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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO FEBASP Trabalho de Iniciação Científica Apresentado à FEBASP – Centro Universitário Belas Artes de São Paulo Responsabilidade Social na Indústria do Entretenimento Tatiane Montefusco da Cunha São Paulo 2009 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES DE SÃO PAULO FEBASP Responsabilidade Social na Indústria do Entretenimento Trabalho de Iniciação Científica Apresentado à FEBASP – Centro Universitário Belas Artes de São Paulo Curso: Relações Públicas ORIENTADOR: Prof°. Dr°. JOSÈ RONALDO A. MATHIAS São Paulo 2009 3 Resumo A Responsabilidade Social é um conceito que ainda está indefinido, o termo social possui significado e interpretações variadas no universo acadêmico. Na área de Comunicação Social o discurso da Responsabilidade Social encontra enorme força e projeção, por isso há necessidade da compreensão e reflexão do conceito do Entretenimento como Indústria. Para melhor analisarmos esse conceito e suas múltiplas faces será feito estudo de caso sobre o Itaú Cultural e uma analise sobre a Indústria do Entretenimento e a aplicabilidade da Responsabilidade Social. Palavras – Chave Entretenimento, Responsabilidade Social, Cultural, Indústria 4 Introdução O desenvolvimento dos estudos da comunicação de massa aconteceu entre 1914 - 1945 durante a I e II Guerra Mundiais, com o surgimento do rádio e do cinema no começo do século XX, assim nasceu o entretenimento que “ganhou” um significado mais amplo suprindo interesses e justificando ações que, sem tal influência seriam mais difíceis de serem aceitas. Esse significado “extra” forneceu material para que os produtos da Indústria do Entretenimento pudessem se transformar em modelos sociais e influenciar estilos de vida denominados posteriormente de Cultura de Mídia. A Escola de Frankfurt com a Teoria Critica aperfeiçoando e esclarecendo de certo ponto de vista, como a então recente indústria do entretenimento foi ferramenta fundamental de persuasão e manipulação de massa abrindo precedentes para estudos que viriam a seguir sobre a imprensa, filmes, livros, fotos, discos, exposições, espaços culturais, teatro e o efeito que tais ferramentas do entretenimento podem ter de acordo com a forma ao qual são utilizados. No primeiro capitulo entenderemos melhor o que é o Terceiro Setor, sua atuação e a relação existente entre Estado e Empresas Privadas em seu surgimento e formação, além do conceito de Responsabilidade Social ainda em definição, qual o seu significado e sua aplicabilidade, as pressões sociais e momento histórico que desencadearam uma série de medidas criando o Estado do Bem Estar Social e suas conseqüências ontem e hoje. A Industrial do Entretenimento surge com o desenvolvimento tecnológico e seus adventos como fotografia, radio, cinema, televisão, internet etc, tornaram- se as maiores ferramentas de comunicação de todos os tempos. È analisado o desenvolvimento cultural dos últimos 55 anos que está estritamente relacionado com a tecnologia, e se a nova Indústria da Cultura serve apenas como ferramenta para a construção de imagem e divulgação do conceito de responsabilidade social ou exerce-a efetivamente diante de tamanho poder de alcance e influencia o que veremos no segundo capitulo. 5 O terceiro capitulo analisaremos mais especificamente o Espaço Itaú Cultural, instituição mista ( com investimentos do Governo e Banco Itaú) classificada como Terceiro Setor , um espaço aberto a exposições e atividades ligadas a cultura, arte e tecnologia, através do levantamento de dados sobre o Itaú Cultural e suas propostas e abrangência se sua função atinge a proposta de instituição não governamental que exerce a responsabilidade social através da cultura . As conclusões finais apontarão a direção ao qual todas as informações pesquisadas sobre o papel da Responsabilidade Social na Indústria do Entretenimento nos levaram, neste quarto capitulo serão dadas as respostas que a própria Industria do Entretenimento ou Cultural tem a oferecer sobre uma nova forma de comportamento A Responsabilidade Social pós evolução industrial e tecnológica tendo a cultura como matéria – prima. 6 Justificativa Para área de Relações Publicas que utiliza tanto o repertorio cultural individual como o de massa, além das ferramentas da industrial cultural, cinema, televisão, vídeo, jornais, revistas, internet etc. Como instrumento de trabalho identificando as necessidades de seus públicos e posteriormente desenvolvendo planos estratégicos de efeito, é relevante entender a diferença entre Responsabilidade e o que é puro e simples Marketing Social no campo da Comunicação. Assim como a sociologia estuda fenômenos sociais, é com a analise da comunicação seja de massa ou a atualmente fragmentada, que serão detectados como tais mecanismos através do entretenimento ditam regras, normas e definem opiniões e se, a Responsabilidade Social desenvolve seu papel ou torna-se apenas mais uma ferramenta utilizada de acordo com interesses específicos. Objetivos Através de pesquisas bibliográficas, filmes e documentários , questionários mistos e abertos e analise de casos, o objetivo é verificar se a Responsabilidade Social é aplicada de maneira à gerar transformações significativas e atender as necessidades dos públicos envolvidos ou é apenas utilizada como ferramenta de Marketing através da Indústria do Entretenimento para influenciar o cotidiano social. 7 Metodologia Este projeto de pesquisa tem o objetivo de verificar a aplicação do conceito de responsabilidade social pela Indústria do Entretenimento. Serão analisados os desdobramentos da responsabilidade social a partir de analise e estudos da comunicação e o desenvolvimento da Indústria do entretenimento ou Cultura de Mídia Para a realização do projeto serão utilizadas a pesquisa documental e a pesquisa bibliográfica bem como as técnicas de entrevistas a partir da aplicação de questionários estruturados e abertos. 8 Sumario CAPITULO 1 1.1 - O que é Terceiro Setor?............................................................................9 1.2 - Descobrindo e Responsabilidade Social ..............................................11 1.3 - A Responsabilidade Social e sua Historia............................................13 1.4 - Responsabilidade Social das Instituições Financeiras ......................15 CAPITULO 2 2.1 - A Indústria do Entretenimento.............................................................16 2.2 - A Indústria do Entretenimento Apenas Entretêm? ...........................18 CAPITULO 3 3.1 – Antes de ser Cultural...........................................................................22 3.2 - Responsabilidade Socioambiental e Fundação Itaú Social.............23 3.3 - Itaú Cultural um agente de Responsabilidade Social? ...................24 CAPITULO 4 Considerações.............................................................................................26 Referencias Eletrônicas..............................................................................29 Referencias Bibliográficas.........................................................................30 Apêndice......................................................................................................31 9 CAPITULO 1 1.1 - O que é Terceiro Setor? Atualmente em voga,os debates sobre o Terceiro Setor trazem aspectos que tentam definir precisamente seu significado, função e papel. A ideologia em torno do Terceiro Setor requer uma analise sobre os efeitos das ONGS, Instituições Filantrópicas, Ações da Iniciativa Privada, assim como as ações solidárias individuais atualmente a Responsabilidade Social assim como todo conceito de Terceiro Setor está em construção, sendo definido por ações de cunho social de empresas privadas e agentes particulares. Segundo Carlos Montanõ (2002), para entendermos melhor o que é Terceiro Setor e a aplicabilidade da Responsabilidade Social é necessário saber quais são os outros setores que o compõem. O Estado pode ser classificado como o Primeiro Setor (apesar de variável a partir do ponto de vista), responsável pelo bem estar e questões publicas sociais, o Segundo Setor é o Privado responsável por questões individuais, o Terceiro Setor constitui-se na colaboração entre Estado e o Setor Privado na solução de problemas sociais. O setor privado tornou-se importante colaborador para resoluções de questões publicas, diminuindo assim a atuação do Estado, porém tais ações colocariam em duvida a capacidade e eficiência do Estado em prover o Bem – Estar Social, principalmente após a falência do Welfare State (conjunto de ações com finalidade de garantir direitos, bens e serviços providos pelo Estado), expondo o indivíduo a uma posição de vulnerabilidade. Sem regulamentação ou fiscalização adequada, ONGs, Instituições Filantrópicas e ações de instituições privadas, podem reforçar crenças e enfatizar uma cultura de dependência e assistencialismo. O autor aponta que a própria existência do Terceiro Setor pode ser considerada um problema social, criando uma esfera singular, pois a fatia de responsabilidade por esta situação não é igualmente dividida, teoricamente o Terceiro Setor poderia equilibrar melhor as diferenças sociais, mesmo que, em contrapartida suas ações acabem por destituir o Estado de suas funções primordiais de serviços públicos. 10 Estado que pode ser, e foi ao longo da historia, na China e em outros países, a principal força de inovação tecnológica; de outro exatamente por isso quando o Estado se afasta totalmente de seus interesses o desenvolvimento tecnológico se torna incapaz de promovê-lo. (Castells,1999 pag 47) Neste contexto, a falta de regulamentação deixa o controle de tais ações a mercê de regras particulares e sob leis neoliberalistas, quando não há fiscalização e acompanhamento das ações ou funções exercidas pelo Terceiro Setor pode- se desencadear um efeito colateral como a destituição dos direitos de cidadania, políticos e sociais além da prestação de serviço de assistência em desacordo com os fundamentos de solidariedade e responsabilidades sociais. Para Marilena Chauí (2006) “neoliberalismo é a economia política proposta por um grupo, economistas, cientistas políticos e filósofos, que se opunham a instalação da social democracia”. Eis as definições de políticas neoliberalistas de acordo com Chaui : • Um Estado forte para poder quebrar o poder dos sindicatos e dos movimentos operários . • Um Estado cuja meta principal seria a estabilidade monetária. • Um Estado que realizasse um reforma fiscal para incentivar os investimentos privados e reduzir os impostos sobre o capital e as fortunas • Um Estado que se afastasse da regulação da economia, deixando que o próprio mercado com sua própria racionalidade, operasse a desregulamentação • Drástica legislação anti- greve, vasto programa de privatização: No Brasil a Constituição de 1988, é considerada protecionista e arcaica com regulamentos e direitos inaplicáveis, e por isso, é cada vez mais pressionada para o afrouxamento de leis trabalhistas que consistiram em conquistas políticas – sociais diminuindo assim a participação do Estado como órgão regulador. Para Gomes e Moretti,(2007) o terceiro setor é a união de agentes 11 particulares com fins públicos, que visam suprir direitos sócias e combater a exclusão. 1.2 - Descobrindo e Responsabilidade Social As discussões, teses e artigos relacionados a definição e finalidade de se administrar utilizando o conceito de Responsabilidade Social se desenvolvem a pelo ao menos oitenta anos e acompanham as transformações sociais, políticas e econômicas . Para Adriano Gomes e Celso Moretti (2007) o primeiro registro que se tem conhecimento em relação às ações de Responsabilidade Social relacionada à Iniciativa Privada, foi o manifesto assinado em 1942 por 120 empresas inglesas, com discurso de relação de equilíbrio de interesses públicos e privados. À partir da segunda metade do Século XX essas discussões acentuaram-se, diminuindo a retórica comunista/socialista até finalmente ser desvinculado de tais questões, acompanhando as evoluções dos movimentos e conquistas de direitos civis, os estágios de individualização sociais, manifestações de diversos grupos e minorias . Gilson Karkotli (2006 apud STONER 1985), descrevia que já em 1899 o senhor Carnegie da U.S. Stell Corporation , abordava o tema Responsabilidade Social com base nos princípios da caridade e da custodia, a guerra do Vietnã nos anos 60, foram um marco nas manifestações de boicote as empresas que colaboraram de alguma maneira com os acontecimentos da época. Com as crescentes pressões sociais desencadeadas na Europa e Estados Unidos deu-se um longo processo de transformações nas relações das empresas e seu entorno , assim como a responsabilidade pelas conseqüências de suas ações , exigindo nova postura das organizações diante das condições de trabalho, meio ambiente e ambiente social. Os últimos cinqüenta anos exigiram das empresas adaptações e reestruturações administrativas para garantir a sobrevivência, competitividade e expansão em longo prazo, a Responsabilidade Social entre outras funções 12 encaixa-se como uma ferramenta estratégica as empresas que estão submetidas atualmente a regras de comportamento ético e moral. O autor define que em uma sociedade capitalista se faz necessário encontrar um meio termo entre o lucro e a filantropia, pois seria impossível a uma empresa sobreviver apenas com aspectos filantrópicas ou comercias. Com tais mudanças ao longo do ultimo século (XX) o modelo de gestão tradicional das empresas tornou-se obsoleto e aponta para um capitalismo distributivo considerando a necessidade de suprir os desejos humanos, ou seja, um homem singular – pluralista em que as transformações surgem da necessidade do homem em eliminar suas insatisfações. Essa mesma sociedade atual e tecnológica quando de total acesso à informação e bens de consumo não tem a necessidade de um espaço físico para negociações ou acesso as informações, a Era da intangibilidade no mercado, agrega e descentralizam as relações, empresas por sua vez não estão isoladas, faz parte de um sistema interativo e dependente por isso a importância de estar atento não apenas as mudanças e humores do mercado como também as transformações sociais de acordo com Castells (1999). Os autores consideram que entre os anos de exploração explicita do trabalhador, meio ambiente e a aplicação da Responsabilidade Social, ocorreram mudanças significativas e apesar de certo descompasso por parte das empresas em acompanhar tais mudanças, a participação em ações de Responsabilidade Social, estão estritamente associadas aos benefícios agregados a elas por seus investimentos sociais, além da capitalização de lucros pelo marketing e em parcerias com entidades do Terceiro Setor. Todos os argumentos levantados pelos principais autores pesquisados levam a seguinte questão: As ações de Responsabilidade Social são suficientes e eficientes de forma a colaborar com o desenvolvimento da comunidade, proteger direitos humanos e ambientais? 13 1.3 - A ResponsabilidadeSocial e sua Historia. A Responsabilidade Social Empresarial de acordo com o discurso das organizações é exercida como o comprometimento de uma empresa para com a sociedade, transformando e agindo de forma positiva, deixando claro sua representação social e a prestação de contas para com ela, através de ações sociais. Gilson Karkotli (2006), a Responsabilidade Social tem grande potencialidade enquanto estratégia empreendedora há uma grande diferença entre a situação das empresas e o meio ao qual ela está inserida, a maioria se preocupa em agregar valores à marca ficando apenas no assistencialismo. Nem todas as empresas fazem um trabalho social relevante, a falta de organização e foco nos objetivos ou até mesmo o desconhecimento sobre a causa torna suas ações sem resultado. Ressalta também a ética organizacional e deixa claro a participação e o comportamento das organizações em relação aos stakeholders, ou seja, os agentes internos e externos que pressionam as empresas a terem um comportamento que leve em conta os aspectos sociais é também qualquer grupo que influencia e é influenciado afetando o alcance dos objetivos das organizações. O papel sociopolítico dos stakeholders é a troca de influencia, em termos do que oferecem e se espera que seja cumprido, os stakeholders internos tem ação direta, influenciam e são influenciados pelas ações empresariais. As empresas modernas estão inseridas na comunidade em que atuam, possuem um sistema aberto que age e interage com os ambientes internos e externos, é humanizada, pois considera- se como um organismo vivo. Como define o capitulo sobre Responsabilidade Social de Karkotli (2006); antes de aplicar seus recursos em ações sociais, as empresas precisam elaborar um planejamento e definir a área de atuação para que ocorra um diagnostico preciso e a organização implante ações realmente sociais e não de cunha filantrópico ou assistencialista. 14 A ideologia das empresas em relação a Responsabilidade Social é a de “preencher “ uma lacuna , ou uma necessidade social que ainda não está definida. Gilson Karkotli ,2006 apud Friedman: “As empresas têm em primeiro lugar a responsabilidade de gerar lucro. Segundo ele, os administradores não têm condições de determinar a urgência dos problemas sociais e onde investir” A visão geral que podemos obter sobre a Responsabilidade Social Empresarial é de toda e qualquer ação que possa contribuir para melhorar a qualidade de vida de uma sociedade, demonstrando preocupação por parte das organizações com o meio social, no entanto pode também ser considerada uma ferramenta de geração de dividendos e potencializar o desenvolvimento do ponto de vista da Responsabilidade Social como ação empreendedora. O Balanço Social vinculado como ferramenta na administração das empresas pode ser considerado uma das formas de abordagem da contabilidade de forma empreendedora servindo como termômetro de resultados e da saúde das organizações. O autor continua afirmando que todos os benefícios cedidos às organizações por aplicarem incentivos sociais já são por si vantajosos, e por cumprir suas obrigações legais pode- se ter a ilusão de que já são socialmente responsáveis, é a chamada teoria da firma, onde apenas a necessidade de gerar lucro é a principal função e objetivo das empresas. Pode-se considerar que existem dois conceitos sobre a Responsabilidade Sociais um deles defende a participação da empresa com uma atuação legitima na área social (Peter Ducker -1981), por outro lado defende-se que tal envolvimento pode levar à organização a falência (Friedman 1970), as empresas precisam se adaptar e interagir de acordo com as mudanças sociais tanto quanto as mercadológicas, pois ambas estão ligadas , ajudando de forma ética e transparente seguindo certas regras como respeito aos direitos humanos, proteção ao consumidor , ética na administração , obrigações de desenvolvimento sustentável e sociopolíticas. Organizações são agentes transformadores, influenciam e são influenciados, tem o direito de crescer e se desenvolver, entretanto é da mesma maneira responsável por suas ações e 15 conseqüências, e para tal é necessário planejamento, estratégias e profissionais qualificados e habilitados. O autor traz quatro definições para área de Responsabilidade Social que são segundo suas palavras: • A FILANTROPIA: Caridade • AÇÃO SOCIAL: Ação de curto prazo para satisfazer necessidades especificas. • RS CORPORATIVA: È o comportamento ético e responsável, buscando qualidade nas relações que a organização estabelece com todos os seus públicos. • MARKETING SOCIAL: Entender e atender a sociedade, proporcionando satisfação e bem estar da mesma dentro de um comportamento ético e social responsável. • MARKETING IDEOLOGICO/INSTITUCIONAL: É utilizado para indicar e associar as iniciativas pelas quais uma empresa procura manter, fortalecer e solidificar a imagem da marca e a identidade da marca perante o publico alvo. A Responsabilidade Social é continua e preocupa-se com aspectos mais profundos éticos e sociais, a Responsabilidade Social Empresarial pode ser considerada uma estratégia de empreendedorismo, pois torna a empresa mais dinâmica, transparente e humana e tudo isso se reverte a um retorno financeiro e social. 1.4 - Responsabilidade Social das Instituições Financeiras Karkotli (2006) define que as Instituições Financeiras são por natureza, fruto de um sistema que projeta lucro e rentabilidade em suas ações, bancos comerciais buscam implementar em sua gestão , praticas ticas como socialmente responsáveis , abriu-se então as portas de um filão social , transformar atitudes socialmente responsáveis em lucro, considerando sua atuação como fomentadoras da economia , através das linhas de crédito que disponibiliza . 16 Continua sua analise lembrando que o modelo de sistema bancário trazido para o Brasil pelo Império foi o europeu, a partir de 1950, as posições brasileiras se solidificaram em detrimento do formato europeu, e aos poucos sua potencia começava a se apresentar e também os primeiros sinais de incapacidade empresarial para administrá-los . Foi criada a Sumoc ( Superintendência da Moeda e do Crédito ) através de Decreto – Lei de 7.293 em 1945 para regulamentar as transações bancarias nacionais. O grupo de Instituições Financeiras que compõem o sistema bancário Nacional , está dividido em 3 Autoridades Monetárias , como órgãos normativos e disciplinadores do mercado financeiro: O Conselho Monetário Nacional , O Banco Central ( BACEN) ; a Comissão de Valores Mobiliários ( CVM) e o Banco do Brasil . CAPITULO 2 2.1 - A Indústria do Entretenimento Para entendermos melhor o que é a Indústria do Entretenimento e como surgiu essa definição, é necessário procurar maiores esclarecimentos e relacionar toda produção cultural à busca da identidade seja ela individual ou coletiva. Castell (1999) define identidade como o processo pelo qual um ator social se reconhece e cria sua estrutura baseada em algum atributo social ou conjunto de atributos, a ponto de excluir outras referencias e estruturas sociais. O autor aponta que existe um novo sistema de comunicação em processo falando cada vez mais uma língua universal, promovendo tanto a integração global da produção e distribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura como personalizando ao gosto das identidades e humores dos indivíduos. Em suas palavras fica evidente que na medida em que existe uma busca frenética pela identidade a mesma se individualiza, a alienação torna o outro um estranho ameaçador, essa busca de identidade para o autor é tão poderosa quanto à transformação econômica e tecnológica no registro de nossa historia, 17 sendo as relações familiares e a sexualidade os principais fatores que estruturam a personalidade emolda à interação simbólica, essa comunicação entre os seres humanos e os relacionamentos com base na produção (e seu complemento, o consumo) fizeram com que a experiência e o poder pudessem se cristalizar em territórios específicos e assim gerar culturas e identidades coletivas. Na forma do indispensável adorno dos objetos hoje produzidos, na forma de exposição geral da racionalidade do sistema, e na forma de setor econômico avançado que modela diretamente uma multidão crescente de imagens – objetos, o espetáculo é a principal produção da sociedade atual. (Guy Debord,1967,pag. 12) Afirma também, que dentro da nova sociedade informacional, a fonte da produtividade acha-se na tecnologia de geração de conhecimento, processos de informação e comunicação de símbolos. O paradigma informacional transformou profunda e definitivamente esses processos além da produtividade econômica, pode político / militar e comunicação via mídia. Em uma época de crise de identidade a procura de identificações primarias como religião, etnia, nacionalismo pode desencadear ondas de xenofobia, racismo e fundamentalismo religioso, existe a necessidade do individuo em encontrar uma identificação sua personalidade e cultura. Por intermédio das religiões, tradições, da linguagem, dos contos, das canções, do cinema, os mitos penetram até nas existências mais duramente jungidas as realidades materiais. (Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo - Fatos e Mitos pag. 306, 1949) O conceito da cultura de massa, originário da sociedade de massa foi uma expressão direta do sistema de mídia resultante do controle da nova tecnologia de comunicação eletrônica exercido pelos governos e oligopólios. A questão principal é que quando a grande mídia é um sistema de comunicação de mão 18 única, o processo real de comunicação não depende mais da interação entre o emissor e o receptor mais da interpretação da mensagem, para Neil Postman nossos meios de comunicação são metáforas, nossas metáforas criam o conteúdo de nossas culturas “ . No documentário A arquitetura da Destruição ( Undergängens arkitektur) 1989 de Peter Cohen o cineasta apresenta a ideologia e formação do governo nazista , dentre eles destaca-se Paul Joseph Goebbels ministro da propaganda, formado em literatura e filosofia considerado um gênio do discurso e propaganda nazista, exerceu severo controle sobre as instituições educacionais e os meios de comunicação. A principal descoberta das pesquisas sobre os efeitos educacionais e publicitários que devem ser tratados imparcialmente se quisermos entender a natureza da aprendizagem insignificante em relação à política e cultura, é simplesmente as pessoas são atraídas para o caminho de menos resistência. ( Castell,1999 pag.414 ) 2.2 - A Indústria do Entretenimento Apenas Entretém? Para os precursores da Teoria Critica Adorno e Horkheimer a cultura transformou-se em mercadoria para atender as necessidades de consumo (valor de troca) a reconciliação entre produção material e ideal de bens de consumo recebe o nome de “Indústria Cultural”, a produção cultural ocupa o espaço de lazer que resta depois de um dia de trabalho. Inicialmente a língua estabelece a ligação entre a esfera publica e privada, entre passado e presente, independente do efeito ou reconhecimento de uma comunidade cultural em um mundo submetido à ideologia da modernização e ao poder da mídia, a língua, como centro de expressão direta da cultura, torna- se a trincheira de resistência cultural. Do momento inicial de sua produção até sua veiculação final, a obra de arte passa por uma seqüência ininterrupta de manipulações e adaptações, nas quais o critério valorativo 19 deixa de ser estético e se aproxima de uma lógica especifica do mercado cultural”. (Luis Mauro Sá Martino, 2005, pg. 13). Douglas Kellner (2001) afirma que dominando o tempo de lazer, modelando opiniões publicas comportamentos sociais e fornecendo material com o qual as pessoas forjam sua identidade, o radio, a televisão, o cinema e outros produtos da indústria cultural fornecem os modelos do que significa ser homem ou mulher, bem sucedido ou fracassado, poderoso ou importante. A cultura industrial organiza-se com base no modelo de produção de massa e produzida para massa de acordo com os gêneros, tipos, seguindo formulas, códigos e normas convencionais e seus produtos são mercadorias, a cultura contemporânea dominada pela mídia, os meios de comunicação dominantes de informação e entretenimento são uma fonte muitas vezes despercebida de pedagogia cultural. Porém, a própria mídia oferece recursos para que os indivíduos possam acatar ou rejeitar na formação de sua identidade, a cultura da mídia pode constituir um empecilho para a democratização da sociedade como também pode ser aliada no avanço da causa da liberdade e da democracia. Segundo L. M. Sá Martino (2005) a mídia controla grande parte dos fluxos de cultura em circulação na sociedade, o que não é necessariamente um indicativo pluralista, o individuo pode ter sua interpretação da realidade prejudicada pelo senso comum e o que precede como acontecimento para esse resultado é simplesmente o cotidiano, afirma que não é mais possível pensar o mundo sem entender o imenso impacto dos meios de comunicação sobre as formas de cultura. Seja de massa, erudita ou popular, a cultura é sempre uma relação entre a realidade e a produção do autor. Douglas Kellner afirmar que a industria cultural,os meios de comunicação de massa surgem como funções do fenômeno da industrialização. Teixeira Coelho (1998) debate ainda mais sobre a indústria cultural trazendo argumentos sobre o homem reificado (transformado em coisa), sendo alienado do seu grupo de trabalho, do produto de seu trabalho o qual ele não tem acesso; alienado em relação a tudo inclusive a cultura, que feita em serie pode perder seu valor como instrumento de livre expressão, critica e conhecimento, 20 revertendo – se em produto de consumo, padronizado seguindo normas gerais. Debord (1967) cita que a primeira fase da dominação econômica sobre a vida social, levou na definição de toda a realização humana a uma evidente degradação do ser em ter. A cultura hoje como produto e enquanto produto, não precisa ou não pode evitar o modelo industrial, pelo ao menos sob algumas de suas formas, Coelho (1998) vai além e entende que ambas as culturas popular e pop não tem traços de questionamento, se complementam e embora possam ser úteis em seu papel de fixação e reconhecimento do individuo dentro do grupo, não questionam nem a si mesma, perde-se no mundo inverso a noção de verdadeiro e falso. Em uma de suas vertentes, a indústria cultural pode distorcer realidades e fornecer caminhos para fuga. Para Ianni a industria cultural produz e reproduz signos, símbolos, imagens , sons e formas, transforma-se em poderoso meio de fabricação de representações. Em A Rosa Púrpura do Cairo de 1985 do cineasta Woody Allen; pode-se ver claramente a maneira ao qual o homem lida com a interpretação daquilo que recebe. Apresenta personagens que solidificam os argumentos anteriores, personagens como Cecília que em meio a Grande Depressão americana vai sucessivamente ao cinema para assistir seu filme favorito até que certo dia, o galã abandona as telas do cinema para viver um romance com ela. O mesmo acontece em uma das peças do também americano e dramaturgo Tennesse Willians “A Margem da Vida” (The Glass Menagerie) 1947, Tom está decepcionado com a possibilidade de não ingressar na Marinha por ter que sustenta a irmã e a mãe, freqüenta o cinema todos os dias até tomar a decisão de ir embora, ambas às historias tem como pano de fundo a depressão americana de 1929. Para o autor de A Sociedade do Espetáculo (1967), o mundo realse converte em simples imagens, estas simples imagens tornam-se seres reais e motivações eficientes típicas de um comportamento hipnótico. Teixeira Coelho (1998) ressalta que os veículos de comunicação independente do conteúdo das mensagens trazem em si os traços de sua ideologia e traria 21 também tudo aquilo que caracteriza seu sistema, a cultura foge ás mãos do individuo ou grupo que a produziu. A indústria Cultural e todos os seus veículos, independentes do conteúdo das mensagens divulgadas, trazem e si...; todos os traços dessa ideologia, a ideologia do capitalismo. E neste caso também trariam em si tudo aquilo que caracteriza esse sistema. ( Teixeira Coelho, 1998, pag. 35) Tais transformações ocorreram especificamente entre a Era da Eletricidade e da Eletrônica (final do século IX até a década de 30 século XX), sendo que o produto da Industria Cultural é a cultura de massa que tem a Revolução Industrial como ponto de partida. Entretanto o fato do espectador não ser sujeito passivo, mais interativo, abriu caminho para sua diferenciação e subseqüente transformação da mídia que de comunicação de massa passou a segmentação, adequação ao publico e individualização. Castells (1999) continua a analise no contexto tecnológico-social e chega a afirmar que o radio forte instrumento de comunicação em massa na primeira metade do século xx, perdeu sua centralidade, porém ganhou em penetrabilidade e flexibilidade. Jornais e revistas especializaram-se no aprofundamento de conteúdo ou enfoque de sua audiência, atentos ao fornecimento de informação estratégica ao meio televisivo dominante, para o autor “ a televisão precisou do computador para se libertar, e os livros continua sendo livros” . Chauí (2006) diz que a ideologia da pós-modernidade, sob a ação das tecnologias virtuais faz o elogio ao simulacro, acende o gosto e a paixão pelo efêmero e pelas imagens... Não se vendem mercadorias ou coisas mais o simulacro delas, isto é vendem –se e compram- se imagens e continua “em sua forma clássica o discurso burguês é legislador, ético e pedagógico, com o fenômeno desse discurso fundado na transcendência das idéias e dos valores” 22 Ouvir música, assistir TV, freqüentar cinemas, ler revistas e jornais, participar dessas e outras formas de cultura veiculada aos meios de comunicação, que em geral não é um sistema de doutrinação ideológica impositivo, mais proporciona prazeres através da mídia e do consumo, determina-se que para esse discurso seja mantido é imprescindível que não haja sujeitado, mas homens reduzidos a condição de objetos sociais. CAPITULO 3 3.1 – Antes de ser Cultural Em 1943, é constituído o Banco Central de Crédito S.A. por obra de Alfredo Egydio de Souza Aranha, advogado e empresário empreendedor, após um período de organização administrativa do Banco, foram obtidas as primeiras cartas patentes pela Caixa de Mobilização e Fiscalização Bancária, autorizando o Banco a realizar operações bancárias, com a abertura de quatro agências em locais diferentes. De posse das primeiras cartas patentes autorizando-o a realizar operações bancárias, o Banco Central de Crédito S.A. abre sua primeira agência na sede situada em São Paulo. Ao final do primeiro ano de atuação, o Banco já contava com três agências - a sede e duas no interior de São Paulo (Campinas e São João da Boa Vista), com 22 funcionários no total. Nos primeiros 15 anos, sob o comando de Alfredo Egydio de Souza Aranha, o Banco Federal de Crédito firmou suas bases. Então, considerando que o Banco necessitava de mudanças para acompanhar os novos tempos, Alfredo convida seu sobrinho Olavo Egydio Setubal para a direção do Banco, com o objetivo de reavaliar a atuação da instituição e ampliar sua participação em grandes empresas. Visando à criação de patrimônio artístico, o banco, que já era possuidor de algumas obras de arte, adquire um quadro do pintor holandês Frans Post, esse foi o início da Coleção de Arte Itaú. . A preocupação com a cultura, já presente, leva o banco a criar o Itaú Galerias que passam a exibir exposições de arte em algumas agências, no final do ano, 23 é instalado no alto do edifício da Itaú Seguradora, localizado na Praça Ramos de Azevedo, em São Paulo, o primeiro relógio de quartzo do Brasil, de grande precisão, as horas e os minutos podiam ser vistos a 1 km de distância. Em continuidade ao projeto de desenvolvimento cultural iniciado na década de 70, decide-se criar o Instituto Cultural Itaú, com o objetivo de implantar um amplo banco de dados informatizado sobre a cultura brasileira para estimular a pesquisa. Para ampliar sua atuação social, o Banco decide criar o PROAC - Programa de Apoio Comunitário, para apoiar de forma sistemática projetos nas áreas de Educação e Saúde. Posteriormente, o Programa é reformulado, passando a denominar-se Programa Itaú Social, até ser constituída a Fundação Itaú Social, em 2000. No final do ano, pela primeira vez, o Banco Itaú obtém a mais alta classificação atribuída a bancos brasileiros na avaliação do IBCA Ltd., de Londres. 3.2 - Responsabilidade Socioambiental e Fundação Itaú Social Al Gore ex-vice-presidente dos Estados Unidos de 1993 a 2001, esteve em São Paulo, em maio, a convite do Itaú, para dar palestra sobre mudanças climáticas. O objetivo do Banco foi dar continuidade ao debate e à reflexão sobre sustentabilidade e sensibilizar as lideranças empresariais e políticas do país sobre o tema. Celebrada parceria entre o Ministério da Educação (MEC), a Fundação Itaú Social e o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) para implantação, em toda a rede pública de ensino do país, da Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa em 2008. 3.3 - Itaú Cultural um agente de Responsabilidade Social? É criado, em 23 de fevereiro de 1987, o Instituto Cultural Itaú (ICI), pelo presidente do Grupo Itaú, Olavo Egydio Setubal (foto). O urbanista Ernest Robert de Carvalho Mange torna-se seu diretor-superintendente. Cria-se o Banco de Dados Informatizado. O surgimento do Instituto é decorrência da 24 atuação do Banco Itaú na organização e na manutenção de um dos maiores acervos brasileira de obras de arte, iniciado com o surgimento das Itaú galerias em vários pontos do país, a partir de 1971. Além do acervo artístico do Banco Itaú, o Itaú galerias passou a ser administrado pelo Instituto e eram responsáveis pela exposição Numismática Itaú - Herculano de Almeida Pires. Segundo seu Estatuto de Criação, "o Instituto Itaú Cultural tem por objeto incentivar, promover e pesquisar linguagens artísticas e eventos culturais, bem como preservar o patrimônio cultural do país, em atuação direta ou de forma associada (...)". Primeira instituição na cidade de São Paulo a digitalizar uma imagem, a obra Apóstolo São Paulo (foto), de 1869, de Almeida Júnior. Início da produção da série de filmes Panorama Histórico Brasileiro (PHB), para ampliar as ações educativas do Instituto e sua inserção nos meios de comunicação. Com a inauguração do primeiro Centro de Informática e Cultura (CIC I), o Instituto é aberto ao público, em uma casa na avenida Paulista, São Paulo (foto), em 5 de outubro. O Banco de Dados Informatizado passa a ser disponibilizado aos visitantes, e o ICI torna-se a primeira instituição da América Latina a oferecer esse tipo de serviço. Inicialmente, o Banco de Dados Informatizado oferece, no Módulo Pintura - Setor Pintura no Brasil, Séc. XIX e XX, 500 imagens digitais de obras de arte, dados de 800 artistas e 1.350 obras selecionadas. São lançados os primeiros títulos da série PHB. É adquirido um terreno na Avenida Paulista para a construção do espaço cultural, que se tornaria, em 1995, a sede da instituição. A sede permanente do Itaú cultural está localizada na AvenidaPaulista, 149, São Paulo, SP (próximo à estação Brigadeiro do metrô), funciona das 10 ás 21h de terça as sextas, sábado, domingo e feriados com todas as atividades gratuitas, o prédio do Itaú Cultural apresenta facilidades para portadores de deficiência física, além de uma rampa na entrada pela Avenida Paulista, elevadores com acesso a todas as áreas expositivas, espaço e entrada lateral para cadeira de rodas na Sala Itaú Cultural e banheiros especiais nos pisos térreo e 1º subsolo. 25 O Itaú Cultural dispõe de acervo de Obras de Arte, área administrativa, comunicação e relacionamento, consultoria Jurídica, Diálogos, Educação Cultural, Enciclopédias, Itaú Música, Midiateca, Itaú Numismática - Museu Herculano Pires, Produção de Eventos e Secretaria de Apoio à Gestão. Principais Membros: Presidente de Honra Olavo Egydio Setubal Presidente Milú Villela Vice-Presidentes Seniores Joaquim Falcão Jorge da Cunha Lima Vice-Presidente Executivo Alfredo Egydio Setubal Diretores Executivos Antonio Carlos Barbosa de Oliveira Antonio Jacinto Matias Renato Roberto Cuoco Superintendente Administrativo Sérgio Massao Miyazaki Superintendente de Atividades Culturais Eduardo Saron 1 1 - Todas as informações sobre o Banco Itaú e Itaú Cultural ( exceto a entrevista) foram retiradas e podem ser encontradas nos sites: www.itau.com.br e www.itaucultural.org.br 26 CAPITULO 4 Conclusões Logo de inicio surgiu o primeiro dilema desta pesquisa: Como a Responsabilidade Social é aplicada, se é, ou pode ser na Indústria do Entretenimento? Não houve definições claras da relação entre uma e outra, mesmo que vários autores citados nesse trabalho apontassem a cultura como um produto que pode ser comercializado, de impacto e relevância a co-relação entre Indústria do Entretenimento x Responsabilidade Social, ficava a mercê da percepção na direção ao resultado final baseada nos apontamentos da pesquisa. Sendo assim onde ficaria a Responsabilidade Social em uma instituição como o Itaú Cultural que é ao mesmo tempo empresa e agente do Terceiro Setor, com um produto tão intangível como a cultura? Podemos dizer que ai apresentou-se o segundo dilema. Indefinições a parte, assim como a Responsabilidade Social o Terceiro Setor é abstrato, aparentemente existe para satisfazer exigências imediatistas e agregar valor à marca, não que as necessidades ambientais e pressões sociais sejam sem fundamento ou devam ser ignoradas, muito pelo contrario. O Terceiro Setor surgiu menos como indicador da incapacidade do Estado em suprir as necessidades do cidadão e mais como sintoma de saturação e inviabilidade de um sistema agressivo de acumulo de bens e capital que até pouco tempo não considerava os efeitos de suas ações no âmbito ambiental e social, a Responsabilidade Social adverte que o “sistema” não deve ignorar ou excluir essas necessidades, sendo que a estrutura de qualquer meio, seja ele, corporativo, social, ambiental e humano é dependente e interage com o todo, de forma intrínseca estão todos associados à perpetuação e longevidade do atual estilo de vida que particularmente pelo desequilíbrio. 27 Ao que diz respeito à Indústria do Entretenimento, além da apreciação da pesquisadora pelo tema a linha comum com a Responsabilidade Social é de certa maneira sua abstração e relação direta com a modernidade com desenvolvendo a todo vapor desde o começo do século XX, até mesmo como produto comercializável a cultural pode ser acumulada, absorvida, transformada, porém é intangível o que não minimiza sua força, poder de influenciar e alcance, a princípio a Indústria Cultural tomou forma com o intuito de entreter. Os primeiros estudos sobre a cultura “industrializada” surgiram com os precursores da Teoria Critica (Adorno, Horkheimer entre outros) entre a Primeira e Segunda Guerra Mundial do no inicio do Século XX, período dominado por conflitos e movimentos fascistas europeus, os trabalhos apresentados por eles, deixavam claro que desde a invenção do cinema (com elementos indispensáveis como a energia elétrica e a fotografia) os meios de comunicação e o que primeiramente chamamos de comunicação de massa, eram manipulados com conteúdo e informações que criavam uma 3º dimensão da realidade, fosse para justificar, estimular ou aprovar atos durante a guerra. Eis ai a descoberta de uma arma que apesar de diretamente menos letal não é de modo algum menos perigosa, a comunicação. Autores mais recentes como Douglas Kellner, Guy Debord, Teixeira Coelho etc, apenas reafirmam que os estudos da Teoria Critica apontavam na direção certa, o Reaganismo, como outros tantos governos mundo afora também se utilizou do cinema como um dos meios de comunicação, proporcionando a propagação da cultura americana, seus costumes e valores. Isso vai além de uma conquista territorial que em quase todas às vezes é recebida com hostilidade, porém quando a cultura é usada como produto comercial praticamente não há restrições ou barreiras que não possam ser ultrapassadas. A dualidade envolvendo a Indústria do Entretenimento é exatamente quando a expressão artística entre “em cena”, o próprio Kellner afirma que a mesma Indústria que domina, liberta. Como se daria isso? Através da manifestação cultural das pessoas individual ou coletivamente, da arte e dos artistas, da 28 cultura contestadora e questionadora baseada na liberdade de expressão e senso critico. Por isso no aprofundamento das informações sobre o Itaú Cultural, sua historia desenvolvimento e atuação, é de suma importância saber onde se encaixa e como se realiza a Responsabilidade em relação ao produto cultural e como disseminá-lo de maneira responsável. A conclusão ao qual chegou essa pesquisa é que apesar de ser uma organização de Terceiro Setor onde a matéria prima é estritamente cultural, seja por incentivo ou democratização, o Instituto Itaú Cultural é carente de critérios e normas para avaliar o impacto de suas ações no meio social em que interage. Não houve respaldo nas informações obtidas para afirmar que o Banco Itaú também um mantenedor, exerce influencia no controle das ações e projetos do Itaú Cultural que se declara uma instituição cultural independente de incentivo e democratização à cultura. Apesar do nome da instituição cultural fazer referencia à instituição financeira o que pode ser considerado uma estratégia de Marketing, o objetivo principal da pesquisa era descobrir como se dá aplicabilidade da Responsabilidade Social na Indústria do Entretenimento utilizando como estudo de caso, o Itaú Cultural organização do Terceiro Setor onde o produto final é a cultural. Ao finalizar a pesquisa ficou evidente que para se exercer a Responsabilidade Social na Indústria Cultural e de Entretenimento é necessário abrir espaço para manifestações culturais diversas, expressões artísticas livres e ampliar a Comunicação Responsável avaliando o impacto do conteúdo na informação disseminada através da cultura que pode ser considerada uma das mais potentes armas tanto para fins benignos como maléficos. 29 Referencias Bibliográficas MONTANÕ, Carlos; Terceiro Setor e Questão Social, Editora Cortez 2002 – São Paulo – SP KARKOTLI, Gilson; Responsabilidade Social Empresarial, Editora Vozes 2006 – SP – São Paulo GOMES, Adriano; Moretti, Celso; A Responsabilidade e O Social: Uma discussão sobre o papel das empresas. Editora Saraiva 2006 – São Paulo – SP CASTELLS, Manuel; A Sociedade em Rede – A Era da Informação Economia, Sociedade e Cultura Vol.1 Editora Paz e Terra, 1999 – São Paulo CASTELLS, Manuel; O Poder da Identidade - A Era da Informação; Economia, Sociedade e Cultura – Volume 2 ,2º edição , Editora Paz e Terra 1999 – São Paulo – SP KELLNER, Douglas; A Cultura de Mídia, Editora Eduse,2001 – São Paulo- SP CHAUÍ, Marilena; Cultura e Democracia – o Discurso Competente e outras Falas, 11º edição Revista e Ampliada, Editora Cortez, 2006 – São Paulo – SP FREITAG, Barbara; A Teoria Critica Ontem e Hoje, Editora Brasiliense 5º edição 1º reimpressão, 2004 – São Paulo – SP DEBORD, Guy; A Sociedade do Espetáculo (1967), Editora Contraponto em 1997 – São Paulo – SP SÁ MARTINO, Luis Mauro; Comunicação: Troca Cultural? Editora Paulus, 2005 – São Paulo – SP IANNI, Octavio; Teorias da Globalização 11º Edição, Editora Civilização Brasileira,1996 – São Paulo _ SP COELHO, Teixeira; O que é Indústria Cultural, Editora Brasiliense,1998 – São Paulo – SP DE BEAUVOIR, Simone; O Segundo Sexo, Fatos e Mitos, Direitos Librairie Gallimard, Paris, 1949 – Paris - França 30 Referencias Eletrônicas Banco Itaú, São Paulo: Site Oficial, 2009. Apresenta informações sobre a empresa sua historia, serviços e desenvolvimento. Disponível em: www.itau.com.br/ acesso em 03/08/09 ás 15:48 Itaú Cultural, São Paulo: Site Oficial, 2009. Apresenta Informações sobre a instituição seu histórico e desenvolvimento. Disponível em: www.itaucultural.org.br acesso em 03/08/090 as 16:59 31 Apêndice 3.4 - Entrevista Itaú Cultural Entrevista com Roberta – Departamento de Relacionamento e Comunicação Itaú Cultural. 1)- Qual é o seu nome? Roberta, trabalho na área de comunicação e relacionamento do Itaú mais precisamente na equipe de comunicação corporativa que o atendimento a estudantes que procuram o Itaú Cultural para desenvolver trabalhos acadêmicos, além disso, a gente cuida da parte de publicidade, relatórios, apresentação para diretoria, comunicação interna, da apóia a assessoria de imprensa que é externa, desenvolve algumas ações de relacionamento com os colaboradores do grupo Itaú e outras demandas que acabam surgindo mais ligadas a atividades institucionais. 2)- O Itaú Cultural é uma instituição de Terceiro Setor? Então você define o Itaú Cultural como? È uma instituição privada, porém sem fins lucrativos, ela é de economia mista porque a gente desenvolve as atividades com verba incentivada do ministério da cultura e tem uma porcentagem que é destinada pelo banco Itaú, mais essa parte porcentagem é destinada pelo banco a gente utiliza para custear gastos operacionais, que é contratação de mão de obra, pagamento de contas, despesas que o instituto gera. 3)- O Itaú cultural tem uma definição de Responsabilidade Social? Então a gente nunca trabalhou com esse viés, inclusive não lembro se foi você quem procurou a Bruna, que gostaria de desenvolver um trabalho de Responsabilidade Social e a gente indicou que procure o Itaú Social, que tem mais esse caráter. Eu não tenho nenhuma política e nenhuma diretriz clara de RS para te passar porque o Itaú Cultural desenvolve cultura , desenvolve 32 atividades culturais e indiretamente está atendendo , realizando alguma ação ligada a RS a partir do momento que as atividades são gratuitas, a gente procura criar atividades que democratizem o acesso a sociedade ao que estamos produzindo mais não temos nenhuma definição de RS pra ter passar, nem só eu porque estou muito em contato com meu superintendente e meu gerente , e a gente não trabalha pautado nessa questão de RS. 4)- Qual era o objetivo do fundador? Do Olavo Setubal que era o presidente do Banco Itaú, então, a idéia dele a principio era criar, ele sempre gostou muito de cultura e teve uma visão muito inovadora e precursora até porque ele quis criar um banco de dados digitalizado de arte e cultura. E o Itaú cultura surgiu a partir daí, a gente tinha um equipamento, até no site você pode ver um pouco essa historia, a gente tem uma parte que fala sobre esses objetivos do Dr. Olavo Setubal, ele quis promover essa parte da arte que não era tão valorizada, criando um banco de dados digitalizado para que aquilo não se perdesse pra ter uma evolução tecnológica também da aérea e daí surgiu o primeiro banco e a partir disso o Itaú cultural foi tomando outra proporção e algumas obras eram expostas em galerias e chamava Itaú Galerias e estava ligada a agência, ai depois o Itaú Galerias acabou reabriu algumas unidades do Itaú em outras cidades, Penapolis , BH , se eu não me engano Brasília e São Paulo , e depois essa força foi se concentrando muito aqui em São Paulo e teve essa idéia da Milu Villela que assumiu em 2001/2002 de fazer com que a cultura e as atividades fossem mais acessíveis a população ai as outras unidades fecharam e ficaram aqui na sede do Itaú Cultural , isso a dez anos atrás agora a gente tem uma outra perspectiva que é estar presente não só na sede SP mais pelo Brasil inteiro e outros países da America Latina, hoje a gente realiza muitas atividades com instituições parceiras em BH, no Rio , Brasília enfim, varias cidades brasileiras e em alguns países da America Latina, Chile, Argentina . 33 5)- Você tem idéia de quantos funcionários existem ou estão envolvidos no Itaú Cultural diretamente? Diretamente aqui na sede 660 pessoas e daí a gente conta com alguns colaboradores externos que são terceirizados a medida que existe a necessidade e tem as instituições parceiras que ai quando a gente leva uma atividade por exemplo para um centro cultural na Bahia em , Salvador , tem o pessoal que cuida da parte operacional , mais a montagem da atividade é feita por colaboradores daqui que vão até o espaço estudar o espaço ver qual é a melhor proposta da cenografia , midiografia. 6)- Quantos andares tem esse prédio de escritório e galeria?E Para o administrativo e exposição? A gente tem três pisos abaixo do térreo, que é garagem e estoque, ai tem o primeiro térreo, primeiro mezanino, segundo mezanino, segundo andar, terceiro quarto quinto sexto sétimo oitavo e nono, hã quatorze andares. Terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oitavo, seis para administrativo e hoje para exposição estamos com três espaços, mais dois estão em reforma até o ano que vem serão cinco. 7)- Do Ponto de vista do Itaú Cultural existe uma definição de cultura? Então tá muito ligada a missão que o Itaú Cultural quer ser reconhecido como um centro de referencia de arte de cultura, a gente desenvolve muito conteúdo , se você entrar no site vai ver que tem conteúdo da revista contigo, a gente tem enciclopédia de artes visuais de musica de literatura e teatro , vamos lançar de dança , políticas culturais o ano que vem (2010) , então essas enciclopédias são muito ricas, é um banco de dados muito rico, porque você encontra historias de artistas, você encontra imagens, cronologia, as técnicas utilizadas, a enciclopédia de artes visuais por exemplo é uma referência no campo das artes brasileiras e a idéia é também democratizar de difundir esse conteúdo cultural que ele não fique só restrito ao eixo Rio - São Paulo que é o que tem 34 uma efervescência maior na aérea cultural por isso que a gente tem centrado muito força no novo site que lança em dezembro (2009 ), pra deixar esse material esse conteúdo bem estruturado pra que pessoas do pais e de fora possam ter acesso a esse material , a gente vai fazer bilíngüe, então eu acho que ser esse disseminador de conteúdo cultural é o principal foco do Itaú Cultural , a gente produz muito aqui , a maioria das coisas feitas internamente inclusive a gente tem grandes profissionais de todas as áreas aqui , eu acho que é isso. 8)- No Estatuto de Criação de vocês está declarado que os objetivos são incentivar, promover a pesquisa e preservar a linguagem artística e eventos culturais. E como vocês descobrem esses talentos além de expandir pra America Latina? Então esses objetivos que estão ai estão muito ligados ao programa Rumus,não sei se você já ouviu falar, ele existe há doze anos, é um programa de fomento a cultura e descoberta de novos talentos, tem mapeamentos, a gente faz o lançamento oficial divulgado na imprensa e tem uma equipe uma comissão que vai que passa por algumas cidades assim diga menos favorecidas que tem menos acesso a cultura a essas informações e realizando palestras e trabalhos de informação e divulgação do programa Rumus quando tem edital aberto , esse ano a gente abril pra Jornalismo Cultural , Dança, Cinema, Arte e Tecnologia quatro categorias e tiveram equipes que passaram por varias cidades divulgando o Rumus com inscrições abertas pelo site, agora a gente encerrou a parte da comissão avaliar os projetos e até o final do ano e divulgar os selecionados , a gente procura ir até onde a informação não chega , até para descobrir esse novos talentos e levar a cultura a esses lugares , a gente procura não ficar naquele circulo onde a cultura já está enraizada, estão corretos esses objetos , o Itaú Cultural e acho que qualquer instituição é muito orgânica , então as vezes o foco humano são atividades culturais , mais no próximo ano o foco maior pode ser para expandir pra America Latina fazendo parcerias com Instituições. 35 9)- Quais os critérios para seleção de obras e projetos culturais e quem seleciona isso? Hoje o apoio a qualquer projeto artístico é feito via programa Rumus, então cada ano a gente abre inscrições em algumas categorias, a pessoa deve esperar abrir na categoria dela ai tem uma comissão que é pensada pelo gestor, por exemplo, de artes visuais, com especialistas, pessoas renomados na aérea, ai tem os critérios de avaliação que são a adequação a linguagem a viabilidade do projeto, ai tem vários critérios que daí esses especialista consideram pra avaliar, a gente não tem, o único acervo que é do Itaú Cultural é o de obras de arte e tecnologia que hoje tem quatorze obras, e o outro acervo é gerido pelo Itaú Cultural é do Banco Itaú que tem pinturas e fotografias , um acervo vasto bem amplo e não pertence ao Itaú Cultural , daí quanto tem exposição aqui os artistas são convidados por um curador que é a pessoa que pensa na exposição e depois os trabalhos voltam para os seus donos, ficam expostos aqui e depois não tem venda nem comercialização apenas a exposição. 10)- Vocês têm idéia da abrangência em termos de população tanto de quantidade e socioeconômica que as ações de vocês atingem? Hoje a gente não tem um mapeamento muito claro para saber a quantidade de pessoas que a gente impacta com as atividades, mais a gente teve, por exemplo, uma exposição em cartaz que recebeu setenta e seis mil pessoas em um período de dois meses, mais hoje infelizmente a gente não esta realizando nenhuma ação nenhuma, pesquisa para dimensionar este impacto e acaba fugindo um pouco do nosso controle porque tem muita coisa que acontece fora, então a gente precisaria do apoio da colaboração dos nossos parceiros pra fazer essa medição, ta em estudo ainda pra gente ter um numero real que a gente possa trabalhar e ter impacto mesmo das ações do Itaú Cultural, mais a media de visitação diária está em torno novecentas pessoas por dia , e sabemos isso por conta giro . 36 11)- Quais são as parcerias do Itaú Cultural e quais são os critérios para essa parceria? O critério é mais de relacionamento , não temos uma cartilha que fala olha , vai ser nossa parceira a pessoa que tiver isso. Isso. Isso!As parcerias elas se dão ao longo de conversas entre os gestores e instituições, daí nessa conversas nesses encontros é que analisa se é viável ou não fazer parceria com a instituição, acho que um ponto que é importante sim, a gente sempre procura se aproximar com instituições que tem o mesmo pensamento que a gente , que tem uma política ou que tem uma atuação semelhante , então a gente trabalha com arte e cultura e procuramos instituições com perfil semelhante , a gente tem parcerias de todos os níveis , com editoras , publicidades , radio e TVs publica, comunitárias e educativas , com instituições para realização das atividades outras mais institucionais estratégicas , é um universo bem amplo tem varias possibilidades de parcerias , os parceiros nos procuram e nós os procuramos .
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