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Profa. Sara Corrêa Esp. Nutrição Clínica e Fitoterapia DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS Nutrição no Adulto e idoso IBMR, Rio de Janeiro/RJ 2020 Encefálo Centro da sensibilidade, motilidade, projeção e expressão emocionais, assim como atividades psíquicas superiores. - Vias de comunicação são através das fibras nervosas, muito abundantes no lobo temporal, no occipital e no frontal O córtex é dividido em parte receptora ( órgãos do sentido e outros estímulos como pele, músculo, etc ) e efetuadora que se comunicam entre si. Funções Básicas dos Nervos Cranianos TIPO DE NERVO FUNÇÃO MOTORA FUNÇÃO SENSORIAL Olfatório (I) Nenhuma; Olfato; Óptico (II) Nenhuma; Visão; Oculomotor (III) Movimento dos olhos; Contração da pupila; Nenhuma; Troclear (IV) Movimentos dos olhos; Nenhuma; Trigêmeo (V) Mastigação; Calor, frio facial, tato; Odores insalubres; Entrada do reflexo corneano; Abducente (VI) Movimento dos olhos; Nenhuma; Facial (VII) Todos os músculos da expressão facial; Reflexo corneano; Paladar nos 2/3 anteriores da língua; Vestibulococlear (VIII) Nenhuma; Audição e aceleração cefálica; Reflexo oculocefálico; Glossofaríngeo (IX) Deglutição; Reflexo do vômito; Sensações palatal, glossal e oral; Vago (X) Freqüência cardíaca; Atividade GI; Função sexual; Paladar no terço posterior da língua; Acessório espinhal (XI) Trapézio; Esternocleidomastóideo; Nenhuma; Hipoglosso (XII) Movimento da língua; Nenhuma; O Fator nutricional é de importância para a integridade dos neurônios, bem como para a mielinização das fibras nervosas que os formam. FATORES NUTRICIONAIS IMPORTANTES Classificação da Doença Neurológica • Etiologia Nutricional: - Síndromes Neurológicas por Deficiência Nutricional - Síndromes Neurológicas por Excesso Nutricional • Etiologia Não Nutricional: • Mas que Apresenta considerações nutricionais importantes. Comprometimentos no Processo Oral da Alimentação e Deglutição A) Relato de dificuldade ao se alimentar B) Problema comum nos pacientes neurológicos C) Deglutição X Líquidos Relato de dificuldade ao se alimentar • Fraqueza: • língua, • Face, • músculos mastigatórios; • Sinais de disfagia; Problema comum nos pacientes neurológicos • Disfagia; • Sintomas associados: – babar, sufocar, tossir durante as refeições, incapacidade de sugar, manter os alimentos presos na cavidade oral, perda do reflexo do vômito, perda de peso e anorexia Deglutição X Líquidos • Requer coordenação e controle máximo; • Comprometimento neurológico: • PNM por aspiração; • Alternativas: • líquidos engrossados com espessantes comercializados; Doenças Neurológicas de Origem Nutricional 1. Anemia Perniciosa (Deficiência de B12) 2. Síndrome (Encefalopatia) de Wernicke-korsakoff (deficiência de tiamina) 3. Acidente Vascular Cerebral (AVC) 4. Encefalopatia pelagroide - Deficiência de piridoxina e niacina 1. Anemia Perniciosa • Tríade clássica: • anemia • déficits neurológicos • atrofia epitelial da língua; • Causa da disfunção neurológica: • Anormalidade bioquímica no metabolismo lipídico envolvendo a B12; • B12 < 150mg/ml 1. Anemia Perniciosa • Conseqüência: • insere moleculas anormais (↑ ácido metilmalônico) nas membranas lipídicas da mielina. • Danos neurológicos • B12: • Participa no metabolismo de AG propiônico • é coenzima da metilmalonil- CoA em succinil-CoA; • Não há conversão de homocisteína + grupo metil = Metionina: HIPERHOMOCISTEINEMIA 2. Síndrome (Encefalopatia) de Wernicke-korsakoff • É uma doença do cerebelo e tronco cerebral; • É um distúrbio neurológico agudo; • Causas: • Deficiência CRÔNICA de B1; • Mais comum em alcoólatras; • Desmielinização e necrose de estruturas cerebrais; 2. Síndrome (Encefalopatia) de Wernicke-korsakoff Manifestações clínicas: • Distúrbio mental (encefalopatia); • Estado confusional: desorientação, apatia, sonolência e perda da memória; • Ataxia da marcha (comprometimento cerebelar); • Distúrbio ocular (nistagmo): oscilações repetidas e involuntárias 2. Síndrome (Encefalopatia) de Wernicke-korsakoff • Fatores de Risco: • Alcoolismo crônico; • Pacientes com esgotamento nutricional (HIV) - INANIÇÃO; • Vômitos persistentes; • Doenças sistêmicas (Neoplasias malignas; Insuficiência hepática; Tuberculose disseminada; Uremia); • Iatrogênicas (Cirurgia Gastrointestinal com má absorção; Hemodiálise ou diálise peritoneal; NPT prolongada); • Anorexia Nervosa; 2. Síndrome (Encefalopatia) de Wernicke-korsakoff • Tratamento = tiamina + suplemento vitamínico + dieta H vits., H mins., Hiperproteica com seleção de Aas no caso de comprometimento hepático, restante NP. 3. Acidente Vascular Cerebral (AVC) 3. Acidente Vascular Cerebral (AVC) 3. Acidente Vascular Cerebral (AVC) • Definido como o início de déficit neurológico focal ou global com duração superior a 24h; • Fatores de riscos: • HAS e fumo (modificáveis); • Doença cardíaca, fibrilação atrial, diabetes e anticoncepcionais; 3. Acidente Vascular Cerebral (AVC) • Causas: • ATEROSCLEROSE (hipercolesterolemia); • Evento Tromboembólico (85% dos casos); • Hemorragias intracranianas (15% dos casos); 3. Acidente Vascular Cerebral (AVC) • Manifestações: • Dificuldades de se alimentar; • Disfagia; • Desnutrição; • Infecções pulmonares; 4. Encefalopatia pelagroide • Distúrbio causado por deficiência de Niacina ou de triptofano; • Observada em alcoólatras e pacientes internados; • Síndrome dos 3 “D”: • Diarréia • Demência • Dermatite • Manifestações: • diarréia, • glossite, • Anemia • lesões cutâneas; 4. Encefalopatia pelagroide • Manifestações Neurológicas: • irritabilidade, depressão, insônia, dificuldade de concentração; • Manifestações Tardias: • confusão, alucinações, pensamentos paranóicos e fraqueza; • Outras: • déficits cerebelar e neuropatia óptica; Deficiência de Piridoxina • Manifestação clínica: POLINEUROPATIA SENSORIMOTORA; Piridoxina Piridoxal-quinase e Piridoxina- fosfato-oxidase Fosfato de Piridoxal Ác. Glutâmico descarboxilase do ác. Glutâmico ác. Gamaaminobutírico (GABA) Deficiência de Piridoxina • Tuberculosos em tratamento com ácido isonicotínico desenvolvem deficiência de Piridoxina: • Ácido isonicotínico (Isoniazida) forma complexo com o fosfato de piridoxina; Doenças Neurológicas de Etiologia NÃO NUTRICIONAIS - Doença de Alzheimer - Esclerose Lateral Amiotrófica - Esclerose Múltipla (EM) - Doença de Parkinson • Demência: – Declínio mental progressivo; • Consequências da Demência: – Perda da independência; – Amnésia e Defeito de raciocínio; – Alterações da linguagem (afasia) e da orientação espacial; Doenças Neurológicas de Etiologia Não Nutricionais • Fisiopatologia: • Maior causa: estresse oxidativo • Geração de radicais livres através de metais ionizados • Peroxidação lipídica aumentada • Dano no DNA aumentado • Fosforilação protéica aumentada Doenças Neurológicas de Etiologia Não Nutricionais A doença afeta aproximadamente 10% dos indivíduos com idade superior a 65 anos e 40% acima de 80 anos. Neurodegenerativa mais freqüente associada à idade, cujas manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas resultam em deficiência progressiva e incapacitação. Estima-se que, em 2050, mais de 25% da população será idosa doença mais presente • Clinicamente: - Início com perda de memória sutil; - Demência lentamente progressiva; - Evolução ao longo de anos. • Hereditariedade: - Foram identificados 4 genes relacionados a suscetibilidadeou desenvolvimento da doença. • Anatomopatológico: - Atrofia macroscópica difusa do córtex cerebral. Alzheimer Doença de Alzheimer • Forma mais comum de demência; • Degeneração progressiva e seletiva de neurônios no córtex, hipocampo, da região temporal, frontal e parietal; • Óbito geralmente decorrente da desnutrição, infecções secundárias, cardiopatias ou pneumopatias secundárias a aspiração Doença de Alzheimer • Causas: • Danos neuronais e perda da densidade sináptica; • Defeitos neuroquímicos que justificam as alterações do comportamento: • de acetilcolina no córtex cerebral; • de norepinefrina; Doença de Alzheimer • Fatores causais e de risco: • genéticos, • ambientais, • estilo de vida, • deposição extracelular de proteína “ amilóide”; • consumo de gorduras saturadas, • excesso no consumo calórico e de álcool, • diabetes, hiperinsulinemia, • depressão, • doença cardiovascular, • trauma cerebral, • Fumo • infarto; hiperhomocisteinemia Tipos de Alzheimer Precoce Tardia Familiar Alzheimer de Início Precoce • Alzheimer com início precoce é uma forma rara da doença (menos de 10% de todas as pessoas com doença de Alzheimer têm início precoce). • Diagnosticada antes dos 65 anos. • Mais suscetível de se manifestar em pessoas com Síndrome de Down. • Genes que provocam o início precoce da doença são muito específicos e estão presentes no cromossoma 14. Alzheimer de Início Tardio • Forma mais comum de aparecimento da doença, 90% dos casos. • Depois dos 65 anos. • O APOE (Apolipoproteína E) é o único gene associado a um ligeiro aumento do risco de início tardio. Alzheimer Familiar • Inteiramente hereditária. • É menos comum, • Transmitida de uma geração para outra. • Se um dos progenitores tem um gene mutado, cada filho terá 50% de probabilidade de herdá-lo. • A presença do gene significa que existe possibilidade da pessoa desenvolver a doença de Alzheimer, normalmente entre os 40 e 60 anos Tratamento Nutricional Os doentes com Alzheimer apresentam deficiências em vários nutrientes, incluindo selénio, fibra, ferro e vitaminas do complexo B, C, K e E Ainda não existe evidência científica suficiente para suportar a recomendação de suplementação específica de antioxidantes na prevenção e tratamento da doença de Alzheimer. Deve-se sim tentar que sejam atingidas as doses diárias de ingestão recomendadas destes nutrientes, preferencialmente através da alimentação • Baixos níveis das vitaminas do complexo B, sobretudo ácido fólico e B12 aumentam consideravelmente o risco de doença de Alzheimer. • O ácido fólico parece ter um papel benéfico, independentemente dos níveis de homocisteína, nomeadamente em relação a funções cognitivas como na linguagem e velocidade de processamento de informação. • A suplementação de B12 parece melhorar a performance cognitiva, sendo que níveis plasmáticos entre 187 e 256,8 μmol/L estão associados a declínio cognitivo. Vitaminas do complexo B • Garantir a ingestão das doses diárias recomendadas destas vitaminas através da alimentação. • A utilização de suplementação deverá ser reservada apenas para a correção de deficiências clinicamente comprovadas como por exemplo em pessoas com baixas concentrações de B12 e ácido fólico, e por várias razões, como por exemplo na prevenção de anemia perniciosa, neuropatia periférica e outros sintomas neuropsiquiátricos Conseqüências Nutricionais Perda de peso Deficiências nutricionais Disfagia Fatores Nutricionais protetores Antioxidantes (vitaminas e minerais); peixe; proteínas ricas em metionina e vitaminas Lipídeos Otimizar alimentos ricos em ômega-3: reduz a patologia amilóide. Restringir alimentos fontes de gordura saturada e colesterol Vitaminas Otimizar consumo de Vitaminas antioxidantes: A, E e C; Otimizar consumo de vitaminas do complexo: folato, B6 e B12. Minerais Otimizar consumo de Zinco e Selênio Especiarias Curcuma: propriedade anti-amilóide, antiinflamatória e potente antioxidante, superior a vitamina E oferece proteção cerebral contra estresse oxidativo e peroxidação lipídica. MICRONUTRIENTE Homens Mulheres RDI UL RDI UL Vitamina A 900mcg 3000mcg 700mcg 3000mcg Vitamina C 90mg 2000mg 75mg 2000mg Vitamina E 15mg 1000mg 15mg 1000mg Ácido Fólico 400mcg 1000mcg 400mcg 1000mcg Vitamina B6 1,7mg 100mg 1,5mg 100mg Vitamina B12 2,4 mcg Não disponível 2,4 mcg Não disponível Zinco 11mg 40mg 8mg 40mg Selênio 55mcg 400mcg 55mcg 400mcg NUTRIENTE Homens Mulheres Carboidrato 130g/dia (45 a 65%) 130g/dia (45 a 65%) Fibras totais 30g/dia 21g/dia Lipídios 20 a 35% 20 a 35% Ac. Linoléico (n-6 PUFA) 14g/dia (5 a 10%) 11g/dia (5 a 10%) Ac. -linolênico (n-3 PUFA) 1,6g/dia (0.6 a 1.2%) 1,1g/dia (0.6 a 1.2%) Proteínas 56g (10 a 35%) 46g (10 a 35%) Recomendação de Micronutrientes para Idososo (> 60 anos) (DRI) Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) • Tipo mais comum de doença do sistema motor; • Envolve: – atrofia progressiva dos nervos motores, fraqueza muscular e hiperreflexia; • Achados clínicos: – Fraqueza muscular (pernas, mãos, braços e orofaringe); – Disfagia (oral e faringeana) e dificuldade da fala; – Atrofia muscular: • do peso Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) • Cientistas da Universidade da Carolina do Norte (EUA): casos da doença ligados a mutações numa proteína chamada SOD1. SOD1 cria um aglomerado temporário de três moléculas - chamado de trímero. Esse trímero é altamente tóxico para os neurônios motores, o que leva à morte dessas células. • Neurodegeneração na substância cinzenta da medula espinhal e córtex cerebral. • Mutações na superóxido dismutase (Cobre-Zinco). • Estress Oxidativo • Perda de neurônios Esclerose Lateral Amiotrófica • Pode causar problemas alimentares e alterações da consistência da dieta por: – Dificuldade alimentar: • TOSSE; – Fraqueza do músculo mastigatório, da língua e facial; – Requer intervenção nutricional adequada; Esclerose Múltipla (EM) • Doença AUTO-IMUNE que afeta o SNC; • Caracterizada por destruição da bainha de mielina; • Função da BAINHA DE MIELINA: – transmitir os impulsos nervosos; • Mielina é substituída por esclera ou tecido de cicatrização; • É denominada “múltipla” por acometer múltiplas áreas dos nervos; • Causa: indeterminada; tendência familiar não estabelecida; • Sinais Clínicos: – fraqueza, espasticidade, tremor, incoordenação e outros; Doença de Parkinson • E uma doença neurológica incapacitante; • Característica principal: – da DOPAMINA; • Etiologia: – Perda de neurônios dopaminérgicos na substancia negra; – da enzima TIROSINA HIDROXILASE (enz. que converte tirosina em L- dopa e posteriormente em dopamina.). Envelhecimento X Parkinson Perda de Neurônios contendo DOPAMINA ↑ Monoamina oxidase ↑ Oxidação da Dopamina ↑ Radicais Livres ↑ Lesão Oxidativa Peroxidação da membrana lipídica Morte Celular (NEURONAL) Perda de Neruônios Dopaminérgicos Doença de Parkinson • Manifestações clínicas: – Tríade CLÁSSICA: – tremor + rigidez + bradicinesia. • Progressão da Doença: – Rigidez das extremidades: • interferindo na capacidade do doente se cuidar e de alimentar-se (DEPENDÊNCIA); – Tremor dos braços e pernas; • Complicação tardia: – DISFAGIA perda de peso; Doença de Parkinson • Possíveis causas: – Alteração do metabolismo da DOPAMINA por lesão neural; – Exposição a neurotoxinas ambientais; – Predisposição genética; Doença de Parkinson • Tratamento medicamentoso: • L-dopa (Levodopa) • inibidores de monoamina oxidase (IMAO); • Inibidor de colinesterase(Excelon®) Aspectos Nutricionais na Doença de Parkinson • Atentar para os efeitos colaterais da Levedopa: • Anorexia • Náuseas • Vômitos • Cuidados: • Proteína • Vitamina B6 (Piridoxina) • Constipação • Proteína: • Alta proteína: prejudica eficiência da droga. • Reduzir no desjejum e no almoço • Aminoácidos prejudicam a absorção da medicação (Levedopa) • RESTRINGIR para obter controle dos sintomas com a medicação Aspectos Nutricionais na Doença de Parkinson • Vitamina B6 (Piridoxina): • Cofator da descarboxilase • Acelera a transformação da L-dopa em dopamina (Precipita na periferia e não no interior do SNC) • Reduz disponibilidade de Dopamina no SNC. • Não suplementar e restringir nos pacientes em uso de Levedopa. • Fibras e água: • Aumentar oferta • Constipação: • Efeito colateral de medicações combinadas • Degeneração dos nervos do TGI • Assim como todo doença neurológica, há predisposição de constipação pelo comprometimento do estímulo nervoso gastrointestinal.
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