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TRABALHO MITO

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ARQUÉTIPOS E MITO ARTICULAÇÃO CLÍNICA
Alunas do 4º e 5º períodos de Psicologia
Bruna Kreitlow da Silva
Eduarda Garcia Altoé 
Hevelyn de Jesus Zibel
Laudiceia A. Veloso dos Santos
1-DEFINIÇÃO DE MITO
Mito têm conceito amplo e complexo, por trás de uma palavra bem apresentada. É uma narrativa, um discurso, uma fala. É uma forma de a comunidade refletir suas contradições, exprimirem seus paradoxos, dúvidas e inquietações, é também refletir sobre a existência o “estar no mundo”. O mito também tem uma difícil definição por poder significar muitas coisas, e representar várias idéias e uma variedade de contextos. Mito não tem uma narrativa qualquer ou até mesmo uma fala qualquer, é uma narrativa especial e particular, pode ser capaz de ser distinguida das demais narrativas humanas.
De uma forma bem simplória pode-se dizer que mitos são contos clássicos, quase continuamente sobre divindades, heróis ou criaturas do contexto espiritual, animal, fantástico, narrativo, que esclarecem por que o mundo é da maneira que é ou por que os indivíduos agem da forma que agem. Sujeitos em todos os momentos e de diversas civilizações averiguaram que a vida está carregada de enigmas.
Buscando elucidar questionamentos acerca de diversos mistérios da humanidade, os indivíduos criaram contos, histórias, personagens que ultrapassam a vivência trivial e habitual e que se aprofundaram em distantes civilizações. Dessa forma, os mitos e a compreensão deles servem de soluções para as mais complexas investigações da existência que vem sendo comunicadas a muitas gerações, na configuração de mitos. 
2- TIPOS DE MITOS:
Mitos Cosmogônicos: 
Normalmente, os mitos mais importantes numa cultura e podem se tornar modelos para os demais mitos são os que relatam da origem do mundo e da vida. Para grande parte dos cosmogônicos o sacrifício tem um grande valor. Também existem os mitos de que a humanidade surgiu a partir de uma rocha ou de alguma árvore de importância cultural.
Mitos Escatológicos: 
Estão relacionados com os mitos cosmogônicos, porém com uma temática oposta, os mitos escatológicos estão relacionados ao fim do mundo e da morte dos que nele vivem. Este mito trás três tipos diferentes de justificativa para seu surgimento: o primeiro relata de alguns mitos que fala-se de um tempo anterior em que se desconhecia a morte, que foi interrompida por um acidente ou um erro cometido por alguém; Outros mitos, é de tradições culturais mais elaboradas, traz a idéia de que antes de surgir a morte o homem era imortal e vivia no paraíso. Também em alguns mitos, a associação da morte como parte de um ciclo vital, como o nascimento, sexualidade e perpetuação da vida. O mito escatológico deduz a criação do universo como uma defensora da pureza da existência, e destruirá sua obra para dar lugar à outra, nova e melhorada versão.
Mitos Teogônicos: 
Nas várias mitologias, é bastante comum associar acontecimentos como a morte ou fenômenos naturais a divindades reguladoras do universo. De acordo com as sociedades antigas as divindades tinham divisões de poder entre si. Com essa hierarquia muitas vezes preponderava um casal ou uma trindade divina. E com o passar do tempo o poder poderia mudar de mãos, como ocorria com os povos antigos. Este mito é caracterizado por um frequente debate de poder, que não era só entre os deuses, mas também as diversas raças que se julgarem suficiente poderosa e buscavam tomar o poder.
Outros Tipos de Mitos: 
Fora estes três principais mitos citados a cima, também existe outras classificações que podem ser referidas como os mitos que descrevem a evolução de determinadas culturas que foram descobertas através de artefatos e técnicas novas. O exemplo clássico é o mito de Rômulo e Remo, os irmãos gêmeos que teriam fundado Roma. Também há referências quanto á cidade de Lisboa, que antes teria sido Ulissipo, fundada por Ulisses (Odisseu, para os gregos) em certo momento de suas viagens (relatadas na Odisséia, de Homero).
 
3-O PODER DA PALAVRA/ORATÓRIA 
 
Antes de ser falado sobre o papel do poder da palavra sobre os arquétipos e mitos, vamos trazer o sentido etimológico dessas palavras: Na língua portuguesa, a palavra “palavra” se originou a partir do latim vulgar paraula, que por sua vez tem origem do latim clássico parabola, que quer dizer “fala” ou “discurso”. No entanto, a raiz etimológica do latim parabola está no termo grego parabole, que pode ser traduzido como “comparação”. Este termo é composto a partir da junção de para que quer dizer “ao lado”, e ballein, que significa “atirar” ou “jogar”. Poder é um termo que se originou a partir do latim possum, que significa “ser capaz de”.
Os arquétipos são poderosos, porque são responsáveis por despertar emoções e consequentemente ações dos indivíduos. Os conteúdos presentes nos arquétipos serão transmitidos, ainda que sem intenção, por meio do discurso. 
No livro “A busca do símbolo-Conceitos Básicos de Psicologia Analítica”, Whitmont vai dizer que Jung acreditava que o significado central da nossa vida é apreendido através da conscientização dos nossos mitos individuais. E estes devem ser conhecidos, porque tudo no inconsciente procura manifestação, assim como a personalidade. (p.75)
Os arquétipos podem ser definidos como representações de um conceito, que existe no inconsciente coletivo, e é proveniente das experiências humanas de milhares de gerações. O arquétipo então, seria a matriz que coordena a formação dos elementos que estruturam a nossa psiquê, os símbolos. Os símbolos, por sua vez, ao se organizarem de forma coerente, tornam-se o que conhecemos por mito. Através do discurso (narrativa, oratória, contação de contos e histórias), as marcas são fixadas no inconsciente coletivo, percebe-se então o poder da palavra sobre a construção dessas representações. 
3.1-O DEUS HERMES
 Divindade com o poder da oratória 
O deus Hermes é conhecido como o deus mais eloquente da mitologia grega. Segundo a mitologia Hermes é filho de Zeus, que é o deus supremo do Olimpo, e sua mãe é a ninfa Maia. Relata o mito que Hermes nasceu em uma gruta no alto do monte Cilene, ao sul de Arcádia. 
Como a maioria dos deuses Hermes também é caracterizado de diferentes configurações, porém, na variante atualizada ele é um majestoso moço com corpo musculoso que veste uma túnica, em seus pés sandálias com asas, nas mãos há o seu maior símbolo, o caduceu. Ainda bem pequeno Hermes se tornou um deus grego muito astuto, sendo conferido a ele habilidades como a oratória e a negociação. Como soberano da astúcia, Hermes foi o singular filho que Zeus teve fora do matrimônio que não teve que encarar a cólera de Hera, na verdade o oposto, por conta de sua capacidade de sedução e manejo com as palavras, Hermes ainda quando criança foi amamentado por Hera, e ainda conquistou a amizade de Apolo(deus da luz e das artes) tornando-se seu melhor amigo. 
3.2-HABILIDADES DO DEUS HERMESFamoso por sua persuasão é o conhecido deus da fecundidade, da riqueza, da adivinhação, da mágica, dos pastores e dos viajantes, características obtidas nos tempos arcaicos. Nos séculos consequentes foi conferido a Hermes a capacidade de resguardar os mercadores e as comercializações, além de ser a deus dos diplomatas, dos malandros, da astronomia e da ginástica. Engenhoso com as palavras e expressões, Hermes é charmoso e colecionador de relacionamentos
Hermes é quem guia os espíritos até o submundo de Hades. Entre as diversas tarefas que faz está a de mensageiro dos deuses, compete a ele a função de interpretar os anseios dos deuses. Para dar conta de suas atividades com agilidade Hermes percorrer o conglomerado do Olimpo com seu Chapéu alado e sandálias com duas asas, que permite ele voar conferindo a presteza necessária durante seus afazeres. Distante do deus Ares e de Atena, que são guerreiros, o deus Hermes é o mais pacífico dos deuses olímpicos e, por isso, sempre punir todos que começam uma guerra. Suas capacidades e forças são todas direcionadas para uma solução sossegada e diplomática.
4-QUEM FOI XERAZADE/SHERAZADE?
 Rainha Xerazade pintada no século XIX por Sophie Anderson.
Sherazade foi uma fabulosa rainha persa e contadora de histórias, foi na voz dela que os contos de As Mil e Uma Noites ganharam vida. De acordo com a fábula da ancestral Pérsia, Sherazade, foi uma mulher com beleza e inteligência incomparáveis, que seduziu o rei ao narrar histórias fantásticas por mil e uma noites. Mas me deixa voltar ao início e te apresentar essa mulher dotada de criatividade, coragem, empatia e sororidade.
Era uma vez a muito, muito tempo atrás havia um rei Persa chamado Shariar, ele descobriu ter sido traído por sua esposa, já naqueles tempos os homens sofriam com os reflexos da masculinidade tóxica e então o rei se sentindo muito ofendido e envergonhado, deu a ordem matem essa rainha, e foi assim que ele ficou só e também muito desconfiado. Por conta dessa experiência no mínimo triste e coberto de raiva, o rei Shariar tomou a seguinte decisão, que daquela noite em diante ele se casaria todas as noites com uma virgem diferente e a mataria na manhã seguinte ordenaria a sua execução, para não mais ser traído. 
É possível imaginar os alvoroços, medos e as lamúrias que tal decisão causou na população de todo o reino da Pérsia ao longo de três anos. Num belo dia, a filha primogênita do primeiro-ministro, a linda e perspicaz Sherazade, diz ao pai que tem um plano para dar fim com aquela barbaridade. Mas para colocar seu plano em prática, necessitaria ser a próxima a casar-se com o rei Shariar. O pai desesperado faz de tudo para persuadir a filha a desistir da ideia, mas Sherazade estava determinada a acabar com o tormento que assombrava a Pérsia. E de tal modo aconteceu, Sherazade tornou-se esposa do Rei. 
Finalizada a rápida cerimônia do casamento, Shariar levou a esposa a seu quarto; porém, antes de fechar a porta, escutou um choro. “Oh, Majestade, deve ser minha irmãzinha, Duniazade”, explicou a noiva. “Ela chora porque quer que eu lhe conte uma história, como faço todas as noites. Já que amanhã estarei morta, peço-lhe, por favor, que a deixe entrar para que eu a entretenha pela última vez!”. Sem esperar, Xerazade abriu a porta, levou a irmã para dentro, deitou-se no tapete e iniciou a narração: “Era uma vez um mágico muito malvado...”. Irritado, Shariar fez de tudo para impedir o conto de progredir; resmungou, lamentou, tossiu, contudo, as duas irmãs continuaram. Já convencido que nada que fazia funcionava, enfim se aquietou e se começou a escutar o conto da esposa, distraído no início, e muito interessado após determinados minutos.
Duniazade embalada pela voz suave da rainha, dormiu. Mas rei soberano se manteve atento, idealizando na mente as imagens de aventura e romance narradas por Sherazade.  De modo súbito e inesperado, no instante mais vibrante, a esposa calou-se. “Continue!”, o rei ordenou. “Mas o dia está amanhecendo, Majestade! Já ouço o carrasco afiar a espada!”. “Ele que espere”, afirmou o rei. Shariar acomodou-se e adormeceu intensamente. Quando acordou já era noite e ordenou à Sherazade que completasse a história, mas não se deu por contente: “Conte-me outra!”. Sua esposa com voz melódica iniciou a narrativa de outras histórias de aventuras diversas, de excursões arrebatadoras de heróis e de mistérios e enigmas. Sempre muito sorridente e alegre, ora narrava um drama, ora contava uma grande aventura de rei, às vezes um enigma, ou até mesmo uma história verdadeira. Dessa forma passaram-se dias, semanas, meses, anos. Contava uma história após a outra, deixando o Sultão deslumbrado, e assim foi. Numa manhã ela ao findar um conto ao romper do sol e disse: “Agora não tenho mais nada para lhe contar. O sultão notou que permanecemos casados há exatamente mil e uma noites?” Um som lhe chamou a atenção e, após uma breve pausa, ela prosseguiu; “Estão batendo na porta! Deve ser o carrasco. Finalmente você pode me mandar para a morte!”. 
Porém quem adentrou aos aposentos foi sua irmã e em seus braços haviam duas crianças gêmeas, e um bebê a seguia, engatinhando. “Meu amado esposo, antes de ordenar minha execução, você precisa conhecer meus filhos”, disse Sherazade. “Aliás, nossos filhos. Pois desde que nos casamos eu lhe dei três varões, mas você estava tão encantado com as minhas histórias que nem percebeu nada...” Ali naquele instante Shariar percebeu que sua angústia, tristeza, raiva se apagaram. Admirando as crianças, experimentou o amor que lhe emergia do coração quanto um raio de brilhante. Apreciando a companheira, percebeu nunca deveria matá-la, pois já não imaginava a vida sem ela. E por conta de Mil e uma noites de narrativas de contas Sherazade conseguiu continua viva, conquistando o infinito amor do Rei Shariar e pondo fim a aflição na Pérsia. 
5- ARQUÉTIPOS A EXPRESSÃO DOS MITOS
Na teoria junguiano, os mitos são os significantes dos arquétipos – assim como os contos de fadas e o folclore. Poderia dizer que os mitos são a aparecimento desses no chamado inconsciente coletivo. Ao estudarmos as vertentes da psicologia analítica que é fundamentada por Carl G. Jung logo percebemos que nossas idéias não são tão singulares ou inovadoras como achávamos que seria, ou seja nossos pensamentos não são tão únicos assim, que nunca pertenceram a outras pessoas. Na verdade, chegaremos a conclusão de que a grande maioria do que refletimos, vislumbramos e esperamos ter sido desvendado por nosso êxito e mérito já havia sido criada, já havia registro, já está delineada e, e talvez de alguma forma ainda um pouco obscura já pudesse ter sido pré-concebido.
Pode-se visualizar representações arquetípicas fortemente presentes nessa personagem, a Sherazade. Estas, por sua vez, cumprem lugares peculiares na vida da mesma, o que viabiliza um legado de oratória para a humanidade.
Sherazade é a destemida personalidade heroica dos Contos das Mil e Uma Noites, mulher esperta com consistência e aptidão narrativa, inicia uma ousada e arriscada estratégia, libertar sua nação da armadilha de aflição do sultão. São narrativas e mais narrativas, noite a fora, dia após dia, e enfim a personagem hábil com as palavras modifica o que seria seu triste fim. Cativa e fertiliza os ouvidos do seu executor, recuperando a sua benevolência. Livrando-se da destruição, se enamora, conquista o rei e restitui a quietude e o contentamento na Pérsia. Continuamente! 
A personagem de Sherazade representa algo que vai além de uma fábula mundial. Ela na verdade é arquétipo do poder da palavra. Ao emprestar de sua alma e coração, abrandamos a tangibilidade, a materialidade dos nossos tempos, temperamos os mecanismos da humanidade e enganamos o desenho, o esboço cruel e rígido da vida. Analisar a figura singular de Sherazade é lembrar de algo já visto, já conhecido, é retornar ao deus Hermes pois, essa personagem possui características similares a ele, tais como: a eloquência narrativa, o poder na fala, a astúcia, a habilidade de negociação,sua capacidade de sedução e manejo com as palavras, persuasão, diplomacia, malandragem. Assim como Hermes, Sherazade é engenhosa com as palavras preferindo estabelecer relacionamentos, optando sempre pela paz no lugar de guerra, sendo sempre pacífica. Assim como Hermes guia a alma ao submundo de Hades, Sherazade através de seus contos faz retornar do submundo o espírito do rei Shariar. Ela serviu de mensageira e porta voz de toda uma nação, as asas que possuía era as da imaginação, criatividade e fantasia e não se localizavam em seus pés, mas, sim em sua mente, em sua fala. Sherazade sendo guiada pelas forças do mito Hermes que direcionaram suas habilidades e forças voltadas para como o deus sempre optava por encontrar soluções sossegadas e diplomáticas.
6- ASSOCIATIVA A CONTEXTOS CLÍNICOS“Se forem usadas com sabedoria, essas antigas ferramentas do ofício de contar histórias podem ter um poder imenso na cura de nossa gente e podem tornar o mundo um lugar melhor para se viver.” Christopher Vogler,1998
Existe muita similaridade entre as teorias de Carl G. Jung sobre arquétipos e os estudos e relatos de Campbell, Jung diz sobre os arquétipos, “personagens ou energias que repetem constantemente e que ocorrem nos sonhos de todas as pessoas e nos mitos de todas as culturas.” Sendo oriundos do inconsciente coletivo personagens diversos presentes nas histórias e nos contos viram modelos perfeitos da mente do sujeito, uma caricatura da psique, válida para a psicologia e para a realidade das emoções. Portanto, a identidade do indivíduo se depara e se contenta nessas figuras dramatizadas e dessa forma vivem os próprios episódios da vida.
“Na busca de explorarmos nossa própria mente, encontramos professores, guias, demônios, deuses, companheiros, servidores, bodes expiatórios, mestres, sedutores, traidores e auxiliares, como aspectos de nossas personalidades ou como personagens de nossos sonhos. Todos os vilões, pícaros, amantes, amigos e inimigos do Herói podem ser encontrados dentro de nós mesmos.” Christopher Vogler,1998.
Sendo assim, utilizar contos, ou melhor o mito do poder da palavra como técnica em consultório para auxiliar no fortalecimento de pacientes pode ser aplicado a múltiplas situações, em qualquer hipótese diagnóstica. Pode-se trabalhar com o adolescente em conflito familiar auxiliando o mesmo no entendimento de suas dificuldades e no desenvolvimento de um diálogo mais assertivo diante das circunstâncias de sua vida. 
Outra possibilidade é trabalhar com os pais de adolescentes para que eles desenvolvam as estratégias de narrativas pertinentes ao lidar com o filho(a). Ou ainda realizando um trabalho em grupo de fortalecimento e mediação das narrativas familiares utilizando os contos narrados por Sherazade ou outros com diferentes focos de acordo com cada história e aspecto a ser trabalhado em cada encontro do grupo.
Desenvolver trabalhos com base nesse arquétipo auxiliado pelo poder da palavra e a utilização de contos com alunos no ambiente escolar em que se pode utilizar técnicas como dramatização, desenho, pintura, colagem, atualização do conto para dias atuais, e tantas outras com a finalidade de que os alunos possam se fortalecer, se autoconhecerem e se individualizarem rumo a conquista da totalidade do ser. O poder da palavra unido a técnica adequada a esse público no ambiente escolar é potencial para se trabalhar questões como identidade, bullying, automutilação, influência, singularidade, relacionamento, aceitação, respeito, criatividade, potencialidades, masculinidade tóxica, equidade e tantos outros vigentes desse tempo principalmente o enfrentamento diante as durezas e adversidades do viver. Será que lembramos e ainda nos emocionamos, com o personagem de Tom Hanks no filme americano vencedor de seis Oscars, Forrest Gump, o contador de histórias, com roteiro de Eric Roth e direção de Robert Zemeckis. Forrest Gump, um jovem rapaz atribulado com QI aquém da média, dribla sua falta enquanto conta a história dos Estados Unidos em um período de 40 anos, esse personagem é um exemplo mais atual do que o poder da palavra pode propor ao indivíduo. Narrar e ressignificar a própria história auxiliada por um profissional que lhe apresente o mito do poder da palavra na forma de contos e histórias será sem dúvida transformador a qualquer perfil e questão que o paciente possa trazer ao ambiente clínico.
Existe ainda a possibilidade de empregar a utilização desse mito ao trabalho desenvolvido com mulheres que sofrem violência doméstica, pois os contos, por meio de seus símbolos e possibilidades metafóricas, chegam ao inconsciente, pela capacidade de se rodear as barreiras empregadas pelo Ego. E estando no inconsciente, auxiliam na “abertura dos olhos” para a informação e semeiam para o tempo vindouro. De tal forma, as narrativas são úteis como ferramenta apropriada para desenvolver anseios, fortalecer valores, inspirar, fortificar a superação, o amor-próprio, o posicionamento. 
“Usamos termos simbólicos constantemente para representar conceitos que não podemos definir ou compreender de forma alguma. Esta é uma das razões pelas quais todas as religiões usam linguagem ou imagens simbólicas. Mas esse uso consciente de símbolos é apenas um aspecto de um fato psicológico de grande importância: o homem também produz símbolos inconsciente e espontaneamente na forma de sonhos.” (Carl G. Jung, 1995.)
No dia a dia a maioria de nós seres humanos não compreendemos, mas, nossa vida cotidiana é repleta de fantasias e ficção, ambos se fazem presentes em tudo que contamos, produzimos, arquitetamos.
A fábula que penetra o que se descreve numa rua qualquer ou o que lemos num livro, ou ainda que vemos num filme é a porção que guardamos inconscientemente de lucidez, de saúde mental. A aquisição de qualquer sujeito, serve-nos como remédio para lidar com a adversidades de se viver. 
O mito do poder da palavra, a utilização da narrativa, do conto, da história permitirá aos pacientes uma vida melhor e mais abundante, viabiliza ser outros sem deixar de ser quem são, desarticular no ambiente e no instante sem precisar se deslocar. Experenciar as mais arriscadas peripécias corporal, da imaginação e das fantasias, possibilitando ressignificação sem extraviar-se do juízo ou iludir o próprio coração. E celebremos a nossa bendita capacidade para abstrações! Uns possuem mais outros menos, mas de fato todos a temos. A importância do uso dos mitos no exercício do consultório de maneira individual ou em grupos em atendimentos psicológicos diversos é relevante para o tempo atual. 
7-REFERÊNCIAS
WHITMONT, C.E. A Busca do Símbolo- Conceitos Básicos de Psicologia Analítica, 6 Edição, São Paulo, Editora Cultrix, 2009.
VOGLER Christopher A Jornada do Escritor Estruturas míticas para escritores, 2º Edição Revisada e ampliada, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1998.
HALL CALVIN S.; NORDBY Vernon J. Introdução à Psicologia Analítica Junguiana, 1º Edição, São Paulo, Editora Cultrix, 2015.
CAMPBELL, Joseph O poder do mito, 1º Edição, São Paulo, Editora Palas Athena, 1990. 
Site:https://www.mitografias.com.br/2015/08/os-mitos-e-seus-tipos/
Site:https://www.netmundi.org/home/wp-content/uploads/2017/04/Cole%C3%A7%C3%A3o-Primeiros-Passos-O-Que-%C3%A9-Mito.pdf
Site:https://superandarilho.com/2020/04/02/arquetipo-10-o-prestativo/#more-14539
Site:https://www.significados.com.br/poder/
Site:https://www.dicionarioetimologico.com.br/palavra/
Site:https://psiqueobjetiva.wordpress.com/2008/11/22/entendendo-os-conceitos-de-arquetipo-mito-e-simbolo/

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