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1 DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS FUNDAMENTAIS Art. 1º CED - o exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos do Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e profissional. Art. 2º CED - o advogado é indispensável à administração da Justiça, sendo defensor do estado democrático de direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da moralidade, da Justiça e da paz social, tendo, por isso, alguns deveres a serem cumpridos. Destes artigos retiram-se os princípios éticos que o advogado deve pautar-se ao agir, tendo sempre em vista os princípios como deveres fundamentais, sendo, por isso mesmo, dever do advogado defender o estado democrático de direito, a cidadania, a moralidade pública, a justiça e a paz social e, ainda, zelar pelo prestígio de sua classe, e das instituições de direito. Por isso mesmo, podemos dizer que o regramento ético do advogado não fica limitado ao contido no CED, sendo o Estatuto, o Regulamento Geral, os provimentos e a lei em si, também vetores onde o advogado deve pautar-se na sua conduta ética. Contudo, o CED, trouxe alguns dos regramentos que se entenderam necessários estabelecer para uma maior moralização da classe dos advogados, os quais devem ser analisados por esses profissionais ao aplicarem o direito. Mas como dissemos O ROL DO CED NÃO É TAXATIVO, mas sim meramente exemplificativo, podendo outras condutas entendidas como éticas ser seguidas pelos advogados no exercício da sua profissão. 2 Essas regras éticas têm, então, como objetivo principal a defesa da cidadania no que respeita à livre escolha de seus patronos nas causas individuais ou coletivas de seu interesse, ou seja, o cliente não deve se influenciar por outras situações, ao escolher um advogado, que não seja a sua qualidade como profissional. Por isso mesmo que é vedado ao advogado, com relação à ética, angariar, direta ou indiretamente, serviços ou causas; insinuar-se ou inculcar-se para prestar serviços ou oferecê- los; anunciar seus serviços imoderadamente, admitidos apenas a indicação de títulos, especialidade, sede do escritório e correspondentes; solicitar, provocar ou sugerir publicidade que importe a propaganda de seus merecimentos ou atividades; estimular a aventura judicial ao cliente; deixar de trabalhar para a conciliação das partes; não cumprir a Tabela de Honorários advocatícios; estabelecer convênios jurídicos sem autorização da OAB; a não utilização de linguagem escorreita (sem defeitos, correta); o exercício simultâneo de diversas atividades no mesmo local da advocacia; o tráfico de influência em todos os níveis. E quais são os deveres do advogado? Estes são tratados no parágrafo único do art. 2. do CED, que elenca como deveres do advogado: I - preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo caráter de essencialidade e indispensabilidade da advocacia; II - atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; III - velar por sua reputação pessoal e profissional; IV - empenhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e profissional; V - contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; VI - estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; VII - desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de viabilidade jurídica; 3 VIII - abster-se de: a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; b) vincular seu nome a empreendimentos sabidamente escusos; c) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; d) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste; e) ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante autoridades com as quais tenha vínculos negociais ou familiares; f) contratar honorários advocatícios em valores aviltantes. IX - pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos direitos individuais, coletivos e difusos; X - adotar conduta consentânea com o papel de elemento indispensável à administração da Justiça; XI - cumprir os encargos assumidos no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil ou na representação da classe; XII - zelar pelos valores institucionais da OAB e da advocacia; XIII - ater-se, quando no exercício da função de defensor público, à defesa dos necessitados. Art. 3º CED - o advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar (suavizar) as desigualdades para o encontro de soluções justas, sendo a lei um instrumento para garantir a igualdade de todos. Do artigo citado, temos que a conduta do advogado deve ser, antes de qualquer coisa, baseada na ética e na justiça, buscando sempre lutar pela igualdade de condições de todas as pessoas no acesso a justiça. Arts. 4º ao 7º CED - ressalta-se a importância de se separar sempre o exercício da advocacia dos processos de mercantilização, tendo em vista que, com o nascimento das sociedades de advogados empresariais que atuam no âmbito internacional, possibilitou-se a absorção de 4 padrões de conduta ética de outros países, como, por exemplo, os EUA, e, também, de outros setores associativos na área de serviços, o que trouxe vários exemplos de publicidade promocional as quais tem incutido nos advogados uma nova realidade conjuntural, que vem fazendo com que se modifique o perfil da advocacia, o que, nem sempre se faz dentro dos padrões éticos estabelecidos para a classe. EAOAB – parte geral Art. 2º EAOAB - O advogado é indispensável à administração da justiça. § 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social. § 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público. Indispensabilidade – (art. 133 CF c/c 2º EAOAB) – ligado à Função Social do advogado, privado ou público, é quem garante o acesso à justiça, ao devido processo legal, à preservação da ampla defesa e do contraditório. Art. 2º, § 3º c/c 7º II EAOAB - No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta lei. Significa que o advogado não pode sofrer arbitrariedades decorrentes da autoridade pública que dificultem seu pleno exercício profissional. Prerrogativa profissional, mas que não é absoluta e se limita a atividade profissional, tem por função garantir o pleno exercício profissional e o sigilo. 5 Art. 7º § 2º. O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (NÃO ABRANGE QUESTÕES PESSOAIS) Art. 6º e 7º, I e VI EAOAB – liberdade profissional e falta de hierarquia ou subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos. A falta de respeito com o advogado é passível de Desagravo Público. * Art. 7º VII e § 5º + 44, II EAOAB - No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função de órgão da OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator. Regulado nos arts. 18 e 19 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia (RG – EAOAB) Arts. 1º, 3º e 4º EAOAB – atividades privativas da advocacia / exercício da advocacia é privativo dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), sendonulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB. RG, Art. 7º A função de diretoria e gerência jurídicas em qualquer empresa pública, privada ou paraestatal, inclusive em instituições financeiras, É PRIVATIVA de advogado, não podendo ser exercida por quem não se encontre inscrito regularmente na OAB. 6 RG, arts. 4 e 5 – comprovação do EFETIVO EXERCÍCIO PROFISSIONAL - 5 atos privativos (atuação processual judiciária, consultoria, assessoria, direção jurídica – art. 1º EAOAB) * passar por advogado, sem ter essa condição legal, gera: - incorrer em exercício ilegal da profissão (LCP, 471); - incorrer no crime de falsidade documental (CP, 296 ss); - nulidade dos atos praticados; - representação perante o Conselho Seccional competente, por exemplo, por (entre outras): Art. 34. Constitui infração disciplinar: I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos; V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não tenha feito, ou em que não tenha colaborado; IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio; * pessoa que se passa por advogado, mas não é inscrita na OAB, não se sujeita a ela, mas responde penal (4 RG + 47 LCP)2 e civilmente, mas o estagiário de advocacia está sujeito as penalidades da OAB. XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação (isoladamente) - mas sob a responsabilidade do advogado, seus atos se limitam a retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga, obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de 1 Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado o seu exercício: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. 2 Art. 4º RG A prática de atos privativos de advocacia, por profissionais e sociedades não inscritos na OAB, constitui exercício ilegal da profissão. Parágrafo único. É defeso ao advogado prestar serviços de assessoria e consultoria jurídicas para terceiros, em sociedades que não possam ser registradas na OAB. 7 peças ou autos de processos em curso ou findos, assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou administrativos, praticar atos extrajudiciais quando receber autorização ou substabelecimento do advogado. Os ATOS PRIVATIVOS de advocacia (art. 1º EAOAB) somente podem ser feitos em conjunto com o advogado e nos limites estabelecidos por este. Art. 8º EAOAB - Para inscrição como advogado é necessário: (20 ss RG) I - capacidade civil; II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada; (art. 23 RG)3 III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro; IV - aprovação em Exame de Ordem; V - não exercer atividade incompatível com a advocacia; VI - idoneidade moral – (exclui o crime infamante sem reabilitação judicial - para ser declarado inidôneo tem que ter 2/3 dos membros do Conselho competente o fazendo). VII - prestar compromisso perante o conselho. RG, Art. 20. O requerente à inscrição principal no quadro de advogados presta o seguinte compromisso perante o Conselho Seccional, a Diretoria ou o Conselho da Subseção: “Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático, os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.” § 1º É indelegável, por sua natureza solene e personalíssima, o compromisso referido neste artigo. § 2º A conduta incompatível com a advocacia, comprovadamente imputável ao requerente, impede a inscrição no quadro de advogados. 3 Art. 23 Reg/OAB. O requerente à inscrição no quadro de advogados, na falta de diploma regularmente registrado, apresenta certidão de graduação em direito, acompanhada de cópia autenticada do respectivo histórico escolar. 8 Causas de perda da inscrição – exclusão art. 38 EAOAB: - aplicação, por três vezes, de suspensão (art. 22 RG4 – adv notificado para pgto de anuidades tem 15 dias para fazê-lo – deixar de pagar anuidades distintas por 3 vezes – gera 3 suspensões - cancelamento); - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB; - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia; - praticar crime infamante. Para aplicação da pena faz-se necessária a manifestação favorável de 2/3 dos membros do conselho competente. A exclusão cancela a OAB do profissional, que perde seu número e caso se reabilite, voltará na sequência existente. * Na hipótese de novo pedido de inscrição (que não restaura o número de inscrição anterior) - deve o interessado fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI e VII do art. 8º. Hipóteses de cancelamento da inscrição (art. 11 EAOAB). - assim o requerer; - sofrer penalidade de exclusão, falecer, passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia (promovido de ofício, pelo conselho competente ou em virtude de comunicação por qualquer pessoa). - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição. * art. 22 RG5 – adv notificado para pgto de anuidades tem 15 dias para fazê-lo – deixar de pagar anuidades distintas por 3 vezes – gera 3 suspensões – cancelamento por exclusão); 4 Art. 22 Reg/OAB. O advogado, regularmente notificado, deve quitar seu débito relativo às anuidades, no prazo de 15 dias da notificação, sob pena de suspensão, aplicada em processo disciplinar. Parágrafo único. Cancela-se a inscrição quando ocorrer a terceira suspensão, relativa ao não pagamento de anuidades distintas. 9 Hipóteses de licenciamento do profissional (art. 12 EAOAB). *Advogado licenciado não precisa pagar OAB, votar, mas não pode atuar ou ter os benefícios da Ordem. - assim o requerer, por motivo justificado; - passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício da advocacia; - sofrer doença mental considerada curável. Art. 27 EAOAB. INCOMPATIBILIDADE - PROIBIÇÃO TOTAL IMPEDIMENTO - PROIBIÇÃO PARCIAL EAOAB, Art. 34, § ú: Inclui-se na conduta incompatível: a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei; b) incontinência pública e escandalosa; c) embriaguez ou toxicomania habituais. Art. 28 EAOAB. A ADVOCACIA É INCOMPATÍVEL, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades: I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos legais; 5 Art. 22. O advogado, regularmente notificado, deve quitar seu débito relativo às anuidades, no prazo de 15 dias da notificação, sob pena de suspensão, aplicada em processo disciplinar. Parágrafo único. Cancela-se a inscrição quando ocorrer a terceira suspensão, relativa ao não pagamento de anuidades distintas. 10 II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da administração pública direta e indireta; (art. 8 º RG)6 Isto não se aplica aos advogados que participam dos órgãos acima referidos, na qualidade de titulares ou suplentes,como representantes dos advogados. III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de serviço público; IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro; V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial de qualquer natureza; VI - militares de qualquer natureza, na ativa; VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais; VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive privadas. § 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de exercê-lo temporariamente. § 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de decisão relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem como a administração acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico. Art. 29 EAOAB - Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional são EXCLUSIVAMENTE legitimados para o exercício da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o período da investidura. 6 Art. 8º Reg/OAB A incompatibilidade prevista no art. 28, II do Estatuto, não se aplica aos advogados que participam dos órgãos nele referidos, na qualidade de titulares ou suplentes, como representantes dos advogados. (NR)2 § 1º Ficam, entretanto, impedidos de exercer a advocacia perante os órgãos em que atuam, enquanto durar a investidura. § 2º A indicação dos representantes dos advogados nos juizados especiais deverá ser promovida pela Subseção ou, na sua ausência, pelo Conselho Seccional. 11 Art. 30 EAOAB - São IMPEDIDOS de exercer a advocacia: I - os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora; II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias de serviço público. Parágrafo único. Não se incluem nas hipóteses do inciso I os docentes dos cursos jurídicos. Lembre do brocardo – “não se morde a mão que o alimenta”7, ou seja, desde que não aja contra quem o remunera, pode advogar. 7 Eric Hoffer – As pessoas que mordem a mão que as alimenta costumam ser as mesmas que lambem as botas que lhe dão pontapés. (Disponível em: https://quemdisse.com.br/frase/as-pessoas-que-mordem-a-mao-que-as-alimenta-costumam-ser-as- mesmas-que-lambem-as-botas-que-lhes/11461/)
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