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PROCESSO PENAL P R O F . T A S S I O D U D A 2020 Direito Processual Penal Tema: Perguntas de Processo Penal Prof. Tassio Duda No presente material serão expostas algumas das perguntas mais comuns de Direito Processual Penal, as quais serão respondidas com base na doutrina e jurisprudência mais atual. Nos termos do art. 76, caput, da Lei n. 9.099/95, a transação penal é cabível nas ações penais públicas condicionadas à representação e na ação penal pública incondicionada. Observe: A lei NÃO previu, expressamente, o cabimento da transação penal na ação penal exclusivamente privada. Apesar disso, a doutrina e jurisprudência adotam o entendimento de que a referida medida é cabível em tais ações. Nesse sentido, o STJ, no HC n. 34.086/SP, assentou que se admite a aplicação do instituto da transação penal aos crimes de ação penal exclusivamente privada. Antes de responder à pergunta, é necessário revisar o conceito de ação penal exclusivamente privada, de ação penal privada subsidiária da pública e de mutatio libelli. A ação penal exclusivamente privada é a modalidade de ação em que a legitimidade para sua propositura pertence à vítima ou ao seu representante legal, e não ao Ministério Público como ocorre nas ações penais públicas. Nessa modalidade de ação, o autor – a vítima – é chamado de querelante, enquanto o acusado é denominado de querelado, sendo a peça acusatória chamada de queixa-crime. Por seu turno, a ação penal privada subsidiária da pública consiste na modalidade de ação em que o ofendido possui legitimidade ad causam supletiva, sendo consagrada no art. 5º, inciso LIX, da Constituição Federal de 1988. Essa legitimidade surge, basicamente, em função da inércia do Ministério Público em tomar alguma providência durante a fase investigativa, permitindo ao ofendido propor a ação penal em crimes cujo processamento ocorre por meio de ação penal pública. Já a mutatio libelli ocorre quando, durante o curso da instrução processual, surge prova de elementar ou circunstância que não constava na inicial acusatória – denúncia. Exemplo: 1. INTRODUÇÃO 2. A TRANSAÇÃO PENAL É CABÍVEL NA AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA? 3. A MUTATIO LIBELLI É ADMITIDA NA AÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE PRIVADA? Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. Direito Processual Penal Tema: Perguntas de Processo Penal Prof. Tassio Duda Imagine que o Ministério Público ofereça denúncia, imputando ao agente o cometimento de um crime de furto simples, previsto no art. 155, caput, do Código Penal. Uma vez iniciado o processo criminal, durante a audiência de instrução, constata-se a partir de oitiva de testemunhas e da vítima que o denunciado empregou violência – elementar do delito de roubo – durante a ação criminosa, fato esse que não constou na denúncia. Nessa situação, o juiz não poderá proferir, tão logo, uma sentença condenatória pelo delito de roubo (art. 157, CP), pois o denunciado defende-se dos fatos que foram imputados na denúncia, no caso, a prática de furto simples. Para que o magistrado possa condená-lo pelo crime de roubo, será necessário que o Ministério Público proceda ao aditamento da peça acusatória para incluir a elementar do emprego da violência. O fundamento legal pode ser encontrado no art. 384, caput, do CPP. Veja: Após breves explicações conceituais, vamos para a pergunta inicial. De acordo com a doutrina majoritária, o instituo da mutatio libelli somente pode ser aplicado nos crimes de ação penal pública incondicionada e condicionada e na hipótese de ação penal privada subsidiária da pública. A doutrina extrai tal conclusão a partir de uma interpretação do art. 384, caput, do CPP, segundo o qual cabe ao Ministério Público aditar a denúncia ou queixa, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública. Apesar do dispositivo utilizar a expressão “queixa”, o legislador a restringiu aos casos em que tenha dado causa à instauração de processo penal em crime de ação pública, levando ao entendimento de que o dispositivo legal se referiu apenas à ação penal privada subsidiária da pública. Por tais razões, entende a doutrina que a mutatio libelli NÃO é cabível na ação penal exclusivamente privada, nem na ação penal privada personalíssima. Antes de responder à pergunta, é necessário revisar quais são os prazos gerais para a conclusão do Inquérito Policial, consagrados no Código de Processo Penal (CPP). De acordo com o art. 10, caput, do CPP: 4. É POSSÍVEL PRRROGAR O PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO SE O INVESTIGADO ESTIVER PRESO A mutatio libelii é admitida na ação penal exclusivamente privada? Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. Direito Processual Penal Tema: Perguntas de Processo Penal Prof. Tassio Duda Assim, os prazos gerais do CPP são: • Agente preso = 10 dias; • Agente solto = 30 dias. Em se tratando do agente que se encontra solto, a doutrina é firme no sentido de que é possível prorrogar o prazo do inquérito policial com fundamento em uma interpretação extraída do art. 10, § 3º, do CPP. Essa pergunta mercê atenção especial, pois em relação ao agente que se encontra preso, antes do advento da Lei n. 13.964/19 – também conhecida como Pacote Anticrime – não era possível prorrogar o prazo para conclusão do Inquérito Policial. Atualmente, contudo, o art. 3º - B, do CPP, incluído pela Lei n. 13.963/19, permitiu ao juiz das garantias, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, por uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias. Observe: Assim, podemos destacar as seguintes informações: Antes de responder à pergunta, é necessário revisar quais são os prazos para o oferecimento da denúncia. Basicamente, o Ministério Público possui o prazo de 5 (cinco) dias para oferecer denúncia caso o agente se encontre preso. Se o agente se encontrar solto, ou seja, em liberdade, o prazo será de 15 (quinze) dias. Os mencionados prazos são previstos no art. 46, do Código de Processo Penal (CPP). Observe: 5. O PRAZO PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO OFERECER DENÚNCIA É PRÓPRIO OU IMPRÓPRIO? Mas quanto ao agente preso? Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (...) § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada. • É possível prorrogar o prazo se o agente estiver preso; • O prazo máximo para conclusão do inquérito se o agente estiver preso é de 25 dias(10+15); • O prazo previsto para prorrogação é de ATÉ 15 dias. Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. (...) Direito Processual Penal Tema: Perguntas de Processo Penal Prof. Tassio Duda De acordo com os Tribunais, trais prazos são IMPRÓPRIOS, o que significa que não há preclusão para o Ministério Público em oferecer a denúncia. A inobservância de tais prazos caracteriza, em tese, mera irregularidade, não acarretando nulidade do feito. CAPA PROCESSO PENAL.pdf PERGUNTAS PROCESSO PENAL PARTE I.pdf
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