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CALDERÓN, Ricardo L. Princípio da Afetividade no Direito de Família. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.

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RESENHA CRÍTICA
CALDERÓN, Ricardo L. Princípio da Afetividade no Direito de Família. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
1 CREDENCIAIS DO AUTOR
Ricardo Lucas Calderón é Doutorando e Mestre em Direito Civil pela Universidade Federal do Paraná (2011), com graduação na mesma instituição (1998). Pós-graduado em Direito Processual Civil pelo Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos (2002) e em Teoria Geral do Direito pela Academia Brasileira de Direito Constitucional (2009). Coordenador de curso de pós-graduação da Academia Brasileira de Direito Constitucional. Professor dos cursos de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas - FGV / Isae Curitiba, Universidade Positivo e ABDConst. Professor do curso de direito da Unibrasil. Pesquisador do Grupo Interinstitucional de estudo e pesquisa do Direito Civil - Virada de Copérnico - PPGD/UFPR. Membro da Comissão de Educação Jurídica e Vice Presidente da Comissão de Direito de Família da OAB/PR. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Civil. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família - IBDFam. Vice-Presidente da Comissão de Assuntos Legislativos do IBDFam Nacional. Membro do Instituto dos Advogados do Paraná - IAP. Advogado, sócio do escritório Calderón Advogados, militante na advocacia desde 1998. Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Civil, Empresarial, Família e Sucessões. Autor da obra:
CALDERÓN, Ricardo L. Princípio da Afetividade no Direito de Família. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
2 RESUMO DA OBRA
O livro é constituído de quatro capítulos: capítulo I – Relações familiares no início do século XXI e a afetividade; capítulo II – As famílias e a afetividade no direito; capítulo III- Perfil e conteúdo do princípio da afetividade; capítulo IV- Projeções da afetividade no direito de família, subdividido, ainda, em seções.
Cumpre salientar que a presente resenha crítica tem por objetivo tratar apenas da seção 5 do capítulo I, seções 3 e 4 do capítulo II, seções 1, 2 e 3 do capítulo III e, por fim, seções 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12 do capítulo IV.
É notório que a afetividade se tornou extremamente relevante nos vínculos familiares desde o início do século XXI, sendo que a afetividade e os critérios matrimoniais e biológicos não são concorrentes, pelo contrário, em diversos casos se somam mais de um dos referidos critérios juntamente com o liame afetivo.
De outra parte, o elo afetivo apresentou-se de modo singular em múltiplos cenários, desde em decorrência de uniões livres (estáveis) até pelas filiações socioafetivas, conquistando espaço e reconhecimento na sociedade.
Percebe-se que a sociedade vem demonstrando que a afetividade é suficiente e relevante nas suas escolhas, sendo que até mesmo a doutrina vem reconhecendo essa nova configuração, sustentando a prevalência da afetividade no núcleo familiar.
Portanto, notadamente, a afetividade tomou espaço e a devida importância nas relações familiares, sendo um marco no processo de repersonalização do Direito de Família brasileiro contemporâneo.
No que tange à orientação da Constituição Federal de 1988 e o reconhecimento implícito da afetividade, tem-se que com a incidência de princípios e direitos fundamentais passaram a incidir nas relações privadas, mudando, inclusive, os valores a respeito do Direito de Família Brasileiro.
É notório que os princípios da dignidade da pessoa e da solidariedade são propulsores da ordem constitucional brasileira, já que estão interligados com as demais áreas do direito.
Salienta-se que o direito de família teve interferência direta dos princípios constitucionais, quais seja, os princípios de solidariedade, igualdade, liberdade e dignidade da pessoa humana, ao passo que contribuíram para a construção de um novo modelo de família, mais conhecida como “família constitucional”, mais moderna, plural e com a predominância dos aspectos afetivos nas relações, de solidariedade e cooperação. 
De outro canto, embora a afetividade não esteja explícita como um dos princípios constitucionais, pode-se afirmar que a Constituição confere relevante reconhecimento jurídico à afetividade nas relações familiares, tendo, então, proteção constitucional. Da mesma forma ocorre com o Código Civil, que embora não esteja expresso tal princípio, o reconhece através de Portarias, Enunciados e Jurisprudências.
Menciona-se também determinadas alterações legislativas a respeito do princípio da afetividade, isto é, incluindo em seus textos o referido princípio, tais quais, a Lei da Adoção, Lei da Alienação Parental, Lei Maria da Penha, entre outros, denotando-se, assim, a sua importância.
Frisa-se também a respeito dos entendimentos jurisprudenciais dos nossos tribunais, que reconheceram e consolidaram o princípio da afetividade no nosso sistema jurídico em inúmeros julgados, bem como decisões do STJ e STF que também seguem nesse mesmo sentido.
Portanto, conforme as recentes decisões, infere-se o caráter principiológico da afetividade, enquanto que na doutrina há discussão sobre o tema, embora há um crescente movimento de obras que vêm admitindo a afetividade como um princípio.
Diante dessa divergência doutrinária, o autor faz tal distinção entre as duas correntes em que a primeira confere o caráter principiológico à afetividade, enquanto que a segunda reconhece a sua importância, mas não a considera como um princípio. 
Em relação à eventual prevalência do vínculo biológico sobre o afetivo ou vice-versa, o autor apresenta três correntes doutrinárias, em que a primeira sustenta que o vínculo socioafetivo sobrepõe-se ao vínculo biológico no que tange à relação afetiva concreta e vivenciada entre as partes; a segunda corrente defende nesse mesmo sentido deverá haver a preponderância do vínculo parental biológico, mesmo que não exista convivência de fato com o ascendente genético; e, por fim, a terceira corrente sustenta que há possibilidade de ambos os vínculos existirem concomitantemente, ocasionando a chamada multiparentalidade.
Partindo para a análise do entendimento jurisprudencial acerca do tema, tem-se que, caso a iniciativa de anulação do vínculo partisse do filho, deveria prevalecer o vínculo biológico sobre o afetivo; caso tal iniciativa partisse do pai, deveria prevalecer o vínculo afetivo sobre o biológico. No entanto, a partir da decisão do STF no caso do tema de Repercussão Geral 622, em que decidiu pela possibilidade jurídica da multiparentalidade, tal temática mudou.
Ademais, salienta-se a possibilidade do reconhecimento da socioafetividade materna, decorrente de julgados de nossos tribunais que reconheceram tal vínculo socioafetivo.
No que tange ao tema de Repercussão Geral 622 do STF, em que foi reconhecida a possibilidade de manter ambas as paternidades com todos os efeitos jurídicos correlatos, mostrou-se um grande avanço na sociedade e no direito de família brasileiro em que confere-se reconhecimento jurídico à afetividade, igual grau de hierarquia jurídica tanto ao vínculo socioafetivo, quanto ao vínculo biológico, o princípio da parentalidade responsável e a possibilidade jurídica da multiparentalidade.
O autor também frisou alguns efeitos resultantes de tal possibilidade jurídica, como a possibilidade da tese inversa, a alteração do nome e registro da dupla filiação, aspectos da guarda e convivência familiar, alimentos aos filhos e aos pais idosos, o direito de participar da herança de ambos os pais, bem como os direitos previdenciários e securitários decorrentes do reconhecimento da multiparentalidade. 
Cumpre salientar a respeito da Lei de Alienação Parental, a qual confirmou a preponderância da afetividade nas relações familiares, para preservar o enlace afetivo entre pais e filhos. Como também no abandono afetivo, em que deve-se distinguir a ofensa ao direito extrapatrimonial do possível sofrimento que ela possa vir a causar.
O autor também tratou acerca dos aspectos relevantes e requisitos da usucapião familiar, analisando o sentido da expressão “abandono do lar”, concluindo que esse abandono é no sentido de aquele que é um dos provedoresdesampara a família, somado à ausência da tutela da família, não importando em averiguação da culpa pelo fim do matrimônio ou união estável.
De outra banda, o reconhecimento das uniões homoafetivas pelo Conselho Nacional de Justiça, Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal contribuiu para o reconhecimento da afetividade. Nesse mesmo sentido, o autor verificou a possibilidade do reconhecimento jurídico dos demais núcleos familiares, como por exemplo, decorrentes das famílias simultâneas e das relações denominadas poliafetivas.
Ademais, outro aspecto relevante é a possibilidade do registro extrajudicial da paternidade socioafetiva, que, após manifestação da Corregedoria Nacional de Justiça sustentando que se há possibilidade de o vínculo biológico ser reconhecido extrajudicialmente, também poderá ser reconhecido o vínculo socioafetivo. Entretanto, se for o caso de reconhecimento de multiparentalidade não poderá ser feito extrajudicialmente.
Por fim, salienta-se que a afetividade influencia até mesmo no direito sucessório, pois o regime de sucessões e o conceito de família estão atrelados.
3 CONCLUSÃO DA RESENHISTA
De um modo geral, o autor apoia-se em diversos julgados para emitir suas conclusões acerca da afetividade, que, a partir da Constituição Federal de 1988, tomou grande espaço no direito de família, devido aos princípios constitucionais e à dignidade da pessoa humana, estando presente desde a definição do conceito de família até a sucessão post mortem.
Considero relevantes as recentes decisões dos nossos tribunais, pois demonstram que o núcleo familiar não é composto meramente por laços sanguíneos, mas efetivamente por laços afetivos, que, em diversos casos, é mais forte e relevante do que a própria parentalidade biológica, uma que efetivamente o afeto que une as pessoas.
Também no contexto da multiparentalidade, uma vez que é uma realidade na sociedade brasileira dos casais terem filhos, se separarem e contraírem novos matrimônios, sendo assim, há evidente incidência de outras pessoas nesse contexto de afetividade familiar, podendo todos conviverem em perfeita harmonia, portanto, julgo acertado o entendimento atual dos tribunais a respeito da multiparentalidade.
De outra banda, o reconhecimento das uniões homoafetivas pelo Conselho Nacional de Justiça, Superior Tribunal de Justiça e pelo Supremo Tribunal Federal contribuiu para o reconhecimento da afetividade. Nesse mesmo sentido, o autor verificou a possibilidade do reconhecimento jurídico dos demais núcleos familiares, como por exemplo, decorrentes das famílias simultâneas e das relações denominadas poliafetivas.
No que tange ao reconhecimento da união estável homoafetiva como entidade familiar acredito ser um grande avanço para uma sociedade mais igualitária e menos preconceituosa, tudo isso em razão da consolidação da afetividade no cenário do direito de família brasileiro.
Nesse mesmo sentido, o abandono afetivo foi bem explorado na obra, assunto que vem sendo debatido há poucos anos, mas que é de muita relevância, uma vez que o dano causado pelo abandono afetivo é psíquico e moral, que ofende a dignidade da pessoa humana e a própria personalidade do indivíduo. Portanto, nesse sentido, a convivência afetiva é um importante elemento para que a criança se desenvolva de maneira sadia e se torne um adulto consciente.
Por fim, cumpre salientar que percebo a afetividade não apenas como relevante para o cenário do direito de família brasileiro, mas efetivamente como um princípio, pois, como bem explanado na obra, a afetividade tem papel fundamental e central na constituição do núcleo familiar e que, a partir disso, diversas mudanças positivas ocorreram no cenário do direito de família brasileiro.

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