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0 MA Elemento Textual - Pesquisa e Ensino em Educação

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PESQUISA E ENSINO EM 
EDUCAÇÃO 
Ieda Barbosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO .................................................. 3 
2 TIPOS DE PESQUISA ............................................................................... 19 
3 ABORDAGENS, MÉTODOS E TÉCNICAS .................................................. 35 
4 BANCO DE DADOS, BANCO DE PERIÓDICOS E MECANISMOS DE BUSCA ... 
 ................................................................................................................. 53 
5 PANORAMA DA PESQUISA REALIZADA POR PESQUISADORES DA ÁREA 
DA EDUCAÇÃO - A PESQUISA E A PRÁTICA DOCENTE ............................... 69 
6 PRODUÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO E PÔSTER ....................................... 90 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
Seja bem-vindo ao universo da pesquisa científica! 
Para darmos início, é importante entender que a ciência ocupa um lugar de destaque no 
universo da educação e no desenvolvimento de soluções para problemas que afligem a 
sociedade contemporânea. Assim, neste bloco estudaremos o conceito de ciência e a 
natureza do conhecimento científico, tendo como objetivo familiarizá-los com os 
princípios da produção científica e, por consequência, com a construção de novos 
conhecimentos. 
É importante destacar que a pesquisa científica não é um emaranhado de receitas a 
serem aplicadas, mas sim um processo complexo que exige conhecimento, dedicação, 
ética e compromisso com a verdade. Ou seja, exige os princípios norteadores daqueles 
que se comprometem com a construção de um mundo melhor. 
Objetivos: 
 Diferenciar o conhecimento científico do senso comum. 
 Conceituar os diferentes métodos de pesquisa. 
 Indicar a importância da pesquisa científica para a formação do professor. 
 Relacionar a linha de pesquisa ao grupo de pesquisa. 
1.1 Do senso comum ao conhecimento Científico 
Senso comum é o conhecimento que construímos por meio da vivência. É um tipo de 
conhecimento construído social e culturalmente, e contém a marca da sabedoria 
popular, sendo importante destacar que é o conhecimento popular que nasce dos 
hábitos, costumes e tradições. Além disso, temos que observar que a diferença entre o 
senso comum e o conhecimento científico não está no objeto que é estudado, mas sim 
na formas de observação, análise e interpretação destinadas à construção do 
conhecimento. 
 
 
 
4 
 
Em relação ao conhecimento científico, o Museu de Paleontologia da Universidade da 
Califórnia – The University of California Museum of Paleontology esclarece que: 
Ciência é sempre um trabalho em andamento e suas conclusões são sempre 
provisórias. Porém, assim como a palavra “teoria”, “provisório” tem um 
significado especial quando inserida no contexto científico. Conclusões 
científicas não são provisórias no sentido de serem temporárias até alguém 
aparecer com a resposta certa. Conclusões científicas têm seu conteúdo 
objetivo e sua racionalização bem fundamentada e são provisórias apenas no 
sentido de que toda ideia está aberta a análise e teste. Em ciência, a 
efemeridade de ideias como a natureza dos átomos, células, estrelas ou a 
história da Terra mostra o anseio dos cientistas de modificar suas ideias 
conforme novas evidências aparecem. (UCMP, 2016) 
No sentido de criar um quadro comparativo que diferencie o conhecimento popular 
(senso comum) do conhecimento científico, Trujillo (1974, apud MARCONI; LAKATOS, 
2010, p. 77) sugere o quadro abaixo para facilitar a diferenciação dos dois tipos de 
conhecimento: 
Tabela 1.1 – Quadro comparativo: Conhecimento Popular e Científico 
CONHECIMENTO: POPULAR X CIENTÍFICO 
Conhecimento Popular Conhecimento Científico 
Valorativo Real (factual) 
Reflexivo Contingente 
Assistemático Sistemático 
Verificável Verificável 
Falível Falível 
Inexato Aproximadamente exato 
Fonte: MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 77. 
Assim, é possível concluir que, embora existam diferenças significativas entre as duas 
formas de conhecimento, tanto o popular quanto o científico são falíveis. Sendo que a 
exatidão não configura-se como natureza de nenhuma das duas formas, já que o 
conhecimento popular é inexato e o conhecimento científico é apenas uma aproximação 
daquilo que configura-se como exato (que não contém erro; certo, correto). 
 
 
 
 
5 
 
Ainda pode-se afirmar que o objetivo da ciência, assim como do senso comum, é 
conhecer, interpretar e intervir na realidade. No entanto, a ciência tem como diretriz 
problemas formulados de forma sistemática, segundo métodos científicos previamente 
definidos. 
1.2 Método e metodologia 
Um dos desafios para aqueles que ingressam no universo científico é diferenciar o 
método da metodologia e a metodologia da técnica empregada. A confusão entre estes 
três conceitos pode estar no fato de que na prática eles formarem um conjunto 
articulado do pensar e fazer ciência. Em outras palavras, a metodologia envolve o 
método e a técnica, e para cada método escolhido há uma técnica(s) adequada(s). 
No sentido de facilitar a compreensão do pensar e do fazer ciência, faz-se necessário 
entender o que é o método. Assim, ao consultar a etimologia da palavra método, 
encontra-se a seguinte explicação: 
Methodos 
(origem grega) 
Meta (Por meio) Hodos (Caminho) 
A origem etimológica da palavra método nos leva à expressão “por meio do caminho”, 
o método científico podendo ser entendido como o caminho que será utilizado para 
atingir os objetivos previamente definidos. Ainda, método é a resposta para a seguinte 
questão: Por meio de qual caminho você construirá as bases de sua pesquisa para atingir 
os objetivos previamente definidos? Para responder a essa questão, faz-se necessário 
conhecer os diferentes métodos cientificamente aceitos: 
 Método Dedutivo 
O método dedutivo obedece à regras cartesianas, ou seja, evidência, análise, síntese e 
enumeração (DESCARTES, 2009, p. 23): 
 
 
 
6 
 
1ª Regra – Evidência: evitar os erros da precipitação, que é a emissão de um juízo 
antes de o entendimento ter chegado a sua completa evidência. 
2ª Regra – Análise: dividir as dificuldades no maior número possível de problemas, 
transformando um problema complexo em diversos problemas mais simples. 
3ª Regra – Síntese: organizar o pensamento iniciando do mais simples para o mais 
composto e complexo. 
4ª Regra – Enumeração: fazer enumerações completas e revisões gerais para se 
certificar que nada foi omitido. 
Por meio do método dedutivo, teorias e leis consideradas gerais são utilizadas para 
explicar fenômenos, fatos ou situações específicas. Neste sentido os pressupostos 
gerais, premissas racionais, são utilizados para se chegar a uma conclusão. Por exemplo: 
 Todas as árvores possuem raízes (premissa). 
 O Jatobá é uma árvore (caso específico). 
 Portanto, o Jatobá possui raízes (conclusão). 
 Método Indutivo 
Diferente do método dedutivo, o método indutivo parte do princípio de que o 
conhecimento é fundamentado na experiência. O método preconizado por Francis 
Bacon (1999) se baseia na generalização a partir de inúmeras observações particulares, 
é neste sentido que o método indutivo se coloca como a inversão do dedutivo. 
Para que o conhecimento seja construído por meio da indução, algumas questões 
devem ser consideradas pelo pesquisador: 
1ª Em que circunstância o fenômeno ocorre? 
2ª Qual é a frequência da ocorrência? 
3ª Em que situação o fenômeno não ocorre? 
4ª Em que caso as intensidades são maiores? 
5ª Em que caso as intensidades são menores? 
 
 
 
7 
 
Responder estas questões é buscar correlações que possibilitem a generalização. 
 Método Hipotético-Dedutivo 
Para Karl Popper (2006), o estudo de alguns eventos, ou fenômenos, não garante as 
condições para a generalização; assim, o filósofo e professor austro-britânico faz uma 
crítica veemente ao método indutivo. Tal crítica resultano desenvolvimento de um novo 
caminho científico, o método hipotético-dedutivo, o qual envolve: 
1ª Formular hipóteses. 
2ª Testar as hipóteses. 
3ª Falsear ou corroborar a hipótese. 
É importante destacar que mesmo que uma hipótese seja corroborada, nada impede 
que novas pesquisas venham a refutá-la. Neste sentido, entende-se que o método 
hipotético-dedutivo acrescenta ao método dedutivo o princípio da falseabilidade 
(possibilidade de uma teoria ser refutada). Este princípio foi defendido por Popper como 
a base da construção científica. 
 Método Dialético 
Este método caracteriza-se pelo confronto de qualquer conceito tomado como 
“verdade” com outras realidades e teorias, objetivando uma nova conclusão, uma nova 
teoria. A dialética prioriza o movimento, a transformação, a dinâmica histórica, cultural 
e social (CHAVES, 2019, p. 59). 
Marconi e Lakatos (2010, p. 83) esclarecem que os diferentes cientistas que 
interpretaram a dialética materialista não concordam quanto ao número e 
denominação das “leis fundamentais do método dialético”. No geral, é possível destacar 
quatro princípios: 
 Ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”: todos os objetos e 
fenômenos apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente 
unidos e constituem a indissolúvel unidade dos opostos. 
 
 
 
8 
 
 Mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”: a mudança 
nega o que é mudado e o resultado, por sua vez, é negado, mas esta segunda 
negação conduz a um desenvolvimento e não a um retorno ao que era antes. 
 Passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa: no processo 
de desenvolvimento, as mudanças quantitativas graduais geram mudanças 
qualitativas e essa transformação se opera por saltos. 
 Interpretação dos contrários, contradição ou luta dos contrários: os aspectos, 
elementos ou forças internas de um fenômeno ou objeto excluem-se 
mutuamente; no entanto, não podem existir uns sem os outros. 
 Metodologia 
Em sentido geral, a metodologia pode ser entendida como “um conjunto de orientações 
e princípios que podem ser adaptados e aplicados em uma situação específica” 
(CHARVAT, 2003 apud XAVIER, 2005, p. 1), ou ainda, como “a descrição dos passos 
dados” (BRAGA, 2016, p. 17) em direção a determinado objetivo. 
Ao tratar da questão específica da ciência, Demo (1985, p. 19) esclarece que a 
metodologia trata “das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das 
ferramentas, dos caminhos. A finalidade da ciência é tratar a realidade teórica e prática. 
Para atingirmos tal finalidade, colocam-se vários caminhos”. 
Frente aos inúmeros conceitos de metodologia, Lopes (2011, p. 1) sugere uma relação 
objetiva entre o método e a metodologia ao afirmar que o “método é o caminho e a 
metodologia é a forma de caminhar”. Ao tratar da forma de caminhar, Martins (2004, p. 
291) esclarece que a metodologia envolve “o conhecimento crítico dos caminhos do 
processo científico”. 
1.3 O que é pesquisa? Para que serve a pesquisa? 
Para Kerlinger (2007, p. 15-16), a pesquisa é um procedimento racional que, de forma 
organizada, pretende responder a um determinado problema, objetivo, identificado na 
vivência prática. Ao tratar da questão da ciência, Marconi e Lakatos (2010, p. 155) 
acrescentam que “a pesquisa científica permite descobrir novos fatos ou dados, relações 
ou leis, em qualquer campo do conhecimento”. 
 
 
 
9 
 
 Técnica de pesquisa 
Ao tratar da questão da técnica de pesquisa, Vasconcelos indica que 
toda técnica de pesquisa é uma ‘teoria em atos’, ou seja, a forma como os 
fatos são buscados, selecionados, correlacionados e analisados em cada 
técnica de pesquisa se constrói a partir dos pressupostos teóricos que 
orientam, conscientemente ou não, a investigação. (MAGALHÃES Filho, 2007, 
p. 7). 
As três principais técnicas de pesquisa são a exploratória, a descritiva e a explicativa. 
Cada uma delas possui objetivos diferentes, sendo eles: 
 Pesquisa Exploratória: possibilitar a familiaridade com o conteúdo, oferecer 
informações sobre o objeto e orientar a formulação de hipóteses. 
 Pesquisa Descritiva: descrever um fenômeno ou observação, registrar e 
analisar os fenômenos ou sistemas técnicos. 
 Pesquisa Explicativa: identificar as causas que explicam a ocorrência de um 
fato ou fenômeno, ampliar generalizações, definir leis mais amplas, 
estruturar modelos teóricos, relacionar hipóteses, e gerar hipóteses por força 
de dedução lógica. 
1.4 A formação do professor pesquisador 
No contexto das transformações científicas e tecnológicas, o papel do professor 
pesquisador surge como alternativa necessária ao novo modelo de escola demandada 
pela a atual sociedade do século XXI. Nesse sentido, tratar de professores pesquisadores 
coloca a pesquisa como um elemento de fundamental importância para ser assumida 
como elemento norteador da formação e do desenvolvimento profissional do professor 
(OLIVEIRA, 2017). 
Em sua análise, Belei et al. (2008, p. 195) destaca a importância do professor 
pesquisador abordar mais de um recurso de pesquisa, como: 
 
 
 
 
10 
 
 Planilhas de notas 
 Portfólio – acervo das atividades 
 Registro dos Diários de Classe 
 Registro fotográfico 
 Registro em vídeo 
Segundo os pesquisadores, a diversidade permite novos caminhos, reforçando aspectos 
qualitativos da pesquisa, sem perder a fidedignidade. Cabe esclarecer que o mundo 
atual é tecnológico, faz parte do cotidiano das pessoas o uso de equipamentos digitais. 
Esses alteram a forma de viver, de olhar e de aprender. No entanto, muitos 
pesquisadores ainda possuem uma certa recusa em aceitar a inovação tecnológica, mas 
deve-se buscar vencer estes mitos. Pois, os softwares de pesquisa, as câmeras 
fotográficas e filmadoras digitais, a recurso captura de documentos online, entre outros, 
são facilitadores disponíveis para uso em celulares. 
Além da questão acadêmica, quando se trata de uma sociedade democrática, espera-se 
a participação em grandes decisões que envolvem natureza científica e técnica 
(DUARTE, 2014). Para que participação seja garantida é necessário o desenvolvimento 
de uma literacia (do inglês literacy) científica crítica, ou seja, a capacidade de ler, de 
escrever, de compreender e de interpretar a ciência de forma crítica. Responder aos 
problemas da humanidade é responsabilidade de todos. Assim, compreender que a 
ciência tem função social é o primeiro passo para o desenvolvimento das pesquisas em 
educação. 
A pesquisa desenvolvida por Chizzotti (2016, p. 1571) sugere que é importante que o 
professor pesquisador compreenda que educação possui as mesmas exigências de 
reconhecimento científico de qualquer outra área, e a pesquisa é o meio indispensável 
para esse reconhecimento no mundo acadêmico. Dessa forma, a educação deve atender 
às mesmas exigências de outros campos científicos: a publicação de artigos em 
periódicos qualificados ou a justificação de subvenções públicas ou privadas à pesquisa 
em educação, como componentes fundamentais do reconhecimento científico da área. 
 
 
 
11 
 
Ao tratar da formação do professor-pesquisador, Azevedo (2011, p. 73) esclarece que 
durante muito tempo as pesquisas educacionais foram desenvolvidas por profissionais 
de outras áreas. Diante deste fato é importante que o professor adote a prática de 
pesquisa para se tornar um agente consciente da sua própria profissão, assumindo a 
postura de sujeito pensante e de um profissional intelectual. 
Segundo Gengnagel et al. (2018, p. 18), a teoria aliada à prática possibilita a integração 
entre docente, discente, saberes e vivências, além de ser um elemento fundamental 
para desenvolvimento de uma educação crítica, pois envolve conhecimento científico 
que, juntamente com empírico, faz com que a tradicional fragmentação do ensino seja 
superada e a busca por uma educação essencialmente transformadora se processe. 
Durantesua formação, e mesmo depois dela, o professor deve assumir uma postura 
investigativa para que tenha a oportunidade de conhecer diferentes pontos de vista 
relacionados à prática docente e consiga conciliar pesquisa, teoria e prática. 
1.5 Linhas de Pesquisa na área da educação 
O conhecimento científico é uma forma privilegiada de conhecimento e é fundamental 
para a vida de todas as sociedades contemporâneas. Na medida de suas possibilidades, 
todos os países se dedicam à promoção da ciência, esperando benefícios dos 
investimentos nela (FERREIRA, 2009, p. 535). 
Afirmações sobre a importância da pesquisa educacional para a formulação e o 
acompanhamento de programas de ação figuram há muito tempo em discussões sobre 
educação no Brasil. 
Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) a 
“linha de pesquisa representa temas aglutinadores de estudos científicos que se 
fundamentam em tradição investigativa” (CNPQ, 2019). “Uma Linha de Pesquisa é 
definida como um domínio ou núcleo temático da atividade de pesquisa” (CAPES, 2019). 
 
 
 
 
12 
 
“As linhas de pesquisa aglutinam eixos temáticos dos quais se originam estudos e 
projetos de pesquisa, que são resultantes da experiência dos docentes e das atividades 
dos grupos de pesquisa” (UFRGS, 2019). E é importante destacar que um grupo de 
pesquisa é “a denominação atribuída ao grupo de pesquisadores e estudantes que se 
organizam em torno de uma ou mais linhas de pesquisa de uma área do conhecimento, 
com o objetivo de desenvolver pesquisa científica”. 
O CNPQ esclarece que elas subordinam-se aos grupos e, assim, um grupo deve registrar 
nele tantas quanto forem as linhas que desenvolve. Não necessariamente todos os 
integrantes precisam estar associados a todas as linhas. Por exemplo, um grupo com 
três linhas pode ter um integrante associado às Linhas 1 e 3, outros dois integrantes 
associados apenas à Linha 2 (CNPQ, 2019). 
Exemplos de articulação entre a área do conhecimento, grupo de pesquisa e linha de 
pesquisa: 
Tabela 1.2 – Grupo de pesquisa, área e linhas (UNISA Educação). 
Grupo de pesquisa Área do conhecimento Linha de pesquisa 
Públicas, Infância e 
Culturas Escolares. 
Educação 
Escolas Libertárias, Socialistas e 
Democráticas 
História Social da Infância 
Inclusão: representação social, 
políticas públicas e processos 
formativos 
Educação inclusiva e 
políticas públicas 
Educação 
A formação de professores para a 
diversidade na perspectiva da 
educação inclusiva 
Educação, Direitos humanos e 
diversidade 
Inclusão educacional e 
Transtornos do Espectro do 
Autismo 
UNISA/CNPQ, 2019. 
 
 
 
13 
 
O CNPQ (2019) esclarece que o cadastro de um grupo é feito pelo seu líder, “por meio 
de um formulário eletrônico padronizado e mediante CPF e Senha CNPq (a mesma do 
CV Lattes)”. Para ter acesso ao formulário, o líder precisa estar previamente autorizado 
como tal pelo Dirigente de pesquisa da sua instituição. 
É importante destacar que o campo para pesquisa em educação, assim como em outras 
áreas do conhecimento, é inesgotável. Neste sentido, Gabini (2019, p. 1) destaca que 
apoiar a diversidade das temáticas e reconhecer a relevância das diferentes áreas do 
conhecimento para a pesquisa é fundamental. É importante lembrar que a formação do 
professor pesquisador se dá por meio da integração ensino e pesquisa e da produção e 
socialização do conhecimento. Na carreira docente, o professor pesquisador é desafiado 
a romper com algumas barreiras que a tradição acadêmica construiu ao longo do tempo, 
bem como “assumir posicionamentos que farão diferença no cotidiano institucional” 
(FELÍCIO, 2010, p. 145). 
Uma outra forma de registro de pesquisa é por meio da Cátedras da Unesco, lançada 
em 1992 junto com o Programa UNITWIN (University Twinning). Este programa tem o 
objetivo de oferecer formação por meio do intercâmbio de conhecimentos entre os 
países em desenvolvimento. Os dois programas – Cátedra Unesco e Unitwin - têm, como 
principal objetivo a promoção da formação, pesquisa e outras atividades para a 
produção de conhecimento em consonância com os objetivos e as diretrizes dos 
programas e áreas de alta prioridade para a UNESCO. 
A Unesco esclarece que uma Cátedra pode ser criada como uma nova unidade dentro 
dos departamentos da universidade, para fomentar os programas de ensino e pesquisa 
já existentes. Essa unidade inclui: 
 O Coordenador da Cátedra, como um líder acadêmico; 
 Professores participantes da instituição ou associados; 
 Estudantes de pós-graduação e pesquisadores da instituição da Cátedra. 
 
 
 
 
 
14 
 
Tabela 1.3 – Lista de Cátedras UNESCO. 
INÍCIO CÁTEDRA UNESCO Área 
13/12/2018 Para Sustentabilidade dos Oceanos 
07/12/2018 Sobre Fronteiras e Migração 
05/02/2018 Em Políticas Linguísticas para o Multilinguíssimo 
03/10/2017 De Políticas Culturais e Gestão 
11/11/2014 Em Educação Aberta 1. Educação 
10/07/2012 Em Diversidade Cultural, Gênero e Fronteiras 
08/05/2012 
Em Tecnologia de Comunicação e informação na 
Educação 
 
03/02/2012 De Educação e Inovação para Cooperação Solidária 2. Educação 
10/02/2011 
Archai IH/FIL: Origens Plurais do Pensamento 
Ocidental 
 
03/02/2010 Em Profissionalização Docente 3. Educação 
12/11/2019 De Bioética 
08/10/2009 Dom Helder Câmara de Direitos Humanos 
03/07/2009 Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial 4. Educação 
13/0/2008 Sobre os Desafios Sociais Emergentes 
13/05/2008 De Juventude, Educação e Sociedade 5. Educação 
01/04/2008 De Direito à Educação 6. Educação 
31/08/2006 
De Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento 
Sustentável 
 
19/07/2006 De Leitura 
12/02/2006 Água, Mulheres e Desenvolvimento 
17.11.2004 De Educação e Desenvolvimento Humano 7. Educação 
19.03.2002 Em Trabalho e Sociedade Solidária 
12.01.1997 
De Ciência da Educação para a Formação de 
Docentes e Investigação Educativa 
8. Educação 
12.11.1996 De Comunicação para o Desenvolvimento Regional 
17.11.1994 De Educação à Distância 9. Educação 
19.06.1994 
Em Ciências da Educação, com Ênfase em Educação 
a Distância 
10. Educação 
Fonte: UNESCO, 2019. 
 
 
 
 
15 
 
Conclusão 
No título “Do senso comum ao conhecimento Científico”, vimos que “senso comum” é 
o conhecimento construído por meio da vivência, e que a diferença entre o senso 
comum e o conhecimento científico não está no objeto que é estudado, mas sim nas 
formas de observação, análise e interpretação, sendo que a diretriz da ciência é formular 
problemas de forma sistemática, segundo métodos científicos previamente definidos. 
O capítulo “Método e metodologia” nos fez entender que “método é o caminho e a 
metodologia é a forma de caminhar”. Sendo os métodos dedutivo, indutivo e dialético, 
diferentes formas de caminhar. 
Com as questões “O que é pesquisa?” e “Para que serve a pesquisa?”, vimos que as três 
técnicas de pesquisa (exploratória, descritiva e explicativa) atendem a objetivos 
diferentes, sendo eles, respectivamente: possibilitar a familiaridade com o conteúdo, 
oferecer informações sobre o objeto e orientar a formulação de hipóteses; descrever 
um fenômeno ou observação, registrar e analisar os fenômenos ou sistemas técnicos; e 
identificar as causas que explicam a ocorrência de um fato ou fenômeno, ampliar 
generalizações, definir leis mais amplas, estruturar modelos teóricos, relacionar 
hipóteses, e gerar hipóteses por força de dedução lógica. 
Com a discussão sobre “A formação do professor pesquisador” concluímos que a teoria 
aliada à prática possibilita a integração entre docente, discente, saberes e vivências, 
além de ser um elemento fundamental para desenvolvimento de uma educação crítica, 
pois esta envolve conhecimento científico que, juntamente com empírico, faz com que 
a tradicional fragmentação do ensino seja superada e a busca por uma educação 
essencialmente transformadorase processe. 
Sobre as “Linhas de Pesquisa na área da educação” chegamos à compreensão de que a 
linha de pesquisa representa temas aglutinadores de estudos científicos que se 
fundamentam em tradição investigativa. As linhas de pesquisa aglutinam eixos 
temáticos dos quais se originam estudos e projetos de pesquisa, que são resultantes da 
experiência dos docentes e das atividades dos grupos de pesquisa. 
 
 
 
16 
 
REFERÊNCIAS 
AZEVEDO, C. B. A formação em pesquisa do professor de história. Revista NUPEM, v. 3, 
n. 5, p. 73-92, ago./dez. 2011. Disponível em: 
<http://fecilcam.br/revista/index.php/nupem/article/viewFile/60/43>. Acesso em: 
Acessado em: 26 ago. 2019. 
BACON, F. Novum organum ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da 
natureza; Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural, 1999. 254 p. (Os pensadores). 
BELEI, R. Ap. et al. O uso de entrevista, observação e videogravação em pesquisa 
qualitativa. Cadernos de educação, v. 30, n. 1, p. 187-199, jan./jun. 2008. Disponível 
em: <https://bit.ly/2quyt0P>. Acesso em: Acessado em: 26 ago. 2019. 
BRAGA, J. L. O que é comunicação? Líbero. v. 19, n. 38, p. 15-20, jul./ dez. 2016. 
Disponível em <https://bit.ly/2O3oqsP>. Acesso em: Acessado em: 26 ago. 2019. 
COORDENAÇÃO de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Linhas de 
pesquisa, 2019. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/tutorial-
sucupira/Programa_LinhasPesquisa.html>. Acessado em: 26 ago. 2019. 
CHAVES, N. P. S. Os princípios didáticos na perspectiva marxista da educação: limites 
e avanços a partir do estudo de seus fundamentos à luz da teoria da subjetividade. 
Uberlândia: UFU, 2019. 24 p. 
CHIZZOTTI, A. As ciências humanas e as ciências da educação. Revista e-Curriculum, v. 
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19 
 
 
2 TIPOS DE PESQUISA 
Neste bloco vamos ingressar no espaço da organização da pesquisa. Lembrando que 
uma boa organização facilita a gestão do tempo e dos processos, por parte do 
pesquisador. Para uma boa escolha metodológica, o pesquisador deve estar 
familiarizado com os diferentes tipos de pesquisa. 
Para tanto, a pesquisa qualitativa e a quantitativa serão caracterizadas, e as pesquisas 
bibliográfica, documental, de campo e etnográfica serão descritas. É importante 
destacar que o estudo de caso também é objeto de estudo deste bloco. 
Considerando as peculiaridades do “fazer pesquisa” na atualidade, a questão da 
pesquisa digital e das redes colaborativas merecerá um subtítulo específico. 
Bom estudo! 
Objetivos 
 Mostrar a importância da organização para o sucesso de uma pesquisa. 
 Reconhecer as diferenças entre a abordagem quantitativa e a abordagem 
qualitativa. 
 Caracterizar e diferenciar a pesquisa bibliográfica da documental. 
 Entender as peculiaridades da pesquisa de campo, do estudo de caso e da 
pesquisa etnográfica. 
 Compreender as mudanças no processo de pesquisa impulsionado pelo 
avanço tecnológico. 
2.1 Organização da Pesquisa 
Para aqueles que iniciam o processo de pesquisa é importante entender que toda e 
qualquer pesquisa exige um planejamento prévio. É necessário que o pesquisador faça 
uma estimativa de tempo relacionada às várias etapas, além da previsão dos recursos e 
infraestrutura que serão necessários para a realização da pesquisa. 
 
 
 
20 
 
São de responsabilidade do pesquisador: 
 Conhecer as normas que norteiam os trabalhos acadêmicos. 
 Definir as ferramentas computacionais de apoio necessárias. 
 Elaborar critérios que garantam a segurança da informação. 
 Escolher o método de sistematização das informações levantadas. 
 Estabelecer um cronograma de trabalho. 
 Providenciar recursos (materiais e imateriais) para a pesquisa bibliográfica. 
É importante destacar que um pesquisador em educação deve orientar sua pesquisa no 
sentido de produzir conhecimentos para a construção de processos educativos de 
qualidade. Esta questão está relacionada à preocupação com a escolha do assunto a ser 
pesquisado. No sentido de nortear esta escolha, algumas ações são fundamentais: 
 Caracterização do objeto, com rigor e clareza. 
 Diferenciação entre ciência, crenças, sabedoria e opiniões. 
 Sistematização de dados e resultantes do uso de instrumentos específicos. 
 Apreciação dos conceitos específicos da área. 
 Fundamentação teórica e instrumentalização técnica. 
 Construção intelectual e material criativa. 
 Articulaçãoentre a técnica, a prática e a fundamentação teórica. 
A importância da articulação entre ensino e pesquisa no Brasil está destacada no Art. 3º 
do Capítulo I da Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018: “A Extensão na Educação 
Superior Brasileira é a atividade que se integra à matriz curricular e à organização da 
pesquisa, constituindo-se em processo interdisciplinar, político educacional, cultural, 
científico, tecnológico, que promove a interação transformadora entre as instituições 
de ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da 
aplicação do conhecimento, em articulação permanente com o ensino e a pesquisa”. 
 
 
 
 
21 
 
Tozoni-Reis (2010, p. 27) esclarece que a pesquisa é uma importante atividade de 
professores e alunos nas instituições de ensino superior, sendo que a pesquisa é 
considerada uma das principais funções sociais do ensino superior. A universidade 
representa um espaço educativo privilegiado, onde a produção crítica de 
conhecimentos contribui para o desenvolvimento sociocultural do país. A pesquisa nos 
cursos de graduação tem o objetivo de produzir conhecimentos atualizados e 
significativos para fundamentar as atividades de formação humana e profissional. 
A pesquisa tem relação direta com a prática de estudo, um professor que estuda para 
melhor fundamentar sua ação pedagógica, faz pesquisa. Contudo, a pesquisa científica 
se apresenta de forma sistemática, com pretensões de racionalidade e aplicação 
generalizada. Ela precisa apoiar-se o mais claramente possível no objeto investigado, 
seja este objeto formado por eventos, pessoas ou teorias. Não raro, uma pesquisa 
percorre diferentes áreas do saber que interagem por meio da integração de conceitos 
consagrados e da construção de novos conceitos. 
2.2 Abordagem quantitativa e qualitativa 
Uma das primeiras distinções sobre o tipo da pesquisa se refere à abordagem que será 
utilizada pelo pesquisador. Sendo que a escolha de uma abordagem específica deve 
seguir critérios que foram previamente estabelecidos. Tais critérios estão relacionados 
aos objetivos da pesquisa e ao método (caminho) escolhido. É importante destacar que 
tanto a abordagem quantitativa, como a qualitativa possuem vantagens e limitações, 
assim, não é correto afirmar que uma ou outra seja a melhor. 
Ao caracterizar a pesquisa qualitativa, Silveira e Córdova (2009, p. 32) esclarecem que é 
um tipo de pesquisa direcionada aos aspectos que não podem ser quantificados, como 
a compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. O foco deste tipo de 
pesquisa são as crenças, valores e atitudes que norteiam as relações e fenômenos 
sociais, características de natureza qualitativa e não quantitativa. Aplicada inicialmente 
em estudos de Antropologia e Sociologia, este tipo de pesquisa tem expandido seu uso 
para a Educação. 
 
 
 
22 
 
Para os pesquisadores das Humanas e Ciências Sociais, Silva et al. (2014, p. 4) alertam 
sobre os cuidados ao se escolher a pesquisa de natureza quantitativa, pois ela só deve 
ser utilizada quando o pesquisador tem um grande conhecimento a respeito do que irá 
investigar, caso contrário não será possível construir uma escala de atitude (instrumento 
fechado: apresenta-se uma frase e pede para os respondentes expressarem seu grau de 
concordância ou discordância) e “listar” todas as possibilidades, para que o instrumento 
seja completo e contemple todas as possíveis dimensões que serão estudadas. 
Tabela 2.1 – Comparativo: Pesquisa Qualitativa x Pesquisa Quantitativa 
PESQUISA QUALITATIVA PESQUISA QUANTITATIVA 
Depende de dedução – conclusões, 
raciocínio ou inferências de princípios 
gerais para particulares. 
Depende de indução – generalizações pela 
coleta, exame e análise de casos 
específicos. 
Requer envolvimento do pesquisador 
com as pessoas, eventos e ambiente 
como parte integrante do processo. 
Requer imparcialidade por parte do 
pesquisador. 
Oferece valor especial no processo de 
produção de novos conceitos ou teorias. 
Foco no exame de teorias e generalizações 
de pesquisa. 
Procura fornecer descrição completa do 
fenômeno em toda sua complexidade. 
Procura estabelecer relacionamento de 
causa e efeito em ou entre experiências. 
Tenta descobrir e mostrar suposições 
que estão por trás das ações ou eventos. 
Focaliza mais no teste das suposições em 
vigor. 
Usa contextos de uma situação natural 
como dados primários. Lida com 
descrições detalhadas dos contextos de 
uma situação. 
Constrói ou controla contextos de uma 
situação e lida com quantidades e números 
como dados primários. 
Inicia com questões ou problemas 
amplos e procura limitá-los. 
Inicia com fenômeno específico e tenta 
relacioná-los a outros, para esclarecer 
questões mais amplas. 
Tende a lidar com amostras pequenas e 
únicas (sem igual). 
Encoraja o estudo de grandes amostras e 
altamente representativas. 
Considera o contexto dos eventos como 
parte integrante dos dados primários. 
Tende a desconsiderar o contexto ou 
controlá-lo, para minimizar influências de 
nuances que possam afetá-lo. 
Depende profundamente de relatar, 
informar para demonstrar significância. 
Utiliza análise estatística, particularmente 
empregando probabilidades, para 
demonstrar significância. 
Fonte: FERNANDES, 2003, p. 19. 
 
 
 
23 
 
2.3 Pesquisa documental e bibliográfica 
Abriremos este tópico diferenciando a pesquisa bibliográfica da pesquisa documental, 
pois, não raro, elas são tratadas como versões diferentes do mesmo processo. Para 
tanto, faz-se necessário diferenciar os tipos de fontes de informação usados por cada 
uma delas. 
Em sua análise cuidadosa, Pinheiro (2006, p. 1) destaca que o guia da University Libraries 
define como fontes primárias aquelas que não foram filtradas por interpretações, ou 
seja, fonte primária é um material original (com informações originais) produzido por 
instituições ou pessoas, mas que ainda não foi interpretado por outros pesquisadores 
ou analistas, já uma fonte secundária é composta por materiais interpretativos e/ou 
avaliativos que se serviram das fontes primárias. 
Para ficar mais claro, podemos considerar os artigos que compõem os periódicos de 
natureza científica, alguns são fontes primárias, pois apresentam informações novas, 
originais, outros se apresentam como fonte secundária, pois se configuram como 
revisão de literatura, ou seja, são formas sistematizadas de interpretação de materiais 
originais. 
Ainda sobre a questão das “fontes primárias”, acrescentam-se: 
 Documentos estatísticos: documentos que apresentam sob a forma de 
tabelas, gráficos e textos, informações produzidas por institutos de pesquisa 
estatística. 
 Documentos institucionais: produzidos por instituições governamentais, 
como projeto de lei, relatórios de órgãos governamentais, entre outros; ou 
produzidos por instituições civis, tais como atas de sindicatos, relatórios de 
associações comerciais e industriais, deliberações em igrejas, entre outros. 
 Documentos pessoais: cartas, diários, memórias, autobiografias são alguns 
exemplos. 
 Documentos midiáticos: jornais, revistas, fitas de cinema, programas de rádio 
e televisão. 
 
 
 
24 
 
Quanto ao acesso aos documentos, Kripka et al. (2015, p. 243) esclarecem que: 
 pode ser fechado (não acessíveis a terceiros); 
 restrito (acessíveis apenas por um grupo); 
 aberto (todos tem acesso em apenas um arquivo); e 
 público (publicado e acessível a qualquer parte interessada). 
Na pesquisa bibliográfica são pesquisados materiais teóricos já analisados e publicados 
de forma impressa ou digital. Cabe aqui lembrar que ao acessar um determinado 
material na internet, o pesquisador tem que se certificar da natureza do mesmo, ou seja, 
cabe ao pesquisador identificar se está consultando um livro na íntegra, um capítulo de 
livro, um artigo de um periódico, ou uma notícia, lembrando que notícia é uma fonte 
primária (notíciase caracteriza por um texto informativo de interesse público, que narra 
algum fato recente ocorrido no país ou no mundo) e, neste caso, a pesquisa é 
documental. 
Diferente da pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental contém informações 
originais. Ao tratar da pesquisa documental, Cunha (2001, p. 1) reforça a ideia de que 
os documentos são fontes de novas informações, sendo que a apresentação de alguns 
documentos podem ter o aspecto de registro de observações e outros de relatórios 
descritivos: 
 Registro de observações – documento que descreve o que ocorre, no 
momento em que ocorre, na sequência em que os fatos se dão, cuidando-se 
de se seguir as recomendações técnicas para que se tenha uma linguagem 
científica (FAGUNDES, 2015, p. 32). 
 Relatório descritivo – registro dos resultados da avaliação de vivências, 
habilidades, avanços e dificuldades; ou registro descritivo detalhado sobre a 
tecnologia, design e aplicação de um invento. 
 
 
 
 
 
25 
 
2.4 Pesquisa de campo, estudo de caso, pesquisa etnográfica 
Em relação à importância da pesquisa em educação, Lüdke e Cruz (2005, p. 83) destacam 
que o professor precisa assumir-se como pesquisador da própria prática, por meio de 
uma crítica sistemática da sua atividade. As autoras esclarecem que quando a pesquisa 
é a base da educação, as salas de aula se transformam em “típicos laboratórios de 
ensino”. Neste sentido, os protocolos da pesquisa de campo e do estudo de caso são 
fundamentos essenciais para a boa prática docente. 
Na pesquisa de campo, o pesquisador coleta os dados no ambiente em que os 
pesquisados estão inseridos (PRESTES, 2014). Neste sentido, o pesquisador vai até “os 
pesquisados” para aplicar os questionários ou para fazer as entrevistas. A observação 
ou outros protocolos podem servir de recursos para a coleta de dados. Gil (2008, p. 53) 
destaca que entre as mais variadas técnicas, as entrevistas facilitam a identificação das 
respostas que não são fiéis à verdade. Mas, pelo fato do formulário ser documento 
padronizado e facilitar a tabulação dos dados, elas são muito utilizadas. 
Fiorentini e Lorenzato (2009, p. 116) nos alertam que o pesquisador sempre produz 
intervenções no ambiente a ser investigado, o que causa desconforto aos pesquisados. 
Neste sentido, é recomendável que a intervenção seja a mínima possível, a menos que 
seja o caso de uma pesquisa de intervenção intencional, como a “pesquisa colaborativa” 
– nesse tipo de pesquisa, todos os participantes são, ao mesmo tempo, objetos e 
sujeitos da pesquisa e a interferência do pesquisador é pouco problemática. 
O pesquisador em educação deve saber que a ética é o princípio norteador de sua ação. 
No sentido de caracterizar as especificidades da pesquisa em Ciências Humanas e 
Sociais, o Conselho Nacional de Saúde pontua na Resolução nº 510, de 07 de Abril de 
2016: 
 A ética é uma construção humana, portanto histórica, social e cultural; 
 A ética em pesquisa implica o respeito pela dignidade humana e a proteção 
aos participantes; 
 O agir ético do pesquisador demanda ação consciente e livre do participante; 
 
 
 
26 
 
 A pesquisa exige respeito e garantia do pleno exercício dos direitos dos 
participantes; 
 A pesquisa deve ser concebida, avaliada e realizada de modo a prever e evitar 
possíveis danos aos participantes; 
 A pesquisa tem especificidades nas suas concepções e práticas; 
 A ciência possui uma acepção pluralista; 
 A perspectiva teórico metodológica é diversificada; 
 A relação pesquisador-participante é processual e dinâmica. 
Diferente da pesquisa de campo, no estudo de caso, o pesquisador não intervém no 
ambiente estudado. Fontelles (2009, p. 7) esclarece que o estudo de caso é direcionado 
de forma específica a um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, 
ou uma unidade social e tem por objetivo conhecer o “como” e o “porquê” de uma 
determinada situação. Neste processo, não é intenção do pesquisador intervir no 
contexto estudado, mas revelá-lo como ele o percebe. O estudo de caso, quando bem 
conduzido, proporciona uma compreensão de determinados fenômenos em 
profundidade, além de ser bastante comum para estudos empíricos. 
Ao tratar da educação, Lüdke e André (1986, p. 18-20) destacam sete características do 
estudo de caso: 
1. Buscam retratar a realidade de forma completa e profunda. 
2. Enfatizam a ‘interpretação em contexto’. 
3. Procuram representar os diferentes pontos de vista presentes numa situação 
social. 
4. Revelam experiência vicária e permitem generalizações naturalísticas. 
5. Usam uma variedade de fontes de informação. 
6. Utilizam uma linguagem e forma acessíveis. 
7. Visam à descoberta. 
 
 
 
 
27 
 
Em relação ao plano de pesquisa, Yin (2001, p. 33) esclarece que o pesquisador de 
campo deve definir claramente quais as questões que serão estudas, quais os dados que 
são considerados relevantes, quais os dados que serão coletados e como serão 
analisados os resultados observados. Para aumentar a confiabilidade do estudo de caso, 
o pesquisador deve desenvolver e orientar sua pesquisa segundo um protocolo que 
contenha: 
a) Uma visão geral do projeto do estudo de caso. 
b) Procedimentos de campo. 
c) Questões de estudo de caso. 
d) Um guia para o relatório do estudo de caso. 
A pesquisa etnográfica é outro tipo de pesquisa bastante usada para descrever e analisar 
processos educativos, as relações entre escola, professor, aluno e sociedade. Este tipo 
de pesquisa 
[...] fundamenta-se na inserção do pesquisador em um campo diferente, do 
ponto de vista cultural, de seu próprio habitat durante um longo período. A 
prática etnográfica consiste basicamente em estabelecer relações, selecionar 
informantes e tentar salvar o dito em um discurso social em formas 
pesquisáveis. O estudo de caráter etnográfico é realizado segundo dois 
conjuntos de hipóteses sobre o comportamento do homem: a hipótese 
naturalista-ecológica e a hipótese qualitativo-fenomenológica. Segundo os 
pressupostos da hipótese naturalista-ecológica, o homem se comporta de 
acordo com o ambiente em que vive. Neste sentido, a sociedade, a 
comunidade, a família e até mesmo elementos materiais e simbólicos 
exercem influência sobre pensamento, atitude e comportamento humanos. 
A hipótese qualitativo-fenomenológica, por sua vez, afirma que, para 
entender o comportamento humano, é necessário considerar as relações que 
influenciam a interpretação, os pensamentos, os sentimentos e as ações 
(SOUSA; BARROSO, 2008, p. 151). 
Em relação à pesquisa etnográfica, Silveira e Córdova (2009, p. 41) que suas 
características específicas são: 
 A coleta dos dados descritivos, transcritos literalmente para a utilização no 
relatório; 
 A ênfase no processo, e não nos resultados finais; 
 A flexibilidade para modificar os rumos da pesquisa; 
 
 
 
28 
 
 A interação entre pesquisador e objeto pesquisado; 
 A não intervenção do pesquisador sobre o ambiente pesquisado; 
 A variação do período, que pode ser de semanas, de meses e até de anos; 
 A visão dos sujeitos pesquisados sobre suas experiências; 
 O uso da observação participante, da entrevista intensiva e da análise de 
documentos. 
2.5 Ferramentas Digitais e Redes Colaborativas de Pesquisa 
A intensificação da pesquisa colaborativa está relacionada com a multiplicação de 
projetos que requerem grande volume de recursos, conhecimento em diversas áreas, 
além de instrumentações complexas e diversificadas. A colaboração, geralmente restrita 
à interação entre dois parceiros, passa a envolver o trabalho de grandes equipes. Outra 
característica da pesquisa colaborativa é que além de ser multidisciplinar, é “multi-
institucional” (CHOMPALOV, 1999, p. 339). 
Estas características possibilitam: 
 A formação de novos pesquisadores. 
 O aumento da inovações técnico-científicas. 
 O aumento da produtividade científica. 
 O desenvolvimentode vários projetos simultâneos. 
 O fortalecimento de novos campos do conhecimento. 
Porto et al. (2018, p. 11) defende a ideia de que todo pesquisador seja um comunicador, 
afirmando que não existe ciência sem comunicação. A autora explica que o 
conhecimento científico que não circula não produz efeito. Sendo que, comunicar com 
os pares e divulgar trabalhos para a comunidade científica e não científica é um ato 
necessário à ciência. No contexto da cibercultura (cultura contemporânea estruturada 
pelas tecnologias digitais), as relações entre produção, difusão e divulgação são 
reinventadas, o que possibilita a democratização da ciência. 
 
 
 
29 
 
Além de possibilitar a democratização da ciência, Lohr (2013, p. 2) aponta que a 
tecnologia tem a capacidade de reunir, medir e analisar informações. Em seu artigo, o 
jornalista declara que conhecimentos especializados estão crescendo e criando um novo 
vocabulário: 
 em ciências políticas, a análise quantitativa é chamada metodologia política; 
 em história, existe a cliometria (união entre a História e a Economia); 
 na literatura, a estilometria (o estudo do estilo da escrita de um autor); e 
 nas ciências humanas e sociais, a culturométrica (o termo usado para 
descrever pesquisas quantitativas). 
A tecnologia está facilitando o trabalho do pesquisador (MORAES, 2018, p. 5), um 
exemplo é o Mendeley, software gratuito, usado para gerenciar, compartilhar, ler, 
anotar e editar artigos científicos. O Mendeley funciona, também, como rede social 
acadêmica para descobrir tendências de investigação e para conectar-se a outros 
pesquisadores na área de interesse. 
Outra rede colaborativa bastante popular entre os pesquisadores é a ResearchGate, 
voltada para a integração de cientistas e pesquisadores. Esta plataforma “oferece 
diversos recursos interativos, incluindo compartilhamento de arquivos e de publicações, 
fóruns, discussões metodológicas, além da busca semântica por resumos das 
publicações armazenadas no repositório, entre muitos outros recursos. Os membros 
ainda podem criar seu próprio blog pessoal dentro da rede” (UFMG, 2017). 
Em relação à segurança das redes colaborativas, Wangham et al. 2007, p. 99) destaca o 
estabelecimento dinâmico de relações de confiança, a definição de políticas globais de 
qualidade e de proteção e, no caso das organizações virtuais, a privacidade na busca e 
seleção de parceiros. Na comunicação entre os participantes das redes colaborativas, 
deve-se garantir a confidencialidade, a integridade e a autenticidade das informações 
transmitidas. 
Innarelli (2011, p. 75) destaca que durante algum tempo acreditava-se que a 
documentação digital estaria livre de problemas tradicionais relacionados ao 
acondicionamento, degradação do suporte, obsolescência, falta de confiabilidade e de 
 
 
 
30 
 
espaço para o armazenamento. Porém, o tempo nos ensinou que a tecnologia por si só 
não soluciona todos esses problemas, pelo contrário, inclui novos problemas, que 
necessitam da interferência humana e de políticas de preservação digital para serem 
solucionados. 
Para preservar documentos digitais, Ferreira (2006, p. 33) recomenda o refrescamento 
(rejuvenescimento e migração). O processo de refrescamento consiste na transferência 
de informação de um suporte físico de armazenamento para outro, mais atual, antes 
que o primeiro se deteriore ou se torne obsoleto. O refrescamento em tempo pré-
determinado não constitui a única estratégia de preservação. Mas, é um pré-requisito 
para o sucesso de qualquer estratégia de preservação. A frequente verificação da 
integridade dos suportes físicos, assim como o seu refrescamento periódico, são 
consideradas atividades vitais para a preservação de arquivos digitais. 
Conclusão 
Quando estudamos a questão da organização da pesquisa, vimos que qualquer pesquisa 
exige planejamento com objetivo de produzir conhecimentos e construir processos 
educativos de qualidade. Cabe ressaltar que a organização da pesquisa é processo 
interdisciplinar, político educacional, cultural, científico, tecnológico, que promove uma 
interação transformadora. 
Em relação às pesquisas qualitativa e quantitativa, é importante destacar que tanto uma 
como a outra possui vantagens e limitações. Sendo que a pesquisa qualitativa é 
direcionada aos aspectos que não podem ser quantificados e a pesquisa quantitativa só 
deve ser utilizada quando o pesquisador tem um grande conhecimento sobre o que irá 
investigar. 
Os processos de pesquisa podem priorizar fontes primárias ou fontes secundárias, sendo 
que as fontes primárias são originais e não foram filtradas por interpretações, e são 
compostas por materiais interpretativos e/ou avaliativos que se serviram das fontes 
primárias e/ou secundárias (em alguns casos). Nas pesquisas bibliográficas são utilizadas 
fontes secundárias e nas pesquisas documentais as fontes são primárias. 
 
 
 
31 
 
Para diferenciarmos as pesquisas de campo do estudo de caso e da pesquisa etnográfica, 
é necessário considerar que na pesquisa de campo o pesquisador coleta os dados no 
ambiente em que os pesquisados estão inseridos e que, diferente da pesquisa de campo, 
no estudo de caso, o pesquisador não intervém no ambiente estudado. A pesquisa 
etnográfica é outro tipo de pesquisa bastante usada quando a ênfase está no processo 
e não nos resultados. 
Uma das questões relevantes relacionadas à pesquisa é o desenvolvimento tecnológico: 
a tecnologia está facilitando o trabalho do pesquisador. Um exemplo é o Mendeley, 
software gratuito, que funciona para edição de artigos científicos e também como rede 
social acadêmica. Outra rede colaborativa bastante popular entre os pesquisadores é a 
ResearchGate, voltada para a integração de cientistas e pesquisadores. 
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34 
 
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de Soluções. In: Altair Santin. (Org.). Livro de Minicursos SBSEG 2009. Porto Alegre: 
Sociedade Brasileira de Computação, 2009, v. 1, p. 99-148. 
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 
2015. 
 
 
 
35 
 
 
3 ABORDAGENS, MÉTODOS E TÉCNICAS 
Neste bloco estudaremos a importância e aproveitamento da leitura para aqueles que 
se dedicam à pesquisa. Um dos tópicos relevantes abordado por este bloco é a questão 
da documentação, pois para que uma pesquisa seja bem aproveitada, faz-se necessária 
uma documentação sistematizada de forma funcional, clara e objetiva. 
Além da questão da documentação, veremos critérios utilizados para redigir textos 
acadêmicos e científicos, fichamentos e resumos. Será, também, objeto deste bloco a 
análise sobre entrevistas, tabelas e gráficos. 
Bom estudo! 
Objetivos 
 Mostrar a importância do aproveitamento da leitura e da documentação. 
 Apontar os critérios e regras para a redação de textos científicos/acadêmicos. 
 Diferenciar os vários tipos de trabalhos científicos e acadêmicos. 
 Definir os vários tipos de fichamentos, resumos e resenhas. 
 Entender a relação entre entrevistas, tabelas e gráficos. 
3.1 Leitura e documentação 
A leitura representa um grande passo para a aquisição do conhecimento, pois ela é uma 
das condições para o funcionamento e desenvolvimento do pensamento crítico. A 
relação entre valores, conhecimentos prévios, conceitos, conhecimentos e leitura levam 
a construção de questionamentos e avaliações (OLIVEIRA, 2003, p. 1). 
Em uma pesquisa educacional, a leitura oferece os subsídios necessários para 
aprofundar o conhecimento sobre o tema e para a escolha e fundamentação sobre a 
metodologia a ser empregada. Para desenvolver o hábito da leitura, GILROY (2011, p. 1-
3) indica como estratégias: 
 
 
 
36 
 
1. Pré-visualizar: olhe o texto antes de começar a ler. 
2. Comentar: faça sua leitura intensiva do início ao fim. 
3. Descrever, resumir e analisar: desmontar as informações, examinar suas partes 
e remontar usando suas palavras. 
4. Procurar padrões: palavras repetidas, frases, tipos de exemplos, etc. 
5. Contextualizar: coloque sua leitura em perspectiva histórica, cultural e 
ideológica 
6. Comparar: compare diferentes leituras sobre o mesmo assunto. 
Para se conquistar bons resultados com a leitura, são necessárias a compreensão e a 
assimilação dos conteúdos. Um recurso que poderá lhe auxiliar nesse sentido é adotar 
a prática da documentação – organização e registro de informação que visa facilitar o 
estudo do tema. De acordo com Rover et al. (2006, p. 28), o acervo material, fotos 
impressas, exercícios, desenhos, jogos, objetos, etc., pode ser acondicionado em pastas, 
caixas ou organizadores, e organizado por temas. Em relação à documentação 
bibliográfica, o critério de organização pode variar: 
 Autores 
 Citações 
 Classificação Decimal de Dewey – CDD 
 Classificação Decimal Universal – CDU 
 Data 
 Resumos 
Considerando a tecnologia digital, a documentação pode ser feita pela criação de um 
bando de dados (bancos de dados é um conjuntos de arquivos relacionados, com 
registros sobre pessoas, lugares ou coisas). Como vantagem deste tipo de 
documentação, temos: 
 Localização imediata dos dados e das informações; 
 Maior possibilidade de pesquisa; relatórios estatísticos; e 
 Transmissão e acesso instantâneo em rede (HOLANDA et al. 2010, p. 112). 
 
 
 
37 
 
3.2 Técnicas para redigir textos 
Nahas e Ferreira (2015, p. 17) esclarecem que a fase de redação da pesquisa é difícil 
para muitos autores. No entanto, é necessário entender que o processo de colocar o 
estudo em termos concretos e organizá-lo em um padrão lógico possibilita relacionar a 
pesquisa aos estudos disponíveis na literatura, o que irá chamar atenção para dados que 
podem ter passado desapercebidos. Alguns passos podem ser úteis para pesquisadores 
iniciantes: 
 Escrever o rascunho inicial de uma vez só; 
 Revisar várias vezes, o rascunho inicial; 
 Procurar excessos e repetições; 
 Verificar informações incompletas; e 
 Incluir algum fato relevante no texto. 
Trzesniak e Koller (2009, p. 21) alertam que a escrita científica deve respeitar o 
detalhamento e a veracidade do fato que está sendo descrito. A peculiaridade da 
pesquisa científica e, portanto, do texto que a descreve é que ele passará pela avaliação 
de “pares”, isto é, de outros pesquisadores da área ou de áreas afins. Para fazer uma 
avaliação prévia da qualidade do texto, Lacaz-Ruiz (1998, p. 36-37) orientam a: 
 observar se o texto está organizado segundo um plano lógico de 
apresentação do conteúdo; 
 ver se a divisão em itens e subitens está bem estruturada; 
 avaliar se os intertítulos (ou entretítulos, são títulos curtos, tópicos, que se 
coloca entre blocos de texto para organizar e facilitar a leitura) são concisos 
e refletem o conteúdo; 
 se necessário, fazer nova divisão do texto ou trocar parágrafos entre os itens; 
 analisar se a mensagem principal está redigida de forma clara; 
 observar se os parágrafos estão interligados de forma lógica e sequencial; 
 ver se não há repetições da mesma informação em pontos diferentes do 
texto; 
 
 
 
38 eliminar todos os parágrafos que contenham informações irrelevantes ou 
fora de contexto; e 
 checar todas as informações, sobretudo valores numéricos, datas, equações, 
símbolos, citações de tabelas e figuras, e referências bibliográficas. 
Camargo et al. (2003, p. 7-8) indicam que texto científico deve expressar o que o autor 
realizou, observou, descobriu e concluiu sobre um tema, projeto ou estudo, utilizando 
a língua padrão da maneira mais clara, precisa e sintética possível. Além de atender às 
regras gramaticais da língua padrão vigente, a apresentação escrita de trabalho 
acadêmico-científico deve utilizar os seguintes aspectos e características: 
 Adequação do vocabulário 
 Clareza/concisão/precisão 
 Coerência 
 Imparcialidade 
 Impessoalidade 
 Normatividade 
 Modéstia 
 Objetividade 
Volpato (2015, p. 8) alerta que um dos grandes erros da redação científica é iniciar o 
texto antes que o assunto esteja claro para o autor. Neste sentido, para evitar que se 
construa um manuscrito fragmentado e pouco objetivo, é necessário que o autor seja 
capaz de responder às seguintes questões: 
 Como a pesquisa começou? 
 A quais resultados chegou? 
 Como se chegou a estes resultados? 
 O que estes resultados mudam na ciência? 
 Por que esta pesquisa interessaria ao mundo? 
 
 
 
 
39 
 
3.3 Trabalhos científicos e acadêmicos 
Lubisco e Vieira (2019, p. 23) indicam que existem vários níveis de aprofundamento para 
a realização de estudos científicos, desde o desenvolvimento de projetos de pesquisa à 
produção de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e monografias, até alcançar obras 
mais complexas como dissertações de mestrado e teses doutorado, além de 
contemplar, ainda, diversas outras formas de apresentação de resultados de pesquisa, 
como artigos, papers, relatórios etc. Para entender os diferentes tipos de trabalhos, 
Diniz (2017, p. 12) caracteriza doze tipos principais: 
Tabela 3.1 – Principais Tipos de Trabalhos Acadêmicos 
Trabalho 
Acadêmico 
Descrição 
Monografia 
“Dissertação ou estudo minucioso a fim de esgotar determinado 
tema relativamente restrito" (FERREIRA, 1999, p. 1360). 
“Documento que contém a descrição exaustiva de uma matéria, 
abordando aspectos científicos, históricos, técnicos, econômicos ou 
artísticos” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 253). 
Dissertação 
“Documento que apresenta o resultado de um trabalho 
experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de 
tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de 
reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o 
conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a 
capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a 
coordenação de um orientador (doutor), visando a obtenção do 
título de mestre” (ABNT NBR 14724, 2011, p. 2). 
“Documento escrito, científico, técnico ou literário, apresentado a 
uma banca examinadora para obtenção, em geral, do grau de 
mestre. Nos EUA, a dissertação de mestrado é denominada thesis, e 
a tese de doutorado, dissertation” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 
130). 
Tese 
“Documento que apresenta o resultado de um trabalho 
experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e 
bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação 
original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade 
em questão. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor) e 
visa a obtenção do título de doutor, ou similar” (ABNT NBR 14724, 
2011, p. 4). 
Artigo 
Científico 
“Parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e 
discute ideias [sic], métodos, técnicas, processos e resultados nas 
diversas áreas do conhecimento” (ABNT NBR 6022, 2003, p. 2). 
(Continua...) 
 
 
 
40 
 
(...Continuação) 
Projeto de 
Pesquisa 
“Compreende uma das fases da pesquisa. É a descrição da sua 
estrutura” (ABNT NBR 15287, 2011, p. 3). 
Relatório 
Técnico-
Científico 
“Documento que relata formalmente os resultados ou progressos 
obtidos em investigação de pesquisa e desenvolvimento ou que 
descreve a situação de uma questão técnica ou científica. O relatório 
técnicocientífico apresenta, sistematicamente, informação 
suficiente para um leitor qualificado, traça conclusões e faz 
recomendações. É estabelecido em função e sob a responsabilidade 
de um organismo ou de pessoa a quem será Submetido” (ABNT NBR 
10719, 1989, p. 1-2). 
Paper 
“[...] uma síntese de pensamentos aplicados a um tema específico 
[...] a palavra corresponde a ensaio” (MEDEIROS, 2006, p. 235). Deve 
ser escrito em terceira pessoa e também pode referir-se à 
comunicação científica e a textos de Simpósios, Congressos, mesa-
redonda e artigo científico. 
Ensaio 
“Documento escrito, que trata de assunto específico [...]. Transmite 
uma opinião pessoal”. (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 148). 
Resenha 
“Exposição concisa de um acontecimento ou notícia breve e objetiva 
de um livro. Difere da recensão porque, em geral não inclui opinião 
pessoal” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 323). 
TCC 
Trabalho de Conclusão de Curso. Avaliação final em um curso. Pode 
ser apresentado na forma de artigo, projeto, monografia, tese, 
relatório, vídeo etc. TCC também é outro nome que se dá a 
Monografias dos cursos de graduação/ especialização e/ou 
aperfeiçoamento. Também chamadas de Trabalho de graduação 
interdisciplinar – TGI (MEDEIROS, 2006, p. 231). 
Relatório de 
Experiência 
Registra resultados de uma pesquisa ou estudo realizado por um 
grupo ou um indivíduo (CUNHA; CAVALCANTI, 2008). 
Projeto de 
Intervenção 
Trabalho idealizado para propor uma ação considerando as 
demandas explicitadas. 
Fonte: DINIZ, 2017, p. 12. 
É importante lembrar que os diferentes tipos de trabalhos acadêmicos são 
formalizações dos resultados de uma pesquisa. Portanto, é sempre necessário revisar a 
literatura especializada sobre o assunto (USP, 2019, p. 1). Neste sentido, Castro (2008, 
p. 11) destaca que a elaboração de um trabalho acadêmico/científico impõe ao 
pesquisador o cumprimento das regras metodológicas, o compromisso com a ética e o 
respeito às normas que foram estabelecidas pela comunidade científica. 
 
 
 
41 
 
Os padrões metodológicos e normativos representam uma rede de compromissos 
conceituais, teóricos, metodológicos e instrumentais assumidos e compartilhados entre 
os cientistas. Em relação ao processo de pesquisa, a UEL (2019, p. 2) destaca que a 
elaboração sistematizada compreende os seguintes passos: 
1. Escolha do tema e da problematização; 
2. Definição do problema (na forma de pergunta); 
3. Elaboração da(s) resposta(s) provisória(s) para o problema – são as hipóteses 
ou pressupostos de pesquisa; 
4. Definição dos objetivos (gerais e específicos); 
5. Justificativa (indica a contribuição que pode ser esperada do trabalho de 
dissertação); 
6. Escolha das ferramentas de pesquisa (indica o método, o modo como será 
respondida a pergunta-problema, como será feita a coleta e como os dados 
serão encaminhados à análise); 
7. Levantamento bibliográfico (elaborado de modo a dar suporte às ferramentas 
de pesquisa); 
8. Organização do cronograma; 
9. Indicação das referências. 
Atualmente, existem gerenciadores que auxiliam a organização da referência 
bibliográfica (nono passo). Entre elas, destacam-se: MORE, APA Toolbox, BibMe, RefMe, 
Cite This For Me, Endnote Basic, Mendeley e Zotero. Além desses gerenciadores citados, 
é possível utilizar recursos do Gerenciador de Fontes Bibliográficas do Microsoft Word 
para inserir citações e referências nos formatos adequados ao estilo escolhido. 
3.4 Fichamentos e resumos 
Em seu estudo, Rios (2018, p. 1) esclarece que o resumo tem a intenção de indicar os 
principais argumentos do autor sobre uma ideia ou um conceito. Trata-se de uma 
síntese bem objetiva sobre o assunto apresentado, na qual não são inseridos quaisquer 
conteúdos novos por parte de quem está resumindo, já a resenha se caracteriza por 
 
 
 
42 
 
inserçãoda análise do pesquisador resenhista. Araújo et al. (2018, p. 1) indica que a 
resenha acadêmica possui uma estrutura sistematizada e segue o padrão científico na 
elaboração do texto. Sendo que, quanto a sua natureza, uma resenha acadêmica pode 
ser crítica, descritiva ou temática. 
Uma resenha crítica deve apresentar a seguinte estrutura: 
1. Identificação da obra – dados bibliográficos. 
2. Apresentação do conteúdo: assunto geral. 
3. Descrição da estrutura: divisões (capítulos, seções, foco narrativo e 
dimensão). 
4. Descrição do conteúdo: resumo do texto. 
5. Análise crítica: argumentos baseados em outras fundamentações teóricas. 
6. Recomendações: analisar para quem o texto se destina, segundo critérios 
sociais ou pedagógicos (idade, escolaridade, renda etc.). 
7. Identificação do autor: breve relato sobre a vida e a obra do autor. 
8. Identificação do pesquisador resenhista: nome e vínculo acadêmico. 
Exemplo: Luiz Fernando Diniz, aluno do sexto semestre do curso de Pedagogia 
da Universidade de Santo Amaro (UNISA) – Campus I. 
É importante destacar que a resenha descritiva possui a mesma estrutura da resenha 
crítica, no entanto o item nº 5 “análise crítica” deve ser excluído. 
Diferente da resenha crítica e da resenha descritiva, a resenha temática não se restringe 
a uma obra resenhada. Para realizá-la são utilizadas várias fontes que tratam do mesmo 
assunto. A estrutura da resenha temática também é diferenciada: 
1. Apresentação do tema: indicação do assunto principal dos textos. 
2. Justificativa: esclarecimento sobre a escolha do tema. 
3. Resumo enxuto: apresentação do autor e da ideia central de cada texto (não 
apresentar detalhes). 
4. Referências Bibliográficas: dados bibliográficos referentes às obras utilizadas. 
 
 
 
43 
 
5. Identificação do pesquisador resenhista: nome e vínculo acadêmico. Exemplo: 
Ana Clara Gomes, aluna do quinto semestre do curso de Pedagogia, bolsista do 
Programa de Iniciação Científica da Universidade de Santo Amaro (UNISA) – 
Campus II. 
Outra forma de documentação é o fichamento. Em seus estudos, Paiva (2019, p. 8) 
destaca três tipos de fichamento: 
 Bibliográfico 
 De citação 
 De conteúdo 
 De opinião 
Paiva (2019, p. 8) também esclarece que o fichamento bibliográfico pode ser constituído 
de poucas informações: 
 Breve indicação do conteúdo 
 Importância do conteúdo para a pesquisa 
 Localização da obra – biblioteca física, biblioteca digital, arquivo público etc. 
Tabela 3.2 – Exemplo de fichamento bibliográfico. 
Metodologia 
Científica 
A prática retórica de escrita de fichamentos como ferramenta 
de incentivo à pesquisa e ao planejamento textual de outros 
gêneros acadêmicos. 
1 
Bibliografia Completa: 
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3. 
ed.rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991. 
MARTINS, G.A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 3.ed. São 
Paulo: Atlas, 2002. 
MEDEIROS, J. B. Redação Científica: a prática de fichamentos e resenhas. São Paulo: 
Atlas, 2000. 
REY, L. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo: Edgar Blücher, Ed. Da 
Universidade de São Paulo, 1972. 
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. rev. e ampl. São Paulo: 
Cortez, 2000. 
(Biblioteca da Fafidam). 
Fonte: PAIVA, 2019, p. 9. 
 
 
 
44 
 
No fichamento de citação, o pesquisador transcreve as passagens da obra que são 
significativas para sua pesquisa. É relevante destacar que essas transcrições seguem as 
seguintes regras: 
 A citação deve vir entre aspas 
 A citação deve ser finalizada com o número da página 
 A transcrição tem que ser textual 
 A exclusão de palavras ou frases de citação deve ser indicada por reticências 
entre colchetes [...] 
 Nos casos de acréscimos à citação, colocar entre os colchetes [...] 
Tabela 3.3 – Exemplo de fichamento de citação. 
Metodologia 
Científica 
A prática retórica de escrita de fichamentos como ferramenta 
de incentivo à pesquisa e ao planejamento textual de outros 
gêneros acadêmicos. 
2 
RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos Acadêmicos. Revista 
Acadêmica da Faceca, Varginha, n. 3. ago./dez. 2002. 10 p. 
“[...] na produção de um texto científico, denomina-se citação a toda ideia de outra 
pessoa, encontrada pelo pesquisador em algum documento lido ou consultado 
durante o desenvolvimento da pesquisa, [...]”. (2-3) 
(Biblioteca da Faceca) 
Fonte: PAIVA, 2019, p. 10. 
O fichamento de conteúdo é composto por uma síntese do texto. Esta ficha permite ao 
pesquisador extrair as ideias e registrá-las de forma objetiva. Diferente do fichamento 
de citação, a numeração da(s) página(s) é apontada à esquerda da ficha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
Tabela 3.4 – Exemplo de fichamento de conteúdo. 
Metodologia 
Científica 
A prática retórica de escrita de fichamentos como ferramenta 
de incentivo à pesquisa e ao planejamento textual de outros 
gêneros acadêmicos. 
3 
RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos Acadêmicos. Revista 
Acadêmica da Faceca, Varginha, n. 3. ago./dez. 2002. 10 p. 
2-3 O fichamento é importante para a armazenagem de informações retiradas do 
texto. Estes dados poderão ser utilizados posteriormente nos trabalhos científicos. 
6-8 Os principais tipos de fichamento são: tipo citação (cópia fiel da parte do texto), 
esboço ou sumário (resumo das principais ideias) e comentário ou analítico (crítica, 
discussão e análise do texto). 
(Biblioteca particular) 
Fonte: EBAH apud PAIVA, 2019, p. 10. 
“O fichamento opinião (comentário ou analítico) é mesclado por anotações, análises, 
justificativas, apreciações, interpretações e analogias” (PAIVA, 2019, p. 18). Neste caso, 
para utilizar as informações deste fichamento em uma pesquisa, será necessário que o 
pesquisador organize os comentários e análises de forma sistematizada. 
Tabela 3.5 – Exemplo de fichamento tipo comentário ou analítica: 
Metodologia 
Científica 
A prática retórica de escrita de fichamentos como ferramenta 
de incentivo à pesquisa e ao planejamento textual de outros 
gêneros acadêmicos. 
4 
RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos Acadêmicos. Revista 
Acadêmica da Faceca, Varginha, n. 3. ago./dez. 2002. 10 p. 
O aluno de graduação apresenta dificuldade na hora de elaborar a análise ou o 
comentário de um texto. Esta dificuldade é proveniente da pouca leitura acumulada 
pelos alunos de muitos cursos de graduação. Ficam presos ao texto que estão usando 
como base e não conseguem extrapolar os limites do mesmo. Já o fichamento tipo 
citação, quando o aluno tem facilidade de identificar conceitos importantes, ideias 
fundamentais, copiar e fazer os recortes devidos, quando necessário, não é difícil. O 
esboço ou sumário exige capacidade de síntese. 
Fonte: EBAH apud PAIVA, 2019, p. 11. 
 
 
 
 
 
 
 
46 
 
3.5 Entrevistas, tabelas e gráficos 
Uma das estratégias de pesquisa bastante usada em pesquisas educacionais é a 
entrevista. Quanto a sua organização, uma entrevista pode ser: 
 Não-estruturada: o tema da pesquisa é desenvolvido de forma livre 
 Semiestruturada: o pesquisador utiliza um roteiro base para desenvolver a 
entrevista 
 Estruturada: o pesquisador tem uma relação de perguntas pré-estabelecidas 
Alves e Silva (1992, p. 63) esclarecem que o formato da entrevista e o tipo de registro 
determinam a análise de dados que é possível e adequado. É importante destacar que 
é necessário definir como as entrevistas serão encaminhadas, por meio de um roteiro 
ou questionário. Segundo Müller (2014, p. 17), para que o questionário mantenha seu 
objetivo, as questões do instrumento devem: 
 Estar dispostas em uma ordem lógica 
 Ser redigida em linguagem simples e objetiva 
 Conter apenas as perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa 
As questões de um questionário podem ser abertas ou fechadas. As questões abertas 
permitem que o respondente dê sua opinião sem induzir sua resposta com opções

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