
Quando a polícia começa a investigar o crime e Raskolnhnikóv é interrogado, ele se sente 
grandioso por não ser o principal suspeito. No entanto, o juiz Pietróvich desconfia de que ele é 
o verdadeiro autor, e conforme os interrogatórios acontecem, um jogo psicológico vai se 
formando, recheado de tensão, com diálogos pesados (mas algumas vezes cômicos). 
 
 Uma reviravolta ocorre quando o personagem principal se apaixona por Sônia, uma prostituta 
miserável, cristã entusiasmada. Ela o faz ler uma passagem do Evangelho, e assim o faz sair de 
um mundo de fantasia e o traz para o mundo real. Quando ele confessa a sua amada que cometeu 
o crime, ela o encoraja a confessar. Assim, Raskolhnikóv acaba com o jogo psicológico com 
Pietróvich e confessa o crime, sendo condenado à prisão por oito anos na Sibéria, onde sua 
regeneração moral tem início. 
 
Crime e Castigo é denso, demorado, e por vezes confusas por conta das voltas que Dostoiévski 
dá com suas tramas paralelas. São muitas personagens e diversas histórias que transportam o 
leitor para longe da ação principal, mas que ao mesmo tempo acrescentam mais à compreensão 
de quem é Raskólnhikov. Ele cria uma personalidade forte e faz o leitor entender o que o ex-
estudante pensa e faz. 
É possível descobrir que o autor foi um mestre das metáforas: a velha que Raskolhnikóv mata 
simboliza o capitalismo, que o autor tanto odiava. Os nomes dos personagens são, por vezes, 
jogos com palavras cheios de simbologias. A religião católica, representada por Sônia, 
representa as crenças religiosas do autor e a possibilidade de redenção. Dostoiévski era 
eslavista, e acreditava na missão da Rússia como a redentora do ocidente laico, responsável por 
espalhar a mensagem do Evangelho para o resto do mundo. Talvez seja por todo o empenho 
que o autor tem nas suas simbologias, além da sua forma de transportar o leitor para a mente 
dos seus personagens, que o livro é considerado um clássico, adorado por muitos. Sua obra é 
carregada de realismo, onde se vê a natureza humana da forma mais racional possível. 
 
 
 Relacionando algumas passagens da obra com temas jurídicos relevantes, como o 
interrogatório pela autoridade, as falsas memórias, a confissão, a culpa e a punição. A intenção 
do estudo é trazer para o campo jurídico, contribuições de outros campos, o que muitas vezes 
não é feito, devido à suposta autonomia do direito. Não digo que a leitura é obrigatória por ela 
ser um clássico, mas por tratar as personagens de forma tão completa. A reflexão sobre o que 
leva alguém a cometer um crime e o que acontece com essa pessoa é o que Fiodor Dostoiévski 
faz. Essa é uma obra totalmente moral e ética, cabe ao leitor ver todo o processo do certo e o 
errado contido na obra e refletir sobre os acontecimentos, sabendo que essa linha é muito tênue 
no caso da interpretação de um advogado. Definitivamente é uma leitura necessária, não só para 
aqueles que estudam o crime, mas para qualquer um que se interessa pela mente humana e pelas 
interações sociais.

Continue navegando