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Aula 1Língua e linguagem
Roland Barthes (1915–1980): escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês.
A linguagem é como uma pele: com ela eu entro em contato com os outros.
(Roland Barthes)
Esta frase do linguista Roland Barthes inicia a nossa aula, pois trataremos, fundamentalmente, da comunicação. Como estamos nos comunicando com os outros?
Língua e linguagem
Denomina-se língua o sistema linguístico utilizado por determinada comunidade de falantes que reconhece os mesmos elementos e as mesmas regras. Assim, língua é um instrumento de comunicação. A língua pode “escrita” ou “falada” e pode variar de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
Selecionamos alguns exemplos de variação linguística.
 Fonte: www.estudopratico.com.br
Pelo diálogo, percebemos uma variação linguística decorrente da condição sociocultural. Os dois falantes se expressam de maneiras diferentes.
 Fonte: alessandraferreiramoraes.blogspot.com.br
Nesta representação, ambos os falantes se expressam da mesma maneira, o que caracteriza uma variação linguística geográfica (ou regional).
 Fonte: fronteiraslinguisticas.blogspot.com.br
Na tirinha, podemos notar uma mudança na forma de falar relacionada ao tempo histórico.
Não podemos considerar que essas variações linguísticas sejam incorretas. São apenas modos diferentes de se utilizar a língua.
É preciso registrar que a língua é dinâmica, ou seja, ela se modifica com o tempo.
A língua não nos permite apenas expressar pensamentos, emoções e sentimentos. Ela nos permite ampliar nossos conhecimentos e dar conta da realidade que nos cerca.
O estudo da língua também compreende duas modalidades: a norma culta e a norma coloquial.
Define-se como “linguagem” a capacidade específica que o ser humano tem de se comunicar, o que pode ser feito utilizando-se a língua ou por meio de expressões corporais e faciais, sinais, símbolos, imagens, manifestações artísticas etc. Portanto, a linguagem pode ser verbal (falada ou escrita) e não verbal.
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Diferentes tipos de linguagem
Com vimos, a linguagem pode ser “verbal” ou “não verbal”. O importante é que, ao estabelecermos comunicação com alguém, utilizemos as formas mais adequadas para expressar a mensagem que pretendemos transmitir. Embora a língua seja a principal forma de linguagem, ela pode ser complementada ou mesmo substituída para que a mensagem seja enviada de forma mais eficaz.
Ao longo da história, o ser humano utilizou diversas linguagens para se comunicar. Na Pré-história, o homem primitivo comunicava-se com seu grupo por meio de desenhos feitos nas paredes naturais das grutas e montanhas, o que hoje se classifica como “arte rupestre”.
 Cavalo – 15000 – 10000 a.C. Pintura em caverna
Lascaux, França.
Fonte: Arte em Toda a Parte
No continente africano, as longas distâncias entre povos aliados eram vencidas com mensagens enviadas por meio de instrumentos musicais, especialmente o tambor. Essa é uma forma de comunicação ainda utilizada por diversas tribos africanas e ameríndias, além de povos asiáticos.
 Fonte: O Canto dos Tambores
Podemos utilizar expressões corporais como a mímica e a dança para enviar uma mensagem, ou utilizar gestos convencionados que são compreendidos pelos falantes de uma mesma comunidade.
A formação do sujeito por meio da linguagem
Quando nos comunicamos com alguém, estamos representando quem somos. Que imagem queremos consolidar diante do outro? Certamente, a linguagem que utilizamos revela muito sobre nós mesmos: ideias, convicções, preferências etc.
Quando estamos em um ambiente formal e utilizamos a norma culta da língua, certamente nossos gestos serão mais contidos. Já em um ambiente descontraído, além da norma coloquial da língua, talvez utilizemos gestos mais largos para nos expressar.
E quando emitimos uma opinião sobre determinado assunto? Seria possível que essa opinião fosse totalmente original? Certamente não, pois, diariamente, recebemos diversas informações, ouvimos propostas, observamos tendências, e tudo isso, de alguma forma, nos constitui como sujeito.
Assim, compreendemos que a linguagem forma o sujeito, tanto pelas mensagens recebidas como pelas mensagens emitidas.
 Fonte: arteemanhasdalingua.blogspot.com.br
Aula 2Linguagem e sociedade
Na aula 1, refletimos sobre a formação do sujeito por meio da linguagem. Nesta aula, aprofundaremos o tema para compreender a relação entre a linguagem e a sociedade.
Quem não ouviu ou não fez essa pergunta?
Por mais comum que pareça, esse questionamento feito às crianças faz parte de um discurso social consolidado segundo o qual todos devem escolher uma profissão.
Formação dos discursos sociais
Antes de debatermos a formação dos discursos sociais, é importante que compreendamos o conceito de “discurso”.
Normalmente, associamos o termo “discurso” ao ato de discursar, de discorrer longamente sobre determinado assunto. Para os estudos da linguagem, discurso é um conjunto de pensamentos e visões de mundo que se constituem em uma sociedade e que, em contrapartida, sustentam essa sociedade como uma unidade.
Voltemos à pergunta que apresentamos no início da aula: O que você vai ser quando crescer? Não ser “alguém”, ou seja, uma pessoa produtiva, significa estar à margem da sociedade.
E se a resposta a essa pergunta fosse “Vou ser filósofo.”? Talvez isso causasse certo espanto em quem perguntou, pois escolher ser filósofo não nos parece tão comum. No entanto, os filósofos eram figuras de grande prestígio em determinadas épocas das sociedades ocidentais.
O que mudou? Mudou a sociedade ou mudaram as pessoas?
Ouça a música Quando você crescer, de Raul Seixas, a qual representa um contradiscurso social.
Linguagem e ideologia
A sociedade é dinâmica e, com a velocidade das informações, a todo instante, percebemos que novos discursos sociais substituem discursos mais antigos. Antes, apenas os intelectuais e os artistas eram os porta-vozes de novas ideologias e, por meio deles, formavam-se novos discursos. Porém, ainda que eles sejam fundamentais à construção dos saberes, desde o final do século XIX, representantes de diversas categorias se uniram para combater discursos que desfavoreciam ou marginalizavam alguns setores da sociedade.
Os trabalhadores das fábricas promoveram greves para lutar por seus direitos; as reivindicações pelos direitos das mulheres formaram o feminismo; os movimentos contra a segregação racial exigiram políticas públicas que garantissem a liberdade para além da abolição da escravatura; as vozes da periferia falaram mais alto em suas manifestações culturais; a diversidade de gêneros passou a ser tema constante dos debates acadêmicos.
Fonte: Marcha Mundial das Mulheres
Assista a um trecho do filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin.
Diversas linguagens expressam antigas e novas ideologias: livros, jornais e revistas; textos literários e composições musicais; propagandas publicitárias; caricaturas, charges e tirinhas; filmes, fotografias, desenhos e grafites. Todas essas linguagens são veículos de ideologias com as quais concordaremos ou das quais discordaremos utilizando, também, diversas linguagens para formar novas ideologias.
Ouça a música Ideologia, de Cazuza e Frejat.
Fonte: industriacriativa.espm.br
O grafite social é uma forma de linguagem que expressa ideologias, como o protesto contra o capitalismo.
Linguagem e cultura
Os conceitos “ideologia” e “cultura”, muitas vezes, se confundem. No entanto, devemos compreender que ideologia é um conjunto de ideias, crenças e doutrinas que organizam uma sociedade, enquanto cultura é um conjunto de práticas e comportamentos sociais que atendem a determinadas ideologias.
É comum se pensar que cultura é um conjunto de manifestações artísticas e culturais. No entanto, deve-se entender que cultura é o conjunto de representações de uma sociedade, as quais abrangem, também, as expressões orais, a vestimenta, a culinária, as crenças, as leis etc. Assim, não é correto dizer que uma pessoa ou um povo não tem cultura.
A cultura de umasociedade é formada e mantida pela linguagem. Quando repetimos falas, gestos e atitudes, estamos garantindo a permanência da cultura. E isso é fundamental para que grupos sociais tenham uma identidade e se fortaleçam na sociedade da qual participam. Da mesma forma, é por meio da linguagem que a cultura se modifica, renovando a sociedade.
Fonte: propagandatranscendental.blogspot.com.br
O anúncio acima, veiculado no Brasil nos anos 1960, reforça não apenas uma relação entre a mulher e o trabalho doméstico, mas, também, a manutenção dessa prática cultural, ao representar uma menina reproduzindo o comportamento da mãe.
Fonte: propagandatranscendental.blogspot.com.br
As transformações na sociedade promovidas pelo avanço da tecnologia resultam em novos comportamentos culturais.
Aula 3Os recursos expressivos das linguagens das artes
Fonte: revistapegn.globo.com
Instalação do artista plástico norte-americano Jacob Hashimoto, intitulada The Other Sun (O Outro Sol) e composta por centenas de pipas coloridas e brancas feitas de bambu e papel.
Isso é arte?!
Quem já não ouviu esse questionamento antes? Afinal, o que é arte?
Historiadores afirmam que não há uma resposta única para essa pergunta e que arte é tudo aquilo que consideramos belo. Portanto, não nos preocuparemos com uma definição de arte, mas sim com as diversas linguagens utilizadas para manifestar a arte e como esta representa a sociedade.
A arte e seus contextos histórico e social
Como vimos nas aulas anteriores, a linguagem se manifesta de diversas maneiras. Uma das formas mais antigas de comunicação entre os homens é a utilização de linguagens artísticas, como pintura, escultura, desenho, música etc. Com o domínio de novas técnicas, os artistas desenvolvem essas linguagens ou criam novas, ampliando sua comunicação com a sociedade na qual está inserido.
Observe a reprodução do quadro Guernica (1937), de Pablo Picasso.
(Fonte da imagem: http://4.bp.blogspot.com/-tG_oET91AuU/TchDSh7fzmI/AAAAAAAAAEM/wHCjuvhqvm8/s1600/guernica.jpg)
Ao olharmos para esse mural, talvez não possamos afirmar que ele é belo e que nos encanta. No entanto, se soubermos que o artista representou o ataque à pequena aldeia de Guernica, em 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, compreenderemos melhor as formas e a escolha dos tons acinzentados que compõem o mural. Certamente, seremos tomados por uma nova emoção.
Podemos fazer uma viagem pela história da humanidade por meio das produções artísticas. Para isso, basta que observemos como os artistas representam o seu tempo histórico, que imagens e temas selecionam e de que modo representam o que veem.
Veja na linha do tempo algumas manifestações artísticas de comunicação.
ARTE RUPESTRE
Feita em pedra, pode parecer um conjunto de desenhos infantis se não soubermos que, na Pré-História, os homens primitivos desenhavam o seu cotidiano (caças, lutas etc.) para se comunicar com seu grupo social e por acreditar que a imagem representada possuía o poder mágico de fazer a realidade acontecer.
ANTIGUIDADE CLÁSSICA
Discóbulo
Com o domínio de técnicas de manuseio de materiais diversos, novas linguagens da arte são desenvolvidas. Na Antiguidade Clássica (século VIII a.C. – século V d.C.), período em que gregos e romanos dominaram o fazer artístico, a arquitetura e a escultura ganharam destaque como linguagens da arte.
O Discóbulo (lançador de discos), escultura de Míron, representa a perfeição do corpo humano. O original, que teria sido feito em 455 a.C., não foi encontrado. Por isso, conhecemos apenas as cópias feitas em mármore pelos romanos.
ANTIGO EGITO
Tutankhamon e sua esposa (1330 a.C.).
Fonte da imagem: www.sohistoria.com.br
No Antigo Egito, outras linguagens eram desenvolvidas. As pirâmides do Egito, famoso conjunto arquitetônico, são túmulos onde eram sepultados faraós e outras figuras da nobreza.
Dentro das pirâmides, há trabalhos artísticos em diversas linguagens que representam a imagem e a vida dos faraós, nobres e oficiais do exército, a fim de que eles não se esquecessem de sua vida após a morte. Isso porque os egípcios antigos acreditavam que o espírito permaneceria vivo se a sua memória da vida terrena não fosse apagada.
CRISTIANISMO
Figura 1 - Fachada neogótica da catedral de Barcelona
Fonte da imagem: catedraismedievais.blogspot.com.br
Figura 2 - Catedral Neogótica de Barcelona, construída entre os séculos XIII e XV.
Fonte da imagem: www.snpcultura.org
Na Idade Média (séculos V – XV d.C.), as linguagens da arte no Ocidente serviram, quase todas, ao propósito de “divulgar o cristianismo”. Na arquitetura das catedrais e igrejas, altas torres em forma de ogiva (foguete) apontam para o céu, indicando que o homem deve alcançar a salvação por meio da fé. No interior das catedrais, belos vitrais, com muitos tons de azul e dourado, dão a impressão aos fiéis de que estão envolvidos por uma luz divina que leva ao afastamento do mundo material.
RENASCIMENTO
Homem Vitruviano
Fonte da imagem: www.newsrondonia.com.br
Entre fins do século XIV e fins do século XVII, a Igreja Cristã ainda exercia forte influência no mundo ocidental, especialmente nas artes. Todavia, essa época também é marcada pelo avanço científico, pelo humanismo e pela compreensão do mundo por meio da Razão.
Artistas como Leonardo Da Vinci e Michelangelo representaram figuras e cenas bíblicas, mas também desenvolveram uma linguagem artística fundamentada no pensamento racional, utilizando cálculos e medidas de proporção em suas obras. O “Homem Vitruviano” (imagem ao lado) foi elaborado com complexos cálculos matemáticos.
BARROCO
Basílica de Nossa Senhora do Carmo em Recife (PE)
Em oposição ao movimento renascentista, entre os séculos XVI a XVII, o período conhecido como Barroco (pérola imperfeita, utilizada como analogia à imperfeição humana) propõe um retorno aos ideais cristãos. Assim, as artes apresentam uma linguagem em que se manifesta a inferioridade humana diante do poder de Deus.
A arquitetura e a escultura tornam-se linguagens revestidas pela suntuosidade do ouro, como se vê na Basílica de Nossa Senhora do Carmo em Recife (PE), construída no século XVII.
ARCADISMO
Com a Revolução Francesa (1789), que derrubou os monarcas e colocou no centro do poder a burguesia, há um afastamento dos ideais barrocos. Surge, então, no século XVIII, o movimento chamado Arcadismo ou Neoclassicismo, cuja linguagem mais destacada é a literatura. Os poemas árcades pregam as propostas filosóficas da Antiguidade Clássica, como já havia ocorrido durante o Renascimento. A vida bucólica no campo, o equilíbrio da natureza e a valorização do amor tranquilo aparecem nos textos poéticos juntamente com deuses e deusas gregos e romanos. Os versos do poeta português Manuel Maria de Bocage expressam muito bem essas propostas.
Versos de Manuel Maria e Bocage.
Leia o poema na íntegra e a análise dos versos em: solpoesiaeprosa.blogspot.com.br
Análise e interpretação das linguagens artísticas
Como compreender uma obra de arte?
Evidentemente, não há uma fórmula pronta que possa ser utilizada pelo espectador. No entanto, além de contextualizar a obra de arte em seu tempo histórico e na sociedade em que ela foi produzida, como vimos anteriormente, há outros dois elementos fundamentais para analisarmos as linguagens artísticas:
· Estilo
· Estética
O conceito de Belo em arte define-se pela estética e não pelo tema. Por exemplo, um quadro pode representar um tema sombrio e trágico, mas a estética utilizada pelo artista para compor a imagem torna seu trabalho Belo. Entende-se, ainda, que o Belo é um conceito alcançado pelo espectador da obra de arte quando ele se encanta pelo trabalho que contempla. Assim, um objeto artístico considerado Belo por uma pessoa pode não agradar a outros.
(GOMBRICH, E.H. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro, 2012.)
Quando observamos um quadro ou uma escultura, quando lemos um poema ou, ainda, ainda, quando ouvimos uma música, não devemos apenas tentar compreender a mensagem transmitida, mas como ela é transmitida. Isso é possível observando-seo estilo e a estética da obra.
Observe e compare os quadros de Tarsila do Amaral, uma famosa artista plástica modernista brasileira.
 O Abaporu Paisagem com Touro
É assim que podemos analisar obras representadas com outras linguagens da arte.
As composições de Renato Russo, líder do grupo Legião Urbana, possuem duas características muito evidentes: a primeira é a construção de uma narrativa, pois o compositor conta uma história em músicas como “Faroeste Caboclo”; a segunda é a fragmentação, já que algumas de suas composições não são lineares, ou seja, a todo instante há uma mudança no foco temático e até na melodia, do que são exemplos as músicas “Vento no Litoral” e “Pais e Filhos”.
No cinema, percebemos claramente a diferença de estilos entre o diretor espanhol Pedro Almodóvar, com sua estética colorida e exagerada (“Mulheres à beira de um ataque de nervos” e “Tudo sobre minha mãe”) e o diretor norte-americano Quentin Tarantino, com sua proposta de um cinema de ação, com cenas violentas (“Pulp Fiction: tempos de violência” e “Django Livre”).
Assim, observar as formas e as cores, os movimentos e os diálogos das obras de arte, que definem o estilo e a estética de um artista, nos ajuda a compreender melhor a linguagem utilizada na produção do objeto artístico.
 Cartazes de filmes de Pedro Almodóvar
Fonte da imagem: revistamarieclaire.globo.com Cena do filme “Django Livre”
Fonte da imagem: https://estilocountry.files.wordpress.com/2014/06/django-livre.jpg
As linguagens da arte contemporânea
A partir do século XIX, o mundo se modernizou, especialmente a partir da Revolução Industrial, quando as máquinas foram inseridas em nosso cotidiano. A velocidade dos transportes e das informações modificam os hábitos dos seres humanos e, consequentemente, as artes.
A partir da segunda metade do século XX, surge a arte contemporânea, traduzindo a vida moderna e urbana em uma linguagem dinâmica. Não se defende mais a ideia de que haja uma arte canônica, que sirva de modelo a outras expressões artísticas, e a noção de arte se expande.
A arte contemporânea apresenta uma mistura de linguagens que contesta a tradição artística e pretende representar uma cultura de massa. A arte ganha os espaços públicos e denomina-se street art (arte de rua). Novos ritmos representam as muitas realidades vividas no mundo urbano, dos grandes centros às periferias; a poesia se torna digital; desenhos e pinturas convergem para o grafite; e breves performances nas ruas, em horários comerciais, levam a linguagem do teatro e da dança ao público.
Clique aqui e conheça algumas formas de expressão da arte contemporânea.
Para saber mais sobre o assunto, leia o livro BUENO, Luciana Estevam Barone. Linguagem das artes visuais. São Paulo: Intersaberes, 2013. Capítulo: “A leitura de imagens”, disponível na Biblioteca Virtual.
Vídeo da Unidade
Para saber mais, assista ao vídeo da unidade: A linguagem e as manifestações sociais e culturais..
Aula 1O texto e o leitor
Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.
Paulo Freire
A citação destacada, do educador Paulo Freire, responde nossa pergunta inicial. O texto não deve ser apenas lido. Quando lemos, devemos compreender todos os elementos que o formam.
A relação entre o texto e o leitor
De um modo geral, define-se leitura como um processo pelo qual um leitor apreende o código linguístico que, no nosso caso, é a língua portuguesa. Assim, é necessário, apenas, que o leitor possua “conhecimento linguístico”.
Quando lemos o aviso “Perigo! Cerca elétrica.”, certamente compreendemos que não devemos tocar na cerca, pois poderemos levar um choque elétrico. Para compreender essa mensagem, precisamos utilizar, apenas, o nosso “conhecimento linguístico”.
Quando somos alfabetizados, capacitamo-nos para ler mensagens escritas. O mundo se desvenda aos nossos olhos, pois os textos começam a fazer sentido, deixando de ser apenas um conjunto de formas e cores.
Ler, no entanto, é um processo mais amplo e complexo. Não basta conhecer o código linguístico para que a leitura seja feita corretamente. A compreensão do texto lido exige que utilizemos diversos outros recursos, como o sentido da visão, a capacidade de representação da realidade e o conhecimento de mundo que adquirimos com as nossas vivências.
Na charge ao lado, percebemos que as personagens não conseguiram identificar o texto “código de barras” e a sua função. Faltou, neste caso, o “conhecimento de mundo” para que a leitura se realizasse adequadamente.
Devemos considerar que o texto é precedido de um “autor”, ou seja, o texto não existe sem que um autor o tenha produzido. É ele quem decide “o que” vai escrever e “como” vai escrever. A mesma mensagem pode ser transmitida em forma de notícia de jornal, de poema, de charge etc. O leitor precisa identificar as “pistas” deixadas no texto pelo autor e, assim, a leitura também depende de um conhecimento interacional.
Clique na imagem para ampliar
Fonte da imagem
O texto e o contexto
Mais do que apenas compreender um texto, o conceito de leitura implica atribuir significados ao texto ouvido ou lido. Assim, o leitor é muito importante no processo de leitura, pois atua sobre o texto com os seus conhecimentos, estabelecendo relações que não se encontram expressas graficamente. Essas relações estabelecidas pelo leitor representam o “contexto”. Todo texto precisa de um contexto.
Fonte da imagem
Na tirinha apresentada, vemos que a personagem Mafalda não conseguiu atribuir um significado correto à expressão “indicador de desemprego”, pois conhece a palavra “indicador” apenas como denominação de um dos dedos da mão, aquele que aponta para as coisas. Ela desconhece que a palavra “indicador” também significa, no campo semântico (campo de significados) da economia, “indicar algo”. Portanto, Mafalda não compreendeu o contexto da palavra.
Observe que, na tirinha selecionada, o leitor aciona o seu “conhecimento de mundo” para compreender a intenção do autor em criar um texto de humor. Cabe ao leitor, portanto, “contextualizar” a palavra “indicador”.
Há uma infinidade de contextos que podem ser aplicados ao texto. É preciso que o leitor identifique, no texto lido ou ouvido, os elementos linguísticos e os elementos extralinguísticos que compõem o contexto.
Elementos linguísticosElementos extralinguísticos
São os elementos que constituem um texto: palavras, sinais de pontuação, espaços, cores, formas e outras representações gráficas (texto escrito); ou palavras, pausas e entonações (texto falado).
Clique na imagem para ampliar
Nesta charge, o elemento linguístico “rede social” foi descontextualizado pelos elementos extralinguísticos (imagem), garantindo o humor do texto.
A incompletude do texto
A leitura de um texto não se limita a ler o que está escrito. Mesmo que um texto nos pareça completo, ao ler, antecipamos conclusões, estabelecemos comparações com outros textos lidos ou situações vividas e acrescentamos informações às imagens descritas.
Portanto, o leitor não é um sujeito passivo, que recebe as informações sem fazer questionamentos ou construir relações de significados não apresentados no texto. Ao contrário, ao ler, ele aciona os seus conhecimentos e cria novas propostas para o texto. Por isso, podemos afirmar que nenhum texto é completo.
Muitas vezes, faz parte da proposta autoral que o texto seja incompleto. O autor permite que o leitor complete seu texto a partir de elementos extralinguísticos.
Observe a tirinha abaixo.
Fonte da imagem
A pergunta feita por Hagar à filha, no último quadro, deixa claro para o leitor sua intenção. O humor do texto ocorre quando o leitor é capaz de completar o diálogo (Hagar insinua que a sua esposa é a “discursante” do casamento, pois fala muito).
A “incompletude do texto” é uma característica da boa produção textual.
O autor não deve elaborar um texto que exija do leitor conhecimentos prévios específicos sobre o tema, os quais não sejam esclarecidos nopróprio texto, a não ser que seu público-alvo seja, também, específico.
Um leitor não deve propagar um texto que foi retirado de seu contexto, pois outros leitores podem não conseguir interpretá-lo ou fazer uma interpretação equivocada.
Em redes sociais, é comum que sejam feitas postagens de textos filosóficos com a intenção de transmitir uma mensagem positiva ao leitor. No entanto, extrair a mensagem de seu contexto pode torná-la incompreensível ou exigir do leitor um esforço de interpretação que nem sempre trará uma resposta satisfatória.
Aula 2O texto falado e o texto escrito
Fonte da imagem
A tirinha faz uma crítica ao excessivo uso da gíria “tipo”. No entanto, muitas pessoas falam assim.
E se esse mesmo texto, em vez de falado, fosse escrito? Você estranharia?
A comunicação através da fala e da escrita
Quando conversamos com alguém, vamos construindo o texto que emitimos no momento da situação comunicativa. É possível, por exemplo, dizer novamente algo que não foi bem compreendido por nosso interlocutor. Assim, o texto falado é espontâneo, não planejado. O texto escrito, ao contrário, deve ser organizado e claro, pois, normalmente, não estamos na presença do nosso interlocutor para esclarecer suas dúvidas. Além disso, é necessário que observemos a adequação da linguagem. Afinal, estranharíamos se um falante se expressasse de maneira formal em um ambiente marcado pela descontração.
Na tirinha acima, a personagem precisou reorganizar sua fala para que esta se tornasse adequada ao receptor da mensagem.
A escrita, ao contrário, é planejada. Quando escrevemos um texto, temos a oportunidade de aperfeiçoá-lo para que a mensagem seja bem compreendida, tendo em vista que, em mensagens escritas, o emissor não está presente para interagir com o receptor.
Fonte da imagem
Pelo contexto, compreendemos que o estabelecimento não atende clientes que não estejam vestindo camisa. No entanto, da forma como a mensagem foi elaborada, pode haver uma interpretação de que os funcionários do estabelecimento não trabalham sem camisa.
O texto escrito deve obedecer às normas gramaticais e apresentar:
Coesão textualCoerência textual
Utilização de mecanismos linguísticos (sinas de pontuação, conectivos, concordâncias nominal e verbal etc.) que unem as palavras e as frases de um texto de maneira harmoniosa, facilitando a compreensão do leitor.
Observe as placas e veja o que acontece quando um texto não obedece a essas normas gramaticais.
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Um texto falado pode ser apresentado na forma escrita, desde que a intenção do autor seja reproduzir a fala. Assim, apesar de escrito, o texto representa a oralidade.
Recursos expressivos da fala e da escrita
Como vimos anteriormente, a fala é espontânea e sofre a influência de fatores externos (extralinguísticos). Todavia, a fala pode ser enriquecida com recursos expressivos que facilitem a comunicação e possibilitem ao emissor alcançar seus objetivos.
Alguns recursos expressivos da fala são a entonação, as pausas e as expressões faciais. Quanto aos elementos linguísticos, a fala pode ser enriquecida com gírias, repetições, deslocamentos de vocábulos na frase, comparações, uso de adjetivos, diminutivos etc. O importante é que o falante compreenda quais recursos expressivos são mais adequados à situação comunicativa.
Fonte da imagem
O personagem Calvin estimula a curiosidade de Haroldo com a utilização do adjetivo “bizarra”. Em seguida, utiliza o verbo “olha” como recurso para manter a atenção de seu interlocutor. A utilização da expressão “uau”, que indica surpresa e espanto, faz com que o leitor compreenda que Calvin foi bem-sucedido ao utilizar recursos expressivos adequados à finalidade da mensagem.
Os recursos expressivos da escrita fazem parte do estudo da Estilística, que investiga a língua em sua função expressiva. Os recursos expressivos mais utilizados na escrita são as figuras de linguagem, como metáfora, metonímia, hipérbole, ironia, antítese etc.
IRACEMA - A lenda do Ceará
"Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas."
José de Alencar
José de Alencar (1829–1877), escritor brasileiro, autor da obra-prima Iracema, escrita em 1865. O texto, do movimento Romantismo, é marcado pelo uso de comparações e metáforas.
Adequação e inadequação na produção de textos
Você já compreendeu a importância da adequação vocabular na situação comunicativa, a fim de que nossa mensagem seja transmitida corretamente.
Vamos, agora, aprofundar o tema, discutindo a adequação e a inadequação na produção de textos.
O texto bem escrito deve ser claro, conciso e obedecer às normas gramaticais. No entanto, isso não é suficiente para que a mensagem seja adequada. Também é necessário que haja adequação da linguagem na produção dos textos em relação ao contexto da mensagem.
Muitas vezes, o texto elaborado não atinge seu objetivo. Isso ocorre porque ele não está adequado à situação comunicativa.
1 – Quem é o nosso destinatário?
Enviar uma mensagem com excessos de elogios a alguém que poderia nos favorecer de alguma maneira não é adequado, pois o receptor pode desconfiar da intenção do emissor.
2 – Qual a finalidade da mensagem?
3 – Que veículo será utilizado para emitir a mensagem?
4 – Em que ambiente a mensagem é transmitida?
As mensagens publicitárias têm como finalidade convencer o consumidor a adquirir um produto ou serviço. Se o texto for mal elaborado, o leitor atento perceberá a inadequação da mensagem.
Fonte da imagem
Na mensagem ao lado, a expressão “bom pra burro” pode significar “bom demais”. No entanto, ela se torna inadequada por estar associada ao dicionário, criando uma ambiguidade que induz o leitor a compreender que o livro deve ser utilizado por pessoas com pouca inteligência.
Aula 3Textos informativos e textos literários
Para que servem os textos? Informar, conscientizar ou emocionar?
O texto informativo
Está claro que o texto informativo tem como principal função informar sobre um acontecimento ou uma circunstância. Entretanto, também faz parte da função utilitária do texto informativo esclarecer, orientar, propor, convencer.
A principal característica do texto informativo é a “linguagem objetiva”, ou seja, a linguagem que apresenta ao leitor algo que se observa de forma clara e direta. São exemplos de textos informativos os textos jornalísticos, científicos, técnicos, acadêmicos etc.
Em jornais, quando o texto apresenta uma opinião sobre um tema, ele é diagramado em seções à parte, como os editoriais.
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Classifica-se um texto informativo pela linguagem utilizada e por sua função, e não pelo tema. No jornal ao lado, a notícia é sobre as cartas deixadas pelo escritor Carlos Drummond de Andrade, mas o foco é informativo.
O texto literário
Os textos literários são os que se destinam à arte, como romances, crônicas, contos e poemas. A principal característica do texto literário é a “linguagem subjetiva”, pois representa um sentimento, uma emoção ou um pensamento do sujeito.
Embora se defina o texto literário como “não utilitário”, várias correntes dos estudos sobre a linguagem se mostram contrárias a essa classificação. Isso por não se poder afirmar que um romance, um conto, uma crônica ou um poema não possui uma função utilitária na sociedade, tendo em vista que podem despertar a consciência social do leitor e ofertar conhecimentos úteis para sua vida prática.
A linguagem subjetiva exige mais recursos expressivos (tema estudado na aula 2 desta unidade) do que a linguagem objetiva, pois a função primeira do texto literário é emocionaro leitor.
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Mário Quintana (1906–1994) foi poeta, tradutor e jornalista. Por sua preferência por temas comuns, é conhecido como “o poeta das coisas simples”.
Vários cronistas e poetas famosos se inspiraram em notícias de jornal para compor um poema. É o caso de Manuel Bandeira, que compôs o seguinte texto poético.
Poema tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
(BANDEIRA, Manuel. Libertinagem. Rio de Janeiro: José Olympio, 1966).
A publicação em um jornal não é suficiente para classificar um texto como informativo. Da mesma forma, o fato de um texto ser apresentado em um romance não garante que ele seja literário.
Então, o que distingue um texto informativo de um texto literário?
Resposta: a linguagem utilizada pelo autor do texto.
O texto poético de Manuel Bandeira poderia ser transformado no seguinte texto jornalístico:
“O carregador de feira livre conhecido como João Gostoso, morador do morro da Babilônia, morreu afogado na Lagoa Rodrigo de Freitas, na cidade do Rio de Janeiro. Testemunhas contaram que, após divertir-se no bar Vinte de Novembro e ter consumido uma quantidade considerável de bebida alcoólica, João Gostoso teria se jogado nas águas da lagoa, de onde foi retirado sem vida.”
Observe que, no texto literário, o autor destaca a alegria do personagem (“bebeu”, “cantou” e “dançou”), contrastando-a com o seu suicídio. Assim, o leitor se envolve com a situação, intensificando não o fato em si (o suicídio), mas a figura humana que vivencia o fato.
O texto temático e o texto figurativo
A leitura de um texto exige que estejamos atentos a dois elementos principais: o tema (conteúdo) e a forma como o tema é apresentado.
O tema está no “nível abstrato” do texto. Pode-se discutir o amor, o ódio, as leis, as virtudes, a política etc. somente com ideias abstratas.
A forma como o tema é discutido está no “nível concreto” do texto. Para discutir o amor, o autor pode optar por comparações, descrever ações, construir imagens etc.
· Texto Temático
· Texto Figurativo
Para melhor compreensão dos conceitos, propomos que você observe a imagem a seguir.
O Beijo (1907–1908), de Gustav Klint.
Fonte da imagem
1 – Que tema você proporia para esta imagem?
2 – Que figuras representam a imagem?
Em relação ao “nível temático”, o quadro de Gustav Klint apresenta um beijo dado por um homem em sua amada.
Em relação ao “nível figurativo”, o quadro de Gustav Klint representa o beijo com os seguintes elementos concretos: a mulher é envolvida pelo homem, que segura o rosto feminino como se o protegesse; o homem beija o rosto da mulher; a mulher está de olhos fechados; ambos estão ajoelhados sobre flores e pérolas; tons de amarelo predominam no quadro, tanto nas roupas usadas quanto nas flores e pérolas sobre as quais estão os personagens.
A partir desse exemplo, podemos analisar os textos literários abaixo apresentados.
Foram selecionados trechos do capítulo I da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Clique aqui e observe os elementos de cada fragmento.
Vídeo da Unidade
Para saber mais se, ao lermos um texto, apreendemos de fato a mensagem que ele nos transmite sem que façamos uma análise que nos garanta uma interpretação adequada, assista ao vídeo da unidade: Aprender a (re)ler os textos: análise e interpretação.
Unidade 3
Aula 1O signo: palavras e imagens
O processo de comunicação pode se tornar mais eficaz se a escolha do signo verbal ou não verbal atender à proposta da mensagem e ao contexto em que ela é transmitida. No entanto, para que os signos possam ser compreendidos, o leitor precisa saber o que eles representam no contexto da mensagem.
O signo verbal: denotação e conotação
Signos verbais (ou signos linguísticos) são os que utilizam palavras, escritas ou faladas, em sua composição. Nesse caso, utilizamos uma linguagem verbal.
Exemplos: “xícara” é um signo verbal composto de uma palavra; "asa de xícara” é um signo verbal composto de três palavras.
Atenção: “asa de xícara” é um signo verbal porque representa um só elemento, ou seja, a palavra asa compõe uma parte do utensílio xícara. No entanto, “asa de anjo” e “asa de passarinho” são expressões que não representam apenas um elemento, pois a palavra “asa” mantém a sua unidade, tendo sido complementada por “de anjo” e “de passarinho”.
Quando escrevemos ou pronunciamos o signo “asas”, logo nos vem à mente a imagem das asas de um pássaro, de um avião ou mesmo de um anjo. Nesse caso, o signo verbal corresponde à realidade. Assim, temos uma linguagem denotativa.
Quando lemos ou ouvimos a expressão “asas da imaginação”, associamos um signo verbal (“asas”) a uma realidade à qual ele não corresponde diretamente, o que se constitui como uma linguagem conotativa.
O signo não verbal: imagens, índices, ícones e símbolos
Muitas vezes, um texto prescinde de palavras, ou seja, um texto é elaborado e pode ser compreendido sem que o autor utilize signos verbais. Quando isso ocorre, temos um texto constituído por signos não verbais.
Os signos não verbais são representações (visuais ou sonoras) de uma realidade. São exemplos de signos não verbais: dança, mímica, expressões faciais, gestos, desenhos, fotografias etc.
Um texto elaborado em linguagem não verbal pode utilizar apenas uma imagem.
A imagem ao lado pode ser compreendida pelo signo verbal “sorriso” ou pela combinação de signos “sorriso de mulher”.
Entretanto, há signos não verbais que, pela repetição de seu uso ou pela reincidência de fenômenos, são associados a um determinado objeto, realidade ou ideia. Esses signos não verbais transformam-se em índices, ícones ou símbolos.
Denominam-se índices os signos não verbais que funcionam indicando outra coisa, que poderá vir na sequência, e que são compreendidos segundo a experiência do interpretador (aquele que interpreta o signo).
	Um céu com muitas nuvens escuras e relâmpagos são um indício de que poderá ocorrer uma tempestade. A reincidência desse fenômeno natural transformou a imagem em índice.
	
	Batidas repetidas em uma porta indicam que alguém deseja ser atendido pelo morador da residência. Assim, o som das batidas constitui-se em um índice.
Denominam-se ícones os signos não verbais, criados artificialmente, que representam um objeto por similaridade (semelhança), ou seja, que sejam coerentes com o objeto ou com a realidade a ser representada.
Os ícones de masculino e feminino, proibição e reciclagem são compreendidos universalmente.
Os emojis (ideogramas de origem japonesa) são ícones que transmitem a ideia de uma palavra ou de uma frase completa.
Denominam-se símbolos os signos não verbais que são associados a ideias abstratas, tendo ou não relação direta entre o signo e o conceito. Os símbolos existem por convenção social, ou seja, uma determinada comunidade compreende e aceita uma associação entre um signo não verbal e o que ele deverá representar.
Acima, temos os símbolos da justiça, do infinito e da paz.
A “balança” é o símbolo da justiça porque representa o equilíbrio entre a culpa e o castigo; o “oito deitado”, originalmente, é um símbolo matemático usado desde a Antiguidade pelos gregos e representa o que não tem fim e, no contexto místico, representa a eterna recriação e repetição do universo; o símbolo da paz foi criado em 1958 pelo britânico Gerald Herbert Holtom e representa a união das letras N e D, que significam desarmamento nuclear.
O peixe é um símbolo primitivo do cristianismo. As primeiras letras das palavras “Iesous Christos, Theou Yios Soter”, que significam “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”, correspondem à palavra grega Ichthys (“peixe”, em português). Esse símbolo mantinha os primeiros cristãos no anonimato, protegendo-os da perseguição dos romanos.
Antes de se tornar símbolo, um signo não verbal pode ser definido como índice ou ícone. A repetição e aceitação do índice ou ícone pelasociedade pode atribuir ao signo o valor de símbolo.
A escolha dos signos no processo comunicativo
Como vimos na Unidade 2 (Aula 2), precisamos adequar nossa linguagem à situação comunicativa.
Quando elaboramos um texto, seja oral, seja escrito, a escolha dos signos, verbais ou não verbais, deve estar de acordo com a situação comunicativa, a fim de que a mensagem seja compreendida pelo receptor.
Para isso, é necessário que saibamos:
a. A quem se destina o texto produzido?
b. Qual a finalidade da mensagem?
c. Que veículo será utilizado para transmitir a mensagem?
Como leitores, preocupamo-nos mais com o conteúdo da mensagem do que com a forma como ela é transmitida. No entanto, se os signos utilizados não forem selecionados adequadamente, haverá ruídos na mensagem, e ela talvez não cumpra seu objetivo.
Fonte: Portal do Professor
O outdoor acima apresenta um texto elaborado com signos verbais que estão de acordo com a proposta. No entanto, a escolha dos signos não verbais, que representam personagens de histórias infantis não parece adequada. Afinal, as crianças não têm muitos motivos para simpatizar com a figura da bruxa posicionada no centro da imagem. A escolha inadequada do signo não verbal causa um “ruído na comunicação”.
Uma prática desenvolvida culturalmente é a “cantada”, uma tentativa de aproximação de alguém que desperta o interesse do falante. No entanto, para que a mensagem seja bem recebida pelo interlocutor, o falante deve ter cuidado com a escolha dos signos.
Uma “cantada” conhecida é “O cachorrinho tem telefone?”. No entanto, na charge acima, o falante substituiu o signo “cachorrinho” por “cadelinha”, o que não foi uma boa escolha.
Vocábulos que possuem mais de um significado podem dificultar a compreensão da mensagem, provocando ambiguidade.
Fonte: Conversa de Português
O signo “muda” provocou uma ambiguidade, embora o leitor entenda a mensagem pelo contexto estabelecido pela expressão “vende tudo”.
Com esses exemplos, constatamos que a escolha dos signos é fundamental para que a mensagem elaborada seja bem compreendida.
Vídeo da Unidade
Para saber como compreender as manifestações culturais pela apreensão dos signos e dos gêneros textuais, assista ao vídeo da unidade: Nossos textos, nossa cultura.
Aula 2Tipologia e gêneros textuais
O tempo e o vento (1949-1962) é uma obra literária do escritor brasileiro Érico Veríssimo. Essa obra-prima divide a história em três partes (O Continente, O Retrato e O Arquipélago), distribuídas em sete volumes.
A obra foi adaptada para o cinema em 2013 pelo diretor Jayme Monjardim. O filme é exibido em uma hora e 55 minutos.
Fonte: Site Submarino
Você prefere ler os livros que compõem a obra literária ou assistir ao filme?
Não responda tão rápido. Conheça, antes, os conceitos tipologia textual e gêneros textuais.
Tipologia textual
Quando elaboramos um texto, o nosso principal objetivo é a comunicação. Um texto mal estruturado pode deixar o leitor confuso. Assim, como leitores, devemos conhecer os tipos de texto que podem ser utilizados na comunicação.
Denomina-se tipologia textual a classificação dos textos quanto à sua função e ao conteúdo da mensagem.
Os principais tipos textuais são:
Narração
Dissertação
Exposição
Descrição
Injunção
Gêneros textuais
Os gêneros textuais são inumeráveis, pois novos formatos de textos são criados para atender a novos contextos, especialmente com o avanço da tecnologia. Cada gênero textual possui sua característica, de acordo com o emissor, o receptor, a finalidade e o suporte (veículo) utilizado para transmitir a mensagem.
Você encaminharia um requerimento a sua mãe solicitando que ela prepare o seu prato preferido para o jantar? Deixaria na mesa de seu chefe um bilhete com um pedido de aumento salarial? Certamente, esses gêneros textuais não são adequados às mensagens propostas.
O produtor de um texto deve escolher o gênero textual que melhor atenda ao propósito da situação comunicativa, pois o leitor, por experiência, associa o conteúdo da mensagem ao gênero utilizado.
Um produto ou serviço deve ser oferecido no gênero textual propaganda; uma notícia se lê em um texto jornalístico; os ingredientes de um bolo podem ser encontrados no gênero textual receita; as indicações de um remédio para determinado tratamento estão disponíveis no gênero textual bula; uma história ficcional pode ser lida nos gêneros: romance, conto, crônica, fábula, história em quadrinhos etc.
Certos suportes são apropriados a determinados gêneros, e, consequentemente, o leitor antecipa o conteúdo da mensagem que será lida.
Há dois tipos de suportes: os convencionais, que se destinam a portarem ou fixarem textos, e os incidentais, que não têm a finalidade específica de apresentar o texto, o que ocorre ocasionalmente por motivos práticos ou por escolha do produtor.
Destacamos, ainda, a ocorrência de gêneros híbridos, que é quando uma mensagem apresenta mais de um gênero textual.
Fonte: Blog E.E Dom Cabral
Na imagem acima, temos um gênero textual híbrido, composto pelo gênero textual charge e pelo gênero textual cartaz.
Hipertextualidade
Quando um texto associa à língua outras formas de linguagem, ele passa a ser denominado hipertexto. Originalmente, define-se hipertexto como uma forma de escrita e leitura não linear, com blocos de informações e de imagens que se integram ao texto principal. Dessa forma, o hipertexto permite a construção coletiva de um texto (autor, ilustrador, diagramador etc.) e a reorganização da leitura, tendo em vista que o leitor determina a ordem em que os elementos textuais serão lidos.
Fonte: Blog Consumo e Propaganda
A peça publicitária destacada utiliza dois gêneros textuais em sua mensagem: a propaganda de um produto e a composição musical Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Aos dois gêneros é associada uma fotografia que dialoga com os textos, configurando a mensagem como hipertexto.
O termo hipertexto foi proposto por Theodore Nelson, na década de 1960, por considerar que o cérebro humano processa informações de forma não linear, ou seja, o leitor faz associações entre o texto que lê com outros textos, imagens, sons etc.
Além disso, o leitor pode escolher, por exemplo, a ordem em que lerá um livro de contos. O leitor, portanto, tem participação ativa na leitura.
Textos complementados por notas de rodapé, ilustrações, fotografias, desenhos e legendas são exemplos de hipertextos.
Um texto ilustrado, por si só, não se constitui como hipertexto. É preciso que a ilustração dialogue com os signos verbais, complementando-os ou até contradizendo-os.
Com as novas mídias digitais, os hipertextos se tornaram um recurso fundamental à elaboração das mensagens. Assim, os estudos da linguagem apresentaram um novo conceito ao leitor: hipertextualidade.
Hipertextualidade é a característica principal dos textos apresentados na internet, que são construídos de forma coletiva e que permitem ao leitor acessar outros textos, vídeos e áudios de acordo com as suas escolhas, em tempo real. A leitura, assim, alcança outro nível de interatividade, e o leitor se torna um coautor.
A hipertextualidade propôs uma nova classificação de gêneros textuais: os gêneros virtuais. Como as mídias eletrônicas possibilitam a construção e reconstituição das linguagens utilizadas, surgem gêneros como e-mails, chats, fóruns, MSN, blogs, redes sociais etc.
Aula 3O gênero textual como expressão da cultura
	Você já se emocionou com uma fotonovela?
	
	Você já viu um “certificado de liberação” da Censura Federal antes da exibição de um programa de televisão?
Fonte: Blog Revistas de FotonovelaFonte: Site Memória Globo
O que esses dois gêneros textuais têm a ver com a cultura? E como podemos relacioná-los no contexto cultural?
A diversidade dos gêneros textuais
Você já estudou, na Aula 2 desta unidade, que os gêneros textuais são criados de acordo com as especificidades da comunicação. Cada gênero textual possui, pelo menos, uma função específica: bulas de remédio orientam sobre o medicamento que será utilizado; editais de concurso convocam candidatose apresentam regras para as inscrições; jornais informam os leitores sobre fatos relevantes; outdoors anunciam produtos ou convocam o leitor para aderir a determinadas campanhas.
Os gêneros textuais deixam de existir apenas se não atenderem mais à proposta da comunicação ou se o suporte utilizado não estiver mais disponível. Assim, mesmo que um gênero textual não seja mais utilizado com frequência na situação comunicativa, ele poderá ser utilizado. Nada impede, por exemplo, que você queira escrever uma carta em vez de enviar uma mensagem eletrônica.
O que devemos destacar, no entanto, não é a quantidade de gêneros textuais existentes, mas a sua diversidade, garantindo que as mensagens enviadas possam alcançar o objetivo proposto pelo autor de forma mais eficaz.
Por que é importante estudar gêneros textuais?
O estudo de gêneros textuais compreende a valorização da forma como a mensagem é transmitida, e não apenas o conteúdo da mensagem.
Em uma sociedade produtiva e marcada pela velocidade das informações, tornou-se fundamental que nos comuniquemos de forma rápida e eficiente.
A diversidade de gêneros textuais reflete uma sociedade dinâmica, que se faz representar por meio de muitas e diferentes manifestações culturais. Assim, estudar gêneros textuais nos ajuda a compreender melhor a sociedade da qual participamos.
Gênero textual e ideologia
O que vamos destacar, agora, é como os gêneros textuais se relacionam com a ideologia.
O contexto cultural e ideológico, normalmente definido por épocas históricas (tema estudado na Aula 3 da Unidade 1), pode determinar o uso de alguns gêneros textuais. No período Barroco, a necessidade de converter ao cristianismo os habitantes do Brasil Colônia conferiu importância ao gênero textual sermão. O padre português António Vieira (1608-1697) foi enviado às terras brasileiras para evangelizar indígenas, africanos escravizados e colonizadores que aqui viviam.
Uma das formas mais antigas de propagação de uma ideologia é o livro, um suporte de gêneros textuais literários, como romance, conto, crônica e poesia, e de gêneros textuais não literários, como teses, ensaios científicos, artigos científicos etc. Por ser um instrumento normalmente utilizado por pensadores e intelectuais, o livro sempre foi alvo dos censores.
Voltemos às perguntas que iniciaram esta aula:
Você já se emocionou com uma fotonovela? Você já viu um “certificado de liberação” da Censura Federal antes da exibição de um programa de televisão?
Afinal, qual a relação entre esses dois gêneros textuais?
Os “certificados de liberação” da Censura Federal determinavam o que o poderia ser exibido na televisão, lido nos livros e nos jornais ou ouvido nas rádios durante o regime militar (1968 a 1985). Havia, portanto, o exercício de um poder instituído sobre o pensamento ideológico de uma nação.
Assim, muitas editoras, por motivos econômicos, lançaram a fotonovela, gênero textual que fazia sucesso entre o público feminino e sobre o qual não havia tanta censura.
Os “festivais de canção” representavam um importante veículo de disseminação de ideias, pois eram assistidos por um público composto especialmente por jovens estudantes. Cantores e compositores se apresentavam, muitos dos quais expressavam seus ideais de liberdade por meio das músicas. Por esse motivo, as músicas são um gênero textual que também sofreu com a censura, total ou parcialmente. De Chico Buarque de Holanda e Caetano Veloso ao grupo Kid Abelha, passando por Adoniran Barbosa, diversos compositores e cantores foram censurados.
Na África de colonização portuguesa (Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe), muitos estudantes e intelectuais foram presos por liderar movimentos pela libertação de seus países, conscientizando outros jovens de sua condição de escravos por meio de manifestos políticos, gênero textual de teor ideológico. Atrás das grades, alguns deles, como o moçambicano José Craveirinha e o angolano António Jacinto, encontraram no gênero textual poesia uma forma de continuar a sua luta. Esses líderes revolucionários escreviam poemas e os enviavam pelos padres que eram autorizados a visitá-los na prisão e que, secretamente, ajudavam a causa dos africanos.
O escritor moçambicano José Craveirinha (1922-2003), poeta, jornalista e ensaísta, escreveu poemas na prisão para continuar sua luta pela liberdade. Em sua biografia, o autor revelou que escrevia seus textos em pedaços de papel higiênico, utilizando uma caneta roubada de um militar durante uma sessão de interrogatório.
Clique aqui para conhecer a biografia e os poemas do autor José Craveirinha.
Vimos alguns exemplos de como gênero textual e ideologia se associam para comunicar uma mensagem. Devemos destacar, no entanto, que as ideologias se expressam, também, por meio de manifestações culturais, e essas manifestações selecionam ou criam gêneros para se expressarem.
Gênero textual e multiplicidade cultural
Em todos os veículos de comunicação, as palavras “diversidade” e “multiplicidade” se destacam. Nossa sociedade contemporânea tem discutido as diversidades humanas (étnicas, sociais, de gênero etc.) e a multiplicidade cultural (linguagem, folclore, música, dança etc.).
A palavra que reúne toda essa diversidade é multiculturalismo.
Grupos sociais que defendem determinados comportamentos e manifestações culturais precisam comunicar as suas propostas a um grande público. Nesse sentido, a escolha do gênero textual utilizado deve estar de acordo com as expressões culturais que se pretende divulgar.
No contexto cultural contemporâneo, a poesia, gênero literário e textual de grande prestígio até a metade do século XX, reinventa-se. Poetas pós-modernos utilizam textos poéticos para expressar uma cultura múltipla e para levar seus leitores à reflexão sobre a sociedade.
O gênero poesia passa a se comunicar com o leitor de forma mais rápida e interativa. No texto ao lado, do poeta, compositor e cantor Arnaldo Antunes, destacam-se as cores e a oposição entre as palavras “vejo” x “miro” e “beijo” x” tiro”.
A música (texto da composição), compreendida como gênero textual, é uma importante manifestação cultural. Rock, samba, rap, funk, axé music etc. são estilos que determinam os temas, os quais, por sua vez, manifestam culturas de grupos sociais específicos.
Entendemos, assim, que a escolha do gênero textual não serve apenas à função do processo comunicativo. Quando estudamos os gêneros textuais, identificamos neles um importante instrumento de propagação de ideias e de expressão cultural.
Aula 1O ato de ler
Ler é mais do que decifrar o código linguístico; ler é questionar, é querer saber além. Quando lemos, dialogamos com os outros por meio de autores e personagens, mas também dialogamos com nossas próprias ideias e convicções.
A leitura funcional
Apesar de as linguagens visuais serem tão presentes em nosso cotidiano, o texto escrito tem enorme importância na cena urbana atual. O mundo tem pressa, e, assim, passamos a nos comunicar mais frequentemente utilizando mensagens escritas, enviadas e recebidas pelo computador ou pelo celular. As mensagens trocadas por esses veículos de comunicação devem ser breves e objetivas e, de preferência, transformadas em abreviaturas e emojis.
Essa é uma preocupação de pais e professores. Percebe-se, de um modo geral, uma dificuldade de concentração na leitura de textos extensos. Por esse motivo, foi desenvolvido o conceito de leitura funcional.
A leitura funcional permite a elaboração de fichamentos, resumos, sínteses e resenhas.
É importante destacar que a leitura funcional serve à apreensão dos principais dados de um texto, mas ela deve ser utilizada como um recurso utilizado pelo leitor para aquisição de conhecimentos.
Clique aqui e veja um exemplo de leitura funcional.
A leitura reflexiva
O que faz um leitor diante de um texto, verbal ou não verbal, que apresenta conceitos, concepções e emoções?
Ler é como construir uma teia de relações entre o texto e outras representações, sejam elas outros textos, vivências, conhecimentos adquiridos,imaginação etc. Em uma leitura reflexiva e crítica, o leitor investiga o conteúdo não apenas para adquirir novos saberes, mas também para atribuir novos sentidos aos conhecimentos já adquiridos.
Clique aqui e veja um exemplo de leitura reflexiva.
Quando vemos o texto não verbal Retrato de um país, captamos a imagem de um menino com a cabeça baixa e a mão direita no bolso, tendo, ao fundo, a bandeira brasileira.
Quando lemos o mesmo texto, percebemos que o menino tem um ar desamparado. Sua camisa sem cores integra a bandeira brasileira. O texto, então, adquire um novo sentido, construído a partir da reflexão do leitor. Percebe-se que o autor elaborou uma crítica às desigualdades sociais em nosso país.
A leitura reflexiva é um instrumento de formação do indivíduo e de construção da cidadania.
O prazer de ler
Se você fizer uma pesquisa na internet sobre o prazer de ler, certamente encontrará artigos que apresentam a literatura como diversão, entretenimento e, também, conhecimento. Se fizer uma busca em algum banco de imagens, surgirão pessoas sorrindo com um livro nas mãos.
Em ambos os casos, você pode encontrar o prazer de ler. Isso porque o ato de leitura corresponde ao desejo do leitor, ao que o impulsiona a ler. Encontra-se o prazer em ler tanto um manual técnico, porque o leitor desvenda os segredos da montagem de um equipamento, quanto a obra-prima da literatura Os Lusíadas, de Luís de Camões, porque reúne fatos históricos com profundas reflexões sobre a condição humana. Seja qual for o texto, ele proporcionará prazer apenas se o leitor se sentir motivado à leitura e interagir com a mensagem escrita.
Para encontrar o prazer de ler, o leitor deve analisar a estrutura do texto e se apropriar dos signos linguísticos, encontrando o significado proposto e, ainda, atribuindo novos significados aos signos expressos na mensagem. Só assim o texto lido se expande e releva saberes até então desconhecidos pelo leitor e emoções não experimentadas em sua própria vida.
lua à vista brilhavas assim sobre auschwitz?
(Paulo Leminski)
O texto ao lado apresenta uma estrutura de haikai (poemas com apenas três versos). Os signos “lua” e “brilhavas”, associados a ideias positivas, confrontam-se com o signo “auschwitz”, que é o nome de um campo de concentração nazista.
Vídeo da Unidade
Saiba mais sobre leitura e interpretação de textos assistindo ao vídeo da unidade: Interpretação de textos.
 Aula 2Estratégias de leitura
O ato de ler não é passivo. Todo leitor participa da construção do texto ao aplicar estratégias de leitura que permitam uma interpretação adequada do texto lido. O leitor competente questiona e verifica as lacunas deixadas pelo autor; seleciona dados relevantes e os compara com elementos de outros textos; cria hipóteses e antecipa resultados.
Os recursos linguísticos utilizados pelo autor de um texto também devem ser considerados na interpretação textual.
As principais estratégias de leitura que todo leitor-modelo deve utilizar em sua interação com o texto são: o conhecimento de mundo, o conhecimento linguístico, os fatores de textualidade e a intertextualidade.
Conhecimento de mundo e conhecimento linguístico
Os conceitos “conhecimento de mundo” e “conhecimento linguístico” já foram apresentados na Aula 1 da Unidade 2. Nesta aula, eles serão destacados como estratégias de leitura.
Lembrando que:
O conhecimento de mundo (ou conhecimento enciclopédico) pode ser adquirido de forma empírica (experiências, vivências, observação) ou pela prática da leitura.
De que forma o conhecimento de mundo pode ser utilizado como estratégia de leitura?
Quando lemos, acionamos diversos conhecimentos adquiridos para atribuir sentido ao texto lido.
Para compreender o texto ao lado, é necessário que o receptor da mensagem tenha conhecimento de que o signo “dengue” representa um risco de epidemia.
O conhecimento de mundo não é o mesmo para todas as pessoas, pois vivemos experiências diferentes. Uma criança pode ter conhecimentos de mundo que um adulto não possui. Assim, diversos leitores atribuem sentidos diferentes à mesma mensagem, desde que o contexto do texto seja observado. No entanto, o conhecimento de mundo deve ser ampliado, especialmente se nos tornarmos leitores constantes e seletivos, procurando sempre encontrar, nos livros, novos aprendizados.
Crédito: Laerte
O conhecimento linguístico é aquele que corresponde ao nosso conhecimento gramatical e lexical (vocabulário).
Fonte: NiazitexFonte: JJComércio
O conhecimento linguístico evidencia que apenas o segundo tapete apresenta a forma gramatical correta.
Fonte: https://bit.ly/2xWrjpI
Na mensagem ao lado, podemos perceber que houve redundância na elaboração do texto devido ao uso dos termos “comércio ambulante”, “camelô” e “sem autorização”.
Entretanto, o conhecimento linguístico que possuímos não deve ser utilizado, apenas, para que desvios gramaticais sejam identificados em um texto. O mais importante é utilizá-lo para que nos tornemos leitores capazes de elaborar interpretações coerentes com a proposta da mensagem. A percepção crítica é resultado da análise dos signos utilizados na mensagem.
Fatores de textualidade
Um texto não é uma sequência de palavras ou frases sem que haja relação entre elas. O que chamamos de texto é um conjunto de signos verbais e/ou não verbais que formam uma unidade significativa denominada textualidade.
Uma das estratégias de leitura utilizadas pelo leitor para que haja uma interpretação adequada do texto lido é identificar os fatores de textualidade, que podem ser linguísticos ou extralinguísticos.
Os fatores de textualidade linguísticos são a coesão e a coerência, que garantem a harmonia do texto. Os conceitos “elementos linguísticos”, “elementos extralinguísticos”, “coesão” e “coerência” já foram estudados na Unidade 2. Vamos relembrar:
Fonte: Blog do Jeff Rossi
Na tirinha acima, houve falta de coesão textual devido à colocação incorreta do pronome “eles” na frase.
Fonte: https://bit.ly/2WwM4CI
No aviso ao lado, não há relação entre o substantivo “trânsito” e o adjetivo “intransitável”, o que torna o texto incoerente.
Os fatores de textualidade extralinguísticos não estão explícitos na mensagem. Por esse motivo, devem ser identificados a partir da análise do leitor. Destacamos alguns dos principais fatores de textualidade extralinguísticos:
Informatividade
Aceitabilidade
Situacionalidade
Intencionalidade
Intertextualidade
A relação entre dois ou mais textos é denominada intertextualidade. Isso ocorre quando um falante ou um escritor faz referência a outro texto, em citação direta ou indireta.
A intertextualidade pode ocorrer em textos verbais, textos não verbais e textos híbridos (verbais e não verbais). O conhecimento de mundo do leitor é fundamental para que a intertextualidade seja identificada.
Os meios de comunicação, especialmente após o avanço tecnológico, possibilitaram a todos o acesso a uma enorme quantidade de informações. Assim, relações intertextuais estão presentes em diversas mensagens, sendo utilizadas para atender a objetivos variados, como a venda de produtos, o humor, o protesto etc.
Fonte: Filologia
A campanha publicitária da empresa de alimentos Hortifruti é a que mais tem utilizado relações intertextuais, como o exemplo ao lado, que apresenta intertextualidade com o filme do cinema nacional Tropa de Elite.
Fonte: Os Neoanalistas de Logos
A charge de Maurício de Souza faz uma relação intertextual com a capa do disco Abbey Road, dos Beatles.
As artes valem-se, constantemente, da intertextualidade para confirmar uma ideia ou contradizê-la. A música Bom Conselho, de Chico Buarque de Holanda, contradiz diversos provérbios populares.
Aula 3Interpretação de textos
A realidade se faz representar em textos orais ou escritos. Falamos, ouvimos e lemos. No entanto, muitas vezes temos dificuldades em compreender uma mensagem emitida, pois precisamos interpretar adequadamente os textos elaborados. É preciso, então, recorrer a diversos mecanismos de leitura para que o texto alcance o seu objetivo, que pode ser informar,convencer, encantar etc.
Podemos contar com nosso conhecimento de mundo sobre o tema para compreender a mensagem, porém é fundamental que os elementos que compõem o texto sejam analisados e contextualizados, a fim de que a nossa interpretação não promova desvios na mensagem.
Interpretação de gráficos e tabelas
Os gráficos e tabelas são ferramentas inerentes à estatística. No entanto, a necessidade de que a informação seja processada rapidamente pelo leitor faz com que essa expressão visual seja um recurso adotado em vários contextos. Assim, o leitor precisa estar apto a interpretar adequadamente as informações contidas em gráficos e tabelas.
As tabelas são formadas por quantas colunas forem necessárias à apresentação dos dados. Os gráficos devem ser escolhidos de acordo com a proposta do autor.
Gráfico em linhas e gráfico de áreas
Gráfico em colunas (vertical) e gráfico de barras (horizontal)
Gráfico de setores (pizza)
O leitor deve analisar todos os dados contidos, a fim de que os resultados apresentados sejam interpretados adequadamente e utilizados em sua vida prática.
Tabelas e gráficos apresentam signos verbais e não verbais que se complementam. A interpretação adequada deve associar os signos conforme o indicado pelos elementos visuais: linhas, cores, faixas etc.
	
	
Grandes Regiões
	Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade (%)
	
	
Total
	Sexo
	Situacão do domicílio
	
	
	Homens
	Mulheres
	Urbana
	Rural
	Brasil
	11,0
	11,3
	10,8
	8,4
	25,0
	Norte
	11,0
	11,3
	10,8
	8,4
	25,0
	Nordeste
	21,9
	24,0
	20,0
	16,4
	36,4
	Sudeste
	6,5
	5,8
	7,2
	5,7
	17,2
	Sul
	5,9
	5,2
	6,5
	5,1
	9,8
	Centro-Oeste
	8,9
	8,7
	9,1
	7,9
	15,4
Ao selecionar alguns dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE em 2006, verificamos, em nossa análise, que, no Brasil, a taxa de analfabetismo entre homens e mulheres com 15 anos ou mais de idade apresenta números aproximados. Quando analisamos os dados por região, observamos que, nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, as taxas de analfabetismo são maiores entre as mulheres, enquanto, nas regiões Norte e Nordeste, as taxas de analfabetismo são maiores entre os homens, o que corresponde às taxas verificadas no Brasil. A região Sul é a que apresenta a menor diferença entre as taxas de analfabetismo em sua área rural em oposição a sua área urbana.
Ao interpretar os dados da tabela, chegamos às seguintes conclusões:
1. Nas regiões consideradas mais desenvolvidas economicamente, as mulheres tiveram menos acesso ao ensino regular.
2. Na região Sul, os programas educacionais chegaram às áreas rurais com maior abrangência.
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010, Indicadores sociais municipais
No gráfico de coluna acima, destacamos os seguintes dados para análise:
1. Entre os anos 2000 e 2010, a região Nordeste foi a que apresentou a maior taxa de analfabetismo.
2. As regiões Sudeste e Sul apresentaram, de forma equivalente, as menores taxas de analfabetismo entre os anos 2000 e 2010.
3. Em todas as regiões, houve redução do analfabetismo.
4. Em 10 anos, o programa de erradicação do analfabetismo alcançou taxas entre aproximadamente 3% (região Sul) e 8% (região Nordeste).
Ao interpretar os dados do gráfico, compreendemos que:
1. Ainda há uma enorme desigualdade entre a região Nordeste e as demais regiões do Brasil no que se refere à educação.
2. O Brasil ainda não possui programas eficazes de erradicação do analfabetismo.
Atenção! É fundamental que todos os elementos apresentados nas tabelas e gráficos sejam analisados para que haja uma interpretação correta. Se o gráfico apresentar indicação de porcentagem, não podemos interpretar os dados em números absolutos. O fato de a região Nordeste possuir maior densidade demográfica não justifica a maior porcentagem de sua taxa de analfabetismo.
Análise do texto publicitário
Textos publicitários — orais e escritos, verbais e não verbais — aparecem em grande quantidade em nosso dia a dia, seja em jornais e revistas, televisão e rádio, outdoors, sites e blogs. Como os textos publicitários têm como principal finalidade convencer o leitor a consumir um produto ou contratar um serviço, o leitor deve interpretar a mensagem de forma adequada, o que poderá influenciar a sua decisão sobre a aquisição de um produto. Nesse caso, as ideologias e convicções do leitor e seus gostos pessoais podem interferir em suas escolhas.
Fonte: Site Conceito.de
Propagandas que utilizam rimas e bordões (expressão ou frase repetida em excesso) procuram convencer o consumidor pelo processo de memorização.
Fonte: Blog Um gole de coca-cola
Peças publicitárias que exploram a sensualidade da figura feminina ou que apresentam a mulher em condição inferior à do homem têm gerado polêmica devido aos debates sobre gênero. Na propaganda ao lado, verifica-se que não há uma relação direta entre o produto anunciado e o signo não verbal representado pela imagem da mulher.
Fonte: educacao.globo.com
Há textos publicitários que exigem um esforço de interpretação do leitor, pois necessitam, muitas vezes, de outros saberes além do conhecimento linguístico. É o caso da propaganda ao lado, que apresenta uma citação bíblica descontextualizada pela segunda frase. O leitor deve compreender que, no caso da propaganda, o produtor do texto refere-se ao fato de que o carro anunciado é mais veloz do que os modelos similares concorrentes.
Mecanismos de interpretação do texto literário
O que é literatura? Para que serve a literatura?
Quem faz essas perguntas provavelmente não é um leitor de textos literários e não elege a literatura como uma das linguagens da arte que mais lhe proporcionam prazer e reflexão.
No entanto, a literatura está em nosso dia a dia, seja em livros e em sites, seja na forma de música, ou, ainda, em peças publicitárias.
Na Unidade 2 (Aula 3), você aprendeu a reconhecer a linguagem literária. Propomos, agora, que você identifique mecanismos de interpretação do texto literário, a fim de que a literatura seja percebida como um tipo de texto fundamental à formação do sujeito e da sociedade.
Uma das características da literatura é a linguagem literária, ou seja, a combinação de signos verbais que não possuem correspondência direta com a linguagem cotidiana.
Fonte: construcaocivil.infoFonte: Site atlântida
As mensagens acima correspondem a “cantadas” disponíveis na internet. Se uma pessoa quiser utilizar um desses textos para conquistar alguém, pode alcançar seu objetivo, mas certamente a linguagem utilizada não deve ser classificada como literária.
Você é mais bonita que uma zebra
que um filhote de onça
que um Boeing 707 em pleno ar
Você é mais bonita que um jardim florido
em frente ao mar em Ipanema
Os versos ao lado são do poema Cantada, escrito pelo poeta Ferreira Gullar (1930-2016). As comparações incomuns são característica de uma linguagem literária.
Como interpretar um texto literário?
Quando lemos um texto literário, precisamos analisar e contextualizar os elementos linguísticos e os elementos extralinguísticos que compõem o texto para que ele seja devidamente interpretado.
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
Em seus famosos versos, Camões procura definir o amor (“amor é”) por antíteses, figura de linguagem que apresenta elementos opostos. Dessa forma, entendemos que, para o eu lírico, o amor é um sentimento que não se define, pois cada ideia apresentada anula a anterior: “arde sem se ver”; “dói e não se sente” etc.
Leia a entrevista do professor e poeta Ítalo Moriconi sobre leitura de poesia.
Os mesmos mecanismos de interpretação devem ser aplicados a textos narrativos, como romances, contos e crônicas. O que difere a narrativa da poesia é que, em narrativas, há elementos linguísticos que são fundamentais à contextualização da história narrada: narrador, personagens, tempo e espaço.
E assim ia correndo o domingo no cortiço até às três da tarde, horas em que chegou mestre Firmo, acompanhado pelo seu amigo Porfiro, trazendoaquele o violão e o outro o cavaquinho.
(O Cortiço, Aluísio Azevedo).
Clique aqui para ler o romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, na íntegra.
A leitura e a interpretação do texto literário podem exigir mais dedicação do leitor, tendo em vista que a linguagem literária não apresenta a objetividade da linguagem cotidiana. No entanto, o exercício de interpretação possibilita que nos tornemos leitores mais capacitados para compreender diversos tipos de textos.
Considerar que a literatura é uma linguagem da arte que não encontra correspondência nos dias atuais é um equívoco. Os textos poéticos continuam sendo produzidos e formam um público-leitor por iniciativa de autores que encontram nas mídias digitais uma ferramenta adequada à divulgação de seus trabalhos. Além do texto poético tradicional, artistas contemporâneos criaram um novo conceito: a poesia digital. Essa proposta é uma continuidade da poesia concreta, movimento iniciado em 1955, que defende o uso de espaços como elemento poético, a fim de criar efeitos visuais no texto.
Fonte: saladeleitura-wilqueteca.blogspot.com.br
O poema concreto ao lado é um caligrama composto por Fábio Sexugi. Nele, são utilizados signos verbais que fazem referência ao prazer de se beber café em uma tarde fria. Os signos verbais são dispostos na forma de uma xícara e da fumaça que sai da bebida quente. O último verso é uma interrogação, cujo sinal gráfico forma a asa da xícara.
Em nossas aulas, analisamos letras de música por sua linguagem literária, tendo em vista que a nossa proposta é a de formação do leitor. Embora alguns críticos neguem à letra de uma composição musical a classificação de gênero literário, discute-se a compreensão de que a música é uma ferramenta de divulgação do texto poético. Alheios a essa polêmica, muitos compositores têm se utilizado das mídias digitais para divulgar seus trabalhos. Chama a atenção, também, o fato de que poetas e compositores colocam-se na contramão de uma tendência de valorização da autoimagem e optam por se manterem no anonimato, evidenciando, apenas, o seu fazer poético.
Cabe a nós, leitores, aderirmos a esse movimento de revalorização do texto literário.
Assista ao filme Palavra (En)cantada, da diretora Helena Solberg, o qual apresenta um debate sobre esse tema.
Enunciado da avaliação 2
“A entrega da atividade deve ser realizada através do item Entrega da Avaliação – Trabalho da Disciplina [AVA 2], conforme o prazo estipulado em calendário acadêmico.”
 
O PAPEL DA LEITURA NA CONSTITUIÇÃO DO INDIVIDUO E DA SOCIEDADE
 
A leitura amplia o conhecimento linguístico e o conhecimento de mundo do leitor. Quando lemos, adquirimos novos saberes, desenvolvemos a criatividade e a imaginação e refletimos sobre quem somos e sobre como nos posicionamos na sociedade.
 
 Leia a tirinha abaixo e identifique a mensagem contida nela. 
 
 Fonte: http://revistagalileu.globo.com
Procedimentos para elaboração do TD  
A partir da tirinha apresentada, pesquise sobe o assunto e elabore um texto dissertativo-argumentativo sobre leitura, destacando os seguintes conceitos: 
a) A importância da leitura para a formação do indivíduo e da sociedade.
b) O prazer de ler.
Orientações Gerais para a realização do Trabalho da Disciplina:
· A pontuação máxima desta atividade avaliativa é de 100 pontos (100%);
· Seu desempenho nesta avaliação compõe a nota final das Avaliações Online (A1);
· O Trabalho da Disciplina (TD) deve ser realizado INDIVIDUALMENTE;
· Trabalhos que apresentarem transcrições de textos sem a devida referência -  segundo as normas da ABNT 6023 -  terão nota zero atribuída - “Cartilha Plágio (Links para um site externo.)”; 
· O Trabalho que não for postado/enviado até o prazo terá nota zero, assim como aqueles que forem apenas salvos e não enviados para correção na data estipulada no calendário da disciplina;
· O Trabalho deverá ser postado somente no local específico para essa ação no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
 
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