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Institucionalização do 
Serviço Social
Serviço Social em direção à Reconceituação
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Maria Raimunda Chagas Vargas Rodriguez
Revisão Textual:
Prof. Esp. Tiago Araújo Vieira
5
Nesta Unidade estudaremos o Movimento de Reconceituação do Serviço Social, que 
começou a partir de 1967, com maior efervescência na década de 1970.
O Movimento de Reconceituação se constitui como um fenômeno do Serviço Social que 
aconteceu na America Latina, em especial no Brasil. 
A importância desse movimento diz respeito ao debate travado no seio profissional que, 
contraditoriamente, propiciou o crescimento, o avanço, a reflexão e a construção de um 
referencial teórico próprio do Serviço Social Latino Americano, a fim de responder às 
questões do Continente.
Nesse momento, o Serviço Social buscou se afirmar no cenário das profissões liberais, através 
de sua teoria e metodologia mais crítica e transformadora.
Deste modo, o mais importante desta Unidade é compreender como esse movimento se 
efetivou, quais foram os seus desafios, avanços e equívocos, e, principalmente, os ganhos 
teóricos, metodológicos, éticos e políticos para a profissão. 
Todos esses processos estão devidamente explicados no material didático.
Debater o início do Movimento de Reconceituação do Serviço Social 
brasileiro: análise e perspectiva.
Serviço Social em direção à Reconceituação
 · Serviço Social em direção à Reconceituação
6
Unidade: Serviço Social em direção à Reconceituação
Contextualização
O Movimento de Reconceituação no serviço social nasceu em 1967 nos países da América 
Latina. Em especial, no Brasil, Peru, Argentina, e Uruguai. 
Os objetivos do Movimento de Reconceituação eram: buscar um marco teórico – em outras 
palavras, uma teoria que pudesse orientar a prática do serviço social latino-americano; encontrar 
modelos metodológicos adequados à realidade do continente Latino Americano, objetivando 
a integração da teoria e da prática na atividade profissional; bem como a construção de uma 
teoria autônoma, a partir da realidade latino-americana.
Diante desses elementos, a proposta para o Serviço Social com base no movimento de 
reconceituação consistirá, preliminarmente, em aproximar a ação profissional das reais 
problemáticas dos países latino-americanos e, a partir disso, construir uma teoria com base na 
realidade específica desses países. 
A principal conquista foi à recusa do profissional de Serviço Social de ser mero executor de 
políticas sociais, reivindicando para si, as funções de planejamento, valorizando seu estatuto 
intelectual, assentando as bases para a requalificação profissional e rechaçando a subalternidade 
de seu papel, até então vigente, como profissionais da prática.
O Movimento de Reconceituação foi muito importante para o crescimento, avanços e desafios 
do Serviço Social, pois, graça a essa dissidência interna no seio profissional, foi possível ao 
Serviço Social construir sua trajetória crítica, na defesa dos direitos sociais e se constituir como 
uma profissão relevante para o país.
7
Serviço Social em direção à Reconceituação
O movimento de reconceituação no serviço social nasceu em 1965, nos países da 
América Latina.
Surge da crítica às práticas tradicionais e teorias que legitimavam a profissão, na transição 
da década de 60 para a de 70. Os questionamentos agruparam uma frente ampla de 
profissionais interessados em promover o desenvolvimento econômico e social. Assumiu 
diferentes matizes, determinadas pela conjuntura sociopolítica nos países em que o movimento 
de reconceituação se processou. No caso do Brasil, isso se deu já na vigência do Golpe 
militar de 1964, traduzindo-se em uma ação voltada à modernização profissional, exceto pela 
experiência do Método de BH. 
Você Sabia ?
Método de BH: Metodologia de intervenção profissional que surgiu na Universidade de 
Belo Horizonte, com o viés teórico da teoria social do Materialismo Histórico Dialético, por 
isso chamado de Método de BH.
Os postulados básicos assimilados pela prática de campo do Serviço Social reconceituado, 
apoiaram-se nas seguintes concepções como forma de modernizar a profissão:
a) Crítica ao teoricismo1 e aos métodos de pesquisa sociológica de nível positivista;
b) Necessidade de vincular o trabalho de pesquisa a um processo imediato de organização 
e mobilização popular indispensável à convivência com o povo;
1 Teoricismo: adoção de ideias teóricas desconexas da prática. (N. R.)
8
Unidade: Serviço Social em direção à Reconceituação
c) Absoluta crença de que a verdade revolucionária está contida na participação popular;
d) Introdução de uma nova Teoria Social denominada de Materialismo Histórico 
Dialético, em substituição ao Positivismo;
Estas etapas compreendem o uso dos sentidos para captar a realidade. Num segundo 
momento, o conhecimento racional é equivalente à formação de conceitos e juízos extraídos 
desde a própria base dos fenômenos percebidos sensorialmente, e, uma terceira fase de 
generalização científica, está ligada à abstração racional como meio de desenvolvimento de leis 
e determinações gerais entre os fenômenos.
 
 Diálogo com o Autora
A título de exemplo, Leila Lima Santos aponta a experiência com o Método de BH – experiência 
desenvolvida pela Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Minas Gerais – como 
expressiva da linha renovadora do Serviço Social reconceituado. Sinteticamente, o método 
compreende fases de investigação; interpretação diagnóstica; programação e execução do trabalho, 
com a realização de programas que respondem à adequação entre problemas, objetivos, meios e 
recursos para solucioná-los. (SANTOS, p. 123-125).
 
 Explore
Método de BH
Serviço Social Utopia E Realidade: Uma Visão da História: Margarida Barbosa. Dis-
ponível: http://www.pucminas.br/graduacao/cursos/arquivos/ARE_ARQ_REVIS_ELE-
TR20071101163758.pdf
Textos de Serviço Social; Santos, Leila Lima; Cortez Editora; 1982
9
O processo de ruptura proposto pelo Movimento de Reconceituação consistia na rejeição 
do modelo de Serviço Social Norte-americano, que predominava na profissão no âmbito da 
América Latina. Os principais elementos dessa ruptura são:
1- A tendência em oferecer soluções para os problemas sociais na perspectiva do indivíduo, 
sem considerar a estrutura social em que está envolvido;
2- O marco teórico que fundamentava a prática do serviço social latino-americano se baseava 
em realidades históricas e sociais bastante divergentes das suas próprias;
3- Rompimento com os métodos tradicionais do Serviço Social – caso, grupo e comunidade 
resultantes de uma visão cientificista na profissão;
4- Apropriação de concepções diagnósticas características das disciplinas terapêuticas, com 
ênfase no tratamento e levando a profissão à forte tendência psicologizante;
5- Realização de uma prática repetitiva, com ênfase na adoção de técnicas desconectadas 
da teoria.
Diante desses elementos, a proposta para o Serviço Social com base no movimento 
de reconceituação consistirá, preliminarmente, em aproximar a ação profissional 
das reais problemáticas dos países latino-americanos e, a partir disso, construir 
uma teoria com base na realidade específica desses países. Frente a essa proposição, 
destacam-se os seguintes elementos:
1. Busca de um marco teórico (teoria) para orientar a prática do serviço social latino-
americano;
2. Busca de modelos metodológicos adequados à realidade, integrando teoria e prática na 
atividade profissional;
3. Construção de uma teoria autônoma, a partir da realidade latino-americana.
Em Síntese
O Serviço Social tradicional era caracterizado pela prática empirista, reiterativa, paliativa e 
burocratizada, sendo orientada por uma ética liberal burguesa, funcionalista, que visava enfrentar as 
incidências psicossociais da Questão Social sobre os indivíduos e grupos, para o seu ajustamento 
na ordem social fundada pelo capitalismo. 
Ao procedercriticamente ao Serviço Social tradicional, o objetivo do Movimento de 
Reconceituação era buscar apresentar uma alternativa ao chamado assistencialismo que surgiu 
com a profissão e persistiu na prática profissional como algo inerente a ela. Colocava-se enquanto 
tarefa precisar o seu significado, uma vez que era situado como uma das visões preponderantes 
na profissão desde o seu nascimento.
10
Unidade: Serviço Social em direção à Reconceituação
 
 Diálogo com o Autora
Nessa perspectiva, Leila Lima Santos (1999), ao teorizar sobre a profissão, aponta como duas principais 
visões na história do Serviço Social: o assistencialismo e a reconceituação. Na sua compreensão 
aponta que ao criticar o assistencialismo, entendido como ajuda aos necessitados e melhoria 
das condições de vida dos trabalhadores, o Movimento de Reconceituação evidenciava que 
essa ação assistencialista cumpria fins sociais de amortecimento dos conflitos entre grupos sociais. 
(...) a (partir da) reconceituação os Assistentes Sociais deixaram de, 
ingenuamente, afirmar o significado que o Serviço Social reclamava para si 
mesmo (o auxílio aos necessitados) e passaram a lhe atribuir o significado 
profundo que, na verdade tinha: seu relacionamento com os interesses dos 
grupos sociais dominantes na sociedade. (SANTOS, p. 170). 
Mais adiante, a autora complementa essa visão acerca do assistencialismo, reafirmando se 
tratar de uma concepção ingênua, como uma pratica realizada tendo por base mais do que 
uma realidade objetiva, a partir da crença que uma parte de nossa atividade – o bem real que 
o serviço produz – é a verdade total. E acrescenta ainda que o Serviço Social viveu 30 anos 
mergulhado nessa convicção e, somente a partir da década de 60, é que surgiu, no âmago da 
profissão, através do Movimento da Reconceituação, uma crítica à prática assistencialista. 
José Paulo Netto (2014), afirma que o movimento de reconceituação apresentou quatro 
conquistas que se integraram à dinâmica profissional:
1. Articulação de uma nova concepção da unidade latino-americana: apoiado reconhecimento 
da necessidade de uma unidade para responder às problemáticas comuns da América 
Latina, sem as tutelas imperialistas ou confessionais;
2. Explicitação da dimensão política da ação profissional: dimensão esta constitutiva de 
qualquer intervenção social, mas até então não reconhecida;
3. Interlocução crítica com as Ciências Sociais: a reconceituação lançou bases para a 
interlocução com as Ciências Sociais de forma crítica e sintonizada com a diversidade de 
pensamento social contemporâneo, inclusive, os de tradição marxista;
4. Inauguração do pluralismo profissional: a reconceituação subverteu com o monolitismo 
próprio do objeto, das funções, dos objetivos e das práticas do Serviço Social, ampliando 
para outras concepções acerca da natureza, inclusive, com diferentes metodologias.
A principal conquista foi à recusa do profissional de Serviço Social em ser mero executor de 
políticas sociais, reivindicando para si, as funções de planejamento, valorizando seu estatuto 
intelectual, assentando as bases para a requalificação profissional e rechaçando a subalternidade 
de seu papel, até então vigente, como profissionais da prática. 
O movimento também teve equívocos e descaminhos na visão de Netto (2014):
1. A denúncia do conservadorismo disfarçado em apoliticismo conduziu a um ativismo 
político, obscurecendo as fronteiras entre a profissão e o militantismo;
11
2. A recusa das teorias importadas, especialmente o hegemonismo das ciências sociais norte-
americanas, derivou numa relativização da teoria;
3. O confucionismo ideológico, misturando-se diferentes visões. 
Este balanço apresentado por Netto (2014), acrescenta a seguinte indicação:
Os rumos da história latino-americana em meados de 1970 impediram 
o desenvolvimento e o aprofundamento das questões levantadas pelo 
movimento de reconceituação, permanecendo por isso um capítulo 
inconcluso. (Netto, 2014.p. 13).
Ao considerar que este movimento não pôde avançar em razão da asfixia que lhe foi imposta 
pelas diversas ditaduras na América Latina, inclusive no Brasil, durante mais de 10 anos, o 
espírito renovador da reconceituação, na sequencia da década de 1970, influenciou de forma 
crítica às produções mais avançadas no processo profissional latino-americano. 
Uma referência importante foi a profícua produção teórica e consequente atividade editorial 
do Centro Latino-americano de Trabajo Social – CELATS, viabilizando um projeto 
sobre as alternativas da organização de assistentes sociais em escala continental e o fomento à 
investigação acerca da história do Serviço Social na América Latina.
Essa experiência que se esgotou na última década do século passado, demonstra 
que a reconceituação não se concluiu; no entanto, foi transitiva já que viabilizou, 
com sua crítica e denúncia, a passagem do Serviço Social Tradicional para o 
chamado Serviço Social Crítico. (Ver Netto, Jose Paulo. Serviço Social & Sociedade 
– 84 – 2005, p. 5-20, disponível em:
• http://www.scielo.br/scielo 
Vicente de Paula Faleiros (2005), teórico importante da profissão, alerta para os fundamentos 
da reconceituação como disparadores de diferentes formulações que, embora se apresentassem 
como reconceituadas, mantiveram-se dentro da perspectiva de melhorar o funcionamento do 
sistema dominante ou dos indivíduos e grupos dentro do sistema. As denominações abrangem 
às seguintes correntes:
1. Racionalistas: buscam incorporar ao Serviço Social uma visão aplicável nas empresas, 
utilizando-se de métodos do planejamento para otimizar recursos e modificar as situações 
sociais problemas;
2. Nacionalistas: a renovação do Serviço Social também com o uso de planejamento, com 
etapas definidas – diagnóstico, um plano de ação e uma intervenção profissional;
3. Documento de Araxá (1967): define a ação profissional do Serviço Social, como 
um instrumento de desenvolvimento humano (individual e coletivo), num esforço de 
teorização. A profissão teria uma ação voltada para a correção das causas de problemas 
que dificultam o desenvolvimento, tendo o caráter de promoção humana e prevenção 
para atacar às causas de problemas individuais e coletivos.
4. Documento de Teresópolis (1970): enfatiza o conceito de necessidades humanas. A 
ação profissional deve estar voltada para atenuar as situações de carência e adequar-se às 
formas de mudança e crescimento, estabelecidas pelos grupos hegemônicos;
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Unidade: Serviço Social em direção à Reconceituação
5. Documento de Sumaré (CNCISS): O Serviço Social é compreendido como processo 
de aprendizagem de ajustamento e mudança. Discutem-se as possibilidades de um Serviço 
Social na ótica dialética e na ótica da fenomenologia, abrindo-se ao pluralismo metodológico.
Livro publicado pelo CBCISS que retrata as discussões travadas nos três encontros 
importantes do Serviço Social: Araxá, Teresópolis e Sumaré.
Fonte: Teorização do Serviço Social - Documentos; Editora Agir; 1986
Todas essas cinco vertentes apresentadas, segundo Faleiros (1999), estão circunscritas a 
propostas desenvolvimentistas, numa perspectiva de ajuste e de adaptação do indivíduo ao 
sistema vigente. 
Enquanto movimento, numa perspectiva crítica e buscando superar os entraves impostos 
pela ditadura militar, um grupo de profissionais, estudantes e técnicos, vinculados à Igreja 
Progressista, defendiam uma profunda transformação da sociedade e do sistema dominante. 
Dentro dessa perspectiva, a participação social e política dos profissionais passa a ser prioritária 
sendo defendida a partir da base e da prática social objetiva, construída em conjunto com os 
movimentos sociais. 
Nesses movimentos destacaram-se as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), ligadas à 
Igreja Católica, os sindicatos e as organizações políticas clandestinas. Essa mobilização levou 
o movimento sindical dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo ao cenário político, com 
grandes mobilizações e greves.Neste contexto, final da década de 1970, o movimento de organização da categoria dos 
Assistentes Sociais foi se estruturando politicamente. No mesmo período, é promulgada a Lei 
de Anistia (1979), e é quando ocorre também, o III Congresso Brasileiro de Serviço Social 
(1979), no qual os convidados oficiais do governo foram substituídos por representantes dos 
trabalhadores, entre eles, Luís Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República do Brasil. Em 
1980 é fundado o Partido dos Trabalhadores (PT) para onde confluíram todas essas mobilizações 
de trabalhadores, movimentos pastorais e intelectuais. 
13
Também merece destaque, na construção do paradigma crítico da profissão, a influência 
da pedagogia da conscientização elaborada pelo educador Paulo Freire. Essas propostas de 
conscientização, a teoria da dominação e dependência e a teoria marxista, foram as principais 
influências teóricas no movimento de reconceituação.
Decorrente de todo esse processo histórico, marcado pela luta contra o imperialismo norte-
americano, que financiou e sustentou as ditaduras golpistas da América Latina, surgiu a 
formulação de um pensamento crítico no Serviço Social, vinculado à luta de classes. 
O questionamento do Serviço Social Tradicional levou uma corrente mais crítica, que buscava 
fundamentação teórica no marxismo, a influenciar na formação acadêmica, como ocorreu com 
a Escola de Serviço Social da PUC de Belo Horizonte (1972-l975). 
Na perspectiva da defesa de uma visão crítica e comprometida com a transformação social, 
foi organizado o Código de Ética Profissional e as mudanças na formação acadêmica, buscando 
com isso, desmontar a estrutura tradicional de divisão: caso, grupo e comunidade.
O desafio principal apontado por Faleiros (1999) na atualidade:
Fica ainda hoje, a necessidade de articular, de maneira mais profunda, uma 
dinâmica de transformação das relações sociais que seja crítica ao contexto, se 
vincule ao processo de resistência à ordem dominante, promova a cidadania e 
a democracia, e produza análises concretas para que a própria reconceituação 
seja questionada, pois, ela tem como pressuposto, ainda que pareça paradoxal, 
ser um movimento na tradição crítica. 
Nesse sentido, a universalização da assistência como direito social cede lugar à focalização 
de ações de forma municipalizada; a solidariedade social passa a ser localizada, pontual, 
identificada com a autoajuda e com a ajuda-mútua, alterando de forma significativa o conteúdo 
das políticas sociais.
Essas respostas coletivas são sintetizadas no Projeto Ético-Político do Serviço Social (Código 
de Ética de 1993), fundado no compromisso com princípios e valores, tais como:
- a liberdade;
- a democracia substantiva (e a redemocratização);
- a cidadania e sua expansão, ampliando direitos humanos civis, políticos e sociais;
- a justiça social (e a igualdade social, que não se confundem com a identidade);
- as políticas sociais universais, não contributivas, de qualidade e constitutivas de direitos 
de cidadania;
- ampliação da esfera pública;
- eliminação de toda forma de exploração, dominação e submissão como sistema de convivência 
social e de desenvolvimento de uma essencial cidadania e da emancipação humana.
A análise crítica da realidade é apresentada como condição para orientar a prática profissional, 
no sentido de reforçar direitos conquistados por trabalhadores e cidadãos em geral. 
14
Unidade: Serviço Social em direção à Reconceituação
Material Complementar
Serviço Social Utopia e Realidade: Uma Visão Da História. Autora: Margarida Barbosa
 · http://www.pucminas.br/graduacao/cursos/arquivos/ARE_ARQ_REVIS_ELE-
TR20071101163758.pdf
Serv. Soc. Soc. Nº109, São Paulo Jan./Mar. 2012. Serviço Social e educação popular: 
diálogos possíveis a partir de uma perspectiva crítica. Autora: Aline Maria Batista Machado
 · http://ref.scielo.org/ghy9cs
PIANA, Maria Cristina. A construção do perfil do assistente social no cenário 
educacional [online], p. 233. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 
2009. ISBN 978-85-7983-038-9. SciELO Books 
 · http://books.scielo.org/search/?lang=pt&index=tw&where=BOOK&q=Maria+cristi-
na+piana&filter[publisher][]=
15
Referências
FALEIROS, Vicente de Paula. Reconceituação do Serviço Social no Brasil: uma questão 
em movimento – Serviço Social & Sociedade nº 84, p. 21–34. São Paulo: Cortez, 2005. 
NETTO, José Paulo. O Movimento de Reconceituação 40 anos depois. – Serviço Social 
& Sociedade nº 84 – Nov. 2005 – p. 5–19. São Paulo: Cortez. Disponível: www.scielo.com.br
NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise social no Brasil pós 64. 
16ª ed. São Paulo: Cortez, 2014.
SANTOS, Lima Leila. Textos de Serviço Social – 6ª ed. São Paulo: Cortez Editora. 1999.
16
Unidade: Serviço Social em direção à Reconceituação
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