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As Nulidades no processo penal FINAL

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FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS
DISCIPLINA DE PROCESSO PENAL II
PROFESSORA LETÍCIA GAMBOGE **
* Alunos: Aislan Cortezão Silva, Daniela Cordeiro Duarte Gomides, Fabiana de Queiroz Teixeira Pinto, Isabel Mendes Marinho de Almeida, Letícia Gabriele Duarte, Lukas Oliveira, Philip Moreira dos Santos, Sarah Cristina dos Reis Cruz Nagib, Taina Paula Silva, Thalita Estefane Lemos de Arcanjo, Thiago Henrique Corrêa, Washington Luiz Dias.
AS NULIDADES NO INQUÉRITO POLICIAL E NO PROCESSO PENAL
BELO HORIZONTE
2019/02
AS NULIDADES NO INQUÉRITO POLICIAL E NO PROCESSO PENAL
Trabalho apresentado à Disciplina de Processo
Penal II, sob orientação da Professora Letícia Gamboge
– Curso de Direito 6º Período da FBMG
BELO HORIZONTE
2019/02
1. INTRODUÇÃO
O processo penal é uma sequência de atos concatenados, que primam pelo devido processo legal, atos que evitam os vícios, responsáveis ao desatendimento às fórmulas da matriz legal, a invalidação da tipicidade do ato imperfeito, levaria a sanção denominada de nulidade.
Conforme Vicente Greco, os atos processuais viciados são considerados válidos até que tenham ineficácia declarada, por órgão jurisdicional competente, isto é, até que seja decretada a nulidade.
Sendo assim a nulidade pode alcançar todo o processo, parte dele ou apenas determinado ato, mas sempre derivará da inobservância do modelo legal quando já instaurada a ação penal, uma vez que eventuais irregularidades ocorridas na fase da investigação não atingem o processo (Gonçalves, 2018).
Conforme a jurisprudência do Superior Tribunal Federal, não diverge o entendimento doutrinário, in verbis:
A orientação dessa Corte é no sentido de que ‘eventuais vícios formais concernentes ao inquérito policial não têm o condão de infirmar a validade jurídica do subsequente processo penal condenatório. As nulidades processuais concernem, tão somente, aos defeitos de ordem jurídica que afetam os atos praticados ao longo da ação penal condenatória’. Precedente” (STF – ARE 868.516 aGr/df – 1ª Turma – Rel. Min. Roberto Barroso – julgado em 26.05.2015 – Dje – 121 23.06.2015).
		O reconhecimento da ilicitude de determinada prova produzida durante o inquérito não gera a nulidade da ação penal, e sim o desentranhamento de referida prova dos autos. 
O presente trabalho apresenta as hipóteses de nulidades contidas no Inquérito Policial e no Processo Penal, analisando, a priori, os vícios contidos no Inquérito Policial, e em seguida, discorrendo como proceder em tais casos. Posteriormente, analisou-se as nulidades no Processo Penal, classificando-as em diferentes espécies e atos processuais, por fim, foram analisadas Jurisprudências tangentes ao tema proposto.
2. AS NULIDADES NO INQUÉRITO POLICIAL
2.1 Conceitos de inquérito policial e Nulidade
De acordo com Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves, no livro Direito Processual Esquematizado, pág. 64, inquérito policial: 
É um procedimento investigatório instaurado em razão da prática da uma infração penal, composto por uma série de diligências, que tem como objetivo obter elementos de prova para que o titular da ação possa propô-la contra o criminoso.
Ou seja, é um ato pré-processual que busca provas de materialidade e autoria a fim de embasar a futura denúncia do ministério público. Dessa forma não cabe o princípio do contraditório e por isso, não pode ser a única base para condenação, devendo assim, haver provas produzidas em juízo para fundamentação da sentença condenatória. 
Com base no art. 4, do Código de Processo Penal: “Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá de pôr fim a apuração das infrações penais e da sua autoria”, o inquérito policial será presidido pela polícia judiciaria. 
Partindo para o conceito de nulidade, de acordo com Gulherme Nucci: “É o vício, que impregna determinado ato processual, praticado sem a observância da forma prevista em lei, podendo levar à sua inutilidade e consequente renovação”.
Mas as nulidades são reconhecidas no inquérito policial? Seus vícios repercutem na ação penal?
2.2 Dos vícios no inquérito policial e suas consequências 
A Investigação Preliminar, devido a sua importância, costuma ser propícia para reducionismos e generalizações, principalmente quanto a vícios que ocorrem no Inquérito Policial e suas consequências. É comum afirmarem que as irregularidades, máculas e vícios ocorridos no Inquérito Policial não contaminem a ação penal, nem se transmite automaticamente para o processo. Isso se baseia no fato do Inquérito Policial consistir em procedimento apenas informativo e inquisitório.
Atualmente, ainda se entende que os defeitos no Inquérito Policial consistem em meras irregularidades que não afetam a substância do ato, nem atingem o processo penal subsequente. Nesse caso, as imperfeições nos atos investigatórios não provocam nulidades, que é uma sanção aplicável ao ato defeituoso, para que não produza seus regulares efeitos.
Contudo, deve-se investigar mais profundamente o regime aplicável aos vícios do Inquérito Policial e suas consequências na ação e no processo penal. Primeiramente, vale lembrar que o Inquérito Policial não produz somente elementos de informação, mas também provas. Hoffmann (2017, p.21-22) ensina que:
A inquisitoriedade (...) não impede que o contraditório e ampla defesa quanto a um elemento produzido pela Polícia Judiciária incidam de modo obrigatório, postergado para o processo penal. É o que ocorre com as provas cautelares e não repetíveis, elementos de convicção presentes na esmagadora maioria dos inquéritos policiais. Nesses casos, a atuação da defesa ocorrerá necessariamente, conquanto de maneira diferida (na fase processual), conferindo valor probatório a essas informações. (...) Logo, é totalmente equivocada a afirmação de que o "inquérito policial produz apenas elementos informativos" ou que o "inquérito policial é mera peça informativa”.
Seguindo esse raciocínio, merece salientar que a primeira etapa da persecução criminal deve ir de encontro às garantias constitucionais e à legalidade, pois estas não são se restringem apenas à fase processual da persecução penal. Nesse ponto, Lopes Jr. apud Hoffmann (2017, p.22) preleciona que:
A natureza administrativa do inquérito policial não o blinda contra as garantias processuais próprias do sistema processual penal constitucional brasileiro. (...) A não transmissibilidade de um vício do plano administrativo ao judicial (...) significaria que haveria um nível de proteção de direitos fundamentais diferente conforme se trate de um e outro plano jurídicos (...). A alusão de que o inquérito policial não se subsome ao controle de legalidade equivale a uma declaração de presunção absoluta de sua regularidade. (...) Imunizar esse ato contra qualquer declaração de invalidade é blindá-lo contra o exame de legalidade. Assim, o magistrado utilizaria os autos da investigação em sua sentença como elemento de motivação, mas paralelamente o acusado não poderia alegar sua invalidade.
Assim, admite-se a probabilidade de vícios no Inquérito Policial, em virtude da existência da formalidade dos atos, além da forma como garantia do cidadão perante atos do Estado, na esfera criminal. De igual forma, existe uma extensão processual dos atos policiais, ou seja, os elementos informativos e probatórios são incorporados na sentença como motivação, convertendo-se os atos do Inquérito Policial em atos processuais decisórios. Por isso, os atos investigatórios, quando ingressam na esfera processual, submetem-se aos mesmos critérios de legalidade e constitucionalidade da própria sentença, transmitindo-se a esta suas virtudes e defeitos.
Nessa seara, tomando-se por base que na tipicidade processual a atividade estatal no processo penal é regulada por meio de formas a serem seguidas, existe uma tipicidade a ser respeitada no Inquérito Policial, tanto em relação aos atos administrativos ordenados pela autoridade própria do Delegado, quanto àsmedidas cautelares determinadas pela autoridade policial após homologação judicial. Isto significa que a teoria da ilicitude de provas é perfeitamente aplicável à fase policial da persecução penal. Levando-se em conta a doutrina processual penal e também a administrativa, Hoffmann (2017, p.23) classifica os vícios em:
a) irregularidades (ato irregular): imperfeições sem consequência - ex: não entrega da nota de culpa ao preso em flagrante que em seu interrogatório foi cientificado de suas garantias constitucionais, do motivo da prisão e dos nomes do condutor e testemunhas;
b) invalidações (ato anulável ou ato nulo): defeitos que acarretam a invalidação do ato, seja por nulidade relativa (prejuízo precisa ser comprovado - ex: decisão de indiciamento não fundamentada) ou absoluta (presume-se a perda - ex: interceptação telefônica sem autorização judicial);
c) inexistências: deficiências que acarretam a não existência do ato, pois a imperfeição antecede a própria consideração sobre a validade do ato - ex: relatório de inquérito policial assinado não pelo Delegado, mas pelo Escrivão.   
É importante destacar que o reconhecimento da nulidade do elemento informativo ou probatório produzido no Inquérito Policial pode ser feito, de ofício ou a requerimento, tanto judicialmente pelo Juiz, em razão da inafastabilidade da jurisdição, quanto administrativamente pelo Delegado, em virtude do Princípio da Autotutela. Porém, o reconhecimento da nulidade não significa necessariamente o insucesso do processo penal, porque a imperfeição pode ser convalidada pela repetição, tanto no Inquérito Policial, quanto no processo penal, sendo que o elemento viciado pode estar acompanhado de outras provas válidas.
Com isso, a análise das nulidades do Inquérito Policial e o grau de contaminação do respectivo processo penal levam em consideração a individualidade ou pluralidade do elemento informativo ou probatório viciado, o efetivo saneamento do vício e a derivação das demais provas. Sobre isso, Hoffmann (2017, p.24) explica que:
De um lado, o processo penal restará prejudicado se o elemento de convicção nulo for o único a amparar a denúncia e não puder ser produzido novamente, ou se apesar de existirem outras provas elas decorrerem exclusivamente do vestígio viciado (teoria dos frutos da árvore envenenada). De outra banda, a persecução poderá seguir seu curso normalmente se for possível convalidar o elemento informativo ou probatório, ou se apesar de não saneada a nulidade do vestígio ele estiver acompanhado de outros elementos que dele não derivarem.
Destaca-se ainda que o recebimento da denúncia não convalida todas as nulidades da fase pré-processual, pois os vícios em elementos investigatórios não podem ser superados simplesmente pelo início do processo. Por isso, o recebimento da denúncia não supera as irregularidades que surgiram no Inquérito Policial, bem como não exaure sua suposta função meramente informativa. Nesse sentido, Hoffmann (2017, p.24), comentando alguns julgados das cortes superiores sobre esse tema, cita o seguinte:
Não obstante as cortes superiores não admitirem com todas as letras o regime de nulidades do inquérito policial, em inúmeros julgados acabam por invalidar os atos investigativos praticados sem a observância das formalidades e garantias devidas. São exemplos: a) busca e apreensão domiciliar cumprida em endereço não especificado no mandado judicial; b) quebra de sigilo de dados amparada exclusivamente em denúncia anônima; c) interceptação telefônica executada por agentes não policiais civis ou federais; d) interceptação telefônica iniciada por denúncia anônima desacompanhada de diligências preliminares.
Percebe-se que as próprias cortes superiores reconhecem que a investigação policial possui força probante e reconhecem nulidades, afastando a imunidade dos atos policiais contra qualquer declaração de invalidade. Agindo dessa forma, entram em contradição com seus próprios julgados, os quais difundem que não existe nulidade no Inquérito Policial.
2.3 O que é feito quando se obtém uma ilicitude no inquérito?
Quando se encontra uma nulidade probatória durante a fase pré-processual, deverão ser refeitas as provas para sanar o vício, assim lançando mão da proibição de valoração probatória ou a privação dos efeitos do ato, com a exclusão física e análise da derivação e seu alcance. Depois de se retirada toda a ilicitude e derivados, será avaliado o que sobrou e se há suficiência justa para sustentar uma nova acusação.
São inúmeras as decisões dos tribunais superiores que reconhecem a nulidade no inquérito policial e acabam por anular todo o processo, sentença e acórdão, retornando com o processo ao ponto inicial, e às vezes encerrar o caso pela inexistência de provas lícitas suficientes para a nova sustentação. 
Já a fase processual é de grande importância, os profissionais e demais participantes do caso devem estar atentos a licitude das provas, para não causar vícios, pois as nulidades do inquérito podem afetar toda a fase processual, colocando o processo em risco e anulando o ab initio. Sendo assim, deve redobrar a atenção, quanto a veracidade e a legalidade do material produzido nos atos do inquérito, porquanto ao ser feita a Denúncia, as provas serão juntadas ao processo penal. 
3 AS NULIDADES NO PROCESSO PENAL
O processo é o mecanismo utilizado para aplicar a lei aos casos concretos com intuito de punir os infratores que transgridam, desrespeitam, infrinjam as normas legais. Como instrumento de extrema relevância não pode ser deixado ao livre arbítrio do Estado ou das partes interessadas na resolução do conflito, devendo ser regidos pela legislação onde é previsto um padrão para os principais atos do procedimento. Quando há inobservância da fórmula matriz ocorrerá à nulidade do ato ou do processo.
Nas palavras de Fernando Capez “Nulidade é um vício processual decorrente da inobservância de exigências legais capaz de invalidar o processo no todo ou em parte”. Em outros termos Júlio Fabbrini Mirabete afirma que:
Há na nulidade duplo significado: um indicando o motivo que torna o ato imperfeito, outro que deriva da imperfeição jurídica do ato ou sua inviabilidade jurídica. A nulidade, portanto, é, sob um aspecto, vício, sob outro, sanção.
As nulidades têm natureza preventiva, uma vez que, seu intento é evitar injustiças, ilegalidades e irregularidades no processo. Vale ressaltar que os atos viciados são válidos até serem declarados ineficazes por decisão judicial, ou seja, não são invalidados automaticamente. Existem três sistemas segundo o qual poderão ser reconhecidos os atos viciados e declarados nulos: o sistema formalista (toda vez que o ato não seguir de acordo com o modelo legal este será declarado nulo, não importa se cumpriu a sua finalidade), o sistema legalista (o ato será considerado nulo se a lei expressamente assim os considerar) e, por fim, o sistema instrumental (ainda que o ato transgrida a matriz legal será considerado válido se cumprir sua finalidade, o direito brasileiro adota esse sistema). 
3.1 Classificação das nulidades
As nulidades podem recair sobre um ato, parte do processo ou no processo em sua totalidade e poderão ser classificadas de acordo com sua relevância, intensidade e repercussão no processo. Os tipos de classificações são: inexistência, nulidade absoluta, nulidade relativa e irregularidade.
a) Inexistência: esta classificação consiste na falta dos elementos requeridos em um ato para que este existir como ato jurídico. Não é uma nulidade propriamente dita, visto que, não precisa de decisão judicial para declarar ato anulado, se o ato é inexistente basta que o ignore e desconsidere o que foi praticado posteriormente a ele. 
b) Nulidade absoluta: esse tipo de nulidade ocorre quando a transgressão não infringe apenas a lei, mas sim a Carta Magna, principalmente aos princípios constitucionais (contraditório, ampla defesa, juiz natural, publicidade, etc.). O vício atinge o interesse público, às vezes, mais do que o interesse das partes. Outra característicaé que o prejuízo é presumido e não é necessário ser provado. A nulidade absoluta pode ser arguida a qualquer momento, ou seja, não preclui e precisa de que haja pronunciamento judicial para reconhecer a invalidade do ato. 
c) Nulidade relativa: esta, por sua vez, viola norma infraconstitucional e pode ou não causar dano a uma das partes e, uma vez que não causa prejuízo à ordem pública, pode ou não anular o processo, devendo ser provado o prejuízo para ter efeito anulatório. Uma vez que não há o dano à ordem pública, fica sujeito a preclusão. Dessa maneira, caso não seja apontado em momento oportuno, à parte prejudicada pode perder o direito de fazê-lo. Por tal motivo, é de suma importância o olhar atento do advogado ou do ministério público, a fim de identificar tais circunstâncias. 
d) Irregularidade: é aquela que deixa de atender as exigências formais, previstas em lei (norma infraconstitucional), porém, este fato não é capaz de prejudicar ou beneficiar nenhuma das partes, sendo, irrelevante ao processo. Assim, não acarreta nenhum tipo de anulação da ação penal, nem de forma parcial nem de forma total.
3.1 Espécies de nulidade
As hipóteses em que poderá ocorrer nulidade estão estipuladas no artigo 564 do Código de Processo Penal.
“I - Por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;”
Primeiramente, deve se analisar o conceito de competência para bom entendimento do inciso supracitado. A competência é aquela que define quem será o juiz natural para julgar uma ação. Pode-se dividir em dois tipos, sendo esses, incompetência relativa e absoluta. 
A incompetência relativa é aquela que atende acima de tudo o interesse das partes, o não atendimento desta, não causará danos à ordem pública, por tal motivo, está sujeita a preclusão.
A incompetência absoluta, por sua vez, torna o juiz incapaz de julgar tal processo, sem prejudicar a ordem pública. Dessa maneira pode ser reconhecido a qualquer momento no processo. 
Dando continuidade, devemos observar o significado de suspeição, que consiste em uma impossibilidade do juiz em ser imparcial visto que, possui algum tipo de sentimento relacionado à causa, podendo, desta maneira prejudicar ou beneficiar uma das partes em detrimento da outra. As hipóteses de suspeição são elencadas no CPC, e usadas no processo penal por analogia, em seu Art. 135:
Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:
I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;
II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau;
III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;
IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.
Já no caso do suborno, é a expressão utilizada no código que se refere à promessa ou entrega de qualquer benefício indevido ao juiz, assim como no caso deste exigir, solicitar ou sugerir tais vantagens.
“II - por ilegitimidade de parte;”
A legitimidade para propor ações ocorre da seguinte maneira:
A) Ação penal incondicionada: Ministério Público
B) Ação penal condicionada: Ministério Público com anuência da vítima.
C) Ação penal privada: Vítima
Dessa maneira, apenas os legitimados supracitados podem intentar ação penal e sendo assim, qualquer um que fugir desta regra será considerado ilegítimo.
“III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a portaria ou o auto de prisão em flagrante;”
A denúncia e a queixa são os meios pelo qual a relação jurídica tem início, pois através das mesmas é formulada a pretensão punitiva. Sem acusação inicial não há um processo (inexistência), sendo então, qualquer ato posterior considerado nulo. 
Contudo, se houver peça acusatória, porém nesta carecer algum requisito essencial, como descrição do fato criminoso e qualificação do acusado ou meios para identificá-lo, ocorrerá nulidade absoluta. Entretanto, se a irregularidade for material ou formal, como falta de pedido de citação e condenação, esta poderá ser suprida até a sentença, portanto é mera irregularidade. 
Quanto à representação Fernando Capez afirma: 
A representação é a manifestação de vontade do ofendido ou do seu representante legal no sentido de autorizar o desencadeamento da persecução penal em juízo. Trata-se de condição objetiva de procedibilidade. Sem a representação do ofendido ou, quando for o caso, sem a requisição do ministro da justiça, não pode se dar início à persecução penal.
No artigo 44 do CPP está disposto que:
A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
Sem o devido oferecimento de representação ou requisição, deverá ser indeferida a inicial acusatória, porém caso isso não suceda os atos subsequentes serão nulos (nulidade absoluta).
“b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167;”
 De acordo com o Código de Processo Penal o artigo 158 caput “Quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.” A exceção a essa regra seria no caso do desaparecimento dos vestígios. 
Contudo, o STJ tem diminuído o rigor a essa norma em alguns casos. Nesse sentido:
“A Constituição da República resguarda serem admitidas as provas que não forem proibidas por lei. Restou, assim, afetada a cláusula final do art. 158, CPP, ou seja, a confissão não ser idônea para concorrer para o exame de corpo de delito. No processo moderno, não há hierarquia de provas, nem provas específicas para determinado caso. Tudo que lícito for, idôneo será para projetar a verdade real.” (6ª Turma — Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro, RSTJ 55/67).
A jurisprudência atual, muitas vezes, não declara nulidade, preferindo absolver o réu por insuficiência de provas.
“c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos;”
Sobre isso a sumula 523 do STF afirma: 
“No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”. É uma regra que resguarda o princípio constitucional da ampla defesa, por isso não é apenas a falta de defensor que pode acarretar em nulidade, a ineficiência do defensor também poderá suscita-la (desde que cause prejuízo ao réu).
Vale ressaltar que o defensor não poderá ser leigo, pois também poderá imputar nulidade. Fundamentado no artigo 261 do CPP “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor” e no artigo 133 da CF/88 “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.
Quanto à necessidade de curador para menores de 21 anos, entende-se que não há necessidade do m esmo visto que o Código Civil considera maiores de 18 anos civilmente capazes, inclusive de praticar ato jurídico. Sendo assim, a partir do Estatuto Civil de 2003 revogaram-se os dispositivos do CPP referentes à nomeação de curador.
“d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos dá intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública;”	
Para perfeição de qualquer ato processual é necessário à presença dos juízes e de todas as partes, portanto quer atue como autor quer atue como fiscal da correta aplicação da lei a presença do MP é imprescindível.
Caso este não seja devidamente intimado para realização de um ato processual serádecretado nulidade relativa. “O Ministério Público não poderá desistir da ação penal” (art. 41 CPP), porém se o MP deixar de praticar um ato o juiz poderá usar por analogia o artigo 28 do CPP e remeter os autos ao procurador-geral de justiça para que este designe outro promotor ao processo.
“e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os prazos concedidos à acusação e à defesa;”
A citação do réu é um pressuposto fundamental, visto que, através dela este toma conhecimento do processo e poderá exercer o direito de defesa. Ou seja, é necessário para concretização do princípio de ampla defesa. A falta de citação acarreta nulidade absoluta.
Contudo, se a parte comparecer antes do ato consumar-se sanará o vício (art. 570 CPP). Além disso, qualquer tipo de citação não prevista no CPP suscitará nulidade absoluta.
“f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri;”
Nas palavras dos autores Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo rios Gonçalves:
A existência da decisão interlocutória de pronúncia é condição para o desenvolvimento válido da segunda etapa do procedimento do júri, razão pela qual sua inexistência gera a nulidade absoluta de qualquer ato cuja realização pressuponha o reconhecimento da admissibilidade da acusação.
“g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia;”
Na antiga sistemática do CPP a presença do réu só era obrigatória no Tribunal do Júri quando se tratava de crime inafiançável, sem este o ato era inexistente. Já para crimes afiançáveis só ocorria nulidade no caso de não haver a devida intimação. Entretanto, atualmente não há esta distinção. Só haverá nulidade se não houver intimação do réu já que seu comparecimento não é obrigatório. A nulidade será absoluta, pois a não intimação fere o princípio constitucional de ampla defesa.
“h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei;”
A partir da Lei 11.689/2008 o libelo e a contrariedade foram substituídos por peças inominadas em que devem ser arroladas as testemunhas de acordo com o artigo 422 do CPP:
Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência. 
Porém caso não haja intimação das testemunhas arroladas a nulidade será relativa e deverá ser arguida logo após anunciado o julgamento e apregoadas às partes, sob pena de preclusão (art. 571, V, do CPP).
“i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do júri;”	
É uma regra visa garantir imparcialidade, levando em conta recusas motivadas ou imotivadas. Nas palavras de Ada Pellegrini: “evitando que com a utilização das recusas seja possível viciar a efetiva escolha dos jurados que devem servir em cada caso”. O descumprimento a essa regra acarreta nulidade absoluta.
“j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua incomunicabilidade;”
O sorteio dos jurados deverá seguir o disposto nos artigos 477 e seguintes do CPP. Sendo que os impedimentos estão descritos nos artigos 448 e 449. Ressaltando o impedimento ao jurado que já participou de julgamento anterior no mesmo processo. Acarreta nulidade absoluta.
Quanto a incomunicabilidade o juiz deverá avisar antes do sorteio dos 7, que estes não poderão comunicar ou manifestar opinião sobre o processo nem com os demais jurados nem com terceiro sob pena de exclusão e multa. Essa regra previne a influência na decisão dos demais jurados. Acarreta nulidade absoluta.
“k) os quesitos e as respectivas respostas;”
O julgamento pelo tribunal do júri é feito através de um questionário do juiz aos jurados. Esse questionário é essencial para o veredicto e deve seguir o estipulado nos artigos 482 ao art. 491 do CPP. Há nulidade absoluta caso o ato não contenha os requisitos essenciais à sua validade. Porém não se anula se a formalidade violada for irrelevante.
“l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;”
Todo cidadão possui direito a defesa, é um dos direitos inerentes ao ser humano. Dessa forma, seria inviável um processo não ser anulável sem um defensor constituído e acompanhando todos os atos processuais. 
A acusação é outro ponto extremamente importante, visto que, sem ela não há a quem o juiz acatar no caso de uma condenação e visto que, sem este a lide não poderia, de forma alguma, estar completa. 
Nas duas situações o que falta é manifestação e não a parte. Confronta o princípio do contraditório, portanto, a nulidade será absoluta.
“m) a sentença;”
Os requisitos da sentença estão elencados no artigo 381 do CPP. Sendo que o inciso I: o nome do acusado, não acarretará nulidade desde que o engano quanto ao nome do réu não cause dúvida sobre a pessoa do acusado. O inciso II: o relatório, sem relatório a nulidade é insanável, contudo, se ficar evidente na motivação da sentença que o juiz analisou todas as provas não haverá qualquer nulidade. O inciso III: a motivação, será anulável se não houver clareza. Inciso IV:  a indicação dos artigos de lei aplicados: em regra, acarreta nulidade, a exceção seria quando a fundamentação da sentença apareça em outra parte desta, sem que deixe subsistir qualquer dúvida sobre qual crime foi cometido. Inciso V - o dispositivo: para Grinover, Scarance e Magalhães a falta de dispositivo gera nulidade, dado que este é requisito essencial à sentença. Já para Fernando Capez é inexistência, visto que não há sentença sem decisão. Inciso VI: a data e assinatura do juiz: no entendimento de Capez sem assinatura não há sentença (inexistência), quanto à falta de data é mera irregularidade.
As sentenças emitidas por juízes de férias ou licença são absolutamente nulas. E também são nulas as sentenças que não seguem o disposto no artigo 68, caput, do CPP.
“n) o recurso de oficio, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;”
Nas palavras dos autores Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo rios Gonçalves:
Quando a lei previr a necessidade de reexame obrigatório de determinada decisão, a infringência ao dever de submetê-la ao duplo grau de jurisdição obrigatório ensejará a nulidade de todos os atos ulteriores praticados com base no aparente trânsito em julgado da sentença. A falta de remessa, à superior instância, de decisão sujeita ao reexame necessário impede que ocorra seu trânsito em julgado, conforme estabelece a Súmula n. 423 do Supremo Tribunal Federal que “não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex of icio que se considera interposto ex lege”.
Ou seja, não apenas anula como também impede trânsito em julgado da decisão.
“o) a intimação, nas condições estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso;”
 A intimação das partes é necessária para que ela exerça seu direito de defesa e contraditório, além disso, a falta desta pode gerar prejuízo caso a parte não se manifeste sobre o ato em questão. Por estes motivos causa a nulidade absoluta do ato em questão, mas não do processo todo.
O vicio poderá ser sanado dentro do disposto no artigo 570: 
 A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argui-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.
“p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quorum legal para o julgamento;”
Os julgamentos feitos pelos órgãos colegiados deverão conter o mínimo de ministros ou desembargadores previstos legalmente ou serão nulos (nulidade absoluta).
“IV - por omissão de formalidade que constitua elementoessencial do ato.”
Algumas formalidades são essenciais para que o ato alcance sua finalidade. Se o ato é feito sem preencher esses requisitos essenciais suscitará nulidade deste.  Como exemplo, a denúncia que não descreve o fato com todas as suas circunstâncias. Porém se a formalidade for irrelevante o ato não será nulo.
“Parágrafo único.  Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas, e contradição entre estas.”
De acordo com o artigo 490 do CPP: “Se a resposta a qualquer dos quesitos estiver em contradição com outra ou outras já dadas, o presidente, explicando aos jurados em que consiste a contradição, submeterá novamente à votação os quesitos a que se referirem tais respostas”. Caso isso não ocorra o julgamento será invalido.
Como todas as situações são vícios a decisão popular a nulidade será absoluta.
4 JURISPRUDENCIA DAS NULIDADES NO PROCESSO PENAL
Conforme o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais e relação as nulidades em Medidas protetivas de Urgência, in verbis:
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - MEDIDA PROTETIVA - LEI MARIA DA PENHA - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - DECISÃO QUE DEFERE MEDIDA PROTETIVA E, NA MESMA OPORTUNIDADE, JULGA PROCEDENTE O PEDIDO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO - VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA - NULIDADE PARCIAL DA DECISÃO - HONORÁRIOS DE DEFENSOR DATIVO – FIXAÇÃO NECESSIDADE.
-Deve ser declarada a nulidade parcial da sentença que defere medidas protetivas de urgência e, na mesma ocasião, julga procedente o feito, com resolução do mérito, sem oportunizar ao agente o direito de resposta.
-Embora seja possível a concessão de medidas protetivas de urgência inaudita altera pars, tal circunstância não dispensa a posterior citação do suposto ofensor, a fim de se estabelecer o contraditório.
-É cabível o arbitramento de honorários advocatícios ao defensor dativo em razão de sua atuação nesta instância revisora. (TJMG- Apelação Criminal 1.0024.18.069239-4/001, Relator(a): Des.(a) Wanderley Paiva , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 24/09/0019, publicação da súmula em 02/10/2019) 
Em se tratando de sentenças suicidas, cujo cunho de refere àquelas que não guardam congruência entre a fundamentação deduzida e a sua parte dispositiva, a nulidade é medida que se impõe. Não é outro o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais, in verbis:
HOMICÍDIO TENTADO - ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA - REEXAME NECESSÁRIO - NÃO CONHECIMENTO - REFORMA PROCESSUAL PENAL - REVOGAÇÃO DO DISPOSITIVO QUE PREVIA O ""RECURSO DE OFÍCIO"" - RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - CONHECIMENTO - NULIDADE DA DECISÃO SUICIDA. 1. A Lei 11.689/2008 trouxe nova redação para os arts. 411 e 415 do Código de Processo Penal e, agora, nenhum dos dispositivos acolhe a necessidade do magistrado recorrer de ofício. 2. Considera-se revogado tacitamente o art. 574, II, CPP. 3. A ausência de previsão legal impede o conhecimento da remessa necessária. 4. Não há correlação entre a parte da fundamentação e a da conclusão da decisão combatida. 5. Trata-se de ""sentença suicida"", ou seja, aquela ""cuja conclusão contraria os argumentos expendidos na fundamentação. O Juiz fundamenta em um sentido e decide em outro"". 6. Nulidade decretada.  (TJMG- Rec em Sentido Estrito 1.0116.05.004349-0/001, Relator(a): Des.(a) Alexandre Victor de Carvalho, 5ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 23/02/2010, publicação da súmula em 08/03/2010).
Por fim, no que se refere ao Tribunal do Júri, quando a Defesa sustentar em plenário teses que importem em absolvição, deverão ser formulados os quesitos correspondentes, no entanto caso não sejam feitos os quesitos à apreciação dos Jurados, a nulidade da presente sessão de julgamento é medida que se impõe. Assim também entende o Ilustre Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Vejamos: 
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. HOMICÍDIO. JÚRI. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE LESÃO CORPORAL. FALTA DE QUESITAÇÃO ACERCA DA TESE ABSOLUTÓRIA DA LEGÍTIMA DEFESA, SUSTENTADA EM PLENÁRIO. QUESITO ABSOLUTÓRIO QUE DEVE ANTECEDER AO QUESITO DESCLASSIFICATÓRIO. OFENSA À AMPLA DEFESA. NULIDADE DECRETADA DE OFÍCIO.
- Quando a defesa sustentar em plenário ou se inferir do interrogatório teses que importem em absolvição, no caso legítima defesa, e desclassificação da infração constante da pronúncia para outra de competência do juiz singular, deverão ser formulados os quesitos correspondentes, sendo que o quesito absolutório deve anteceder ao quesito desclassificatório, até porque a ordem de formulação dos quesitos no Tribunal do Júri não pode prejudicar a tese primária da defesa.
- Se, embora sustentada em plenário tese acerca da absolvição por legítima defesa, o respectivo quesito não foi submetido à apreciação dos jurados, devido à inversão da ordem dos quesitos, impõe-se seja anulado o julgamento, por ter ocorrido supressão de quesito obrigatório. Inteligência do art. 483, §4º, do CPP, do art. 564, III, "k", do CPP e da Súmula nº 156 do STF.
- Nulidade do julgamento pelo Tribunal do Júri decretada de ofício.
V.v.
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - JÚRI - HOMICÍDIO TENTADO - DESCLASSIFICAÇÃO PELOS JURADOS PARA O CRIME DE LESÃO CORPORAL - QUESITO DESCLASSIFICATÓRIO FORMULADO ANTERIORMETE AO ABSOLUTÓRIO GENÉRICO - MATÉRIA PRECLUSA E NÃO SUSCITADA PELA DEFESA EM RECURSO - NULIDADE ABSOLUTA NÃO CONSTATADA - REJEIÇÃO DA PRELIMINAR SUSCITADA EX OFFICIO. 1. Não se tratando de nulidade absoluta, a impugnação à formulação dos quesitos deve ocorrer no julgamento em Plenário, sob pena de preclusão, mesmo porque não foi arguida pela defesa em recurso de apelação, não sendo o caso de ser suscitada de ofício. (TJMG- Apelação Criminal  1.0056.08.182530-1/003, Relator(a): Des.(a) Doorgal Borges de Andrada , 4ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 29/05/2019, publicação da súmula em 05/06/2019).
Dessa forma, no atual momento, não há de se falar sobre nulidades no inquérito policial, exceto para revogar, ainda na fase inquisitorial, um ato baseado em tal ato ilícito, como o exemplo citado anteriormente, de revogação da prisão preventiva baseada em prova ilícita. 
5 CONCLUSÃO
O Estado Democrático de Direito garante direitos fundamentais e individuais, desde o acesso à justiça e a um processo embasado no princípio do contraditório e da ampla defesa, presentes nos atos pré-processuais, inquisitoriais e processuais propriamente ditos. Atos ordenados e concatenados que seguem uma matriz legal, inadmitindo vícios, que levariam à nulidade. 
Como podemos perceber os vícios ocorridos na fase probante, e o Inquérito se tratar de um procedimento administrativo, entende-se que eventuais vícios nele existentes não afetam a ação penal. Porquanto, a morosidade do Judiciário, leva a lapsos temporários que ensejam o uso “permitido” desses vícios, uma vez que continuam a produzir efeitos, enquanto não sejam arguidos e reconhecidos judicialmente. 
Cabe ressaltar que dentre os tipos de nulidades, é nula a decisão do juiz, que acolhe nulidades não arguidas no recurso da acusação, ressalvadas as decisões de ofício (Súmula 160 STF). Atualmente, o entendimento majoritário é de que a ação penal não deve ser invalidada pelo inquérito policial, como explica o entendimento do STF.
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