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Cultura64
Cultura é um termo bastante explorado pela Antropologia, ciência que surgiu na mesma época em que a Sociologia e visa a analisar as sociedades humanas a partir de sua produção cultural, indo das mais elementares formas de organização social até as mais complexas.
O sentido de cultura é amplo. O que nos interessa aqui é saber que a cultura corresponde a um conjunto de hábitos, crenças e conhecimentos de um povo ou um determinado grupo artístico (literário, dramatúrgico, musical, derivado das artes plásticas etc.) que cultiva, de algum modo, um padrão estético semelhante.
Saiba também: Cultura brasileira: da diversidade à desigualdade
Significado de cultura
Segundo o dicionário Aurélio Online|1|, cultura pode significar:
1. Ato, arte, modo de cultivar;
2. Lavoura;
3. Conjunto das operações necessárias para que a terra produza;
4. Vegetal cultivado;
5. Meio de conservar, aumentar e utilizar certos produtos naturais;
6. Aplicação do espírito a (determinado estudo ou trabalho intelectual);
7. Instrução, saber, estudo;
8. Apuro; perfeição; cuidado.
Em virtude da variedade de significados dessa palavra derivada do latim que deu origem tanto a expressões de cuidado e cultivo quanto a expressões que designam conjuntos de conhecimentos e hábitos de determinadas sociedades, é difícil realizar o seu esgotamento conceitual.
Podemos designar, com a palavra cultura, o cultivo de vegetais (a cultura de tomates ou o cultivo de tomates), o cultivo do conhecimento humano alcançado pela racionalidade e pelo senso estético (quando nos referimos a uma pessoa culta, justificando que ela é letrada, erudita, que conhece vários idiomas ou é conhecedora de arte) e a cultura de um povo, de uma região, de uma nação, que se apresenta em suas diversas facetas: religião, arte, culinária, costumes, conhecimento etc.
De todas essas formas a que a palavra cultura pode remeter, a última é a que será tratada neste texto, pois é a que se encaixa no espectro de assuntos estudados pela Antropologia, uma disciplina que surgiu no século XIX, em meio ao surgimento da Sociologia. As duas áreas compõem, junto à Ciência Política e à Economia, o conjunto que forma as chamadas Ciências Sociais.
A cultura é um dos elementos de análise da Antropologia e foi desenvolvida de diferentes maneiras, de acordo com o seu local e seu povo originário.
Conceito de cultura para a Sociologia
Focando no termo cultura observado pelo viés da Sociologia e da Antropologia, podemos dizer que “é por meio da cultura que buscamos soluções para nossos problemas cotidianos, interpretamos a realidade e produzimos novas formas de interação social”|2|.
O avanço dos estudos antropológicos apresenta visões mais recentes da Antropologia que contrariam as visões iniciais da disciplina. Os métodos antropológicos e sociológicos de análise social e cultural também se modificaram. Por isso, podemos destacar métodos e pontos de vista diferentes acerca do estudo sociológico para adentrar no conceito de cultura por meio desses métodos e de seus pensadores.
No século XIX, os estudos antropológicos surgiram na Europa, principalmente sob o espectro do darwinismo social do biólogo e sociólogo britânico Herbert Spencer. O termo “evolucionismo” estava em voga nos meios intelectuais do século XIX, devido à disseminação da teoria darwinista. O darwinismo social surgiu a partir da conexão entre os estudos de Darwin e a Antropologia, ligação efetuada por Spencer.
Em sua teoria, Spencer defende que existem estágios diferentes de evolução humana no mundo e eles que se apresentam por meio dos diferentes tipos de cultura desenvolvidos pelos seres humanos em cada local.
Essa teoria, obviamente, leva em consideração as noções não somente geográficas, mas também étnicas para separar os diferentes povos, o que permite a percepção, nos dias de hoje, de que o darwinismo social era uma ótica eurocêntrica e racista apoiada em um método científico.
Outro grande nome a integrar o espectro do darwinismo ou evolucionismo social foi o também britânico, considerado o primeiro antropólogo da Inglaterra, Edward Burnett Tylor. O “pai” da Antropologia britânica revolucionou o conceito de cultura para aplicá-lo em amplo aspecto em sociedades, porém ele estava ligado a uma visão que mais tarde seria descartada do estudo social científico, por estabelecer hierarquias sociais a partir da produção cultural.
A partir de Franz Boas, os antropólogos foram percebendo, aos poucos, que não existia uma hierarquia cultural.
Outro nome importante apareceu no século XIX, o do geógrafo, físico e antropólogo alemão, naturalizado nos Estados Unidos, Franz Boas. Boas divergiu das teorias antropológicas de sua época e passou a mergulhar na cultura indígena de tribos estadunidenses, com uma ótica menos eurocêntrica, diferente dos evolucionistas, que consideravam a cultura europeia superior a qualquer cultura desenvolvida por nativos das Américas, da África e da Ásia.
O culturalismo de Boas inaugurou um modo de pensar baseado na relativização do termo cultura e de parâmetros para se entender a cultura, pois não é possível medir uma escala de desenvolvimento cultural a partir de sociedades diferentes.
A visão antropológica de Boas influenciou um novo modo de pensar a Sociologia e a Antropologia no século XX, denominado estruturalismo. Os estruturalistas enxergam que há uma lógica que liga a cultura com a língua, a cultura com o povo e a cultura com o meio.
Seguindo essa visão, a cultura influencia a caracterização de um povo, mas o oposto também acontece. Também há uma noção de influência do meio, mas uma influência não determinante. Tudo isso constitui uma estrutura social importante que deve ser analisada.
Um nome importante da Antropologia estruturalista é o do etnólogo belga Claude Lévi-Strauss, o qual teve sua obra fortemente influenciada por sua estadia no Brasil, o que lhe rendeu o contato com alguns povos indígenas.
A jornalista Véronique Mortaigne afirma, em introdução a uma entrevista feita com Lévi-Strauss sobre sua relação com o Brasil, que: em 1935, o jovem professor de 27 anos chega a São Paulo e depois se embrenha no Mato Grosso, nas terras dos índios, inaugurando sua carreira de americanista. Esse período de trabalho de campo, que se seguirá até 1939, servirá de base para a construção teórica de sua Antropologia Estrutural.|3|
Para Claude Lévi-Strauss, não é possível estabelecer uma hierarquização das culturas, ou seja, em termos de cultura, não existe melhor ou pior, mais desenvolvido ou menos desenvolvido, mas sim culturas distintas, que florescem junto a outros elementos das diversas estruturas sociais.
Leia também: Auguste Comte, um sociólogo de fundamental importância para as Ciências Sociais
Tipos e exemplos de cultura
Podemos estabelecer três tipos básicos de cultura, tomando uma concepção restrita da palavra que se refere mais ao ambiente estético e artístico do que a um conjunto de saberes coletivos. Esses tipos são:
· Cultura erudita
A cultura erudita, muitas vezes utilizada como sinônimo de uma cultura muito desenvolvida esteticamente e de alto valor, é um termo que, quando empregado, pode resultar em uma visão etnocêntrica. Cultura erudita é a cultura criada por uma elite, econômica, social ou intelectual, que tenta se sobrepor aos outros tipos de cultura por meio de sua própria classificação.
Muitos lementos culturais criados pelas elites foram amplamente difundidos, sobretudo da elites europeias, muitas vezes de grande desenvolvimento técnico, como a música erudita barroca e clássica, a ópera, a pintura e a escultura renascentista etc. Dessa feita, podemos elencar como exemplos mais específicos as óperas do compositor alemão Richard Wagner, como Tristão e Isolda ou O Anel dos Nibelungos; as pinturas de Caravaggio; as peças musicais de Bach, de Vivaldi ou a ópera de Bizet.
· Cultura popular
O grafite é um exemplo de manifestação cultural interessante, pois ele tem um caráter popular, por estar fora do eixo erudito, com elementos da cultura de massa.
É a expressão cultural geral de um povo que, emmuitos casos, em especial em países como o Brasil, está fora do eixo erudito, por ser uma manifestação popular criada por povos marginais, ou seja, que estão à margem da sociedade, fora das elites.
Se pensarmos no Brasil, temos uma vasta e rica cultura nordestina, nortista, sertaneja e indígena e, nos centros urbanos, das periferias e favelas, as quais não se enquadram ao padrão erudito, pois a nossa “erudição cultural” importou padrões essencialmente europeus.
Tomemos, como exemplos, a cultura indígena; o cordel nordestino; a literatura de Ariano Suassuna (de uma estética linguística erudita, no sentido de rebuscada, mas partindo de elementos da cultura nordestina); a música sertaneja de raiz; o samba, que foi rechaçado pela cultura erudita por muito tempo por ter surgido como expressão cultural dos negros, descendentes de escravos e favelados; o rap brasileiro e o funk carioca autêntico (o funk carioca de origem, sem a interferência da indústria cultural), que hoje passam pela mesma discriminação que o samba sofreu no início do século XX.
Essas mudanças de visão demostram que os padrões culturais e estéticos mudam ao longo do tempo. O mesmo aconteceu com o jazz, nos Estados Unidos, que era visto como uma cultura inferior por ter suas raízes fincadas nos negros escravizados, mas hoje possui o status de cultura erudita.
Teodor Adorno, por exemplo, que, além de filósofo, era músico, considerava o jazz uma degeneração musical dançante, fruto da cultura de massa, pois fugia do padrão estético da cultura erudita europeia da qual Adorno utilizava como padrão de medida.
· Cultura de massa
A cultura de massa é diferente da cultura popular e da cultura erudita, mas pode mesclar elementos de ambas. A cultura de massa não é uma manifestação cultural autêntica criada por um povo ou por uma elite intelectual, mas é um produto da indústria cultural, que visa a atender as normas do mercado e fazer da cultura e da arte um negócio lucrativo, produzindo e vendendo elementos culturais como se fossem objetos que as pessoas desejam comprar.
O principal eixo produtor e disseminador dos padrões culturais massificados hoje é os Estados Unidos, que importa os seus produtos culturais para vários países globalizados, que assimilam aqueles produtos como uma cultura autêntica.
Notas
Antropologia
Antropologia é um ramo das ciências sociais que estuda o ser humano e a sua origem de maneira abrangente. Por meio de estudos sobre as características físicas, a cultura, a linguagem e as construções do ser humano, o antropólogo vai buscar determinar, com base em grupos sociais específicos, como se formaram os seres humanos a ponto de tornarem-se o que são em suas comunidades.
Veja também: Surgimento da sociologia: contexto histórico e influências
Conceito de antropologia
A palavra antropologia tem origem no idioma grego, o radical “antropo” vem de antrophos (homem) e “logia” vem de logos (razão ou, em sentido específico, estudo). A antropologia é, ao traduzirmos a palavra ao pé da letra, o estudo do ser humano em seu aspecto mais amplo.
Antropologia estuda as constituições do ser humano em suas origens e de maneira irrestrita.
A antropologia busca compreender como o ser humano formou-se e tornou-se o que ele é. Portanto, o antropólogo busca as raízes do ser humano estabelecendo (como a história) um estudo do passado para compreender quais foram essas origens. Isso é feito de maneira física ou biológica, social, cultural e até linguística, dependendo de qual vertente da antropologia estudada e de qual método antropológico utilizado.
O que a antropologia estuda?
Os estudos antropológicos buscam compreender como os povos viveram, como os seres humanos formaram-se e como a cultura humana desenvolveu-se. Dessa maneira, o antropólogo busca o trabalho de imersão numa determinada sociedade, a fim de observar e traçar teorias sobre a constituição cultural ou física dos indivíduos daquela sociedade.
Tipos de antropologia
→ Concepção clássica de antropologia estabelecida a partir dos estudos europeus do século XIX e XX
· Antropologia biológica ou física: é um estudo da formação do ser humano em seus aspectos físicos. Os antropólogos dessa vertente buscam, junto à biologia, determinar quais fatores levaram os seres humanos a desenvolver determinados atributos físicos em sociedades específicas. Dessa maneira, se um antropólogo está estudando uma aldeia indígena que tem características próprias, ele vai procurar saber quais fatores geográficos e biológicos levaram aquela tribo a desenvolver as suas características peculiares.
· Antropologia cultural: é uma vertente mais ampla e busca compreender como se formaram as culturas dos diferentes grupos humanos, tomando cultura como um conjunto de hábitos, costumes, valores, religião, arte, culinária etc.
Lévi-Strauss, o antropólogo que fundou o estruturalismo.[1]
→ Concepção estadunidense de antropologia, subdividida em quatro campos
· Antropologia biológica ou física: consiste no mesmo estudo de antropologia biológica ou física da divisão europeia clássica.
· Antropologia cultural: consiste no mesmo estudo de antropologia cultural da divisão europeia clássica.
· Antropologia linguística: com base nos estudos da linguagem de uma sociedade, determina as origens daquele povo. Um importante antropólogo que deu os impulsos para o reconhecimento desse ramo da antropologia foi o alemão, radicado nos Estados Unidos, Franz Boas. No fim da primeira metade do século XX, o antropólogo belga Claude Lévi-Strauss desenvolveu uma teoria que ficou conhecida como antropologia estruturalista, a qual se baseia na linguagem para determinar as estruturas similares das pessoas dentro de uma cultura. Apesar da importância de Boas, é com Lévi-Strauss que a antropologia passa a identificar na linguagem um objeto central de estudo.
· Arqueologia: busca compreender a formação do ser humano com base nos objetos materiais deixados por ele. Nesse sentido, o arqueólogo busca por armas, utensílios culinários, vestimentas, escritos e pinturas e utensílios em geral que possam expressar como os povos antigos viviam, o que permite elaborar teorias sobre o modo de vida e cultura dos seres humanos no passado.
Saiba também: Diferenças entre o ser humano e os demais animais
Antropologia e sociologia
A antropologia surgiu como uma ferramenta da sociologia para compreender as diferenças étnicas dos seres humanos. No século XIX, nos estudos de história e geografia contemporâneos, a sociologia e a antropologia surgiram com um objetivo bem específico: servir como meios de auxílio para o capitalismo industrial.
A expansão industrial que a Europa viveu no século XIX colocou uma nova necessidade para a economia europeia: a busca de recursos naturais que serviriam de matéria-prima para a produção. Para satisfazer tal busca, as potências europeias, em especial a Inglaterra, a França e a Alemanha, iniciaram um novo processo de colonização dos países não desenvolvidos situados na África, na Oceania e na Ásia e que possuíam recursos naturais em abundância.
No século XV, durante o colonialismo europeu liderado, principalmente, por Portugal, Espanha e Inglaterra, as justificativas para a dominação das colônias e dos povos que lá viviam e a justificativa da escravidão davam-se pela religião: os europeus nutriam a crença de que eles deveriam colonizar os territórios pagãos e levar o cristianismo a esses lugares, pois isso seria o caminho para a salvação daqueles povos.
Além disso, os europeus acreditavam que havia uma predestinação divina que os permitia dominar povos que, no seu ponto de vista, eram atrasados. Muitos navegantes que participaram desse primeiro movimento de colonização escreveram relatos considerados documentos antropológicos de um período pré-científico, ou seja, de quando a antropologia ainda não era uma ciência bem construída.
No século XIX, a sociedade intelectual europeia não mais acreditava cegamente na religião, pois a ciência tinha tomado nela um lugar de destaque. Nesse momento de intensa colonização, para a obtenção de recursos paraa indústria, os europeus tiveram que justificar as suas ações de maneira científica. Para tanto, surge um primeiro movimento da antropologia como parte dos estudos de sociologia que visava analisar e classificar os seres humanos de etnias diferentes.
Os primeiros estudos antropológicos eram extremamente etnocêntricos, ou seja, analisavam as culturas diferentes com base no ponto de vista de uma pessoa imersa na cultura europeia. Com isso, os europeus visavam mostrar que sua cultura e seu desenvolvimento eram superiores aos das demais sociedades, colocando a colonização como um movimento necessário de civilização para aquelas sociedades que, nesse ponto de vista, eram atrasadas.
Assim, a antropologia surge primeiro como uma parte da sociologia e, depois, torna-se uma ciência humana autônoma, relacionada fortemente com a sociologia, mas com suas especificidades. Podemos dizer que a sociologia estuda a sociedade e analisa-a no tempo presente. Já a antropologia estuda o ser humano e analisa-o no passado para entender as suas formações mais primitivas.
Leia mais: Émile Durkheim: um dos fundadores da sociologia
Antropologia evolucionista
A antropologia evolucionista foi o primeiro movimento de estudos antropológicos liderado pelo antropólogo e biólogo inglês Edward Burnett Tylor e pelo geógrafo e biólogo Herbert Spencer. Para esses primeiros antropólogos, a teoria da evolução, de Charles Darwin (em alta na sociedade intelectual europeia do século XIX), poderia ser aplicada à formação das sociedades.
Herbert Spencer foi bastante influenciado pelo pensamento de Charles Darwin.
Dessa maneira, assim como os animais desenvolveram-se biologicamente, sendo que alguns evoluíram e ficaram mais aptos ao meio, a cultura também tinha evoluído porque alguns seres humanos, supostamente, teriam evoluído mais. Surge aí a noção etnocêntrica de raça, que alegava que algumas “raças humanas” eram superiores a outras.
Também surgem as noções de cultura superior e cultura inferior, sendo que o padrão de medida de tais era o da própria cultura europeia. Com isso, não causou espanto a ideia de que a cultura europeia desenvolvida pelo homem branco era superior e que as culturas desenvolvidas por povos de outras etnias eram inferiores. Para os evolucionistas ou darwinistas sociais, o fato de haver diferentes níveis hierárquicos de desenvolvimento cultural evidenciava a justificação da dominação dos povos “inferiores” pelos povos “superiores”.
Crédito de imagem
[1] UNESCO/Michel Ravassard |Commons
 
Ciência política
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A ciência política é o campo das ciências sociais que estuda as estruturas que moldam as regras de convívio entre as pessoas em agrupamentos. A ciência política dedica-se a entender e moldar as noções de Estado, governo e organização política, e pode estudar também outras instituições que interferem direta ou indiretamente na organização política, como ONGs, Igreja, empresas etc. Alguns teóricos restringem o objeto de estudo da ciência política ao Estado, outros defendem que o seu objeto é mais amplo, sendo o poder, em geral, aquilo que deve ser estudado por essa área.
Leia também: Positivismo – teoria social que auxiliou o surgimento da sociologia
O que é ciência política?
Existe uma grande área de estudos dentro das ciências humanas denominada ciências sociais. As ciências sociais são compostas pela sociologia, antropologia, psicologia social, economia e ciência política. A ciência política é a parte das ciências sociais que se dedica a tentar entender, exclusivamente, as formações políticas estruturais que o ser humano criou para garantir o convívio pacífico em grandes sociedades.
Herbert Baxter Adams foi o primeiro intelectual a pronunciar o termo ciência política.
A ciência política é responsável por entender e moldar as questões relativas ao poder na sociedade, estabelecendo normas e preceitos para o pleno funcionamento das instituições sociais, da economia, do Estado e do sistema jurídico. Fica a cargo da ciência política a provisão intelectual e teórica de meios de ação do ser humano e das instituições que beneficiem a vida coletiva.
História da ciência política
Desde a Antiguidade clássica, o ser humano criou mecanismos de poder para garantir alguma estrutura de organização social. Apesar de ainda não existir uma ciência política na Grécia ou Roma antigas, textos de legisladores, governantes e filósofos, como Platão e Aristóteles, demonstram esforços intelectuais para entender e organizar o meio político.
Durante o Renascimento, o filósofo e teórico político Nicolau Maquiavel desenvolveu estudos sobre o modo como um governante deve agir, expondo suas teorias no livro O príncipe, que é uma fonte bibliográfica fundamental para os estudos de ciência política. No século XVI, o jurista e teórico político francês Jean Bodin deu significativas contribuições para o entendimento dos mecanismos absolutistas.
No século XVII, notamos a importância das teorias do filósofo e teórico político Thomas Hobbes, também em defesa das estruturas políticas absolutistas. Ainda no século XVII, é o filósofo inglês John Locke quem imprime um grande salto nos estudos de teoria política, defendendo um liberalismo político necessário para permitir a evolução econômica da sociedade. Esse liberalismo não era compatível com a antiga política absolutista.
No século XVIII, os teóricos do iluminismo francês, filósofos como Montesquieu e Voltaire, foram responsáveis por uma renovação nas teorias políticas, defendendo uma noção de Estado mais justa, que expandisse a cidadania a um maior número de pessoas. São dessa época a defesa das liberdades individuais e a noção de tripartição do poder político dentro de um Estado democrático (ideia criada por Montesquieu).
No entanto, a delimitação da ciência política como campo autônomo e sistematicamente organizado somente ocorreu na segunda metade do século XIX, no contexto do nascimento das ciências sociais, em especial da sociologia e da antropologia. Até então, o que os teóricos políticos haviam feito pendia mais para especulações filosóficas do que para uma ciência.
Foi o filósofo francês Auguste Comte quem postulou a necessidade de uma ciência humana capaz de estudar rigorosamente a sociedade a fim de estabelecer mecanismos de progresso social. Com a evolução dos métodos relativos a essa ciência, que se deram com os estudos do filósofo, sociólogo e economista alemão Karl Marx e do filósofo e sociólogo francês Émile Durkheim, outros pensadores começaram a buscar novas delimitações que saíssem do eixo específico da sociologia e aprofundassem-se em temas semelhantes, mas específicos de suas áreas.
Essas novas subdivisões eram a antropologia, que surge, pela primeira vez, dos estudos de teóricos como os ingleses Edward Burnet Tylor e Herbert Spencer, e a ciência política, termo criado pelo historiador estadunidense Herbert Baxter Adams, em 1880.
Desde então, a ciência política estabeleceu-se como campo autônomo de estudo, tendo se fixado primeiro nos Estados Unidos e se desenvolvido bastante na França e na Alemanha. No Brasil, a ciência política somente passou a ser sistematicamente estudada e praticada autonomamente, sem estar formalmente vinculada ao estudo de sociologia, a partir da segunda metade do século XX.
Veja também: Fatores decisivos para o surgimento e estabelecimento da sociologia
A importância da ciência política
A ciência política lida com a atuação política de governos e estadistas.
A ciência política é de extrema importância para o avanço do estudo dos mecanismos de poder. A atuação de políticos, sejam do poder Executivo, sejam do poder Legislativo, de juristas e de economistas ou pessoas ligadas ao grande mercado financeiro está diretamente ligada ao poder. Entender o poder é necessário para que haja avanço nas instituições políticas e para que se evitem os abusos de poder perpetrados pelo Estado, por governos ou por instituições financeiras. Para que os avanços nesse campo sejam efetivos, existem quatro conceitos básicos:
· Cidade: são as primeiras instituições políticas queagruparam seres humanos por meio de uma estrutura jurídica bem definida. Com o nascimento da pólis (cidade-estado), na Grécia Antiga, surge a preocupação com a política.
· Cidadania: é de extrema importância, enquanto noção, para a ciência política, e ela existe em qualquer formação política, variando apenas a abrangência do poder permitido por esse dispositivo. Na aristocracia, a cidadania é garantida a uma minoria escolhida supostamente por suas qualidades; na oligarquia, a um grupo maior que o aristocrático, escolhido pelo poder financeiro. No absolutismo, a cidadania restringe-se à figura do monarca. Na democracia, ela é distribuída entre todos que podem participar do sistema político.
· Direitos: (civis e políticos) são objetos de estudos da ciência política em conjunto com a ciência jurídica (direito).
· Estado: uma das mais importantes noções da ciência política, pois é ela que tenta entender as formas e estruturas políticas mais notáveis do tratamento político social.
Todos esses conceitos estão diretamente ligados à noção fundamental da ciência política de poder.
O curso de Ciência Política
Dentro dos cursos superiores de ciências sociais, existem as habilitações que concedem o bacharelado em Ciência Política. Também existem os cursos superiores em Ciência Política autônomos, ou seja, que não estão ligados diretamente a um instituto de Ciências Sociais.
A grade básica do curso compreende disciplinas como teorias políticas, estruturas políticas, teorias de Estado, tipos de governo, entre outras. Também compõem a grade básica dos cursos matérias relacionadas ao direito, à economia, à sociologia, à filosofia e uma grande parte de estudos vinculados à história.
Publicado por: Francisco Porfírio
Valores morais e sua importância para a sociedade6
A máxima “o homem é, por natureza, um animal político”, retirada da Política de Aristóteles, representa a forma como esse filósofo antigo enxergava parte da essência do ser humano: um ser pensante, capaz de uma comunicação aprimorada (a fala) e um ser dependente da vida em comunidade na pólis grega.
Para que a vida em comunidade (palavra derivada do étimo comum, que significa um conjunto de seres comuns uns aos outros que vivem juntos) seja exitosa, são necessárias algumas criações humanas, como as leis e os costumes. Os costumes são, grosso modo, a própria moral. O ser humano é, então, um animal capaz de criar uma moral com a finalidade de possibilitar a vida em sociedade.
Os costumes morais são valorativos, ou seja, ditam normas a partir de valores morais. Existe, no interior de cada sociedade, um conjunto de valores que especificam e diferenciam o que é bom do que é ruim, o que é o bem e o que é o mal, aquilo que é melhor do que é pior, o que pode e não pode ser feito, etc. Isso significa dizer que os valores morais são uma espécie de “código de conduta” que dita como cada indivíduo deve agir no interior daquela sociedade para integrar-se e adequar-se a ela.
Também é necessário ressaltar que esse código de conduta composto pelos valores morais, por ser construído e consolidado no interior de cada sociedade, é variável, sendo impossível encontrar sociedades completamente distintas com valores morais absolutamente iguais.
Por essa razão, nós distinguimos os costumes de acordo com as comunidades, regiões ou países. Assim sendo, no Brasil, temos uma moral que se distingue quase completamente da moral japonesa, ou os costumes cultivados pelos nativos sul-americanos eram totalmente diferentes dos costumes trazidos pelos europeus que colonizaram o nosso território.
Durante a história da Filosofia, Sócrates foi o primeiro pensador a trazer para o trabalho filosófico a reflexão acerca de assuntos estritamente humanos, portanto, foi o introdutor da reflexão moral na filosofia. Platão, seu discípulo, continuou tratando do assunto, mas, para que sua filosofia moral não confrontasse a sua teoria do conhecimento, postulou que os valores morais são conceitos racionais eternos e imutáveis. Essa ideia exige a noção de que há um conceito de bem, o Bem em si, um conceito de mal, o Mal em si e Ideias racionais que caracterizam imutavelmente qualquer noção de valor moral possível.
Aristóteles estabeleceu um campo de estudos dentro da Filosofia chamado de ética, responsável por estudar, qualificar e estabelecer as diferenças entre as morais, organizando-as em um sistema racional que diferencia o que deve do que não deve ser feito em uma pólis para que a vida em comunidade prossiga sem transtornos.
Durante a Idade Média, os filósofos submeteram-se completamente à moral cristã como a única possível e verdadeira, e é o modo de pensar reinante no ocidente cristão até os dias de hoje. Na modernidade, com o desenvolvimento do iluminismo e a irrupção das grandes revoluções, o pensamento europeu estabeleceu grandes diferenças no modo de valorar que afetaram a vida social.
Já no século XIX, o filósofo alemão Friedrich Nietzsche teceu duras críticas à moral ocidental, ainda fortemente determinada pelos valores cristãos, acusando-a de ser uma moral que subjuga o ser humano como ser natural, castra sua força e sua capacidade de criação e nega a sua própria vida.
Portanto, o que podemos sinalizar como um consenso entre os filósofos que teorizaram a moral e os valores morais é o fato de que sem alguma forma de valoração e de costumes não existiria sociedade e nem civilização tal como a conhecemos. Qualquer tipo de vida em comunidade necessita de um estabelecimento mínimo de regras.
Assim, sem os costumes e a moralidade, nós cairíamos na barbárie. Cabe, porém, a cada indivíduo e a cada comunidade julgar se os costumes e os valores morais vigentes em seu meio e em seu tempo são os melhores e mais adequados para o funcionamento social, sem deixar de respeitar a individualidade e os direitos dos seres que compartilham a vida conjunta naquele lugar.
 
Por Francisco Porfírio
Graduado em Filosofia
fenómeno social
Os fenómenos sociais são o objeto das Ciências Sociais. Estas estudam os fenómenos ligados à vida dos homens em sociedade.
Designamos por fenómeno um determinado tipo de factos com características comuns e semelhantes. O conceito de "fenómeno social total" implica que aquilo que o caracteriza é uma multiplicidade de aspetos que com ele se relacionam. "Marcel Mauss, ao falar de fenómeno social total, referia-se ao facto [...] de que as experiências dos atores sociais não são redutíveis a uma única dimensão do real, as suas implicações distribuem-se pelos diferentes níveis do real [...]" (1987, Marques - In MESQUITELA LIMA. Introdução à Sociologia. Lisboa: Presença). Este conceito define o real social como pluridimensional, mas único. Deste modo, numa abordagem sociológica, devemos ter em conta a pluridimensionalidade dos fenómenos sociais que se caracterizam como totais. Quando, por exemplo, nos referimos às causas várias do suicídio, estamos a falar do fenómeno do suicídio em geral e não num facto isolado.
Segundo Sedas Nunes, "o campo da realidade sobre o qual as Ciências Sociais se debruçam é, de facto, um só (o da realidade humana e social) e todos os fenómenos desse campo são fenómenos sociais totais, quer dizer: fenómenos que [...] têm implicações simultaneamente em vários níveis e em diferentes dimensões do real social, sendo portanto suscetíveis, pelo menos potencialmente, de interessar a várias, quando não a todas as Ciências Sociais" (1987, Nunes - Questões preliminares sobre as Ciências Sociais. Lisboa: Presença).
Auguste Comte
Auguste Comte é um dos autores mais importantes da escola positivista e também é considerado o fundador da Sociologia.
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Nascido em Montpellier, França, em 1798, Auguste Comte foi o responsável pelos primeiros esforços para delimitar o campo de estudo da Sociologia. Tendo sido profundamente influenciado pelos grandes acontecimentos de sua época, como o desenrolar da Revolução Francesa e a crescente Revolução Industrial, Comte ficou conhecido por sua obra fundamentada pela “filosofia positiva” ou positivismo.
Positivismo
O positivismo, queé a linha de pensamento dominante no trabalho de Comte, pauta-se na ideia de que o conhecimento verdadeiro só pode ser obtido por meio da experimentação e pelo aferimento científico. Segundo essa perspectiva, a ciência deve basear-se apenas em observações cuidadosas feitas a partir da experimentação sensorial. Essa seria a única forma possível de inferir leis que explicariam a relação entre os fenômenos observados.
O desenvolvimento científico permitiu os grandes avanços tecnológicos que se seguiram durante a Revolução Industrial. Esses avanços, por sua vez, tornaram-se agentes de modificação profunda das sociedades europeias. Os centros urbanos, inchados e superpovoados em razão do enorme êxodo rural (migração do campo para a cidade) que se passava naquele momento, eram palco de fenômenos sociais jamais observados nas sociedades agrárias e fragmentadas de tempos anteriores.
Comte via o surgimento desses novos problemas e fenômenos como sintomas de uma doença a ser curada. Ele acreditava que os problemas sociais e as sociedades, em geral, deveriam ser estudadas com o mesmo rigor científico que as demais ciências naturais tratavam seus respectivos objetos de estudo. Os fenômenos sociais deveriam ser observados da mesma forma que um biólogo observa os espécimes de seus estudos. Comte propunha uma ciência da sociedade, capaz de explicar e compreender todos esses fenômenos da mesma forma que as ciências naturais buscavam interpelar seus objetos de estudo.
Lei dos três estados
Comte entendia que a história do pensamento humano caminhava em estágios. Em sua filosofia da história, ele elaborou a lei dos três estados, na qual afirmava que o pensamento e o espírito humano desenvolviam-se por meio de três fases distintas: a teológica, a metafísica e a positiva.
Na fase teológica, as observações positivas e o uso da ciência como forma de construção do conhecimento eram precários. Dessa forma, os indivíduos apegavam-se às formas mais imaginativas de explicação dos fenômenos do mundo. Diante da complexidade dos acontecimentos do mundo natural, o ser humano só é capaz de compreendê-lo ao recorrer a crenças religiosas ou a ideias de deuses e espíritos.
Na fase metafísica, que tem como exemplo o período histórico do Renascimento, o pensamento humano passou a enxergar o mundo a partir de termos naturais. Ainda que se tratasse de problemas abstratos, a metafísica substituiu a imaginação pela argumentação, isto é, o pensamento humano empenhou-se em entender pelo questionamento, e não mais pela aceitação de explicações baseadas em noções sobrenaturais.
O estado positivo, por sua vez, segundo Comte, caracteriza-se pela subordinação da imaginação e da argumentação à observação. Assim sendo, o processo de construção do conhecimento humano deve ocorrer a partir da experimentação própria do método científico. Isso, no entanto, não quer dizer que Comte posicione-se a favor de um reducionismo empírico, isto é, reduzir todo conhecimento à apreensão de fatos isolados observáveis. Comte compreendia que, por mais que fosse possível apreender leis de regras gerais de um fenômeno, as relações constantes entre fenômenos são diversas. Portanto, ainda que se estabeleçam leis imutáveis nas relações de fenômenos diferentes, fixá-los a partir da pretensão de que todos se comportam de uma mesma maneira é um engano.
É no estado positivo que Comte designa à Sociologia o papel de condução do mundo social. Para ele, a sociologia seria responsável por interpelar os problemas sociais de nosso mundo, entender as leis que regeriam seu funcionamento e produzir soluções para esses problemas.
*Créditos da imagem: Solodov Alexey / Shutterstock.com
Surgimento da Sociologia
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A Sociologia surgiu na primeira metade do século XIX, a partir das ideias do filósofo francês Auguste Comte. Comte entendeu que a sociedade europeia passava por um turbilhão de transformações desde o renascentismo e que a Revolução Industrial teria coroado o ápice das transformações.
Ademais, a necessária Revolução Francesa teria deixado um cenário caótico e instável, que necessitava de correção para que houvesse uma retomada do crescimento econômico, social, moral, científico e político do mundo. Comte formulou, então, as ideias positivistas, que foram o centro dessa primeira produção sociológica.
Porém, a Sociologia somente tornou-se uma ciência, de fato, com um método bem delimitado, a partir das ideias de Émile Durkheim, que foi considerado o primeiro sociólogo a rigor, enquanto Comte é considerado o “pai” da Sociologia.
Émile Durkheim foi o fundador do método sociológico.
Leia mais: Conheça este conceito que é tão importante à Sociologia
Contexto histórico do surgimento da Sociologia
Uma série de fatores modificou a economia, a política e a sociedade europeia como um todo. Essa série de fatores desencadeou uma nova organização social que precisava ser compreendida por meio de um método de análise social. São os principais fatores históricos que influenciaram o surgimento da Sociologia:
1. Renascimento: o renascentismo é o período de transição de uma Europa medieval para uma Europa moderna, que passa a valorizar mais a ciência e as artes, reconhecendo a distinção e a importância da razão e do conhecimento humano, além de separá-los os do conhecimento religioso.
2. Surgimento do capitalismo: o mercantilismo, que consiste na primeira fase do capitalismo moderno, desencadeou uma série de fatores que modificaram o cenário europeu. Um deles foi a expansão marítima e comercial, que possibilitou um desenvolvimento econômico mais complexo e a exploração das colônias situadas nas Américas, na África, na Índia e em parte da Ásia.
3. Iluminismo: uma nova concepção intelectual e política, surgiu com o iluminismo. As ideias de igualdade e de disseminação do conhecimento intelectual propagaram-se e trouxeram à humanidade o entendimento de que a evolução moral e social está diretamente ligada à evolução intelectual.
4. Grandes revoluções: as revoluções ocorridas no século XVIII, de inspiração burguesa, como a Revolução Americana e a Revolução Francesa, (essa última inspirada por pensadores iluministas) trouxeram uma nova forma de se pensar no Estado e no governo, afastando o Antigo Regime e dando lugar ao republicanismo, o que alterou a lógica social e governamental.
5. Revolução Industrial: houve uma alteração na configuração populacional devido à Revolução Industrial, pois a Europa, até então sumariamente rural, observava uma explosão demográfica nas cidades devido à abertura de indústrias, principalmente na Inglaterra. Os grandes centros urbanos que surgiram repentinamente não tiveram estrutura para abrigar tantas pessoas, e os postos de trabalho também não foram suficientes para todos, o que desencadeou problemas sociais e sanitários, que deixaram como rastro doenças, fome, miséria, desigualdade social e alta taxa de criminalidade. Concomitantemente com os fatores negativos, a Revolução Industrial promoveu uma série de benefícios ligados ao desenvolvimento tecnológico, que promoveram um maior conhecimento técnico especializado e a capacidade de produção em larga escala, o que propiciou o crescimento populacional.
Diante de tantas mudanças que tornaram a vida nas cidades mais complexa, era necessário estabelecer uma forma de entender essa nova Europa, mais desenvolvida em certos aspectos e problemática em outros.
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Como a Revolução Francesa contribuiu para o surgimento da Sociologia?
Diante dos fatores que influenciaram o surgimento da Sociologia, a Revolução Francesa ocupa um papel de destaque. Os revolucionários acabaram com o Antigo Regime francês e abriram os olhos do mundo para a necessidade de uma política menos exclusiva, que não operasse por meio de um sistema estratificado e que não se justificasse na suposta vontade divina.
Houve, com a Revolução Francesa, o estabelecimento de uma política laica. Para dar lugar à justificação divina e fundar um Estado de Direitos, a França passou a pensar em um sistema político baseado em ideaisracionais que abarcassem a totalidade da população.
O cenário pós Revolução Francesa, no entanto, ficou caótico. A instabilidade política deixou marcas severas no modo de vida dos franceses, no início do século XIX. Havia a necessidade de uma reordenação que tornasse a vida econômica, política e social mais estável, e esse foi, talvez, o maior motivador da criação do positivismo, por Auguste Comte. Essa teoria deu o impulso inicial para a criação da Sociologia, que no início era chamada por Comte de Física Social.
Segundo Comte, a Física Social deveria ser uma ciência tão rigorosa como as Ciências Naturais, copiando o método delas, que seria capaz de entender a complexa sociedade europeia para reordená-la e colocá-la novamente nos trilhos do desenvolvimento.
Ilustração retrata a tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789, na cidade de Paris. A Queda da Bastilha deu início à Revolução Francesa.
O surgimento da Sociologia como ciência
Apesar da intenção de Comte, a Sociologia não se firmou como uma ciência capaz de esgotar os estudos de uma sociedade tão complexa. Émile Durkheim, considerado o primeiro sociólogo, foi o responsável por estabelecer um método preciso e rigoroso que alavancasse os estudos sociológicos e colocasse a nova ciência no rol das ciências autênticas.
Para Durkheim, as ideias de Comte eram muito mais próximas de uma abstração filosófica do que do rigor de uma ciência, o que impossibilitava o crescimento científico da Sociologia. Mediante um método comparativo que visava a buscar os fatos sociais que marcavam as diferentes sociedades e compará-los. Isso a fim de entender os diferentes funcionamentos sociais e compreender os diferentes modos de coesão social, Durkheim fundamentou a Sociologia como um estudo autônomo e rigoroso.
O surgimento da Sociologia no Brasil
Antonio Candido|1|. estabeleceu que houve dois momentos importantes na Sociologia brasileira, um entre 1890 e 1940, e outro a partir de 1940, tendo como intermediária a década de 1930. Segundo Candido, o primeiro período não era movido por sociólogos especialistas, mas por estudiosos diletantes que intentavam conhecer a cultura e a sociedade brasileira de modo global.
A partir de 1933, estudiosos de Sociologia passaram a fomentar uma produção sociológica brasileira mais especializada. Eles eram formados pela Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, instituição mais tarde vinculada à USP, e a própria USP, que em sua fundação no ano de 1934, trouxe ao Brasil diversos professores franceses já habituados à pesquisa sociológica, política e antropológica.
No início, destaca Candido, a Sociologia era estudada por juristas que tinham como objetivo estabelecer novos parâmetros para um Estado brasileiro, pautados pelo Evolucionismo e por uma política democrática.
Depois, estudiosos como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior publicaram obras centrais da Sociologia brasileira, que transitam entre a Sociologia e a História. Florestan Fernandes foi um dos primeiros sociólogos de destaque formados nessa primeira geração de sociólogos brasileiros.
Leia também: O que é Filosofia?
Resumo
A Sociologia surgiu na França com as ideias de Auguste Comte para uma reordenação social, devido à instabilidade política deixada pela Revolução Francesa e por fatores que mudaram a configuração social europeia. Apesar de Comte ser o “pai” da Sociologia, foi Durkheim quem criou um método de análise social capaz de estabelecer a Sociologia como ciência autêntica.
No Brasil, a Sociologia adentra no fim do século XIX, mas ganha força no início do século XX, com pensadores como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr.
Uma nova geração de sociólogos brasileiros mais especializados no assunto surgiu a partir de 1933, com a fundação da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, e 1934, com a fundação da USP, que trouxe ao Brasil diversos sociólogos franceses para integrar o corpo docente da universidade. O nome de maior destaque dessa primeira geração de sociólogos da USP é Florestan Fernandes.
|1| CANDIDO, A. A Sociologia no Brasil. In: Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, v. 18, n. 1.
 
A SEPARAÇÃO DOS TRÊS PODERES
Legislativo, Executivo e Judiciário
Quando falamos em separação dos três poderes pensamos imediatamente em Executivo, Legislativo e Judiciário, mas de onde surgiu essa separação? Quais são as atribuições de cada esfera? Há um poder superior ao outro ou existe uma independência harmônica? Como relacionam-se entre si? O Politize! descomplica isso para você!
Veja também: o que fazem o poder Executivo e o Legislativo?
DE ONDE SURGIU A SEPARAÇÃO DE PODERES?
Ao longo da história diversos autores falaram sobre a corrente Tripartite (separação do governo em três), sendo Aristóteles o pioneiro em sua obra “A Política” que contempla a existência de três órgãos separados a quem cabiam as decisões de Estado. Eram eles o Poder Deliberativo, o Poder Executivo e o Poder Judiciário.
Em seguida Locke, em sua obra “Segundo Tratado Sobre o Governo Civil”, defende um Poder Legislativo superior aos demais, o Executivo com a finalidade de aplicar as leis, e o Federativo, mesmo tendo legitimidade, não poderia desvincular-se do Executivo, cabendo a ele cuidar das questões internacionais de governança.
Posteriormente, Montesquieu cria a tripartição e as devidas atribuições do modelo mais aceito atualmente, sendo o Poder Legislativo aqueles que fazem as leis para sempre ou para determinada época, bem como, aperfeiçoam ou revogam as já existentes; o Executivo – o que se ocupa o Príncipe ou Magistrado da paz e da guerra -, recebendo e enviando embaixadores, estabelecendo a segurança e prevenindo invasões; e por último, o Judiciário, que dá ao Príncipe ou Magistrado a competência de punir os crimes ou julgar os litígios da ordem civil. Nessa tese, Montesquieu pensa em não deixar em uma única mão as tarefas de legislar, administrar e julgar, já que a concentração de poder tende a gerar o abuso dele.
VEJA TAMBÉM – Três níveis de governo: o que faz o federal, o estadual e o municipal?
AS ATRIBUIÇÕES DE CADA ESFERA DE PODER
Poder Executivo:
Cabe ao Executivo a administração do Estado, observando as normas vigentes no país, além de governar o povo, executar as leis, propor planos de ação, e administrar os interesses públicos.
Este poder é exercido, no âmbito federal, pelo Presidente da República, juntamente com os Ministros que por ele são indicados, os Secretários, os Conselhos de Políticas Públicas e os órgãos da Administração Pública. É a ele que competem os atos de chefia de Estado, quando exerce a titularidade das relações internacionais e de governo e quando assume as relações políticas e econômicas. Além disso, o Presidente dialoga diretamente com o Legislativo, tendo o poder de sancionar ou rejeitar uma lei aprovada pelo Congresso Nacional.
Já na esfera estadual, o poder executivo se concentra no governador e seus Secretários Estaduais, e na esfera municipal, no prefeito e seus Secretários Municipais.
Poder Legislativo:
Ao Legislativo cabe legislar (ou seja, criar e aprovar as leis) e fiscalizar o Executivo, sendo ambas igualmente importantes. Em outras palavras, exerce função de controle político-administrativo e o financeiro-orçamentário. Pelo primeiro controle, cabe a análise do gerenciamento do Estado, podendo, inclusive, questionar atos do Poder Executivo, pelo segundo controle, aprovar ou reprovar contas públicas.
Este poder é exercido pelos Deputados Federais e Senadores, no âmbito federal, pelos Deputados Estaduais, no âmbito estadual, e pelos Vereadores, no âmbito municipal.
Poder Judiciário:
O Judiciário tem como função interpretar as leis e julgar os casos de acordo com as regras constitucionais e leis criadas pelo Legislativo, aplicando a lei a um caso concreto, que lhe é apresentado como resultado de um conflito de interesses.
O Judiciário é representado pelos ministros, desembargadores e promotores de justiça, além dos juízes é claro.
MECANISMOS DE FREIOS E CONTRAPESOS
Todo homem que detémo poder tende a abusar dele, afirma Montesquieu. Seguindo o pensamento dessa corrente, tudo estaria perdido se o poder de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de punir crimes ou solver pendências entre particulares se reunissem num só homem ou associação de homens. A separação dos poderes, portanto, é uma forma de descentralizar o poder e evitar abusos, fazendo com que um poder controle o outro ou, ao menos, seja um contrapeso. Vamos exemplificar:
· O Poder Executivo em relação ao Legislativo: adoção de Medidas Provisórias, com força de Lei, conforme determina o artigo 62 da Constituição Federal de 1988 – “Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar Medidas Provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional”.
· O Poder Legislativo em relação ao Executivo: compete ao legislativo processar e julgar o Presidente e Vice-Presidente da República, assim como promover processo de impeachment.
· Poder Judiciário em relação ao Legislativo: observa-se o Art. 53. §1º, que diz que “os deputados e senadores desde a expedição do diploma serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal”.
Esse mecanismo assegura que nenhum poder irá sobrepor-se ao outro, trazendo uma independência harmônica nas relações de governança. Existem diversas outras medidas de relacionamento desses poderes tendo sempre como escopo o equilíbrio.
Na nossa atual Constituição Federal, a divisão dos Poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário é Cláusula Pétrea, aquelas que não são objetos de deliberações/mudanças, portanto não pode-se elaborar uma PEC para alterá-la.
Publicado em 1 de maio de 2016.
E aí, conseguiu entender como se dá a separação dos três poderes? Se você ficou com dúvidas específicas sobre o Executivo, Legislativo ou Judiciário, não deixe elas de lado, teremos a honra de respondê-las nos comentários!
A SEPARAÇÃO DOS TRÊS PODERES
Legislativo, Executivo e Judiciário
Quando falamos em separação dos três poderes pensamos imediatamente em Executivo, Legislativo e Judiciário, mas de onde surgiu essa separação? Quais são as atribuições de cada esfera? Há um poder superior ao outro ou existe uma independência harmônica? Como relacionam-se entre si? O Politize! descomplica isso para você!
Veja também: o que fazem o poder Executivo e o Legislativo?
DE ONDE SURGIU A SEPARAÇÃO DE PODERES?
Ao longo da história diversos autores falaram sobre a corrente Tripartite (separação do governo em três), sendo Aristóteles o pioneiro em sua obra “A Política” que contempla a existência de três órgãos separados a quem cabiam as decisões de Estado. Eram eles o Poder Deliberativo, o Poder Executivo e o Poder Judiciário.
Em seguida Locke, em sua obra “Segundo Tratado Sobre o Governo Civil”, defende um Poder Legislativo superior aos demais, o Executivo com a finalidade de aplicar as leis, e o Federativo, mesmo tendo legitimidade, não poderia desvincular-se do Executivo, cabendo a ele cuidar das questões internacionais de governança.
Posteriormente, Montesquieu cria a tripartição e as devidas atribuições do modelo mais aceito atualmente, sendo o Poder Legislativo aqueles que fazem as leis para sempre ou para determinada época, bem como, aperfeiçoam ou revogam as já existentes; o Executivo – o que se ocupa o Príncipe ou Magistrado da paz e da guerra -, recebendo e enviando embaixadores, estabelecendo a segurança e prevenindo invasões; e por último, o Judiciário, que dá ao Príncipe ou Magistrado a competência de punir os crimes ou julgar os litígios da ordem civil. Nessa tese, Montesquieu pensa em não deixar em uma única mão as tarefas de legislar, administrar e julgar, já que a concentração de poder tende a gerar o abuso dele.
VEJA TAMBÉM – Três níveis de governo: o que faz o federal, o estadual e o municipal?
AS ATRIBUIÇÕES DE CADA ESFERA DE PODER
Poder Executivo:
Cabe ao Executivo a administração do Estado, observando as normas vigentes no país, além de governar o povo, executar as leis, propor planos de ação, e administrar os interesses públicos.
Este poder é exercido, no âmbito federal, pelo Presidente da República, juntamente com os Ministros que por ele são indicados, os Secretários, os Conselhos de Políticas Públicas e os órgãos da Administração Pública. É a ele que competem os atos de chefia de Estado, quando exerce a titularidade das relações internacionais e de governo e quando assume as relações políticas e econômicas. Além disso, o Presidente dialoga diretamente com o Legislativo, tendo o poder de sancionar ou rejeitar uma lei aprovada pelo Congresso Nacional.
Já na esfera estadual, o poder executivo se concentra no governador e seus Secretários Estaduais, e na esfera municipal, no prefeito e seus Secretários Municipais.
Poder Legislativo:
Ao Legislativo cabe legislar (ou seja, criar e aprovar as leis) e fiscalizar o Executivo, sendo ambas igualmente importantes. Em outras palavras, exerce função de controle político-administrativo e o financeiro-orçamentário. Pelo primeiro controle, cabe a análise do gerenciamento do Estado, podendo, inclusive, questionar atos do Poder Executivo, pelo segundo controle, aprovar ou reprovar contas públicas.
Este poder é exercido pelos Deputados Federais e Senadores, no âmbito federal, pelos Deputados Estaduais, no âmbito estadual, e pelos Vereadores, no âmbito municipal.
Poder Judiciário:
O Judiciário tem como função interpretar as leis e julgar os casos de acordo com as regras constitucionais e leis criadas pelo Legislativo, aplicando a lei a um caso concreto, que lhe é apresentado como resultado de um conflito de interesses.
O Judiciário é representado pelos ministros, desembargadores e promotores de justiça, além dos juízes é claro.
MECANISMOS DE FREIOS E CONTRAPESOS
Todo homem que detém o poder tende a abusar dele, afirma Montesquieu. Seguindo o pensamento dessa corrente, tudo estaria perdido se o poder de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de punir crimes ou solver pendências entre particulares se reunissem num só homem ou associação de homens. A separação dos poderes, portanto, é uma forma de descentralizar o poder e evitar abusos, fazendo com que um poder controle o outro ou, ao menos, seja um contrapeso. Vamos exemplificar:
· O Poder Executivo em relação ao Legislativo: adoção de Medidas Provisórias, com força de Lei, conforme determina o artigo 62 da Constituição Federal de 1988 – “Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar Medidas Provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional”.
· O Poder Legislativo em relação ao Executivo: compete ao legislativo processar e julgar o Presidente e Vice-Presidente da República, assim como promover processo de impeachment.
· Poder Judiciário em relação ao Legislativo: observa-se o Art. 53. §1º, que diz que “os deputados e senadores desde a expedição do diploma serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal”.
Esse mecanismo assegura que nenhum poder irá sobrepor-se ao outro, trazendo uma independência harmônica nas relações de governança. Existem diversas outras medidas de relacionamento desses poderes tendo sempre como escopo o equilíbrio.
Na nossa atual Constituição Federal, a divisão dos Poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário é Cláusula Pétrea, aquelas que não são objetos de deliberações/mudanças, portanto não pode-se elaborar uma PEC para alterá-la.
Publicado em 1 de maio de 2016.
E aí, conseguiu entender como se dá a separação dos três poderes? Se você ficou com dúvidas específicas sobre o Executivo, Legislativo ou Judiciário, não deixe elas de lado, teremos a honra de respondê-las nos comentários!
DIREITO MATERIAL X DIREITO FORMAL16 de Janeiro de 2018 | Cláudia Rocha Franco Lopes
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Entenda aqui a diferença entre DIREITO MATERIAL x DIREITO FORMAL, ideal para quem está começando curso de Direito agora e precisar ficar ligado nos conceitos. Material atualizado e objetivo visando sempre o seu conhecimento.
O Direito Formal, trata daforma como direito existe e deve ser aplicado na realidade. É este ramo do Direito Formal que define quais são os procedimentos para se defender de alguma acusação.
Na área acadêmica pode-se dizer que o Direito Formal é a parte preocupada com a definição das regras de existência do direito, é o responsável pelo meio no qual o direito existe, e como as pessoas e instituições devem se portar dentro dele.
Visando sempre no “COMO”,  “como solicitar uma pensão alimentícia”, “como entrar com uma ação judicial em determinada instância” são preocupações da área formal do direito.
Já o conceito de Direito Material trata dos fins do direito, ou seja, preocupa-se em definir o quê o direito exige ou garante. Os famosos “direitos e deveres” são uma preocupação do Direito Material, responsável por definir qual a matéria objetiva garantida ou esperada de alguém.
Cabe, a este aspecto do direito, definir “o quê”. De maneira geral, pode-se definir assim a diferença entre Direito Material e Formal: o primeiro lida com “o quê”, focando nas finalidade das leis,já o segundo lida com “como”, que seria o meio no qual elas são aplicadas.
De forma resumida, pode-se estabelecer um paralelo entre quase todas as áreas destes dois segmentos do direito: enquanto o Direito Material preocupa-se com o Direito Civil, Direito do Trabalho e o Direito Penal, o Direito Formal preocupa-se com o Direito Processual Civil, o Direito Processual do Trabalho e o Direito Processual Penal.
Fato social
Fato social é um conceito sociológico que diz respeito às maneiras de agir dos indivíduos de um determinado grupo e da humanidade em geral. Segundo Émile Durkheim, pensador francês considerado clássico da sociologia, os fatos sociais moldam a maneira de agir das pessoas pela influência que eles exercem sobre elas.
Os fatos sociais são conjuntos de hábitos praticados pelas pessoas, por meio de suas ações, que permitem a identificação de uma consciência coletiva, a qual age por trás dos indivíduos, influenciando as suas ações de alguma maneira.
Leia também: Surgimento da sociologia – fatores que contribuíram para a criação dessa ciência
O que é fato social?
Segundo Durkheim, fato social é
“toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou, ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”|1|.         
O sociólogo francês Émile Durkheim construiu o seu pensamento em cima do que chamou de fatos sociais.
Isso significa que os fatos sociais são gerais, coercitivos e exteriores, ou seja, eles se apresentam como regras gerais no modo de agir dos sujeitos de uma sociedade, são exteriores ao sujeito, e são coercitivos na medida em que atuam como forças em cima dos indivíduos. Nesse sentido, o fato social é verificado e não pode ser modificado pela ação individual, pois há uma força exterior (a consciência coletiva) que o molda.
Fato social e educação
A educação é um fenômeno sociológico que molda o indivíduo de acordo com a consciência coletiva. O intuito da educação formal não é somente ensinar ao aluno as ciências, mas também a cultura e as normas sociais esperadas de um indivíduo que vive em determinada sociedade, a fim de que ele consiga integrar-se ao grupo social.
A educação é um fato social.
A educação, em si, é um fato social no sentido em que atua como processo da preparação cultural dos indivíduos para a vida em sociedade e no sentido de que está presente, de maneira hegemônica, no interior de uma sociedade e em todas as sociedades.
Todas as sociedades desenvolvem sistemas de educação, sejam eles nos moldes da educação formal (fornecida pela escola), sejam no âmbito familiar, pois todas as sociedades cultivam o hábito de responsabilizar os adultos pela preparação da criança para a vida em sociedade.
Leia também: Instituições sociais – aquelas que tornam a vida social menos agressiva
Fato social normal e patológico
Os fatos sociais podem ser normais ou patológicos. Os fatos sociais normais são aqueles que decorrem do desenvolvimento da sociedade dentro de uma norma comum, de um padrão comum da vida que visa o aprimoramento dos indivíduos e a manutenção da coesão desses e da vida em sociedade. O fato social normal preza por uma ordem institucional e da vida individual e mantém em funcionamento os laços solidários que unem os indivíduos de um grupo.
O fato social patológico é aquele que se desenvolve fora da norma, como uma doença. Ele é perigoso, e quando atinge uma dimensão maior, pode afetar negativamente a sociedade. Os fatos sociais patológicos podem ser, por exemplo, os crimes, o homicídio e a violência como um todo. Quando uma sociedade vê-se tomada pela criminalidade e pela violência, é possível dizer que há o efeito de um fato social patológico, que foge da normalidade esperada por uma sociedade.
A violência e a criminalidade generalizadas são sintomas de uma patologia social. 
Anomia social e suicídio para Durkheim
A anomia social é a desordem social que pode ser o princípio de um fato social patológico. Émile Durkheim foi o primeiro pensador a estudar o suicídio como um fato social. Em sua visão, o suicídio é uma ação individual intencional e consciente que decorre da morte do indivíduo que age.
Para ele, apesar da ação que provoca a própria morte ser individual, existem fatores sociais que a causam. O suicídio pode ser considerado um fato social normal ou um fato social patológico. Se ele for praticado em situação de anomia social, trata-se de um fato patológico. 
Segundo Durkheim, existem três tipos de suicídio:
· Suicídio altruísta: quando o indivíduo abdica de sua própria vida em prol de uma causa maior que ele, enxergando nela um motivo pelo qual se vale a pena morrer. Nesse tipo de suicídio, o ego individual enxerga-se como algo menor que a consciência coletiva, e o suicida pratica o suicídio por não enxergar motivo para viver se não for pela satisfação daquela causa.
· Suicídio egoísta: é praticado por uma motivação egoísta, ou seja, não social. O indivíduo enxerga a sua existência como algo que não compensa a vida no meio social. O ego social é deixado de lado, e o indivíduo somente enxerga o seu sofrimento e a vontade de cessá-lo. Esse tipo de suicídio é um fato social, pois o sofrimento infringido sobre o suicida é causado pelo meio social.
· Suicídio anômico: é aquele que acontece em situações de anomia social, ou seja, de caos e desordem da sociedade, como crises econômicas, sociais e morais. Quando uma crise  instala-se em uma sociedade, ela implanta o caos e a desordem social. Estes fazem com que os papéis sociais entrem em colapso. Pessoas que tinham poder econômico e social, de repente, podem perder tudo, fazendo com que a sua relação consigo entre em colapso.
Quando a anomia instala-se de maneira persistente, ela provoca uma situação patológica na sociedade que pode ser observada pela violência, pela criminalidade e pelo suicídio anômico.
Veja também: Conceito de dominação para o sociólogo Max Weber
Contexto histórico
O sociólogo francês Émile Durkheim é considerado um clássico da sociologia, pois foi o primeiro a desenvolver um método do trabalho sociológico completamente autônomo dessa disciplina e rigorosamente desenvolvido do ponto de vista científico. Durkheim não reconheceu o trabalho de Auguste Comte (filósofo francês que idealizou a sociologia) como sociológico.
Para Durkheim, apesar dos esforços de Comte, este teria permanecido naquele ponto intelectual que ele mesmo havia tentando superar: as abstrações metafísicas. Comte não teria fundado a sociologia enquanto ciência no sentido de não ter conseguido criar para ela um método científico rigoroso e autônomo, capaz de conferir-lhe a capacidade de entendimento correto e concreto da sociedade.
Durkheim também introduziu a sociologia na pesquisa acadêmica, mas, para que chegasse a esse patamar, ele precisou encontrar um método acurado para o tipo de trabalho, um método que não falhasse. Uma dificuldade que o atrapalhoufoi o fato de as pessoas e as sociedades serem tão diferentes umas das outras. Por isso, em busca da fundação da sociologia como ciência, o sociólogo passou a identificar padrões nos comportamentos das pessoas.
Não demorou para que ele percebesse que havia fatos sociais que compunham uma consciência coletiva geral das sociedades. A fim de que a pesquisa sociológica alcançasse o esperado rigor metodológico, o pensador entendeu que o objeto de estudo do sociólogo deveria ser, justamente, o fato social.
Revolução Francesa
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A Revolução Francesa é o nome dado ao ciclo revolucionário que aconteceu na França entre 1789 e 1799 que marcou o fim do absolutismo nesse país. Essa revolução, além de seu caráter burguês, teve uma grande participação popular e atingiu um alto grau de radicalismo, uma vez que a situação do povo francês era precária em virtude da crise que o país enfrentava.
A Revolução Francesa foi um marco na história da humanidade, porque inaugurou um processo que levou à universalização dos direitos sociais e das liberdades individuais a partir da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa revolução também abriu caminho para a consolidação de um sistema republicano pautado pela representatividade popular, hoje chamado de democracia representativa. A Revolução Francesa só foi possível graças à popularização dos ideais do Iluminismo.
A respeito da importância da Revolução Francesa, o historiador Eric Hobsbawm afirma que
[…] a França que fez suas revoluções e a elas deu suas ideias, a ponto de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem-se tornado o emblema de todas as nações emergentes […]. A França forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e radical-democrática para a maior parte do mundo. A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o vocabulário do nacionalismo. […] A ideologia do mundo moderno atingiu as antigas civilizações que tinham até então resistido às ideias europeias inicialmente através da influência francesa. Essa foi a obra da Revolução Francesa1.
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Causas
A Revolução Francesa foi resultado da crise política, econômica e social que a França enfrentou no final do século XVIII. Essa crise marcou o fim da monarquia absolutista que existia na França há séculos e da antiga ordem de privilégios que constituía o Antigo Regime Francês. Nessa época, a França era governada por Luís XVI, e a sociedade era dividida em classes sociais, conhecidas como Estados:
· Primeiro Estado: clero;
· Segundo Estado: nobreza;
· Terceiro Estado: povo, definição genérica que incorpora o restante da sociedade francesa.
A sociedade francesa era muito bem definida: um grupo que possuía uma série de privilégios em detrimento do restante do país. É importante observar que o Terceiro Estado era uma classe extremamente heterogênea, formada por grupos distintos, como a burguesia e o campesinato.
De toda forma, a sociedade francesa era marcada por uma desigualdade extrema, uma vez que nobreza e clero gozavam de privilégios, como a isenção de determinados tributos e o direito de cobrar impostos por suas terras. Essa desigualdade social era a raiz da crise enfrentada pela França no século XVIII.
A França, nesse período, começou a sofrer as consequências de seu atraso econômico em relação às mudanças que estavam acontecendo no mundo em decorrência do avanço do capitalismo. As tentativas de reforma que haviam sido cogitadas na segunda metade do século XVIII fracassaram, porque nobreza e clero impunham forte resistência a qualquer medida que resultasse na perda de seus privilégios.
Mapa Mental - Revolução Francesa
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Além do atraso em relação ao avanço do capitalismo, principalmente em comparação com a Inglaterra, havia também os gastos elevados e desnecessários do governo francês nessa época. Um grande exemplo foi o envolvimento da França na Revolução Americana, o que causou um grande impacto na economia francesa.
O resultado foi uma crise econômica duríssima que impactou diretamente as relações sociais, pois a nobreza intensificou a exploração sobre o povo, principalmente sobre o campesinato e a classe média francesa. Isso aconteceu em decorrência da ocupação de cargos governamentais pela nobreza (até então, esses cargos eram destinados à classe média) e do aumento dos impostos cobrados dos camponeses.
Esse aumento de tributos foi extremamente pesado, pois grande parte dos camponeses não possuía terras. Assim, foram obrigados a ceder uma parcela cada vez maior de sua renda, que era utilizada basicamente para a própria subsistência. Dessa forma, a situação do campesinato nos vinte anos que antecederam a Revolução Francesa agravou-se consideravelmente.
Segundo o historiador Hobsbawm, o Estado francês gastava cerca de 20% a mais do que deveria, usava 50% do seu orçamento para pagar dívidas, e a inflação crescia rapidamente2. Tamanha crise econômica demandava reformas, mas, como mencionado, nobreza e clero não estavam dispostos a abrir mão de seus privilégios. Em 1788, as colheitas na França haviam sido ruins, o que aumentou consideravelmente o custo de vida tanto no campo quanto nas cidades. Logo, em 1789, a França já se encontrava em estado avançado de convulsão social. O efeito disso foi que a crise instalada nesse momento empurrou as pessoas para a rebelião e para o banditismo. Para contornar esse cenário, os Estados Gerais foram convocados.
Os Estados Gerais eram uma espécie de assembleia que surgiu na França medieval e que era convocada em momentos de crise (a última convocação havia sido feita em 1614). O povo francês via nessa assembleia uma forma de obter soluções para a situação do país. Para entender essa esperança popular, é importante saber como os Estados Gerais funcionavam.
Os Estados Gerais reuniam representantes dos três Estados que formavam a sociedade francesa. As soluções debatidas nesse conselho eram determinadas a partir de votação, que era realizada por Estado, e não por indivíduo. Sendo assim, nobreza e clero sempre se uniam para derrotar o Terceiro Estado. O grande problema é que, naquele momento, os representantes do Terceiro Estado começaram a exigir que o voto fosse individual, o que possibilitaria que as propostas da burguesia (grupo que representava o povo no conselho) fossem aprovadas. A proposição do Terceiro Estado por voto individual foi rejeitada, o que o motivou a criar uma Assembleia Nacional Constituinte.
Todo esse contexto fez com que o povo colocasse suas esperanças nos representantes do Terceiro Estado. Assim, o apoio popular foi a chave do sucesso das ações da Assembleia Nacional Constituinte. A população, já insatisfeita, enfureceu-se quando o rei mostrou-se contrário à Constituição que estava sendo elaborada e ordenou o fechamento da Constituinte.
Assim, em 14 de julho de 1789, a população parisiense conhecida como sans-culottes rebelou-se e atacou a Bastilha, prisão para onde eram enviados os opositores do Absolutismo Francês e símbolo do Antigo Regime. A Queda da Bastilha, nome pelo qual ficou conhecida a tomada da prisão pela população parisiense, marcou o início da Revolução Francesa e espalhou o fervor revolucionário pelo país.
Etapas da Revolução Francesa
A partir da Queda da Bastilha, o processo revolucionário francês estendeu-se por dez anos e só foi finalizado com o Golpe de 18 de Brumário, organizado por Napoleão Bonaparte. Toda a extensão do processo revolucionário francês é organizado em três fases:
1. Assembleia Nacional Constituinte e Assembleia Legislativa (1789-1792)
2. Convenção (1792-1795)
3. Diretório (1795-1799)
· Assembleia Constituinte e Assembleia Legislativa
Em 4 de agosto de 1789, os representantes da Assembleia Nacional Constituinte aboliram os privilégios feudais na França.
Esse é o período inicial da Revolução Francesa e corresponde aos anos em que os constituintes redigiram uma Constituição para a França e ao período da Assembleia Legislativa. Como mencionado, a Queda da Bastilhafez com que se espalhasse o processo revolucionário por todo o país. Os camponeses, temerosos de que a aristocracia reagisse e deixasse-os sem alimentos, partiram para o ataque.
Essa investida, conhecida como Grande Medo, aconteceu entre julho e agosto de 1789 e foi marcada por ataques e saqueamentos contra propriedades de aristocratas e, muitas vezes, pelo assassinato dos donos desses locais. Os camponeses lutavam pelo fim de alguns impostos e exigiam que fosse garantido a eles um maior acesso aos alimentos – a fome era um problema grave entre o campesinato.
Com a radicalização do povo nesse contexto, uma série de mudanças aconteceu na França. Os privilégios feudais foram abolidos no começo de agosto e, no fim desse mês, foi anunciada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, talvez o documento mais importante de toda a Revolução Francesa. Esse documento determinava, teoricamente, que todos os homens eram iguais perante a lei.
A radicalização popular fez com que a classe média e a burguesia francesa assumissem uma posição conservadora como forma de frear o ímpeto do povo. Já a nobreza e o clero iniciaram uma fuga em massa da França, mudando-se para países como Áustria e Prússia. Além disso, começaram uma conspiração contrarrevolucionária, que tinha como objetivo reverter as mudanças que estavam em curso.
O próprio rei Luís XVI tentou fugir da França em 1791, mas foi reconhecido quando se aproximava da fronteira com a Bélgica. Depois de recapturado, foi reconduzido ao Palácio de Tulherias, localizado em Paris. Esse era o local onde o rei morava desde 1789, quando os revolucionários obrigaram-no a abandonar Versalhes.
Nesse período, os revolucionários também atacaram os privilégios do clero por meio da aprovação da Constituição Civil do Clero, em 1790. Essa medida tentou subjugar a Igreja Francesa à autoridade do Estado e contribuiu largamente para que o clero francês aderisse ao esforço contrarrevolucionário.
As tentativas de barrar a radicalização da revolução tornaram-se claras quando foi promulgada a nova Constituição Francesa em 1791. Ela transformou a França em uma Monarquia Constitucional e frustrou aqueles que esperavam que a França seria uma República com ampla democracia. Com isso, a Assembleia Nacional Constituinte transformou-se em Assembleia Legislativa.
Consolidaram-se, então, os dois grandes grupos políticos que marcaram a Revolução Francesa: girondinos e jacobinos. Esses grupos possuíam visões radicalmente diferentes em relação à condução do processo revolucionário. Os girondinos entendiam que as mudanças deveriam ser contidas, já os jacobinos achavam que as mudanças deveriam ser mais radicalizadas.
A Assembleia Legislativa também deu início à guerra contra outras nações europeias. O processo revolucionário francês era visto como um grande ameaça por outras nações absolutistas da Europa. Assim, muitas começaram a conspirar a possibilidade de invadir o país. Antecipando-se a isso, a Assembleia declarou guerra contra a Áustria e a Prússia. A defesa da França foi realizada pela Guarda Nacional, tropa criada em Paris no começo da revolução.
Essa declaração de guerra, que aconteceu em abril de 1792, abriu caminho para a radicalização da Revolução Francesa e deu início a um período conhecido como Terror. O clima de guerra empurrou a sociedade francesa para o lado dos jacobinos e dos sans-culottes. O resultado disso foi que os sans-culottes organizaram-se, derrubaram a Monarquia Francesa e instauraram a República.
· Convenção
Maximilien Robespierre, líder dos jacobinos e grande nome do Terror, foi guilhotinado a mando dos girondinos.*
Com a instauração da República na França, a Assembleia Legislativa foi substituída pela Convenção, inaugurada em setembro de 1792. Os membros da Convenção foram determinados por sufrágio universal masculino. Com isso, Luís XVI deixou de ser o rei da França, e um novo debate surgiu: a execução do rei.
Enquanto os girondinos exigiam que Luís XVI fosse exilado, os jacobinos exigiam sua execução. O destino do rei foi selado quando foram descobertas evidências que associavam-no ao esforço contrarrevolucionário realizado no exterior. Assim, o rei foi executado em janeiro de 1793.
O regicídio inaugurou o período do Terror, no qual jacobinos liderados por Maximilien Robespierre radicalizaram a revolução na tentativa de impor uma ampla agenda reformista no país. Apesar de a Convenção ser a instituição mais importante do país, os jacobinos impuseram seus ideais por meio do Comitê de Salvação Pública.
A República liderada por jacobinos ficou marcada por conseguir estabilizar a situação do país e colocar a guerra e as massas populares sob controle. Apesar disso, a guerra agravou-se depois da execução do rei, porque os países absolutistas alarmaram-se com o regicídio cometido pelos jacobinos. Outra marca jacobina era a perseguição a todos os seus opositores.
Com a Lei dos Suspeitos, os jacobinos começaram a perseguir todos aqueles que eram considerados inimigos da revolução. Os suspeitos eram julgados e, se condenados, guilhotinados. A fase do Terror foi responsável por 17 mil mortes em cerca de 14 meses3. Foram abolidos os privilégios feudais que existiam no país e imposta uma economia de guerra. As medidas na economia, no entanto, atrasaram o desenvolvimento capitalista da França.
A atuação dos jacobinos gerou, naturalmente, uma reação dos grupos conservadores, representados pelos girondinos. Essa articulação contou com o apoio da alta burguesia francesa e resultou num golpe conhecido como Reação Termidoriana, que aconteceu em 1794. A partir dessa data, os girondinos tomaram uma série de medidas que reverteram as decisões jacobinas. Em 1795, a Convenção foi substituída pelo Diretório. Com a Reação Termidoriana, vários jacobinos, incluindo Robespierre, foram guilhotinados.
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· Diretório
Com a derrocada jacobina, os girondinos e a alta burguesia francesa redigiram uma nova Constituição para a França e restauraram algumas medidas, como o voto censitário. Foi um período autoritário no qual o exército francês foi utilizado várias vezes para reprimir o povo. Além disso, houve resistência às tentativas de golpe por parte de jacobinos e monarquistas.
A instabilidade que a França vivia fez com que a alta burguesia francesa defendesse esse autoritarismo, pois as massas estavam insatisfeitas, a economia estava ruim e a guerra ameaçava o país. Por isso, passaram a defender a implantação de uma ditadura no país sob o governo de uma figura forte, autoritária. Dessa forma, nasceu o apoio a Napoleão Bonaparte, general famoso por liderar os exércitos franceses na luta contra as coalizões internacionais.
O resultado disso foi a organização de um golpe por Napoleão, que, em 1799, tomou o poder da França em um evento conhecido como Golpe do 18 de Brumário. Iniciou-se, então, o Período Napoleônico.
Consequências
Os dez anos da Revolução Francesa geraram diversas consequências para a França e para o mundo. Algumas consequências de destaque foram:
· Fim dos privilégios de classe na França;
· Fim de qualquer resquício do feudalismo no país e início da consolidação do capitalismo;
· Início do processo de queda do absolutismo na Europa e na França;
· Inspiração para movimentos de independência no continente americano;
· Popularização da república como forma de governo;
· Separação entre os poderes;
· Imposição das liberdades individuais, que tornavam os homens “iguais perante a lei”.
Exercícios
Resumo - Revolução Industrial
A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas.
Até o final do século XVIII a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o que consumia. De maneira artesanal o produtor dominava todo o processo produtivo.
Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, países como a França e a Inglaterra,

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