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JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL Primeiramente, é possível inferir que por ter atingido dois resultados, ou cometido dois crimes, estamos diante de um concurso de crimes. Antes, vamos relembrar! O concurso de crimes é dividido em concurso formal e concurso material e crime continuado. Por não ser objeto da questão, vamos nos ater ao material e formal. Concurso material é quando o agente, mediante DUAS OU MAIS condutas, produz dois ou mais resultados, idênticos ou não. As penas são acumuladas. Já no crime formal é mediante UMA conduta que dela se produzem dois ou mais resultados, idênticos ou não. O crime formal é subdivido em homogêneo e heterogêneo. • O homogêneo é quando o agente, com uma só conduta, pratica dois ou mais crimes IDÊNTICOS. Ex: conduta resultou lesão grave + lesão grave . • Já no heterogêneo é quando o agente, com uma só conduta, pratica dois ou mais crimes DIFERENTES. Ex: conduta resultou homicídio + lesão grave. Vamos fazer um resumo aqui: 1.Otelo objetiva matar Desdêmona para ficar com o seguro de vida que esta havia feito em seu favor. Para tanto, desfere projétil de arma de fogo contra a vítima, causando-lhe a morte. Todavia, a bala atravessa o corpo de Desdêmona e ainda atinge Iago, que passava pelo local, causando-lhe lesões corporais. Considerando-se que Otelo praticou crime de homicídio doloso qualificado em relação a Desdêmona e, por tal crime, recebeu pena de 12 anos de reclusão, bem como que praticou crime de lesão corporal leve em relação a Iago, tendo recebido pena de 2 meses de reclusão, é correto afirmar que: concurso de crimes concurso formal - Uma conduta , dois ou mais resultados Homogêneo - Uma conduta - Crime idêntico como as penas são idênticas, aplica- se apenas uma delas, aumentada de 1/6 até metade Heterogêneo - Uma conduta - Crimes diferentes como são penas diferentes, aplica- se somente a mais grave, aumentada de 1/6 até metade concurso material - Duas ou mais condutas , dois ou mais resultados JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL Nesse caso, o juiz deveria aplicar a pena do mais grave aumentado de 1/6 até a metade (conforme regra contida no caput do Art. 70). "Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis, ou se iguais, somente uma delas, mas aumentada em qualquer caso de um sexto até a metade." Existem, na aplicação de penas, 4 sistemas adotados pelo ordenamento jurídico brasileiro, entretanto, nos interessa agora somente 2. O sistema de cúmulo material das penas e o sistema da exasperação das penas. Resumindo: Sistema do cúmulo material das penas Sistema da exasperação das penas As penas são somadas No caso de penas iguais: utiliza qualquer uma; No caso de penas diferentes: utiliza a maior; Em qualquer um desses casos, AUMENTA- SE de 1/6 a ½. Assim, in casu, o correto seria a aplicação da exasperação das penas, o que daria 14 anos. Todavia, pelo fato de ser mais gravoso ao agente utilizar o sistema de exasperação das penas, aplica-se por dois motivos o sistema do cúmulo material das penas: a) Princípio do in dubio pro reo; b) O parágrafo único do art. 70, que reza: Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do Art. 69. Resumindo: No caso em tela, o que deveria ser feito seria a aplicação do sistema de exasperação das penas, em que se aumenta de 1/6 até ½. Todavia, por duas exceções ela não será aplicada. 1º, como já dito, se aumentasse 1/6 até ½, a pena ultrapassaria 14 anos, o que seria mais gravoso ao agente; 2º O parágrafo único do art. 70 veda que nesse caso seja aumentada. Por isso, aplica-se o sistema de cúmulo material das penas, caso em que as penas são SOMADAS. 2. O homicídio é doutrinariamente classificado como crime: A) próprio, de perigo individual e consumação antecipada. B) de concurso necessário, comum e de forma livre. C) de mão própria, habitual e de forma vinculada. JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL Segundo Grecco (2017)1 o crime de homicídio é classificado: DE DANO O delito consuma-se com o efetivo prejuízo, dano, agravo ao bem jurídico. MATERIAL O tipo penal descreve a conduta e o resultado, e exige-se o resultado INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES O resultado se dá de maneira imediata, não se prolonga no tempo, sendo que os efeitos são irreversíveis. CRIME COMUM Não exige sujeito qualificado, especial. Pode ser praticado por qualquer pessoa. DE FORMA LIVRE Pode ser praticado por qualquer meio de execução. COMISSIVO Exige ação do sujeito ativo. Pode ser também omissivo impróprio. UNISSUBJETIVO Pode ser praticado por um só agente. PLURISSUBSISTENTE Em regra, exigindo vários atos para a consumação. Portanto, segundo as alternativas, o gabarito é a letra E. 3. Jorge pretendia matar sua irmã, Ana, para passar a ser o único beneficiário de herança que ambos receberiam. No dia do crime, Jorge fica à espreita enquanto Ana sai da garagem em seu carro. Ocorre que, naquele dia não era Ana que estava ao volante, como ocorria diariamente, mas sim seu namorado. Ana se encontrava no banco do carona. Jorge sabia que sua irmã sempre dirigia seu próprio carro e, assim, tinha certeza de que estaria mirando a arma na direção de Ana, ainda que não conseguisse enxergar o interior do veículo devido aos vidros escuros. Jorge atira no veículo, mas o projétil atinge o namorado de Ana, que vem a falecer. É correto afirmar que Jorge praticou que crime ou crimes. 1 Pág. 476. (LIVRO - DIREITO PENAL - Rogério Greco - Código Penal Comentado - 2017). D) vago. permanente e multitudinário. E) de dano. material e instantâneo de efeitos permanentes. JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL Trata-se do caso da teoria do erro sobre a pessoa ou erro in persona. É quando o agente pratica conduta criminosa à pessoa diversa da qual ele desejava resultado. Devemos ter muito cuidado com esse tipo de questão já que não se trata de maneira nenhuma o erro de execução. O direito penal aqui cria duas figuras, uma delas fictícia: a) Vítima pretendida (vítima virtual) ANA; b) Vítima atingida (vítima real) NAMORADO DA ANA. Assim, apesar de Jorge ter matado o namorado de Ana, para o direito penal aplica- se a teoria da equivalência. Ou seja, ele responde pelo crime como se tivesse atingido a vítima pretendida. É o que se extrai do art. 20, parágrafo 3º, in verbis: "O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão os da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime". Concluindo: Como Jorge responde como se tivesse praticado como Ana, as agravantes também gravitam na pena, assim, há transferência das qualidades de quem eu queria atingir para quem eu de fato atingi, ou seja, agravantes e atenuantes, ou causas de aumento e diminuição de pena, ou ainda qualificadoras, por isso, já que Ana é sua irmã, o art. 61 é claro: São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: II - ter o agente cometido o crime: e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; Não é, de maneira NENHUMA, aplicação de tentativa de homicídio doloso em relação a Ana, assim como homicídio culposo em relação ao seu namorado, já que se trata de erro sobre a pessoa e não erro de execução. Caso Jorge tivesse disparado um tiro quando Ana e seu namorado estivessem juntos, mas ele tivesse errado o disparo, tendo animus de acertar Ana, mas acertando seu namorado, aí sim estaríamos diante de um caso de erro de execução com aplicação de tentativa quanto à sua irmã e homicídio quanto ao namorado de sua irmã. Resumindo: Jorge cometeu apenas um crime de homicídio doloso qualificado, e a pena a ser aplicada ainda será agravada pelo fato deAna ser sua irmã. JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL 4. De acordo com o Código Penal, são inimputáveis A) os que cometem o crime sob emoção ou paixão. B) aqueles que cometem o crime em legítima defesa, estado de necessidade ou estrito cumprimento do dever legal. C) apenas os menores de 18 (dezoito) anos. D) aqueles que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, eram inteiramente incapazes de determinarem-se de acordo com o entendimento da ilicitude do fato. E) aqueles que, em virtude de perturbação de saúde mental, não eram inteiramente capazes de entender o caráter ilícito do fato. a) Errada, já que a emoção e a paixão não são causas de exclusão de inimputabilidade; b) Errada, já que estas causas são aplicadas nas excludentes de ILICITUDE, o que nada tem a ver com inimputabilidade; c) Errada, já que não são apenas os menores de 18 anos. d) Gabarito, já que exclui a imputação de uma infração penal embriaguez COMPLETA e oriunda de caso fortuito e força maior. e) Errada. Neste caso estes são classificados como semi-imputáveis. Resumindo: INIMPUTÁVEIS Menoridade (art. 27 cp). Embriaguez Involuntária e Completa (art. 28, parag. 1). Doença Mental ou Desenvolvimento Mental incompleto ou retardado (art. 26 cp). Erro de Proibição Inevitável (art. 21, 2. parte, cp). Coação Moral Irresistível (art. 22 cp). Obediência Hierárquica (art. 22 cp). 6. Hugo é inimigo de longa data de José e há muitos anos deseja matá-lo. Para conseguir seu intento, Hugo induz o próprio José a matar Luiz, afirmando falsamente que Luiz estava se insinuando para a esposa de José. Ocorre que Hugo sabia que Luiz é pessoa de pouca paciência e que sempre anda armado. Cego de ódio, José espera Luiz sair do trabalho e, ao vê-lo, corre em direção dele com um facão em punho, mirando na altura da cabeça. Luiz, assustado e sem saber o motivo daquela injusta agressão, JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL rapidamente saca sua arma e atira justamente no coração de José, que morre instantaneamente. Instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte de José, ao final das investigações, o Ministério Público formou sua opinio no seguinte sentido: Luiz deve responder pelo excesso doloso em sua conduta, ou seja, deve responder por homicídio doloso; Hugo por sua vez, deve responder como partícipe de tal homicídio. A denúncia foi oferecida e recebida. Considerando que você é o advogado de Luiz, responda: a) Qual a tese defensiva aplicável a Luiz A tese defensiva aplicada a Luiz é a da legítima defesa real, instituto previsto no art. 25 do CP, cuja natureza é de causa excludente de ilicitude. Não houve excesso, pois a conduta de José (que mirava com o facão na cabeça do Luiz) configurava injusta agressão e claramente atentava contra a vida de Luiz. 6. Victor, após desferir dois tiros contra seu desafeto na intenção de matá-lo o joga num terreno baldio para esconder o corpo. Porém, ainda viva, a vítima vem a se deparar com uma serpente venenosa que, assustada, vem a lhe morder. Considerando que a pobre vítima vem a morrer do veneno da cobra e não dos disparos efetuados por Victor, analisando a causalidade, defina sua responsabilidade penal. Aqui, trata-se do caso de causa relativamente independente superveniente, onde o autor somente responderá pelos atos cometidos e não pelo homicídio consumado. Resumindo: 7. Homem é flagrado em loja com pé de cabra em tentativa de furto em RO PM foi chamada, pois alguém teria quebrado vidro do estabelecimento. Suspeito tem condenação por furto e foi levado para Ressocialização. Um homem de 25 anos foi preso em flagrante por tentativa de furto em uma loja de móveis e eletrodomésticos na madrugada deste domingo (3). A Polícia Militar (PM) foi chamada a comparecer no estabelecimento, no bairro Cristo Rei, em Vilhenax (RO), pois alguém teria quebrado o vidro do local. No endereço, os policiais flagraram o suspeito com um pé de cabra. Conforme a PM, ao Relativamente independente preexistente O agente responde pelo resultado naturalístico Concomitante superveniente Não produziu o resultado Produziram o resultado por si só JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL ver a viatura, o homem tentou se desfazer da ferramenta, jogandoa no lixo. Na loja foram encontrados uma bolsa, uma chave de roda de caminhão e outro objeto utilizado para estourar cadeados. Ele foi levado para o Centro de Ressocialização Cone Sul, pois já tem condenação por furto. Diante da situação fática narrada e dos estudos sobre o iter criminis, responda de forma objetiva e fundamentada às questões formuladas: a. A partir da análise do iter criminis, identifique em que fase o agente se encontrava. b. Ainda, a partir da premissa de que o agente tentou se desfazer da ferramenta, jogando-a no lixo, sua conduta configuraria tentativa ou desistência voluntária? Quais seus consectários penais? a) pode-se concluir que o agente se encontrava na fase de execução, sendo esta frustrada por razões alheias à sua vontade, sendo, portanto, sua conduta tipificada como tentativa de furto. b) A conduta ora descrita é tipificada como tentativa, vez que não foi executada por razões alheias a sua vontade, conforme disposição do art. 14. II do CP. Art. 14 - Diz-se Crime [...]TentativaII - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. O consectário penal advém do art. 15, que imputa ao agente do caso concreto apenas os resultados dos atos já praticados. 8. No Acre, mulher alega legítima defesa e é absolvida de homicídio contra ex: 'apanhou por três anos', diz defesa. Ré esfaqueou o ex-marido durante uma briga no bairro Vitória em Rio Branco, em novembro de 2014. Júri popular entendeu que ela agiu em legítima defesa após ser agredida. Atualizado em: Atualizado 15/03/2018 18h42. O Tribunal do Júri de Rio Branco absolveu Karine Fonseca, de 21 anos, acusada de matar o ex-marido, em novembro de 2014, no bairro Vitória, na capital acreana. À Justiça, ela alegou que deu uma facada no homem, após ter sido agredida durante uma briga na casa dele. O julgamento ocorreu no Dia da Mulher, comemorado no dia 8 de março, mas o Tribunal de Justiça divulgou somente na quarta-feira (14). Um dos advogados de Karine, Fábio Santos, informou que a mulher já tinha registrado um boletim de ocorrência contra o ex-marido e que existia uma medida protetiva em seu favor desde o início do ano de 2014. Ele contou que o casal viveu junto por três anos e sofreu agressão desde o início. No dia do crime, segundo o advogado, a acusada foi até a casa do ex-marido para buscar as coisas que ele havia comprado para a filha deles, que na época tinha 2 anos, e, quando chegou, ele pediu que ela ficasse no local por um tempo. Eles dois teriam ingerido bebida alcoólica e à tarde, quando a mulher disse que ia embora, iniciou-se uma discussão. Nesse momento, ela correu para a cozinha e pegou uma faca para se defender. Foi quando o homem se aproximou para seguir com as agressões e ela o atingiu com uma facada na região do peito. A mulher chamou o Serviço de Atendimento Móvel (Samu) e saiu do local, mas foi presa em flagrante e ficou no presídio durante três meses. Depois, foi solta e passou a responder em liberdade. ¿No dia em que ela foi presa, ela JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL aparentava escoriações, ele tinha agredido ela no dia que ela o matou. Ele já tinha sido preso anteriormente por agredir a mulher antes de Karine. Levantamos duas teorias, que foi a legítima defesa e outra foi a falta de necessidade da pena. Ela apanhou por três anos¿, afirmou a defesa. Conforme o TJ-AC, o Júri Popular entendeu que o homicídio ocorreu em legítima defesa em decorrência da agressão física e verbal em que a mulher passava pelo ex-marido, no momento em quedecidiu dar a facada. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre ilicitude e causas excludentes, responda de forma objetiva e fundamentada: a. Qual a distinção entre legítima defesa e estado de necessidade? b. Ainda, o conselho de sentença tivesse entendido que Karine Fonseca atuou em excesso, ainda assim teria sido absolvida? a) A legítima defesa ocorre quando há ameaça ou ataque praticado por pessoa imputável destinada a um bem jurídico, que pode ser próprio ou alheio. Trata-se, portanto, de uma agressão praticada por pessoa humana, que tem um destinatário certo e interesse ilegal, ilegítimo. Aqui, o meio necessário para repelir a ameaça ou ataque deve ser moderada, não comporta exageros, sob pena de responsabilização. De outro giro, o estado de necessidade se dá quando há o conflito entre bens jurídicos ante uma situação excepcional, de perigo, decorrente ou não de ação humana. Aqui, não há destinatário específico e o agente pode ser ou não pessoa humana. b) Sim, pois o direito brasileiro adotou a teoria unitária, na qual basta demonstrar a razoabilidade na conduta do agente para que seja excluída a ilicitude. No caso concreto, com o fim de salvar a própria vida ante a iminente ameaça, sacrificou a vida de outrem em detrimento da sua. Resumindo: ESTADO DE NECESSIDADE: Existência de dois bens jurídicos em conflito ao qual um deles deverá ser sacrificado em benefício de outro, pressupõe uma situação de perigo que resultará em conduta lesiva. O Código Penal adota a teoria unitária, ou seja, o Estado de necessidade sempre excluirá a ilicitude, o perigo deve ser ATUAL. Quem tem o dever legal de agir não pode alegar o Estado de Necessidade. LEGÍTIMA DEFESA: Estando o agente diante de uma agressão ATUAL OU IMINENTE, do próprio agente ou de outrem, deverá o agente utilizar MEIOS JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL NECESSÁRIOS para a sua defesa desde que sejam utilizados com moderação, não deve haver excesso, se houver excesso na defesa responderá o agente por ele. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL: É todo dever imposto ao Agente Público, lembrando que no caso de um Policial Militar por exemplo ao efetuar um disparo de arma de fogo causando a morte de um bandido que atirou em sua direção causando a sua morte este policial não será punido, ele estará em excludente de ilicitude, mas cuidado: esta excludente de ilicitude não será o Estrito Cumprimento do Dever Legal e sim a Legítima Defesa pois, o "dever legal" de um Policial Militar não é matar. Agora, se um policial efetua a prisão de um bandido aí sim ele estará em estrito cumprimento do dever legal. EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO: O particular poderá exercer alguns direitos em sua defesa como por exemplo: Efetuar prisão em flagrante, defender alguém que está sendo agredido, mas ao efetuar a prisão em flagrante não se trata de obrigação legal do particular, porém, é permitido que ele a efetue. 9. Com relação à lei penal no espaço, assinale a alternativa correta: a) O rol do art. 7º do Código Penal, que estabelece hipóteses de aplicação da lei brasileira aos crimes praticados no estrangeiro é exemplificativo, de forma que a legislação especial pode prever outras hipóteses de extraterritorialidade. b) No caso de tentativa de homicídio contra o Presidente da República, a lei brasileira será aplicada desde que sejam preenchidas algumas condições, dentre elas, o ingresso do agente em território nacional. C) Incide a lei brasileira sempre que o crime for praticado por brasileiro fora do território nacional. d) Aplica-se a lei brasileira ao crime praticado no interior de embarcação estrangeira, a serviço do governo estrangeiro, desde que esteja em território nacional. e) A lei brasileira é aplicável ao crime praticado por brasileiro no estrangeiro, mesmo que tenha havido a extinção da punibilidade do agente segundo as leis estrangeiras. a) Correto. É o que se extrai do art. 7º: Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL Portanto, a legislação especial internacional pode prever outras hipóteses de extraterritorialidades, caso o Brasil seja signatário. b) Errado. É que o que se interpreta do Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I – os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; c) Errado. Existem hipóteses em que mesmo quando o agente for brasileiro e estiver em território estrangeiro, será aplicada a legislação do Estado competente, logo nem sempre incide a lei brasileira por crime cometido por brasileiro em território estrangeiro. d) Errada. Nesse caso, estamos diante de uma territorialidade por extensão. Quando houver uma embarcação ou aeronave a serviço do governo estrangeiro, aplica-se a lei daquele país caso o crime seja cometido no interior da embarcação/aeronave em qualquer lugar do mundo, assim como é no caso do Brasil. e) Errado. No caso de extinção de punibilidade do agente em leis estrangeiras, extingue-se por derivação a punibilidade no território brasileiro. Isto porque o crime cometido por brasileiro só será aplicado lei brasileira no caso de CONCURSOS das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. Um grande exemplo é o caso Neymar. Por estarem reunidas as condições de aplicação da lei brasileira cometido por brasileiro em território estrangeiro, ele respondeu ao processo no território brasileiro. Se porventura o estupro/tentativa (HIPOTETICAMENTE) não fosse punível na França, Neymar não poderia ter sido processado no Brasil. 10. O anjo demoníaco Como Corumbá, ao ter sua trágica história de vida relatada, passa de assassino a vítima nas mãos da imprensa GUILLERMO RIVERA No senso comum, não restam dúvidas: todo matador em série é louco. Afinal, indagam como pode ser "normal" alguém como José Vicente Matias, mais conhecido como Corumbá, que confessou o assassinato de seis mulheres a sangue frio, tendo, inclusive, se excedido a ponto de cortar cabeças, lamber cérebros e esmagar crânios? Definitivamente, JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL estes são atos que não condizem com uma pessoa sã e, portanto, suficientemente grotescos para classificarem Corumbá como sendo um louco. No entanto, a questão judicial (ou mesmo psicológica) não é tão simples. Até porque, caso Corumbá seja oficialmente declarado insano, não pode ser responsabilizado, em termos criminais, por suas ações. O artigo 26 do Código Penal define que ¿é isento de pena o agente que, por doença mental (...) era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato¿. Assim, definir se o matador serial é ou não doente mental é algo mais sério, que não pode se respaldar somente na opinião geral. É necessário um laudo médico certificado para decidir se o acusado deve, caso condenado, ser encaminhado para uma instituição psiquiátrica ou para uma cadeia. [...]. Dispõe o art. 26 do CP: “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.” O critério é o denominado sistema biopsicológico o qual foi adotado pela lei brasileira no artigo 26, citado acima,combinando os critérios do sistema biológico e psicológico. Por este critério então, deve verificar-se em primeiro lugar, se o agente é doente mental ou tem desenvolvimento mental incompleto ou retardado. Todavia, muitos desses criminosos, de um ponto de vista médico, não apresentam nenhum transtorno mental, já que para formulação de um diagnóstico psiquiátrico, é necessário que haja o preenchimento de critérios extremamente objetivos e específicos a cada entidade, sendo verificados por laudos médicos. 11. A e B caçavam marrecos. Em dado momento, A aponta sua espingarda na direção de uma marreca e dispara um tiro, vindo a atingir B que estava agachada a sua frente e que, apesar de alertado por A, levantou-se no momento do tiro. Concluída a instrução, o juiz condena A por homicídio culposo, sustentando ter ocorrido: (Concurso Magistratura/RS-2003) a) aberratio Criminis b) erro de proibição c) erro do tipo essencial d) crime pulativo por erro de tipo e) aberratio ictus O gabarito é a letra A, aberratio criminis. No caso de aberratio criminis com o agente tem a intenção de atingir UMA COISA, mas acaba por atingir uma pessoa somente, não acertando a coisa inicialmente pretendida. JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL 12. "A", desejando matar "B", dispara um tiro de pistola contra o tórax de "B". Acontece que "B" estava usando um colete balístico, portanto sofreu apenas uma lesão na costela. Qual será a responsabilidade penal de "A"? Trata-se do caso de tentativa de homicídio de A por B, já que há intenção de matá- lo, mas o crime não se consuma porque B usava um colete à prova de balas. Não cabe aqui crime impossível, pois neste caso o crime em nenhuma circunstância tem a chance de se consumar, face à impropriedade do objeto ou do meio utilizado. 13. É sabido que a aplicação da pena privativa de liberdade acarreta para o condenado consequências graves, principalmente entre a população socialmente menos favorecida, o que nem sempre vem justificado pelas finalidades pretendidas. Marque a opção que contém, apenas, a síntese de tais consequência Uma das finalidades precípuas do direito penal é resguardar o bem jurídico alheio. Portanto, aquele que infringe alguma norma que é considerada infratora, irá responder sob a égide da sanção estatal. Deriva-se daí a ideia do jus puniendi. O poder de punir pelo estado não é a única finalidade da aplicação da matéria criminal. Mesmo que utopicamente, diz-se que se busca além de punir, a ressocialização do preso. Uma prisão infundada causa diversas consequências à vida do recluso, seja de forma ilegal ou até mesmo excessiva. E as grandes perdas ao condenado gravitam sobre: a) Perda da parcela de ir e vir; b) Segregação social; c) Desestruturação familiar. 14. Segundo as aulas ministradas em sala referentes à teoria do delito, especificamente sobre o iter criminis e suas fases, responda se é possível a caracterização da tentativa quando a conduta do agente se encontrar na fase preparatória. Ainda, diferencie atos preparatórios e executórios. O crime tentado só começa a ser punido a partir do momento em que são realizados os atos de EXECUÇÃO (3ª fase do "caminho do crime"). No iter criminis temos 4 fases: 1- COGITAÇÃO - Fase interna (está na cabeça do agente, não há punição) JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL 2- PREPARAÇÃO - Fase externa- Em regra, não há punição. (esta fase é excepcionalmente punida, é o caso do crime de quadrilha ou bando - art. 288, cp - em que os agentes ainda não realizaram o crime, mas estão reunidos para tanto) 3- EXECUÇÃO - Fase externa. Quando o agente inicia o delito. Aqui, já podemos falar em tentativa. 4- CONSUMAÇÃO - Fase externa (nesse momento, não há dúvida acerca da punição do agente, a menos que haja uma excludente de tipicidade, ilicitude, culpabilidade ou alguma escusa absolutória. Mas, de qualquer forma houve a consumação do delito) 15. Segundo as aulas ministradas em sala, na hipótese de um sujeito que deseja praticar um delito e que interrompe voluntariamente os atos executórios impossibilitando a ocorrência do resultado, responde pela tentativa? Responda analisando os elementos deste instituto e a desistência voluntária. No caso de desistência voluntária, o sujeito que interrompe por sua vontade na fase de execução, responde apenas pelos atos já praticados. Só enseja tentativa se o agente deseja praticar, mas assim não consegue por circunstâncias alheias à sua vontade. Desistência voluntária • Desistência de prosseguir na execução ou ele mesmo impede o resultado • Responde pelos atos já praticados Tentativa • Execução iniciada • Circunstâncias alheias à sua vontade JSR REVISÃO AV2 – DIREITO PENAL No dia 20 de março de 2016, por volta de 23h25min, na Estrada Ademar Ferreira Torres, 230, na cidade do Rio de Janeiro, Carlos agindo de forma livre e consciente, mediante grave ameaça exercida por palavras de ordem e pelo emprego de arma de fogo, subtraiu, em proveito próprio, coisa alheia móvel, consistente em bens de propriedade de Abelardo, dentre os quais um veículo GM Cruze, cor preta, placa XYZ 0000, um aparelho de telefone celular e documentos pessoais. Dos fatos, Carlos restou denunciado como incurso nas penas do art. 157, §2º, incisos I, do Código Penal, todavia a sentença julgou parcialmente procedente a pretensão punitiva estatal e condenou o denunciado Carlos pela prática da conduta típica prevista no artigo 157, § 2º-A, do Código Penal por força da alteração legislativa ocorrida no referido dispositivo pela Lei n.13.654, de 23 de abril, de 2018. Ante o exposto, com base nos estudos realizados sobre lei penal no tempo, responda de forma objetiva e fundamentada: a decisão do magistrado ao adotar a nova lei quando da aplicação da sentença está correta? Um dos princípios esculpidos em nossa Carta Magna é o da irretroatividade da lei penal, salvo se for usada em benefício do réu. A regra do constituinte originário era de preservar a segurança jurídica da aplicação do código criminal. Todavia, como também prevê os princípios que norteiam o âmbito penal, a irretroatividade é mitigada quando lei posterior daquela conduta é promulgada de forma benéfica. Não existe, no que tange ao direito MATERIAL penal, lei que retroaja para punir de forma mais gravosa. Portanto, ao aplicar a nova lei mais prejudicial, utilizando-se da novatio legis in pejus, o magistrado se equivoca.
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