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PIZZUTTO - CONDICIONAMENTO EM ANIMAIS DE ZOOLÓGICO

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Condicionamento em Animais de Zoológico
Article · March 2017
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1 author:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Wildlife Population Control to Mitigate Human-Wildlife Conflicts; Study On The Perspective Of Population Control In Capybaras (Hydrochoerus Hydrochaeris) By
Reversible Immunocontraceptive Method View project
Assisted Reproduction Technologies (ART) in wild animals View project
Cristiane Schilbach Pizzutto
University of São Paulo
45 PUBLICATIONS   111 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Cristiane Schilbach Pizzutto on 12 October 2018.
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https://www.researchgate.net/publication/328253751_Condicionamento_em_Animais_de_Zoologico?enrichId=rgreq-d7812bbd216844302341c89736d0b0d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyODI1Mzc1MTtBUzo2ODEwMzMxODM3OTcyNDlAMTUzOTM4MjM3MjAxNQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/Wildlife-Population-Control-to-Mitigate-Human-Wildlife-Conflicts-Study-On-The-Perspective-Of-Population-Control-In-Capybaras-Hydrochoerus-Hydrochaeris-By-Reversible-Immunocontraceptive-Method?enrichId=rgreq-d7812bbd216844302341c89736d0b0d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyODI1Mzc1MTtBUzo2ODEwMzMxODM3OTcyNDlAMTUzOTM4MjM3MjAxNQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/Assisted-Reproduction-Technologies-ART-in-wild-animals?enrichId=rgreq-d7812bbd216844302341c89736d0b0d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyODI1Mzc1MTtBUzo2ODEwMzMxODM3OTcyNDlAMTUzOTM4MjM3MjAxNQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/profile/Cristiane_Pizzutto?enrichId=rgreq-d7812bbd216844302341c89736d0b0d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyODI1Mzc1MTtBUzo2ODEwMzMxODM3OTcyNDlAMTUzOTM4MjM3MjAxNQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/institution/University_of_Sao_Paulo?enrichId=rgreq-d7812bbd216844302341c89736d0b0d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyODI1Mzc1MTtBUzo2ODEwMzMxODM3OTcyNDlAMTUzOTM4MjM3MjAxNQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Cristiane_Pizzutto?enrichId=rgreq-d7812bbd216844302341c89736d0b0d2-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMyODI1Mzc1MTtBUzo2ODEwMzMxODM3OTcyNDlAMTUzOTM4MjM3MjAxNQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
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Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens - ABRAVAS 
www.abravas.org.br 
Informações: secretaria@abravas.org.br / info@abravas.org.br / contato@abravas.org.br 
 
 
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BOLETIM 
 
TÉCNICO 
 
ABRAVAS 
 
Publicação digital da Associação Brasileira de Veterinários de Animais Selvagens – Ano I - Mar/2017 - nº 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profissional convidado: 
Cristiane Schilbach Pizzutto 
 
Médica Veterinária formada pela Faculdade de Medicina 
Veterinária e Zootecnia da USP 
Mestrado em Anatomia dos Animais Selvagens pela 
FMVZ – USP 
Doutorado em Reprodução Animal pela FMVZ – USP 
Pós-doutorado em Reprodução Animal pela FMVZ – 
USP 
Professora Orientadora da FMVZ – USP 
Presidente da Comissão de Bem-estar Animal do CRMV 
– SP 
 
Contato: cspizzutto@yahoo.com.br 
 
Foto da Capa: 
 
Herlandes Tinoco 
 
 
Gorila (Gorilla gorilla) 
 
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Informações: secretaria@abravas.org.br / info@abravas.org.br / contato@abravas.org.br 
CONDICIONAMENTO EM ANIMAIS DE ZOOLÓGICO 
 
RESUMO 
 
O entendimento de como os animais “sentem” seus ambientes e dos sinais que 
eles nos fornecem diante da tentativa de se adaptarem são um grande desafio para os 
profissionais que atuam com animais selvagens cativos. A busca pela minimização do 
estresse e por uma melhor qualidade de vida para as inúmeras espécies mantidas em 
cativeiro é um trabalho árduo que requer do profissional um conhecimento 
multidisciplinar, na esfera da saúde mental, da saúde física e do ambiente no qual o 
animal está inserido. Além das técnicas de enriquecimento ambiental, o 
condicionamento operante é uma ferramenta importante no manejo de animais 
selvagens cativos e tem sido muito utilizada no dia a dia de Zoológicos e Aquários 
como forma de oferecer resultados benéficos ao animal e ao manejo. 
 
Palavras-chave: condicionamento operante, cativeiro, comportamento, animais 
selvagens, bem-estar 
 
 
Dotados de uma beleza singular e exuberante, os animais selvagens encantam 
pelas suas diversidades, características e necessidades particulares. 
A cada dia que passa, eles perdem radicalmente seus nichos ecológicos e lutam 
pela sobrevivência em ambientes modificados e destruídos por ação antrópica. Milhares 
de espécies vivem hoje em condições de cativeiro e este cenário impulsiona 
profissionais engajados na luta pela conservação a buscarem manejos de excelência e 
que tragam aos animais cativos a maior qualidade de vida possível. 
Entender o comportamento de um animal é um grande e importante passo para 
se realizar um manejo adequado com a espécie em questão. Devemos sempre ter em 
mente que todo comportamento é uma resposta a um estímulo e que os animais se 
comportam buscando atender as razões básicas para sua sobrevivência. Os animais 
respondem aos estímulos ambientais e cada um desses estímulos desencadeia respostas 
comportamentais e fisiológicas específicas para cada espécie e para cada indivíduo. 
O grande desafio para nós, profissionais, fica por conta das maneiras distintas 
que as espécies selvagens se comportam em relação à faixa de detecção de estímulos e à 
sensibilidade na utilização de cada órgão do sentido, sendo esta a forma pela qual os 
animais “sentem” o seu meio ambiente. 
A relevância deste conhecimento se dá na importância de distinguirmos a 
diferença entre estímulos naturais e estímulos estressores. A todo momento os animais 
recebem estímulos variados e são perfeitamente capazes de lidar com eles; a partir do 
momento que estes estímulos começam a sobrecarregar o sistema de controle de um 
animal, este estímulo passa a ser um estressor. Por isto podemos afirmar que estresse é 
um efeito do ambiente sobre um indivíduo, que sobrecarrega os sistemas de controle e 
resulta em consequências adversas1. 
Algumas destas consequências já são muito conhecidas por profissionais da área 
e podem ser classificadas como os comportamentos estereotipados a exemplo de 
caminhar sem objetivo, mastigação falsa
2
, ingestão água em excesso, forrageamento 
mesmo depois de se alimentar
3
, masturbação, automutilação, regurgitação alimentar 
seguida de reingestão
4,5
, coprofagia
6
, mordedura de barras/grades
1
 e pacing – andar ou 
nadar de umlado para outro em rotas
3
; também podemos considerar as consequências 
decorrentes de um vazio ocupacional, que causam as conhecidas inatividades artificiais 
 
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e podem levar a um quadro de tédio completo. 
Na tentativa de minimizar estes problemas, a utilização das técnicas de 
enriquecimento ambiental e as técnicas de treinamento pelo condicionamento operante 
ganham um espaço importante e definitivo na vida de animais selvagens cativos. 
Embora hajam controvérsias se o condicionamento operante é uma técnica de 
enriquecimento, ambos oferecem benefícios ao bem-estar psicológico dos animais e são 
responsáveis pelo aumento da estimulação mental, da atividade física e do aprendizado 
de como vencer desafios. 
O aprendizado pode ser amplamente definido como uma mudança no 
comportamento resultante da prática ou experiência, na busca por uma adaptação. 
Quando a prática ou a experiência é ditada pelos humanos podemos chamar este 
processo de treinamento
7
. O ato de abrir a boca para uma inspeção de cavidade oral 
após um comando, é um exemplo deste processo. 
Um dos tipos mais simples de aprendizagem é chamado condicionamento 
clássico. O condicionamento clássico é baseado em um estímulo (uma mudança no 
ambiente) que produz uma resposta do animal. Um dos exemplos mais conhecidos de 
condicionamento clássico pode ser os experimentos de Pavlov em cães domésticos, 
onde a resposta condicionada é tipicamente um reflexo - um comportamento que não 
exige nenhum pensamento. Já o condicionamento operante envolve um estímulo e uma 
resposta e, ao contrário do condicionamento clássico, a resposta é um comportamento 
que requer pensamento e ação. A resposta é também seguida por uma consequência 
conhecida como reforçador – algo que vem logo em seguida da resposta 
comportamental. 
No condicionamento operante, o comportamento de um animal é condicionado 
pelas consequências que se seguem. Ou seja, um comportamento ocorrerá mais ou 
menos frequentemente, dependendo de seus resultados. 
Os animais aprendem os princípios do condicionamento operante todos os dias. 
Por exemplo, maritacas encontram frutos em árvores para se alimentar, porém, um dia, 
uma maritaca encontra uma árvore diferente que oferece um suprimento especialmente 
abundante de mangas; é provável que ela retornará a essa árvore repetidas vezes. 
Os treinadores de animais em zoológicos aplicam os princípios do 
condicionamento operante nos treinamentos. Quando um animal executa um 
comportamento que o treinador quer, o treinador oferece uma consequência favorável. 
O fato é que existem muitos erros conceituais no entendimento das técnicas que 
envolvem o treinamento animal e que visam um melhor desempenho comportamental 
do mesmo. Um exemplo disto são os conceitos de reforço e punição, termos integrantes 
e importantes para a compreensão das teorias da aprendizagem associativa. Quando 
queremos aumentar a frequência de ocorrência de um determinado comportamento 
utilizamos a terminologia REFORÇO, mas quando queremos diminuir algum 
comportamento indesejado, utilizamos PUNIÇÃO. A terminologia positiva ou negativa 
envolve a adição ou a remoção de algo respectivamente. 
É muito comum ouvirmos pessoas dizerem que só usam técnicas de "reforço 
positivo" quando condicionam seus animais e que nunca fariam uso do reforço negativo 
ou da punição em seu manejo. 
O fato é que todas estas técnicas, se usadas corretamente, podem ser ferramentas 
efetivas para melhorar a qualidade de vida do animal cativo. O que precisamos é 
entender e saber aplicar. 
Quando um animal responde a um comando através de um comportamento 
desejado e o treinador quer que este comportamento se repita por outras vezes, o animal 
é recompensado com um alimento (por exemplo) e neste caso, temos aqui um exemplo 
 
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de reforço positivo. 
 Se o objetivo do treinamento é fazer com que o animal, por exemplo, entre em 
uma área de cambiamento e, para isto, ele retira um estímulo aversivo ou indesejado ao 
animal, estamos diante de um condicionamento operante com reforço negativo. 
 Segundo Cipreste
8
, a punição deve ser aplicada quando o animal se comporta 
agressivamente, quando ele ignora um comando ou ainda quando ele realiza um 
comportamento não pedido pelo treinador. Ignorar estes atos e não recompensar o 
animal é a forma de punição negativa mais efetiva. 
Outro ponto importantíssimo é a compreensão de que o treinamento por 
condicionamento operante é um processo onde os animais estão tendo um aprendizado 
associativo e, para que este aprendizado seja efetivo, utilizamos geralmente os 
reforçadores (recompensas) primários e secundários. As recompensas primárias, como 
alimentos, agrados, motivam o animal a realizar um comportamento; já as recompensas 
secundárias, como clickers e apitos, são a ponte para a associação do acerto da resposta 
comportamental para que a recompensa primária possa ser recebida. Se a recompensa 
secundária não for aplicada de maneira efetiva e rápida, o entendimento da 
comunicação com o animal fica confuso e a performance do treinamento diminui. 
Assim como na utilização de técnicas de enriquecimento ambiental, as sessões 
de condicionamento operante devem ser bem planejadas antes de serem executadas. 
Devemos levar em conta uma série de fatores: a história natural do animal, sua história 
individual, sua função ou papel na coleção do zoológico, as restrições existentes para as 
sessões e a segurança
7
. 
Saber o que é um reforçador positivo ou aversivo para animal, conhecer a hora 
do dia em que é mais receptivo à aprendizagem e compreender e reconhecer os 
comportamentos relacionados ao estresse e ao conforto da espécie, escolher um 
treinador habilidoso, paciente e sensível aos sinais comportamentais que o animal irá 
transmitir são pontos críticos e fundamentais no seu planejamento. 
Alguns exemplos são capazes de mostrar como o treinador precisa estar atento 
às particularidades específicas e individuais dos animais: 
 - Alguns animais podem ser sensíveis ao som (frequência e intensidade sonora) 
do clicker e/ou apito – a exemplo de morcegos, que apresentam a audição bem 
diferenciada. Esta informação deve ser detectada antes de se iniciar um programa de 
treinamento. 
- Algumas espécies são muito sensíveis a presença humana, a exemplo de alguns 
cervídeos, e para iniciar um treinamento com estes animais é preciso realizar 
previamente uma habituação. 
- Determinadas espécies têm sua acuidade visual não tão aguçada, como os 
tamanduás, o que prejudicaria a realização de um comportamento diante de um target 
(sinalizador); nestes casos o recomendado é utilizar algo que guie o animal pelo odor. 
- Animais criados à mão, quando sexualmente maduros, a exemplo de 
chimpanzés, podem se tornar agressivos ou se relacionarem inapropriadamente com um 
treinador. 
- Animais idosos ou que estejam sob uma condição de estresse crônico terão 
mais dificuldade na aprendizagem; 
 
O treinador tem que ter a consciência de que o condicionamento operante deve 
ser um procedimento seguro e responsável. O contato protegido deve ser priorizado 
sempre que possível para garantir a segurança do treinador e do animal. Este tipo de 
contato garante ao treinador a realização dos comandos com segurança e o protege de 
eventuais acidentes que possam ocorrer durante a sessão de treino, como um 
 
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comportamento inesperado e agressivopor parte do animal. Alguns cuidados devem ser 
tomados, como: equipamentos corretos, espaços adequados para as sessões e cuidados 
voltados aos aspectos sanitários, de higiene e prevenção de zoonoses. 
 
A importância do condicionamento operante 
 
Os benefícios do treinamento por condicionamento operante são inúmeros, tanto 
para o animal quanto para o manejo. 
A minimização do estresse é um ponto fundamental para que estes 
procedimentos sejam implantados no manejo de um zoológico. A participação do 
animal nas sessões de treinamento é sempre voluntária e faz com que o animal interaja 
com seu treinador a ponto de tornar-se mais calmo, menos agressivo e muito mais 
sociável. As sessões de treinamento são uma forma de estimulação física e mental 
através de desafios que o animal enfrenta, sempre buscando algo prazeroso nas 
recompensas recebidas. 
Algumas espécies, a exemplo de chimpanzés, precisam em demasia da interação 
social devido às suas características etológicas e segundo Pizzutto
9
, em seu trabalho, as 
sessões de treinamento foram responsáveis pela redução de estresse nesta espécie, 
quando avaliado por monitoramento não invasivo. Sendo assim, podemos afirmar que o 
condicionamento tem um papel importante na busca pelo bem-estar e pela qualidade de 
vida de animais cativos 
10
. 
A realização de exames médicos pode ocorrer rotineiramente, de forma eficiente 
e com menos estresse para os animais, reduzindo assim os episódios de contenções 
físicas e químicas que representam riscos para os animais. Os animais são treinados a 
apresentar várias partes de seus corpos ou mesmo se posicionarem de forma que seja 
possível a realização de exames, administração de medicamentos e coleta de amostras. 
Exemplos destes procedimentos são exames de inspeção de cavidade oral (Fig.1), 
inspeção corporal, ausculta (Fig. 2 e 3), injeções (Fig.4), punção venosa, 
ultrassonografias, radiografias, entre outros (Fig. 5). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto 1: Inspeção de cavidade oral de gorila (Gorilla gorilla) 
durante sessão de condicionamento operante com reforço 
positivo. Crédito: Gilmara Vieira Molina 
 
 
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Fotos 2 e 3: Comando de abertura de asa e ausculta cardíaca em raposa voadora (Pteropus vampyrus) durante 
sessão de condicionamento operante com reforço positivo. Crédito: Manuela Sgai 
 
Foto 4: Injeção intramuscular em chimpanzé (Pan troglodytes) 
durante sessão de condicionamento operante com reforço 
positivo. Crédito: Manuela Sgai 
 
Foto 5: Raspagem da sola de pé de 
elefante asiático (Elephas maximus) 
durante sessão de condicionamento 
operante com reforço positivo. 
Crédito: Cristiane Schilbach 
Pizzutto 
 
 
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Pensando na importância que o treinamento tem na reprodução, torna-se 
inevitável que muitas espécies ameaçadas sejam integrantes quase que obrigatórias 
destes programas. O treinamento por condicionamento operante pode possibilitar a 
colheita de sêmen sempre que necessário (Fig. 6), o que permite um monitoramento da 
qualidade deste valioso material e um aprimoramento de técnicas de congelação. Isto é 
um importante passo para aplicação de técnicas de inseminação artificial e fertilização 
in vitro. São vários trabalhos que vem sendo feitos pelo mundo, mas vale ressaltar que 
em cooperação com a Associação Americana de Zoológicos e Aquários (AZA), 
SeaWorld e Busch Gardens reproduziram com sucesso muitas espécies ameaçadas de 
extinção. O programa AZA's Species Survival Plan® (SSP) é dedicado à sobrevivência 
de espécies selecionadas como o rinoceronte negro (Diceros bicornis), extremamente 
ameaçado de extinção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A contribuição do treinamento para a pesquisa é muito grande. A resposta dos 
animais durante as sessões e frente aos estímulos ambientais são dados muito 
importantes à detecção de sensibilidade sonora, acuidade auditiva e visual, 
vocalizações, limiar de estresse, etc. 
 
 
Considerações finais 
 
A multidisciplinaridade que envolve o bem-estar de um animal selvagem cativo 
é um grande desafio para a pesquisa. Ainda dispomos de poucas informações sobre as 
inúmeras espécies selvagens que são abrigadas em muitos zoológicos do mundo, mas 
muitos esforços estão sendo feitos pela busca de uma melhor qualidade de vida destes 
animais. 
Foto 6: Estimulação para coleta de 
sêmen em elefante asiático 
(Elephas maximus) durante sessão 
de condicionamento operante com 
reforço positivo. Crédito: Cristiane 
Schilbach Pizzutto 
 
 
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 Conhecer as necessidades biológicas e etológicas, desvendar toda uma gama de 
variáveis capazes de interferir na forma como o animal se adapta ao seu ambiente, 
estabelecer critérios específicos e individuais de avaliação, extrair informações valiosas 
de exemplares raros e escassos – eis o nosso grande desafio e a nossa grande missão. 
 Os veterinários precisam ir além da saúde física, precisam entender mais a 
complexidade do todo que envolve a manutenção de um animal selvagem cativo. Não 
temos tempo a perder, pois a destruição dos habitats destes animais assume proporções 
assustadoras. 
 Lamentavelmente, hoje, o cativeiro é a única alternativa de vida de muitos 
exemplares que estão à beira de serem extintos. Antes de lutar pelo fim dos zoológicos, 
é preciso lutar pelo fim da destruição de nichos ecológicos que abrigam espécies e 
informações tão valiosas; é preciso lutar por novas descobertas nas pesquisas, para que 
tenhamos condições de ajudar tantas espécies cativas que não podem desaparecer. 
 Nossa luta pelo bem-estar de animais selvagens cativos é regida pela esperança 
de que um dia estes animais possam retornar a seus ambientes naturais e reencontrar a 
maneira ideal de reiniciar os ciclos da vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*As opiniões expressas no texto não representam, obrigatoriamente, a posição da ABRAVAS sobre o 
assunto. 
 
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REFERÊNCIAS: 
 
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2. Broom DM, Fraser AF. Comportamento e bem-estar de animais domésticos. São 
Paulo: Manole, 2010. 438p. 
 
3. Mason GJ. Stereotypies: a critical review. Anim Behav. 1991; 41:1015-1037. 
 
4. Gould E, Bres M. Regurgitation and reingestion in captive gorilla: description 
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5. Dickiel. Environmental enrichment for old world primates with references to the 
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6. Akers JS, Schildkraut DS. Regurgitation/reingestion and copraphagy in captive 
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Chicago Press, 2010. p.314-328. 
 
8. Cipreste CF. Condicionamento operante – base teórica e aplicação no 
treinamento de animais selvagens em cativeiro. In: Cubas ZS, SilvaJCR, Catão-
Dias JL. Tratado de animais selvagens – medicina veterinária. 2 ed. Roca: São 
Paulo, 2014. Vol.1. p. 74-85. 
 
9. Pizzutto CS, Sgai MGFG, Correa SHR, Beresca AM, Viau P, Oliveira CA, Nichi 
M, Gimaraes MABV. Enriquecimento ambiental e condicionamento operante 
com reforço positivo no retorno da ciclicidade ovariana de uma fêmea de 
chimpanzé (Pan troglodytes) - relato de caso. Clínica Veterinária. 2010; 85:66-
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https://www.researchgate.net/publication/328253751

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