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Metodologia Científica 2

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- -1
METODOLOGIA CIENTÍFICA
TODO TRABALHO 
ACADÊMICO
/CIENTÍFICO DEVE SER 
ELABORADO 
RESPEITANDO OS 
ASPECTOS 
METODOLÓGICOS?
Autoria: Dr. Antonio Marcos Feliciano / Dra. Ana 
Celeste da Cruz David - Revisão técnica: Dra. Karine 
Araujo Silveira
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Introdução
A famosa frase de que para a ciência não existe milagre decorre da ideia de que, no meio científico, tudo
precisa ser comprovado. Além disso, essa prova é obtida e apresentada por meio da aplicação do método
científico. Tanto o trabalho acadêmico como uma pesquisa científica, por exemplo, possuem etapas que
possibilitam a compreensão do que se pretende com o trabalho, retratando a linguagem característica da
ciência, a descrição do método, entre outros aspectos que fazem parte dessa construção.
Assim, desde a introdução até as considerações finais ou conclusões, o trabalho acadêmico possui forma e
linguagem próprias. A forma é definida pelas instituições educacionais e as organizações de normas técnicas,
enquanto que a linguagem é característica, levemente formal, enfaticamente técnica e deixou de ser rebuscada
faz um bom tempo. Aliás, a linguagem rebuscada aplicada ao discurso acadêmico e a escrita científica foram
as grandes responsáveis pelo distanciamento do conhecimento produzido nas universidades da sociedade em
geral, que não compreendia tamanha complexidade na forma de se expressar. Felizmente, esse é um aspecto
que faz parte do passado.
A verdade é que, por meio da pesquisa quantitativa, que não é mais, nem menos complexa do que a
qualitativa; a pesquisa científica se realiza em atenção às normas técnicas e procedimentos definidos e
validados pela comunidade científica. No entanto, quais são as limitações de ambas? Quais são as vantagens e
desvantagens?
Neste capítulo, você vai perceber a importância de se respeitar as etapas de um projeto de pesquisa e da
linguagem acadêmica, assim como irá entender alguns aspectos relativos à introdução, justificativa, pesquisa
qualitativa e quantitativa, entre outros elementos que fazem parte do trabalho acadêmico. Ademais, veremos
com maiores detalhes que, na construção do trabalho acadêmico, a leitura ou a agregação do conhecimento
não ocorre de forma aleatória, mas, sim, focada e objetiva, com um propósito.
Bons estudos!
Tempo estimado de leitura: 52 minutos.
2.1 Etapas da pesquisa científica
O mundo acadêmico não é nada simples, uma vez que é regido por regras, normas e códigos que o
caracterizam em um ambiente intensivo de conhecimentos, contribuindo continuamente para o
desenvolvimento da sociedade.
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Muitos são os estudantes que ingressam nas universidades portadores de boas ideias, entretanto, esse é um
quesito que não determina muitas coisas. Isso significa que, mesmo após o ingresso, seja para um curso de
graduação ou qualquer um dos níveis de pós-graduação, especialização, mestrado ou doutorado, há a
necessidade de dedicação, disciplina e esforço para compreender e articular os diversos temas envolvidos.
A falta desse preparo leva esses estudantes à desistência, justamente por não saberem encontrar o ponto de
conexão entre suas ideias, a realidade social e o método e o discurso acadêmicos. Nesse sentido, é preciso ter
uma teia de conexões, necessária para o desenvolvimento do trabalho acadêmico.
Figura 1 - As teias do conhecimento são tecidas em rede, colaborando com a construção dos conhecimentos científico e acadêmico. 
Fonte: Michael D Brown, Shutterstock, 2021.
 #PraCegoVer Na imagem, há o desenho como se fosse a sombra de um homem, ele está como se fosse 
desenhando na tela alguns bonecos e interligando-os através de desenhos de setas.
Essas conexões são efetivadas por pessoas, na figura dos estudantes, dos orientadores, dos colegas de classe,
dos professores, entre outros atores que fazem parte do mundo acadêmico e que, por meio de atividades de
compartilhamento, pesquisa e experimentos, contribuem para o desenvolvimento da ciência. Além disso, elas
são fundamentadas em métodos, posto que, na pesquisa, o método é peça central e obrigatória.
2.1.1 Introdução e justificativa
Somente depois que se inicia a atividade de pesquisa é que a maioria dos estudantes entende que um texto não
começa pela introdução — nem mesmo pelo resumo ou pela capa. Seu início, na verdade, é pela necessidade
em compreender e articular os assuntos, baseados em problema e objetivos, assim como outros elementos.
Portanto, o ato de apresentar o tema e seus assuntos, realizado na introdução de cada trabalho, é feito a partir
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de dedicação à leitura, ao fichamento, às idas e vindas por livros que configuram a atividade de pesquisa.
Aliás, não há outra forma de você introduzir um trabalho acadêmico se não por meio da escrita de um texto
atraente, que inspire reflexões e o interesse do leitor por continuar se aprofundando no assunto a ser abordado.
Dessa forma, debruçar-se sobre a literatura é absolutamente necessário para citar autores clássicos e
contemporâneos, acertar nos argumentos e facilitar o desenvolvimento dos elementos subsequentes do
trabalho acadêmico.
A etapa em que se faz uma ampla e suficientemente profunda apresentação dos assuntos requer sensibilidade
para selecionar os materiais que realmente são interessantes, contribuam para o trabalho e, ao mesmo tempo,
tenham relevância científica. Por isso, apesar de interessantes, alguns trabalhos possuem dados mais antigos,
os quais deixam de ter valor para a contextualização, ainda que os métodos científicos comumente não
limitem os seus usos.
Nesse contexto, Castro (2011, p. 80) afirma que
Por isso, ao escrever a introdução do trabalho, o estudante deve se preocupar com a consistência e com a
capacidade de articulação e relacionamento entre os dados, fortalecendo os argumentos. A introdução deve ser
elaborada gradativamente, à medida do avanço do estudo e da pesquisa. Assim, o texto deve ser revisado e, ao
final de todo o trabalho, a introdução recebe uma leitura crítica em que os ajustes e as adequações serão
procedidas. Afinal, como bem afirma Castro (2011, p. 06), “[...] a introdução, por boas razões, pode ser escrita
por último”.
Você sabia?
Dedicar-se ao trabalho científico exige disciplina, tempo, inspiração e transpiração. O 
pesquisador deve observar cuidadosamente a melhor maneira de adequar seu projeto ao 
tempo previsto para sua finalização. O estudante de graduação, por exemplo, na 
elaboração da pesquisa, deve planejar o trabalho considerando o período escolar 
determinado para sua produção. Assim, poupará esforços e concluirá tudo a tempo da 
entrega, dentro do prazo estabelecido.
Alguns eventos são triviais, tanto no presente quanto no passado. O transcurso do tempo nos permite
mais perspectiva e objetividade ao mesmo tempo que aumenta e imprecisão e a deficiência de
informações [...] de fato, números, nomes e datas, só adquirem importância, no presente ou no passado,
na medida em que se encaixam numa estrutura lógica, coerente e teoricamente fértil. O levantamento de
dados de hoje ou de ontem, é apenas o princípio.
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Dessa forma, a introdução de um trabalho acadêmico inicia o processo de convergência argumentativa como
foco no tema, no problema e nos objetivos definidos para a pesquisa. Além disso, elementos subsequentes
dependem da sua qualidade.
Ainda de acordo com Castro (2011), a introdução possui um caráter didático na forma como deve orientar a
leitura do trabalho apresentado ao esclarecer as pretensões do autor e ao situar o “estado da arte” sobre o tema
em estudo. Ou seja, é preciso deixar claro o que foi encontrado, as lacunas e as ideias convergentes e
divergentes apontadas durante a revisão de literatura. Ela deve, também, indicar os pontos de contribuição
apresentados ao debate no trabalho realizado.
Sob o ponto de vista metodológico, a introdução de um trabalho acadêmico deve responder algumas
perguntas, como: o que sabemos sobre o assunto? Que autores consultados trabalharam com ideias
semelhantes eque conhecimentos produziram? Quem já publicou sobre o assunto? Qual é a dúvida
relacionada ao tema? Quais foram as observações que despertaram a curiosidade para aquele determinado
problema? Para que serve o que se vai estudar? Qual pergunta a pesquisa irá responder? Qual é a necessidade
da pesquisa?
Dessa forma, com tantas perguntas a serem respondidas, o pesquisador deve tomar alguns cuidados para evitar
equívocos comumente cometidos, especialmente pelos menos experientes. Alguns desses erros durante a
elaboração de uma introdução de trabalhos acadêmicos são:
Não usar referencial bibliográfico na introdução.
Fragmentar a introdução por frases e parágrafos.
Usar a introdução como resumo.
Usar a introdução como referencial teórico.
Ser extensa e cansativa.
Ter objetividade excessiva.
Ter ausência de foco.
Além das perguntas a serem respondidas e dos cuidados que devem ser tomados na elaboração da introdução,
o texto introdutório oferece uma dimensão mais clara sobre as conexões existentes entre as ideias apresentadas
pelo autor e o mundo acadêmico.
- -6
Não há dúvidas de que a ideia original para uma pesquisa tem como pano de fundo uma justificativa, e não
uma justificativa qualquer, que deve ser minimamente aceita; mas uma justificativa de caráter, muitas vezes,
pessoal, que se revela viável à investigação científica. Conforme alertam Lakatos e Marconi (2017), quando se
trata da elaboração da justificativa, o pesquisador deve acrescentar ao domínio do conhecimento científico do
assunto criatividade e capacidade de persuasão. Assim, a justificativa faz parte do trabalho acadêmico, por
isso se diz que ele não é formulado sem pé nem cabeça, sendo justificado, objetivado e sistematizado,
tomando feições científicas.
É na justificativa que o pesquisador apresenta as razões da escolha pelo tema, apontando sua importância
teórica e prática. Portanto, mesmo podendo ser pessoal, a justificativa precisa convergir com os interesses da
ciência, fugindo dos “achismos”. Além disso, a justificativa não deve apresentar citações de outros autores,
pois não se trata de argumentação do referencial teórico, mas, sim, de evidenciar a relevância teórica do tema
pesquisado.
Assim, na justificativa de todo trabalho o autor deve procurar responder perguntas, como: o tema é relevante?
Por quê? Quais são os pontos positivos que você percebe na abordagem proposta? Que vantagens e benefícios
você pressupõe que a pesquisa irá proporcionar? A pesquisa permitirá a descoberta de soluções para casos
gerais e/ou particulares?
A figura a seguir mostra o que uma justificativa deve enfatizar.
Você sabia?
Robert Merton, sociólogo americano, dedicou-se ao estudo da sociologia da ciência. Ele 
examinou uma amostra de alguns ganhadores do Prêmio Nobel, descobrindo que a 
maioria tinha como professores ou líderes de equipes de pesquisas outros ganhadores do 
mesmo prêmio. Esses pesquisadores, inclusive, não tinham QI mais alto do que os 
demais. Por fim, descobriu que as diferenças eram os ensinamentos do líder, o que os 
oferecia sensibilidade para identificarem problemas de pesquisa realmente interessantes 
e promissores.
- -7
Figura 2 - Principais aspectos abordados na justificativa do trabalho científico. Fonte: Adaptado de LAKATOS e MARCONI, 2017.
 #PraCegoVer Na imagem, há um esquema todo na cor laranja, sobre os principais aspectos na justificativa do 
trabalho científico.
Dessa forma, podemos perceber que esses aspectos não estão presentes no trabalho acadêmico aleatoriamente,
mas que fazem parte do trabalho como um corpo geral, porque é a partir desse delineamento que se cria
possibilidades de escolhas entre as várias abordagens metodológicas. Passemos, então, a discutir os
procedimentos necessários para a construção referencial. 
2.2 Construção do referencial teórico
A produção de conhecimento não decorre apenas da inspiração humana, sendo fruto dos esforços de
estudiosos que agregam e complementam os arcabouços teóricos, a partir de suas pesquisas e seus trabalhos,
na ampliação do conhecimento científico e na expansão das fronteiras da ciência.
Saber, compreender e classificar, a partir do tema definido, o que outros autores já escreveram sobre a
pesquisa é fundamental para as configurações metodológicas e para o escopo. Assim, as bases
epistemológicas, teóricas e metodológicas do referencial teórico de pesquisa se amparam em paradigmas
(Kuhn), conjunto de pressupostos, crenças, modelos e valores compartilhados por uma comunidade de prática,
uma comunidade acadêmica ou uma comunidade científica. Contudo, como alerta Magalhães (2005, p. 211),
em sua análise sobre a verdade científica, “[...] a noção de paradigma é real e até se assemelha ao dogma,
quando se torna um obstáculo ao desenvolvimento do conhecimento”.
Você o conhece?
Thomas Samuel Kunh (1922-1996) foi um físico americano, nascido em Cambridge, nos 
Estados Unidos. Ele se dedicou ao estudo da história da ciência, sendo autor do livro “A 
estrutura das revoluções científicas”, publicado em 1962. Na obra, o autor analisa as 
contribuições para a ciência promovida desde Galileu, Lavoisier, Darwin e Einstein.
- -8
Dessa forma, no momento de construir o referencial teórico, todo pesquisador deve reconhecer os limites ou
até onde outros autores foram ou escreveram sobre os assuntos abordados na pesquisa. Castro (2011, p. 78)
argumenta que é preciso conhecer o “[...] legado de conhecimento” deixado pelos demais, a fim de analisar,
sintetizar e trabalhar a partir do que de fato existe e do que foi escrito sobre os assuntos pesquisados.
2.2.1 Pesquisa bibliográfica
Conceitualmente, Gil (2011, p. 50) afirma que “[...] a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de
material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Por outro lado, Cervo,
Bervian e Silva (2007) indicam que a pesquisa bibliográfica é um meio de formação por excelência,
constituindo em procedimento básico para estudos acadêmicos pelos quais se busca o domínio do “estado da
arte” sobre determinado tema. No entanto, vale destacar que existe uma diferença entre a pesquisa
bibliográfica e a revisão de literatura, conforme vemos na figura a seguir.
Figura 3 - Diferença entre a revisão de literatura e a pesquisa bibliográfica. Fonte: Adaptado de LIMA e MIOTO, 2007, p. 38.
 #PraCegoVer Na imagem, há um esquema sobre a diferença entre a revisão de literatura e a pesquisa 
bibliográfica. No esquema, há dois quadrados com as bordas arredondadas. O primeiro quadrado, mostra a 
revisão de literatura, o segundo quadrado, mostra a pesquisa bibliográfica, no meio dos dois quadrados, há o 
sinal de diferente na cor cinza.
Seguindo a perspectiva conceitual, Minayo (2001, p.17) entende a pesquisa como um processo em que o
pesquisador possui “[...] uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo
intrinsecamente inacabado e permanente”, realizando atividades de aproximação com a realidade. A partir do
momento em que o pesquisador tem claro o que é uma pesquisa e sabe diferenciar a pesquisa bibliográfica da
revisão de literatura, seu trabalho começa a receber contribuições de outros autores, ampliando sua visão de
mundo e tornando o raciocínio igualmente amplificado. O contrário disso pode conduzi-lo ao erro, ampliando
seu espectro de pesquisa, tornando-se generalista e se prendendo a conceitos.
Por outro lado, ao compreender com clareza os aspectos supracitados e manter o foco do escopo da pesquisa,
o pesquisador tende a desenvolver um trabalho cujos resultados têm consistência e relevância teórico-prática.
Lima e Mioto (2007) consideram que a pesquisa bibliográfica é muito utilizada em trabalhos de caráter
exploratório e descritivo, mas sua eficácia tem relação com a adequada descrição dos procedimentos
metodológicos, uma vez que parte da pesquisa é desenvolvida sob os olhos dos outros, ou seja, dos
argumentos de autores consultados na pesquisa bibliográfica.- -9
Nessa direção, Lima e Mioto (2007, p. 40) ainda afirmam que a pesquisa bibliográfica é aplicada nos “[...]
casos em que o objeto de estudo proposto é pouco estudado, tornando difícil a formulação de hipóteses
precisas e operacionais. A sua indicação para esses estudos relaciona-se ao fato de a aproximação com o
objeto ser dada a partir de fontes bibliográfica”. Assim, na pesquisa bibliográfica, a coleta de dados tem início
após a sistematização de critérios usados para facilitar e tornar objetiva a pesquisa. Comumente, os critérios
definidos para a coleta de dados na pesquisa bibliográfica têm o propósito de direcionar a coleta de dados para
próximo do objetivo da pesquisa, passando o autor de um critério inicial a outro.
A figura a seguir ilustra os critérios que definem a coleta de dados na pesquisa bibliográfica.
Figura 4 - Critérios para a coleta de dados na pesquisa bibliográfica. Fonte: Adaptado de LIMA e MIOTO, 2007.
 #PraCegoVer Na imagem, há um esquema sobre os critérios para a coleta de dados na pesquisa bibliográfica. 
Os quadrados com as bordas arredondadas estão todos na cor laranja e as setas estão na cor cinza. Na primeira 
linha, há um critério, na segunda linha, também há um critério, na terceira linha, há quatro critérios. Todos 
eles estão interligados pelas setas.
Os critérios de definição para a coleta de dados possuem relação direta com o universo da pesquisa. Lima e
Mioto (2007) assim os apresentam:
Parâmetros temáticos
São as obras relacionadas ao objeto de estudo, organizadas de acordo com os assuntos que lhe são correlatos.
Parâmetros linguísticos
São as obras nos idiomas selecionadas, nos diferentes idiomas, como francês, inglês e espanhol.
Principais fontes
São livros, teses, artigos e documentos que se pretende consultar e selecionar para a pesquisa, de acordo com
os assuntos abordados.
Parâmetros cronológicos
Consistem na linha do tempo definida para a pesquisa, ou seja, até três anos, cinco anos, 10 anos. Quanto mais
amplo esse fluxo temporal, mais trabalho gerará para o pesquisador.
- -10
Definidos os critérios para a coleta de dados, tem-se a aplicação de uma técnica na pesquisa bibliográfica: a
leitura. São cinco os tipos de leituras comumente aplicados, o que inclui a leitura de reconhecimento do
material bibliográfico, a leitura exploratória, a leitura seletiva, a leitura reflexiva ou crítica e a leitura
interpretativa. O quadro a seguir detalha o significado de cada uma delas.
Quadro 1 - Tipos de leituras aplicadas na pesquisa bibliográfica e seus significados práticos na metodologia científica. Fonte: Adaptado 
de LIMA e MIOTO, 2007, p. 41.
 #PraCegoVer Na imagem, há um quadro com duas colunas e seis linhas sobre os tipos de leituras aplicadas na 
pesquisa bibliográfica e seus significados práticos na metodologia científica. A primeira coluna mostra os 
tipos de leitura e a segunda coluna mostra o significado de cada um.
Outra certeza presente na pesquisa bibliográfica consiste no significativo acervo para ser lido pelo
pesquisador, que usará fontes como trabalhos acadêmicos, teses, dissertações, monografias, artigos, revistas
especializadas, documentos institucionais, filmes, documentários em áudio, entre outros. Isso porque o
embasamento teórico é uma etapa da pesquisa científica que costuma apresentar progresso lento e oferece
certo nível de esgotamento ao pesquisador. No entanto, para esse tipo de atividade não é recomendável a
terceirização, ou seja, aquela velha frase de “se quiser o trabalho bem feito, faça você mesmo” se aplica
perfeitamente.
- -11
Figura 5 - A dedicação do pesquisador durante a pesquisa bibliográfica se expressa na forma de leitura exploratória, seletiva, analítica e 
interpretativa do material. Fonte: Ljupco Smokovski, Shutterstock, 2021.
 #PraCegoVer Na imagem, há um homem sentado na frente de uma mesa com as mãos na cabeça simbolizando 
como se estivesse preocupado.
Uma dica interessante para que o pesquisador consiga se organizar minimamente é, ao selecionar uma obra
relevante para o trabalho, fazer uma identificação com dados completos, como título da obra, autor, página e,
se for o caso, até mesmo o parágrafo em que encontrou os argumentos interessantes. Afinal, saber as
contribuições que cada obra pode oferecer ao trabalho acadêmico é fundamental, pois gera segurança para o
pesquisador, permite que ele faça novas correlações, possibilita descobrir novos assuntos de pesquisa e facilita
o caminhar nesse nem sempre reto e plano trajeto que é a pesquisa. Por fim, ter sempre em mente o desenho
metodológico é absolutamente necessário.
De posse das contribuições localizadas por meio de uma criteriosa pesquisa bibliográfica, o pesquisador terá
condições de definir os conceitos científicos de seu trabalho, bem como demarcar variáveis empíricas e
selecionar indicadores pertinentes.
2.3 Conceitos
O pesquisador é um importante ator no processo de pesquisa, contudo, a objetividade deve ser perseguida no
desenvolvimento. Isso é importante para que a análise e as avaliações sejam imparciais, posto que a
parcialidade é um crime capital para qualquer pesquisa, tornando-a sem efeito e desacreditada.
Um dos aspectos mais magníficos da pesquisa tem por fundamento a ideia de que, mesmo não conhecendo
plenamente o objeto de pesquisa, o pesquisador consegue aplicar métodos científicos, ajustando a pesquisa às
novas descobertas. O emprego de conceitos científicos em ciências tem como objetivo significar propriedades,
características das coisas, dos fatos ou dos fenômenos que deseja representar. A ciência utiliza as definições
- -12
“[...] para traduzir os conceitos e construtor do nível teórico e abstrato para o empírico e observacional [...] e
assim, [...] designar as manifestações empíricas dos fenômenos (manifestações observáveis)” (KOCHE, 2016,
p. 116).
As definições denominadas nominais utilizam termos empíricos já estabelecidos em expressão ao conceito
científico. Koche (2016, p. 117) ilustra a questão com o exemplo do termo “nível socioeconômico”,
observável mediante os “[...] indicadores: salário, tipo de habitação, qualidade e quantidade de bens imóveis e
móveis e outros. Os indicadores servem para selecionar aspectos que proporcionem a aferição empírica da
variável”. A mensuração de variável do tipo “estrutura organizacional” requer o estabelecimento de suas
dimensões, como caracterização da estrutura organizacional e perfil da equipe. Além disso, para cada uma
dessas dimensões a designação de um ou mais indicadores, como modalidade de vínculo para perfil da equipe
e documentos base para a caracterização da estrutura organizacional.
Muitos fenômenos naturais são relativamente fáceis de explicar, mas os fenômenos ou eventos sociais
geralmente são complexos, de difícil explicação. Nesse contexto, Castro (2011, p. 93) nos ensina que, nas
ciências sociais, as variáveis que se quer explicar são influenciadas por outras variáveis, as quais precisam ser
tratadas estatisticamente para serem compreendidas, por isso, considera que “[...] a investigação em ciências
sociais raramente é óbvia, simples ou sumária”.
A seguir, vamos analisar um caso prático para entender melhor sobre isso.
Isso significa que, em uma pesquisa social, o evento ou fenômeno não tem apenas uma causa determinística,
mas, sim, um contexto de variáveis que se somam, influenciando umas às outras. Assim, o estabelecimento do
Estudo de Caso
Na pesquisa que abrange a área das ciências sociais, o pesquisador pode cair em ciladas 
difíceis de serem contornadas.
Um jovem pesquisador escolheu como tema de sua pesquisa a educação profissional no 
Brasil. Como recorte temporal, estabeleceu a promulgação da LDB 9394/96, bem como 
seus objetivos geral e específicos e a problemática. Assim, para fazer a pesquisa 
bibliográfica, não encontrou dificuldades, contando com um acervo de autores 
consagrados e pesquisadores interessados na área. Entretanto, encontrou diversos 
obstáculos paraestabelecer os conceitos científicos para a fundamentação teórica diante 
dos variados caminhos possíveis. Com isso, também encontrou entraves e não chegou a 
seleção dos indicadores.
Diante da situação, concluiu pela necessidade de revisão do tema, de forma a atuar sobre 
um universo de pesquisa mais delimitado sobre o qual pudesse levar a bom termo sua 
tarefa de pesquisador.
- -13
número de indicadores é tarefa exigente e delicada a qual o pesquisador deverá dedicar certa dose de
experiência, criatividade e sutileza.
2.4 Procedimentos e técnicas de pesquisa
Formulados o referencial teórico necessário à sustentação da argumentação da pesquisa em suas bases
epistemológica e metodológica, identificados os conceitos científicos representativos do campo teórico
expressos, por vezes, em categorias de análise, variáveis e indicadores correlatos; a pesquisa entra na etapa de
definição dos procedimentos e técnicas de pesquisa.
A escolha de procedimentos e técnicas de pesquisa envolve a compreensão quanto as condições necessárias e
favoráveis para a coleta de dados, sua análise e interpretação, de forma a confrontar o referencial teórico do
problema, com os dados da realidade investigados.
Os procedimentos e técnicas de pesquisa variam conforme a natureza da pesquisa, a forma de abordagem, os
objetivos e os procedimentos técnicos empregados. A classificação dos diferentes tipos de procedimentos e
técnicas é um recurso didático para explicar o tema, contudo, essa classificação não é excludente. Dessa
forma, uma mesma pesquisa pode reunir características de diferentes tipos de pesquisa.
A seguir, temos uma figura demonstrativa quanto aos procedimentos e tipos de pesquisa.
Figura 6 - Classificação de pesquisa quanto à natureza, à abordagem, aos objetivos e as técnicas e procedimentos empregados. Fonte: 
Adaptado de GIL, 2011.
 #PraCegoVer Na imagem, há um esquema sobre a classificação de pesquisa quanto à natureza, à abordagem, 
aos objetivos e as técnicas e procedimentos empregados.
Segundo Koche (2016, p. 122), “[...] o planejamento de uma pesquisa depende tanto do problema a ser
investigado, da sua natureza e nível de conhecimento do investigador. Isso significa que pode haver um
número sem fim de tipos de pesquisa”. Naturalmente, as possibilidades de tipos de pesquisa e suas
- -14
combinações concorrem para que exista uma gama de tipos de pesquisa, de forma a atender aos mais diversos
problemas de investigação. O autor ainda distingue três tipos de pesquisa: a bibliográfica, a experimental e a
descritiva.
Considerando a natureza da pesquisa, seus tipos podem ser classificados em pesquisa básica ou pura e
pesquisa aplicada. A , também denominada pesquisa pura, tem por característica a criação depesquisa básica
conhecimento científico de interesse universal, sem efeito prático direto. A , por sua vez,pesquisa aplicada
tem por característica realizar a investigação situada em um ambiente específico para solucionar um problema
de interesse local, particular, em uma determinada realidade especial.
Quanto a classificação do tipo de pesquisa científica do ponto de vista dos objetivos, Gil (2011, p. 27)
distingue três níveis: “[...] estudos exploratórios, estudos descritivos e estudos que verificam hipótese
causais”, nomeadas explicativas.
Os estudos exploratórios são adequados em pesquisas de temáticas genéricas, pouco conhecidas, concorrendo
com dificuldade na operacionalização dos procedimentos de verificação. A pesquisa do tipo exploratória
serve, principalmente, para esclarecer conceitos e ideias, acumular conhecimento sobre o tema, favorecendo
estudos posteriores com melhor delimitação do campo e procedimentos mais sistematizados. A
operacionalização da pesquisa exploratória “[...] não requer a elaboração de hipóteses a serem testadas no
trabalho, restringindo-se a definir objetivos e buscar mais informações sobre determinado assunto de estudo”
(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p. 62).
Do ponto de vista do objetivo, a pesquisa do tipo descritiva visa a “[...] descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” (GIL, 2011, p. 28).
Destacam-se os estudos de abordagem a grupos populacionais em pesquisas de gênero, etnia, faixa etária,
escolaridade, nível de aprendizagem, distribuição de renda, pesquisa de opinião, de satisfação e .marketing
Entre os instrumentos para a coleta de dados, a pesquisa descritiva faz uso de técnicas padronizadas, como
questionários e observação sistemática.
Você quer ler?
O Centro Latino Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Capeli, criado em 
1988 pela ENSP/FIOCRUZ, investiga o impacto da violência sobre a saúde da 
população brasileira e latino-americana produzindo pesquisas do tipo aplicada, visando 
solucionar questões locais. Acesse e leia as pesquisas realizadas pelo Centro através do 
botão a seguir.
Acesse
http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/departamento/claves
- -15
Os estudos de ponto de vista explicativo “[...] têm como preocupação central identificar os fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos” (GIL, 2011, p. 28). Nesse tipo de pesquisa,
os procedimentos preferenciais são a pesquisa experimental, em que são selecionadas as variáveis
intervenientes, define-se formas de controle e de observação dos efeitos produzidos sobre o objeto; e a
pesquisa ex-post-facto, em que o experimento se realiza após a ocorrência do fenômeno. Assim, o pesquisador
realiza inferências sobre as relações entre as variáveis observadas.
Do ponto de vista dos procedimentos e técnicas, a distinção das pesquisas são marcadas pela origem das
fontes dos dados coletados. Em um primeiro grupo temos as pesquisas que se utilizam das chamadas fontes de
papel, características das pesquisas do tipo bibliográfica e documental. No segundo grupo, temos as pesquisas
experimental, de ação, levantamento de campo, estudo de caso e participante, em que as fontes de dados são
fornecidas por pessoas.
Na pesquisa bibliográfica e na documental, os dados são coletados mediante consulta de documentos,
chamadas fontes de papel¸ escritas ou não. A pesquisa bibliográfica é fundamental para o trabalho científico
em suas diferentes formas de apresentação e natureza.
Na pesquisa documental, as fontes são os documentos de primeira mão, ou seja, todo material que ainda não
recebeu nenhuma forma de tratamento de análise científica, como matéria jornalística, cartas, contratos,
fotografias, folder e catálogos; além dos documentos de segunda mão, que já foram analisados de alguma
forma, como relatórios de projetos, atas, projetos de programas oficiais e outros. Lakatos e Marconi (2017, p.
174) classificam em três variáveis as fontes na pesquisa documental, sendo elas: fontes escritas ou não, fontes
primárias ou secundárias e fontes contemporâneas.
Você quer ler?
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponibiliza em seu site
pesquisas com dados e indicadores sociais e econômicos nas áreas de trabalho e renda, 
população indígena, censo demográfico e outros de interesse da comunidade acadêmica 
e científica. Vale a pena acessar e entender melhor quanto a esses tipos de pesquisas.
Acesse
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/9221-sintese-de-indicadores-sociais.html?=&t=downloads
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Do ponto de vista dos procedimentos, a pesquisa do tipo experimental em ciências físicas e naturais “[...] não
se verificam grandes limitações quanto à possibilidade de experimentação. Quando, porém, se trata de
experimentar com objetos sociais, ou seja, com pessoas, as limitações tornam-se evidentes” (GIL, 2011, p.
52). Uma ideia equivocada é a de que a pesquisa experimental é restrita a ambiente de laboratório, mas isso,
no entanto, não é verdadeiro, pois uma pesquisa pode ser experimental, fazer uso de procedimentos
apropriados, de aparelhos e instrumentos, bem como se realizar no contexto de campo. O que ocorre,de fato, é
que “[...] no contexto de laboratório, realizam-se mais pesquisas de natureza experimental” (CERVO;
BERVIAN; SILVA, 2007, p. 63).
Além disso, a pesquisa do tipo levantamento de campo, também denominada , caracteriza-se por umasurvey
abordagem quantitativa com o objetivo de descrever características, ações e opiniões de determinado grupo de
pessoas, em geral uma população-alvo definida por meio de técnicas de amostragem. As pesquisas de
levantamento de campo também são empregadas em grande escala, como no caso de pesquisas censitárias.
Isso porque elas requerem uma grande estrutura material e mobilização de pessoas, além de grande quantidade
de recursos financeiros para sua execução. Dessa forma, são basicamente realizadas por grandes institutos de
pesquisas, empresas e órgãos do governo.
Você quer ver?
O filme , de Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, é um O Sal da Terra
documentário que retrata a vida do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. A obra 
privilegia o acervo fotográfico do autor como principal fonte de informação, testemunha 
de inúmeros conflitos no mundo, da fome e do êxodo que atinge milhares de viventes. 
Por certo, a produção do filme fez uma exaustiva pesquisa documental e uso de fonte de 
coleta de dados primários, principalmente fotografias.
Você o conhece?
Stephen Hawking é um astrofísico britânico, aclamado por sua contribuição à ciência 
moderna com a nova teoria do espaço/tempo e da radiação dos buracos negros, 
conhecida como Big Bang. O astrofísico buscava uma compreensão completa do 
universo, sendo que sua intensa atividade científica contribuiu na divulgação científica 
sobre complexas teorias cosmológicas, mediante a publicação de livros em linguagem 
acessível para todos, incluindo crianças.
- -17
Gil (2011, p. 55) reconhece a popularidade dos levantamentos por amostragem entre os pesquisadores sociais
e alerta os cuidados necessários na aplicação dos levantamentos, pois, “[...] como todos os outros, apresenta
vantagens e limitações”. Ainda com base no autor, uma visão geral das vantagens e limitações observadas na
aplicação da pesquisa de levantamento é apresentada no quadro a seguir.
Quadro 2 - Uma visão comparativa das vantagens e limitações de pesquisa do tipo levantamento de campo. Fonte: Adaptado de GIL, 
2011.
 #PraCegoVer Na imagem, há um quadro com duas colunas e quatro linhas sobre uma visão comparativa das 
vantagens e limitações de pesquisa do tipo levantamento de campo. Na primeira coluna, há as vantagens e na 
segunda coluna, há as limitações.
Ao considerar as vantagens e limitações da pesquisa do tipo levantamento de campo, o pesquisador poderá
avaliar o contexto de execução do trabalho e decidir sobre a melhor opção. Portanto, é importante conhecer as
diferentes possibilidades e características de cada uma das modalidades, bem como o tipo de abordagem de
pesquisa. 
Mas e quando o estudo visa investigar algo singular e específico, qual é o tipo de pesquisa mais indicado?
Em casos particulares, recomenda-se o uso do estudo de caso. Do ponto de vista dos procedimentos, o estudo
de caso pode investigar um objeto — como o caso particular de uma gestora escolar da rede pública de ensino
Você quer ler?
O Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), criado em 1999 pelo governo, é 
um exemplo de pesquisa do tipo levantamento de campo, de grande complexidade e 
alcance da população escolar brasileira. Essa pesquisa realiza o diagnóstico sobre a 
educação no Brasil e aponta indicadores consolidados para a formulação de políticas 
públicas educacionais. Consulte o para saber mais sobre o SAEB.site 
Acesse
http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb
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— ou alguns objetos complexos — como o das classes de alternância ou o ensino de língua indígena. Assim,
nessa abordagem, o interesse “[...] incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que
posteriormente venham a ficar evidentes certas semelhanças com outros casos e situações” (LUDKE;
ANDRÉ, 2013, p. 17).
A complexidade do estudo de caso está no contexto que circunscreve o objeto investigado, quer seja o estudo
de um caso particular ou o estudo de um caso que envolva maior quantidade de elementos, como o estudo de
caso do ensino de determinada língua indígena em território nativo. Com isso, podemos entender que a
complexidade do estudo de caso de abordagem qualitativa é intensificada na medida do aprofundamento do
tema.
Do ponto de vista dos objetivos, a pesquisa do tipo estudo de caso pode ser exploratória, descritiva ou
explicativa. Críticas apresentadas ao estudo de caso dizem respeito a falta de rigor na definição dos
procedimentos metodológicos, dificuldade de generalização e o longo tempo dedicado ao estudo. Em respeito
a esses pontos críticos, Gil (2011, p. 58) observa “[...] a experiência acumulada nas últimas décadas mostra
que é possível a realização de estudos de caso em períodos curtos e com resultados possíveis de confirmação
por outros estudos”.
Temos, ainda, por outro lado, a pesquisa-ação e a pesquisa participante, que se realizam mediante interação
entre pesquisadores e participantes do contexto investigado. Uma distinção significativa entre pesquisa-ação e
a pesquisa participante é fornecida por Thiollent (2005, p. 07), em que “[...] a pesquisa-ação, além da
participação, supõe uma forma de ação planejada de caráter social, educacional, técnico ou outro, que nem
sempre se encontra em propostas de pesquisa participante”.
A pesquisa-ação busca nortear a resolução do problema ou dos objetivos de transformação social, sendo
adequadas ao trabalho com grupos, comunidades e instituições, preferencialmente na abordagem de aspectos
sociopolíticos. Para Thiollent (2005, p. 15), “[...] uma pesquisa pode ser qualificada de pesquisa-ação quando
houver realmente uma ação por parte das pessoas ou grupos implicados no problema sob observação”. Assim,
nesse tipo de pesquisa, o pesquisador e os membros do grupo possuem um papel ativo no planejamento da
pesquisa, no acompanhamento e na avaliação das ações e nos resultados encontrados em função do problema
investigado.
Quanto à forma de abordagem do problema, a pesquisa pode ser do tipo quantitativo ou qualitativo. A 
 objetiva quantificar informações, opiniões e ideias, mas, para tanto, fazpesquisa de abordagem quantitativa
uso de instrumental técnico e processos estatísticos para classificação e análise dos resultados. A pesquisa do
, por sua vez, objetiva a interpretação dos fenômenos, mediante perspectiva relacional entre atipo qualitativa
realidade e o sujeito. Vamos entender melhor sobre esses dois tipos na sequência.
2.4.1 Pesquisa quantitativa e qualitativa
- -19
As pesquisas qualitativa e quantitativa são muito importantes pelas contribuições que oferecem para a ciência.
Ambas possuem vantagens e desvantagens, aspectos negativos e positivos, assim como limitações. Mas,
convenhamos, se fossem perfeitas, tudo estaria resolvido e muito provavelmente a ciência perderia a
fascinação do desafio, não é? Por isso, antes de evoluirmos no assunto, você precisa ter em mente que ambas
são igualmente complexas.
A pesquisa qualitativa é complexa, pois o cientista, ao se embrenhar pelos fenômenos sociais, em plena
sociedade, deve ter consciência de que, por mais bem estruturado o projeto de pesquisa e qualificado o
método, há sempre variáveis incontroláveis. Günther (2006, p. 206), nesse sentido, afirma que, “[...] ao
considerar como objeto de estudo do cientista social a variabilidade do comportamento e dos estados
subjetivos, pensamentos, sentimentos, atitudes” presentes na sociedade, tendem a motivar ajustes no
planejamento da pesquisa, se não em outros elementos do projeto.
Sob o ponto de vista da pesquisa empírica, Günther (2006, p. 206), menciona haver três aproximações para
compreender os comportamentos e estados subjetivos presentes na sociedade:
• observar o comportamento que ocorre naturalmente no âmbito real;
• criar situaçõesartificiais e observar o comportamento diante das tarefas definidas para essas situações;
• perguntar às pessoas sobre o seu comportamento, o que fazem e fizeram; e sobre os seus estados 
subjetivos, como o pensamento.
As três aproximações para que os cientistas sociais compreendam a realidade são, na realidade, abordagens
metodológicas empíricas, conforme apresentado na figura a seguir.
Figura 7 - Abordagens metodológicas: observação de comportamento, experimento e survey. Fonte: Adaptado de GÜNTHER, 2006.
 #PraCegoVer Na imagem, há um esquema sobre as abordagens metodológicas: observação de 
comportamento, experimento e survey. Na primeira linha do esquema, há um retângulo laranja com as 
metodologias empíricas e na segunda linha do esquema, há três retângulos laranjas com a observação de 
comportamentos, o experimento e o survey.
A pesquisa qualitativa possui uma vantagem importante: a qualidade da coleta de dados e sua utilização. Isso
porque os dados são coletados diretamente do objeto de estudos, na realidade desse objeto.
Nesse contexto, Chizzotti (2006, p. 79) menciona que
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Sobre a pesquisa qualitativa, Lakatos e Marconi (2009) consideram que ela se preocupa em analisar e
interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano, fornecendo
análise mais detalhada sobre os hábitos, as atitudes, as tendências, além de outros aspectos que envolvem os
atores investigados.
Assim, toda pesquisa tem um pouco de qualitativa e um pouco de quantitativa, mas aqui estamos tratando
delas em separado, pois é fundamental compreender que são distintas e que, em ambas, os procedimentos e os
instrumentos metodológicos possuem variedade. Flick (2009) aborda a relação entre os dois tipos de pesquisas
considerando que elas podem oferecer um quadro mais geral da questão em estudo. Quando aprofundamos
nossos conhecimentos sobre a metodologia científica, descobrimos que muitos autores parametrizam a
pesquisa qualitativa em relação a quantitativa, e vice-versa, em tentativas sucessivas não de conceituá-las,
mas, sim, de apontar diferenças de toda ordem.
Günther (2006), então, considera que, para organizar as diferenças e similaridades entre a pesquisa qualitativa
e a pesquisa quantitativa, consideramos:
• características da pesquisa qualitativa;
• postura do pesquisador;
• estratégias de coleta de dados;
• estudo de caso;
• papel do sujeito;
• aplicabilidade e uso dos resultados da pesquisa.
Dessa forma, a pesquisa qualitativa, por ter a subjetividade como uma das suas características mais marcantes,
facilita a adaptação da aplicação de instrumentos metodológicos, possibilitando ao pesquisador avançar muito
mais do que na pesquisa quantitativa, sobre diversos aspectos da realidade. Assim, infere sobre variáveis
observáveis que não fazem parte do escopo da pesquisa.
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A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, uma interdependência viva entre sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo
objetivo e a subjetividade do sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados,
conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-observador é parte integrante do processo de
conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes significado. O objeto não é um dado inerte e
neutro; está possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações.
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Sendo assim, com base nesses conhecimentos, você possui elementos para decidir entre os procedimentos de
pesquisa mais adequados ao seu projeto.
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Conclusão
Você concluiu os estudos sobre os aspectos metodológicos na elaboração do trabalho acadêmico/científico.
Com essa discussão, esperamos que você se sinta competente para compreender as etapas da pesquisa
científica, entender a relevância do referencial teórico, identificar conceitos e diferenciar procedimentos e
técnicas de pesquisa quanto aos tipos de objetivos, natureza e procedimentos adotados.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• perceber as etapas de uma pesquisa científica;
• constatar que a elaboração de todo trabalho acadêmico/científico tem como base o respeito aos 
aspectos metodológicos;
• distinguir as etapas de introdução e justificativa da pesquisa;
• mapear as características dos procedimentos e técnicas de pesquisa;
• refletir acerca da elaboração do referencial teórico de sustentação da pesquisa;
• conhecer as estratégias de construção dos conceitos científicos.
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Referências
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http://www.scielo.br/pdf/rk/v10nspe/a0410spe
	Introdução
	2.1 Etapas da pesquisa científica
	2.1.1 Introdução e justificativa
	2.2 Construção do referencial teórico
	2.2.1 Pesquisa bibliográfica
	Parâmetros temáticos
	Parâmetros linguísticos
	Principais fontes
	Parâmetros cronológicos
	2.3 Conceitos
	2.4 Procedimentos e técnicas de pesquisa
	2.4.1 Pesquisa quantitativa e qualitativa
	Conclusão
	Referências

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