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Desmame da Ventilação Mecânica O termo desmame refere-se ao processo de transição da ventilação artificial para a espontânea nos pacientes que permanecem em ventilação mecânica invasiva por tempo superior a 24h. Para se considerar o início do processo de desmame é necessário que a doença que causou ou contribuiu para a descompensa respiratória encontre-se já resolvida ou em resolução. Retirar o paciente da VM pode ser mais difícil que mantê-lo. Cerca de 40% do tempo total da ventilação. Interrupção da ventilação mecânica: O termo interrupção da ventilação mecânica refere-se aos pacientes que toleraram um teste de respiração espontânea e que podem ou não ser elegíveis para extubação. O processo inicial de desmame(pré-desmame) envolve estratégias: -Diminui a sedação e os parâmetros do VM; -Screening (triagem) diário para avaliar a possibilidade de desmame com sucesso; -Realização de uma prova de respiração espontânea (TER); É prioritário implementar estratégias para identificar sistematicamente os pacientes elegíveis(QUE PODEM FAZER) para o teste de respiração espontânea. Isso reduz o tempo de ventilação mecânica e suas complicações. Iniciar teste de respiração espontânea deve ser baseada primariamente na evidência de melhora clínica, oxigenação adequada e estabilidade hemodinâmica. Extubação e decanulação: Extubação é a retirada da via aérea artificial. No caso de pacientes traqueostomizados, utiliza-se o termo decanulação. Denomina-se reintubação ou fracasso de extubação, a necessidade de reinstituir a via aérea artificial. A reintubação é considerada precoce quando ocorre em menos de 48 h após a extubação (ou decanulação). Sucesso e fracasso da interrupção da ventilação mecânica Define-se sucesso da interrupção da ventilação mecânica como um teste de respiração espontânea bem sucedido. Os pacientes que obtiverem sucesso no teste de respiração espontânea devem ser avaliados quanto à indicação de retirada da via aérea artificial. Quando o paciente não tolera o teste de respiração espontânea, considera-se fracasso na interrupção da ventilação mecânica. No caso de fracasso da interrupção da ventilação mecânica, o paciente deverá receber suporte ventilatório que promova repouso da musculatura. Uma revisão das possíveis causas desse fracasso deverá ser feita pela equipe assistente, bem como o planejamento da estratégia a ser adotada a seguir – nova tentativa de interrupção da ventilação mecânica ou desmame gradual. Sucesso e fracasso do desmame Define-se sucesso do desmame a manutenção da ventilação espontânea durante pelo menos 48 h após a interrupção da ventilação artificial. Considera-se fracasso ou falência do desmame, se o retorno à ventilação artificial for necessário neste período. Ventilação mecânica prolongada Considera-se ventilação mecânica prolongada a dependência da assistência ventilatória, invasiva ou não-invasiva, por mais de 6 h por dia por tempo superior a três semanas, apesar de programas de reabilitação, correção de distúrbios funcionais e utilização de novas técnicas de ventilação. Como sei que o paciente está elegível para fazer o teste de respiração espontânea? Paciente apresenta: -Boa estabilidade hemodinâmica; -Boa perfusão tecidual; - Adequada troca gasosa (PaO2 ≥ 60 mmHg com FIO2 ≤ 0,4 e PEEP ≤ 5 a 8 cmH2 O); -É capaz de iniciar esforços respiratórios; Uma vez bem sucedido o teste de respiração espontânea, outros fatores deverão ser considerados antes de se proceder à extubação, tais como o nível de consciência, o grau de colaboração do paciente e sua capacidade de eliminar secreções respiratórias. Estou fazendo o teste como sei se devo interrompe-lo? Como fazer o teste de respiração espontânea? Um teste de respiração espontânea com duração de trinta minutos a duas horas foi útil para selecionar os pacientes prontos para extubação. - O paciente vai ficar de 30min a 2h com suprimento de O2 para manter a saturação acima de 90%(Fio2 ate 0.4), colocamos o paciente em peça T ou em modo PSV, a monitorização deve ser continua e em qualquer sinal de intolerância deve ser suspenso. Paciente passou no teste: - Ele pode ou não ser elegível para extubação no mesmo dia dependendo dos fatores descritos na tabela : Aqueles pacientes que não apresentarem sinais de intolerância deverão ser avaliados quanto à extubação e observados (monitorados) pelo período de 48 h, na UTI. Se, após 48 h, permanecerem com autonomia ventilatória, o processo estará concluído, com sucesso. Paciente apresentou esses sinais interrompa o teste de respiração espontânea! Paciente que não passou no teste: 1.Repouso da musculatura: Os pacientes que falharam no teste inicial deverão retornar à ventilação mecânica e permanecer por 24 h em um modo ventilatório que ofereça conforto. Neste período serão reavaliadas e tratadas as possíveis causas de intolerância. 2.Nova tentativa após 24h: Admitindo que o paciente permaneça elegível e que as causas de intolerância foram revistas, novo teste de respiração espontânea deverá ser realizado. TECNICAS DE DESMAME: 1.Redução gradual da pressão de suporte: PSV desmame gradual, redução dos valores da pressão de suporte de 2 a 4 cmH2O, de duas a quatro vezes ao dia, tituladas conforme parâmetros clínicos, até atingir 5 a 7 cmH2 O, níveis compatíveis com os do teste de respiração espontânea. 2. Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV): METODO MENOS USADO! O modo ventilatório SIMV intercala ventilações espontâneas do paciente com períodos de ventilação assisto-controlada do ventilador mecânico. O desmame com este método é realizado reduzindo-se progressivamente a frequência mandatória do ventilador artificial. 3.Peça T: É a técnica mais simples, estando entre as mais eficazes para o desmame. É realizado permitindo-se que o paciente ventile espontaneamente através do tubo traqueal, conectado a uma peça em forma de “T”, com fonte enriquecida de oxigênio, ou recebendo pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) de 5 cmH2O, ou ventilação com pressão de suporte (PSV) de até 7 cmH2O. Índices fisiológicos preditivos de fracasso de desmame e extubação: Paciente teve sucesso no TER preciso avaliar extubação através da ventilometria e manovacometria! Índices preditivos para o sucesso do DVM: Índice de Tobin (padrão de respiração rápida e superficial): Medida rápida e fácil de realizar, é necessário um ventilômetro conectado a prótese ventilatória do paciente.(relação FR/VT) -Aplicação: Indica o grau de dependência do paciente a ventilação mecânica. Índice de Tobin = FR VC(L) Manovacometria: Medida de força muscular respiratória. - O bucal e conectado na saída de ar do paciente. - Paciente puxa o ar o ponteiro vai para esquerda( repetir 3x). - Paciente faz uma inspiração em seguida faz uma expiração com força, ponteiro vai para direita. Índice de CROP: Avalia um conjunto de variáveis fisiológicas, com: -complacência pulmonar dinâmica(Cdin) -frequência respiratória(Fr) -oxigenação e Pimax( PaO2 e PAO2) Quanto melhor a complacência pulmonar e oxigenação, menor a Fr e maiores as chances do paciente sustentar a respiração espontânea. CROP > 13 ml/irpm/ min predizem fracasso. Pressão de oclusão das vias aéreas (PO1):A resposta rápida do centro respiratório aos moto neurônios periféricos é de grande importância para evitar a fadiga muscular. Este estimulo neural pode ser medido pela oclusão das vias aéreas nos primeiros 100 milissegundos da inspiração (PO1) PO1 < 2 cmH2O normal; > 15 cmH2O grande estimulo respiratório central e traduz fadiga muscular; Essa medida requer grande aparato técnico, com a necessidade de instalação de um balão esofágico conectado a umtransdutor de pressão que transformará em números os dados obtidos pela contração do diafragma. Pressão inspiratória máxima (Pimax): A adequada força e coordenação dos músculos inspiratórios resulta na integridade entre o centro respiratório e a atividade neuromuscular. Pimax < -30 cmH2O= extubados com sucesso. Falha na extubação: Denomina-se fracasso de extubação, a necessidade de reinstituir a via aérea artificial em menos de 48h após a extubação. Extubação: Como realizar? • Paciente hemodinamicamente estável e cooperativo com examinador; • Elevar cabeceira 30-45˚; • Parâmetros ventilatórios mínimos; • Devemos aspiração de TOT e a VAS; • Esvaziar balonete (cuff) com uma seringa de 20ml; • Pedir para o paciente Tossir e concomitantemente extubar(tirar o tubo); • Colocar o paciente em Oxigenioterapia; • Fazer Gasometria para acompanhamento. Extubação traqueal: Teste de Permeabilidade + útil quando o paciente está +48h na VM. Recomendação: O teste de permeabilidade (escape aéreo entre via aérea e cânula traqueal após desinsuflação do balonete) pode ser usado para identificar pacientes com maior probabilidade de obstrução de via aérea, por edema ou granuloma, após a extubação traqueal, especialmente após ventilação mecânica prolongada. A intubação traqueal pode causar inflamação e edema laríngeo, predispondo à obstrução da via aérea (manifesta clinicamente pelo estridor laríngeo), tão logo o tubo traqueal seja retirado. Essa é uma importante causa de fracasso na extubação. O teste de permeabilidade consiste em medir o volume- corrente expiratório através do tubo traqueal com o balonete insuflado e a seguir desinsuflar o balonete e medir novamente o volume- corrente expiratório. Se houver escape aéreo em torno do tubo traqueal (definindo a existência de espaço entre o tubo e a via aé- rea), o volume-corrente expiratório será menor que o volume-corrente inspiratório, sugerindo menor probabilidade de edema laríngeo e estridor após extubação. Traqueostomia • Nas Unidades de Terapia Intensiva, a TQT é frequentemente realizada após 14 a 21 dias de intubação traqueal (TQT eletiva) e, em casos selecionados, no segundo ou terceiro dia de intubação (TQT precoce). • É também realizada em momentos de urgência para acesso respiratório de vias aéreas difíceis. Principais indicações: • Congênitas – estenoses glóticas, subglóticas ou de traqueia superior (em casos de dificuldade de intubação traqueal ou ausência do broncoscópio); • Tumores avançados de laringe, tonsilas, faringe ou traqueia superior; • Traumas – lesões maxilofaciais graves, fraturas ou transecções da laringe ou da traqueia, lesões cervicais que tornam difícil ou inviável a intubação oro ou nasotraqueal; • Edema subglótico significativo; • Estados de coma; • Distúrbio de deglutição grave; • Idade avançada; • Doenças neuromusculares; • Lesão cervical alta; • Suporte ventilatório prolongado Vantagens: • Reduz mortalidade; • Facilitação da higienização de vias aéreas; • Prevenção de PAVM; • Facilitação do desmame de VM; • Redução do tempo de internação em UTI e de VM. Cânulas: As cânulas de TQT podem ser metálicas, plásticas ou siliconadas, com ou sem cânula interna, balonete (cuff) e fenestradas. -O comprimento da cânula pode ser longo ou curto e o diâmetro deve ter aproximadamente 75% do diâmetro da traqueia. Descrevendo as cânulas: PARTES DA CÂNULA DE TRAQUEOSTOMIA A cânula de traqueostomia é composta pelas seguintes partes: 1 Cânula externa (possui uma placa com aberturas para sua fixação no pescoço); 2. Cânula interna ou intermediário; 3. Guia (somente em alguns tipos). As cânulas metálicas possuem sistema de travamento da cânula interna; -Não possuem conexões para equipamento respiratório; -São utilizadas por pacientes traqueostomizados por longo prazo, não dependentes de VM, por possuírem maior durabilidade. Cânulas plásticas: Cânula Portex®: é a mais frequentemente utilizada e menor custo. Possui conexão para VM, apresentação com ou sem balonete, mas não conta com cânula interna. Possui como desvantagens: Rachaduras, furos do balonete e maior propensão a infecções. Cânulas Shiley®: Custo mais elevado. Possuem válvula de fonação própria, cânula interna (removível) e podem dispor ou não de conexão para VM, bem como de balonetes. Cânulas Tracheoflex®: Para pacientes com alterações traqueais, pode ser necessária a instituição de cânulas com comprimento mais alongado. As cânulas fenestradas possibilitam a passagem do ar por meio da cânula e das cordas vocais, permitindo a fala.
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