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MEDIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NA FAMÍLIA E INSTITUIÇÕES AULA 1 Prof. Arthur Silva Araújo 2 CONVERSA INICIAL Olá, querido(a) acadêmico(a). Nesta aula, iremos discutir o diagnóstico psicopedagógico; as áreas de avaliação em que o psicopedagogo atua: emocional, pedagógica, motora e cognitiva; a teoria sociointeracionista; a equipe multidisciplinar como foco de atuação e estruturação da psicopedagogia; os resultados e a devolutiva de um atendimento psicopedagógico; e, por fim, a questão da medicalização em educação. Ótima aula! Constitui um objetivo geral desta aula conhecer o processo de diagnóstico psicopedagógico. Já entre os nossos objetivos específicos encontram-se você ser capaz de: • entender os conceitos das principais abordagens de diagnóstico psicopedagógico; • reconhecer as áreas de avaliação, os objetivos da avaliação de cada área e possíveis técnicas e ferramentas; • conhecer as etapas do diagnóstico psicopedagógico: levantamento da queixa escolar e familiar; realização de entrevista operativa centrada na aprendizagem (Eoca); planejamento e aplicação das provas; instrumentos; anamnese; levantamento de dados escolares; provas e testes complementares; • entender a importância da equipe multidisciplinar no processo de diagnóstico e o papel do psicopedagogo; • estruturar e analisar os resultados, gerar hipótese diagnóstica, realizar o informe psicopedagógico, a devolutiva e a possível proposta de intervenção; • refletir sobre o uso de medicalização. Sendo assim, convidamos você a mergulhar nesse mundo da psicopedagogia, o qual é necessário para que, com nossa visão humanística, possamos diagnosticar e avaliar o sujeito em diversos contextos. Nesta aula, portanto, estudaremos o diagnóstico psicopedagógico e a relação da avaliação e dos processos de construção com as etapas de investigação e o estudo cognitivo do sujeito. 3 TEMA 1 – O QUE É DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO? O diagnóstico psicopedagógico é um estudo dedicado ao sujeito que tem a ver com o aprender, com como é a reação dele em face da dificuldade de aprendizagem. Com o diagnóstico psicopedagógico, é possível investigar, por meio da observação, do modo de pensar e do que está camuflado na criança, adolescente, jovem, adulto e idoso, o seu processo de aprendizagem e as dificuldades apresentadas por cada um. O que fazer em um diagnóstico psicopedagógico? a. primeiro passo: identificar o problema; b. segundo passo: colher dados para a construção do diagnóstico por completo; c. terceiro passo: fazer levantamento de hipóteses; d. quarto passo: propor intervenções psicopedagógicas. Assim, o diagnóstico psicopedagógico torna-se um processo científico que leva o profissional a realizar o levantamento de hipóteses que serão confirmadas ou não no momento da sessão, pois o foco do psicopedagogo é a atenção diante da reação da criança à atividade aplicada, observando seus bloqueios, repetições, momentos de dúvidas com assuntos simples, angústias, faltas de ânimo, dificuldades para realizar uma atividade sozinho, entre outros elementos. Após a queixa de professores e pais que observam quando a criança ou o adolescente começa a mostrar dificuldades de aprendizagem, o psicopedagogo organiza os dados e as descrições sobre o sujeito, para a compreensão do problema de aprendizagem e a busca de sua causa. Portanto, ele analisa que as queixas podem possuir vários significados. Entre essas queixas, encontram-se afirmações de que: • a criança não aprende nada do que lhe é ensinado várias e várias vezes; • não possui raciocínio para seguir em uma dada classe; • não demonstra interesse em aprender; • quando consegue aprender, minutos depois esquece tudo. Algumas vezes a “queixa” da escola apontada como o motivo manifesto do diagnóstico é repetida pelos pais, sem qualquer elaboração posterior. Ao longo do processo ela vai se transformando e se revelando de menor importância, ao mesmo tempo em que vai 4 surgindo um motivo latente que realmente mobilizou os pais para a consulta. (Weiss, 2007, p. 47) Contudo, o psicopedagogo tem a função de procurar compreender o significado e o surgimento da queixa dos pais, da escola e do próprio sujeito, para que possa explicar, após sua reflexão, a relação da criança com a situação escolar e, além disso, a sua relação efetiva com a sociedade escolar e familiar. No final da avaliação, ele entregará o laudo do diagnóstico psicopedagógico, o prognóstico e as intervenções que precisem ser realizadas. Assim, torna-se o papel do psicopedagogo na área de diagnóstico psicopedagógico encaminhar orientações para o sujeito de forma que elas sejam direcionadas aos pais e à escola, estruturando melhorias, diante das queixas relatadas, para as práticas pedagógicas. TEMA 2 – CONHECENDO AS ÁREAS DE AVALIAÇÃO: EMOCIONAL, PEDAGÓGICA, MOTORA E COGNITIVA Emocional: a área emocional avalia a conjuntura do aprendiz diante da situação de aprendizagem que se encontra nos âmbitos escolar, familiar e pessoal. Os seus objetivos são: • investigar o conteúdo que constrói o elo do indivíduo com a sua aprendizagem; • contribuir com a análise do sujeito que ocupa o meio social, familiar, escolar e da relação com os amigos diante dos conflitos, desejos, tristezas, emoções e demais significados que estejam correlacionados com a parte cognitiva desse sujeito. Pedagógica: uma das partes mais importantes nos primeiros momentos de observação é a parte de como o sujeito aprende, avaliando-se, então, a sua capacidade de leitura e escrita e de cálculo, normalmente a mais afetada; portanto, trata-se de ver seu desenvolvimento nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, as que exigem mais atenção quando do surgimento das dificuldades de aprendizagem. São objetivos pedagógicos os seguintes aspectos: • Escrita: observar e investigar a forma como o indivíduo utiliza o papel, a sua forma de escrever, os seus erros ortográficos (que trocas ele realiza com as letras do alfabeto), a posição da sua mão ao segurar o lápis, a 5 forma como ele avança os níveis escolares porém a grafia continua a mesma e a sua utilização da grafia em forma de texto ou no uso do seu próprio nome. • Leitura: observar como o sujeito realiza a leitura – pontos importantes e significativos são como está a sua velocidade de leitura respeitando a língua portuguesa, pausando o ritmo, como são suas expressões durante a leitura, a sua postura e a sua dificuldade de compreender o que lê e, após a leitura, saber se o que ele leu foi interpretado por ele de acordo com o conteúdo do texto. • Cálculo: analisar o tamanho dos números escritos pelo sujeito, a sua dificuldade de reconhecer os signos numéricos visuais (conhecidos como números), por exemplo quando o número é 2, mas ele diz outro número; se ele não tem a capacidade de contar e saber a quantidade no final da contagem, e demais assuntos relacionados com troca da informação, do valor e da operação do número matemático em prática. Motora: analisa a capacidade do perfil neurossensório motor do indivíduo. O seu objetivo é avaliar o estágio dos sistemas nervoso, sensorial e motor. Cognitiva: avalia o estágio cognitivo do indivíduo. Seu objetivo é analisar se o raciocínio lógico, os momentos do pensamento, da atenção e da concentração do indivíduo consistem em desenvolvimentos aptos para a fase cognitiva investigativa e sentimental. TEMA 3 – AS ETAPAS DO PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO SEGUNDO A TEORIA SOCIOINTERACIONISTA Vygotsky defende a ideia de contínua interação entre as mutáveis condições sociais e as bases biológicas do comportamento humano. Partindo de estruturas orgânicas elementares, determinadas basicamente pela maturação, formam-se novas e mais complexas funções mentais, a depender das experiências sociais a que as criançasse acham expostas. (Davis; Oliveira, 1993, p. 49) A abordagem sociointeracionista integra a aprendizagem à integralidade com o outro. A aprendizagem é constituída de uma experiência anterior e, após a troca, tomou uma dimensão coletiva, além de ocorrer em processo mental, de forma interna. As etapas do diagnóstico pedagógico, segundo a teoria sociointeracionista, consistem em: queixa inicial (escola/família), Eoca, 6 planejamentos e aplicações das provas, instrumentos, anamnese, levantamentos de dados escolares, provas e testes complementares. • Queixa inicial (escola/família): a queixa é observada e debatida no cotidiano escolar pela direção, pela orientação pedagógica e, em especial, pelos professores. Nesse momento é que descobrimos os sintomas da dificuldade de aprendizagem. Após essa etapa, é necessário entrevistar os pais para um possível encaminhamento psicopedagógico comportamental. • Eoca: visa ao levantamento das hipóteses sobre o processo de ensino- aprendizagem do indivíduo e a sua dificuldade e interação no cotidiano escolar e familiar. Segundo Leal e Nogueira (2011, p. 84), “o profissional precisa conhecer melhor a maneira como a criança aprende a fazer o que lhe ensinam”. • Anamnese: verifica a possibilidade de alguns aspectos serem altamente relevantes para o processo, momento esse em que é essencial o psicopedagogo trabalhar após conhecer o sujeito e seus efeitos ocorridos e entrevistados. • Levantamento de dados escolares: nesse momento, é necessário investigar como está o tamanho da letra do sujeito em seu caderno e a sua força no momento de escrever. Assim, em atividades como divisão silábica e aquelas que lidem com o alfabeto numérico, entre outras, deve- se avaliar o desenvolvimento e pequenos sinais que levem a se suspeitar de algo. • Provas e testes complementares: avalia o desenvolvimento dos processos cognitivos do sujeito, analisando e observando sua forma de concentração, seu comportamento em jogos matemáticos, leitura, memória e atenção, examinando-se o raciocínio logico do sujeito. Enfatizam Leal e Nogueira (2011, p.122) que “as estruturas cognitivas evoluem à medida que a criança cresce, permitindo novas aprendizagens e possibilitando a ela adquirir os conteúdos formais”. A proposta sociointeracionista, pois, obtém desenvolvimentos históricos como sua nova evidência, diante do homem, seu corpo e sua mente, seja ele biológico ou social e também o seu processo cultural. Com isso, afirma que “o ser humano só adquire cultura, linguagem, desenvolve o raciocínio se estiver 7 inserido no meio com os outros. A criança só vai se desenvolver historicamente se inserida no meio social” (Vygotsky, 2010). Dessa forma, o sujeito deve se aproximar e interagir com outros mediadores, praticando sua sociabilidade em diferentes contextos, para que as informações por ele adquiridas se tornem conhecimentos e que esse processo seja ampliado, formando então seu desenvolvimento no meio social no qual está inserido. Portanto, para Vygotsky (1989), caminham juntos o social e o cognitivo no desenvolvimento do indivíduo, de acordo com suas experiências em cada contexto. a distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial [...] define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, ao invés de frutos do desenvolvimento (Vygotsky, 1989, p. 97). Outro aspecto essencial para o desenvolvimento social e cognitivo do indivíduo são as etapas de investigação do pressuposto sociointeracionista, que trabalha o cognitivo com os conceitos de zona de desenvolvimento real e zona de desenvolvimento proximal, de cuja integralidade das duas zonas surgirá uma terceira, que é a zona de desenvolvimento potencial. • Zona de desenvolvimento real: resolve diante da problemática em contexto individual do qual já se encontra em uma dominação consolidada. “O nível de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento mental retrospectivamente, enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento mental prospectivamente” (Vygotsky, 1984). • Zona de desenvolvimento proximal: é a zona que estimula a aproximação entre a zona de desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento potencial. “A Zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão, presentemente, em estado embrionário” (Vygotsky, 1984, p. 97). • Zona de desenvolvimento potencial: resolve o problema conforme a ajuda do outro, a qual ainda não está consolidada: é “a distância entre o nível de desenvolvimento atual determinado pela resolução independente de problemas e o nível de desenvolvimento potencial determinado pela 8 resolução de problemas sob orientação ou em colaboração com parceiros mais capazes” (Vygotsky, 1987, p. 211, 1998, p. 202, tradução nossa). TEMA 4 – A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO EM UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR O psicopedagogo não atua somente em um determinado local, mas sim no campo de conhecimento que o leve a integrar as ciências humanas e da saúde em uma ampla compreensão sobre o processo de aprendizagem do ser humano. Ao relatar suas análises a uma equipe multidisciplinar, a psicopedagogia tem o dever de compreender o surgimento, a ocorrência e possíveis processos que levem a entender as dificuldades suspeitas ou detectadas na aprendizagem do sujeito. Contudo, essa profissão faz jus à integração de várias áreas de conhecimento, a saber: • Psicologia: uma complementa a outra trabalhando a psicoterapia, amenizando e descobrindo os desafios/problemas que possam ocorrer por conta de ansiedade, nervosismo, estresse e outras causas. • Psicanálise: serve para ajudar a entender, por meio de desenhos, o desejo do indivíduo, como ele se autoconhece e seus valores no meio social. • Filosofia: levanta questões como quem somos, como podemos mudar o nosso modo de vida, quem somos nós na sociedade. • Psicologia transpessoal: atua diretamente em quatro dimensões: física, emocional, mental e espiritual como essenciais para facilitar as formas criativas da vida, fazendo-se refletir sobre a principal pergunta, acerca do indivíduo: qual a sua missão de vida? Para, assim, conseguir-se dialogar, investigar e compreender os diversos níveis e estados do sujeito. • Pedagogia: uma complementa a outra na habilitação institucional, investigando os casos, suspeitas e diálogos com os pais. Há ainda outras áreas importantes, como neurologia, sociologia, linguística, fisioterapia, antropologia, fonoaudiologia, medicina, terapia ocupacional, psicomotricidade, psiquiatria etc. 9 TEMA 5 – O PROCESSO DE ANÁLISE DE RESULTADOS E A DEVOLUTIVA Com os informes psicopedagógicos contemplando todas as áreas e avaliações, tem-se uma vista completa do processo. Esse é o ponto principal da informação fornecida pela psicopedagogia, em que estarão descritos os sintomas, o diagnóstico, as entrevistas, a observação, a anamnese e a relação do sujeito com a educação em sala de aula e no meio familiar. Para Bastos (2015, p. 21), “um dos pontos fundamentais para a Psicopedagogia é a relação do sujeito com a aprendizagem. Como ele aprendeu ou não aprende é uma questão crucial para nós”. Leal e Nogueira (2011, p. 230) afirmam a importância do papel do psicopedagogo, com todos os dados coletados sobre o estudante, ao retratar o que foi por ele observado: “descrevemos o indivíduo como ele está no momento e não como ele é de fato”. O processo de devolutiva é um dos últimos passos da avaliação psicopedagógica, na habilidade clínica, pois com ela é possível devolver tanto paraa instituição de ensino quanto para a família o que ocorreu em todo o processo, qual o diagnóstico final, quais as intervenções que devem ocorrer. Diante do exposto de Weiss (1999), Bastos (2015) e Sampaio (2014), deve-se [...] ter olhos e ouvidos aguçados, prestando atenção aos detalhes, como postura da pessoa entrevistada, entonação de voz, olhar, histórico de saúde, de convivência social, de convívio com a aprendizagem, e de estimulação, vínculos afetivos, pois todos estes aspectos são fundamentais para a construção do diagnóstico. Isso facilitará à vida do sujeito/aluno, do grupo familiar, da escola e dos demais envolvidos para lidarem com as dificuldades que irão aparecer, pois já se sabe qual o diagnóstico da investigação, afinal, podendo-se atuar de forma passageira ou criar soluções quando forem relatados motivos que levem o sujeito a manifestar determinada dificuldade. 5.1 A questão da medicalização A fim de problematizar, Zucoloto (2007, p. 137) comenta que “medicalizar o fracasso escolar é interpretar o desempenho escolar do aluno que contraria aquilo que a instituição espera dele em termos de comportamento ou de rendimento como sintoma de uma doença localizada no indivíduo, cujas causas devem ser diagnosticadas”. 10 A prática ativa da medicalização levanta discussões no cotidiano escolar, em especial pelo fato de a área da medicina entrar no campo da aprendizagem e seus distúrbios. A melhor medicalização é a escola como campo essencial de realização de melhorias, ao longo do tempo. Assim, é definida, diante de um problema psicopedagógico, uma equipe multiprofissional atuante na área da educação, com profissionais das áreas da psicologia, da pediatria e da própria pedagogia e educação em geral, de forma que ela concretize um processo que transforme as questões sociais e coletivas em uma interpretação e junção de questões de cunho individual e biológico, ou seja, na patologia encontrada. Um caso em que é incentivada a medicalização em educação é o do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), que é possível desvendar e compreender facilmente pelo histórico da doença quando se iniciaram os seus primeiros sinais, com diagnóstico do psicopedagogo ou demais profissionais da área e até sua forma de tratamento pode estar aos cuidados do psicopedagogo. Entretanto, Sapia (2013, p. 23) nos mostra que a medicalização investiu “[...] nas diversas instituições brasileiras, como escolas e famílias, com o intuito de transformar o indivíduo e seu corpo, bem como seus hábitos e costumes”. O indivíduo com TDAH apresenta dificuldade em interagir com os demais, possui equilíbrio emocional baixo e desempenho escolar com possibilidade de baixos rendimentos, sinais esses que revelam a suspeita da patologia. Existem três maneiras de o TDAH se mostrar enraizado no sujeito: 1. demonstrando desatenção na sala de aula ou em casa, ele não consegue completar a atividade como lhe exigem os professores e pais, tem distração e esquece o que falou, faz as atividades sem atenção ao que se pede e com desorganização, no geral. 2. com hiperatividade no cotidiano escolar e familiar, o indivíduo sobe em objetos e móveis e não tem medo de cair, demonstra agitação e não consegue ficar sentado por muito tempo, fica desconfortável diante de todas as soluções apresentadas a ele. 3. ele revela impulsividade, não tem noção do perigo a sua frente, na escola tem costumes de interromper os colegas, aceita determinado risco sem mesmo ver as problemáticas posteriores e, um dos elementos mais conhecidos, é impaciente e dá sinais de ansiedade. 11 Portanto, a relação da medicalização com a educação está em uma atividade com interação entre o transtorno de aprendizagem e os profissionais, pois, ao longo do tempo em que o sujeito é diagnosticado com o transtorno, adota-se um tratamento, sabendo-se, tendo-se em mente que ele necessita de um estudo mais a fundo e assim obtendo-se critérios e segurança diante dos resultados encontrados. NA PRÁTICA Para a prática desta aula, deve-se rever e pesquisar o que estudamos, com foco no processo de diagnóstico psicopedagógico. Você, como um profissional habilitado para a clínica – habilitação essa que leva em conta os conhecimentos, relatos, entrevistas, até se chegar a uma resposta, para devolução de um resultado –, deve refletir sobre algum acontecido que você presenciou e, por meio de suas pesquisas, conseguiu desvendar que distúrbio aquele estudante ou sujeito poderia ter. FINALIZANDO Nesta aula, conversamos sobre o processo do diagnóstico, no qual o psicopedagogo é o profissional capacitado para desvendar o surgimento da dificuldade, cumprir as etapas das investigações em contexto escolar e familiar, assim como analisar os resultados finais de um processo de diagnóstico investigativo e entregar o relatório devolutivo sobre o distúrbio encontrado. 12 REFERÊNCIAS BASTOS, A. B. B. I. Psicopedagogia clínica e institucional: diagnóstico e intervenção. São Paulo: Loyola, 2015. LEAL, D.; NOGUEIRA, M. O. G. Psicopedagogia clínica: caminhos teóricos e práticos. Curitiba: Ibpex, 2011. SAMPAIO, S. Manual prático do diagnóstico psicopedagógico clínico. 5. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2014. SAPIA, I. P. Medicalização na educação: a neurologia na construção dos diagnósticos de distúrbios de aprendizagem. 171 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Fundação Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2013. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. _____. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989. _____. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 11. ed. São Paulo: Ícone, 2010. _____. The problem of age. In: RIEBER, R. W. (Ed.). The collected works of L. S. Vygotsky. v. 5. p. 187-205. Nova York: Plenum Press, 1998. _____. Thinking and speech (N. Minick, Trans.). In: RIEBER, R. W. (Ed.). The collected works of L. S. Vygotsky. v. 1. p. 39-285. Nova York: Plenum Press, 1987. WEISS, M. L. L. Diagnóstico psicopedagógico: avaliação do aluno ou da escola? Revista Psicopedagógica, São Paulo, v. 16, n. 42, p. 15-20, jul./dez. 1997. _____. Psicopedagogia clínica. 9. ed. Rio de Janeiro: Ed. DP&A, 2002. ZUCOLOTO, P. C. S. do V. O médico higienista na escola: as origens históricas da medicalização do fracasso escolar. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, v. 17, n. 1, p. 136-145, 2007.