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WBA0551_v2.0 Inovação tecnológica e meio ambiente Políticas Públicas e Acordos Ambientais Internacionais Aspectos Introdutórios Bloco 1 João Vitor Rodrigues de Souza Definição e Conceitos Introdutórios “Poluição refere-se à degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem condições sanitárias ou estéticas do meio ambiente; lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”. (BRASIL, 1981) Definição e Conceitos Introdutórios • Por muito tempo, a poluição foi considerada sinônimo de progresso. • Isso resultou em vários problemas de degradação ambiental. • A partir da década de 1970, os problemas deixaram de ser localizados. • Houve a necessidade da adoção de novas estratégias com relação ao controle da poluição. Figura 1 – Emissão de gases Fonte: Drbouz/iStock.com. Degradação Ambiental – O Caso de Cubatão • Polo industrial implantado na década de 1950. • Instalação da primeira refinaria da Petrobras. • Total de 23 indústrias, 9 das quais responsáveis pela fabricação de produtos químicos. • Ao longo do tempo, um grande passivo ambiental foi deixado na região. Figura 2 – Vila Socó – Cubatão Fonte: Gonçalves (2017). Degradação Ambiental – O Caso de Goiânia • Ponto de partida: Instituto Goiano de Radioterapia. • Catadores desmontaram um aparelho de radioterapia abandonado para fins de comercialização para um ferro velho: • Devair Alves Ferreira (proprietário do ferro velho): ao desmontar a máquina, expôs ao ambiente 19,26 g de cloreto de césio-137 (CsCl) – Característica fluorescente. • A retirada de todo o material contaminado com o césio-137 rendeu cerca de 6 mil toneladas de lixo (roupas, utensílios, materiais de construção etc.). • Condenados (1996): três sócios e funcionários do antigo Instituto Goiano de Radioterapia a três anos e dois meses de prisão, pena que foi substituída por prestação de serviços. Degradação Ambiental – Os casos de Mariana e Brumadinho • Em 2015, a barragem de Fundão da empresa Samarco (controlada pela Vale) rompeu, causando uma enorme onda de lama e 19 mortes e se tornando o maior desastre ambiental do Brasil. • Em 2019, ocorreu um novo rompimento de barragem, sendo a Vale a empresa responsável, com cerca de 270 fatalidades. • Ambos os desastres trouxeram inúmeros problemas sociais, ambientais e financeiros aos municípios atingidos. Figura 3 – Comunidade a jusante da barragem de Mariana Fonte: Josemoraes/iStock.com. Políticas Públicas e Acordos Ambientais Internacionais Legislação Ambiental no Brasil Bloco 2 João Vitor Rodrigues de Souza União Municípios Estados Estrutura e Hierarquia O objetivo das legislações ambientais é disciplinar as relações entre o Homem e o Meio Ambiente, de forma a proteger o meio ambiente e o próprio homem dos efeitos associados à exploração irracional dos recursos naturais. Competências • União: estabelece normas gerais, válidas para todo o Território Nacional. • Estados: estabelecem normas peculiares. • Municípios: estabelecem normas que atendam aos interesses locais. Constituição Federal “Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à Coletividade, o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (BRASIL, 1988) • Promulgada em 5 de outubro de 1988. • Primeira Constituição que trata do meio ambiente de modo específico. Legislações Ambientais • Política Nacional do Meio Ambiente. • Lei de Crimes Ambientais. • Política Nacional de Recurso Hídricos. • Política Nacional de Resíduos Sólidos. • Código Florestal. • Marco Legal do Saneamento. • Etc. Política Nacional do Meio Ambiente • Lei n. 6.938, de 31/08/1981, alterada pelas Leis n. 7.804 e n. 8.028, regulamentada pelo decreto n. 99.274, de 06/06/1990. • Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. • Institui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), que compreende os órgãos e as entidades da União, dos Estados e dos Municípios, incluindo as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e pela melhoria da qualidade ambiental. Órgão Superior Conselho do Governo Órgão Consultivo e Deliberativo CONAMA Órgão Central MMA Órgãos Executores IBAMA e ICMBio Órgãos Seccionais Estados Órgãos Locais Municípios Lei de Crimes Ambientais “Art. 2 Quem, de qualquer forma concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.”(BRASIL, 1998) • Dispõe sobre as sanções penais e administrativas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. • Define os crimes ambientais relacionados à degradação do meio ambiente e as respectivas penas e critérios para a aplicação. Figura 4 – Desmatamento Fonte: Paralaxis/iStock.com. Políticas Públicas e Acordos Ambientais Internacionais Políticas e Acordos Internacionais Bloco 3 João Vitor Rodrigues de Souza Políticas e acordos • Políticas ambientais são importantes em tempos de globalização crescente, pois muitos problemas ambientais se estendem além das fronteiras nacionais e só podem ser resolvidos com cooperação internacional. • Dessa forma, abrange uma série de questões: proteção do clima, política de energia sustentável, preservação da diversidade biológica e conservação de florestas, mares e solos. Políticas e acordos Figura 5 – Pressões mundiais a favor do meio ambiente Fonte: Paralaxis/iStock.com. • Quase todas essas questões precisam de estratégias abrangentes para garantir que a proteção ambiental seja considerada também em outras áreas de política, como a cooperação com países em desenvolvimento. O que são mudanças climáticas? CAUSAS Aumento da emissão de GEE Queimadas de matas e florestas Desmatamento Desenvolvimento urbano sem planejamento Alteração global da temperatura na superfície terrestre CONSEQUÊNCIAS Aumento da temperatura dos oceanos Derretimento de geleiras Intensificação de eventos climáticos extremos Limitação de recursos naturais Atenção: Temperatura x Clima 1988 – Aquecimento Global 1992 – RIO 92 1988 – Criação do IPCC 2009 – Meta nacional de redução de emissões de GEE 1997 – Protocolo de Kyoto 2021 – Conferência do Clima 2015 – Acordo de Paris e Agenda 2030 Evolução histórica Figura 6 – Evolução histórica sobre as discussões climáticas Fonte: elaborada pelo autor. Teoria em Prática Bloco 4 João Vitor Rodrigues de Souza Reflita sobre a seguinte situação • Você resolveu solicitar uma bolsa de estudos para o órgão de fomento da Universidade. A temática que você pretende abordar está relacionada ao tratamento de esgoto. Entre os vários requisitos analisados no pedido, há uma exigência feita pelo órgão de que o trabalho esteja vinculado há um dos recentes eventos históricos relacionados ao clima: Protocolo de Kyoto, Acordo de Paris e Agenda 2030 – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). • Reflita como esses eventos (Protocolo de Kyoto, Acordo de Paris e Agenda 2030) interagem com o tema de sua pesquisa. Como você responderia à solicitação do órgão Como estariam vinculados a sua pesquisa? Norte para a resolução • Os eventos climáticos mencionados (Protocolo de Kyoto, Acordo de Paris e Agenda 2030) visaram produzir um conjunto de objetivos e metas que ajudassem a combater os urgentes desafios ambientais, políticos e econômicos quenosso mundo enfrenta. • Em suma, o Protocolo de Kyoto operacionaliza a Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática –, comprometendo os países e as economias em transição a limitar e reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de acordo com metas individuais acordadas. • Já o Acordo de Paris, firmado em 2015, visou reduzir substancialmente as emissões globais de GEE para limitar o aumento da temperatura global neste século a 2° C, além de fornecer financiamento aos países em desenvolvimento para mitigar as mudanças climáticas, fortalecer a resiliência e melhorar as habilidades de adaptação aos impactos climáticos. Norte para a resolução • Por fim, a Agenda 2030 contempla os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Também conhecidos como Objetivos Globais, foram adotados pelas Nações Unidas em 2015 como um apelo universal à ação para acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir que até 2030 todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade. • Os 17 ODS são integrados, reconhecendo que a ação em uma área afetará os resultados em outras e que o desenvolvimento deve equilibrar a sustentabilidade social, econômica e ambiental. Norte para a resolução • As Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) são projetos concebidos para reduzir o aporte de poluentes em corpos hídricos. Porém, são capazes de promover emissões de GEE. • Nesse contexto, a operação eficiente de uma ETE poderia visar à redução de GEE, reduzindo as emissões desses poluentes que se caracterizam pela contribuição do aumento da temperatura global – o que é objeto do Protocolo de Kyoto, do Acordo de Paris e da Agenda 2030 (saneamento ambiental + mudanças climáticas) – especialmente o ODS 6 (Água Potável e Saneamento) e o ODS 13 (Ação Contra Mudança Global do Clima). Dicas do(a) Professor(a) Bloco 5 João Vitor Rodrigues de Souza Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login através do seu AVA). Algumas indicações também podem estar disponíveis em sites acadêmicos como o Scielo, repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, te convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Leitura Fundamental Indicação de leitura 1 Neste artigo, os autores debatem sobre o papel da avaliação no ciclo das políticas ambientais no Brasil, discutindo os desafios e as perspectivas para o avanço da ferramenta. É feito um levantamento histórico da avaliação, discutindo o conceito, a classificação, os usos e a avaliação das políticas ambientais com base nos pressupostos de que ferramentas desenvolvidas para avaliação de políticas sociais podem ser adaptadas para avaliar políticas ambientais. Referência ASSIS, M. P. et al. Avaliação de Políticas Ambientais: desafios e perspectivas. Saúde Soc., São Paulo, v. 21, supl. 3, p. 7-20, 2012. Indicação de leitura 2 Neste artigo, os autores realizam um estudo exploratório e analítico sob o tema emergente da compatibilidade entre desenvolvimento econômico e políticas públicas ambientais para alcançar a dignidade da pessoa humana, desafio que se apresenta aos órgãos executivos nas esferas interna e externa. Referência MAGANHINI, T. B.; COSTA, A. V. Políticas públicas ambientais: aplicadas ao desenvolvimento econômico e ambiental. Revista Internacional CONSINTER de Direito, [s.l.], n. 8, p. 149-164, jun. 2019. Dica do(a) Professor(a) Dica de filme: O preço da verdade Este filme de suspense conta a história do caso de Robert Bilott contra a corporação de fabricação de produtos químicos Dupont depois que ela contaminou uma cidade com produtos químicos não regulamentados. Referências ANTUNES, Paulo de Bessa. Política Nacional do Meio Ambiente: Comentários à Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, 1988. BRASIL. Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1981. BRASIL. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1998. CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n. 1, de 23 de janeiro de 1986. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 1986. CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n. 307, de 5 de julho de 2002. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2002. GONÇALVES, D. P. Principais desastres ambientais no Brasil e no mundo. Jornal UNICAMP, 2017. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2017/12/01/principais-desastres- ambientais-no-brasil-e-no-mundo. Acesso em: 23 mar. 2022. Bons estudos!