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O ambiente é tão importante para o enfoque Reggio Emilia que se denomina o terceiro mestre

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O ambiente é tão importante para o enfoque Reggio Emilia que se denomina o terceiro mestre. É um elemento mais de aprendizado. Mas, à diferença de outras pedagogias como Montessori, os ambientes são fluidos e podem ser modificados pelas crianças. Diz-se que são ambientes para serem vividos.
>> Pinceladas de Reggio Emilia no lar <<
Quais seriam as características desse ambiente?
Se observamos as escolas Reggio, pretendem ser pequenas e amáveis. Algumas qualidades que poderíamos destacar:
· Importância de todos os elementos arquitetônicos (todos os elementos podem ser utilizados para nossos propósitos: janelas, paredes, chão… há que olhar para além das mesas para criar espaços de aprendizagem).
· Serenidade, bem-estar, luminosidade, alegria e harmonia incrementam a convivência e a interação com outras crianças e com os adultos.
· Importância, portanto, da luz, cheiros, cores, materiais (busca-se um equilíbrio).
· Existem tanto espaços de refúgio e acolhimento como espaços que permitem o movimento.
· Como vemos, o espaço não é um elemento fixo, mas sim se modifica segundo as necessidades.
Logicamente, nem todos nós podemos ter um loft diáfano pronto para interagir em cada esquina por nossos filhos. O que sim é fácil é criar pequenos espaços ou centros de interesses com distintas propostas. Mas, antes de tudo tranquilo. É sua casa, não uma escola (a não ser que você pretenda fazer homeschooling ou unschooling, não é um colégio. Logo, não se preocupe muito pelas infraestruturas).
Exemplos: O cantinho cognitivo (por exemplo, de matemática), o cantinho da construção, o cantinho de arte que aqui é chamado de ateliê, o cantinho da casa (ou cantinho simbólico), o cantinho da leitura, o cantinho de ciências naturais, o cantinho de brincar livre, o cantinho de descanso…
Os ambientes podem ir mudando (recomenda-se cada 15 dias aproximadamente), mas vamos vendo segundo os interesses da criança. Isso é importante para não sobrecarregar o ambiente. Utilizar todos os elementos disponíveis do espaço. Exemplos: Podemos criar jogos no chão. usar cristais e janelas para expor ou fazer arte. Pendurar elementos no teto…
Se uma criança mostra interesse por um tema é nosso dever enriquecer o ambiente com diferentes propostas para seu aprendizado (o veremos, a seguir, com os projetos e com as provocações). Segundo as respostas que nos dê a criança e sua interação com o ambiente, podemos ir variando essas propostas.
Por certo, fazê-la partícipe, com ambientes à sua altura, com facilidade de acesso aos materiais (e a sua recolhida também), com capacidade de decisão (segundo sua idade).
O ateliê ou espaço de arte é um dos espaços mais importantes para Reggio (de fato, em suas aulas, há um especialista, o atelerista). Para Loris Malaguzzi, essa é uma forma de expressão das múltiplas linguagens. Mas também é uma forma de aprendizado.
· O ateliê ou espaço de arte Reggi Emilia
Permite criar um pensamento divergente (criar distintas coisas através de uns mesmos materiais nos da flexibilidade) e também nos ajuda a criar um pensamento crítico. A arte se da desde o cotidiano.
À parte de se expressar, trabalham suas mãos (nos primeiros anos, a manipulação é, absolutamente, imprescindível para o aprendizado e isso é algo que defendem pedagogias como Montessori também).
É, relativamente, simples criar um espaço de arte em casa. O importante é permitir que expressem, de múltiplas maneiras (pintura, escritura, escultura, música e, inclusive, combina-las) com uma variedade de propostas e materiais que, como veremos, agora tem umas particularidades (há que tentar não fechar-se como adulto em que há uma única maneira correta de desenhar, por exemplo, e, ainda que se podem colocar modelos, o desenho ou a expressão serão livres). Também é interessante, sempre que possível, fazer propostas com várias crianças, para fomentar a cooperação.
E, talvez, o que mais nos custe, em Reggio, não se pretende como uma manualidade feita por adultos para ser admirada por elas (se elas nos pedem uma ajuda pontual sim podemos da-la). Tudo o que se expõe, é o que foi feito pelas crianças, cada um a seu nível, n{ao lhes vamos marcando o passo a passo, o que tem que fazer.
Também se dá muita importância à reciclagem e ao uso de materiais disponíveis no entorno, o uso de materiais reciclados é um de seus emblemas. Portanto, não duvidem em utilizar tampas, canudos, esponjas, caixas… preparados para ter o síndrome de Diógene.
Os materiais utilizados não tem uma função concreta (chama-se não estruturados ou abertos), também vocês verão em muitos lugares com o nome de peças soltas ou loose parts, seu nome em inglês está associado a tinker trays, que não é outra coisa que as bandejas com partes soltas colocadas e prontas para começar a experimentar e brincar com elas.
Como dizia, pode-se fazer qualquer proposta (números, criar caras, fazer torres…) com elas ou deixar que as crianças, livremente, experimentem (segundo seu momento evolutivo e interesses, farão coisas distintas). É certo que nem tudo vale, o respeito pelo material tem que ser um limite a se colocar.
Sempre aconselho ir de menos a mais, sobretudo com crianças pequenas e as não acostumadas a esse tipo de materiais. É melhor colocar poucas coisas bem distribuídas. Já teremos tempo de ir acrescentando mais peças soltas.
Como sempre, a ordem e a beleza são fundamentais. É recomendável colocar as peças soltas em cestas, caixas, bandejas com divisórias que incrementem as suas qualidades estéticas e faça mais fácil serem recolhidas. Porque sim, o caos pode ser um dos grandes “poréns” desses materiais.
No caso de introduzi-los em casa, sempre recomendo começar por materiais reciclados, como tampas, pregadores… (são grátis e nos permitem aproximar as crianças a esse tipo de jogo). Também há lojas geniais e muito baratas (desde as de artigos chineses, lojas Flying Tiger, TEDi, algumas online como Babycaprichos ou Jugarcontigo…) para encontrar muitíssimo material a bom preço.
Outra proposta habitual para as peças soltas são os minimundos. Segundo a página mamaextraterrestre.com é um jogo simbólico não estruturado, são cenários ou contextos desde os quais as crianças brincam de forma livre.
A mesa de luz é, sem dúvida, um dos recursos mais conhecidos do enfoque Reggio, de fato muita gente fica por aqui. E é que, dentro do uso do ambiente, o uso da luz nos permite fascinar-nos e, ao mesmo tempo, centrar a atenção das crianças (e não somente a delas). Portanto, assim respondemos à habitual pergunta: para que serve? O que posso fazer com ela? Esse é uma mesa branca cuja característica de luz nos permite dar-lhe outras qualidades aos materiais e aumentar a concentração.
Ligado aos materiais do enfoque Reggio Emilia está o como dispomos as peças no ambiente para captar a atenção e potenciar o aprendizado, a relação e a interação das crianças com os materiais e entre elas também. Isso não é outra coisa que as provocações. Trata-se disto mesmo, de provocar que manipulem, inspirem, brinquem, experimentem e aprendam, aprofundando, cada vez, em ideias de seu interesse. Podemos fazê-lo como uma primeira aproximação a um tema (por exemplo, a um projeto que queremos trabalhar porque o estão dando no colégio, as provocações podem se adaptar ao currículo, mas não nasceram com esse espírito), ainda que o mais indicado é seguir os interesses da criança.
Há que ter em conta que não devemos ser diretivos. Nós, os adultos, dispomos dos materiais de uma maneira muito pensada, mas logo, cada criança fará com eles coisas distintas. Se vemos que não funciona, não passa nada, podemos tenta-lo outro dia ou momento e acrescentar alguma modificação mais adiante. O mais habitual é que nos surpreendam.
Para fazer as provocações não precisamos grandes materiais.

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