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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO DIRETORIA DE ENSINO SUPERIOR DEPARTAMENTO DE ELETROELETRÔNICA CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA INDUSTRIAL RAÍSSA CRISTINA CONCEIÇÃO RODRIGUES GERAÇÃO EÓLICA: DIMENSIONAMENTO DE GERADOR EÓLICO PARA ÁREA URBANA COM TURBINA DO TIPO DARRIEUS. SÃO LUÍS - MA 2017 RAÍSSA CRISTINA CONCEIÇÃO RORIGUES GERAÇÃO EÓLICA: DIMENSIONAMENTO DE GERADOR EÓLICO PARA ÁREA URBANA COM TURBINA DO TIPO DARRIEUS. Monografia apresentada ao curso de Engenharia Elétrica Industrial do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Elétrica Industrial. Prof. Orientador: Dr. Ronaldo Ribeiro Correa. SÃO LUÍS - MA 2017 RAÍSSA CRISTINA CONCEIÇÃO RODRIGUES GERAÇÃO EÓLICA: DIMENSIONAMENTO DE GERADOR EÓLICO PARA ÁREA URBANA COM TURBINA DO TIPO DARRIEUS. Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia Elétrica Industrial do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Elétrica Industrial. Aprovada em: ____/____/______. BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Prof. Dr. Ronaldo Ribeiro Corrêa (Orientador) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA ____________________________________________ Prof. Me. Péricles de Sousa Furtado Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA ____________________________________________ Prof. Esp. Benedito Brauna Curvina Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA DEDICATÓRIA AGRADECIMENTOS "Quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento." (Érico Veríssimo) RESUMO A energia eólica é, atualmente, a energia renovável mais promissora e com melhor relação custo/benefício para seu uso. A utilização de turbinas de eixo horizontal dispõe um grande desenvolvimento, mas outras tecnologias, como as turbinas de eixo vertical, encontram-se ainda em um estágio inicial de seu desenvolvimento, e ainda existe disparidade entre o desenvolvimento destas tecnologias. Entretanto, o pouco desenvolvimento feito no uso das turbinas de eixo vertical, indica uma tecnologia de grande potencial. Deste modo, objetiva-se, com este trabalho, desenvolver uma análise do funcionamento desse sistema. Construiu-se o dimensionamento do sistema de captação de energia eólica usando turbinas eólicas de eixo vertical disponível comercialmente para constatar a viabilidade da implantação de energia eólica para aéreas residenciais. No fim, analisado os resultados obtidos no dimensionamento para avaliar o custo benefício do sistema de energia, que se mostrara viável. Palavras-chaves: Geração de Energia. Sistema Eólico. Turbina de Eixo Vertical. Área Urbana. ABSTRACT Today's wind energy is the most promising and cost-effective renewable energy for its use. The use of horizontal axis turbines exists, but other technologies, such as vertical axis turbines, are still under development, and there is still a disparity between technological development. There is a technology of great potential. In this way, it is aimed, with this work, to develop an analysis of the functioning of this system. The design of the wind energy capture system was constructed using vertical axis wind turbines to verify the viability of wind energy implantation for residential areas. In the end, we analyzed the results obtained in the design to evaluate the cost of the energy system, and it will prove viable. Keywords: Energy Generation. Wind System. Vertical Axis Turbine. Urban area. LISTA DE FIGURAS Figura 1 -Top 10 de capacidade eólica acumulada 2016...................................................5 Figura 2 – Top 10 de capacidade eólica nova 2016..........................................................5 Figura 3- Matriz elétrica Brasileira (GW) .......................................................................7 Figura 4 – Potencial eólico do Brasil...............................................................................10 Figura 5- Turbina de Eixo Horizontal.............................................................................12 Figura 6 – Turbina Upwind e Downwind........................................................................13 Figura 7 - Turbinas eólicas de eixo vertical: a) Savonius. b) Darrieus. c) Pás articuladas retas. d) Geometria variável............................................................................................15 Figura 8 - Área frontal de um rotor do tipo Darrieus......................................................17 Figura 9 – Design da turbina Darrieus e representação dos vetores de velocidade na turbina..............................................................................................................................18 Figura 10 - Geometria de variações do rotor Darriues....................................................19 Figura 11 – Perfis das lâminas.........................................................................................20 Figura 12 - Configuração de um Sistema Hibrido Solar-Eólico-Diesel..........................22 Figura 13 – Configuração de um sistema Eólico Isolado................................................23 Figura 14 - Parque Eólico conectado à rede – Parque Eólico de Prainha- CE................24 Figura 15 - Parque Eólico instalado no mar norte...........................................................25 Figura 16 - Volume do ar com superfície S=πR² e comprimento l.................................26 Figura 17 - Relação entre o coeficiente de potência e a razão da velocidade.................29 Figura 18 - Componentes principais das turbinas eólicas: a) Turbina eólica de eixo horizontal tipo hélice. b) Turbina eólica de eixo vertical Darrieus.................................30 Figura 19 – Fluxograma..................................................................................................39 Figura 20 – Altitude do Terreno......................................................................................41 Figura 21 - Aumento da velocidade dos ventos com a altura (para α =3) ......................42 Figura 22 - Ventos em São Luís – MA............................................................................45 Figura 23 - Curva de coeficiente de potência em função da velocidade especifica........55 Figura 24 - Potência Elétrica em função da velocidade específica.................................56 Figura 25 – Sistema eólico com armazenamento de energia...........................................68 LISTA DE TABELA Tabela 1 - Vantagens e desvantagens das turbinas de eixo vertical e horizontal............16 Tabela 2 - Valores da eficiência de conversão durante os estagio do aerogerador.........33 Tabela 3 – Coeficiente de atrito.......................................................................................41 Tabela 4 - Escala Beaufort...............................................................................................43 Tabela 5 - Cargas com suas características elétricas.......................................................47 Tabela 6 - Consumo de energia ao longo do dia.............................................................48Tabela 7 – Rendimentos considerados............................................................................51 Tabela 8 - Área de captação de cada turbina do sistema.................................................52 Tabela 9 - Especificações técnicas do modelo da turbina Darrieus adotado...................53 Tabela 10 - Coeficiente de Potência em função da velocidade.......................................54 Tabela 11 – Especificação do Gerador............................................................................62 Tabela 12 – Média da velocidade do vento por hora do dia............................................69 Tabela 13 – Potência elétrica gerada pelo sistema eólico por dia...................................70 Tabela 14 – Custos..........................................................................................................77 Tabela 15 – Análise Custo/ Benefício.............................................................................77 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Histograma de frequência da velocidade do vento..........................................46 Gráfico 2 - Consumo de energia ao longo dia...................................................................49 Gráfico 3 – Potência mecânica da turbina em função da velocidade de rotação...............58 Gráfico 4 – Estimativa da Produção de Energia................................................................60 Gráfico 5 - Representação do ponto de maior probabilidade de ocorrência de operação..61 Gráfico 6 - Curva de potência do gerador de imã permanente..........................................62 Gráfico 7- Potência fornecida pela turbina ao eixo do gerador.........................................64 Gráfico 8 - Potência elétrica do conjunto turbina-gerador.......................................................65 Gráfico 9 – Torque mecânico do eixo de transmissão.......................................................66 Gráfico 10- Curva de desempenho do aerogerador...........................................................67 Gráfico 11 – Velocidade média do vento por hora do dia.................................................69 Gráfico 12 – Distribuição diária da Potência elétrica gerada pelo sistema eólico.............71 Gráfico 13- Comparação entre geração e carga elétrica....................................................72 Gráfico 14 - Resultado do balanço de energia entre a carga e a geração...........................73 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................3 1.1 Objetivos.....................................................................................................................7 1.1.1 Objetivos Específicos...............................................................................................8 1.2 Justificativa................................................................................................................8 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................................................9 2.1 Energia Eólica............................................................................................................9 2.2 Turbinas Eólicas......................................................................................................11 2.2.1 Turbinas de Eixo Horizontal...................................................................................11 2.2.2 Turbinas de Eixo Vertical.......................................................................................13 2.2.3 Vantagens e Desvantagens das Turbinas de Eixo Vertical e Horizontal................15 2.3 Turbina Darrieus.....................................................................................................17 2.3.1 Geometria dos Rotores Darrieus.............................................................................18 2.4 Aplicação dos Sistemas Eólicos..............................................................................20 2.4.1 Sistemas de Apoio (Híbridos) ................................................................................21 2.4.2 Sistemas Isolados ou Independentes.......................................................................22 2.4.3 Sistemas Interligados à Rede Elétrica....................................................................23 2.4.4 Sistemas Off-Shore.................................................................................................24 2.5 Parâmetros para Obtenção da Energia Eólica.....................................................25 2.5.1 Energia e Potência do Vento..................................................................................25 2.5.2 Coeficiente de Potência ..........................................................................................27 2.5.3 Velocidade Específica............................................................................................28 2.6 Componentes das Turbinas Eólicas de Eixo Vertical...........................................30 2.7 Análise da Eficiência de um Sistema Eólico Isolado............................................33 2.7.1 Fatores que Influenciam no Desempenho do Aerogerador....................................34 2.8 Normas para Utilização da Energia Eólica...........................................................35 3 METODOLOGIA.......................................................................................................38 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES..............................................................................40 4.1 Estudo do Relevo/Rugosidade................................................................................41 4.2 Estudos dos Ventos..................................................................................................42 4.3 Levantamento das Cargas Residenciais................................................................47 4.4 Dimensionamento e Instalação da Turbina e Gerador........................................49 4.4.1 Escolha do Tipo da Turbina....................................................................................49 4.4.2 Determinação da Potência e Dimensões da turbina................................................50 4.4.3 Escolha do Gerador Elétrico...................................................................................56 4.5 Desempenho da Turbina.........................................................................................57 4.5.1 Curva de Potência Elétrica.....................................................................................57 4.5.2 Curva de Potência Mecânica x Velocidade de Rotação.........................................57 4.5.3 Ponto Nominal de Operação...................................................................................59 4.6 Dimensionamento do Gerador Elétrico.................................................................61 4.7 Dimensionamento do Banco de Bateria.................................................................67 4.7.1 Comparação entre Geração e Carga Elétrica..........................................................68 4.7.2 Eficácia do Banco de Bateria..................................................................................73 4.7.3 Recarga do Banco de Bateria..................................................................................75 4.8 Dimensionamento do Controlador de Carga........................................................76 4.9 Avaliação Econômica para Implantação de Projeto Eólico.................................76 5 CONCLUSÕES...........................................................................................................78 6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS....................................................80 7 REFERÊNCIABIBLIOGRÁFICA..........................................................................81 ANEXOS.........................................................................................................................84 Aspectos Legais...............................................................................................................84 Emissão De Ruídos Por Aerogeradores...........................................................................87 3 1 INTRODUÇÃO O aproveitamento do vento não é uma tecnologia recente, já vem sendo utilizado, acredita se, que há pelo menos 5000 anos, nos barcos a vela para ajudar na for6ça do remo, pelos egípcios. O aproveitamento eólico utilizando os moinhos, surgiu no século VII, na Pérsia, na moagem de grãos, bombeamento de água entre outras. A demanda por eletricidade vem sendo abastecida em grande parte, por fontes fósseis de energia. Fontes essas que causam grandes prejuízos ao meio ambiente, liberando gases poluentes durante sua queima, além de serem fontes esgotáveis. Essa atual preocupação energética tem aumentado o interesse por outras formas de aproveitamento de energia, principalmente por fontes renováveis. Os primeiros ensaios para o uso da energia eólica surgiram no final do século XIX, quando a utilização de energia elétrica começou a crescer. Entretanto, com a crise internacional do petróleo, depois da Segunda Guerra Mundial, ocorreu realmente a necessidade de arrumar opções para produção de energia elétrica. A energia eólica configura-se como uma opção de energia muito importante, por ser fonte de energia renovável mundialmente disponível, não emite gases poluentes e não gera resíduos. Apesar de ser uma fonte de energia renovável e não poluente, ainda possui limitação, por causa de alguns impactos ao meio ambiente. Parques eólicos utilizam grandes extensões de terra, geram impacto sonoros, impacto visual, impacto sobre a fauna, pois ocorre grande mortandade de aves, interferência na radiação eletromagnética. Além disso, sua intermitência, ou seja, nem sempre o vento sopra na velocidade necessária para geração de eletricidade é uma desvantagem. Atualmente, a maior parte da energia elétrica convertida da fonte eólica no mundo é gerada em parques eólicos de grande porte, que normalmente se localizam em zonas afastadas dos centros consumidores. As turbinas eólicas de eixo vertical de pequeno porte surgem então como alternativa para a geração de energia elétrica em cidades por possuírem melhor resposta às condições de vento turbulento encontrados em regiões edificadas. Vários países estão investindo em fontes de energia para eliminar sua dependência de óleo e gás produzidos em regiões instáveis do mundo, especialmente considerando-se seus altos preços. 4 Cerca de 60 Gigawatts (GW) de energia eólica serão instalados no mundo em 2017 e a instalação anual subirá para 75GW em 2021. Estes são dados que o Conselho Mundial de Energia Eólica (GWEC) prevê. GWEC é uma entidade internacional especializada em energia eólica. Até lá, espera se que a totalidade de Megawatts eólicos no mundo atinja a marca de 800GW, que será o dobro da energia atual. De acordo com o relatório Global Wind Report: Annual Market Update - Relatório Global de Mercado Eólico lançado este ano pela GWEC, em 2016 foram instalados mais de 54 GW eólicos em mais de 90 países, sendo nove deles com mais de 10 GW instalados e 29 ultrapassaram os 1.000 MW. A capacidade cumulativa mundial cresceu 12,6% no ano passado atingindo 486GW instalados. Segundo a edição do Relatório Global (2017) que exibe o panorama global dos principais países produtores de energia eólica do mundo, o crescimento será liderado pela Ásia: a China continua a sua liderança no ranking global com 168,73GW em potência instalada, seguida pelos Estados Unidos com 82,18 GW e em terceiro a Alemanha com 50 GW, mas a Índia estabeleceu um novo recorde em potência instalada no ano passado e tem potencial para atingir as metas do governo para o setor, com vistas para novos mercados. Na Figura 1 apresenta se um Ranking Mundial da capacidade instalada elaborada pelo GWEC e na Figura 2 apresenta se o Ranking Mundial de Expansão da capacidade instalada de geração eólica em 2016. 5 Figura 1 -Top 10 de capacidade eólica acumulada 2016 Fonte: GWEC Figura 2 – Top 10 de capacidade eólica nova 2016 Fonte: GWEC 6 A primeira turbina de energia eólica do Brasil foi instalada em Fernando de Noronha em 1992. Dez anos depois, o primeiro passo para inserção da energia eólica foi a criação do Programa de Incentivo às Fonte Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA). Afim de promover a diversificação da matriz Energética Brasileira, valorizar características, potencialidades regionais e aumentar a segurança no abastecimento de energia, foi instituída o PROINFA (Lei nº10438/2002), conforme descrito no decreto nº 5025de 2004. O PROINFA é considerado internacionalmente um programa pioneiro, que impulsou fortemente o uso de fonte renováveis, mas em especial a energia eólica. Segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), por meio do PROINFA, foram instalados no País 53 parques eólicos, totalizando 1.303,1 MW de potência. Em 2016, foram adicionados à matriz elétrica brasileira (Figura 3) mais 2 MW de energia eólica em 81 novos parques, fazendo com que o setor chegasse ao final de 2016 com 10,75 GW de capacidade instalada em 430 parques, representando 7% da matriz. Foram gerados mais de 30 mil postos de trabalho em 2016 e o investimento no período foi de US$ 5,4 bilhões. Números que refletem um setor vigoroso, com grande capacidade de captação de recursos e conhecimento tecnológico avançado que resulta em eficiência de implantação. 7 Figura 3- Matriz elétrica Brasileira (GW) Fonte: ABEEólica O Brasil é um país dependente fortemente das opções hídricas, a diversificação é importante para garantir sustentabilidade na matriz energética. Como não possui atualmente novos projetos de grandes hidrelétricas devido às restrições ambientais no Brasil, as eólicas surgem como a opção mais barata para expandir a capacidade instalada na matriz energética, de forma segura e evitando as altas tarifas principalmente com o acionamento das termelétricas. O sistema eólico proporcionar ao sistema elétrico ganhos imensuráveis, até evitando um racionamento, por exemplo. Em 2017, a previsão é ter uma grande capacidade a ser instalada e deve-se terminar o ano com cerca de 13 GW. 1.1 Objetivos Este trabalho tem como objetivo o estabelecimento de uma proposta geral para adotar um sistema de geração de energia eólica autônomo como alternativa de geração de energia elétrica para atender às cargas de uma residência, considerando as variáveis que a afetam o sistema. 8 1.1.1 Objetivos Específicos 1) Dimensionar um aerogerador que possa dar autonomia para uma residência; 2) Propor uma solução energética alternativa; 3) Definir-se a melhor configuração para escolha da turbina eólica de eixo vertical tipo Darrieus adequada e definir todos os componentes do sistema. 1.2 Justificativas A geração de energia elétrica no Brasil que é vigente, em sua maior parte, é a proveniente de usinas hidrelétricas e apesar de ser considerada uma energia renovável, causa grande impacto ambiental e impacto social. Esses impactos, associados ao crescimento sucessivo de tarifas de energia cobradas e do aumento da expansão da rede hidrelétrica, solicitam novas alternativas energéticas. Com o aumento da energia eólica, dispomos atualmente de vários projetos de pesquisa buscando aprimoramento. Neste sentido, o presente trabalho justifica-se por apresentar uma nova alternativade geração de energia que atenda e se adeque às demandas energéticas e ambientais. A aplicação de uma fonte alternativa em área urbana para diminuir gastos com a tarifa de energia com um pequeno aerogerador de hélice vertical, permite trazer informações técnicas relevantes para que se possa trabalhar com este tipo de sistema e incentivar seu uso. 9 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA As revisões bibliográficas consideradas relevantes sobre energia eólica estão consideradas abaixo, contendo breve explicação sobre grandezas físicas, aplicações, princípio de funcionamento, principais componentes e normas para geração eólica. 2.1 Energia Eólica A energia eólica, em suas diversas aplicações, é uma fonte renovável, evoluída e bem conhecida, capaz de expansão contínua tanto técnica quanto econômica. A produção da energia eólica é proveniente da força dos ventos e é produzida por advento de aerogeradores. A força do vento é captada por pás ligadas a uma turbina que aciona um gerador elétrico. A energia eólica é usada desde a antiguidade para gerar força mecânica, como por exemplo, por meio de moinhos, onde bombeava ou drenava a água, moía grãos e outas atividades. Com o passar do tempo, além de gerar força mecânica, a força gerada pelo vento foi utilizada para geração de energia elétrica. Com o avanço da tecnologia, os aerogeradores se tornaram aptos a gerar grandes quantidades de energia, até surgirem as primeiras usinas eólicas. A energia eólica passou a ser considerada uma alternativa para a geração de energia elétrica a partir da crise do petróleo, na década de 70. Segundo Menezes (2012) a intermitência é a crítica mais comum referente à energia eólica, pois a energia depende da ocorrência de vento em densidade e velocidade ideais, e nesse ocorre variações anuais e sazonais. A energia eólica representa cerca de 2,5% da demanda mundial de energia. A capacidade instalada total do mundo situou-se em aproximadamente 318GW no final de 2015. No início de 2015, a energia eólica gerada no Brasil representava cerca de 4,7%. E apesar de ser ainda pouco utilizada em relação a outras tecnologias, ela tem grande importância, principalmente no contexto da redução de gases estufas, já que tem índices de emissão praticamente nulos. Atualmente, segundo dados da entidade internacional especializada em geração eólica a Global Wind Energy Council (GWEC) o Brasil ocupa a 5º posição no 10 ranking mundial de expansão da capacidade instalada de geração eólica. Em 2016 o Brasil registrou o acréscimo de 2014 Megawatts de energia entre janeiro e dezembro. Com os resultados obtidos, o Brasil ocupa o 9º país com a maior capacidade acumulada de geração eólica no mundo e 1º lugar na América Latina. A energia eólica é a que maior apresenta crescimento no país, é a 2º maior fonte de geração. De acordo com dados da GWEC (2016), no Brasil o polo com o maior potencial eólico é o litoral do Nordeste, a região Nordeste é unidirecional e estável, sem rajadas. O Rio Grande do Norte é o líder em potência eólica instalada no país com (920 MW), seguido pelo Ceará (600 MW) pela Bahia (520 MW). Figura 4 – Potencial eólico do Brasil Fonte: ambientesbrasil.com.br, 2011 Ainda que inicial, no Brasil, a tecnologia de geração eólica de pequeno porte, para geração elétrica de uso doméstico, tem crescido principalmente em comunidades isoladas que não tem acesso a rede elétrica convencional, devido à grande difusão da tecnologia, melhoria de máquinas e, em particular pela procura por fontes de energia limpa, com baixo impacto ambientais. 11 2.2 Turbinas Eólicas No âmbito de aerogeradores, estes podem ser classificados de acordo com a orientação do eixo do rotor, basicamente por dois tipos de turbinas: turbinas de eixo vertical (VAWT) e turbina de eixo horizontal (HAWT). 2.2.1 Turbinas de Eixo Horizontal As turbinas eólicas de eixo horizontal (Figura 5) dominam a maior parte da indústria eólica. Eixo horizontal significa que o eixo de rotação da turbina é horizontal ou paralelo ao solo. Captam o vento em somente uma direção e para direcionar a seção varrida pelas pás é necessário um sistema de controle. Seu funcionamento é pela maior parte movida por forças de sustentação. A força de sustentação age perpendicular ao escoamento. Devem possuir mecanismo que sejam capazes de permitir que a área varrida pelas pás esteja sempre em posição perpendicular ao vento. Para geração de eletricidade as turbinas geralmente utilizadas são as de três pás, pois possui maior desempenho, mas dependente do tipo de aplicação pode possuir diferentes números de pás. Possui sistemas de controle de potência e sistemas de freios. Geralmente fabricadas em fibra de vidro. 12 Figura 5- Turbina de Eixo Horizontal Fonte: CRESESB As turbinas da eixo horizontal tem a classificação por posição do rotor em correlação à torre. Podem ser classificadas em downwind ou upwind, estas turbinas são mostradas na Figura 6. As turbinas downwind possuem a inclinação nas pás e recebem a força do vento por detrás da torre, não precisam de mecanismo de direção. Como desvantagem, esse tipo de turbina requer maior flexibilidade do rotor, o que ocasiona muitos ruídos. Nas turbinas upwind, o rotor eólico é colocado antes da torre, isto é, é preciso um controle ativo, um mecanismo de direção para orientar o rotor em relação ao vento. Este modelo é mais utilizado. 13 Figura 6 – Turbina Upwind e Downwind Fonte: Marques (2004) 2.2.2 Turbinas de Eixo Vertical Nas turbinas de eixo vertical, o eixo de rotação está vertical ou perpendicular ao solo. São omnidirecionais, significa que possui a mesma propriedade em todas direções, ou seja, capazes de captar os ventos de todas direções, não necessitando do sistema de controle de direção das pás. Reduzindo o custo e a complexidade do projeto. De acordo com o modelo da turbina pode ser movida por força de sustentação ou de arrasto. Em relação a turbinas de eixo horizontal tendem a ser mais silenciosas e baratas e como resultado é menos prejudicial aos seres humanos e às aves. Além disso, podem ser instaladas em locais onde o vento é turbulento e possuem baixa velocidades. Podem ser colocadas em pequenas alturas, facilitando acessibilidade para a operação de manutenção. Para uma potência equivalente a altura total da de eixo horizontal (incluindo altura da torre) é muito maior do que a de eixo vertical, resultando em mais impacto visual. Desta forma, as turbinas de eixo vertical podem ser consideradas mais amigáveis ao ambiente. Como vantagem as pás oferecem mais longevidade pois as pás das turbinas horizontais são mais propensas a fadiga devido as forças gravitacionais durante a rotação. 14 Por estas configurações as turbinas de eixo vertical levam vantagens em ambientes urbanos, neste trabalho o modelo adotado foi a Darrieus Por outro lado, como desvantagem estas turbinas não são muito eficientes como as turbinas de eixo horizontal e por esse motivo as turbinas de eixo vertical são usadas para produzir energia em pequenos projetos. Possui deficiência durante a partida do rotor, sendo necessária a utilização de motor para partida. As turbinas de eixo vertical em geral são classificadas conforme a geometria das pás e suas características aerodinâmicas e mecânicas, conforme observado na Figura 7. Observa-se na literatura 4 grupos: Rotores articulados de pá reta (Giromill). Rotor Savonius, que é o rotor de arrasto mais comum. Rotor de pás de geometria variável, que permite pás de forma helicoidal ou semi-curva. Pás curvas fixas nas pontas do eixo chamado de rotor Darrieus 15Figura 7 - Turbinas eólicas de eixo vertical: a) Savonius. b) Darrieus. c) Pás articuladas retas. d) Geometria variável . Fonte: Diaz, Diego 2.2.3 Vantagens e Desvantagens das Turbinas de Eixo Vertical e Horizontal É fato que as turbinas de eixo horizontal têm maiores benefícios em comparação as turbinas de eixo vertical para produção de energia. Ainda assim, vantagens das turbinas verticais devem ser levadas em consideração para aplicação em pequena escala, como o custo de manutenção e de fabricação, etc. A Tabela 1 mostra qualitativamente um conjunto de vantagens e desvantagens dos tipos de turbinas eólicas. 16 Tabela 1 - Vantagens e desvantagens das turbinas de eixo vertical e horizontal Turbina de eixo horizontal Vantagens Desvantagens Usualmente trabalha com velocidade de vento alta, o que encaixa em grande em produção em grande escala. Precisa de pequenas áreas no solo, pois o rotor é colocada na parte superior da torre. Devido ao constante ângulo de ataque, as forças aerodinâmicas são constantes, o que o torna mais eficiente em relação as turbinas de eixo vertical. Requer uma caixa de engrenagem na parte superior da torre. Alto custo de fabricação e torres pesadas. Requer sistema complexo de posicionamento com relação à direção do vento. Alto índices de ruídos gerados pela pás não permitindo a instalação próximo a áreas urbanas. Turbina de eixo vertical Vantagens Desvantagens Não possui necessidade de sistema de posicionamento com relação ao vento. Transmissão colocada em solo, reduzindo custo de manutenção. Devido a menores dimensões, o custo de instalação é menor as turbinas eólicas de eixo horizontal. Maior parte do peso representado pelos mecanismo está no solo, proporcionando uma estrutura mais firme. Uma tecnologia que ainda está sendo explorada, portanto pode oferecer melhorias potenciais no futuro. Possui uma limitação na capacidade de conversão de energia, por serem instaladas em alturas relativamente baixas. Requer uma área maior no solo devido aos cabos que suportam a estrutura (Darriues), e pelo raio de giro da pá. O torque aerodinâmico não é constante, o ângulo de ataque varia podendo produzir efeitos secundários no rotor, perdendo em eficiência A modelagem do comportamento deste tipo é mais complexa. Fonte: Diaz, Diego 17 2.3 Turbina Darrieus A turbina de vento Darrieus é uma turbina de eixo vertical, o que significa que o eixo do rotor funciona verticalmente e as pás são arqueadas. A turbina Darrieus surgiu em 1931, quando o engenheiro aeronáutico francês Georges Jean Marie Darrieus patenteou o design inovador da turbina. Dentre as configurações de eixo vertical esta turbina possui configuração teórica mais próxima da eficiência das turbinas de eixo horizontal de três pás. Porém na pratica, as características aerodinâmicas das turbinas eólicas de eixo vertical são um pouco mais complexas do que as configurações das turbinas de eixo horizontal. Estas turbinas possuem diversos fatores que diminuem a eficiência teórica como a variação na velocidade do vento, regime do vento turbulento devido à instalação próxima ao solo, etc. Possuindo como vantagens um equipamento que pode ser colocado perto do chão, possui baixo nível de ruído sendo assim aplicável em áreas urbanas aproveitando o vento turbulentos de qualquer direção sem a necessidade e sistema de orientação. Uma restrição desse tipo de turbina é a deficiência durante a partida do rotor, fazendo necessário a utilização de motores para partida. Para solucionar este problema, normalmente em aplicações conectadas à rede, esse inconivente pode ser superado, acoplando um gerador no eixo principal a fim de fornecer o torque de partida até o rotor conseguir à velocidade de operação nominal. Em aplicações autônomas, o rotor Darrieus pode ser combinado com um rotor Savonius do tamanho apropriado para dar-lhe o torque inicial. Na Figura 8 é apresentada a área frontal de um rotor do tipo Darrieus. Figura 8 - Área frontal de um rotor do tipo Darrieus Fonte: Copper, Paul 18 2.3.1 Geometria dos Rotores Darrieus O rotor Darrieus apresenta um grande rendimento em geração de energia elétrica dentre as turbinas de eixo vertical do mercado, suas pás utilizam perfis aerodinâmicos e a maioria dos modelos existentes atualmente consideram a geometria das pás de forma parabólica devido a sua simplicidade na análise do desempenho. O engenheiro Darrieus quis desenvolver um rotor cujas pás tem curvas com forma de cabo flexível de densidade e seção seccional uniforme fixada em dois pontos, tudo com intuito de reduzir as tensões que podem gerar flutuações nas pás. A geometria foi chamada de Troposkien, do grego que significa ‘cabo girando’. Um design da turbina Darrieus é apresentado na Figura 9. Figura 9 – Design da turbina Darrieus e representação dos vetores de velocidade na turbina Fonte: Copper, Paul O rotor Darrieus também permite o uso de modificação de pás retas ou semi-curvas. Essa variação do rotor foi feito pelo engenheiro Musgrove. Um rotor de pás retas permite reduzir o tamanho da turbina com desempenho aceitável. Além do mais, uma pá reta possui a fabricação mais fácil com menor custo. Este tipo de pá é recomendada para velocidades baixas de vento e rotores de pequena escala. A patente da turbina de 1930 cobre praticamente qualquer tipo de arranjo possível usando perfis verticais. Um dos tipos mais comuns é o projeto Giromill ou o H- Darriues, no qual as longas pás do projeto inicial de Darrieus são substituídas por seções verticais retas de laminas anexadas à torre central com suportes horizontais. 19 Na Figura 10 pode-se observar modelos de possíveis variações do rotor Darriues convencional. Figura 10 - Geometria de variações do rotor Darriues Fonte: DIAZ, Diego As primeiras pesquisas para ordenação de perfis aerodinâmicos foram feitas em 1923 pelo Instituto de pesquisa em Aerodinâmica da Alemanha. O Comité Nacional de Consultoria para Aerodinâmica dos Estados Unidos (National Advisory Commitee for Aeronautics - NACA) padronizou a nomenclatura dos diferentes tipos de perfis. A terminologia de perfis de pás é separada em família conforme a NACA. Grande parte dos rotores DARRIEUS possuem perfis regulares e as pás são NACA0012, NACA0015, NACA 0018 ou NACA 0021, apresentadas nas Figura 11. Onde cada digito indica um parâmetro: O primeiro digito indica a razão de curvatura e o comprimento de corda. O segundo digito indica a posição do valor da razão máxima de curvatura. O terceiro e quarto digito indicam a posição da sua espessura máxima 20 Figura 11 – Perfis das lâminas Fonte: Beal (2015) Qualquer modificação pode alterar o rendimento e uma turbina eólica, desde modo o perfil aerodinâmico é necessário ser determinado com cautela. 2.4 Aplicação dos Sistemas Eólicos É necessário verificar a finalidade da eletricidade gerada por um sistema eólico, pois se deve determinar a necessidade de utilização de outros equipamentos responsáveis pelo armazenamento, controle e regulação. 21 Os sistemas eólicos para geração de energia elétrica podem ser classificados nas seguintes aplicações: em sistemas de apoio (híbrido), sistemas isolados ou independentes, sistemas interligados à rede elétrica e sistema off-shore. Os sistemas respeitam a uma configuração básica, necessitando de uma unidade de controle de potência e em determinados casos de uma unidade de armazenamento, conforme será detalhado a seguir. 2.4.1 Sistemas de Apoio (Híbridos) Os sistemas híbridos, desconectados da rede possuem diversas fontes degeração de energia em conjunto para propor uma eficiência maior do sistema e um equilíbrio no fornecimento de energia, combina o uso de turbina eólica com outro armazenamento e/ou fontes de geração, como por exemplo geração diesel, módulos fotovoltaicos e outras. Se faz necessário a otimização do uso de cada uma das fontes, aumentando assim a complexidade do sistema e um controle das fontes utilizadas para que haja máxima eficiência. A forma de otimização do sistema torna-se um estudo de modo particular em cada caso. Os sistemas híbridos são empregados geralmente em sistemas de médio porte onde atendem grandes quantidade de usuários. Os híbridos necessitam de dispositivo eletrônico que converte a energia contínua (CC) para corrente alternada (CA), o inversor. A Figura 12 permite observar a configuração de um sistema hibrido. 22 Figura 12 - Configuração de um Sistema Hibrido Solar-Eólico-Diesel Fonte: CRESESB 2.4.2 Sistemas Isolados ou Independentes São sistemas de pequeno porte, não conectados à rede de energia e utilizam alguma forma de armazenamento de energia, como banco de baterias ou armazenamento de água para uso posterior. Em sistema de irrigação onde toda água é prontamente consumida, não é necessário o armazenamento. Em equipamentos de corrente continua (CC), a eletricidade pode ser diretamente utilizada com excedentes armazenados em banco de bateria, com a utilização de um controlador de carga para evitar a descarga e sobrecarga profunda protegendo o sistema de armazenamento. O controlador evita que a bateria se sobrecarregue regulando a entrada de corrente do aerogerador para a bateria e a saída de corrente da bateria para a carga. Em sistemas com equipamentos que operam com corrente alternada (CA) é necessário o uso de um inversor de frequência para realizar a conexão com a bateria. Este é comumente usado para alimentar eletrodomésticos convencionais. A configuração de um sistema eólico isolado é mostrada na Figura 13. 23 Figura 13 – Configuração de um sistema Eólico Isolado Fonte: CRESESB 2.4.3 Sistemas Interligados à Rede Elétrica Em sistemas interligados, como toda geração é entregue à rede elétrica, não ocorre a necessidade de dispositivo de armazenamento de energia. São interligados de duas formas: de forma direta usando gerador de indução ou de forma indireta por meio de inversores acoplados a geradores CC. Geralmente são sistemas de grande porte. Os sistemas interligados à rede elétrica com vários aerogeradores, onde estes injetam toda energia gerada na rede de distribuição, funcionam como uma usina eólica. Necessita de um sistema de sincronização com à rede elétrica, para adequar os valores de frequência e de tensão, satisfazendo, assim, a exigências de qualidade e segurança, sem afetá-la. Representa uma fonte complementar ao sistema elétrico ao qual estão interligados. Um exemplo de parque eólico conectado a rede é visto na Figura 14. 24 Figura 14 - Parque Eólico conectado à rede – Parque Eólico de Prainha- CE Fonte: CRESESB 2.4.4 Sistemas Off-Shore As instalações em off-shore (Figura 15) representam o novo limiar na geração de energia eólica. Embora possua um grande custo em instalação, transporte e manutenção, a instalação vem crescendo em diversos países, para aproveitar a energia dos ventos encontrados nos oceanos. Ventos em off-shore tendem a soprar mais forte e mais uniforme do que em terra. E em escala comercial as instalações eólicas off-shore são semelhantes às instalações eólicas on-shore. Incluem modificações para evitar a corrosão e é concebida para suportar o ambiente do oceano que inclui ondas de tempestades, ventos com força de furacão e até mesmo fluxo de gelo. Além das modificações tecnológicas os projetos necessitam de estratégias especiais para transporte, instalação e operação. O projeto é desenvolvido para que haja coordenação para utilizar os períodos onde são proporcionadas boas condições marítimas para o deslocamento e instalação com segurança. 25 Figura 15 - Parque Eólico instalado no mar norte Fonte: CRESESB 2.5 Parâmetros para Obtenção da Energia Eólica 2.5.1 Energia e Potência do Vento A energia eólica é gerada da energia solar uma vez que os ventos são quase inteiramente causados pelos efeitos do sol que a cada hora proporciona milhões de Watts de energia para a Terra. Esta energia aquece a superfície do planeta de forma desigual criando mudança de pressão na atmosfera, e esse aquecimento não uniforme gera os ventos. Um percentual pequeno da energia solar é convertido em energia cinética e este percentual, embora pequeno, gera uma grande potência anual nas centrais elétricas do mundo. Nas turbinas um gerador transforma em energia elétrica a energia mecânica que é gerada pelo giro das hélices do rotor, esta energia mecânica é convertida através da energia cinética contida nas massas de ar em movimento (vento), através das turbinas eólicas denominadas aerogeradores. Ou seja, a energia cinética presente na massa de ar m, com uma velocidade cinética V é dada por: 𝐸 = 0,5 ∙ 𝑚 ∙ 𝑉2 (1) 26 A massa de ar m pode ser representada pelo produto do seu volume pela densidade do ar (ρ). Ao declarar uma massa de ar com velocidade fixa através de uma área do rotor A (m²) de forma circular com raio R, o volume do ar será dado pela área A multiplicada pelo comprimento do deslocamento (l) da massa de ar, conforme percebido na Figura 16. Figura 16 - Volume do ar com superfície S=πR² e comprimento l Fonte: Adaptado de CRESESB Desta forma a Equação 1 pode ser reescrita conforme a Equação 2: 𝐸 = 0,5 ∗ 𝐴 ∗ 𝑙 ∗ 𝜌 ∗ 𝑉2 (2) Sendo a potência dada pela derivada da energia em relação ao tempo: 𝑃 = 𝑑𝐸 𝑑𝑡 = 1 2 𝑚𝑣2 (3) 𝑃 = 1 2 ∙ ∆𝑚 ∆𝑡 ∙ 𝑣² (4) Onde t representa o tempo, o fluxo de massa de ar que atravessa as pás do rotor é dado por: ∆𝑚 ∆𝑡 = 𝜌 ∙ 𝐴 ∙ 𝑣 (5) 27 Substituindo a Equação 5 na Equação 4, obtém se a potência disponível que é dada pela seguinte equação: 𝑃𝑑 = 0,5 ∙ 𝜌 ∙ 𝐴 ∙ 𝑉³ (6) Onde: Pd = potência disponível em Watts (W); ρ= densidade do ar = 1,255 kg/m³; A= área de varrida pelo rotor; V= velocidade média do vento (m/s). 2.5.2 Coeficiente de Potência A potência eólica de uma região requer análise de dados sobre velocidade e regime dos ventos. Como visto, o potencial eólico extraído por uma turbina eólica possui uma densidade do ar usual de 1,255kg/m³, esse vento flui perpendicular com certa velocidade frontal V (m/s) através da área do rotor A. Contudo, a potência disponível no vento não é totalmente recuperada pelo rotor. Existe uma parte que é extraída e quantificada pelo coeficiente de potência. O coeficiente de potência (cp) é uma fração da potência disponível no vento aproveitada pelas turbinas, sem serem considerados as perdas aerodinâmicas do gerador. É expresso por: 𝑐𝑝 = 𝜔𝜏 1 2 𝜌𝑉∞ 3 𝐴 (7) Onde, ω é a velocidade angular do rotor, τ é o torque que foi gerado pelo rotor, ρ densidade do ar usual de 1,255kg/m³, V é a velocidade gerada pelo ar e A é a área varrida pelo rotor. Em resumo, o coeficiente de potência, que caracteriza o nível de rendimento, e é uma medida adimensionalque pode ser definido pela razão: 𝑐𝑝 = 𝑃𝑡 𝑃𝑣 = 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑡𝑢𝑟𝑏𝑖𝑛𝑎 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛í𝑣𝑒𝑙 𝑛𝑜 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 (8) 28 Ocorre uma variação que se deve ao fato das pás do rotor da turbina alterarem sua eficiência aerodinâmica em função da variação da velocidade do vento incidente. Em condições ideais, o valor de cp é de 0,593 (ou 59,30%) e é chamado de Coeficiente de Betz (mostrada por Albert Betz em 1928), que nos indica o máximo de aproveitamento da energia do vento. A potência disponível considerando o coeficiente de potência é dada por: 𝑃𝑑 = 0,5 ∙ 𝜌 ∙ 𝑐𝑝 ∙ 𝐴 ∙ 𝑉³ (9) Matte (2014), cita que outra condição levada em consideração é o rendimento da turbina, que é constituído pelo rendimento da aerodinâmica das pás, do gerador e outros. Assim, considerando o rendimento e as perdas mecânicas (η), a potencia é dada por: 𝑃𝑑 = 0,5 ∙ 𝜌 ∙ 𝑐𝑝 ∙ 𝜂 ∙ 𝐴 ∙ 𝑉3 (10) Pois, a potência deve considerar as perdas mecânicas da operação. Com isso o valor da potência extraída do vento é menor. 2.5.3 Velocidade Específica A velocidade especifica é definida por λ, onde esta é a relação entre a velocidade linear da extremidade da pá (v) e a velocidade do vento (V). Também conhecida como Tip Speed Ratio ou TSR, expressa como: 𝜆 = 𝑣 𝑉 (11) Sendo a velocidade de rotação da pá dada pelo produto do comprimento r da mesma pela velocidade angular, pode-se reescrever a Equação 11, como: 𝜆 = 𝜔𝑟 𝑉 (12) 29 Onde ω é a velocidade angular do rotor em rad/s, r é o raio do rotor em metros e V a velocidade do fluxo do vento e m /s. Para cada tipo de turbina existe uma curva cp versus λ. A variação do coeficiente de desempenho cp com relação a velocidade λ é mostrada na Figura 17 para alguns tipos de rotores. Figura 17 - Relação entre o coeficiente de potência e a razão da velocidade Fonte: Adaptado de Silva, Menezes. Assim, para o aproveitamento máximo da variação de energia, os geradores precisam operar com a velocidade de rotação que mantem o coeficiente de potência em um valor máximo, independente da velocidade do vento. Analisando a curva da turbina Darrieus na Figura 17, observa-se que existe uma determinada velocidade de vento que fornece eficiência máxima. A partir desse valor, a eficiência inicia sua queda, tendo em vista que a turbina não consegue retirar mais potência do vento. 30 2.6 Componentes das Turbinas Eólicas de Eixo Vertical As turbinas de eixo vertical e as de eixo horizontal tem os mesmos componentes básicos. Na Figura 18 mostrada a seguir, observam-se os componentes principais que constituem as turbinas de eixo vertical e eixo horizontal. Figura 18 - Componentes principais das turbinas eólicas: a) Turbina eólica de eixo horizontal tipo hélice. b) Turbina eólica de eixo vertical Darrieus. Fonte: Adaptado de Diaz Fundamentalmente, um sistema eólico é constituído por: Turbina Eólica Multiplicador Mecânico Gerador Elétrico Sistema de Conexão Elétrica Controle Torre 31 A turbina eólica é constituída por cubo do rotor (hub) e pelas pás. A turbina eólica é responsável pela conversão da energia cinética contida nos ventos em energia mecânica. O multiplicador mecânico de rotações é responsável por harmonizar as rotações do gerador elétrico com a da turbina eólica. Pois, na maioria dos aerogeradores, a turbina eólica opera com baixas rotações e os geradores elétricos operam com rotações mais altas. Com isso, a responsabilidade do multiplicador é a conversão do torque e velocidades, onde permite que a energia mecânica gerada seja entregue ao gerador elétrico na rotação e torque correto. Em alguns modelos, este componente não existe, nestes casos o gerador é acoplado diretamente na turbina, ou seja, no mesmo eixo e com isso o gerador gira com a mesma rotação da turbina eólica. Em outros casos, o multiplicador vem sendo substituído por componentes eletrônicos de potência, que adequam a frequência do rotor para ser entregue ao gerador, com rendimento elevado (na ordem de 90%). O gerador elétrico, por sua vez, transforma a energia mecânica de rotação em energia elétrica com um alto rendimento também (de mesma ordem do multiplicador). Em resumo, um sistema eólico tem diferentes elementos que o compõem, variando de acordo com sua aplicação, estes devem trabalhar em harmonia para proporcionar um alto rendimento final. Para efeito de estudo global deve possuir o suporte, sistema de captação, sistema de orientação, sistema de regulação, sistema de transmissão, sistema de geração, acessórios. 1. Suportes: responsável pela sustentação e posicionamento adequado do rotor em altura conveniente. O aerogeradores devem estar sobre suportes que sejam capazes de suportar eventuais vibrações que possam acontecer. Os suportes são a torre e a fundação. 2. Sistema de captação: responsável pela transformação da energia cinética do vento em energia mecânica de rotação. O rotor é o elemento principal. 3. Sistema de orientação: responsável pela orientação do rotor. Em sistema de eixo horizontal se faz necessário um sistema que oriente o rotor, ou seja, que encontre a orientação do vento e oriente o rotor na mesma direção. Em sistemas de pequeno e media potência (<50kW), a cauda, costuma ser o dispositivo mais adequado. 32 4. Sistema de regulação: responsável por controle de qualidade. Controla a velocidade do vento para evitar flutuações produzidas pelas velocidades dos ventos. Um sistema de frenagem evita rotações muito elevadas, provocadas por ventos fortes, que poderiam colocar em perigo a integridade da máquina. Ventos muitos fortes contribuem muito pouco com a energia gerada, para capta-los um projeto se tornaria economicamente inviável, os elevados carregamentos nas pás e as grandes potências de pico acrescentariam custos extras ao custo e dariam um aumento na geração de energia muito pequeno. Este custo é diminuído ao regular a potência do aerogerador para ventos fortes. Controle de estol é sistema passivo que reage de acordo com a velocidade do vento. Controle de passo, por sua vez, é um sistema ativo que gira a pás em torno do eixo longitudinal, quando a potência nominal do gerador é ultrapassada, devido ao aumento de velocidade. O controle de passo serve não só para eliminar excesso de energia quando a velocidade do vento está acima da nominal, mas também para otimizar o aproveitamento da energia abaixo da velocidade nominal do vento, explorando a aerodinâmicas das lâminas. Quando a turbina tem controle de passo, ela possui uma curva Cp x λ. 5. Sistema de transmissão: responsável por transmitir a energia mecânica entregue pelo eixo do rotor até o eixo do gerador. É utilizada transmissão por engrenagens, óleo, hidráulico. 6. Sistema de Geração: responsável pela transmissão da energia mecânica entregue pelo eixo do rotor até o eixo do gerador. A transformação de energia mecânica de rotação em energia elétrica através de equipamentos de conversão eletromecânica é uma tecnologia dominada. O tipo de gerador influencia o comportamento e a operação do aerogerador e suas interações. Para aplicação em sistema isolados, onde geralmente o objetivo é carregar baterias, é utilizado gerador de corrente contínua. Este gerador não possui a necessidade de controle da velocidade do rotor e a tensão é independente da velocidade. 33 7. Acessórios: sistema de armazenamento, inversor, controle de carga. Sistemas de armazenamento se faz necessário pois em muitoscasos, a curva de demanda não coincide com a eletricidade gerada em sistemas eólicos. O controlador de carga é utilizado em sistemas com o intuito de proteger o sistema de armazenamento. Uma das funções do controlador de carga é impedir que eventual corrente possa ser conduzida das baterias até um aerogerador nos períodos em que não há eletricidade gerada. O inversor fica responsável pela conversão da corrente contínua em alternada. 2.7 Análise da Eficiência de um Sistema Eólico Isolado Fisicamente só é viável retirar o máximo de 45% da potência eólica e além disso tem que se retirar outras perdas como aerodinâmicas, elétricas, resistivas e qualidade do vento. A análise da eficiência energética e da produção de eletricidade a partir da energia eólica, não é simples de ser estipuladas, pois é necessária a medição exata de velocidade do vento e das características geográficas do local no qual será instalado o aerogerador. O rotor que possui a responsabilidade de transformar a energia cinética presente nos ventos em energia mecânica, é o primeiro passo para a conversão da energia do vento em eletricidade sendo que os outros são a transmissão, que regula a velocidade de rotação e o gerador, que faz a conversão da energia mecânica em energia elétrica. A média da eficiência de conversão de aerogeradores segundo Terciote (2017) é mostrada na Tabela 2. Tabela 2 - Valores da eficiência de conversão durante os estagio do aerogerador Estágio de conversão Eficiência Rotor 40% Transmissão 95% Gerador 95% Rajadas de vento e orientação da turbina 95% 34 Média geral 35% Fonte: Terciote, Ricardo Frequentemente, o padrão dos aerogeradores utilizados é de duas ou três pás. Devido a relação da potência extraída pela varredura do rotor com a velocidade. Rotores com mais de três pás, são utilizados quando é necessário um grande torque de partida, o que é o caso de bombeamento de água. Mas no quesito aerodinâmico grandes números de pá implicam em menor eficiência. Para maximizar a eficiência aerodinâmica, depende-se das características geométricas das pás; do tamanho que é determinado pela potência desejada, do perfil que está relacionada com o desenho da borda da pá; do ângulo de ataque que é determinado ao escolher o perfil e a velocidade típica do rotor, nos permitindo obter a potência ótima; também pode ser utilizado no sistema de regulação, a espessura que não intervém na potência de saída da turbina eólica, mais pás mais estreitas e finas permitem conseguir uma velocidade de rotação maior. Desta forma, a construção das pás deve ser o resultado da adaptação destes fatores. 2.7.1 Fatores que Influenciam no Desempenho do Aerogerador Para que a produção de eletricidade a partir do movimento do ar seja possível e atraente, tanto técnica quanto economicamente, alguns fatores são determinantes. A velocidade dos ventos é o fator mais crucial para determinar a energia que pode ser obtida de um aerogerador. Além deste, outros fatores como altura, altitude e superfície também são importantes. O posicionamento da torre para geração de eletricidade deve considerar como aspectos na escolha definitiva do local a topografia, barreiras e superfícies. A altitude é um fator que altera a velocidade dos ventos. Como característica, existe um aumento de 5% a 10% na velocidade a cada 100 metros acima do nível do mar. Conforme citado existem vários fatores que influenciam no desempenho do aerogerador para a geração de energia e o projeto eólico deve ser realizado de forma a 35 conquistar as vantagens técnicas e econômicas de aerogeradores, de acordo com o local da instalação. 2.8 Normas para Utilização da Energia Eólica A norma é o produto da atividade geral da elaboração de documentos contento conhecimento técnico em forma de regras e diretrizes ordenadas destinadas ao uso comum e recorrente, deve ser estabelecida por consenso e aprovada por órgãos reconhecidos. As normas técnicas internacionais de energia eólica englobam requisitos de segurança, medições e procedimentos de testes de equipamentos. Foram publicadas, a partir dos anos 80, várias recomendações técnicas pela Agência Internacional de Energia (International Energy Agency-IEA), que tiveram grande influência em normas e práticas desenvolvidas posteriormente. Atualmente, as normas internacionais para utilização da energia eólica são desenvolvidas pelo Comitê Técnico 88 da Comissão Eletrotécnica Internacional (International Electrotechnical Commision - IEC). Um total de 25 países integram este comitê, onde 13 são países observadores. O Brasil é um país observador, representado pelo Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica, Iluminação e Telecomunicação (COBEI) através de um acordo com a ABNT. As normas e especificações técnicas (TS) atualmente em vigor são: IEC 61400-1:2008 Requisitos de projeto (Design requirements): é a principal norma, nos define os requisitos de projeto para aerogeradores de grande porte. IEC 61400-2:2013 Requisitos de projeto para turbinas eólicas de pequeno porte (Small Wind Turbines): equivalente a norma anterior apresentada, porém voltada a aerogeradores de pequeno porte, com raio do rotor inferior a 8 metros e nível de tensão inferior a 1000V em corrente alternada ou 1500 V em corrente contínua. IEC 61400-3:2009 Requisitos de projeto para turbina eólicas offshore (Design requirements for offshore Wind turbines): também equivalente a primeira norma apresentada, porém voltada para aerogeradores offshore. 36 IEC 61400-11:2012 Técnicas de medição de ruído acústico (Acoustic noise measurement Techniques): define a metodologia para medir a emissão de ruídos acústicos dos aerogeradores. Permite realizar uma avaliação prévia do impacto causado por uma central eólica instalada próxima de comunidades. IEC 61400-12-1:2012 Medições de desempenho de geração (Power performance measurements of eletricity producing wind turbines): define as técnicas para medição da potência de geração da turbina eólica cujo objetivo é registrar uma curva de potência medição e a produção anual de energia prevista para o tipo de turbina eólica. IEC/TS 61400-13:2001 Medição de carregamentos mecânicos (Measurement of mechanical loads): especificação técnica apresenta os procedimentos para medição dos carregamentos mecânicos com a finalidade de efetuar a validação dos cálculos do projeto. As medições devem ser feitas em regime permanente e eventos transientes. E além dos esforços mecânicos, também devem ser medidos as condições do vento e os parâmetros operacionais do aerogerador. IEC/TS 61400-14:2005 Declaração do nível de potência sonora aparente e dos valores de tonalidade (Declaration of apparent sound power level and tonality values): especificações técnicas que define os métodos para a declaração do nível de potência sonora e os valores das componentes tonais audíveis emitidos pelos aerogeradores. IEC 61400-21:2010 Medição e avaliação das características de qualidade de energia de aerogeradores conectados à rede (Measurement and assessment of power quality characteristics of grid connected wind turbin): define os métodos para medir a qualidade do sinal elétrico produzido por turbinas eólicas. Devido a variabilidade dos ventos e a característica dinâmica do aerogerador, a geração eólica pode ocasionar distúrbio na rede elétrica, que poderá ser sentido até mesmo pelo cintilar de uma lâmpada, fenômeno chamado de Flicking. IEC 61400-22:2010 Ensaios de conformidade e certificação (Conformity testing and certification): define as regras e procedimentos para a certificação do tipo de turbina e dos projetos de parque eólico instalado em terra ou no mar. Pois para que um 37 aerogerador seja comercializado internacionalmente é necessário que ele possua certificados de conformidade.IEC/TS 61400-23:2001 Testes estruturais das pás do rotor em escala real (Full-scale structural testing of rotor blades): cada novo tipo de pá fabricado deve ser testado em escala real. Os testes têm como objetivo verificar se a pá resiste às tensões estáticas e de fadiga definidas em seu projeto. IEC/TR 61400-24:2010 Proteção contra raios (Lightning protection): este relatório técnico da IEC traz aspectos sobre a proteção contra descargas atmosféricas em turbinas eólicas. Tendo como base o histórico de casos de equipamentos atingidos por raios. IEC 61400-25-1 a 6:2006: Comunicação para monitoramento e controle de usinas eólicas (Communications for monitoring and control of wind power plant): um conjunto com 6 normas definem os protocolos de comunicação. Dentre eles destaca-se: IEC/TS 61400-26-1:2011 Disponibilidade baseada no tempo dos aerogeradores (Time- based availability for wind turbine generating systems): especificações técnicas recentes define termos genéricos para descrever a disponibilidade do aerogerador e seus componentes, a expectativa de vida, reparos e critérios para determinar os intervalos de manutenção. O COBEI criou, em 2005, uma comissão técnica para elaborar normas brasileiras e aumentar a participação brasileira no segmento. Atualmente 3 normas do TC88 foram traduzidas para o português e adotadas pela ABNT, são: ABNT NBR 61400-1:2008, ABNT NBR IEC 61400-21:2010 e ABNT NBR IEC 61400-12-1:2012. Os equipamentos precisam ser fabricados conforme as normas técnicas para terem requisitos de desempenho compatível com as necessidades brasileiras de produção de energia. O Inmetro exige a avaliação de conformidade desses produtos, segundo Portaria n.º168, de 23 de março de 2015, estabelece se os critérios para o programa de avaliação da conformidade para aerogeradores com foco desempenho, através de mecanismo de certificação, atendo aos requisitos especificados nas normas: ABNT NBR 61400-1:2008, ABNT NBR IEC 61400-21:2010 e ABNT NBR IEC 61400-12-1:2012. 38 3 METODOLOGIA A metodologia utilizada neste trabalho monográfico é explicativa e descritiva, o que permite considerar etapas, forma de obtenção de dados etc. Neste trabalho pretende-se estudar todo o processo do dimensionamento eólico. A elaboração do dimensionamento do aerogerador de eixo vertical foi realizado a partir de dados disponíveis da área urbana do município de São Luís/ MA. Na execução da metodologia de dimensionamento eólico foi efetuado uma segmentação do processo com uso de softwares e análise de dados fornecidos por órgãos especializados. O modo como foram realizadas a coletas de dados, os cálculos, os resultados obtidos através deles, as análises serão abordadas no próximo capitulo. O dimensionamento dos componentes do sistema eólico considera o estudo do relevo, o estudo da rugosidade, estudo dos ventos, potência da turbina do aerogerador, potência e tipo do aerogerador e o dimensionamento do banco de baterias. O estudo do relevo foi feito com o auxílio do programa Google Earth. Os dados da velocidade e direção do vento foram obtidos através do site Clima Tempo, para verificar a quantidade de horas que terá ventos satisfatórios. O estudo estático do vento foi feito pelo software WRPLOT VIEW Um fluxograma para o desenvolvimento do projeto é apresentado na Figura 19. 39 Figura 19 – Fluxograma Fonte: A Autora 40 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Estudo do Relevo/Rugosidade No presente trabalho foi estudado o terreno ao redor do local a ser implantado o gerador eólico. A velocidade dos ventos varia de um local para outro e é influenciada pela topologia do local. Além disso, para um mesmo local a velocidade também varia com a altura. É necessário estimar a altitude e a rugosidade típica nas proximidades do local. A rugosidade do terreno é caracterizada pelo tipo de solo, vegetação, utilização da terra e construções. Caracteristicamente, existe um aumento de 5% a 10% nas velocidades do vento a cada 100 metros acima do nível do mar. Entretanto com a elevação da altitude, acontece a perda da densidade do ar, diminuindo a energia nos ventos para uma escala menor, para sustentar a mesma energia, a velocidade deve elevar-se em volta de 3% a cada 1000 metros. As informações sobre as condições regionais foram obtidas a partir de mapas topográficos. Neste trabalho foi usado o programa Google Earth para poder identificar a altitude do terreno a ser estudado. Na Figura 20 apresenta-se a altitude da superfície que será implantada. 41 Figura 20 – Altitude do Terreno Fonte: Google Earth, 2017 Observa se que na região em que será implantada a turbina tem 19 metros de altitude em relação ao nível do mar. A Tabela 3 nos mostra as características do terreno e seus respectivos coeficientes de atrito. Tabela 3 – Coeficiente de atrito Característica do terreno Coeficiente de atrito (α) Terreno firme águas calmas 0,10 Terreno plano com Grama alta 0,15 Vegetação alta 0,20 Florestas e muitas arvores 0,25 Vila com arvores e arbustos 0,30 Grandes cidades 0,40 Fonte: Farret (2010) Pode-se perceber o efeito exponencial da superfície na velocidade dos ventos na Figura 21. Duplicando-se a altura, tem se um aumento aproximado de 10% na 42 velocidade dos ventos, para um valor de α igual a 0,3, o qual foi escolhido devido as características do terreno apresentado na Figura 20. Figura 21 - Aumento da velocidade dos ventos com a altura (para α =3) Fonte: DWTMA 4.2 Estudos dos Ventos No dimensionamento de sistemas eólicos é de vital importância a realização de um estudo das velocidades do vento no local em que será aplicado o aerogerador. Com o apoio da ANEEL e do Ministério de Ciência e Tecnologia – MCT, o Centro Brasileiro de Energia Eólica – CBEE da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE publicou em 1998 a primeira versão do Atlas Eólico da Região Nordeste. Os ventos circulam em escala global e os de pequena escala recebem influência de vários aspectos, como altura, a rugosidade (coeficiente de atrito), relevo, dentre outros. Segundo o Jervell (2008), ventos de regular a forte ocorrem em média a 10 km da superfície terrestre. Mas o espaço viabilizado para colocação dos aerogeradores se restringe a dezenas de metros de altura e nestas alturas o vento é diretamente prejudicado por forças de atrito que diminui drasticamente a força do vento. Em implementação de central eólica onde possui inviabilidade para determinar-se a velocidade do vento, dentre as opções é possível determinar a 43 intensidade do vento através da Escala de Beaufort. A Tabela 4, abaixo apresentada, foi criada pelo meteorologista Francis Beaufort, estabelece as características do vento a partir da velocidade e do poder de destruição. Tabela 4 - Escala Beaufort Grau Classificação Efeito do vento na natureza Velocidade (m/s) 0 Calmaria Tudo parado. A fumaça sobe verticalmente 0-0,30 1 Quase calmaria A fumaça se dispersa. Cata-vento parado. Não se sente o vento no rosto 0,30-1,40 2 Brisa Sente-se o vento no rosto. Ouve se o ruído das folhas. Cata-vento move-se 1,40-3,00 3 Vento fresco As folhas e os pequenos ramos de arvores agitam-se constantemente 3,00-5,50 4 Vento moderado O vento levanta poeira e papel do chão. Pequenos galhos agitam-se. 5,50-8,00 5 Vento regular Pequenas árvores com folhas começam a balançar. 8,00-11,00 6 Vento meio forte Grandes galhos movem-se. Começa a ficar difícil andar contra o vento 11,00- 14,00 7 Vento forte Arvores inteiras agitam-se 14,00- 17,00 8 Vento muito forte Galhos de arvores são arrancados. 17,00- 21,00 9 Ventania Há destelhamento 21,00- 25,0010 Vendaval Arvores são derrubadas. Há danos em construções 25,00- 28,00 11 Tempestade O vento assume características de um furacão, raramente acontece longe das costas 28,00- 33,00 12 Furacão O ar fica cheio de espuma e gotas de água. O mar fica inteiramente esbranquiçado 33,00- 39,00 Fonte: Ferrat (2010) 44 No presente trabalho foi desenvolvido o estudo do vento através da coleta de medições mais detalhadas da velocidade do vento através do site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), foram reunidos dados (velocidade e direção dos ventos) de hora em hora no período de janeiro a dezembro de 2016 em São Luís, em uma altitude de cerca de 50,86 metros, coletados em uma estação anemométrica. A velocidade dos ventos é medida com base em médias anuais dos ventos, pois a energia eólica é sazonal, o estudo é feito analisando dados anuais devido ele não ser contínuo. Após a coleta dos dados foi efetuado um tratamento estático dos mesmos. Construído um histograma contento as frequências de ocorrência das velocidades do vento. Os dados coletados foram armazenados em uma planilha EXCEL e com o auxílio do software WRPLOT VIEW, gerou se um gráfico Rosa dos Ventos mostrado na Figura 22. 45 Figura 22 - Ventos em São Luís – MA Fonte: WRPLOT View Na figura acima observa-se que ao longo do período estudado os ventos foram de predominância Norte-Nordeste da Ilha. As maiores porcentagens de velocidade do vento ocorrem na faixa de 3,6 m/s a 5,7 m/s a 50,86 metros em relação ao solo. Abaixo é apresentado, na Gráfico 1, o histograma contendo a frequência de ocorrência das velocidades dos ventos. 46 Gráfico 1 - Histograma de frequência da velocidade do vento Fonte: Adaptado de WRPLOT View Ao dispor da distribuição estatística da velocidade do vento no local, é feito o cálculo da velocidade média do vento com a metodologia da média ponderada, conforme mostrada na Equação 13. 𝑽 = 𝟏 𝒏 ∑ 𝒗𝒊 ∙ 𝒏𝒊 𝒏 𝒊 (13) A média da velocidade do vento durante o período avaliado foi cerca de 4,5 m/s. A força do vento de pequenas escalas diminui devido as obstruções existentes em solo, como casas, árvores, prédios. A Tabela 4, nos apresentou as características do terreno e seus respectivos coeficientes de atrito. Através de cálculos, se pode determinar a velocidade do vento em função de sua altura. A altura do rotor da turbina é um fator importante, conhecendo a velocidade do vento em determinada altitude de medição é possível determinar a velocidade do vento na altura estimada da implementação dos aerogeradores usando o coeficiente de atrito (α). 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 calmaria 0,5 1 2 3 4 5 6 7 fr eq u en ci a re la ti va ( % ) Velocidade do vento (M/s) 47 Devido às características do terreno, adotou-se o coeficiente de atrito de 0,3, apresentado na Tabela 4, para descobrir a velocidade do vento a 19 metros altura da região em que será implantada a turbina. A extrapolação da velocidade será dada pela equação: 𝑽 = 𝑽𝟎 ( 𝑯 𝑯𝟎 ) 𝜶 (14) 𝑽 = 𝟒, 𝟓 ( 𝟏𝟗 𝟓𝟎 ) 𝟎,𝟑 = 𝟑, 𝟑𝟔 𝒎/𝒔 (15) Onde V0 e H0 são respectivamente a velocidade e altura conhecidas, fornecidas pelo site do INMET. E V nos mostra a velocidade na altura de H, que são os valores pretendidos. Em síntese a 19 metros a velocidade do vento será de 3,36 metros por segundo. 4.3 Levantamento das Cargas Residenciais Para estimar a energia demandada pelas cargas foi construído um quadro contendo cargas hipotéticas que serão alimentadas pelo sistema com as suas respectivas características elétricas, como mostrado na Tabela 5 a seguir. Tabela 5 - Cargas com suas características elétricas Cargas Tensão (V) Potência (W) Tempo de uso (h) Consumo diário (Wh) 4 lâmpadas LED (12W cada) 220 48 8 384 Geladeira 220 200 24 4800 Televisão 21’’ 220 90 5 450 Computador 220 200 3 600 Ventilador 220 65 8 520 Fonte: A Autora De acordo com o quadro de cargas o consumo diário total de energia será de 6754 Wh. 48 Estimou-se que alguns aparelhos terão elevado consumo de energia, permanecerão ligados por 24 horas por dia. E deve-se ter cuidado especial com o consumo durante seu tempo de funcionamento, pois a energia procedente dos ventos nem sempre está à disposição. Com isso, será indispensável a utilização de baterias para armazenamento de energia necessária para alimentar esse tipo de carga. A seguir é apresentado na Tabela 6 o consumo de energia ao longo do dia e a sua representação no Gráfico 2. Tabela 6 - Consumo de energia ao longo do dia Hora do dia Tipo de carga Potência da carga Tempo de uso 00:00~03:00 Geladeira + ventilador 265 W 3 horas 03:01~06:00 Geladeira 200 W 3 horas 06:01~09:00 Geladeira 200 W 3 horas 09:01~12:00 Geladeira 200 W 3 horas 12:01~15:00 Geladeira + televisão 290 W 3 horas 15:01~18:00 Geladeira 200 W 3 horas 18:01~21:00 Geladeira + 4 lâmpadas + televisão computador + ventilador 603 W 3 horas 21:01~23:59 Geladeira + 2 lâmpadas + televisão + ventilador 387 W 3 horas Fonte: A Autora 49 Gráfico 2 - Consumo de energia ao longo dia Fonte: A Autora O Gráfico 2 mostrou a representação da carga elétrica em relação ao seu tempo de uso ao longo do dia. Com base no consumo aferido, determinar-se a potência que o sistema eólico deverá ter para ser capaz de fornecer a demanda de energia. Essa potência contínua é a potência média que o sistema eólico deverá fornecer continuamente nas horas em que possui ventos satisfatório no dia para atender à solicitação. De acordo com os dados aferidos da velocidade do vento local, observou-se que o pior caso de ocorrência seria de 6 horas diárias sem vento satisfatório para atender a demanda de energia das cargas. O cálculo da potência contínua, foi feita considerando que terá durante 18 horas ventos satisfatórios para atender a demanda de energia. 4.4 Dimensionamento e Instalação da Turbina e Gerador 4.4.1 Escolha do Tipo da Turbina Ao escolher o tipo do aerogerador foi analisado a velocidade mínima de vento para funcionamento do microgerador eólico, a velocidade de vento em que o microgerador eólico alcança a potência nominal e a velocidade (máxima) de vento em 0 100 200 300 400 500 600 700 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6 1 7 1 8 1 9 2 0 2 1 2 2 2 3 2 3 :5 9 P o tê n ci a el ét ri ca ( W ) Hora do dia 50 que o microgerador eólico desliga. A partir destes dados básicos determinamos o tipo de aerogerador, para áreas urbanas a turbina escolhida é uma turbina de eixo vertical. Dentro dos modelos de aerogeradores verticais, optou-se pelo modelo Darrieus, essa turbina apresenta uma construção simples e de baixo custo. Possui grande eficiência viabilizando a sua utilização para geração de energia elétrica. A quantidade de pás está diretamente relacionada com a estabilidade, geração de ruído e solidez. Com o aumento de número de pás o custo se eleva, os aerogeradores com muitas pás possuem alta solidez e interagem com ventos com velocidade reduzida. Para geração de eletricidade o ideal é aerogeradores com baixa solidez, ou seja, turbinas de duas, três ou cinco pás. Por ser mais silenciosa, comparada com uma turbina de duas pás, e ter o funcionamento mais estável será adotada uma turbina de três pás nesse projeto. 4.4.2 Determinação da Potência e Dimensões da turbina Para os devidos cálculos foram utilizados como referência turbinas já existentes comercialmente. Os cálculos da dimensão da turbina
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