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PESQUISA E ENSINO EM EDUCAÇÃO Ieda Barbosa 2 SUMÁRIO 1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO .................................................. 3 2 TIPOS DE PESQUISA ............................................................................... 19 3 ABORDAGENS, MÉTODOS E TÉCNICAS .................................................. 35 4 BANCO DE DADOS, BANCO DE PERIÓDICOS E MECANISMOS DE BUSCA ... ................................................................................................................. 53 5 PANORAMA DA PESQUISA REALIZADA POR PESQUISADORES DA ÁREA DA EDUCAÇÃO - A PESQUISA E A PRÁTICA DOCENTE ............................... 69 6 PRODUÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO E PÔSTER ....................................... 90 3 1 CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO Seja bem-vindo ao universo da pesquisa científica! Para darmos início, é importante entender que a ciência ocupa um lugar de destaque no universo da educação e no desenvolvimento de soluções para problemas que afligem a sociedade contemporânea. Assim, neste bloco estudaremos o conceito de ciência e a natureza do conhecimento científico, tendo como objetivo familiarizá-los com os princípios da produção científica e, por consequência, com a construção de novos conhecimentos. É importante destacar que a pesquisa científica não é um emaranhado de receitas a serem aplicadas, mas sim um processo complexo que exige conhecimento, dedicação, ética e compromisso com a verdade. Ou seja, exige os princípios norteadores daqueles que se comprometem com a construção de um mundo melhor. Objetivos: Diferenciar o conhecimento científico do senso comum. Conceituar os diferentes métodos de pesquisa. Indicar a importância da pesquisa científica para a formação do professor. Relacionar a linha de pesquisa ao grupo de pesquisa. 1.1 Do senso comum ao conhecimento Científico Senso comum é o conhecimento que construímos por meio da vivência. É um tipo de conhecimento construído social e culturalmente, e contém a marca da sabedoria popular, sendo importante destacar que é o conhecimento popular que nasce dos hábitos, costumes e tradições. Além disso, temos que observar que a diferença entre o senso comum e o conhecimento científico não está no objeto que é estudado, mas sim na formas de observação, análise e interpretação destinadas à construção do conhecimento. 4 Em relação ao conhecimento científico, o Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia – The University of California Museum of Paleontology esclarece que: Ciência é sempre um trabalho em andamento e suas conclusões são sempre provisórias. Porém, assim como a palavra “teoria”, “provisório” tem um significado especial quando inserida no contexto científico. Conclusões científicas não são provisórias no sentido de serem temporárias até alguém aparecer com a resposta certa. Conclusões científicas têm seu conteúdo objetivo e sua racionalização bem fundamentada e são provisórias apenas no sentido de que toda ideia está aberta a análise e teste. Em ciência, a efemeridade de ideias como a natureza dos átomos, células, estrelas ou a história da Terra mostra o anseio dos cientistas de modificar suas ideias conforme novas evidências aparecem. (UCMP, 2016) No sentido de criar um quadro comparativo que diferencie o conhecimento popular (senso comum) do conhecimento científico, Trujillo (1974, apud MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 77) sugere o quadro abaixo para facilitar a diferenciação dos dois tipos de conhecimento: Tabela 1.1 – Quadro comparativo: Conhecimento Popular e Científico CONHECIMENTO: POPULAR X CIENTÍFICO Conhecimento Popular Conhecimento Científico Valorativo Real (factual) Reflexivo Contingente Assistemático Sistemático Verificável Verificável Falível Falível Inexato Aproximadamente exato Fonte: MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 77. Assim, é possível concluir que, embora existam diferenças significativas entre as duas formas de conhecimento, tanto o popular quanto o científico são falíveis. Sendo que a exatidão não configura-se como natureza de nenhuma das duas formas, já que o conhecimento popular é inexato e o conhecimento científico é apenas uma aproximação daquilo que configura-se como exato (que não contém erro; certo, correto). 5 Ainda pode-se afirmar que o objetivo da ciência, assim como do senso comum, é conhecer, interpretar e intervir na realidade. No entanto, a ciência tem como diretriz problemas formulados de forma sistemática, segundo métodos científicos previamente definidos. 1.2 Método e metodologia Um dos desafios para aqueles que ingressam no universo científico é diferenciar o método da metodologia e a metodologia da técnica empregada. A confusão entre estes três conceitos pode estar no fato de que na prática eles formarem um conjunto articulado do pensar e fazer ciência. Em outras palavras, a metodologia envolve o método e a técnica, e para cada método escolhido há uma técnica(s) adequada(s). No sentido de facilitar a compreensão do pensar e do fazer ciência, faz-se necessário entender o que é o método. Assim, ao consultar a etimologia da palavra método, encontra-se a seguinte explicação: Methodos (origem grega) Meta (Por meio) Hodos (Caminho) A origem etimológica da palavra método nos leva à expressão “por meio do caminho”, o método científico podendo ser entendido como o caminho que será utilizado para atingir os objetivos previamente definidos. Ainda, método é a resposta para a seguinte questão: Por meio de qual caminho você construirá as bases de sua pesquisa para atingir os objetivos previamente definidos? Para responder a essa questão, faz-se necessário conhecer os diferentes métodos cientificamente aceitos: Método Dedutivo O método dedutivo obedece à regras cartesianas, ou seja, evidência, análise, síntese e enumeração (DESCARTES, 2009, p. 23): 6 1ª Regra – Evidência: evitar os erros da precipitação, que é a emissão de um juízo antes de o entendimento ter chegado a sua completa evidência. 2ª Regra – Análise: dividir as dificuldades no maior número possível de problemas, transformando um problema complexo em diversos problemas mais simples. 3ª Regra – Síntese: organizar o pensamento iniciando do mais simples para o mais composto e complexo. 4ª Regra – Enumeração: fazer enumerações completas e revisões gerais para se certificar que nada foi omitido. Por meio do método dedutivo, teorias e leis consideradas gerais são utilizadas para explicar fenômenos, fatos ou situações específicas. Neste sentido os pressupostos gerais, premissas racionais, são utilizados para se chegar a uma conclusão. Por exemplo: Todas as árvores possuem raízes (premissa). O Jatobá é uma árvore (caso específico). Portanto, o Jatobá possui raízes (conclusão). Método Indutivo Diferente do método dedutivo, o método indutivo parte do princípio de que o conhecimento é fundamentado na experiência. O método preconizado por Francis Bacon (1999) se baseia na generalização a partir de inúmeras observações particulares, é neste sentido que o método indutivo se coloca como a inversão do dedutivo. Para que o conhecimento seja construído por meio da indução, algumas questões devem ser consideradas pelo pesquisador: 1ª Em que circunstância o fenômeno ocorre? 2ª Qual é a frequência da ocorrência? 3ª Em que situação o fenômeno não ocorre? 4ª Em que caso as intensidades são maiores? 5ª Em que caso as intensidades são menores? 7 Responder estas questões é buscar correlações que possibilitem a generalização. Método Hipotético-Dedutivo Para Karl Popper (2006), o estudo de alguns eventos, ou fenômenos, não garante as condições para a generalização; assim, o filósofo e professor austro-britânico faz uma crítica veemente ao método indutivo. Tal crítica resultano desenvolvimento de um novo caminho científico, o método hipotético-dedutivo, o qual envolve: 1ª Formular hipóteses. 2ª Testar as hipóteses. 3ª Falsear ou corroborar a hipótese. É importante destacar que mesmo que uma hipótese seja corroborada, nada impede que novas pesquisas venham a refutá-la. Neste sentido, entende-se que o método hipotético-dedutivo acrescenta ao método dedutivo o princípio da falseabilidade (possibilidade de uma teoria ser refutada). Este princípio foi defendido por Popper como a base da construção científica. Método Dialético Este método caracteriza-se pelo confronto de qualquer conceito tomado como “verdade” com outras realidades e teorias, objetivando uma nova conclusão, uma nova teoria. A dialética prioriza o movimento, a transformação, a dinâmica histórica, cultural e social (CHAVES, 2019, p. 59). Marconi e Lakatos (2010, p. 83) esclarecem que os diferentes cientistas que interpretaram a dialética materialista não concordam quanto ao número e denominação das “leis fundamentais do método dialético”. No geral, é possível destacar quatro princípios: Ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”: todos os objetos e fenômenos apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente unidos e constituem a indissolúvel unidade dos opostos. 8 Mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”: a mudança nega o que é mudado e o resultado, por sua vez, é negado, mas esta segunda negação conduz a um desenvolvimento e não a um retorno ao que era antes. Passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa: no processo de desenvolvimento, as mudanças quantitativas graduais geram mudanças qualitativas e essa transformação se opera por saltos. Interpretação dos contrários, contradição ou luta dos contrários: os aspectos, elementos ou forças internas de um fenômeno ou objeto excluem-se mutuamente; no entanto, não podem existir uns sem os outros. Metodologia Em sentido geral, a metodologia pode ser entendida como “um conjunto de orientações e princípios que podem ser adaptados e aplicados em uma situação específica” (CHARVAT, 2003 apud XAVIER, 2005, p. 1), ou ainda, como “a descrição dos passos dados” (BRAGA, 2016, p. 17) em direção a determinado objetivo. Ao tratar da questão específica da ciência, Demo (1985, p. 19) esclarece que a metodologia trata “das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos. A finalidade da ciência é tratar a realidade teórica e prática. Para atingirmos tal finalidade, colocam-se vários caminhos”. Frente aos inúmeros conceitos de metodologia, Lopes (2011, p. 1) sugere uma relação objetiva entre o método e a metodologia ao afirmar que o “método é o caminho e a metodologia é a forma de caminhar”. Ao tratar da forma de caminhar, Martins (2004, p. 291) esclarece que a metodologia envolve “o conhecimento crítico dos caminhos do processo científico”. 1.3 O que é pesquisa? Para que serve a pesquisa? Para Kerlinger (2007, p. 15-16), a pesquisa é um procedimento racional que, de forma organizada, pretende responder a um determinado problema, objetivo, identificado na vivência prática. Ao tratar da questão da ciência, Marconi e Lakatos (2010, p. 155) acrescentam que “a pesquisa científica permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”. 9 Técnica de pesquisa Ao tratar da questão da técnica de pesquisa, Vasconcelos indica que toda técnica de pesquisa é uma ‘teoria em atos’, ou seja, a forma como os fatos são buscados, selecionados, correlacionados e analisados em cada técnica de pesquisa se constrói a partir dos pressupostos teóricos que orientam, conscientemente ou não, a investigação. (MAGALHÃES Filho, 2007, p. 7). As três principais técnicas de pesquisa são a exploratória, a descritiva e a explicativa. Cada uma delas possui objetivos diferentes, sendo eles: Pesquisa Exploratória: possibilitar a familiaridade com o conteúdo, oferecer informações sobre o objeto e orientar a formulação de hipóteses. Pesquisa Descritiva: descrever um fenômeno ou observação, registrar e analisar os fenômenos ou sistemas técnicos. Pesquisa Explicativa: identificar as causas que explicam a ocorrência de um fato ou fenômeno, ampliar generalizações, definir leis mais amplas, estruturar modelos teóricos, relacionar hipóteses, e gerar hipóteses por força de dedução lógica. 1.4 A formação do professor pesquisador No contexto das transformações científicas e tecnológicas, o papel do professor pesquisador surge como alternativa necessária ao novo modelo de escola demandada pela a atual sociedade do século XXI. Nesse sentido, tratar de professores pesquisadores coloca a pesquisa como um elemento de fundamental importância para ser assumida como elemento norteador da formação e do desenvolvimento profissional do professor (OLIVEIRA, 2017). Em sua análise, Belei et al. (2008, p. 195) destaca a importância do professor pesquisador abordar mais de um recurso de pesquisa, como: 10 Planilhas de notas Portfólio – acervo das atividades Registro dos Diários de Classe Registro fotográfico Registro em vídeo Segundo os pesquisadores, a diversidade permite novos caminhos, reforçando aspectos qualitativos da pesquisa, sem perder a fidedignidade. Cabe esclarecer que o mundo atual é tecnológico, faz parte do cotidiano das pessoas o uso de equipamentos digitais. Esses alteram a forma de viver, de olhar e de aprender. No entanto, muitos pesquisadores ainda possuem uma certa recusa em aceitar a inovação tecnológica, mas deve-se buscar vencer estes mitos. Pois, os softwares de pesquisa, as câmeras fotográficas e filmadoras digitais, a recurso captura de documentos online, entre outros, são facilitadores disponíveis para uso em celulares. Além da questão acadêmica, quando se trata de uma sociedade democrática, espera-se a participação em grandes decisões que envolvem natureza científica e técnica (DUARTE, 2014). Para que participação seja garantida é necessário o desenvolvimento de uma literacia (do inglês literacy) científica crítica, ou seja, a capacidade de ler, de escrever, de compreender e de interpretar a ciência de forma crítica. Responder aos problemas da humanidade é responsabilidade de todos. Assim, compreender que a ciência tem função social é o primeiro passo para o desenvolvimento das pesquisas em educação. A pesquisa desenvolvida por Chizzotti (2016, p. 1571) sugere que é importante que o professor pesquisador compreenda que educação possui as mesmas exigências de reconhecimento científico de qualquer outra área, e a pesquisa é o meio indispensável para esse reconhecimento no mundo acadêmico. Dessa forma, a educação deve atender às mesmas exigências de outros campos científicos: a publicação de artigos em periódicos qualificados ou a justificação de subvenções públicas ou privadas à pesquisa em educação, como componentes fundamentais do reconhecimento científico da área. 11 Ao tratar da formação do professor-pesquisador, Azevedo (2011, p. 73) esclarece que durante muito tempo as pesquisas educacionais foram desenvolvidas por profissionais de outras áreas. Diante deste fato é importante que o professor adote a prática de pesquisa para se tornar um agente consciente da sua própria profissão, assumindo a postura de sujeito pensante e de um profissional intelectual. Segundo Gengnagel et al. (2018, p. 18), a teoria aliada à prática possibilita a integração entre docente, discente, saberes e vivências, além de ser um elemento fundamental para desenvolvimento de uma educação crítica, pois envolve conhecimento científico que, juntamente com empírico, faz com que a tradicional fragmentação do ensino seja superada e a busca por uma educação essencialmente transformadora se processe. Durantesua formação, e mesmo depois dela, o professor deve assumir uma postura investigativa para que tenha a oportunidade de conhecer diferentes pontos de vista relacionados à prática docente e consiga conciliar pesquisa, teoria e prática. 1.5 Linhas de Pesquisa na área da educação O conhecimento científico é uma forma privilegiada de conhecimento e é fundamental para a vida de todas as sociedades contemporâneas. Na medida de suas possibilidades, todos os países se dedicam à promoção da ciência, esperando benefícios dos investimentos nela (FERREIRA, 2009, p. 535). Afirmações sobre a importância da pesquisa educacional para a formulação e o acompanhamento de programas de ação figuram há muito tempo em discussões sobre educação no Brasil. Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) a “linha de pesquisa representa temas aglutinadores de estudos científicos que se fundamentam em tradição investigativa” (CNPQ, 2019). “Uma Linha de Pesquisa é definida como um domínio ou núcleo temático da atividade de pesquisa” (CAPES, 2019). 12 “As linhas de pesquisa aglutinam eixos temáticos dos quais se originam estudos e projetos de pesquisa, que são resultantes da experiência dos docentes e das atividades dos grupos de pesquisa” (UFRGS, 2019). E é importante destacar que um grupo de pesquisa é “a denominação atribuída ao grupo de pesquisadores e estudantes que se organizam em torno de uma ou mais linhas de pesquisa de uma área do conhecimento, com o objetivo de desenvolver pesquisa científica”. O CNPQ esclarece que elas subordinam-se aos grupos e, assim, um grupo deve registrar nele tantas quanto forem as linhas que desenvolve. Não necessariamente todos os integrantes precisam estar associados a todas as linhas. Por exemplo, um grupo com três linhas pode ter um integrante associado às Linhas 1 e 3, outros dois integrantes associados apenas à Linha 2 (CNPQ, 2019). Exemplos de articulação entre a área do conhecimento, grupo de pesquisa e linha de pesquisa: Tabela 1.2 – Grupo de pesquisa, área e linhas (UNISA Educação). Grupo de pesquisa Área do conhecimento Linha de pesquisa Públicas, Infância e Culturas Escolares. Educação Escolas Libertárias, Socialistas e Democráticas História Social da Infância Inclusão: representação social, políticas públicas e processos formativos Educação inclusiva e políticas públicas Educação A formação de professores para a diversidade na perspectiva da educação inclusiva Educação, Direitos humanos e diversidade Inclusão educacional e Transtornos do Espectro do Autismo UNISA/CNPQ, 2019. 13 O CNPQ (2019) esclarece que o cadastro de um grupo é feito pelo seu líder, “por meio de um formulário eletrônico padronizado e mediante CPF e Senha CNPq (a mesma do CV Lattes)”. Para ter acesso ao formulário, o líder precisa estar previamente autorizado como tal pelo Dirigente de pesquisa da sua instituição. É importante destacar que o campo para pesquisa em educação, assim como em outras áreas do conhecimento, é inesgotável. Neste sentido, Gabini (2019, p. 1) destaca que apoiar a diversidade das temáticas e reconhecer a relevância das diferentes áreas do conhecimento para a pesquisa é fundamental. É importante lembrar que a formação do professor pesquisador se dá por meio da integração ensino e pesquisa e da produção e socialização do conhecimento. Na carreira docente, o professor pesquisador é desafiado a romper com algumas barreiras que a tradição acadêmica construiu ao longo do tempo, bem como “assumir posicionamentos que farão diferença no cotidiano institucional” (FELÍCIO, 2010, p. 145). Uma outra forma de registro de pesquisa é por meio da Cátedras da Unesco, lançada em 1992 junto com o Programa UNITWIN (University Twinning). Este programa tem o objetivo de oferecer formação por meio do intercâmbio de conhecimentos entre os países em desenvolvimento. Os dois programas – Cátedra Unesco e Unitwin - têm, como principal objetivo a promoção da formação, pesquisa e outras atividades para a produção de conhecimento em consonância com os objetivos e as diretrizes dos programas e áreas de alta prioridade para a UNESCO. A Unesco esclarece que uma Cátedra pode ser criada como uma nova unidade dentro dos departamentos da universidade, para fomentar os programas de ensino e pesquisa já existentes. Essa unidade inclui: O Coordenador da Cátedra, como um líder acadêmico; Professores participantes da instituição ou associados; Estudantes de pós-graduação e pesquisadores da instituição da Cátedra. 14 Tabela 1.3 – Lista de Cátedras UNESCO. INÍCIO CÁTEDRA UNESCO Área 13/12/2018 Para Sustentabilidade dos Oceanos 07/12/2018 Sobre Fronteiras e Migração 05/02/2018 Em Políticas Linguísticas para o Multilinguíssimo 03/10/2017 De Políticas Culturais e Gestão 11/11/2014 Em Educação Aberta 1. Educação 10/07/2012 Em Diversidade Cultural, Gênero e Fronteiras 08/05/2012 Em Tecnologia de Comunicação e informação na Educação 03/02/2012 De Educação e Inovação para Cooperação Solidária 2. Educação 10/02/2011 Archai IH/FIL: Origens Plurais do Pensamento Ocidental 03/02/2010 Em Profissionalização Docente 3. Educação 12/11/2019 De Bioética 08/10/2009 Dom Helder Câmara de Direitos Humanos 03/07/2009 Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial 4. Educação 13/0/2008 Sobre os Desafios Sociais Emergentes 13/05/2008 De Juventude, Educação e Sociedade 5. Educação 01/04/2008 De Direito à Educação 6. Educação 31/08/2006 De Cooperação Sul-Sul para o Desenvolvimento Sustentável 19/07/2006 De Leitura 12/02/2006 Água, Mulheres e Desenvolvimento 17.11.2004 De Educação e Desenvolvimento Humano 7. Educação 19.03.2002 Em Trabalho e Sociedade Solidária 12.01.1997 De Ciência da Educação para a Formação de Docentes e Investigação Educativa 8. Educação 12.11.1996 De Comunicação para o Desenvolvimento Regional 17.11.1994 De Educação à Distância 9. Educação 19.06.1994 Em Ciências da Educação, com Ênfase em Educação a Distância 10. Educação Fonte: UNESCO, 2019. 15 Conclusão No título “Do senso comum ao conhecimento Científico”, vimos que “senso comum” é o conhecimento construído por meio da vivência, e que a diferença entre o senso comum e o conhecimento científico não está no objeto que é estudado, mas sim nas formas de observação, análise e interpretação, sendo que a diretriz da ciência é formular problemas de forma sistemática, segundo métodos científicos previamente definidos. O capítulo “Método e metodologia” nos fez entender que “método é o caminho e a metodologia é a forma de caminhar”. Sendo os métodos dedutivo, indutivo e dialético, diferentes formas de caminhar. Com as questões “O que é pesquisa?” e “Para que serve a pesquisa?”, vimos que as três técnicas de pesquisa (exploratória, descritiva e explicativa) atendem a objetivos diferentes, sendo eles, respectivamente: possibilitar a familiaridade com o conteúdo, oferecer informações sobre o objeto e orientar a formulação de hipóteses; descrever um fenômeno ou observação, registrar e analisar os fenômenos ou sistemas técnicos; e identificar as causas que explicam a ocorrência de um fato ou fenômeno, ampliar generalizações, definir leis mais amplas, estruturar modelos teóricos, relacionar hipóteses, e gerar hipóteses por força de dedução lógica. Com a discussão sobre “A formação do professor pesquisador” concluímos que a teoria aliada à prática possibilita a integração entre docente, discente, saberes e vivências, além de ser um elemento fundamental para desenvolvimento de uma educação crítica, pois esta envolve conhecimento científico que, juntamente com empírico, faz com que a tradicional fragmentação do ensino seja superada e a busca por uma educação essencialmente transformadorase processe. Sobre as “Linhas de Pesquisa na área da educação” chegamos à compreensão de que a linha de pesquisa representa temas aglutinadores de estudos científicos que se fundamentam em tradição investigativa. As linhas de pesquisa aglutinam eixos temáticos dos quais se originam estudos e projetos de pesquisa, que são resultantes da experiência dos docentes e das atividades dos grupos de pesquisa. 16 REFERÊNCIAS AZEVEDO, C. B. A formação em pesquisa do professor de história. Revista NUPEM, v. 3, n. 5, p. 73-92, ago./dez. 2011. Disponível em: <http://fecilcam.br/revista/index.php/nupem/article/viewFile/60/43>. Acesso em: Acessado em: 26 ago. 2019. BACON, F. Novum organum ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza; Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural, 1999. 254 p. (Os pensadores). BELEI, R. Ap. et al. O uso de entrevista, observação e videogravação em pesquisa qualitativa. Cadernos de educação, v. 30, n. 1, p. 187-199, jan./jun. 2008. Disponível em: <https://bit.ly/2quyt0P>. Acesso em: Acessado em: 26 ago. 2019. BRAGA, J. L. O que é comunicação? Líbero. v. 19, n. 38, p. 15-20, jul./ dez. 2016. Disponível em <https://bit.ly/2O3oqsP>. Acesso em: Acessado em: 26 ago. 2019. COORDENAÇÃO de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Linhas de pesquisa, 2019. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/tutorial- sucupira/Programa_LinhasPesquisa.html>. Acessado em: 26 ago. 2019. CHAVES, N. P. S. Os princípios didáticos na perspectiva marxista da educação: limites e avanços a partir do estudo de seus fundamentos à luz da teoria da subjetividade. Uberlândia: UFU, 2019. 24 p. CHIZZOTTI, A. As ciências humanas e as ciências da educação. Revista e-Curriculum, v. 14, n. 4, p. 1556-1575, 2016. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/curriculum/article/view/30436>. Acessado em: 26 ago. 2019. CONSELHO Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Diretório dos Grupos de pesquisa, 2019. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/web/dgp/home>. Acessado em: 27 ago. 2019. DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da Ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985. 17 DESCARTES, R. Discurso do método. 4. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. 123 p. (Clássicos WMF). DUARTE, F. T. B. A Fermentação alcoólica como estratégia no ensino de transformação química no nível médio em uma perspectiva interdisciplinar. Brasília, 2014. 50 p. FELÍCIO, Helena Maria dos Santos. O papel do professor/pesquisador na construção do projeto político pedagógico no Ensino Superior. Olhar de professor, v. 13, n. 1, p. 145- 153, 2010. FERREIRA, N. S. C. A gestão do conhecimento no contexto hodierno: do “produtivismo” à humanização da formação. EccoS Revista Científica, v. 11, n. 2, p. 529-548, 2009. GABINI, W. S. Editorial. Revista Eletrônica da Educação, v. 2, n. 1, p. 1. GENGNAGEL, C. L. et al. A Importância do Trabalho de Campo: Uma Experiência no Programa de Mestrado e Doutorado em Geografia da Universidade Federal de Santa Maria. In: ALVES, I. G. A. et al. (Orgs.). Produção e democratização do conhecimento na Ibero-América. Criciúma: UNESC, 2018. p. 15-25. Disponível em: <http://periodicos.unesc.net/congressoeducacao/article/download/4515/4127>. Acessado em: 27 ago. 2019. KERLINGER, F. N. Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento conceitual. São Paulo: Epu, 2007. 378 p. LOPES, E. B. Diferenças dos Tipos de Eventos. Curitiba: EMATER, 2011. MAGALHÃES Filho, José Rômulo de. Fichamento de Textos Acadêmicos. Salvador: Unijorge 2007. Disponível em: <http://www.jvasconcellos.com.br/unijorge/wp- content/uploads/2012/03/fichamento-0.pdf>. Acessado em: 2 set. 2019. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 7 edição. Rio de Janeiro: Editora Atlas, 2010. 18 MARTINS, H. H. T. de S. Metodologia qualitativa de pesquisa. Educação e pesquisa, v. 30, n. 2, p. 289-300, 2004. OLIVEIRA, R. E. de. O lugar da pesquisa científica na formação do professor. NATAL: UFRN, 2017, 38 p. ORGANIZAÇÃO das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Representação da Unesco no Brasil, 2018. Disponível em: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/networks/unesco-chairs- programme/unesco-chairs-in-brazil/>. Acessado em: 2 set. 2019. POPPER, K. R. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 2006. 267 p. UCPM, Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia. Entendendo a Evolução: Natureza da ciências: A ciência funciona de formas específicas: características. Tradução Universidade São Paulo. Maryland, EUA: HHMI, 2016. Disponível em: <https://evosite.ib.usp.br/siteindex.shtml>. Acessado em: 2 set. 2019. UFRGS, Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Áreas de Concentração e Linhas de Pesquisa, 2019. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ppgenf/areas-de- concentracao-e-linhas-de-pesquisa>. Acessado em: 2 set. 2019. UNISA, Programa Institucional de Iniciação Científica. Grupos De Pesquisa Certificados Pela Instituição. São Paulo: Unisa [online], 2019. Disponível em: <http://www.unisa.br/media/GRUPOSdePESQUISA2018-5.pdf>. Acessado em: 2 set. 2019. XAVIER, C. M. et al. Metodologia de gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: Brasport, 2005. 19 2 TIPOS DE PESQUISA Neste bloco vamos ingressar no espaço da organização da pesquisa. Lembrando que uma boa organização facilita a gestão do tempo e dos processos, por parte do pesquisador. Para uma boa escolha metodológica, o pesquisador deve estar familiarizado com os diferentes tipos de pesquisa. Para tanto, a pesquisa qualitativa e a quantitativa serão caracterizadas, e as pesquisas bibliográfica, documental, de campo e etnográfica serão descritas. É importante destacar que o estudo de caso também é objeto de estudo deste bloco. Considerando as peculiaridades do “fazer pesquisa” na atualidade, a questão da pesquisa digital e das redes colaborativas merecerá um subtítulo específico. Bom estudo! Objetivos Mostrar a importância da organização para o sucesso de uma pesquisa. Reconhecer as diferenças entre a abordagem quantitativa e a abordagem qualitativa. Caracterizar e diferenciar a pesquisa bibliográfica da documental. Entender as peculiaridades da pesquisa de campo, do estudo de caso e da pesquisa etnográfica. Compreender as mudanças no processo de pesquisa impulsionado pelo avanço tecnológico. 2.1 Organização da Pesquisa Para aqueles que iniciam o processo de pesquisa é importante entender que toda e qualquer pesquisa exige um planejamento prévio. É necessário que o pesquisador faça uma estimativa de tempo relacionada às várias etapas, além da previsão dos recursos e infraestrutura que serão necessários para a realização da pesquisa. 20 São de responsabilidade do pesquisador: Conhecer as normas que norteiam os trabalhos acadêmicos. Definir as ferramentas computacionais de apoio necessárias. Elaborar critérios que garantam a segurança da informação. Escolher o método de sistematização das informações levantadas. Estabelecer um cronograma de trabalho. Providenciar recursos (materiais e imateriais) para a pesquisa bibliográfica. É importante destacar que um pesquisador em educação deve orientar sua pesquisa no sentido de produzir conhecimentos para a construção de processos educativos de qualidade. Esta questão está relacionada à preocupação com a escolha do assunto a ser pesquisado. No sentido de nortear esta escolha, algumas ações são fundamentais: Caracterização do objeto, com rigor e clareza. Diferenciação entre ciência, crenças, sabedoria e opiniões. Sistematização de dados e resultantes do uso de instrumentos específicos. Apreciação dos conceitos específicos da área. Fundamentação teórica e instrumentalização técnica. Construção intelectual e material criativa. Articulaçãoentre a técnica, a prática e a fundamentação teórica. A importância da articulação entre ensino e pesquisa no Brasil está destacada no Art. 3º do Capítulo I da Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018: “A Extensão na Educação Superior Brasileira é a atividade que se integra à matriz curricular e à organização da pesquisa, constituindo-se em processo interdisciplinar, político educacional, cultural, científico, tecnológico, que promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação do conhecimento, em articulação permanente com o ensino e a pesquisa”. 21 Tozoni-Reis (2010, p. 27) esclarece que a pesquisa é uma importante atividade de professores e alunos nas instituições de ensino superior, sendo que a pesquisa é considerada uma das principais funções sociais do ensino superior. A universidade representa um espaço educativo privilegiado, onde a produção crítica de conhecimentos contribui para o desenvolvimento sociocultural do país. A pesquisa nos cursos de graduação tem o objetivo de produzir conhecimentos atualizados e significativos para fundamentar as atividades de formação humana e profissional. A pesquisa tem relação direta com a prática de estudo, um professor que estuda para melhor fundamentar sua ação pedagógica, faz pesquisa. Contudo, a pesquisa científica se apresenta de forma sistemática, com pretensões de racionalidade e aplicação generalizada. Ela precisa apoiar-se o mais claramente possível no objeto investigado, seja este objeto formado por eventos, pessoas ou teorias. Não raro, uma pesquisa percorre diferentes áreas do saber que interagem por meio da integração de conceitos consagrados e da construção de novos conceitos. 2.2 Abordagem quantitativa e qualitativa Uma das primeiras distinções sobre o tipo da pesquisa se refere à abordagem que será utilizada pelo pesquisador. Sendo que a escolha de uma abordagem específica deve seguir critérios que foram previamente estabelecidos. Tais critérios estão relacionados aos objetivos da pesquisa e ao método (caminho) escolhido. É importante destacar que tanto a abordagem quantitativa, como a qualitativa possuem vantagens e limitações, assim, não é correto afirmar que uma ou outra seja a melhor. Ao caracterizar a pesquisa qualitativa, Silveira e Córdova (2009, p. 32) esclarecem que é um tipo de pesquisa direcionada aos aspectos que não podem ser quantificados, como a compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. O foco deste tipo de pesquisa são as crenças, valores e atitudes que norteiam as relações e fenômenos sociais, características de natureza qualitativa e não quantitativa. Aplicada inicialmente em estudos de Antropologia e Sociologia, este tipo de pesquisa tem expandido seu uso para a Educação. 22 Para os pesquisadores das Humanas e Ciências Sociais, Silva et al. (2014, p. 4) alertam sobre os cuidados ao se escolher a pesquisa de natureza quantitativa, pois ela só deve ser utilizada quando o pesquisador tem um grande conhecimento a respeito do que irá investigar, caso contrário não será possível construir uma escala de atitude (instrumento fechado: apresenta-se uma frase e pede para os respondentes expressarem seu grau de concordância ou discordância) e “listar” todas as possibilidades, para que o instrumento seja completo e contemple todas as possíveis dimensões que serão estudadas. Tabela 2.1 – Comparativo: Pesquisa Qualitativa x Pesquisa Quantitativa PESQUISA QUALITATIVA PESQUISA QUANTITATIVA Depende de dedução – conclusões, raciocínio ou inferências de princípios gerais para particulares. Depende de indução – generalizações pela coleta, exame e análise de casos específicos. Requer envolvimento do pesquisador com as pessoas, eventos e ambiente como parte integrante do processo. Requer imparcialidade por parte do pesquisador. Oferece valor especial no processo de produção de novos conceitos ou teorias. Foco no exame de teorias e generalizações de pesquisa. Procura fornecer descrição completa do fenômeno em toda sua complexidade. Procura estabelecer relacionamento de causa e efeito em ou entre experiências. Tenta descobrir e mostrar suposições que estão por trás das ações ou eventos. Focaliza mais no teste das suposições em vigor. Usa contextos de uma situação natural como dados primários. Lida com descrições detalhadas dos contextos de uma situação. Constrói ou controla contextos de uma situação e lida com quantidades e números como dados primários. Inicia com questões ou problemas amplos e procura limitá-los. Inicia com fenômeno específico e tenta relacioná-los a outros, para esclarecer questões mais amplas. Tende a lidar com amostras pequenas e únicas (sem igual). Encoraja o estudo de grandes amostras e altamente representativas. Considera o contexto dos eventos como parte integrante dos dados primários. Tende a desconsiderar o contexto ou controlá-lo, para minimizar influências de nuances que possam afetá-lo. Depende profundamente de relatar, informar para demonstrar significância. Utiliza análise estatística, particularmente empregando probabilidades, para demonstrar significância. Fonte: FERNANDES, 2003, p. 19. 23 2.3 Pesquisa documental e bibliográfica Abriremos este tópico diferenciando a pesquisa bibliográfica da pesquisa documental, pois, não raro, elas são tratadas como versões diferentes do mesmo processo. Para tanto, faz-se necessário diferenciar os tipos de fontes de informação usados por cada uma delas. Em sua análise cuidadosa, Pinheiro (2006, p. 1) destaca que o guia da University Libraries define como fontes primárias aquelas que não foram filtradas por interpretações, ou seja, fonte primária é um material original (com informações originais) produzido por instituições ou pessoas, mas que ainda não foi interpretado por outros pesquisadores ou analistas, já uma fonte secundária é composta por materiais interpretativos e/ou avaliativos que se serviram das fontes primárias. Para ficar mais claro, podemos considerar os artigos que compõem os periódicos de natureza científica, alguns são fontes primárias, pois apresentam informações novas, originais, outros se apresentam como fonte secundária, pois se configuram como revisão de literatura, ou seja, são formas sistematizadas de interpretação de materiais originais. Ainda sobre a questão das “fontes primárias”, acrescentam-se: Documentos estatísticos: documentos que apresentam sob a forma de tabelas, gráficos e textos, informações produzidas por institutos de pesquisa estatística. Documentos institucionais: produzidos por instituições governamentais, como projeto de lei, relatórios de órgãos governamentais, entre outros; ou produzidos por instituições civis, tais como atas de sindicatos, relatórios de associações comerciais e industriais, deliberações em igrejas, entre outros. Documentos pessoais: cartas, diários, memórias, autobiografias são alguns exemplos. Documentos midiáticos: jornais, revistas, fitas de cinema, programas de rádio e televisão. 24 Quanto ao acesso aos documentos, Kripka et al. (2015, p. 243) esclarecem que: pode ser fechado (não acessíveis a terceiros); restrito (acessíveis apenas por um grupo); aberto (todos tem acesso em apenas um arquivo); e público (publicado e acessível a qualquer parte interessada). Na pesquisa bibliográfica são pesquisados materiais teóricos já analisados e publicados de forma impressa ou digital. Cabe aqui lembrar que ao acessar um determinado material na internet, o pesquisador tem que se certificar da natureza do mesmo, ou seja, cabe ao pesquisador identificar se está consultando um livro na íntegra, um capítulo de livro, um artigo de um periódico, ou uma notícia, lembrando que notícia é uma fonte primária (notíciase caracteriza por um texto informativo de interesse público, que narra algum fato recente ocorrido no país ou no mundo) e, neste caso, a pesquisa é documental. Diferente da pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental contém informações originais. Ao tratar da pesquisa documental, Cunha (2001, p. 1) reforça a ideia de que os documentos são fontes de novas informações, sendo que a apresentação de alguns documentos podem ter o aspecto de registro de observações e outros de relatórios descritivos: Registro de observações – documento que descreve o que ocorre, no momento em que ocorre, na sequência em que os fatos se dão, cuidando-se de se seguir as recomendações técnicas para que se tenha uma linguagem científica (FAGUNDES, 2015, p. 32). Relatório descritivo – registro dos resultados da avaliação de vivências, habilidades, avanços e dificuldades; ou registro descritivo detalhado sobre a tecnologia, design e aplicação de um invento. 25 2.4 Pesquisa de campo, estudo de caso, pesquisa etnográfica Em relação à importância da pesquisa em educação, Lüdke e Cruz (2005, p. 83) destacam que o professor precisa assumir-se como pesquisador da própria prática, por meio de uma crítica sistemática da sua atividade. As autoras esclarecem que quando a pesquisa é a base da educação, as salas de aula se transformam em “típicos laboratórios de ensino”. Neste sentido, os protocolos da pesquisa de campo e do estudo de caso são fundamentos essenciais para a boa prática docente. Na pesquisa de campo, o pesquisador coleta os dados no ambiente em que os pesquisados estão inseridos (PRESTES, 2014). Neste sentido, o pesquisador vai até “os pesquisados” para aplicar os questionários ou para fazer as entrevistas. A observação ou outros protocolos podem servir de recursos para a coleta de dados. Gil (2008, p. 53) destaca que entre as mais variadas técnicas, as entrevistas facilitam a identificação das respostas que não são fiéis à verdade. Mas, pelo fato do formulário ser documento padronizado e facilitar a tabulação dos dados, elas são muito utilizadas. Fiorentini e Lorenzato (2009, p. 116) nos alertam que o pesquisador sempre produz intervenções no ambiente a ser investigado, o que causa desconforto aos pesquisados. Neste sentido, é recomendável que a intervenção seja a mínima possível, a menos que seja o caso de uma pesquisa de intervenção intencional, como a “pesquisa colaborativa” – nesse tipo de pesquisa, todos os participantes são, ao mesmo tempo, objetos e sujeitos da pesquisa e a interferência do pesquisador é pouco problemática. O pesquisador em educação deve saber que a ética é o princípio norteador de sua ação. No sentido de caracterizar as especificidades da pesquisa em Ciências Humanas e Sociais, o Conselho Nacional de Saúde pontua na Resolução nº 510, de 07 de Abril de 2016: A ética é uma construção humana, portanto histórica, social e cultural; A ética em pesquisa implica o respeito pela dignidade humana e a proteção aos participantes; O agir ético do pesquisador demanda ação consciente e livre do participante; 26 A pesquisa exige respeito e garantia do pleno exercício dos direitos dos participantes; A pesquisa deve ser concebida, avaliada e realizada de modo a prever e evitar possíveis danos aos participantes; A pesquisa tem especificidades nas suas concepções e práticas; A ciência possui uma acepção pluralista; A perspectiva teórico metodológica é diversificada; A relação pesquisador-participante é processual e dinâmica. Diferente da pesquisa de campo, no estudo de caso, o pesquisador não intervém no ambiente estudado. Fontelles (2009, p. 7) esclarece que o estudo de caso é direcionado de forma específica a um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social e tem por objetivo conhecer o “como” e o “porquê” de uma determinada situação. Neste processo, não é intenção do pesquisador intervir no contexto estudado, mas revelá-lo como ele o percebe. O estudo de caso, quando bem conduzido, proporciona uma compreensão de determinados fenômenos em profundidade, além de ser bastante comum para estudos empíricos. Ao tratar da educação, Lüdke e André (1986, p. 18-20) destacam sete características do estudo de caso: 1. Buscam retratar a realidade de forma completa e profunda. 2. Enfatizam a ‘interpretação em contexto’. 3. Procuram representar os diferentes pontos de vista presentes numa situação social. 4. Revelam experiência vicária e permitem generalizações naturalísticas. 5. Usam uma variedade de fontes de informação. 6. Utilizam uma linguagem e forma acessíveis. 7. Visam à descoberta. 27 Em relação ao plano de pesquisa, Yin (2001, p. 33) esclarece que o pesquisador de campo deve definir claramente quais as questões que serão estudas, quais os dados que são considerados relevantes, quais os dados que serão coletados e como serão analisados os resultados observados. Para aumentar a confiabilidade do estudo de caso, o pesquisador deve desenvolver e orientar sua pesquisa segundo um protocolo que contenha: a) Uma visão geral do projeto do estudo de caso. b) Procedimentos de campo. c) Questões de estudo de caso. d) Um guia para o relatório do estudo de caso. A pesquisa etnográfica é outro tipo de pesquisa bastante usada para descrever e analisar processos educativos, as relações entre escola, professor, aluno e sociedade. Este tipo de pesquisa [...] fundamenta-se na inserção do pesquisador em um campo diferente, do ponto de vista cultural, de seu próprio habitat durante um longo período. A prática etnográfica consiste basicamente em estabelecer relações, selecionar informantes e tentar salvar o dito em um discurso social em formas pesquisáveis. O estudo de caráter etnográfico é realizado segundo dois conjuntos de hipóteses sobre o comportamento do homem: a hipótese naturalista-ecológica e a hipótese qualitativo-fenomenológica. Segundo os pressupostos da hipótese naturalista-ecológica, o homem se comporta de acordo com o ambiente em que vive. Neste sentido, a sociedade, a comunidade, a família e até mesmo elementos materiais e simbólicos exercem influência sobre pensamento, atitude e comportamento humanos. A hipótese qualitativo-fenomenológica, por sua vez, afirma que, para entender o comportamento humano, é necessário considerar as relações que influenciam a interpretação, os pensamentos, os sentimentos e as ações (SOUSA; BARROSO, 2008, p. 151). Em relação à pesquisa etnográfica, Silveira e Córdova (2009, p. 41) que suas características específicas são: A coleta dos dados descritivos, transcritos literalmente para a utilização no relatório; A ênfase no processo, e não nos resultados finais; A flexibilidade para modificar os rumos da pesquisa; 28 A interação entre pesquisador e objeto pesquisado; A não intervenção do pesquisador sobre o ambiente pesquisado; A variação do período, que pode ser de semanas, de meses e até de anos; A visão dos sujeitos pesquisados sobre suas experiências; O uso da observação participante, da entrevista intensiva e da análise de documentos. 2.5 Ferramentas Digitais e Redes Colaborativas de Pesquisa A intensificação da pesquisa colaborativa está relacionada com a multiplicação de projetos que requerem grande volume de recursos, conhecimento em diversas áreas, além de instrumentações complexas e diversificadas. A colaboração, geralmente restrita à interação entre dois parceiros, passa a envolver o trabalho de grandes equipes. Outra característica da pesquisa colaborativa é que além de ser multidisciplinar, é “multi- institucional” (CHOMPALOV, 1999, p. 339). Estas características possibilitam: A formação de novos pesquisadores. O aumento da inovações técnico-científicas. O aumento da produtividade científica. O desenvolvimentode vários projetos simultâneos. O fortalecimento de novos campos do conhecimento. Porto et al. (2018, p. 11) defende a ideia de que todo pesquisador seja um comunicador, afirmando que não existe ciência sem comunicação. A autora explica que o conhecimento científico que não circula não produz efeito. Sendo que, comunicar com os pares e divulgar trabalhos para a comunidade científica e não científica é um ato necessário à ciência. No contexto da cibercultura (cultura contemporânea estruturada pelas tecnologias digitais), as relações entre produção, difusão e divulgação são reinventadas, o que possibilita a democratização da ciência. 29 Além de possibilitar a democratização da ciência, Lohr (2013, p. 2) aponta que a tecnologia tem a capacidade de reunir, medir e analisar informações. Em seu artigo, o jornalista declara que conhecimentos especializados estão crescendo e criando um novo vocabulário: em ciências políticas, a análise quantitativa é chamada metodologia política; em história, existe a cliometria (união entre a História e a Economia); na literatura, a estilometria (o estudo do estilo da escrita de um autor); e nas ciências humanas e sociais, a culturométrica (o termo usado para descrever pesquisas quantitativas). A tecnologia está facilitando o trabalho do pesquisador (MORAES, 2018, p. 5), um exemplo é o Mendeley, software gratuito, usado para gerenciar, compartilhar, ler, anotar e editar artigos científicos. O Mendeley funciona, também, como rede social acadêmica para descobrir tendências de investigação e para conectar-se a outros pesquisadores na área de interesse. Outra rede colaborativa bastante popular entre os pesquisadores é a ResearchGate, voltada para a integração de cientistas e pesquisadores. Esta plataforma “oferece diversos recursos interativos, incluindo compartilhamento de arquivos e de publicações, fóruns, discussões metodológicas, além da busca semântica por resumos das publicações armazenadas no repositório, entre muitos outros recursos. Os membros ainda podem criar seu próprio blog pessoal dentro da rede” (UFMG, 2017). Em relação à segurança das redes colaborativas, Wangham et al. 2007, p. 99) destaca o estabelecimento dinâmico de relações de confiança, a definição de políticas globais de qualidade e de proteção e, no caso das organizações virtuais, a privacidade na busca e seleção de parceiros. Na comunicação entre os participantes das redes colaborativas, deve-se garantir a confidencialidade, a integridade e a autenticidade das informações transmitidas. Innarelli (2011, p. 75) destaca que durante algum tempo acreditava-se que a documentação digital estaria livre de problemas tradicionais relacionados ao acondicionamento, degradação do suporte, obsolescência, falta de confiabilidade e de 30 espaço para o armazenamento. Porém, o tempo nos ensinou que a tecnologia por si só não soluciona todos esses problemas, pelo contrário, inclui novos problemas, que necessitam da interferência humana e de políticas de preservação digital para serem solucionados. Para preservar documentos digitais, Ferreira (2006, p. 33) recomenda o refrescamento (rejuvenescimento e migração). O processo de refrescamento consiste na transferência de informação de um suporte físico de armazenamento para outro, mais atual, antes que o primeiro se deteriore ou se torne obsoleto. O refrescamento em tempo pré- determinado não constitui a única estratégia de preservação. Mas, é um pré-requisito para o sucesso de qualquer estratégia de preservação. A frequente verificação da integridade dos suportes físicos, assim como o seu refrescamento periódico, são consideradas atividades vitais para a preservação de arquivos digitais. Conclusão Quando estudamos a questão da organização da pesquisa, vimos que qualquer pesquisa exige planejamento com objetivo de produzir conhecimentos e construir processos educativos de qualidade. Cabe ressaltar que a organização da pesquisa é processo interdisciplinar, político educacional, cultural, científico, tecnológico, que promove uma interação transformadora. Em relação às pesquisas qualitativa e quantitativa, é importante destacar que tanto uma como a outra possui vantagens e limitações. Sendo que a pesquisa qualitativa é direcionada aos aspectos que não podem ser quantificados e a pesquisa quantitativa só deve ser utilizada quando o pesquisador tem um grande conhecimento sobre o que irá investigar. Os processos de pesquisa podem priorizar fontes primárias ou fontes secundárias, sendo que as fontes primárias são originais e não foram filtradas por interpretações, e são compostas por materiais interpretativos e/ou avaliativos que se serviram das fontes primárias e/ou secundárias (em alguns casos). Nas pesquisas bibliográficas são utilizadas fontes secundárias e nas pesquisas documentais as fontes são primárias. 31 Para diferenciarmos as pesquisas de campo do estudo de caso e da pesquisa etnográfica, é necessário considerar que na pesquisa de campo o pesquisador coleta os dados no ambiente em que os pesquisados estão inseridos e que, diferente da pesquisa de campo, no estudo de caso, o pesquisador não intervém no ambiente estudado. A pesquisa etnográfica é outro tipo de pesquisa bastante usada quando a ênfase está no processo e não nos resultados. Uma das questões relevantes relacionadas à pesquisa é o desenvolvimento tecnológico: a tecnologia está facilitando o trabalho do pesquisador. Um exemplo é o Mendeley, software gratuito, que funciona para edição de artigos científicos e também como rede social acadêmica. Outra rede colaborativa bastante popular entre os pesquisadores é a ResearchGate, voltada para a integração de cientistas e pesquisadores. 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Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. 35 3 ABORDAGENS, MÉTODOS E TÉCNICAS Neste bloco estudaremos a importância e aproveitamento da leitura para aqueles que se dedicam à pesquisa. Um dos tópicos relevantes abordado por este bloco é a questão da documentação, pois para que uma pesquisa seja bem aproveitada, faz-se necessária uma documentação sistematizada de forma funcional, clara e objetiva. Além da questão da documentação, veremos critérios utilizados para redigir textos acadêmicos e científicos, fichamentos e resumos. Será, também, objeto deste bloco a análise sobre entrevistas, tabelas e gráficos. Bom estudo! Objetivos Mostrar a importância do aproveitamento da leitura e da documentação. Apontar os critérios e regras para a redação de textos científicos/acadêmicos. Diferenciar os vários tipos de trabalhos científicos e acadêmicos. Definir os vários tipos de fichamentos, resumos e resenhas. Entender a relação entre entrevistas, tabelas e gráficos. 3.1 Leitura e documentação A leitura representa um grande passo para a aquisição do conhecimento, pois ela é uma das condições para o funcionamento e desenvolvimento do pensamento crítico. A relação entre valores, conhecimentos prévios, conceitos, conhecimentos e leitura levam a construção de questionamentos e avaliações (OLIVEIRA, 2003, p. 1). Em uma pesquisa educacional, a leitura oferece os subsídios necessários para aprofundar o conhecimento sobre o tema e para a escolha e fundamentação sobre a metodologia a ser empregada. Para desenvolver o hábito da leitura, GILROY (2011, p. 1- 3) indica como estratégias: 36 1. Pré-visualizar: olhe o texto antes de começar a ler. 2. Comentar: faça sua leitura intensiva do início ao fim. 3. Descrever, resumir e analisar: desmontar as informações, examinar suas partes e remontar usando suas palavras. 4. Procurar padrões: palavras repetidas, frases, tipos de exemplos, etc. 5. Contextualizar: coloque sua leitura em perspectiva histórica, cultural e ideológica 6. Comparar: compare diferentes leituras sobre o mesmo assunto. Para se conquistar bons resultados com a leitura, são necessárias a compreensão e a assimilação dos conteúdos. Um recurso que poderá lhe auxiliar nesse sentido é adotar a prática da documentação – organização e registro de informação que visa facilitar o estudo do tema. De acordo com Rover et al. (2006, p. 28), o acervo material, fotos impressas, exercícios, desenhos, jogos, objetos, etc., pode ser acondicionado em pastas, caixas ou organizadores, e organizado por temas. Em relação à documentação bibliográfica, o critério de organização pode variar: Autores Citações Classificação Decimal de Dewey – CDD Classificação Decimal Universal – CDU Data Resumos Considerando a tecnologia digital, a documentação pode ser feita pela criação de um bando de dados (bancos de dados é um conjuntos de arquivos relacionados, com registros sobre pessoas, lugares ou coisas). Como vantagem deste tipo de documentação, temos: Localização imediata dos dados e das informações; Maior possibilidade de pesquisa; relatórios estatísticos; e Transmissão e acesso instantâneo em rede (HOLANDA et al. 2010, p. 112). 37 3.2 Técnicas para redigir textos Nahas e Ferreira (2015, p. 17) esclarecem que a fase de redação da pesquisa é difícil para muitos autores. No entanto, é necessário entender que o processo de colocar o estudo em termos concretos e organizá-lo em um padrão lógico possibilita relacionar a pesquisa aos estudos disponíveis na literatura, o que irá chamar atenção para dados que podem ter passado desapercebidos. Alguns passos podem ser úteis para pesquisadores iniciantes: Escrever o rascunho inicial de uma vez só; Revisar várias vezes, o rascunho inicial; Procurar excessos e repetições; Verificar informações incompletas; e Incluir algum fato relevante no texto. Trzesniak e Koller (2009, p. 21) alertam que a escrita científica deve respeitar o detalhamento e a veracidade do fato que está sendo descrito. A peculiaridade da pesquisa científica e, portanto, do texto que a descreve é que ele passará pela avaliação de “pares”, isto é, de outros pesquisadores da área ou de áreas afins. Para fazer uma avaliação prévia da qualidade do texto, Lacaz-Ruiz (1998, p. 36-37) orientam a: observar se o texto está organizado segundo um plano lógico de apresentação do conteúdo; ver se a divisão em itens e subitens está bem estruturada; avaliar se os intertítulos (ou entretítulos, são títulos curtos, tópicos, que se coloca entre blocos de texto para organizar e facilitar a leitura) são concisos e refletem o conteúdo; se necessário, fazer nova divisão do texto ou trocar parágrafos entre os itens; analisar se a mensagem principal está redigida de forma clara; observar se os parágrafos estão interligados de forma lógica e sequencial; ver se não há repetições da mesma informação em pontos diferentes do texto; 38 eliminar todos os parágrafos que contenham informações irrelevantes ou fora de contexto; e checar todas as informações, sobretudo valores numéricos, datas, equações, símbolos, citações de tabelas e figuras, e referências bibliográficas. Camargo et al. (2003, p. 7-8) indicam que texto científico deve expressar o que o autor realizou, observou, descobriu e concluiu sobre um tema, projeto ou estudo, utilizando a língua padrão da maneira mais clara, precisa e sintética possível. Além de atender às regras gramaticais da língua padrão vigente, a apresentação escrita de trabalho acadêmico-científico deve utilizar os seguintes aspectos e características: Adequação do vocabulário Clareza/concisão/precisão Coerência Imparcialidade Impessoalidade Normatividade Modéstia Objetividade Volpato (2015, p. 8) alerta que um dos grandes erros da redação científica é iniciar o texto antes que o assunto esteja claro para o autor. Neste sentido, para evitar que se construa um manuscrito fragmentado e pouco objetivo, é necessário que o autor seja capaz de responder às seguintes questões: Como a pesquisa começou? A quais resultados chegou? Como se chegou a estes resultados? O que estes resultados mudam na ciência? Por que esta pesquisa interessaria ao mundo? 39 3.3 Trabalhos científicos e acadêmicos Lubisco e Vieira (2019, p. 23) indicam que existem vários níveis de aprofundamento para a realização de estudos científicos, desde o desenvolvimento de projetos de pesquisa à produção de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e monografias, até alcançar obras mais complexas como dissertações de mestrado e teses doutorado, além de contemplar, ainda, diversas outras formas de apresentação de resultados de pesquisa, como artigos, papers, relatórios etc. Para entender os diferentes tipos de trabalhos, Diniz (2017, p. 12) caracteriza doze tipos principais: Tabela 3.1 – Principais Tipos de Trabalhos Acadêmicos Trabalho Acadêmico Descrição Monografia “Dissertação ou estudo minucioso a fim de esgotar determinado tema relativamente restrito" (FERREIRA, 1999, p. 1360). “Documento que contém a descrição exaustiva de uma matéria, abordando aspectos científicos, históricos, técnicos, econômicos ou artísticos” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 253). Dissertação “Documento que apresenta o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico retrospectivo, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor), visando a obtenção do título de mestre” (ABNT NBR 14724, 2011, p. 2). “Documento escrito, científico, técnico ou literário, apresentado a uma banca examinadora para obtenção, em geral, do grau de mestre. Nos EUA, a dissertação de mestrado é denominada thesis, e a tese de doutorado, dissertation” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 130). Tese “Documento que apresenta o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor) e visa a obtenção do título de doutor, ou similar” (ABNT NBR 14724, 2011, p. 4). Artigo Científico “Parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias [sic], métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento” (ABNT NBR 6022, 2003, p. 2). (Continua...) 40 (...Continuação) Projeto de Pesquisa “Compreende uma das fases da pesquisa. É a descrição da sua estrutura” (ABNT NBR 15287, 2011, p. 3). Relatório Técnico- Científico “Documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos em investigação de pesquisa e desenvolvimento ou que descreve a situação de uma questão técnica ou científica. O relatório técnicocientífico apresenta, sistematicamente, informação suficiente para um leitor qualificado, traça conclusões e faz recomendações. É estabelecido em função e sob a responsabilidade de um organismo ou de pessoa a quem será Submetido” (ABNT NBR 10719, 1989, p. 1-2). Paper “[...] uma síntese de pensamentos aplicados a um tema específico [...] a palavra corresponde a ensaio” (MEDEIROS, 2006, p. 235). Deve ser escrito em terceira pessoa e também pode referir-se à comunicação científica e a textos de Simpósios, Congressos, mesa- redonda e artigo científico. Ensaio “Documento escrito, que trata de assunto específico [...]. Transmite uma opinião pessoal”. (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 148). Resenha “Exposição concisa de um acontecimento ou notícia breve e objetiva de um livro. Difere da recensão porque, em geral não inclui opinião pessoal” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 323). TCC Trabalho de Conclusão de Curso. Avaliação final em um curso. Pode ser apresentado na forma de artigo, projeto, monografia, tese, relatório, vídeo etc. TCC também é outro nome que se dá a Monografias dos cursos de graduação/ especialização e/ou aperfeiçoamento. Também chamadas de Trabalho de graduação interdisciplinar – TGI (MEDEIROS, 2006, p. 231). Relatório de Experiência Registra resultados de uma pesquisa ou estudo realizado por um grupo ou um indivíduo (CUNHA; CAVALCANTI, 2008). Projeto de Intervenção Trabalho idealizado para propor uma ação considerando as demandas explicitadas. Fonte: DINIZ, 2017, p. 12. É importante lembrar que os diferentes tipos de trabalhos acadêmicos são formalizações dos resultados de uma pesquisa. Portanto, é sempre necessário revisar a literatura especializada sobre o assunto (USP, 2019, p. 1). Neste sentido, Castro (2008, p. 11) destaca que a elaboração de um trabalho acadêmico/científico impõe ao pesquisador o cumprimento das regras metodológicas, o compromisso com a ética e o respeito às normas que foram estabelecidas pela comunidade científica. 41 Os padrões metodológicos e normativos representam uma rede de compromissos conceituais, teóricos, metodológicos e instrumentais assumidos e compartilhados entre os cientistas. Em relação ao processo de pesquisa, a UEL (2019, p. 2) destaca que a elaboração sistematizada compreende os seguintes passos: 1. Escolha do tema e da problematização; 2. Definição do problema (na forma de pergunta); 3. Elaboração da(s) resposta(s) provisória(s) para o problema – são as hipóteses ou pressupostos de pesquisa; 4. Definição dos objetivos (gerais e específicos); 5. Justificativa (indica a contribuição que pode ser esperada do trabalho de dissertação); 6. Escolha das ferramentas de pesquisa (indica o método, o modo como será respondida a pergunta-problema, como será feita a coleta e como os dados serão encaminhados à análise); 7. Levantamento bibliográfico (elaborado de modo a dar suporte às ferramentas de pesquisa); 8. Organização do cronograma; 9. Indicação das referências. Atualmente, existem gerenciadores que auxiliam a organização da referência bibliográfica (nono passo). Entre elas, destacam-se: MORE, APA Toolbox, BibMe, RefMe, Cite This For Me, Endnote Basic, Mendeley e Zotero. Além desses gerenciadores citados, é possível utilizar recursos do Gerenciador de Fontes Bibliográficas do Microsoft Word para inserir citações e referências nos formatos adequados ao estilo escolhido. 3.4 Fichamentos e resumos Em seu estudo, Rios (2018, p. 1) esclarece que o resumo tem a intenção de indicar os principais argumentos do autor sobre uma ideia ou um conceito. Trata-se de uma síntese bem objetiva sobre o assunto apresentado, na qual não são inseridos quaisquer conteúdos novos por parte de quem está resumindo, já a resenha se caracteriza por 42 inserçãoda análise do pesquisador resenhista. Araújo et al. (2018, p. 1) indica que a resenha acadêmica possui uma estrutura sistematizada e segue o padrão científico na elaboração do texto. Sendo que, quanto a sua natureza, uma resenha acadêmica pode ser crítica, descritiva ou temática. Uma resenha crítica deve apresentar a seguinte estrutura: 1. Identificação da obra – dados bibliográficos. 2. Apresentação do conteúdo: assunto geral. 3. Descrição da estrutura: divisões (capítulos, seções, foco narrativo e dimensão). 4. Descrição do conteúdo: resumo do texto. 5. Análise crítica: argumentos baseados em outras fundamentações teóricas. 6. Recomendações: analisar para quem o texto se destina, segundo critérios sociais ou pedagógicos (idade, escolaridade, renda etc.). 7. Identificação do autor: breve relato sobre a vida e a obra do autor. 8. Identificação do pesquisador resenhista: nome e vínculo acadêmico. Exemplo: Luiz Fernando Diniz, aluno do sexto semestre do curso de Pedagogia da Universidade de Santo Amaro (UNISA) – Campus I. É importante destacar que a resenha descritiva possui a mesma estrutura da resenha crítica, no entanto o item nº 5 “análise crítica” deve ser excluído. Diferente da resenha crítica e da resenha descritiva, a resenha temática não se restringe a uma obra resenhada. Para realizá-la são utilizadas várias fontes que tratam do mesmo assunto. A estrutura da resenha temática também é diferenciada: 1. Apresentação do tema: indicação do assunto principal dos textos. 2. Justificativa: esclarecimento sobre a escolha do tema. 3. Resumo enxuto: apresentação do autor e da ideia central de cada texto (não apresentar detalhes). 4. Referências Bibliográficas: dados bibliográficos referentes às obras utilizadas. 43 5. Identificação do pesquisador resenhista: nome e vínculo acadêmico. Exemplo: Ana Clara Gomes, aluna do quinto semestre do curso de Pedagogia, bolsista do Programa de Iniciação Científica da Universidade de Santo Amaro (UNISA) – Campus II. Outra forma de documentação é o fichamento. Em seus estudos, Paiva (2019, p. 8) destaca três tipos de fichamento: Bibliográfico De citação De conteúdo De opinião Paiva (2019, p. 8) também esclarece que o fichamento bibliográfico pode ser constituído de poucas informações: Breve indicação do conteúdo Importância do conteúdo para a pesquisa Localização da obra – biblioteca física, biblioteca digital, arquivo público etc. Tabela 3.2 – Exemplo de fichamento bibliográfico. Metodologia Científica A prática retórica de escrita de fichamentos como ferramenta de incentivo à pesquisa e ao planejamento textual de outros gêneros acadêmicos. 1 Bibliografia Completa: LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed.rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991. MARTINS, G.A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2002. MEDEIROS, J. B. Redação Científica: a prática de fichamentos e resenhas. São Paulo: Atlas, 2000. REY, L. Como redigir trabalhos científicos. São Paulo: Edgar Blücher, Ed. Da Universidade de São Paulo, 1972. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2000. (Biblioteca da Fafidam). Fonte: PAIVA, 2019, p. 9. 44 No fichamento de citação, o pesquisador transcreve as passagens da obra que são significativas para sua pesquisa. É relevante destacar que essas transcrições seguem as seguintes regras: A citação deve vir entre aspas A citação deve ser finalizada com o número da página A transcrição tem que ser textual A exclusão de palavras ou frases de citação deve ser indicada por reticências entre colchetes [...] Nos casos de acréscimos à citação, colocar entre os colchetes [...] Tabela 3.3 – Exemplo de fichamento de citação. Metodologia Científica A prática retórica de escrita de fichamentos como ferramenta de incentivo à pesquisa e ao planejamento textual de outros gêneros acadêmicos. 2 RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos Acadêmicos. Revista Acadêmica da Faceca, Varginha, n. 3. ago./dez. 2002. 10 p. “[...] na produção de um texto científico, denomina-se citação a toda ideia de outra pessoa, encontrada pelo pesquisador em algum documento lido ou consultado durante o desenvolvimento da pesquisa, [...]”. (2-3) (Biblioteca da Faceca) Fonte: PAIVA, 2019, p. 10. O fichamento de conteúdo é composto por uma síntese do texto. Esta ficha permite ao pesquisador extrair as ideias e registrá-las de forma objetiva. Diferente do fichamento de citação, a numeração da(s) página(s) é apontada à esquerda da ficha. 45 Tabela 3.4 – Exemplo de fichamento de conteúdo. Metodologia Científica A prática retórica de escrita de fichamentos como ferramenta de incentivo à pesquisa e ao planejamento textual de outros gêneros acadêmicos. 3 RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos Acadêmicos. Revista Acadêmica da Faceca, Varginha, n. 3. ago./dez. 2002. 10 p. 2-3 O fichamento é importante para a armazenagem de informações retiradas do texto. Estes dados poderão ser utilizados posteriormente nos trabalhos científicos. 6-8 Os principais tipos de fichamento são: tipo citação (cópia fiel da parte do texto), esboço ou sumário (resumo das principais ideias) e comentário ou analítico (crítica, discussão e análise do texto). (Biblioteca particular) Fonte: EBAH apud PAIVA, 2019, p. 10. “O fichamento opinião (comentário ou analítico) é mesclado por anotações, análises, justificativas, apreciações, interpretações e analogias” (PAIVA, 2019, p. 18). Neste caso, para utilizar as informações deste fichamento em uma pesquisa, será necessário que o pesquisador organize os comentários e análises de forma sistematizada. Tabela 3.5 – Exemplo de fichamento tipo comentário ou analítica: Metodologia Científica A prática retórica de escrita de fichamentos como ferramenta de incentivo à pesquisa e ao planejamento textual de outros gêneros acadêmicos. 4 RICHARTZ, Terezinha. Fichamento e seu uso nos Trabalhos Acadêmicos. Revista Acadêmica da Faceca, Varginha, n. 3. ago./dez. 2002. 10 p. O aluno de graduação apresenta dificuldade na hora de elaborar a análise ou o comentário de um texto. Esta dificuldade é proveniente da pouca leitura acumulada pelos alunos de muitos cursos de graduação. Ficam presos ao texto que estão usando como base e não conseguem extrapolar os limites do mesmo. Já o fichamento tipo citação, quando o aluno tem facilidade de identificar conceitos importantes, ideias fundamentais, copiar e fazer os recortes devidos, quando necessário, não é difícil. O esboço ou sumário exige capacidade de síntese. Fonte: EBAH apud PAIVA, 2019, p. 11. 46 3.5 Entrevistas, tabelas e gráficos Uma das estratégias de pesquisa bastante usada em pesquisas educacionais é a entrevista. Quanto a sua organização, uma entrevista pode ser: Não-estruturada: o tema da pesquisa é desenvolvido de forma livre Semiestruturada: o pesquisador utiliza um roteiro base para desenvolver a entrevista Estruturada: o pesquisador tem uma relação de perguntas pré-estabelecidas Alves e Silva (1992, p. 63) esclarecem que o formato da entrevista e o tipo de registro determinam a análise de dados que é possível e adequado. É importante destacar que é necessário definir como as entrevistas serão encaminhadas, por meio de um roteiro ou questionário. Segundo Müller (2014, p. 17), para que o questionário mantenha seu objetivo, as questões do instrumento devem: Estar dispostas em uma ordem lógica Ser redigida em linguagem simples e objetiva Conter apenas as perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa As questões de um questionário podem ser abertas ou fechadas. As questões abertas permitem que o respondente dê sua opinião sem induzir sua resposta com opções
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