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Alagoinhas, BA 2020 USINAS HIDRELÉTRICAS Andreza Rocha1 David Brito Santos2 Leidiane Santana3 1Graduanda em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade do Estado da Bahia 2Graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade do Estado da Bahia 3Graduando em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade do Estado da Bahia 1. INTRODUÇÃO A energia hidroelétrica é gerada pelo aproveitamento do fluxo das águas em uma usina na qual a obras civis, onde as obras que envolvem desde a construção da usina, quanto o desvio do rio e a formação do reservatório, onde são tão ou mais importantes que os equipamentos instalados. Para produzir a energia hidrelétrica é necessário integrar a vazão do rio, a quantidade de água disponível em determinado período de tempo e os desníveis do relevo, sejam eles naturais, como as quedas d’água, ou criados artificialmente. As usinas hidrelétricas ou centrais hidroelétrica, são complexos formados por conjuntos de projetos da área da engenharia, que englobam desde a civil, mecânica, elétrica, e energia, abordando e aplicando princípios de áreas, como a hidráulica, estruturas de concreto, geotécnica, geológica, de tecnologia do concreto, de computação, de controle, de automação, ambiental, florestal, de solos, de fundações, de materiais. Sendo então, conjuntos de obras e equipamentos e construções que visam a produção de energia elétrica através do aproveitamento do potencial hidráulico possibilitado pela vazão do rio (PEREIRA, 2015, CAFURI, 2004) As usinas hidrelétricas podem ser classificadas em dois segmentos distintos, de acordo com sua função do tipo de operação. As usinas hidrelétricas que utilizam águas de reservatórios, que são os reservatórios de regularização, e as que não utilizam reservatórios, conhecidas como usinas a fio d’água (run of river), como pode ser observado nas figuras 1 e 2, respectivamente.(MAGELA, 2015) https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_el%C3%A9trica Alagoinhas, BA 2020 Figura 1: Usina Hidrelétrica com Reservatório de Acumulação a fio d’água (run of river) Fonte: ANA, 2015 Figura 2: Usina Hidrelétrica a fio d’água (run of river) Fonte: https://inabaixoiguacu.blogspot.com/2014/02/usinas-hidreletricas-fio-dagua.html A potência instalada determina se a usina é de grande ou médio porte ou uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH). Quanto a potência de geração de energia, as usinas podem ser classificadas em Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), que apresentam potência instalada menor que 1 MW; em Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), com potência instalada entre 1 MW e 30 MW e Usinas Hidrelétricas Energia (UHEs), que são as de grande porte, apresentando uma potência instalada superior a 30 MW, todas essas classificações são de acordo os critérios da Aneel/Eletrobras. Alagoinhas, BA 2020 O cálculo para determinar a potência de uma usina hidrelétrica com reservatório de acumulação normalmente leva os seguintes fatores em observação. A altura total de queda H (energia potencial por unidade de peso) é igual a diferença entre os reservatórios e do canal de fuga. (PEREIRA, 2015) A água que se encontra no reservatório possui uma energia potencial em comparação à água presente no canal de fuga. Essa energia é dada pela eq 1. Eq 1 : E = y .H . V = ρ . g. V. H A energia por unidade de tempo é a Potência que será gerada, P. Como a vazão (Q) é V/T, dada a potência pela eq 2. Eq 2: P = y . Q . H = ρ . g . Q . H As usinas hidrelétricas precisam de um desnível d’água natural ou criado por uma barragem porque aproveitam essa energia potencial, contida na altura d’água, para girar as turbinas (energia mecânica) e acionar os geradores, que produzem energia elétrica. Na estrutura da usina hidrelétrica com reservatório de regularização, compõe em sua estrutura convencional, basicamente, a barragem, o sistema de captação e adução de água, casa de força e vertedouro, que funcionam em conjunto e de maneira integrada. A barragem tem por objetivo interromper o curso normal do rio e permitir a formação do reservatório, este é responsável por estocar a água, bem como permitir a formação do desnível necessário para suportar a geração da energia, ainda a captação da água em volume adequado e a regularização da vazão dos rios em períodos de intensas precipitações ou estiagem.(PEREIRA, 2015) Nas usinas sem barragem de regularização, as chamadas usinas “a fio d’água”, ou seja, as que são mais próximas à superfície e utilizam turbinas que aproveitam a velocidade do rio para gerar energia. Essas usinas a fio d’água reduzem as áreas de alagamento e não formam reservatórios para estocar a água, ou seja, a ausência de reservatório diminui a capacidade de armazenamento de água, diminuindo e comprometendo a geração de energia, em períodos de secas e/ou estiagem. (PEREIRA, 2015) A usina hidrelétrica ainda é composta pelos sistemas de captação e adução da água, que são formados por túneis, canais ou condutos metálicos que têm a função de levar a água até a casa de força, onde neste ponto, o movimento giratório das turbinas pela força das águas, as turbinas convertem a energia cinética, em energia elétrica por meio dos geradores que produzirão a eletricidade. As turbinas, formadas por uma série de pás ligadas a um eixo conectado ao gerador. Depois de passar pela turbina, a água é direcionada ao seu curso natural, seguindo o leito natural do rio pelo canal de fuga, como pode ser observado na figura 3, onde apresenta como funciona uma usina hidrelétrica (ANELL, 2008) Figura 3: Conhecendo uma Usina Hidrelétrica Alagoinhas, BA 2020 Fonte: ANEEL, 2008 As principais variáveis utilizadas na classificação de uma usina hidrelétrica são: altura da queda d’água, vazão, capacidade ou potência instalada, tipo de turbina empregada, localização, tipo de barragem e reservatório. Todos são fatores interdependentes, ou seja, apresentam uma estreita relação um com outro. Assim, a altura da queda d’água e a vazão dependem do local de construção e determinarão qual será a capacidade instalada - que, por sua vez, determina o tipo de turbina, barragem e reservatório. Ainda de acordo com a Aneel (2008), o reservatório é formado pelo represamento das águas do rio, por meio da construção de uma barragem. A casa de força é o local onde são instalados os equipamentos que vão produzir a energia. Na subestação elevadora são instalados os transformadores onde a energia elétrica tem suas características modificadas para ser transportada nas linhas de transmissão. Por último, há o vertedouro. Sua função é permitir a saída da água sempre que os níveis do reservatório ultrapassam os limites recomendados. Uma das razões para a sua abertura é o excesso de vazão ou de chuva. Outra é a existência de água em quantidade maior que a necessária para o armazenamento ou a geração de energia. Em períodos de chuva, o processo de abertura de vertedouros busca evitar enchentes na região de entorno da usina. (PEREIRA, 2015) Então, basicamente a produção de energia se dá a partir da captação da água no reservatório, seguindo pela sua condução sob pressão até a casa de máquinas, onde estão instaladas as turbinas e os geradores. A turbina parece uma roda d’água, formada por um rotor ligado a um eixo. A pressão da água sobre as pás do rotor da turbina produz um movimento giratório em seu eixo, que por sua vez aciona o gerador. O movimento do eixo da turbina induz um campo eletromagnético dentro do gerador Alagoinhas, BA 2020 produzindo, assim, a eletricidade, levada para o consumidor por meio das linhas de transmissão. (ANEEL, 2008) Desta forma, o objetivo deste trabalho é apresentar o planejamento de uma usina hidrelétrica, bem como sua sequência construtiva, além disso,os estudos da viabilidade e implementação e fatores de licitações, como ainda as principais obras hidráulicas que compõe todo o sistema. 2. MATERIAL E MÉTODOS O referido trabalho trata-se de uma pesquisa de caráter explorativo descritivo, onde se obtém dados secundários para uma melhor compreensão e dissertação acerca do tema. A metodologia para construção deste referencial teórico foi feita com base na consulta de fontes secundárias encontrado em artigos, teses, dissertações obtidas em meio eletrônico. Para realização desse trabalho e melhor entendimento do mesmo, foram feitos levantamentos bibliográficos referentes ao tema contido do artigo, em monografias, legislações, artigos acadêmicos, dissertações de mestrados, teses, documentos de órgãos de nível nacional como a Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) - e outros documentos da área cientifica. 3. ESTUDO DA VIABILIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO E FATORES CONSIDERADOS NA LICITAÇÃO: PROJETO BÁSICO A atividade de planejamento energético é indispensável na resolução de conflitos envolvendo oferta e demanda de energia, meio ambiente e desenvolvimento econômico, todos estes aspectos inerentes à crise energética. Isto se explica, pois no setor elétrico trata-se de empreendimentos grandiosos que exigem estudos e previsões de mercado e de economia. (VIANA, 2004) De acordo com Facuri (2004), a crise energética de 2001 foi oriunda de inúmeros fatores, tais como: falta de investimentos no setor elétrico, falta de infraestrutura nos órgãos ambientais, lacunas regulatórias, erros na elaboração do planejamento, cenário hidrológico desfavorável, dentre outros. Aspectos de cunho estrutural e também conjuntural levaram o país a implementar um plano de redução do consumo e aumento de oferta de energia elétrica. Com a promulgação da Constituição de 1988 inúmeras medidas foram tomadas para reestruturar o SEB (Setor Elétrico Brasileiro), inclusive a publicação de novas leis, criação de novos agentes e extinção de outros. Os principais artigos relacionados ao assunto destacam-se: Art.20: São bens da União: III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou Alagoinhas, BA 2020 se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; VIII - os potenciais de energia hidráulica; Art.21: Compete a União: XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; Art. 22: Compete privativamente à União legislar sobre: IV- águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; Parágrafo Único: Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Art. 175: Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. As competências do poder concedente são regulamentadas pelas Leis Federais nº 8.666, de 21 de Junho de 1993, nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e nº 9.074, de 07 de julho de 1995 as quais definem as normas para licitação, o regime de concessão e as normas para outorga e prorrogação de concessões (LA ROVERE et al., 1999 apud FACURI, 2004). A Lei nº 8.666/93, também como “Lei das Concessões” trata das normas para a realização de licitações e para assinaturas de contratos de concessão de serviços públicos, o que inclui a outorga de concessões de aproveitamentos hidrelétricos. Já a Lei nº 9.074/95, diz que nos casos de realização de licitação de outorga de concessão (para aproveitamentos potenciais hidráulicos superiores a 30.000 kW, denominado Usina Hidrelétrica – UHE), o seu artigo 5º diz: Art.5º, 2º§ - Nenhum aproveitamento hidrelétrico poderá ser licitado sem a definição do "aproveitamento ótimo" pelo poder concedente, podendo ser atribuída ao licitante vencedor a responsabilidade pelo desenvolvimento dos projetos básico e executivo. Alagoinhas, BA 2020 O parágrafo seguinte do mesmo artigo, explica o que seria “aproveitamento ótimo”, a saber: 3º§ - Considera-se "aproveitamento ótimo", todo potencial definido em sua concepção global pelo melhor eixo do barramento, arranjo físico geral, níveis d’água operativos, reservatório e potência, integrante da alternativa escolhida para divisão de quedas de uma bacia hidrográfica. Em complemento a legislação citada, o Decreto 2.003/96 diz: Art.3º, 4º§ - O órgão regulador e fiscalizador do poder concedente poderá autorizar o interessado a realizar, por sua conta e risco, os estudos técnicos necessários para a definição do aproveitamento ótimo, ficando assegurado, no caso de aprovação desses estudos e sua inclusão no programa de licitações do poder concedente, o ressarcimento dos custos incorridos, pelo vencedor da licitação, nas condições e valores estabelecidos no edital. § 5° Os estudos, inclusive os de impacto ambiental, e levantamentos visando à definição do aproveitamento ótimo relativo ao potencial hidráulico, aprovados pelo órgão regulador e fiscalizador do poder concedente, serão fornecidos a todos os interessados na licitação, mediante ressarcimento, na forma estabelecida no edital. Algumas “criações” das legislações fizeram nascer na Lei nº 9.427/96, a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, extinguindo o DNAEE, que tem por intuito regular e fiscalizar a produção, transmissão e distribuição da energia elétrica. E também o Decreto nº 2.335/97 que trata da estrutura de regime da ANEEL. Vale destacar que a ANEEL possui duas importantes resoluções a respeito: Resolução nº 393/98 que estabelece os procedimentos gerais para registro e aprovação dos estudos de inventário hidrelétrico de bacias hidrográficas. A mesma conceitua inventário hidrelétrico no artigo 1º como a etapa de estudos de engenharia em que se define o potencial hidrelétrico de uma bacia hidrográfica, mediante o estudo de divisão de quedas e a definição prévia do aproveitamento ótimo de que tratam os §§ 2º e 3º do art. 5º da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995. Resolução nº 395/98 estabelece os procedimentos gerais para registro e aprovação de estudos de viabilidade e projeto básico de empreendimentos de geração hidrelétrica, assim como da autorização para exploração de centrais hidrelétricas até 30 MW e dá outras providências. O artigo 3º da presente resolução ainda informa que para os interessados em obter a concessão para explorar os aproveitamentos hidrelétricos com potência superior a 30.000kW Alagoinhas, BA 2020 deverão apresentar os estudos de viabilidade ou o projeto básico à ANEEL, solicitando a sua inclusão no programa de licitação de concessões. 3.1. IMPLANTAÇÃO DE UMA USINA HIDRELÉTRICA Silva e Garcia (2019), descrevem a implantação de usinas hidrelétricas que é composta por cinco principais etapas: (1) estimativa do potencial hidroelétrico, (2) inventário hidroelétrico, (3) estudos de viabilidade, (4) Projeto Básico e (5) Projeto Executivo. 1. Estimativa do Potencial Hidroelétrico: é a primeira análise, realizada exclusivamente com base em dados disponíveis em escritório, e permite uma avaliação superficial do potencial energético e estimativa do custo do aproveitamento da bacia hidrográfica (análise quanto aos aspectos topográficos, hidrológicos, geológicos e ambientais), no sentido de verificar sua vocação para geração de energia elétrica.2. Inventário Hidroelétrico: é o estudo em profundidade no qual se analisa várias alternativas de divisão de queda para a bacia hidrográfica, formada por um conjunto de projetos, que são comparáveis entre si, visando selecionar aquela opção que apresente melhor equilíbrio entre os custos de implantação, benefícios energéticos e impactos ambientais, ou seja, que atenda ao aproveitamento ótimo da bacia. Essa análise é efetuada com base em dados secundários, complementados com informações de campo, e pautado em estudos básicos cartográficos, hidrometeorológicos, energéticos, geológicos e geotécnicos, socioambientais e de usos múltiplos de água. 3. Estudos de Viabilidade: são efetuados estudos mais detalhados, para a análise da viabilidade técnica, energética, socioeconômica e ambiental que leva a definição do aproveitamento ótimo que irá ao leilão de energia. Os estudos contemplam investigações de campo no local e compreendem o dimensionamento do aproveitamento, do reservatório e de sua área de influência e das obras de infra-estrutura locais e regionais necessárias para sua implantação. Incorporam análises dos usos múltiplos da água e das interferências socioambientais. Com base nesses estudos, são preparados o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) de um empreendimento específico, tendo em vista a obtenção da Licença Prévia (LP), junto aos órgãos ambientais. 4. Projeto Básico: é o detalhamento maior do projeto, de modo a definir com maior precisão as características técnicas do empreendimento, especificações técnicas das obras civis e equipamentos. Nessa fase também deve ser elaborado o Projeto Básico Ambiental (PBA), que detalha as recomendações do EIA e que é necessário para a solicitação da Licença de Instalação (LI) da usina. É uma etapa posterior ao leilão de energia para UHE acima de 50.000 kW de potência instalada e anterior a outorga da usina no caso de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) – usinas hidrelétricas com potência instalada entre 5.000 kW e 30.000 kW – e UHE entre 30.000 e 50.000 kW de potência instalada. Alagoinhas, BA 2020 5. Projeto Executivo: estudo com a elaboração dos desenhos com detalhamentos das obras civis e dos equipamentos eletromecânicos necessários a implantação do empreendimento. Nessa etapa são iniciadas a implementação dos programas que visam prevenir e compensar os danos socioambientais gerados pela usina e juntar os documentos necessários à solicitação da Licença de Operação (LO). Para melhor entendimento, abaixo tem-se o Fluxograma de Implantação de uma PCH (Pequena Central Hidrelétrica), na qual descreve as etapas percorridas durante a implantação de uma PCH e as devidas interações, principalmente no tocante aos estudos de engenharia, ambientais e providências institucionais. 4. PLANEJAMENTO DE UMA USINA: SEQUÊNCIA CONSTRUTIVA Após as etapas de estudos iniciais, como os estudos preliminares, elaborações dos estudos de inventário hidrelétrico e o Relatório Final do Estudo de Viabilidade, segue-se para a etapa construtiva, onde as etapas é concebido no projeto executivo, onde se processa a elaboração dos desenhos de detalhamento das obras civis e dos equipamentos hidromecânicos e eletromecânicos, necessários à execução da obra e à montagem dos equipamentos. Nesta etapa, são tomadas todas as medidas pertinentes à implantação do reservatório, considerando uma com reservatório de regularização de vazão e volume. (FACURI, 2004) O planejamento da UHE prevê a execução das obras variando em alguns anos, e sua sequência construtiva segue uma linha determinada, onde obrigatoriamente irá apresentar as seguintes etapas, de acordo como apresentado por Pereira (2015, 21 p.): a) A primeira fase compreende a execução das obras civis das margens, com o rio passando pelo seu leito natural, além dos trabalhos de preparação na margem esquerda. b) Concluída a primeira fase, o rio será desviado pelas estruturas de concreto construídas em uma das margens. O leito do rio natural será fechado por estruturas de terra denominadas ensecadeiras. E o recinto interno a estas será esgotado por meio de sistema de bombas. c) A segunda fase compreende basicamente a execução das obras civis da margem e leito do rio ensecado, bem como a montagem das turbinas e geradores na casa de força na margem direita; d) Finalmente, será feito o fechamento das aberturas de desvio para início do enchimento do reservatório. Alagoinhas, BA 2020 5. COMPONENTES DE UMA USINA HIDRELÉTRICA De acordo com a figura 4, uma usina hidrelétrica com reservatório de acumulação e regularização de vazão e volume, são alguns dos principais componentes que compõe uma usina convencional. Figura 4: Conhecendo uma Usina Hidrelétrica Fonte: ANEEL, 2008. Os principais componentes de uma barragem são: Reservatório; Vertedouros; Sistemas de extravasores; Tomada de água; Condutos forçados e túneis forçados; Casa de força; Canais de adução e de fuga; Eclusas de navegação; Escada para peixes. 5.1. BARRAGENS Uma barragem pode ser definida, basicamente, como sendo uma barreira que interrompe o fluxo da água de um rio, e possui o objetivo de represar a água para diversas finalidades. A sua estrutura principal está voltada a fechar o rio. Para a evacuação da água represada em uma barragem, o sistema de vertedouros de cheia é utilizado. Existem dois tipos de barragens que podem ser construídas no contexto de uma usina hidroelétrica. A primeira delas é a barragem de aterro, a qual exige a utilização de solos com características adequadas para que se obtenha uma ótima compactação do material e, portanto, uma maior resistência e baixa permeabilidade a fim de formar um núcleo impermeável. Os materiais para a construção de tal barragem podem ser adquiridos diretamente da escavação com o desmonte de rocha, chamado de enrocamento não selecionado. Porém, na maioria dos casos, é exigido o rompimento das Alagoinhas, BA 2020 rochas com a utilização de britadores, a fim de se obter uma granulometria definida e adequada. Passada a etapa da britagem, os materiais seguem, transportados por caminhões, para áreas de empréstimo, onde são espalhados e compactados. Se o solo não obtiver o teor de umidade adequado, o mesmo deve ser tratado. (PIASENTIN, 2018) Figura 5: Obras civis da Usina de Itaipu Fonte: Bizuário Itaipu (2018). Para a construção de barragem de concreto, primeiramente deve ser implantado no campo de trabalho, um laboratório para que seja feito o controle dos componentes da mistura e qualidade do concreto produzido. Deve-se atentar para a realização de ensaios como granulometria, massa específica, absorção, resistência à abrasão, resistência aos sulfatos, dentre outros. Para que seja realizada a produção de uma grande quantidade de concreto para uma barragem, devem-se ter implantadas centrais de britagem, com britadores e moinhos, centrais de refrigeração do concreto, silos e pilhas de estocagem. Na etapa do lançamento e transporte do concreto, caminhões basculante, gruas de torre e teleféricos são utilizados. O lançamento é realizado em camadas com espessuras entre 1,5 e 2,5 metros, tendo um intervalo de 3 e 5 dias entra cada camada, em seguida, a compactação é efetuada com a utilização de vibradores e ar comprimido. (PIASENTIN, 2018) 5.2. VERTEDORES E COMPORTAS Alagoinhas, BA 2020 O funcionamento básico de uma usina hidroelétrica se dá pelo represamento de água do rio. Em períodos de chuva, ocorre o aumento dessa vazão, sendo necessário que ocorra o controle da mesma através dos vertedouros, os quais irão lançar a água à montante para a jusante, evitando dessa forma grandes prejuízos como o transbordamento e rompimento da barragem. (BRANCO, 2016) Os vertedores são importantes em obras como barragens, pois permitem que haja um controle do nívelde água no reservatório à montante. Os vertedores podem ser definidos basicamente, como sendo estruturas hidráulicas que possuem a finalidade de controlar a vazão de condutos livres e de escoamento, deixando passar o excesso de água acumulado em um determinado reservatório. (DANTAS, SILVA, 2016) O vertedor é uma estrutura parecida com um orifício, possuindo uma geometria definida, diferenciando-se deste apenas por não possuir a borda superior. Órgão de controle de vazões regulares ou ordinárias e excepcionais (de cheia), podendo ser utilizado nas operações normais de descarga ou ainda para o controle de cheias. (MARTINS, 2016). Vertedores nada mais são do que sistemas extravasores que proporcionam a segurança da barragem. As Principais funções dos vertedores são: regularização dos níveis do reservatório; Amortecimento dos níveis das enchentes; Regularização das vazões do rio a jusante; Descarga segura a jusante das vazões de enchente; Dissipação da energia das descargas vertidas sem danos a jusante; Prevenção do galgamento da barragem; Retenção de um grande volume útil a montante de suas comportas; Esvaziamento do reservatório em casos de emergência; Descarga dos sedimentos acumulados próximos da barragem. (PIASENTIN, 2018) Existem vários tipos de vertedores que serão aplicados conforme a vazão da água e outros aspectos do projeto. Os principais vertedores podem ser controlados ou de soleira livre. Os controlados apresentam comportas responsáveis por controlar o nível da água. Já os vertedores de soleira livre, mais comuns em usinas de menor porte, não possuem comportas, a águas passa pelas soleiras, que é a parte mais alta do vertedouro. Figura 6: Vertedouro usina de Itaipu com comportas abertas Alagoinhas, BA 2020 Fonte: (Estadão, 2015) De acordo com a figura 6, observam-se as partes constituintes de um vertedouro. São elas: Paramento, Face de montante de concreto (parede que segura a água); Soleira: Parte mais elevado do vertedor; Rápido: rampa por onde a água escoa; Dissipador: Responsável por dissipar a energia da água para evitar erosão do corpo da água a jusante. Quanto ao posicionamento dos vertedores, eles podem ser: a) Construídos no corpo das barragens de concreto: conduzem à vazão em queda livre ou em perfis apropriados; b) Posicionados em uma das margens do reservatório; c) Posicionados no lago, internamente (conduzem água de uma cota superior a outra inferior, no formato tulipa ou vórtice, por exemplo). Comportas são dispositivos concebidos para permitir o fluxo controlado de água a partir de vários tipos de sistemas hídricos, normalmente empregados em usinas hidrelétricas. A comporta é um componente comum em todos os tipos de sistemas que variam desde reservatórios até barragens e vertedouros. Essencialmente, qualquer sistema construído que é usado para controlar o nível e o fluxo de água em um rio ou lago será equipado com algum tipo de comporta com acionamento automático. (BRANCO, 2016). A principal função da comporta em um vertedouro é direcionar o fluxo de uma seção do sistema hidráulico para uma outra seção, podendo também funcionar como um meio de reduzir o nível de água da seção de um rio ou lago. (BRANCO, 2016) 5.3. BACIAS DE DISSIPAÇÃO E CASA DE FORÇA Alagoinhas, BA 2020 Em uma usina hidroelétrica, as estruturas de dissipação estão voltadas à permitir que o escoamento retorne ao curso d’água com as condições mais próximas do original. A eficiência do processo de dissipação será dada pelo escoamento à jusante. As estruturas responsáveis por dissipar a energia são concebidas para dissipar em seu interior apenas parte da energia, e o restante é dissipada ao longo do leito à jusante. São também responsáveis por lançar o escoamento proveniente do vertedouro. As bacias de dissipação com ressalto hidráulico, a qual possui grande turbulência no escoamento e consequentemente produz uma intensa dissipação de energia, além de possuir profundidade conjugada. (MARTINS, 2016) A casa de força é o principal componente da usina, onde se encontram instalados as turbina e o gerador, que são responsáveis pela transformação da energia potencial em energia elétrica. A turbina hidráulica é responsável pela transformação da energia potencial em energia mecânica que posteriormente é armazenada no reservatório e transferida para o gerador. Através de condutos forçados, a água é levada do reservatório até a entrada da turbina. A partir daí, a águas erá direcionada para um sistema formado por palhetas móveis que irão se mover ao mesmo tempo e da mesma forma o distribuidor irá regular a vazão volumétrica fornecida à turbina. A parir daí, começa a acontecer a transformação de energia potencial em energia mecânica. (SCHREIBER, 1980) De acordo com Schreiber (1980), existem dois tipos de turbina, as de reação são formadas basicamente por um mecanismo que irá regular a ação da água que é vinda do conduto forçado e distribui ela igualmente ao rotor e um tubo de sucção, o qual irá desacelerar o fluxo da água após a mesma ter assada pela turbina, para então direciona-la ao canal de fuga. As turbinas de ação são compostas por um ou mais jatos de água direcionados nas conchas do rotor sob condições de pressão atmosférica, observe a figura 7. Figura 7: Componentes de uma usina hidroelétrica. Alagoinhas, BA 2020 Fonte: IESA (2009) REFERÊNCIAS Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Brasil, 2008. BRANCO, R. 2016. Uso das comportas em usinas hidrelétricas. Manutenção & Suprimentos. 12016. Disponí- vel em manutencaoesuprimentos.com.br/conteudo/6863-uso-das-comportas-em- usinashidreletricas. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. BRASIL. Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995. Estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos e dá outras providências. BRASIL. Decreto nº 2.003, de 10 de setembro de 1996. Regulamenta a produção de energia elétrica por Produtor Independente e por Autoprodutor e dá outras providências. BRASIL. Agência Nacional Energia Elétrica (ANEEL). Resolução 393, de 1998. Estabelece os procedimentos gerais para registro e aprovação dos estudos de inventário hidrelétrico de bacias hidrográficas. BRASIL. Agência Nacional Energia Elétrica (ANEEL). Resolução 395, de 1998. Estabelece os procedimentos gerais para registro e aprovação de estudos de viabilidade e projeto básico de empreendimentos de geração hidrelétrica, assim como da autorização para exploração de centrais hidrelétricas até 30 MW e dá outras providências. DANTAS,J.B. ; SILVA, D.F. 2016. Vertedores e sua relevância nas usinas hidrelétricas. Caderno de graduação, engenharia civil. 2016. Alagoinhas, BA 2020 ELETROBRÁS. Manuais e Diretrizes para Estudos e Projetos. Disponível em: < https://eletrobras.com/pt/Paginas/Manuais-e-Diretrizes-para-Estudos-e-Projetos.aspx> . Acesso em: 27/02/2020. FACURI, M. F. A implantação de usinas hidrelétricas e o processo de licenciamento ambiental: A importância da articulação entre os setores elétricos e de meio ambiente no Brasil. Itajubá 2004. 77f. Dissertação de Mestrado. Instituto de Recursos Naturais, Pós Graduação em Engenharia da Energia, Universidade Federal de Itajubá. Minas Gerais, 2004. SILVA, L.L da; GARCIA, P. B. Implantação de Usinas Hidrelétricas e a Teoria dos Stakeholders: Proposta de Gestão das Principais partes Interessadas. 2019. 67f. Trabalho Conclusão de Curso (TCC). Fundação Getúlio Vargas. MBA Executivo em Administração:Gestão em Empresas de Energia Elétrica, Brasília, 2019. VIANA, F. G. Relacionamento planejadores energéticos e jornalistas: a análise da crise energética de 2001. 2004. 102f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecânica, São Paulo, 2004. MARTINS, José Rodolfo Sacarati. Barragens e estruturas hidráulicas, 2016. Disponível em: www.pha.poli.usp.br/LeArq.aspx?id_arq=11766>. Acesso em: 26 de fev. 2020. PIASENTIN, C. 2016. Curso Segurança de barragens. Barragens: aspectos legais, técnicos e soioambientais. 2016. PEREIRA, G. M. Projetos de usinas hidrelétricas passo a passo. Oficina de Texto: São Paulo, 2015 Alagoinhas, BA 2020
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