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RESENHA CRÍTICA - Papel da Epidemiologia no Desenvolvimento do SUS

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Universidade Estácio
Curso de Fisioterapia
Raynara Oliveira dos Santos – 201803188626
RESENHA CRÍTICA
Papel da Epidemiologia no Desenvolvimento do Sistema Único de Saúde no Brasil: histórico, fundamentos e perspectivas
Disciplina: Fundamentos de Estatística e Epidemiologia
RECIFE
2020
RESENHA CRÍTICA
BARRETO, Mauricio L. Papel da Epidemiologia no Desenvolvimento do Sistema Único de Saúde no Brasil: histórico, fundamentos e perspectivas. Revista Brasil de Epidemiologia, vol.5, supl.1, São Paulo, 2002.
Mauricio Lima Barreto é médico, Mestre em Saúde Sanitária e Ph.D. em Epidemiologia. Professor titular aposentando em Epidemiologia pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva na mesma instituição. Desde 2014 é pesquisador (especialista) na FIOCRUZ- Bahia. Sua pesquisa abrange uma gama de diferentes tópicos, sempre explorando questões de fundo relacionados aos determinantes sociais e ambientais da saúde, desigualdades em saúde, impacto de intervenções sociais na saúde e integração de conhecimento social e biológico para explicações causais na saúde.
O artigo tem intuito de evidenciar os avanços e direcionamentos da epidemiologia no Brasil. Ao decorrer da leitura é nítido compreender o paralelo feito entre a saúde individual e a organização da sociedade. Logo, o papel da epidemiologia torna-se indispensável para estabelecer ainda que de forma utópica os princípios do SUS na Saúde Coletiva. Nesse aspecto, o autor esclarece que a epidemiologia é dividia em dois âmbitos: o acadêmico e de serviço. Diante disso, de um lado há a epidemiologia como disciplina cientifica refinando métodos e bases conceituais, do outro lado, há a prática com vivências específicas e objetivas no que se refere a transformação das condições de saúde da população. Esses são os espaços do “conhecimento” e da “ação” definidos pelo autor. No primeiro espaço, os erros são brancos, de ordem teórica; no segundo espaço um erro pode custar a vida, custos sociais, doenças e sofrimento; e harmonizar os interesses de ambos os lados é o grande desafio impresso pela Epidemiologia no Brasil.
Em sua obra, o autor divide suas percepções em tópicos dos quais farei um breve resumo. No Brasil, a epidemiologia é tratada como uma jovem disciplina que caminha a passos longos para a maturidade, tendo sua história dividida em 3 etapas de acordo com a visão do autor. A 1ª etapa inicia-se com os pioneiros em epidemiologia até o ano de 1984 nessa época utilizava-se apenas de conceitos e técnicas da epidemiologia, como por exemplo quando Oswaldo Cruz pensou em erradicar a varíola com a vacinação que causou uma grande revolta da população ainda que de forma errônea e autoritária ele precisou fazer um estudo e ação epidemiológica para frear o contágio da doença entre a população. E com o passar dos anos houve em 1984 a I Reunião Nacional de Ensino e Pesquisa na Epidemiologia onde ficou nítida preocupação em expandir as ações e conhecimentos por todo território nacional. Nessa reunião foi discutida e aprovada a constituição no que se refere ao direito a saúde.
A 2º etapa ocorreu entre 1984 e 1994 diante do período de redemocratização do país os epidemiologistas já participavam ativamente da construção e redefinição do sistema de saúde. Até que em 1986 foi realizada a 8º Conferência Nacional responsável pela criação do SUS. Dessa forma, a comunidade acadêmica e os serviços de saúde em epidemiologia foram reforçados para que o país fosse capaz de unificar os interesses econômicos na prática de saúde coletiva. 
E por fim a 3º etapa que teve início em 1994 e perdura, ao meu ver, até os dias atuais foi o momento em que a epidemiologia se consolidou e passou a pôr em prática os serviços de saúde mais preventivos como a Vigilância Sanitária, além da consolidação e descentralização de ações fazendo com que a epidemiologia fosse indispensável também em níveis estaduais e municipais.
Com esse contexto histórico o autor se esforça para conectar pontos entre a atividade científica e a prática da epidemiologia no Brasil capazes de gerar bases para o seu processo de crescimento e desenvolvimento. Dessa forma, fica expresso que a epidemiologia no Brasil se desenvolve sobre a componente da saúde coletiva. Logo, é perceptível que há desafios no âmbito social e políticos para além das questões sanitárias do nosso país. Portanto, é necessário um compromisso com a construção de um sistema de saúde que abrace todo processo de saúde-doença-cuidado para que ocorra uma maior organização social. Trata-se de uma busca para além da determinação de doenças, mas sim um conhecimento socio-estrutural utilizando-se do senso crítico sobre as mazelas históricas para construir uma sociedade mais saudável e segura permitindo que o Brasil tenha mais autonomia para se desenvolver no campo da saúde. 
As perspectivas do autor são de extrema relevância pois é evidente sua preocupação com problemas estruturais que se não resolvidos podem gerar consequências desastrosas. É o que ele chama de “superposição de riscos” que ocorre devido a falta de solução para problemas antigos que se unem a novos problemas fazendo a população viver de maneira inadequada crescendo ainda mais as tensões entre as relações sociais. 
No contexto das desigualdades o Brasil ainda se encontra muito atrasado na prática para que haja algum avanço na modernidade. Diante disso, a busca pela saúde não constitui um papel isolado, mas sim a soma de forças e uma trama complexa que depende da economia, ciência e cultura.
Com esse discurso, o artigo me incentiva a refletir sobre os tempos atuais. Passados praticamente 18 anos desde a sua publicação posso afirmar que as preocupações com as quais o autor se expressa ainda permanecem. O Brasil pouco evoluiu no âmbito da saúde coletiva justamente pela falta de interesse político e econômico nas causas socio-sanitárias. Apesar da descentralização da saúde ter alcançado níveis satisfatórios principalmente na atenção básica com a Estratégia de Saúde da Família (ESF), o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) e a criação de um nova categoria profissional que convive dentro das periferias e consegue acessar a praticamente todos os indivíduos, os agentes comunitários, ainda assim, os planos de desenvolvimento epidemiológicos não são totalmente postos em prática.
Portanto, as falas do autor são de grande importância, principalmente no quis diz respeito aos planos de ação. Estudos, artigos, publicações e pesquisas na área da epidemiologia são diversos e a cada ano só aumentam, mas os investimentos para pôr em ação são pequenos. O Brasil ainda vive sobre uma crise sanitária nas periferias, onde falta acesso aos itens básicos de alimentação, higiene e moradia. Garantir que as pessoas cheguem aos atendimentos de saúde é importante, mas é de igual importância garantir que em suas casas essas pessoas também tenham qualidade de vida. Esse é o maior fardo que a epidemiologia precisa carregar com seus estudos e ações no Brasil.
Quando o autor em sua conclusão, cita o conceito de “Cidades Saudáveis” para reorganizar os centros urbanos no modelo que foi utilizado em diversos continentes eu admiro sua visão de futuro há quase 20 anos atrás, pois esse é um plano de ação qual compartilho o desejo e mesmo agora ainda não foi realizado. A preocupação com a economia cega o governo e a grandes corporações com a situação do meio ambiente e da saúde da população. 
Ainda sobrevivemos em uma crise sanitária, apesar das ínfimas melhorias, precisamos defender o SUS visto que ainda há esperanças, pois como citou o próprio autor “este rico processo de que falei tem como construtores, não seres abstratos, mas seres concretos, homens e mulheres de fibra e coragem, companheiros fraternos que vêm dedicando suas energias e suas inteligências para a construção, no Brasil, de uma epidemiologia digna e comprometida”. O que prevalece entre os epidemiologistas e eu como futura profissional da área de saúde é o mesmo sentimento de que apenas a compaixãoe crença na humanidade serão capazes de mudar a qualidade da saúde pública no Brasil.

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