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CONTABILIDADE INTERMEDIÁRIA II Filipe Martins da Silva Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer o conceito e a estrutura das notas explicativas. � Descrever a evidenciação das contas patrimoniais e de resultado nas notas explicativas. � Explicar a obrigatoriedade das notas explicativas como parte inte- grante das demonstrações contábeis. Introdução Neste capítulo, você vai conhecer as notas explicativas e qual seu objetivo, entender a importância das notas explicativas e como elas se interligam com as demonstrações contábeis, além de conhecer as informações obrigatórias que devem conter nelas. É muito importante compreender a importância de sua divulgação, pois sua finalidade é tornar mais claras as informações divulgadas pelas companhias. Sendo assim, as empresas são obrigadas a divulgar tais notas explicativas, pois, utilizando unicamente as demonstrações contábeis, nem todas as informações podem ser claras. Além disso, será apresentado um exemplo real de uma nota explica- tiva publicada, além de apresentar a legislação que a regulamenta e a torna obrigatória para as empresas. Notas explicativas: conteúdo e conceito O objetivo da contabilidade é fornecer informações úteis para que seus usuários possam tomar decisões, para isso são utilizadas as demonstrações contábeis. Ainda assim, os números por si só são insuficientes, para levar ao interessado das informações detalhes das operações ocorridas na empresa. As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas expli- cativas, quadros analíticos ou outras demonstrações contábeis necessárias à plena avaliação da situação e da evolução patrimonial da empresa (GELBCKE et al., 2018). Para complementar essas informações, a legislação prevê as notas explica- tivas. Elas se utilizam de textos, gráficos, quadros, entre outros recursos que são utilizados para compreender aspectos relativos a determinados conjuntos de contas das demonstrações contábeis, e devem ser exibidas após a apre- sentação das demonstrações contábeis publicadas pela empresa, sendo parte integrante do conjunto completo das demonstrações contábeis (RIBEIRO, 2013). As notas explicativas são definidas nos parágrafos 4º e 5º do artigo 176 da Lei nº. 6.404/1976: “§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício” (BRASIL, 1976, documento on-line). Além do mencionado, as notas explicativas devem tratar também dos seguintes itens: 1. critérios de avaliação de estoques; 2. cálculos de depreciação; 3. critérios para constituição de perdas e provisões; 4. investimentos em outras sociedades; 5. obrigações de longo prazo, os credores, data de vencimento, juros; 6. número de ações que compões o capital social (GELBCKE et al., 2018). O CPC 26 (R1) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2011, documento on-line) também disciplina as informações que devem conter nas notas explicativas, em seus itens 77 a 80A, como demonstrado a seguir: 77. A entidade deve divulgar, seja no balanço patrimonial seja nas notas explicativas, rubricas adicionais às contas apresentadas (subclassificações), classificadas de forma adequada às operações da entidade. 78. O detalhamento proporcionado nas subclassificações depende dos requisitos dos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC e da dimensão, natureza e função dos montantes envolvidos. Os fatores estabelecidos no item 58 também são usados para decidir as bases a se utilizar para tal subclassificação. As divulgações variam para cada item, por exemplo: (a) os itens do ativo imobilizado são segregados em classes de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 27 — Ativo Imobilizado; Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração2 (b) as contas a receber são segregadas em montantes a receber de clientes comerciais, contas a receber de partes relacionadas, pagamentos antecipados e outros montantes; (c) os estoques são segregados, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 16 — Estoques, em classificações tais como mercadorias para revenda, insumos, materiais, produtos em processo e produtos acabados; (d) as provisões são segregadas em provisões para benefícios dos empregados e outros itens; e (e) o capital e as reservas são segregados em várias classes, tais como capital subscrito e integralizado, prêmios na emissão de ações e reservas. 79. A entidade deve divulgar o seguinte seja no balanço patrimonial, seja na demonstração das mutações do patrimônio líquido ou nas notas explicativas: (a) para cada classe de ações do capital: (i) a quantidade de ações autorizadas; (ii) a quantidade de ações subscritas e inteiramente integralizadas, e subscritas mas não integralizadas; (iii) o valor nominal por ação, ou informar que as ações não têm valor nominal; (iv) a conciliação entre as quantidades de ações em circulação no início e no fim do período; (v) os direitos, preferências e restrições associados a essa classe de ações, incluindo restrições na distribuição de dividendos e no reembolso de capital; (vi) ações ou quotas da entidade mantidas pela própria entidade (ações ou quotas em tesouraria) ou por controladas ou coligadas; e (vii) ações reservadas para emissão em função de opções e contratos para a venda de ações, incluindo os prazos e respectivos montantes; e (b) uma descrição da natureza e da finalidade de cada reserva dentro do patrimônio líquido. 80. A entidade sem capital representado por ações, tal como uma sociedade de responsabilidade limitada ou um truste, deve divulgar informação equivalente à exigida no item 79(a), mostrando as alterações durante o período em cada categoria de participação no patrimônio líquido e os direitos, preferências e restrições associados a cada categoria de instrumento patrimonial. 80A. Se a entidade tiver reclassificado (a) um instrumento financeiro com opção de venda classificado como ins- trumento patrimonial, ou (b) um instrumento que impõe à entidade a obrigação de entregar à contraparte um valor pro rata dos seus ativos líquidos (patrimônio líquido) somente na liquidação da entidade e é classificado como instrumento patrimonial entre os passivos financeiros e o patrimônio líquido, ela deve divulgar o montante reclassificado para dentro e para fora de cada categoria (passivos financeiros ou patrimônio líquido), e o momento e o motivo dessa reclassificação. A seguir, na Figura 1, é apresentado o exemplo de uma nota explicativa real publicada em um jornal de grande circulação. É importante destacar que as notas explicativas são publicadas juntamente com as demais demonstrações contábeis, como o balanço patrimonial, porém está sendo apresentado na Figura 1 apenas as notas explicativas publicadas. 3Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração F ig ur a 1. E xe m pl o de n ot as e xp lic at iv as p ub lic ad as . Fo nt e: N ot as e xp lic at iv as (2 01 8, p . 1 9) . Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração4 O CPC PME (CPC, 2009, p. 34–35) também determina as notas explicativas, e em seus itens 8.2 a 8.7, da seção 8 tratam sobre o assunto, como se segue: 8.2 As notas explicativas devem: (a) apresentar informações acerca das bases de elaboração das demonstrações contábeis e das práticas contábeis específicas utilizadas, de acordo com os itens 8.5 a 8.7; (b) divulgar as informações exigidas por este Pronunciamento que não tenham sido apresentadas em outras partes das demonstrações contábeis; e (c) prover informações que não tenham sido apresentadas em outras partes das demonstrações contábeis, mas que sejam relevantes para compreendê-las. 8.3 A entidade deve, tanto quanto seja praticável, apresentar as notas ex- plicativas de forma sistemática. A entidade deve indicar em cadaitem das demonstrações contábeis a referência com a respectiva informação nas notas explicativas. 8.4 A entidade normalmente apresenta as notas explicativas na seguinte ordem: (a) declaração de que as demonstrações contábeis foram elaboradas em con- formidade com este Pronunciamento; (b) resumo das principais práticas contábeis utilizadas (ver item 8.5); (c) informações de auxílio aos itens apresentados nas demonstrações contábeis, na ordem em que cada demonstração é apresentada, e na ordem em que cada conta é apresentada na demonstração; e (d) quaisquer outras divulgações. Divulgação das práticas contábeis 8.5 A entidade deve divulgar no resumo das principais práticas contábeis: (a) a base de mensuração utilizada na elaboração das demonstrações contábeis; (b) as outras práticas contábeis utilizadas que sejam relevantes para a com- preensão das demonstrações contábeis. Informação sobre julgamento 8.6 A entidade deve divulgar, no resumo das principais práticas contábeis ou em outras notas explicativas, os julgamentos, separadamente daqueles envolvendo estimativas (ver item 8.7), que a administração utilizou no pro- cesso de aplicação das práticas contábeis da entidade e que possuem efeito mais significativo nos valores reconhecidos nas demonstrações contábeis. Informação sobre as principais fontes de incerteza das estimativas 8.7 A entidade deve divulgar, nas notas explicativas, informações sobre os principais pressupostos relativos ao futuro, e outras fontes importantes de incerteza das estimativas na data de divulgação, que tenham risco significa- tivo de provocar modificação material nos valores contabilizados de ativos e passivos durante o próximo exercício financeiro. Com respeito a esses ativos e passivos, as notas explicativas devem incluir detalhes sobre: (a) sua natureza; e (b) seus valores contabilizados ao final do período de divulgação. Pode-se observar que a finalidade das notas explicativas é proporcionar aos usuários um melhor entendimento das demonstrações contábeis apresentadas, 5Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração tendo um caráter de apresentar informações descritivas, informando critérios de avaliação, mudanças de políticas e práticas contábeis, detalhamento de grupos do balanço, como imobilizado, que podem ser objetos de análises mais específicas (PADOVEZE, 2017). Deve-se entender que as notas explicativas são complementares às demons- trações contábeis, ajudando a compreensão mais detalhada das demonstrações contábeis e do funcionamento da empresa, porém são fundamentais para a análise das demonstrações financeiras pelos usuários externos, uma vez que explicitam as práticas contábeis e os critérios que foram utilizados, além de evidenciar informações de itens que não estão reconhecidos nas demonstrações contábeis, mas que poderão impactar na tomada de decisão, sendo assim, uma ferramenta de cunho estratégico. Mesmo as notas explicativas exercendo papel complementar às demonstrações contábeis é obrigatória divulgação, pois em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo, as empresas precisam ter uma maior consciência além de cumprir o que está estabelecido nas legislação vigentes, e ao mesmo tempo estabelecer um diferencial e se comunicar diretamente com seus usuários externos, compreender suas necessidades e se elas estão sendo atendidas, assegurando que eles tenham acesso às informações que necessitam (SAIBA como as notas..., 2018). Junto com as demonstrações contábeis, além das notas explicativas, também é pu- blicado o relatório da administração, sendo este relatório um texto preparado pelos gestores da empresa para avaliar o desempenho da organização. Ele traz informações corporativas e setoriais relacionadas ao ramo de atividade, análise financeira e outras informações que a administração julga de interesse para os seus acionistas e público em geral. Também pode ser denominado relatório da diretoria. Fonte: Desenvolve SP (2019). Características das informações contábeis e estrutura das notas explicativas Conforme as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) T. 1, que trata das características qualitativas das demonstrações contábeis, toda demonstração contábil deve ter atributos que tornem as demonstrações contábeis úteis para Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração6 os usuários (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2008), como as listadas a seguir. � Compreensibilidade: todas as informações contábeis devem ser en- tendidas por todos os usuários, e para esse fim é preciso que usuários tenham um conhecimento razoável dos negócios, atividades econômicas e contabilidade, e a disposição de estudar as informações com razoável conhecimento. Mas mesmo que uma informação seja de difícil com- preensão, não deve ser excluída das informações contábeis. � Relevância: para serem úteis, as informações deve ser relevantes, ou seja, influenciar as decisões econômicas dos usuários, ajudando-os a avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros. � Materialidade: a relevância das informações é afetada pela sua natureza e materialidade. Ou seja, uma informação é material se a sua omissão ou distorção puder influenciar as decisões econômicas dos usuários, tomadas com base nas demonstrações contábeis. � Confiabilidade: para ser útil, a informação deve ser confiável, ou seja, deve estar livre de erros ou vieses relevantes e representar adequada- mente aquilo que se propõe a representar (CFC, 2008). Porém, para atender as quatro características mencionadas na NBCT 1 (CFC, 2008), a empresa também deve, segundo essa mesma norma, proceder com os seguintes critérios. � Representação adequada: para ser confiável, a informação deve re- presentar adequadamente as transações e outros eventos que ela diz representar. Ou seja, o balanço patrimonial deve representar adequa- damente a situação patrimonial da empresa na data da apresentação. � Primazia da essência sobre a forma: para que a informação represente corretamente é necessário que essas transações sejam contabilizadas de acordo com a sua essência e realidade econômica, e não meramente sua forma legal, ou seja, não basta seguir a lei, deve representar sua essência. � Neutralidade: para ser confiável, a informação contida nas demons- trações contábeis deve ser neutra, isto é, imparcial, não induzindo o usuário para uma tomada de decisão. � Prudência: os preparadores de demonstrações contábeis se deparam com incertezas que inevitavelmente envolvem certos eventos e circuns- tâncias, tais como a possibilidade de recebimento de contas a receber de liquidação duvidosa, que devem ser apresentadas. 7Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração � Integridade: para ser confiável, a informação constante das demons- trações contábeis deve ser completa, pois uma omissão pode tornar uma informação falsa. � Comparabilidade: os usuários devem poder comparar as demonstrações contábeis de uma entidade ao longo do tempo, evitando alterações de critérios e avaliações que possam distorcer essa comparação. Tendo em vista o mencionado, as notas explicativas atendem essas ne- cessidades. Conforme Santos e Veiga (2014), as notas explicativas para as Sociedades Anônimas estão descritas na Deliberação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nº. 488/2005 (CVM, 2005), prorrogada pela Deliberação 496/2006 (CVM, 2006). A deliberação em questão determina que as notas explicativas devem: [...] a. apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações contábeis e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para transações e eventos significativos; b. divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhum outro lugar das demons- trações contábeis; c. fornecer informações adicionais que não são indicadas nas próprias de- monstrações contábeis consideradas necessárias para uma apresentação adequada (CVM, 2005, p. 27). A mesmanorma (CVM, 2005, p. 28) determina que as notas explicativas: [...] devem ser apresentadas de maneira sistemática. Cada rubrica constante do próprio balanço patrimonial e das demonstrações do resultado, das mutações no patrimônio líquido e das origens e aplicações de recursos (ou fluxos de caixa) deve ter referência cruzada com qualquer informação relacionada nas notas explicativas [...] e incluir [...] análises mais detalhadas de montantes apre- sentados no próprio balanço, na demonstração do resultado, na demonstração das mutações do patrimônio líquido [...], bem como informações adicionais como passivo contingente e detalhes de obrigações a longo prazo. Santos e Veiga (2014) complementam que a ordem de apresentação das notas explicativas deve ser: 1. contexto operacional; 2. declaração quanto à base de preparação das demonstrações contábeis; 3. bases de avaliação de ativos e passivos e práticas contábeis aplicadas; Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração8 4. informações adicionais para itens apresentados nas demonstrações contábeis; 5. contingências e outras divulgações de caráter financeiro; 6. divulgações não financeiras, tais como riscos financeiros da entidade. Cabe ressaltar segundo Iudícibus e Marion (2009) que as notas explicativas podem ser complementadas por quadros analíticos suplementares, apresentados dentro das próprias notas. Tais quadros apresentam detalhamento de infor- mações, como composição e tipos de ação do capital social, taxas de juros e prazos de vencimento de empréstimo, garantias de longo prazo, composição do estoque e imobilizado, entre outras. Para Iudícibus e Marion (2009), são exemplos de informações contidas nos quadros analíticos: � Composição dos estoques: será apresentado os valores de matéria-prima, produtos em andamento, produtos acabados, material de embalagem, peças de reposição, almoxarifado, entre outros que a empresa possa vir a possuir. � Composição do imobilizado: serão apresentados valores de terrenos, edi- fícios, máquinas, veículos, a depreciação acumulada individualizada por bem, construções em andamento, importação em andamento, entre outros. � Projetos em execução: descrição dos projetos que estão em andamento, informando prazo de entrega, capacidade de produção, comparação entre custos estimados e custos reais, financiamentos para executar o projeto, entre outros. O § 5º do art. 176 da Lei das Sociedades por Ações (BRASIL, 1976, docu- mento on-line) regula as notas que devem ser incluídas, que são: I — apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos; II — divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em nenhuma outra parte das demons- trações financeiras; III — fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstra- ções financeiras e consideradas necessárias para uma apresentação adequada; e IV — indicar: a) os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especial- mente estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização dos elementos do ativo; 9Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração b) os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (art. 247, pa- rágrafo único); c) o aumento de valor de elementos do ativo resultante de novas avaliações (art. 182, § 3º); d) os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; e) a taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo; f) o número, espécies e classes das ações do capital social; g) as opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; h) os ajustes de exercícios anteriores (art. 186, § 1º); i) os eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia. O relatório da diretoria é aplicado em companhias de grande porte e de capital aberto. As demais companhias, conforme a legislação vigente, devem apresentar um relatório informando aos acionistas que, de acordo com a legislação e os estatutos sociais, estão sendo apresentadas as demonstrações contábeis. Fonte: Santos e Veiga (2014). Informações constantes nas notas explicativas As notas explicativas não possuem grandes complexidades em sua elabora- ção. A NBC TG 1000 (CFC, 2009) apresenta um passo a passo que deve ser considerado em sua elaboração. Ao elaborar o balanço patrimonial, a entidade deve apresentar as seguintes informações: 1. a classificação do ativo imobilizado da entidade; 2. demonstração dos valores do grupo contas a receber, destacando os valores relativos a partes relacionadas e recebíveis gerados por receitas não faturadas; 3. composição dos estoques da empresa, demonstrando separadamente seus valores relativos ao seu objetivo, isto é, mantidos para venda, produção ou bens de consumo; Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração10 4. os valores dos fornecedores e contas a pagar, demonstrando separa- damente os valores a pagar para fornecedores, partes relacionadas e encargos incorridos; 5. provisões para benefícios a empregados e outras provisões, como trabalhistas; 6. a composição do patrimônio líquido, destacando os grupos que o com- põe, como reserva de lucros. Caso a entidade tenha seu capital social na forma de ações, ou seja, so- ciedade anônima, a NBC TG (R1) 1000 (CFC, 2016) determina que entidade deve divulgar: 1. a quantidade de ações autorizadas; 2. a quantidade de ações subscritas, integralizadas e não integralizadas; 3. o valor nominal por ação; 4. ações que não tenham valor nominal; 5. descriminação da quantidade de ações em circulação no início e no fim do exercício; 6. direitos, preferências e restrições associados a essas classes, incluindo restrições na distribuição de dividendos ou de lucros e no reembolso do capital; 7. ações da entidade em posse da própria entidade ou por controladas e coligadas; 8. ações reservadas para emissão em função de opções e contratos para a venda de ações, incluindo os termos e montantes; 9. descrição de cada reserva incluída no patrimônio líquido. Porém, caso a entidade tenha seu capital representado em forma de quo- tas, ou seja, sociedade limitada, deve divulgar informações equivalentes às exigidas pela Sociedade Anônima, isto é, descrever as alterações ocorridas no patrimônio líquido no exercício; descrição do ativo ou grupo de ativos e passivos; o valor contabilizado dos ativos ou o valor contabilizado desses ativos e passivos. Exemplos de dados divulgados em notas explicativas As notas explicativas são obrigatórias para todas as empresas de todos os portes, inclusive para pequenas e médias empresas, fazendo parte do conjunto completo do conjunto das demonstrações contábeis elaboradas (SANTOS; 11Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração VEIGA, 2014). A seguir, no Quadro 1, são apresentados alguns exemplos de dados que obrigatoriamente devem contar nas notas explicativas, caso a entidade possua tais movimentações. Fonte: Adaptado de Santos et al. (2015). Dados a serem divulgados Exemplos Políticas contábeis Avaliações utilizadas no ativo e passivo, como custo histórico, custo corrigido, valor de realização, valor justo ou valor recuperável. Fontes de incertezas das estimativas Alguns ativos e passivos exigem uma estimativa de efeitos incertos no futuro, como ausência de preços de mercado, passando a ser necessário estimar o valor recuperável de um imobilizado; obsolescência tecnológica nos estoques; provisões sujeitas a resultado de litígio no futuro. Capital Descrição de elementos qualitativos sobre as políticasde gestão do capital; objetivos monetários da gestão do capital. Outras divulgações Montante de dividendos propostos, quantidade de dividendo preferencial, forma jurídica de entidade, endereço da sede, natureza das operações, se é entidade constituída com tempo determinado ou não. Quadro1. Exemplos de informações divulgadas em notas explicativas Acesse o link para saber mais a respeito das notas explicativas. https://qrgo.page.link/3EuH Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração12 Nota 01 — Sumários das práticas contábeis As principais práticas contábeis adotadas pela sociedade são: a) Estoques — são avaliados ao custo médio de aquisição ou de produção, estando reduzidos, mediante a provisão evidenciada ao valor de mercado ou de realização, quando inferiores ao custo. b) Ativo imobilizado — é registrado ao custo de aquisição ou construção, reduzido da depreciação acumulada. As depreciações são calculadas pelo método linear, com base em taxas que levam em consideração a vida útil econômica dos bens, segundo parâmetros estabelecidos pela legislação tributária ou com base em laudo técnico de peritos avaliadores. As taxas de depreciação são as seguintes: � edifícios: 4%; � máquinas, equipamentos, instalações e móveis: 10%; � veículos e equipamentos de informática: 20%. c) Investimento — as participações relevantes em coligadas e controladas são ava- liadas pelo método de equivalência patrimonial. As demais participações em outras sociedades são registradas pelo custo de aquisição menos a provisão para perdas permanentes. d) Empréstimo e financiamentos — são atualizados pelas variações monetárias in- corridas até a data do balanço, e os respectivos juros transcorridos devem estar provisionadas. As variações monetárias e os juros são apropriados em despesas financeiras. e) Impostos de rendas e contribuições sociais — são calculados e contabilizados com base nas alíquotas vigentes no exercício a que se referem as demonstrações contábeis. Nota 02 — Responsabilidade e contingências Devem ser relacionados e, se for o caso, comentados os processos, contingências fiscais e reclamações trabalhistas que envolvem responsabilidade contingente da empresa. Deve-se reservar uma provisão para riscos fiscais e outras contingências no valor correspondente à perda provável máxima no caso de resultado negativo nessa pendência. Nota 03 — Empréstimos e financiamentos Descrevem-se os empréstimos e financiamentos efetuados pela empresa para a execução de projetos e capital de giro, as entidades concessoras, a data de resgate, os juros praticados, as garantidas oferecidas e demais detalhes considerados relevantes. Nota 04 — Capital Faz-se uma demonstração da composição do capital social (número de ações ordinárias e preferenciais para sociedades anônimas, ou quotas para sociedades limitadas), valor nominal e da distribuição dos dividendos. Nota 05 — Ajuste de exercícios anteriores Relacionam-se as ações referente ao ajuste de exercícios anteriores e seus efeitos sobre as demonstrações contábeis do exercício. Fonte: Quintana (2009). 13Notas explicativas: conteúdo informativo e elaboração Todas essas informações, em conjunto com as demonstrações contábeis, compreendem um resumo das políticas contábeis aplicadas pela empresa, bem como necessárias para a avaliação da situação patrimonial, financeira e econômica da entidade por parte dos gestores, investidores e acionistas (SANTOS, VEIGA; 2014). BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília, DF: 1976. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm. Acesso em: 17 abr. 2019. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM). Deliberação CVM nº. 488, de 03 de outubro de 2005. 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Altera a NBC TG 1000 que dispõe sobre a contabilidade para pequenas e médias empresas. Brasília, DF, 2016. Disponível em: http://www.contabilistassl.com.br/s-n/noticias-descricao.php?id_=OTQ2NzU0ODA- 1NDI=&o=fc9dc22ccbf2965c1a1d85a3cbd28b7350bdb810c1e057a784da89fe6bfb 769aa23f5bc5b4ddf58276c13c4cb08b499dc9277c4de4570429963e77e6e9ebfc84. Acesso em: 17 abr. 2019. DESENVOLVE SP. Relatório da administração. Disponível em: https://www.desen- volvesp.com.br/institucional/transparencia/prestacao-de-contas/relatorio-da- -administracao/. Acesso em: 17 abr. 2019. GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009. NOTAS explicativas. Jornal do Comércio, 29 mar./01 abr. 2018. 2. Caderno, p. 19. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e inter- mediária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2017. QUINTANA, A. C. 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