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resenha crítica - bicho de sete cabeças (1)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE SERGIPE
CURSO: ENFERMAGEM
DISCIPLINA: ENS.CLÍN. TEÓRICO EM SAÚDE MENTAL
TURMA: 1001 
DOCENTE: Ma. LUCIANE KATRINE TEIXEIRA DA LUZ
RESENHA CRÍTICA
BICHO DE SETE CABEÇAS
Aracaju
2019
BICHO de sete cabeças. Direção: Laís Bodanzky; Roteiro: Luiz Bolognesi. Fotografia: Hugo Kovensky; Brasil; Ano: 2001; Duração: 80min.
RESENHA CRÍTICA
Débora Oliveira Lima
Isabel dos Santos Casini1
Maria Clara Ribeiro Melo
Wadna Priscila Bonfim Lemos
		Uma análise descritiva é o que se apresenta a seguir, cuja fonte foi o filme “Bicho de sete cabeças”, da diretora Laís Bodanzky, firmada como um dos grandes diretores do cinema nacional, conquistando sete prêmios no Festival de Recife, nove premiações na Mostra de Cinema do Rio de Janeiro e também o prêmio Qualidade Brasil de melhor direção, melhor ator e melhor atriz. Recebeu ainda a Margarida de Prata para produções comprometidas com os direitos humanos; o prêmio de melhor diretor estreante no Festival de Gramado; ganhador do Melhor filme do Festival de Cinema Latino-Americano de Biarritz, França; prêmio do Júri Jovem do Festival Internacional de Cinema de Locarno, Suíça2. 			O filme é baseado na obra ‘Canto dos Malditos’, escrito por Austregésilo Carrano Bueno, egresso de diversas instituições psiquiátricas e ativista da luta antimanicomial. A ficção conta a história do Neto, interpretado pelo ator Rodrigo Santoro, um jovem aventureiro e rebelde, cuja relação com a família principalmente com o pai, Wilson, interpretado pelo ator Othon Bastos, encontra-se conturbada. Após uma série de desentendimentos entre eles, um episódio de detenção por pichação e o achado de um cigarro de maconha no casaco de Neto, seu pai decide interná-lo em uma instituição psiquiátrica. Sem passar por uma avaliação de um especialista e apenas com o depoimento da família, o jovem torna-se interno em um manicômio, cujo princípio era o de exclusão e penitência, uma vez que os pacientes eram reclusos por não se adequarem aos padrões morais pré-estabelecidos pela sociedade.			A loucura definia todo um espectro de seres humanos que possuíam inconformidades com os padrões. Dentro dos manicômios residiam diversos pacientes sem critérios algum para o convívio. O filme remonta a realidade, demonstrando que pacientes portadores de transtornos mentais graves e pacientes usuários de substâncias psicoativas, eram tratados do mesmo modo, inclusive com a mesma terapia medicamentosa. Em sua primeira semana, Neto é orientado por um dos internos a não chamar a atenção, senão lhe seria administrado o Haldol® (haloperidol – antipsicótico bloqueador dos receptores dopaminérgicos centrais)3 medicamento de escolha para administração em pacientes com crise, que, no entanto, era injetado de forma indiscriminada, levando a efeitos colaterais graves. 
		 A falta de humanização no tratamento baseia-se em um cuidado excluso, violento e tendo a contenção química e física como processo terapêutico, ao invés de um método de proteção a integridade do paciente. Somado a isso, utilizavam terapias com eletrochoques na intenção de conter e punir, sem visar à melhoria das psicopatologias. O “comércio da loucura” torna-se visível na fala do diretor e psiquiatra do hospital, admitindo que a superlotação seja um fator decisivo para gerar lucros onde, por conseguinte, a verba do governo estava sendo transferida para a sua administração.
		Ao receber sua primeira alta, Neto retorna ao convívio familiar e social, onde se observa que por conta do tempo enclausurado e sem o devido acompanhamento terapêutico, causou-lhe danos significativos no processo de ressocialização, levando-o a uma nova internação, potencializando o sofrimento mental. Como consequência disto, torna-se cada vez mais intolerante ao tratamento, sendo por vezes isolado e mais sedado, a ponto de tentar contra a própria vida ateando fogo na solitária, onde estava como um pedido de socorro. Dominado pela revolta circunstancial, ele decide por escrever ao pai uma carta, culpando-o por todo o sofrimento que ele fora obrigado a passar. Em seguida o pai decide por entender que o acolhimento seria a solução para seu filho e não a exclusão.
		Tendo como base a lei 10.216/2001 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, o Art. 6º garante que “a internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos”, vetando casos como o de Neto de vir a acontecer. A luta antimanicomial deve ser defendida por toda sociedade que acredita nos direitos humanos, uma vez que ela busca ressignificar a ‘loucura’ evidenciando que os portadores de transtornos mentais também tem o direito a uma vida em sociedade. Ainda como proposta o Art. 5º garante que “o paciente a longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida...” preconizando um suporte pós desinstitucionalização.
		Conclui-se que, a quebra do preconceito e o aprendizado sobre o tratamento dos transtornos mentais tem um longo caminho a ser percorrido. Evidente que, autobiografia como a de Austregésilo, repercute e enfatiza a importância da luta antimanicomial, estimulando toda uma sociedade a repensar a forma de atender aos usuários em saúde mental, dando-lhes a devida importância no cumprimento de seus direitos e deveres. Entretanto, se faz necessário que a discussão não se limite a um tipo de mídia, ela deve ser difundida para todas as classes sociais, para que haja uma sensibilização e uma luta em massa pela seguridade no suprimento das necessidades dos portadores de transtornos mentais. 
 
1Acadêmica do Curso de Enfermagem no Centro Universitário Estácio de Sergipe.
2 MENDONÇA, Mary Enice Ramalho. Bicho de sete cabeças: um grito de alerta. Comunicação & Educação. São Paulo, (23): 91 a 93, jan./abr. 2002.
3 Hadol (haloperidol). Janssen-Cilag Farmacêutica Ltda. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=11191292015&pIdAnexo=3018425>. Acesso em 21 de setembro de 2019.

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