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Justiça e diálogo sociaL 8 O Poder Judiciário Gustavo Brígido Bezerra Cardoso ESTA PUBLICAÇÃONÃO PODE SER COMERCIALIZADA GRATUITA Sumário 1. O Poder Judiciário ................................................................................................ 115 2. Justiça Comum e Especial .................................................................................. 118 3. Juizados Especiais .............................................................................................. 120 4. Os Tribunais Superiores ...................................................................................... 121 5. O Tribunal Pleno ....................................................................................................125 6. Órgão Especial ......................................................................................................126 7. Câmaras .................................................................................................................126 Referências ............................................................................................................127 1. O Poder Judiciário Ao longo dos anos, o Poder Judiciário brasileiro sofreu inúmeras mudanças em razão do contexto social em que foi in- serido, até que se chegasse ao modelo que possuímos hoje. No período colo- nial, as atividades jurisdicionais não eram centralizadas nos órgãos do Poder Judi- ciário, ainda que no Brasil já existissem tribunais a partir do século XVII. Nas ca- pitanias hereditárias, o donatário era do- tado de uma gama de direitos, que muito se assemelham com as garantias e prer- rogativas dos magistrados atualmente. Durante o Brasil Império, apesar da conquista de certa estabilidade no rei- nado de Dom Pedro II, o Poder Judiciário continuava subordinado constitucional e institucionalmente ao poder imperial, além de submisso aos detentores de certo poder e influência locais, que inter- vinham na administração da justiça em troca de compromissos políticos. No Brasil República (1889-1985), fo- ram criados o Supremo Tribunal Federal e a Justiça Federal, ambos no ano de 1890. A Nova República, período que se inicia em 1985 até os dias de hoje, possui, como destaque e marco principal, no que tange ao Poder Judiciário, o processo de elaboração de a promulgação da Consti- tuição da República Federativa do Brasil de 1988, documento em que se consa- grou o Estado Democrático de Direito. Hoje, o Poder no Brasil é uno, ou seja, um só. A divisão feita em três poderes é feita por questões organizacionais e es- truturais. O Estado, além de sua função de administrar e legislar, exerce a função jurisdicional, que consiste na “imposição da validade do ordenamento jurídico, de forma coativa, toda vez que houver ne- cessidade” 1 , função essa que é exercida através do Poder Judiciário. Ou seja, a função característica do referido poder é julgar casos concretos, que envolvem conflitos de interesses, aplicando-lhes a lei brasileira. Arruda Alvim definiu a função juris- dicional como sendo aquela “realizada pelo Poder Judiciário, tendo em vista aplicar a lei a uma hipótese controvertida mediante processo regular, produzindo, afinal, coisa julgada, com o que substitui, definitivamente, a atividade e vontade das partes” 2 . O Poder Judiciário é um dos três Po- deres que compõem a República Fede- rativa do Brasil, independente, harmôni- co e autônomo em relação aos poderes Legislativo e Executivo. Isso não significa que o Poder Judiciário é ilimitado, pois é fiscalizado pelos demais poderes por meio do sistema de freios e contrapesos, a fim de evitar violações às garantias constitucionais. Em um regime democrático como o nosso, a função atribuída ao Poder Ju- diciário, além de administrar a justiça no Brasil, e proteger, guardar a Constituição Federal, exercer o controle da legalidade, o exercício da jurisdição constitucional e o resguardo dos direitos fundamentais dos cidadãos 3 . A Carta Magna de 1988 conferiu ao Poder Judiciário autonomia institucional, de forma a garantir a independência fi- nanceira e administrativa do respectivo poder, bem como a independência fun- cional dos magistrados, características até então desconhecidas na história do nosso modelo constitucional. Essa auto- nomia é de suma importância para a efi- cácia dos direitos fundamentais, já que estes só podem ser realizados quando limitam o poder Estatal. 1 MORAES, Alexandre de. Direito Cons- titucional. 34. ed. São Paulo:Atlas, 2018, p. 687. 2 ALVIM, Arruda. Competência dos Esta- dos-membros para legislar sobre comér- cio interestadual. Cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política. São Paulo: Revista dos Tribunais, nº 7. 3 AGRA, Walber de Moura. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. Belo Hori- zonte: Fórum, 2018, p. 577. O Poder Judiciário é composto pelo Supremo Tribunal federal, o Conselho Nacional de Justiça, o Superior Tribunal de Justiça, os Tribunais Regionais Fede- rais e os juízes federais, os Tribunais e juízes do Trabalho, os Tribunais e juízes Eleitorais, os Tribunais e juízes Militares e os Tribunais e juízes dos estados e do Distrito Federal e territórios, como dis- posto no art. 92, I a VII, da Constituição Federal de 1988. JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 115 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE116 Organograma do Poder Judicário 3ª Instância Ministros atuam no: Superior Tribunal de Justiça - STJ 3ª Instância Ministros atuam no: Tribunal Superior Eleitoral - TSE SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF Ministros atuam no STF em casos que envolvam lesão ou ameaça à Constituição Federal 3ª Instância Ministros atual no: Tribunal Superior do Trabalho - TST Justiça Especializada 3ª Instância Ministros atuam no: Superior Tribunal Militar - STM Justiça do Trabalho Justiça MilitarJustiça EleitoralJustiça Comum Justiça Federal 1ª Instância Juízes de Direito atuam nos: Foros/Varas Especializadas 1ª Instância Juízes Federais atuam nas: Seções Judiciárias /Varas 1ª Instância Juízes Eleitorais e Cidadãos atuam nas: Juntas Eleitorais 1ª Instância Juízes do Trabalho atuam nas: Varas do Trabalho 1ª Instância Juízes de Direito realizam as Auditorias Militares 2ª Instância Desembargadores atuam no: Tribunal de Justiça - TJ 2ª Instância Juízes Federais atuam nos: Tribunais Regionais Federais - TRF 2ª Instância Juízes Eleitorais atuam no: Tribunal Regional Eleitoral - TRE 2ª Instância Juízes do Trabalho atuam nos: Tribunais Rgionais do Trabalho - TRT 2ª Instância Colegiado de Juízes Civis e Militares atuam no: Tribunal de Justiça Militar - TJM JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 117 No Brasil, a prestação jurisdicional é realizada pelo Poder Judiciário nas esferas estadual e federal, não possuin- do os municípios um judiciário próprio, sendo as demandas atendidas pela ju- risdição estadual e federal. Ainda, é di- vidida a justiça em justiça comum e jus- tiça especial, divididas em razão da sua matéria, determinada para uma melhor resolução do caso. O Poder Judiciário é organizado para atender a forma e os princípios discipli- nados pela Constituição Federal de 1988. Os tribunais pátrios são dotados de um poder de autogoverno, que consiste nas atribuições de elaborar seu regimento interno, eleger seus órgãos diretivos, or- ganizar suas secretarias e serviços auxi- liares e os dos juízos que lhes forem vin- culados, prover cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição e cargos neces- sários à administração da justiça, confor- me disposto no art. 96, I, da CRFB/88. Já a autonomia administrativa e financeira é visualizada na atribuição dos tribunais de elaborar suas propostas orçamentárias dentro dos limites impostos pela Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO). Institucionais Autonomia orgânico-administrativa — art. 96 Autonomia financeira — art. 99 vitaliciedade inamovibilidade irredutibilidade de subsídios vedações Independência dos Órgãos judiciários— art. 95. I-III Imparcialidade dos órgãos judiciários — art. 95. p. único I-V Funcionais ou de Órgãos Garantias do Judiciário FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE118 2. Justiça Comum e Especial O Poder Judiciário, para organizar e fa- cilitar o seu serviço e a sua efetividade, é ainda dividido em Justiça Comum e Justiça Especial. A Justiça Especial é composta pelas Justiças Militar, Eleitoral e Trabalhista, que são consideradas especializadas por tratarem de matérias específicas da sua área de atuação e as questões a ela conexas, sendo regidas por uma legislação processual própria a cada uma. A Justiça Militar Federal é com- posta pelo Superior Tribunal Militar (STM) e pelos Conselhos de Justiça especiais e permanentes, que sediam as auditorias militares. Compete a esta justiça o processamento e julgamento de crimes militares presentes no Có- digo Penal Militar cometidos tanto por militares da Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) em atividade, como por civis que atentem contra a Administração Militar Federal. A Justiça Militar Estadual e do Dis- trito Federal é composta pelos Tribunais de Justiça Estadual e, em locais onde o efetivo militar é superior a vinte mil, há a criação de uma Tribunal de Justiça Mi- litar, além dos juízes de direito. A com- petência dessa justiça, no âmbito esta- dual, resguarda-se a julgar os militares do Estados (Policiais Militares e Corpo de Bombeiros) em crimes militares e nas ações que tenham por objeto atos disciplinares por eles praticados. A Justiça Eleitoral engloba o Tribu- nal Superior Eleitoral (TSE), os Tribunais Regionais Eleitorais (TERs), os juízes e as juntas eleitorais. Atua tanto na esfera jurisdicional, em que possui a função de concretizar o devido processo eleitoral julgando as questões relativas ao direito eleitoral, quanto nas esferas administra- tivas, pois é responsável pela organiza- ção e realização das eleições, referendos e plebiscitos. É regulamentar, na medida em que elabora as normas referentes ao processo eleitoral 4 . A Justiça do Trabalho é compos- ta pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), pelos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e pelos juízes e varas do trabalho. Tem por função conciliar e julgar as ações judiciais entre trabalha- dores e empregadores, além de outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como as demandas que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças. Já a Justiça Comum é bipartida em Justiça Estadual e Justiça Federal e abrange todos os demais feitos, excluí- dos aqueles de competência específica da Justiça Especializada. A Justiça co- mum é organizada em entrâncias e uma instância superior e possui como órgão máximo da União o STJ. A Justiça Federal é composta por juízes e juizados federais e por cinco Tribunais Regionais Federais (TRFs), 4 JUSTIÇA Eleitoral. Tribunal Superior Eleitoral. [s.n]. Disponível em: http:// www.tse.jus.br/justica-eleitoral. Acesso em: 26 nov. 2019. localizados em cinco diferentes regiões, são elas: Brasília (TRF 1ª Região), Rio de Janeiro (2ª Região), São Paulo (3ª Região), Porto Alegre (4ª Região) e Recife (5ª Região). É competente a Justiça Federal, conforme consta no art. 109 da Constituição Federal e 1988, para julgar as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública fede- ral forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Elei- toral e à Justiça do Trabalho. A Justiça Comum Estadual se com- põe dos Tribunais de Justiça Estaduais, presentes em todos os estados da fede- ração, e das comarcas, que abrangem um certo número de municípios, bem como o município-sede, sendo a sua competência residual em relação às ou- tras justiças, ou seja, é competente para processar e julgar as causas que não são de competência dos demais ramos do Poder Judiciário. JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 119 Dualidade de Justiça Comum Juízes de Direito Juizados EspeciaisEstaduais Tribunal de Justiça Justiça Estadual TRF 1ª Região JF JEF TRF 2ª Região JF JEF TRF 3ª Região Justiça Federal JF JEF TRF 4ª Região JF JEF TRF 5ª Região JF JEF JF - Justiça Feeral JEF - Justiça Especial Federal 1ª Região 2ª Região 3ª Região 4ª Região 5ª Região FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE120 3. Juizados Especiais A Constituição Federal de 1988 atribui a criação de Juizados Especiais à União, Distrito Federal e Estados, em seu art. 98, inciso I, órgãos “providos por juízes togados, ou togados e leigos, compe- tentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de me- nor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, per- mitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau”. Os Juizados Especiais, anterior- mente conhecidos como Juizados de Pequenas Causas, foram instituídos com o objetivo de solucionar um dos pro- blemas do Poder Judiciário no Brasil: a demora no julgamento dos processos sem, contudo, afrontar o devido proces- so legal 5 . Tais órgãos são importantes meios de acesso à justiça, permitindo que o cidadão busque uma solução para os conflitos em que é interessado de uma forma mais célere, já que os atos processuais são realizados, quando possível, de forma oral, gratuita e com a mesma eficiência. Os Juizados Especiais Cíveis e Cri- minais fazem parte do Poder Judiciário e são disciplinados pela Lei nº 9.099, de 1995, possuindo cada Estado auto- nomia para criá-los e regulamentá-los, sendo regulados, em âmbito federal, pela Lei nº 10.259, de 2001. Os Juizados Especiais Estaduais são divididos em razão da sua competência material ou funcional. É competência dos Juizados Especiais Cíveis (JECs) o pro- cessamento, julgamento e execução das causas cíveis de menor complexidade com um valor de até 40 salários mínimos e sem complexidade técnica, sendo re- gulados pela Lei nº 9.099/95 e, de forma subsidiária, pelo Código de Processo Civil. Os Juizados Especiais da Fazenda Pública são competentes para julgamen- to das causas cíveis, mas que envolvam a Fazenda Pública estadual ou municipal, limitando-se a causas de até 60 salários mínimos, sendo regulados pela Lei nº 12.153/2009 e, de forma subsidiária, pela Lei nº 9.099/95. Os Juizados Especiais Criminais (JECrims) são competentes para julgar infrações penais de menor potencial ofensivo, aquelas com pena máxima de até dois anos e as contravenções pe- nais, com exceção das causas reguladas pela Lei Maria da Penha, ou seja, casos de violência doméstica ou familiar con- tra a mulher, sendo regulados pela Lei nº 9.099/95 e, de forma subsidiária, pelo Código de Processo Penal. Na capital cearense, existem 20 unidades dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais, 04 unidades dos Juizados Especiais Criminais, além de um Juizado especializado em casos que envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher e um Juizado Móvel6 . Os Juizados Especiais Federais, no âmbito cível, conciliam e julgam as cau- sas em que a União é parte, com valores de até 60 salários mínimos, excetuadas as causas previstas nos incisos de I à IV, do art. 3º, da Lei nº 10.259/01. Já na esfera criminal, processam e julgam os crimes de menor potencial ofensivo em que a Justiça Federal é competente para julgamento 7 . Em Fortaleza, é possível encontrar as 13ª, 14ª, 26º e 28º Varas Federais no prédio da Justiça Federal, localizado na Praça General Murilo Borges, no Centro, e a 2ª Vara Federal na Universidade de Fortaleza (UNIFOR), localizada na Ave- nida Washington Soares, 1321, no bairro Edson Queiroz. No interior do Estado, atualmente funcionam 07 varas dos Juizados Fe- derais, além de postos de atendimento dos Juizados nas cidades de Aquiraz e Guaramiranga. A 22º Vara Federal,que funciona no centro de Crateús, abran- ge também as demandas advindas das cidades de Ararendá, Catunda, Crateús, Independência, Ipueiras, Ipaporanga, Monsenhor Tabosa, Nova Russas, Novo Oriente, Poranga e Tamboril. A 25ª Vara Federal, localizada na Rua 25 de Março, em Iguatu, é responsável pelas demandas do Município de Iguatu, Acopiara, Cariús, Cedro, Icó, Iguatu, Ju- cás, Milhã, Orós, Piquet Carneiro, Quixe- lô, Saboeiro, Solonópole e Tarrafas. 5 AGRA, Walber de Moura. Curso de Direito Constitucional. 9. ed. Belo Hori- zonte: Fórum, 2018, p.573. 6 JUSTIÇA Eleitoral. Tribunal Superior Eleitoral. [s.n]. Disponível em: http:// www.tse.jus.br/justica-eleitoral. Acesso em: 09 dev. 2019. 7 JUIZADOS Especiais. Conselho Nacio- nal de Justiça. Disponível em: https:// www.cnj.jus.br/poder-judiciario/juiza- dos-especiais/. Acesso em: 09 dez. 2019. JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL Juazeiro do Norte possui duas Varas Federais, a 17ª e a 30ª Varas, responsá- veis pelas demandas dos municípios de Abaiara, Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Assaré, Aurora, Baixio, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Cari- riaçu, Crato, Farias Brito, Granjeiro, Ipau- mirim, Jardim, Jati, Juazeiro do Norte, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Nova Olinda, Penaforte, Porteiras, Potengi, Salitre, Santana do Cariri, Umari e Várzea Alegre. A 29ª Vara Federal funciona em Limoeiro do Norte e abrange a jurisdi- ção das cidades de Alto Santo, Aracati, Beberibe, Deputado Irapuan Pinheiro, Ererê, Fortim, Icapuí, Iracema, Itaiçaba, Jaguaretama, Jaguaribara, Jaguaribe, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Morada Nova, Palhano, Pereiro, Potiretama, Qui- xeré, Russas, São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte. No centro de Quixadá está a 23ª Vara Federal, que é responsável pelas demandas das cidades de Banabuiú, Boa Viagem, Canindé, Choró, Ibaretama, Ibi- cuitinga, Itapiúna, Itatira, Madalena, Qui- xadá e Quixeramobim. Já Sobral, onde funcionam a 19ª e a 31ª Varas Federais, abrange a jurisdição de Acaraú, Alcânta- ras, Amontada, Barroquinha, Bela Cruz, Camocim, Cariré, Carnaubal, Chaval, Co- reaú, Croatá, Cruz, Forquilha, Frecheiri- nha, Graça, Granja, Groaíras, Guaraciaba do Norte, Hidrolândia, Ibiapina, Ipu, Irau- çuba, Itapajé, Itapipoca, Itarema, Jijoca, Marco, Martinópole, Massapê, Meruoca, Miraíma, Moraújo, Morrinhos, Mucambo, Pacujá, Pires Ferreira, Reriutaba, Santa Quitéria, Santana do Acaraú, São Be- nedito, Senador Sá, Sobral, Tejuçuoca, Tianguá, Trairi, Ubajara, Uruburetama, Uruoca, Varjota e Viçosa do Ceará. A 24ª Vara Federal é localizada em Tauá: processa e julga as demandas advindas das cidades de Tauá, Aiuaba, Arneiroz, Catarina, Mombaça, Parambu, Pedra Branca, Quiterianópolis e Senador Pompeu. A 27ª Vara Federal atende as causas decorrentes de Itapipoca e a 35ª Vara Federal as de Maracanaú. O segundo grau de jurisdição, nos Juizados Especiais, é exercido pelas Tur- mas Recursais, chamadas ainda de ór- gãos colegiados de primeiro grau, forma- das por três juízes togados, observando as regras de antiguidade e merecimento, em exercício no primeiro grau de jurisdi- ção e reunidos na sede do Juizado, sen- do a recondução vedada. A Lei º 12.665/12 estabeleceu a cria- ção de uma estrutura permanente para as Turmas Recursais dos Juizados Espe- ciais Federais, estabelecendo em seu art. 2º que as referidas Turmas devem ser formadas por três juízes federais titula- res dos cargos de juiz federal de Turmas Recursais e um juiz suplente. 4. Os Tribunais Superiores No Brasil existem cinco Tribunais Supe- riores, todos com sede em Brasília, são eles: Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tri- bunal Superior do Trabalho (TST), Tri- bunal Superior Eleitoral (TSE) e Superior Tribunal Militar (STM). Os citados tribu- nais são conhecidos como a terceira e última instância, atuando nas causas que são, na origem, de sua competên- cia, e como revisores das decisões dos tribunais estaduais e tribunais regionais federais. Os juízes que atuam nos refe- ridos tribunais superiores são juízes da carreira da magistratura e são chama- dos de ministros, nomeados pelo Presi- dente da República para ocupar o cargo, devendo serem previamente aprovados pelo Senado Federal. O Supremo Tribunal Federal (STF) é o órgão máximo do Poder Judiciário e guardião da Constituição Federal, conforme prevê o art. 102 da Carta Constitucional, e é composto por 11 Ministros. É de competência do STF, por exemplo, o julgamento das ações diretas de inconstitucionalidade e das declara- tórias de constitucionalidade, os Recur- sos Ordinários e Recursos Extraordiná- rios, as Reclamações Constitucionais e conflitos de competência entre o STJ e qualquer outro tribunal, bem como a edi- ção e Súmulas Vinculantes. Atualmente, a Corte Suprema é composta pelos Ministros Dias Toffoli, Presidente do Tribunal, Luiz Fux, Vice- -Presidente do Tribunal, Celso de Mello, Decano da Corte, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Rober- to Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e das Ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber. 121 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE122 O Superior Tribunal de Justiça (STJ) é a última instância para as causas infra- constitucionais, ou seja, que não envol- vem diretamente a Constituição Federal. É composto por trinta e três membros, nomeados pelo Presidente da Repúbli- ca a partir de uma lista tríplice elabora- da pelo próprio tribunal, tendo a função primordial de uniformizar e zelar pela legislação infraconstitucional. Hodier- namente, o Tribunal se encontra sob a Presidência do Ministro João Otávio de Noronha e Vice-Presidência da Ministra Maria Thereza de Assis Moura. O art. 105, da CRFB/88, prevê as competências de julgamento do STJ, es- tabelecendo as causas que podem ser discutidas, originariamente, no próprio STJ, como os crimes comuns em que é réu o Governador de Estado ou do Dis- trito Federal, e aquelas em que o tribunal atua como órgão recursal, apreciando os recursos Ordinário e Especial, bem como as Reclamações para preservar sua competência e garantir a autoridade de suas decisões em face de atos de quais- quer Poderes do Estado. Composição do Supremo Tribunal Federal STF/SCO/CIMP/NDC - Atualização em 14-09-2018 JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 123 O Tribunal Superior do Trabalho (TST) é o responsável por uniformizar os entendimentos que versem sobre as questões trabalhistas, sendo o órgão máximo da Justiça do Trabalho. O órgão é composto por vinte e sete Ministros, brasileiros, com mais de 35 anos e me- nos de 65, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pela maio- ria absoluta do Senado Federal. Na sua composição atual, o Tribunal é presidido pelo Ministro João Batista Brito Pereira, tendo como Vice-Presidente o Ministro Renato Lacerda Paiva e como Correge- dor Geral da Justiça do Trabalho o Minis- tro Lelio Bentes Corrêa. Organização Plenário (33 ministros) 1ª Turma (5 ministros) 2ª Turma 3ª Turma 4ª Turma 5ª Turma 6ª Turma 1ª Seção 2ª Seção 3ª Seção Corte Especial (15 ministros) NUGEP - SVP Vice-Presidência Tribunal Pleno Corregedoria-Geral da Justiça no Trabalho - CGIT Órgão Especial MINISTRO PRESIDENTE Gabinete dos Ministros Turmas 1ª a 8ª Conselho Superior da Justiça no Trabalho - CSJT SEGP SEGJUD DGSET Seções SDI (1 e 2) e SDC Comissões Permanentes de Ministros CEFAST SECG FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE124 O Tribunal Superior Eleitoral é o órgão máximo da Justiça Eleitoral e é composto por sete membros, sendo três ministros do STF, dois ministros do STJ, eleitos por voto secreto, e dois advoga- dos dotados de idoneidade moral e notá- vel saber jurídico, nomeados pelo Presi- dente da República e indicados pelo STF, para um mandato de dois anos, confor- me art. 119, da CRFB/88. No momento atual, compõem o Tribunal a Ministra Rosa Weber (Presidente), e osMinistros Luís Roberto Barroso (Vice-Presidente), Luiz Edson Fachin, Geraldo Og Níceas Marques Fernandes (Corregedor), Luis Felipe Salomão, Tarcisio Vieira de Carva- lho Neto e Sérgio Silveira Banhos. É competência do TSE apreciar os recursos das decisões dos TREs, bem como questões que competem ao órgão originariamente, como a apuração das eleições para Presidência e Vice-Presi- dência da República e processos e julga- mentos que versem sobre registro e cas- sação de registro de partidos políticos e seus respectivos diretórios nacionais. PRESIDÊNCIA Corregedoria-Geral Eleitoral Assessoria Consultiva Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias Escola Judiciária Eleitoral Gabinetes da Presidência Ministros Gabinetes dos Ministros O Superior Tribunal Militar é forma- do por quinze Ministros, sendo compos- to por três oficiais-generais da Marinha, quatro oficiais-generais do Exército, três oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da car- reira, e cinco civis, nomeados pelo Presi- dente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, nos termos do art. 123, da CRFB/88. O referi- do tribunal superior possui competência para julgar apelações e os demais recur- sos oriundos de decisões de primeira instancia da Justiça Militar da União e jul- gar, originariamente, os Oficiais Generais em crimes de cunho militar. Atualmente, o Tribunal funciona sob a Presidência do Ministro José Coêlho Ferreira e da Vice- -Presidência do Ministro Lúcio Mário de Barros Góes. JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 125 O Superior Tribunal Militar é composto por 15 ministros vitalícios. A nomeação é feita pelo presidente da República depois que o Senado aprova a indicação. Veja como são distribuidas as vagas: Ministros Militares Todos da ativa e Oficiais-Generais, posto mais elevado da carreira do Exército da Marinha advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada com mais de 10 anos de atividade profissional por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do MP Militar da Aeronáutica4 3 3 23 Ministros Civis Composição do STM Fonte: Gazeta do Povo. 5. O Tribunal Pleno A Emenda Constitucional 45/2004 intro- duziu diversas modificações na estru- tura organizacional do Poder Judiciário disposta pela Constituição Federal de 1988. Uma das mudanças realizadas foi a reintrodução do Tribunal Pleno na estru- tura político-administrativa dos tribunais, cujas prerrogativas haviam sido extintas pela Lei Complementar 35/79. O Tribunal Pleno ou Pleno do Tribu- nal é o órgão deliberativo dos tribunais, constituídos pela totalidade dos seus membros e presidido pelo Presidente do respectivo tribunal, sendo as suas deci- sões consideradas as decisões de todo o tribunal por ser a instância máxima de todo tribunal. Tal forma de julgamento é adotada quando a lei assim determinar ou quando o próprio regimento interno do tribunal previr. O referido órgão pos- sui atribuições políticas, administrativas e jurisdicionais, conferidas pela CRFB/88, dentre elas, a instituição de Órgão Espe- cial, ao qual poderá delegar certas com- petências atribuídas a ele. Dentre as funções atribuídas ao Tri- bunal Pleno, destaca-se como uma das mais relevantes a política de eleger os seus órgãos diretivos, bem como de elaborar o seu regimento interno (função mista), ati- vidade que irradia efeitos em toda a orga- nização do tribunal e no próprio sistema de justiça do respectivo Estado. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE126 7. Câmaras As Câmaras ou Turmas são subgrupos de um tribunal, formadas por grupos de magistrados que compõem o órgão, em quantidade a ser disposta no regimen- to interno do tribunal, para possibilitar a análise simultânea de um maior número de processos. Suas competências e atri- buições são estabelecidas no regimento interno do respectivo tribunal e as suas decisões representam o entendimento do tribunal, sendo possível a revisão de suas decisões pelo Órgão Especial ou pelo Órgão Pleno, desde que haja previ- são no regimento interno do tribunal. 6. Órgão Especial O Órgão Especial pode ser instituído em tribunais cujo número de membros seja superior a vinte e cinco julgadores, sendo constituído por no mínimo onze e no má- ximo vinte e cinco membros, provendo- -se metade das vagas por antiguidade e a outra metade por eleição pelo Tribunal Pleno, conforme disposto no art. 93, XI, da CRFB/88. O Órgão Especial repre- senta a totalidade dos membros do tri- bunal e a ele são delegadas atribuições administrativas e jurisdicionais de com- petência do Tribunal Pleno, o que facilita a formação do quórum e dá celeridade aos julgamentos, não sendo descartada a possibilidade de avocar as atribuições delegadas para si. É válido ressaltar que o Órgão Especial não se equipara aos órgãos fracionários dos Tribunais, mas substitui o próprio plenário. Ou seja, uma vez instituído o órgão especial, em tribunais com um número de ministros superior a vinte e cinco, esse órgão avoca para si, de forma integral, as competências ad- ministrativas e jurisdicionais conferidas ao plenário. JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 127 Referências BRASIL. Constituição (1988). Constitui- ção da República Federativa do Bra- sil. Brasília, DF, Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui- caocompilado.htm>. Acesso em: 08 jun. 2018. BRESSER PEREIRA, Luiz Carlos. Refor- ma do Estado e Administração Pública Gerencial. Florianópolis: FGV, 2000. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito cons- titucional. 2. ed. Comibra: Almedina, 1997. CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 31. ed. São Paulo: Atlas, 2017. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2011. FIGUEIREDO, Marcelo. Probidade admi- nistrativa. 5. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. FREITAS, Juarez. O controle dos atos administrativos e os princípios fun- damentais. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2004. GABARDO, Emerson. Eficiência e legi- timidade do Estado: uma análise das estruturas simbólicas do direito político. Barueri, SP: Manole, 2003. GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pa- checo. Improbidade administrativa. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2004. Apoio Realização GUSTAVO BRÍGIDO BEZERRA CARDOSO (Autor) Advogado. Bacharel em Direito (UFC). Especialista em Direito e Processos Administrativos (Unifor). Mestre em Políticas Públicas e Sociedade (Uece). Doutor em Direito Constitucional (Unifor). Professor universitário e membro da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da OAB. KARLSON GRACIE (Ilustrador) Nasceu em Paulista, Pernambuco. Desenha desde criança. A arte e a leitura estiveram sempre presentes em sua vida. Filmes, desenhos animados, histórias em quadrinhos e videogames eram inspirações para desenhar. Integra o Núcleo de Design (NDE) da Fundação Demócrito Rocha, onde faz o que mais gosta: imaginar, criar e ilustrar. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidência: João Dummar Neto Direção Administrativo-Financeira: André Avelino de Azevedo Gerência Geral: Marcos Tardin Gerência Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Análise de Projetos: Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerência Pedagógica: Viviane Pereira Coordenação de Cursos: Marisa Ferreira Design Educacional: Joel Bruno Secretaria Escolar: Thifane Braga | CURSO JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL Concepção e Coordenação Geral: Cliff Villar Coordenação Executiva: Ana Cristina Barros Coordenação Adjunta: Patrícia Alencar Coordenação de Conteúdo: Gustavo Brígido Editorial e Revisão: Verônica Alves Edição de Design: Amaurício Cortez Projeto Gráfico e Diagramação: Welton Travassos Ilustração: Karlson Gracie Coordenação de Produção: Gilvana Marques Produção: Juliana Guedes Análise de Projeto: Narcez Bessa Marketing e Estratégia: Andrea Araújo, Kamilla Damasceno e Wanessa Góes Performance Digital: AliceFalcão | TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargador Washington Luís Bezerra de Araújo Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargadora Maria Nailde Pinheiro Nogueira Corregedor-Geral do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargador Teodoro Silva Santos | ISBN 978-65-86094-06-0 Todos os direitos desta edição reservados à: Fundação Demócrito Rocha Av. 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