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(Esse material não é um texto autoral, não configurando plágio. Foi retirado de obras bibliográficas indicadas pelo portal, assim como outros doutrinadores do direito civil. Inclusão de jurisprudência, dispositivos legais e artigos de sites jurídicos. Da mesma forma, tal orientação de aula não substitui a leitura dos livros acadêmicos e obras especializadas da matéria). DIREITO DAS OBRIGAÇÕES PROFª:SIMONE FLORES OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 1- Noção geral: ‘ A classificação da obrigação no que toca à divisibilidade ou indivisibilidade leva em conta o seu conteúdo, ou seja, a unicidade da prestação. Tal classificação só interessa se houver pluralidade de credores ou de devedores. As regras estão nos arts. 257 a 263 Cc. a) Obrigação divisível: é aquela que pode ser cumprida de forma fracionada, ou seja, em partes; b) Obrigação indivisível: é aquela que não admite fracionamento quanto ao cumprimento. Obs: A divisibilidade da obrigação (prestação): possibilidade de fracionamento; A indivisibilidade: obrigatoriedade do pagamento integral. Art. 257 CC: em havendo 3 devedores da obrigação divisível de entregar 120 sacas de soja em relação a um único credor, aplicando-se a presunção relativa de divisão igualitária, cada devedor deverá entregar 40 sacas. Eventualmente, o instrumento obrigacional pode trazer uma divisão distinta e não igualitária, pois o art. 257 Cc é norma de ordem privada. Então, obrigação divisível é aquela em que cada um dos devedores é responsável por parte da dívida, ou o inverso, cada um dos credores tem direito de receber apenas uma parte do crédito. Ex: obrigação de dar dinheiro. Em síntese: suporta o fracionamento. Portanto, havendo obrigação divisível com pluralidades de devedores, com o adimplemento realizado em partes, divide-se em tantas obrigações iguais e distintas quanto os devedores. Ex: A, B, e C ------------------------------R$ 90,00---------D DEVEDORES CREDOR Cada um pagará R$30,00 OBRIGAÇÕES FRACIONÁRIAS No caso de obrigação divisível com pluralidade de credores – o devedor comum pagará a cada credor uma parte igual da dívida. Ex: A------------------------R$90,00--------------B, C, D DEVEDOR pagará R$30,00 para cada um dos Credores As obrigações divisíveis e indivisíveis são compostas pela multiplicidade de sujeitos. Tal classificação só oferece interesse jurídico havendo pluralidade de credores ou de devedores, pois existindo um único devedor obrigado a um só credor, a obrigação é indivisível, isto é, a prestação deverá ser cumprida por inteira, seja divisível ou indivisível. Art. 314 Cc. Então, só faz sentido classificar a obrigação como divisível ou indivisível se houver pluralidade de sujeitos. Quando há apenas um credor e um devedor, a obrigação será sempre indivisível, já que nem o credor está obrigado a receber pagamentos parciais, nem o devedor está obrigado a fazê-lo. Pode-se dizer que a divisibilidade da obrigação, da prestação, consiste na possibilidade de fracionamento do pagamento e a indivisibilidade na obrigatoriedade do pagamento integral A importância do estudo da matéria se vincula às obrigações com pluralidade de sujeitos. Só quando houver na relação obrigacional uma multiplicidade de credores ou devedores prevalecerá a regra do fracionamento em obrigações autônomas – as partes se satisfazem pelo concurso, pela divisão: CONCURSU PARTES FIUNT. Essa regra da divisão sofre duas exceções: a da indivisibilidade e solidariedade- embora concorram várias pessoas, cada credor tem direito de reclamar a prestação por inteiro e cada devedor responde também pelo todo. INDIVISIBILIDADE- ART. 258 CC; ex: sacas de café: divisível; animal, relógio: indivisível: art. 87/88Cc Espécies de indivisibilidade: art. 258Cc: a) natural: ex: tela , animal; b) legal: hipoteca, servidão, herança..;c) convencional e d) ordem econômica. Lembrando: divisibilidade da prestação: possibilidade de fracionamento; Indivisibilidade: obrigatoriedade do pagamento integral. 2- Efeitos da indivisibilidade da obrigação: 1ª Regra: Art. 259 Cc: Ex: Imagine-se que há um credor (A) e três devedores (B, C e D), que devem entregar um touro reprodutor, cujo valor é de R$30.000,00. Se B entrega o touro, poderá exigir, em sub-rogação, R$ 10.000,00 de cada um dos demais devedores, ou seja, as suas quotas-partes correspondentes. A entregou o touro -B r$10.000,00 CREDOR C DEVEDORES D Da mesma forma, se a prestação refere-se em um determinado fazer, como a construção de um edifício, e três são os devedores, executada a atividade por apenas um deles, este ( quem executou a prestação) terá ação em face dos outros dois- a mesma que teria o credor, porque se trata de sub- rogação. Contudo, não poderá deles exigir a construção, que já está pronta, mas o equivalente (valor pecuniário da prestação) que caberia a eles, ou seja, um terço de cada um. 2ª Regra: Art. 260 Cc: No caso, o devedor D pode entregar o touro reprodutor para todos os credores ao mesmo tempo. Além disso, pode entregá-lo para o credor A, dando este uma garantia de que irá repassar as quotas dos demais . Ou em complemento, o art 261 cc enuncia que se um credor receber a prestação por inteiro, os demais poderão pleitear a parte da obrigação a que têm direito, em dinheiro. Assim, nesse exemplo, valendo este R$ 30.000,00, se um dos três credores receber o animal por inteiro, os outros dois sujeitos obrigacionais ativos poderão pleitear cada qual sua quota, ou seja, R$10.000,00, daquele que recebeu. Caução de ratificação A B D DEVEDOR CREDORES 3ª Regra: art. 262 CC: A, B e C são credores de D quanto à entrega do famoso touro reprodutor, que vale R$30.000,00. A perdoa (remite) a sua parte na dívida, correspondente a R$10.000,00. B e C podem ainda exigir o touro ,desde que paguem a D os R$ 10.000,00 que foram perdoados. A remissão (perdão) B D DEVEDOR C CREDORES Da mesma forma, vamos imaginar que Berenice deve a Clóvis, Caio e Sílvio a tela Os Amantes, no valor de R$9.000,00. Sílvio remite a dívida. No entanto, a obrigação de entregar o quadro subsiste quanto a Clóvis e Caio, integralmente, pois a tela é indivisível, Berenice não tem como dela reduzir a quota remitida. Entretanto, para recebê-la, Clóvis e Caio, em conjunto, terão de ressarcir a Berenice em r$3.000,00, referentes à quota remitida pro Silvio 4ª Regra: art. 263 CC: para muitos autores reside a principal diferença (Tartuce), entre a obrigação indivisível e a obrigação solidária. A obrigação indivisível perde seu caráter se convertida em obrigação de pagar perdas e danos, que é uma obrigação de dar divisível. Já a obrigação solidária, tanto ativa quanto passiva, não perde sua natureza se convertida em perdas e danos. Inicialmente, caso haja culpa por parte de todos os devedores no caso de descumprimento da obrigação indivisível, todos responderão em proporcionalidade, devendo o magistrado apreciar a questão sob o critério da equidade – art. 263§ 1ºcc. Porém, se houver culpa por parte de um dos devedores, somente este responderá por perdas e danos, bem como pelo valor da obrigação – art. 263§2º cc. Na última previsão surge divergência doutrinária. Uma corrente entende que a exoneração mencionada no § 2º é total, atinge tantoa obrigação em si quanto a indenização suplementar- Tartuce, Gustavo Tepedino, Anderson Schreiber – “ Se somente um dos devedores for culpado pelo descumprimento da prestação indivisível, a deflagração do dever de indenizar a tal devedor se limita. Por expressa disposição do art. 263§2º , credor ou credores nada podem exigir dos devedores não culpados, que ficam exonerados do vínculo obrigacional Outra corrente entende que havendo culpa de um dos devedores na obrigação indivisível, aqueles que não foram culpados continuam respondendo pelo valor da obrigação; mas pelas perdas e danos só responde o culpado – Álvaro Villaça- “exonerados tão somente das perdas e danos, não do pagamento de suas cotas”. No mesmo sentido: José Simão – Enunciado 540 VI Jornada de Direito Civil – Maria Helena Diniz, Sílvio Venosa, Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald. EXERCÍCIO; 1) A respeito das obrigações divisíveis e indivisíveis, é correto afirmar: a) Se um dos credores, nas obrigações divisíveis, remitir a dívida, a obrigação ficará extinta para com os outros; b) O devedor que paga a dívida referente à prestação indivisível não se sub-roga no direito do credor em relação aos outros coobrigados; c) Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos; d) Nas obrigações divisíveis, a compensação da dívida feita por um dos credores acarreta a extinção do débito para com os outros credores. SOLIDARIEDADE 1. NOÇÕES GERAIS: Art. 264 Cc Caracteriza-se a obrigação solidária pela multiplicidade de credores e ou devedores, tendo cada credor direito à totalidade da prestação, como se fosse credor único, ou estando cada devedor obrigado pela dívida toda, como se fosse o único devedor. Ex1: Dois amigos devendo vinte mil reais a um credor. Em tese, cada um deve dez mil reais, mas, se for obrigação solidária, o credor pode cobrar toda a dívida de qualquer deles (quem paga se sub-roga nos direitos do credor perante os demais devedores). Ex2: Se um devedor deve vinte mil reais a dois amigos, em tese, deve dez mil reais para cada um deles, mas, se for obrigação solidária, qualquer dos credores pode cobrar toda a dívida (quem recebe se torna devedor perante os demais credores). Solidariedade ativa e passiva: Ex: a) Berenice e Helena são credoras solidárias de Pontes, que lhe deve um parecer. Qualquer das credoras pode exigir do devedor o cumprimento integral da obrigação – o parecer – SOLIDARIEDADE ATIVA; b) Rui e Manoel são devedores solidários de R$ 100,00 a Clóvis. O credor pode exigir de qualquer dos devedores a dívida inteira – os R$100,00 – SOLIDARIEDADE PASSIVA. Diferenças entre a obrigação solidária e obrigação indivisível: a) A causa da solidariedade se refere aos sujeitos, enquanto a da indivisibilidade se refere ao objeto; b) O devedor solidário paga por inteiro porque deve por inteiro, enquanto o devedor de prestação indivisível somente paga por inteiro por ser impossível o pagamento repartido de acordo com as quotas de cada devedor; c) A solidariedade é sempre uma criação jurídica – legal ou convencional, enquanto a indivisibilidade é naturamente indivisível; d) A solidariedade permanece quando a obrigação se converte em perdas em danos, enquanto a indivisibilidade desaparece quando ocorre a conversão. O fato é que o regime da solidariedade é sempre excepcional – art. 265 Cc 2- CARACTERÍSTICAS: A) PLURALIDADE SUBJETIVA- solidariedade ativa/passiva/ B) UNIDADE OBJETIVA- mesma obrigação. O fato de se instaurar uma pluralidade de sujeitos em qualquer dos polos da relação jurídica não implicará na constituição de uma diversidade de vínculos obrigacionais, mas tão somente de um único elo entre credores e devedores que implica na exigência do adimplemento pela integralidade. A prova disso é que o pagamento realizado por qualquer devedor ou recebido por qualquer credor extingue a obrigação; C) A SOLIDARIEDADE SÓ SE MANIFESTA NAS RELAÇÕES EXTERNAS: qualquer credor poderá exigir o pagamento de qualquer devedor no todo, como se fosse o único existente, assim como o devedor comum poderá exonerar-se, pagando o total a qualquer credor. O pagamento integral por qualquer devedor ou o recebimento do débito total por qualquer dos credores resultará na extinção da obrigação; Já nas RELAÇÕES INTERNAS, não se cogita da solidariedade. Aplica-se aqui o benefício da divisão. Cuida-se de regra que denega ao devedor solidário que pagou ao credor a possibilidade de escolher um ou mais codevedores para pagamento da dívida integral – Ex: se A, B, C são credores de D, E e F no quantum de R$60,00, o credor A poderá cobrar esta quantia de qualquer um dos devedores. Aquele que pagou e sub- rogou-se na posição do credor buscará em face de cada codevedor pro rata, a quantia de R$ 20,00. Divisível: vínculo interno; D) A SOLIDARIEDADE NÃO SE PRESUME- art. 265 CC- para identificar a solidariedade no contrato, não há necessidade de vocábulo jurídico sacramental. É suficiente a utilização de expressões como “por inteiro”, pelo todo, cada um ou todos, um por todos e todos por um, pro indiviso.. Até ser tácita se admite a solidariedade. Cc/02 não condiciona à declaração expressa- art. 111 e 113 – hermenêutica aberta das declarações negociais.
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