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INTRODUÇÃO 
 
Antigamente os jogos e as brincadeiras eram tratados apenas como um 
passatempo para as crianças, sendo feitos sem qualquer significado 
pedagógico, existiam apenas para distração. 
Segundo Kishimoto (1993), no início do século XX, algumas instituições 
de ensino, a partir de teorias pedagógicas, influenciadas por Frobel, Claparède, 
Dewey, Decroly e Montessori, desenvolveram os jogos e brinquedos na 
educação infantil e com o passar do tempo foi se tornando mais claro a 
possibilidade de utilizá-los para desenvolver a aprendizagem de forma lúdica. 
De acordo com Piaget (1974) os jogos não são apenas uma forma de 
entretenimento para gastar a energia das crianças, mas um meio que contribui 
e enriquece o desenvolvimento intelectual. Para Kishimoto (1996) a teoria 
piagetiana adota a brincadeira como uma conduta livre, onde a criança expressa 
a sua vontade com o prazer que a brincadeira lhe dá. 
A importância do brincar para o desenvolvimento infantil está inserida na 
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), pois através dele é estimulado o 
desenvolvimento cognitivo, social, afetivo, psíquico e físico, além de ser um dos 
seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento da criança. Brincar de 
diferentes formas, em diferentes lugares, com diferentes pessoas, ampliando 
seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências 
emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais 
(SOARES, 2014). 
Este assunto tem conquistado seu espaço no cenário nacional, 
principalmente na educação infantil (MAURÍCIO, 2011). Acreditando nesse 
direito será realizada uma pesquisa com o objetivo de tratar a importância da 
Atividade Lúdica (jogos, brinquedos e brincadeiras) no processo de 
aprendizagem da Educação Infantil, visando disseminar informações obtidas por 
meio de uma pesquisa bibliográfica sobre teóricos que defendem a ludicidade e 
brincadeiras na educação infantil. A escolha do tema se deu pelo interesse de 
buscar novos conceitos a respeito das atividades lúdicas na prática pedagógica, 
pois percebe-se que o ensino e aprendizagem na maioria das vezes continuam 
insatisfatórios, o que sugere mudanças no âmbito educacional. 
A bibliografia relacionada ao assunto, destaca a importância de se obter 
novos conhecimentos para desenvolver trabalhos pedagógicos na educação 
infantil. Pois através do lúdico, é possível ensinar de uma forma em que o 
conhecimento dos alunos, se amplie significativamente a partir do que já trazem 
em sua bagagem cultural. 
Para um melhor entendimento, esse trabalho é apresentado e dividido em 
três capítulos, onde no primeiro capítulo, é abordada a utilização de jogos, 
brinquedos e brincadeiras como recursos didáticos, no segundo capítulo, a 
formação docente e o trabalho com o lúdico na educação infantil e concluindo, o 
terceiro capítulo aborda a prática do lúdico na educação infantil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS COMO RECURSOS 
DIDÁTICOS 
 
Quando a criança brinca muitas aprendizagens estão ocorrendo, quando ela 
está em uma atividade lúdica, se organiza inteiramente em função da sua ação. 
É indispensável que a criança sinta atração pelo brinquedo e nossa função como 
mediadores é mostrar a ela as possibilidades de exploração que ele oferece. 
 Friedrich Fröebel, pedagogo alemão, defendia “que a pedagogia considere 
a criança como atividade criadora e desperte, mediante estímulos, os métodos 
lúdicos na educação. O grande educador consegue, pelo jogo, um admirável 
meio para promover a educação das crianças” (Cotrim e Parisi 1985, p 77). 
 John Dewy, pedagogo e filosofo norte-americano, relatou que o jogo “faz o 
ambiente natural da criança, ao passo que as referências abstratas e remotas 
não correspondem ao interesse da criança”, e que “ a escola deve representar a 
vida presente, uma vida tão real e vital para a criança como a que vive em sua 
casa na vizinhança ou no campo de jogo” ( Dewey 1940, p22) 
 É brincando que a criança começa a se relacionar com as pessoas, a 
descobrir o mundo, a se desenvolver com o que aprendeu. Ela se desenvolve 
com mais saúde, diminuindo o estresse, aumentando a criatividade e a 
sensibilidade e estimulando o social. Brincar é uma das ações mais importantes 
da infância, é a atividade que permite que a criança desenvolva todo o potencial 
que existe nela, desde os primeiros anos de vida. Portanto pode-se dizer que é 
por meio da brincadeira que faz a criança ser criança, Luckesi diz: 
 
[...] o que a ludicidade traz de novo é o fato de que o ser humano, 
quando age ludicamente, vivencia uma experiência plena. [...] 
Enquanto estamos participando verdadeiramente de uma atividade 
lúdica, não há lugar, na nossa experiência, para qualquer outra coisa 
além desta atividade. Não há divisão. Estamos inteiros, plenos, 
flexíveis, alegres, saudáveis. [...] Brincar, jogar, agir ludicamente exige 
uma entrega total do ser humano, corpo e mente ao mesmo tempo. 
(LUCKESI, 2000, p. 21). 
 
1.1 A Origem dos Jogos, brinquedos e brincadeiras 
 
 A história dos jogos, brinquedos e brincadeiras, assim como toda história 
é uma construção da humanidade, sempre se moldando às necessidades de 
cada época e local, a maioria deles chegaram ao Brasil vindos da Europa, África 
e até mesmo do Oriente e dos povos indígenas. Dentre os autores que expõe a 
importância sobre essas histórias, destacamos: Kishimoto, Philippe Ariès e 
Brougère. 
 Segundo Ariès (1978) a infância é reconhecida por volta do séc. XVI e a 
maioria dos jogos como de saquinhos (ossinhos), amarelinha, bolinha de gude, 
jogo de botão, pião, pipa, assim como contos, lendas e histórias, chegaram por 
interferência dos primeiros portugueses. Não se sabe ao certo onde deu início, 
já que cada cultura tem sua própria analogia. Entre os povos da mesopotâmia 
foram encontrados vários registros de atividades que retratavam os aspectos da 
época, já na antiguidade os gregos e romanos deixaram um legado muito 
importante como as atividades físicas e as primeiras bonecas. 
 De acordo com Brougère (1998) os jogos romanos eram divididos entre 
teatro, mímica, dança, concursos de poesia e circo e do outro lado por corridas 
de biga, combates, encenações de animais, caça e jogos atléticos que vagavam 
entre a religiosidade e a política. Na Grécia faziam luta e combate por concurso, 
jogos públicos e ginásticos, inclusive lá foram realizadas as primeiras olimpíadas 
que a princípio eram de modo religioso e somente em 1986 foram realizados os 
jogos olímpicos modernos, e é nessa fase que tem a separação muito importante 
entre o jogo e religião, mesmo sendo de aparência desordeira e violenta, 
começa-se a ver o sentido da aprendizagem e a construção da identidade. Tudo 
isso voltado aos adultos, pois junto com as primeiras guerras surgiu uma 
necessidade por ela criada, logo os jogos eram para satisfazer essa 
necessidade. 
Como parte da cultura popular, o jogo tradicional guarda a produção 
cultural de um povo em certo período histórico. Essa cultura não oficial, 
desenvolvida pela oralidade, não fica cristalizada. Está sempre em 
transformação, incorporando criações anônimas das gerações que vão 
se sucedendo. Por ser elemento folclórico, o jogo tradicional assume 
características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, 
mudança e universalidade. Não se conhece a origem desses jogos [...] 
os jogos assentam-se no fato de que povos distintos e antigos como 
os da Grécia e Oriente brincaram de amarelinha, de empinar 
papagaios, e até hoje as crianças o fazem da mesma forma. 
(KISHIMOTO, 1993, p. 15) 
 
 Por volta do século XVII a educação através dos jogos passou a ser mais 
valorizada, adotando medidas menos radicais, sendo introduzidos nas escolas 
para relaxamento. 
 De acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Criança, “Todacriança tem direito à alimentação, habitação, recreação e assistência médica.” 
Então cabe à família, à escola e à sociedade garantir este direito, por meios de 
ações. 
 A porta de entrada à cultura para as crianças são as brincadeiras, assim 
podendo identificar sua própria cultura, esse pequeno ato é um ponto 
fundamental para o equilíbrio do ser humano, pois além de ter a função 
pedagógica também é prazeroso e terapêutico. Brincar é tão natural, quanto a 
própria criança não ter como entender sua vida sem o seu brinquedo, pois cria 
um desenvolvimento proximal, trazendo a imaginação, a imitação e as regras na 
vida delas, mostrando quando é a hora de brincar, compartilhar, organizar e 
guardar dando as responsabilidades desde cedo. 
 De acordo com Brougère (1998) com as misturas de etnias no Brasil as 
crianças nasciam e recebiam as influências de cultura indígena, portuguesa e 
africana, isso só nas brincadeiras, pois suas mães nunca deixavam de transmitir 
a história de suas terras, por isso muitos brinquedos conhecidos hoje eram 
passados de geração em geração e fazem parte do folclore brasileiro. 
 Os adultos sempre introduziram brinquedos para as crianças, isso explica 
os inúmeros estudos sobre a influência que eles ocupam no seu 
desenvolvimento, por exemplo, uma criança indígena através da brincadeira com 
arco e flecha, que é uma atividade para adultos, aprenderá a sobrevivência de 
sua comunidade, então nota-se que existe uma conexão entre a natureza dos 
jogos e brinquedos e a vida da criança na sociedade. 
 De acordo com Kishimoto (1993) não tem história de uma sociedade, sem 
uma história de jogo, como parte da identidade de um povo. A história da cultura 
lúdica é importante para a construção humana, marcada por relações 
socioculturais particulares a cada tempo e sociedade. 
 
1.2 A Importância do lúdico na formação da criança 
 
 De acordo com Kishimoto (2011) as brincadeiras e os jogos sempre 
fizeram parte da vida das pessoas, para a maioria dos adultos é apenas uma 
recordação. Essas atividades proporcionam benefícios às crianças, já que o 
brincar faz parte do mundo infantil, faz parte da natureza humana, permite buscar 
conhecimento numa troca intensa de fora para dentro. 
 Os jogos e as brincadeiras ajudam as crianças a vivenciarem regras 
preestabelecidas que devem ser respeitadas. Com isso, elas entendem que para 
tudo existem regras e ao mesmo tempo desenvolvem uma atividade lúdica. Elas 
aprendem a esperar a sua vez e a ganhar e perder. Incentivam a autoavaliação, 
constatando por si mesma os avanços que é capaz de realizar, fortalecendo 
assim sua autoestima. 
 
Alguns dos jogos “tradicionais brasileiros”, são: queimado/caçador, 
carniça, pique, cabra-cega, escravos de Jó, peteca, amarelinha, 
chicotinho queimado, pau de sebo, cabo de guerra, totó/pebolim, 
bambolê, ciranda, cirandinha, futebol de botão, pião, passa anel, 
estátua, palitinhos, malmequer, reco-reco, papagaio, pipa, arraia. 
Fonte: Kishimoto (1993). 
 
 Fica claro nas obras de Piaget (1978) que o brincar não é apenas uma 
forma de entretenimento ou apenas para ocupar as crianças, mas também 
colaboram com o desenvolvimento intelectual. Segundo ele, o livre acesso a 
manipulação dos materiais mais variados faz com que a criança reinvente as 
coisas, contribuindo para seu crescimento interior, fazendo a transformação do 
lúdico em uma coisa real, construindo seus próprios conceitos, estimulando o 
mundo imaginário, ampliando os horizontes para o desenvolvimento de sua vida 
social. 
 Brincar é usar a imaginação e colocá-la em ação. O bom jogo não é 
aquele que pode ser dominado corretamente pela criança, mas o que faça com 
que ela possa jogar de maneira lógica e desafiadora, e que estimule suas 
atividades mentais ampliando sua capacidade de cooperação, libertação, 
liderança e competição. 
 É uma necessidade da criança, a brincadeira com as coisas do mundo 
adulto, pois elas precisam fantasiar, criar, mexer etc., para que se tornem adultos 
seguros, capazes de fazer escolhas, tomar decisões, enfim, viver em harmonia 
consigo mesmo e com a sociedade. 
 Nem sempre, se têm o conhecimento do valor da brincadeira, acreditando 
que o brincar seja somente um entretenimento, como se não tivesse outras 
utilidades mais importantes, não percebem que no momento em que a criança 
está brincando, consequentemente ela está aprendendo, experimentando o 
mundo, elaborando sua autonomia de ação, organizando suas emoções. Sendo 
assim, os educadores estão contribuindo com o desenvolvimento e 
amadurecimento tanto físico quanto mental, ajudando na formação de um adulto 
e facilitando a socialização entre ele e o mundo. 
 
1.3 Como o brincar facilita o processo educacional 
 
 Segundo Friedmann (1996) os jogos têm uma função social muito 
importante para a criança. No início eram vistos apenas como um recurso para 
distração e recreação não contribuindo para a aprendizagem. Ao longo dos 
tempos foram se moldando às necessidades de cada época, fundindo cultura 
local e novas culturas, dando-se a complexidade da definição de jogos, 
brinquedos e brincadeiras, pois cada cultura estabelece um significado diferente 
e o que é visto como uma brincadeira lúdica para uns, são atividades importantes 
na educação para outros. 
 De acordo com Vygotsky (1984) o educador tem que estar ciente que não 
é só deixar a criança brincando livremente, deve utilizar apropriadamente as 
atividades didáticas, sendo ele o mediador entre os objetos e as crianças e nunca 
deve ser levado como objetivo de preencher um tempo vago, criando sempre um 
objetivo a ser alcançado. Nesta visão, o desenvolvimento da criança é mais 
aproveitado nas atividades lúdicas do que nas lições pedagógicas do dia a dia. 
 Na educação de modo geral, e principalmente na Educação Infantil o 
brincar é um potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, 
através do lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. A proposta 
do lúdico é promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é 
incorporar o conhecimento através das características do conhecimento do 
mundo. O lúdico promove o rendimento escolar além do conhecimento, 
oralidade, pensamento e o sentido. 
 Segundo O Referencial Curricular Nacional, para a educação, brincar é 
um ganho enorme e não perda de tempo, sendo uma atividade fundamental para 
o desenvolvimento da identidade e autonomia, pois a comunicação através dela, 
começa desde muito cedo, por meio dos gestos e dos sons, desempenhando no 
futuro, o papel importante para imaginação e fantasia. 
 A criança não tem nenhuma preocupação em adquirir conhecimento, 
portanto, o brincar é a melhor forma de comunicação e de aprendizagem 
aproximando o lúdico com o mundo real, através disso a criança desenvolve seu 
intelecto e habilidades para vida como interagir socialmente, ter empatia, 
resolver problemas desenvolver autoconfiança, respeitar regras e estimular a 
imaginação, já que cada atividade tem uma finalidade diferente. 
 Piaget (1975) apud Cória-Sabini (1998) critica os métodos tradicionais de 
ensino, pois aquilo que o professor transmite fica sem ser compreendido pela 
criança, não sendo um instrumento útil para ser aplicado em diferentes 
situações, fora e dentro da sala de aula. Defende o método ativo de ensino, ou 
seja, aquele que estabelece diálogo com as características do pensamento 
infantil, propõe que a sala de aula deve ser um espaço aberto onde a cooperação 
se faz presente nas relações entre o professor e aluno. A escola deve se voltar 
para uma educação prazerosa, no qual o aluno tenha interesse em realizar suas 
atividades e motivação em aprender, onde os professores quebrem os 
paradigmas de currículos rígidos e abrem as portas para uma educação lúdica e 
uma aprendizagem flexível. 
 Na educação infantil, a ludicidade facilita a convivência entre as crianças 
e os professores,com isso nota-se que o lúdico beneficia o desenvolvimento de 
uma prática educativa em torno das necessidades das crianças, por proporcionar 
um ambiente favorável. Não se trata só de uma complementação, o momento 
lúdico é um auxiliar fundamental no processo educativo, onde se aprende 
brincadeiras que desenvolvem objetivos reais e significantes sem que percebam. 
Assim, “as aulas lúdicas parecem preencher uma importante lacuna: a catarse 
da alegria, além do afeto mútuo envolvendo professor/criança e 
crianças/crianças” (MIRANDA, 1964, p. 83). 
 O jogo testa habilidades físicas, como correr, pular, desenvolve também 
a aprendizagem da linguagem e a habilidade motora. Já a brincadeira em grupo 
favorece alguns princípios como o compartilhar, o solidarizar, o cooperar, o 
liderar, o competir e o mais importante, o obedecer às regras. É uma forma da 
criança se expressar, de manifestar seus sentimentos e desprazeres. Assim, o 
brinquedo passa a ser a linguagem da criança. 
 De acordo com Resende (1999): 
Não queremos uma escola cuja aprendizagem esteja centrada nos 
homens de “talentos”, nem nos gênios, já rotulados. O mundo está 
cheio de talentos fracassados e de gênios incompreendidos, 
abandonados à própria sorte. Precisamos de uma escola que forme 
homens, que possam usar seu conhecimento para o enriquecimento 
pessoal, atendendo os anseios de uma sociedade em busca de 
igualdade de oportunidade para todos. 
 
 
 Através dos jogos, uma série de situações que envolvem equilíbrio e 
desafios corporais para as crianças com uso de objetos, de obstáculos e alvos 
podem ser criados. Combinados entre si, podem garantir situações de 
aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo e social da criança. 
 Dentro de casa, o espaço reservado à atividade lúdica da criança, 
podendo ser o quarto, o quintal, o pátio, a área comum de um condomínio e 
outros, é “transformado” pela criança, dentro de suas possibilidades, para 
adaptá-lo à sua brincadeira. Já na escola, a própria sala de aula pode ser 
transformada em espaço de jogos, podendo ser desenvolvidas atividades 
aproveitando mesas, cadeiras, divisórias etc. como recursos. Assim como, fora 
da sala, sobretudo no pátio, a brincadeira “corre solta” e a atividade física 
predomina. Fazendo a transformação do lúdico em uma coisa real, construindo 
seus próprios conceitos, estimulando o mundo imaginário, representado pela 
conquista de quem pode sonhar, sentir, decidir, arquitetar, aventurar e agir com 
energia para superar os desafios da brincadeira, recriando o tempo, o lugar e os 
objetos que contribuirão para seu crescimento interior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 – A FORMAÇÃO DOCENTE E O TRABALHO COM O LÚDICO NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Quando o lúdico é trabalhado pedagogicamente, pode ser uma 
ferramenta fundamental na aprendizagem, no desenvolvimento cognitivo, afetivo 
e social da criança. Todos os professores e futuros professores da educação 
infantil, devem adquirir conhecimentos para trabalhar com a ludicidade no 
ensino/aprendizagem, pois a prática educacional voltada para o lúdico facilita a 
aprendizagem, tornando-se um mecanismo de maior assimilação e fazendo 
menção ao prazer, à satisfação, à brincadeira, à espontaneidade e à alegria ao 
desenvolver as atividades. 
Para Vigotsky (1989) o objetivo da ludicidade se resume em um espaço 
para a criança brincar, como forma de reorganizar experiências. É possível 
adquirir conhecimento através da brincadeira remetendo-se às soluções dos 
problemas. 
A educação se torna mais eficiente quando proporciona atividades 
significantes e participativas às crianças; é por esse motivo que o lúdico aparece 
como uma forma de educar e aprender, pois é considerada a melhor forma para 
conduzir a criança à atividade, à auto expressão e à socialização, que de fato, 
possibilita uma grande contribuição para a educação infantil. Quando são 
realizadas atividades lúdicas, as crianças engajam-se de maneira mais 
prazerosa e assim trazendo benefícios à estrutura do corpo e da mente. 
 
Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo, 
adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o 
ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações 
sociais, o brinquedo desempenha um papel de relevância para 
desenvolvê-la. (Kishimoto, 1999, p. 36). 
 
 Para Szymanski (2006), é fundamental no processo de aprendizagem, 
trabalhar com o lúdico partindo de ações pedagógicas que valorizam jogos, 
brinquedos, histórias infantis, música e poesia, onde as crianças desenvolvam a 
representação simbólica. As histórias, músicas e poesias infantis trazem um 
grande leque de possibilidades para utilizar o lúdico em sala de aula, com elas, 
as crianças poderão dançar, interpretar, declamar, mostrando suas habilidades 
que dificilmente são detectadas pelo professor em uma aula “normal”. 
 2.1 O papel do professor na aprendizagem por meio da brincadeira 
 
 Segundo Bomtempo (1999), é função do educador fazer o papel de 
mediador do conhecimento no ambiente escolar, e para que o jogo seja um bom 
instrumento de ensino para as crianças, é preciso que o professor goste de 
brincar e, principalmente, respeitar a criatividade e espontaneidade das crianças 
durante as brincadeiras. As brincadeiras por sua vez, são um bom meio de 
interação entre as crianças, onde umas podem ensinar e ajudar as outras a 
desenvolver habilidades que ainda não amadureceram, proporcionando assim a 
ZDP (zona de desenvolvimento proximal) proposta por Vygotsky. Para que essa 
interação se dê da melhor forma possível, é necessário que o professor saiba 
quando e de que maneira interferir no jogo das crianças, procurando guiar e 
auxiliar fazendo parte do jogo. 
 
A distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de 
desenvolvimento potencial, caracteriza o que Vygotsky denominou de 
Zona de Desenvolvimento Proximal: "A Zona de Desenvolvimento 
Proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas 
que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, 
mas que estão, presentemente, em estado embrionário" (Vygotsky. 
1984, p. 97). 
 
 Segundo a ideia de Vygotsky (2001, p. 114) "O único bom ensino é aquele 
que se adianta ao desenvolvimento". Então, o processo educacional na escola 
deve iniciar a partir dessa zona de desenvolvimento real dos alunos, objetivando 
estimular a zona de desenvolvimento proximal e atingir a zona de 
desenvolvimento potencial delas. Nesse contexto, o professor tem um papel 
importantíssimo para interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos, 
estimulando o desenvolvimento a partir de demonstrações, fornecimento de 
pistas, instruções e assistência. 
 
A criança não tem condições de percorrer, sozinha, o caminho do 
aprendizado. A intervenção de outras pessoas –que, no caso 
específico da escola, são o professor e as demais crianças –é 
fundamental para a promoção do desenvolvimento do indivíduo. 
(Oliveira, 1993, p. 63). 
 
 Sendo assim, as crianças são tão importantes nesse processo, quanto os 
professores, pois é a partir da troca de informações e estratégias entre elas, que 
a zona de desenvolvimento proximal é estimulada. Como já foi citado, o 
brinquedo e as brincadeiras criam uma zona de desenvolvimento proximal no 
indivíduo, e o incentivo que os professores realizam, envolvendo a criança em 
brincadeiras, principalmente as que promovem o pensamento imaginário, tem 
forte função pedagógica (Oliveira, 1993). 
 Alguns professores preferem escolher qual tipo de brincadeira ou jogo 
será utilizado, podendo influenciar de forma negativa, na liberdade de escolha 
da criança, com isso, a brincadeira perde um pouco a sua característica de ser 
espontânea e livre. Porém, a maioria dos professores costuma aceitar e acatar 
as sugestões feitas pelos seus alunos (Martins, Vieira & Oliveira, 2006). 
 Sendo assim, a participação doprofessor, no âmbito escolar, para a 
aprendizagem infantil através da brincadeira é de suma importância, tanto para 
que haja essa mediação citada por Vygotsky, quanto para se ter uma maior 
organização da brincadeira, de maneira que não se perca o foco da proposta 
inicial de aprender e ensinar. 
 
2.2 O Lúdico e a formação profissional do educador 
 
 Profissionais qualificados, informados, atualizados para que possam 
acompanhar as mudanças educacionais, comportamentais e sociais dos alunos, 
agregando valor à aprendizagem, à formação e aos métodos e práticas de 
ensino, são requisitos exigidos pela sociedade contemporânea na educação. O 
fato de ser professor já abrange responsabilidades mais exigentes do que 
apenas ministrar aula, pois formar cidadãos é um fenômeno que acarreta certa 
plenitude e exige do “professor uma formação primorosa e a sua formação inicial 
merece destaque já que se constitui o pré-requisito legal para o exercício da 
profissão e o substrato sobre o qual é construída toda a sua carreira” (DEMO, 
2002). 
 Para atingir uma educação de qualidade, os docentes possuem um papel 
essencial no desempenho dos esforços para todas as crianças. Em muitos 
países, crianças ficam fora da escola sem adquirir conhecimentos básicos, pelo 
simples fato de não haver um número suficiente de professores qualificados, 
trazendo com isso, consequências negativas para elas e para o desenvolvimento 
da sociedade. Portanto, os professores são peças fundamentais para que as 
metas de educação propostas pelo governo sejam alcançadas. Metas essas que 
objetivam proporcionar uma educação de qualidade a todas as crianças. E como 
foi exposto, a escassez, cada vez maior de professores qualificados, tornou-se 
o principal obstáculo para atingir esses objetivos (FACCI, 2004). 
 Há muito a ser mudado, pois a formação dos educadores é um dos 
principais problemas da educação brasileira, por falta de valorização e 
reconhecimento pelos seus governantes, falta de apoio das famílias e da 
sociedade, cabe aos educadores se unirem em busca de um mesmo ideal. 
 Segundo Demo (2002), a qualidade de ensino e a formação do educador 
é um assunto de suma importância, pois a educação abrange mais que 
simplesmente formar para ministrar aulas, compete saber a qualidade da 
educação que o professor vai transmitir aos cidadãos sobre seu entendimento, 
por isso, nos dias de hoje, requer profissionais qualificados e atualizados cuja 
formação foi através de novos métodos de ensino. 
 Autores como Lapo & Bueno (2002) constataram indicadores de 
insatisfação no exercício do educado, destacando a falta de apoio técnico-
pedagógico, a falta de recursos, escassez de materiais e principalmente a falta 
de incentivos ao aperfeiçoamento profissional, concluindo que para evitar a 
desistência dos professores que são fundamentais à sociedade, é imprescindível 
que o aprendizado seja produtivo, transformando o contexto escolar a seu 
próprio modo, com esforço e qualidade. 
 Infelizmente, a grande maioria das instituições educacionais ainda se 
baseia numa prática que considera a ideia do conhecimento como repetição, sob 
uma ótica comportamentalista e não como um saber historicamente construído. 
Por isso é importante uma educação mais abrangente, que faça com que os 
professores procurem outros meios para suprir as carências encontradas nessas 
instituições formadoras de professores. 
 Trazendo o estudo das universidades de educação para a realidade, nota-
se que houve uma mudança no currículo do curso de pedagogia em diversas 
partes do país com o objetivo de aproximá-lo das exigências do mundo do 
trabalho e da educação contemporâneos. Essas mudanças se deram para 
responder aos anseios por mudanças reclamadas desde os anos oitenta, 
quando professores e alunos desse curso, formularam críticas e propostas 
alternativas à proposta implantada em 1969. 
 Debate referente a essa formação “adequada” em sala de aula, como 
também a baixa remuneração dos professores e condições precárias de ensino, 
foi realizado e em resposta a esse debate, a LDB nos diz em seu Art. 62 que: 
 
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em 
nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em 
universidades e institutos superiores em educação, admitida como 
formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e 
nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em 
nível médio, na modalidade Normal. 
 
 Assim, a mudança resultou em um novo currículo com maior número de 
disciplinas cujas ementas incluem os elementos para a compreensão dos 
fundamentos teóricos do lúdico, seu papel no desenvolvimento do ser humano e 
as implicações para a prática educativa, e consideram ser possível uma 
educação voltada para a formação nos quesitos éticos, estéticos, cognitivos, 
sociais, afetivos e corporais, atentando para a importância do prazer, da alegria 
nos mais variados espaços e tempos. 
 Na sua formação, estimular o educador a viver a experiência 
proporcionada pelo lúdico, aprimorando seus conhecimentos, faz com que tenha 
mais confiança para desenvolver sua função e coloque em prática quando estiver 
em sala de aula, tornando a aula mais prazerosa para ele e para os alunos. 
 Segundo Cardoso (2008), a ludicidade é um momento de plenitude, 
provoca a entrega total do sujeito com a atividade realizada, proporcionando 
incríveis experiências para as crianças e para o educador, não se limitando 
somente a jogos e brincadeiras, envolvendo várias possibilidades de criatividade 
e integração como um todo. 
 
A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e 
não pode ser vista como apenas diversão. O desenvolvimento do 
aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, 
social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para 
um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, 
comunicação, expressão e construção do conhecimento. (SANTOS; 
CRUZ,1997, p.12) 
 
 Diante dos argumentos apresentados, vale o seguinte questionamento: 
Por que incluir o lúdico na formação do professor? 
 Conforme Santos (1997), o lúdico, possibilitaria ao educador se conhecer 
como pessoa, detectar suas possibilidades e limitações, sentir a importância do 
jogo e do brinquedo na vida da criança, do jovem e do adulto. O professor não 
deve acomodar à realidade social em que vive, deve assumir o seu papel e ser 
capaz de colocar mais cor, mais sabor, mais vida, tanto na sua vivência, como 
naquilo que se propõe a fazer e isso só é possível quando ele reconhece os 
benefícios que o lúdico lhe trouxe durante todo o seu desenvolvimento. 
 Na formação acadêmica, os professores normalmente relacionam com 
pouca intensidade a formação profissional e a ludicidade, não oferecendo ao 
educador em formação, em algumas vezes, um embasamento teórico que 
permita compreender efetivamente a ludicidade como um fator de 
desenvolvimento humano. Isso acontece devido a ludicidade ainda não ser vista 
como uma dimensão importante e que deve ser estudada e vivenciada em sua 
plenitude. As atividades artísticas e as recreativas, por exemplo, só são 
permitidas pelos professores, quando não planejaram a aula a ser ministrada, ou 
quando estão indispostos ou em situações de prêmio por bom comportamento 
ou às vezes, em datas comemorativas. 
 A vivência da ludicidade durante a formação do educador instiga o ato 
crítico, criador e recriador, aguça a sensibilidade, a alegria de viver e o espírito 
de liberdade, com isso a manifestação lúdica estimula o viver de experiências 
prazerosas pela geração de novos e relevantes valores como a lealdade, o 
respeito ao outro a cooperação e a solidariedade. Não só com o objetivo de 
ampliar seus estudos, mas para ter conhecimento ao longo da vida, o educador 
em formação tem que estar disposto a aprender e deixar de lado seus pré-
conceitos,entendendo que a aprendizagem é continua. 
 Segundo Feijó (1992), “o lúdico é uma necessidade básica da 
personalidade, do corpo e da mente e faz parte das atividades essenciais da 
dinâmica humana”. Portanto, de forma que venha aperfeiçoar sua prática 
pedagógica, é importante que o professor descubra e trabalhe a dimensão lúdica 
existente em sua essência e no seu trajeto cultural. 
 
A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o 
professor pudesse pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, 
relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer 
tipo de aula. (Campos,1986, p.111) 
 A dimensão lúdica na formação do educador permite que ele se questione 
quanto a sua postura e conduta em relação ao objetivo principal de proporcionar 
aos alunos um desenvolvimento integral no qual a competência técnica combina 
com o compromisso político. 
 
 
 
LUCKESI, Cipriano C. Educação, Ludicidade e Prevenção das Neuroses 
Futuras: uma Proposta Pedagógica a partir da Biossíntese. 
Ludopedagogia, Salvador, BA: UFBA/FACED/PPGE, v. 1, p. 9-42, 2000. 
 
BROUGÈRE, G. Brinquedo e Cultura. São Paulo: Cortez, 1995. 
 
ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara, 1978. 
 
Monografia – O Lúdico: Jogos, Brinquedos e Brincadeiras na Construção do 
Processo de Aprendizagem na Educação Infantil 
https://pedagogiaaopedaletra.com/monografia-o-ludico-jogos-brinquedos-e-
brincadeiras-na-construcao-do-processo-de-aprendizagem-na-educacao-
infantil/ 
 
CUNHA, N. H. S. Brinquedo, linguagem e alfabetização. 2. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2010. 127 p. 
CUNHA, N. H. S. Brinquedos, desafios e descobertas. Petrópolis: Vozes, 
2005. 213 p. 
 
A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS NO PROCESSO DE ENSINO E 
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-importancia-das-
brincadeiras-no-processo-ensino-aprendizagem-educacao-infantil.htm

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