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Envelhecimento Cutâneo 02 1. A Pele 4 A Epiderme 5 Derme Subjacente 6 Camada Papilar 6 Camada Reticular 7 Hipoderme 7 2. Envelhecimento Cutâneo 9 Tipos de Envelhecimento 10 Envelhecimento Intrínseco 11 Fatores de Envelhecimento Extrínseco 12 Tabaco 13 Álcool 14 Movimentos Musculares 14 Radicais Livres 14 Bronzeamento Artificial 14 Alimentação 14 Prevenção 15 3. Antioxidantes e a Prevenção ao Envelhecimento Precoce 18 Vitamina A e Retinóides 19 Vitamina E 19 Vitamina C 20 Vitamina D 22 Outras Vitaminas 23 Enzimas Antioxidantes 24 Esfoliação 24 Polifenóis 25 Fitoesteróis 26 4. Referências Bibliográficas 28 03 4 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO 1. A Pele Fonte: NEOSiAM 2020 á mais de 150 anos, a pele foi descrita como um envoltório com função de revestimento e pro- teção a órgãos mais complexos. Durante os últimos anos, no entanto, estudos têm demonstrado que a pele também é um órgão funci- onalmente sofisticado. Suas intera- ções celulares e moleculares são complexas e ocorre renovação e re- paro de seus componentes a todo o momento. É um tecido altamente dinâmico, capaz de responder a alterações no ambiente externo e interno e isto permite que muitas das manifestações do organismo se expressem por alterações cutâneas. O controle hemodinâmico, o equilíbrio hidro-eletrolítico, a ter- morregulação, o metabolismo ener- gético, o sistema sensorial e a defesa contra agressões externas depen- dem da sua viabilidade. Sofrendo continuamente re- novação, a pele é o maior (com cerca de dois metros quadrados) e o mais pesado (tendo cerca de três a quatro quilogramas) órgão do organismo humano. A pele recobre a superfície de aproximadamente 2 m2 do corpo, H 5 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO sendo o maior órgão do corpo hu- mano e a principal barreira física contra o meio externo. Embora a pele desempenhe diversas funções vitais de comunicação e controle que garantem a homeostase do orga- nismo, por muitos anos este órgão foi considerado apenas uma barreira contra agentes externos. Estas fun- ções foram resultados da evolução de uma estrutura complexa que em- volve diversas camadas, cada uma com propriedades particulares. As principais camadas da pele incluem a epiderme, derme e a hipoderme. A Epiderme A epiderme é formada por camadas de células diferenciadas pela morfologia, grau de maturação e profundidade. As mais superficiais são justapostas umas às outras e cobertas por queratina. Daí segue a sua denominação histológica: tecido epitelial pavimentoso (ou escamoso) estratificado queratinizado. As célu- las da camada mais profunda da epi- derme, a camada basal, dividem-se continuamente. Durante um perío- do de 60 dias estas células sofrem mitose e seu conteúdo é modificado na medida em que atravessam as camadas superiores até chegarem a mais superficial, onde morrem. A camada queratinizada de células mortas varia desde as regiões mais delicadas como as pálpebras, até as mais espessas como as plantas dos pés. As principais funções da epiderme são: • Proteção - devido à grande presença de queratina. • Absorção de raios ultravioletas do sol - função desempenhada pelos melanócitos presentes na epiderme. • Combate micro-organismos que penetram na pele huma- na. Esta função é realizada pelas células de Langerhans, presentes na epiderme – Pos- sibilita a sensação do tato, através das células de Merkel. Ela é formada por cinco sub- camadas de células chamadas que- ratinócitos. Estas células, produzi- das na camada basal mais interna, migram em direção à superfície da pele, amadurecendo e experimen- tando uma série de mudanças. Este processo, conhecido como querati- nização (ou cornificação), faz com que cada uma das sub-camadas seja distinta. 1. Camada basal (ou stratum basale): A camada mais inter- na, onde os queratinócitos são formados. 2. Camada espinhosa (ou stra- tum spinosum): Os queratinó- citos produzem queratina (fi- bras de proteína) e se tornam fusiformes. 6 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO 3. Camada granular (stratum granulosum): A queratiniza- ção começa - as células produ- zem grânulos duros e à medida que eles empurram para cima, estes grânulos se transformam em queratina e lipídios epidér- micos. 4. Camada lúcida (stratum luci- dium): As células são bem comprimidas, aplainadas e não se distinguem umas das outras. 5. Camada córnea (ou stratum basale): A camada mais exter- na da epiderme, com uma mé- dia de 20 subcamadas de células mortas aplainadas de- pendendo de onde seja a pele do corpo. Estas células mortas se desprendem regularmente num processo conhecido por descamação. A camada córnea também abriga os poros das glândulas sudoríparas e as aberturas das glândulas sebá- ceas. Derme Subjacente Entre a epiderme e a derme, há uma área de transição, deno- minada membrana basal, que as une firmemente. Os hemossideromas lo- calizados inferiormente nos querati- nócitos e melanócitos permitem que a membrana se fixe à epider-me, enquanto sua face inferior se fixa à derme através das fibrilas de anco- ragem da derme papilar. Fonte: Maximus Odont. e Estética A derme é constituída prin- cipalmente de tecido conjuntivo on- de a epiderme se apoia e se une ao tecido celular cutâneo ou hipo- derme. Apresenta espessura variável de acordo com a região onde se encontra e tem no máximo 3mm na planta dos pés. A superfície externa é irregular, observando-se saliências chamadas de papilas dérmicas. Es- sas papilas são mais frequentes nas zonas sujeitas à pressão e atrito. A derme tem origem mesodérmica, e é constituída pela camada papilar su- perficialmente e pela camada reti- cular, mais densa e mais profunda. Camada Papilar É a camada mais superficial, delgada, constituída por tecido com- juntivo frouxo que forma as papilas 7 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO dérmicas. Nesta camada foram des- critas fibrilas especiais de colágeno, que se inserem por um lado na membrana basal e pelo outro pene- tram profundamente na derme. Es- sas fibrilas contribuem para prender a derme na epiderme. O entre- laçamento entre a epiderme e a der- me é chamado de rete apparatus. Camada Reticular É a camada mais espessa, constituída por tecido conjuntivo denso e contem estruturas derivadas da epiderme incluindo glândulas, folículos pilosos e glândulas sebá- ceas. Ambas as camadas contêm muitas fibras do sistema elástico responsável em parte, pela elas- ticidade da pele. Possuí vasos san- guíneos, vasos linfáticos e nervos. A derme contém os anexos cutâneos, os vasos sanguíneos e lin- fáticos, os nervos e as terminações nervosas sensoriais, que podem ser livres ou encapsuladas. Terminações nervosas livres, arranjadas em cesto, circundam os folículos pilosos e funcionam como mecanorrecep- tores. Terminações nervosas livres, em forma de bulbo e com trajeto tortuoso, situam-se paralelamente à junção dermo-epidérmica. Elas de- vem servir como mecanorreceptores e nociceptores (receptores para dor). Hipoderme De acordo com a definição da sociedade brasileira de dermato- logia é a terceira e última camada da pele, formada basicamente por cé- lulas de gordura. Sendo assim, sua espessura é bastante variável, com- forme a constituição física de cada pessoa. Ela apoia e une a epiderme e a derme ao resto do seu corpo. Além disso, a hipoderme mantém a tem- peratura do seu corpo e acumula energia para o desempenho das funções biológicas. 8 9 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO 2. Envelhecimento Cutâneo Fonte: Alto Astral s fatores do envelhecimento são causados por mudanças funcionais que ocorrem com o avanço da idade.Na pele ocorre por acúmulo de danos moleculares nas células epiteliais e existem dois pro- cessos que podem ocasioná-lo, o envelhecimento intrínseco como a fisiologia genética e o envelheci- mento extrínseco que ocorre por a- cúmulos no DNA causados por ex- posições excessivas aos raios solares ultravioletas e fatores externos. O envelhecimento do organis- mo de forma geral se relaciona ao fato de as células somáticas do corpo começarem a morrer e não serem substituídas por novas, como acon- tece na juventude. Isso está ligado, entre outros fenômenos, ao envelhe- cimento celular. Fisiologicamente, o envelhecimento está associado à perda de tecido fibroso, à taxa mais lenta de renovação celular e à re- dução da rede vascular e glandular. A função de barreira que mantém a hidratação celular também fica prejudicada. Dependendo da genética e do estilo de vida, as funções fisiológicas normais da pele podem diminuir em 50% até a meia-idade. Como a pele é O 10 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO o órgão que mais reflete os efeitos da passagem do tempo, sua saúde e sua aparência estão diretamente relacio- nadas aos hábitos alimentares e ao estilo de vida escolhido. A radiação ultravioleta, o excesso de consumo de álcool, o abuso de tabaco e a poluição ambiental, entre outros, são fatores que “aceleram” o traba- lho do relógio biológico provocando o envelhecimento precoce. Além disso, o aumento do peso corporal e dos níveis de açúcar no sangue tam- bém colabora para a pele envelhecer antes do tempo. Tipos de Envelhecimento Quando jovem, o processo de reparação tecidual acontece de for- ma rápida; com o passar dos anos, o processo torna-se mais lento, evi- denciando então o envelhecimento. Comparando um indivíduo com 11 anos essa reparação celular, após os danos celulares, é quase perfeita; sendo que, aos 50 anos, esse pro- cesso de reparação diminui, acele- rando o processo de envelhe- cimento. Há vários fatores que inter- ferem no envelhecimento, como os defeitos genéticos, o surgimento de doenças e a expressão de genes do envelhecimento, que favorecem a longevidade ou reduzem a duração da viva. As alterações do envelhe- cimento podem ocorrer na epiderme bem como na derme. Na epiderme ocorre diminuição do número de queratinócitos, afinamento e dimi- nuição da taxa de proliferação das células desta camada, sendo as alte- rações na derme as principais mani- festações inestéticas ocorridas na pele com o envelhecimento: flacidez e rugas. A microcirculação também torna-se comprometida devido a alterações funcionais e morfológicas dos vasos sanguíneos presentes nesta região. Com o envelhecimento, a pele tende a se tornar delgada, enrugada, seca e escamosa. Embora a espessura real da camada córnea não seja muito alterada, ela se torna mais perme- ável, permitindo a passagem mais rápida de substancias através dela. Além disso, as fibras colágenas da derme tornam se mais grossas e as fibras elásticas perdem parte de sua elasticidade reduzindo desta forma a tonicidade da pele. Observam-se dois tipos de em- velhecimento: envelhecimento in- trínseco caracterizado por altera- ções clínicas, histológicas e fisio- lógicas, as quais ocorrem na pele, não exposta ao sol, de indivíduos idosos, e envelhecimento extrínseco que é caracterizado pela exposição 11 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO da pele à radiação solar, gerando fotoenvelhecimento. Envelhecimento Intrínseco Envelhecimento cutâneo in- trínseco ou cronológico: é aquele de- corrente da passagem do tempo, determinado principalmente por fa- tores genéticos, estado hormonal e reações metabólicas, como estresse oxidativo. Nele estão presentes os efeitos naturais da gravidade ao longo dos anos, como as linhas de expressão, a diminuição da espes- sura da pele e o ressecamento cu- tâneo. Fonte: Estudo Kids Os principais fatores que contribuem para o envelhecimento intrínseco são: Fatores hormonais: (diminuição dos níveis de estrógeno e proges- terona): Equilíbrio é fundamental quando se fala de hormônios. Dimi- nuindo os níveis hormonais com o envelhecimento, acelera-se a dete- rioração da pele. Em mulheres, a variação nos níveis de estrogênio durante a menopausa é responsável por mudanças cutâneas signifi- cativas: o seu declínio prejudica a renovação celular da pele, resul- tando em afinamento das camadas epidérmicas e dérmicas. A redução nos níveis dos hormônios pela menopausa altera as camadas da pele. A camada córnea da epiderme torna-se reduzida e frouxa. Sem o mesmo nível de estímulo hormonal, ocorre redução da síntese de colá- geno e da quantidade de fibras elás- ticas. Ocorre redução da capacidade de retenção de água pelas células e desacelera a atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas. Nos primeiros cinco anos de climatério a mulher perde de 30% a 40% do colágeno total do orga- nismo. Depois desse período a perda é mais lenta (2% de colágeno ao ano). A diminuição do estrógeno provoca, entre outras alterações: • Diminuição da atividade mito- tica (capacidade de regenera- ção da pele); • Diminuição da síntese de colá- geno (flacidez e rugas); • Diminuição de resistência a choques mecânicos (hemato- mas); • Concentração de queratina (espessamento de pés, joelho e cotovelo). 12 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO Fatores genéticos: certas pessoas envelhecem mais rapidamente do que outras, sugerindo que exista uma predisposição genética que in- fluencia o processo de envelhe- cimento. Indivíduos com pele bran- ca tendem a apresentar sinais de envelhecimento mais cedo que os indivíduos negros. Estresse oxidativo: desempenha papel central na iniciação e na com- dução de eventos que causam o em- velhecimento da pele. Ele altera os ciclos de renovação celular, causa danos ao DNA que promovem a liberação de mediadores pró-infla- matórios, que, por sua vez, desen- cadeiam doenças inflamatórias ou reações alérgicas na pele. Além dis- so, células do sistema imunológico, chamadas langerhans, diminuem com o envelhecimento. Isto afeta a capacidade da pele de afastar o estresse ou as infecções que podem prejudicar sua saúde. Com o avançar da idade, diminui-se a imunidade, aumentando a incidência de infec- ções, malignidades e deterioração estrutural. Níveis elevados de açúcar no sangue e glicação: glicose é um combustível celular vital. No entan- to, a exposição crônica à glicose po- de afetar a idade do corpo por um processo chamado de glicação. Ela pode ocorrer pela exposição crônica ao açúcar exógeno, nos alimentos, ou endógeno, como no caso do dia- betes. A consequência principal des- se processo é o estresse oxidativo celular, tendo como consequência o envelhecimento precoce. Fatores de Envelhecimento Extrínseco O envelhecimento extrínseco é um tipo de envelhecimento cutâneo em que os fatores influentes não são a idade, mas sim fatores externos ao organismo. Inicialmente, denomi- nou-se de fotoenvelhecimento, pois se acredita, ainda hoje, que o prin- cipal agente causal é a radiação, no- meadamente, a radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV). No entanto, existem inúmeros fatores hoje conhecidos e com- provados como influentes e gerado- res de alterações significativas ao nível cutâneo conduzindo a manifes- tações clínicas de envelhecimento, designadamente, fatores como o ta- baco, a poluição ambiental, o estilo de vida (exercício físico, alimen- tação, consumo de álcool), o stress fisiológico e físico. A radiação ultravioleta (UV) é uma radiação emitida pelo sol, e constituinte do espetro eletromag- nético, tendo a mesma velocidade que a radiação visível variando ape- 13 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO nas em comprimento de onda, pois possuium comprimento de onda mais curto do que a radiação visível. A primeira, UVA, é a que tem maior comprimento de onda, estan- do ligada principalmente ao bron- zeamento. Incide com a mesma intensidade ao longo de todo o dia e de todo o ano. Subdivide-se em UVA-I e UVA-II, sendo que é a UVA- II que causa maior dano, pois possui um comprimento de onda mais curto (320-340 nm), tendo uma maior capacidade de penetração (menor comprimento de onda, maior profundidade de penetração cutânea). A radiação UVB é uma radia- ção menos penetrante, no entanto, pode ser mais carcinogénica, pois tem um comprimento de onda me- nor que a UVA. Ao contrário da radi- ação UVA, esta radiação tem inten- sidade variável ao longo do dia, com o pico entre as 10h e às 16h. Fonte: Rádio Planetário A radiação solar não apresenta apenas efeitos maléficos, uma vez que dependemos dela diariamente a fim de podermos garantir a home- ostasia do nosso corpo. É necessária para a produção de melanina e de vitamina D, esti- mulação da circulação, ação bacte- ricida, e também melhoria do humor. Tabaco O tabaco possui uma com- posição complexa, conhecendo-se cerca de 3800 compostos, uma parte da sua totalidade. Acredita-se que o tabaco exerça alterações ao nível cu- tâneo por dois mecanismos princi- pais: atuando diretamente ao nível epidérmico afetando a integridade da epiderme e indiretamente, atra- vés do contato com a pele pela cor- rente sanguínea. Devido ao movi- mento constante de contração de músculos labiais exercido pela ação de fumar, há um agravamento das rugas em torno dos lábios. O calor da chama e o contato da fumaça com a pele provocam o envelhecimento e a perda de elas- ticidade cutânea. Além disso, o fumo reduz o fluxo sanguíneo da pele, dificultando a oxigenação dos teci- dos. A redução deste fluxo parece contribuir para o envelhecimento precoce da pele e para a formação de 14 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO rugas, além de dar à pele uma coloração amarelada. Álcool Altera a produção de enzimas e estimula a formação de radicais livres, que causam o envelheci- mento. A exceção à regra é o vinho tinto que, se consumido modera- damente, tem ação antirradicais li- vres, pois é rico em flavonoides e em resveratrol, potente antioxidante. Movimentos Musculares Movimentos repetitivos e con- tínuos de alguns músculos da face aprofundam as rugas, causando as chamadas marcas de expressão, co- mo as rugas ao redor dos olhos. Radicais Livres São uns dos maiores causa- dores do envelhecimento cutâneo. Os radicais livres se formam dentro das células pela exposição aos raios ultravioleta, pela poluição, estresse, fumo etc. Acredita-se que os radicais livres provocam um estresse oxida- tivo celular, causando a degradação do colágeno (substância que dá sustentação à pele) e a acumulação de elastina, que é uma característica da pele fotoenvelhecida. Os radicais livres são cada vez mais reconhe- cidos como umas das principais causas do envelhecimento e doenças degenerativas associadas à idade. O radical livre é qualquer espécie quí- mica capaz de existência indepen- dente, que possui um ou mais elé- trons desemparelhados, que por ra- zões quânticas, esta molécula tende a emparelhar este elétron com outro de alguma outra molécula e por isso os radicais livres tornam-se tão reativos. Bronzeamento Artificial A Sociedade Brasileira de Dermatologia condena formalmente o bronzeamento artificial que pode causar o envelhecimento precoce da pele (rugas e manchas) e a formação de câncer da pele. A realização desse procedimento por motivações este- ticas é proibida no Brasil desde 2009. Alimentação Uma dieta não balanceada contribui para o envelhecimento da pele. Existem elementos que são es- senciais e devem ser ingeridos para repor perdas ou para suprir neces- sidades, quando o organismo não produz a quantidade diária sufici- ente. O excesso de açúcar também “auxilia” a pele a envelhecer mais depressa. 15 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO Prevenção Com base nas evidências atualmente disponíveis, o envelheci- mento da pele parece ocorrer em pa- ralelo com o decréscimo da síntese de colágeno e/ou aumento da ativi- dade da enzima colagenase. A Ciência tem evoluído de maneira a prevenir o envelhecimento precoce e, até mesmo, retardar o envelhe- cimento fisiológico, tanto pela utili- zação de produtos cosméticos com funções de umectação e regeneração celular, bem como pelo emprego da terapia ortomolecular e técnicas avançadas utilizando-se de tec- nologias específicas como, por exemplo, o laser. Com a evolução da Ciência Cosmética, é preciso conhecer mais profundamente os fatores que po- dem potencializar os efeitos destes produtos. A preocupação primordial dos formuladores cosméticos tem sido com o tecido epidérmico, o fino em- rugamento do estrato córneo e a transformação de ceratinócitos em células escamosas. Entretanto, as grandes mudanças histológicas as- sociadas ao envelhecimento ocor- rem na derme. Assim, são de par- ticular importância a perda de vas- cularidade (ou suprimento de san- gue) e a notável incapacidade de formar a matriz dérmica. Como já mencionado, o sol tem um papel importante no em- velhecimento prematuro da pele. Porém, além dele, outros fatores po- dem fazer com que a pele envelheça mais rápido do que deveria, por isso, é importante investir na prevenção. Conhecer fatores que contri- buem para o envelhecimento preco- ce é essencial para a prevenção, al- gumas medidas preventivas são: Uso de protetor solar: Dia- riamente, mesmo em dias de frio ou chuva, aplicar um protetor solar com FPS 30 (ou superior) não ape- nas no rosto, mas em toda a pele que não esteja coberta por roupa: mão, pescoço, nuca, orelhas, pés e braços. Fonte: Zoom No caso da prática de esportes, inclusive natação, o produto precisa ser resistente à água. Se houver muita exposição solar ou suor excessivo, o produto deve ser reapli- cado regularmente, de preferência a cada 3 horas. 16 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO Além do filtro solar outras medidas podem e devem ser adota- das, uso de chapéu, óculos e evitar se expor ao sol em horários em que o sol está mais forte auxilia a preven- ção do envelhecimento. Hidratação: Ingerir no mínimo dois litros de água por dia, pois ela hidrata o organismo e facilita a eli- minação de toxinas que contribuem para o envelhecimento da pele. Fonte: JusBrasil Manter a pele limpa: Limpar a pele duas vezes ao dia, pela manhã e à noite. O acúmulo dos resíduos de suor, da poluição, da maquiagem e de outras substâncias provoca a obstrução dos poros e o surgimento de rugas. Usar produtos adequados: Usar sempre um demaquilante e jamais dormir sem remover a maquiagem. Demaquilantes são mais eficazes que os sabonetes para retirar a ma- quiagem. O hábito de dormir maqui- ada obstrui os poros e impede a pele de respirar, o que provoca oleosi- dade e envelhecimento precoce. Um estilo de vida adequado pode beneficiar mesmo pessoas que já apresentam sinais de envelhe- cimento precoce, nunca é tarde para começar, uma boa alimentação, água, exercício físico, repouso e equilíbrio sempre vão trazer bene- fícios a nossa saúde e uma pele mais bonita e saudável. 18 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO 3. Antioxidantes e a Prevenção ao Envelhecimento Precoce Fonte: eCycle s antioxidantes são agentes responsáveis pela inibição e re- dução das lesões causadas pelos radicais livres nas células. Uma ampla definição de antioxidante é: “qualquer substância que, presente em baixas concentraçõesquando comparada a do substrato oxidável, atrasa ou inibe a oxidação deste substrato de maneira eficaz”. Dois tipos de antioxidantes têm essa função. Os de prevenção impedem a formação de radicais livres e os de reparo favorecem a remoção de danos da molécula de DNA e a reconstituição das mem- branas celulares danificadas. O me- canismo de ação desses dois tipos de antioxidantes permite classificá-los em Antioxidantes de prevenção e Antioxidantes de reparo. A eficiência dos sistemas de proteção tende a decrescer com a idade, indicando que a geração de RL e o declínio das defesas antio- xidantes devem ser considerados contribuidores potenciais importan- tes para o processo de envelhe- cimento. Desta forma, há neces- sidade de suprir o organismo com substancias anti radicais livres, os antioxidantes, quando este não esti- O 19 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO ver conseguindo, por si só defender- se de quantidade de radicais livres formados. Para reforçar a proteção na- tural, faz-se uso de compostos exó- genos como enzimas, antioxidantes (incluindo algumas vitaminas e me- tais) e compostos fenólicos, limi- tando-se as reações oxidativas. Vitamina A e Retinóides A vitamina A é essencial no nosso organismo. Participa em mui- tas funções, assinaladamente, na diferenciação e manutenção de teci- dos, visão (retinaldeído), reprodu- ção (retinol) entre outras funções. Só por si e ao nível cutâneo, esta possui capacidade antioxidante, ação despigmentante, normaliza o processo de queratinização e pro- move um aumento da concentração de colágeno. No entanto, quando ad- ministrada na prática, esta não pos- sui ação, pois é extremamente oxidável perdendo facilmente a sua eficácia terapêutica. Existem, contu- do, compostos biologicamente ati- vos e derivados da vitamina A (for- ma natural) que possuem uma ativi- dade forte, podendo ser usados na clínica – os retinóides. Existem ainda várias outras estruturas químicas denominadas de segunda geração, no entanto, não têm grande aplicabilidade no que respeita a aplicação tópica na pele. Contrariamente a outros in- gredientes, os retinóides não funcio- nam como esfoliantes, que atuam à superfície da pele, estes atuam em zonas mais profundas como a der- me. Atuando a nível dérmico pro- porcionam uma estimulação da ati- vidade do “motor” do sistema tegu- mentar, estimulando a regeneração de células e de hormonas aí sinte- tizadas, aumentando a atividade e renovação da pele proporcionando melhores resultados. Vitamina E A vitamina E ou também de- nominada de tocoferol é o antioxi- dante lipídico existente em maior quantidade na pele, sendo am- plamente usado em formulações tópicas. Atua por prevenção da peroxidação lipídica, funcionando como um humectante natural e anti- inflamatório. Fonte: Tua Saúde 20 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO A família é constituída por quatro formas de tocoferóis (α- tocoferol, β-tocoferol, γ-tocoferol e δ-tocoferol) e quatro formas de tocotrienóis (α-tocotrienol, β-toco- trienol, γ-tocotrienol e δ-tocotri- enol). A forma mais concentrada a nível cutâneo é a forma de α-to- coferol, conseguindo encontrar-se em concentrações 5 a 10 vezes supe- riores à de γ-tocoferol. Sendo pro- duzido ao nível das glândulas sebá- ceas, estas iniciam a sua atividade com a puberdade, havendo a sua produção até aos 50 a 60 anos na mulher e no homem até aos 70 anos. Justifica-se que após esta idade seja viável uma suplementação alimen- tar com vitamina E. Quando administradas as for- mas ativas de vitamina E estas atuam, opostamente aos retinóides como antioxidantes, promovendo uma redução da oxidação da pele, que está na base de todo o processo de envelhecimento cutâneo. Estudos demonstraram que a aplicação tópica de formulações contendo Vitamina E, mais espe- cificamente, D-α-tocoferol, apresen- taram capacidade de proteção com- tra os raios UV, para além de terem a capacidade de reduzir a infla- mação (que desenvolve eritema e rubor) após exposição solar, sendo já hoje usado em algumas formu- lações comerciais, como cremes hi- dratantes e calmantes. Para, além disso, formulações contendo DL-α- tocoferol com lecitina apresentam a capacidade de reduzir rugas e len- tigos ou sinais provocados pelo sol. Vitamina C À semelhança da vitamina E, também a vitamina C ou ácido ascórbico é um potente antioxidante, diferenciando-se desta por ser hidrossolúvel. A vitamina C tem múltiplas funções ao nível cutâneo, estando amplamente distribuída em todas as camadas da pele, funcionando como antioxidante e cofator de múltiplas enzimas. Estudos indicam que a vitamina C está implícita na estimulação da renovação proteica da derme, incentivando a produção de colágeno por funcionar como o cofator enzimático, melhorando a cicatrização e firmeza da pele .Um estudo de 1997 indica que a vitamina C promove a produção de componentes lipídicos essenciais à renovação da epiderme .Para além de promover a regeneração da vitamina E uma vez que a vitamina C (no citoplasma), pode reduzir a forma oxidada da vitamina E (na membrana celular) regenerando a sua atividade, podem ainda ser usadas em formulações multivitamí- 21 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO nicas pela sua ação sinérgica. A descoberta do ácido ascór- bico (Vitamina C, ácido Cevitâmico) foi originada dos estudos realizados para detectar a substância existente nas frutas e verduras, que impedia a proliferação do escorbuto. A deno- minação de ácido ascórbico foi atri- buída para referir-se à sua função na prevenção do escorbuto. O termo vitamina C deve ser utilizado como descrição genérica para todos os compostos que exibem atividade biológica qualitativa de ácido ascór- bico. A vitamina C é um antio- xidante classificada como cosme- cêuticos com o propósito de prevenir e tratar a pele danificada pelo sol. Isto, porém, será possível se a capacidade de penetração possa atingir camadas mais profundas da epiderme. O estrato córneo faz parte da epiderme e é a principal barreira para permeação de substâncias ativas na pele, devido ser uma região que contém muitos lipídios, organi- zados em camadas lamelares dificul- tando desta forma a difusão de ativos. A camada córnea é formada de queratinócitos cercados por cama- das lipídicas, sendo uma camada que possui baixa permeabilidade, visto que a estrutura é altamente ordenada pelos queratinócitos e pelas suas camadas lipídicas. Os queratinócitos, chamados também de corneócitos quando se encontram na camada córnea, transformam-se em células sem núcleos, achatadas e mortas, que conferem a propriedade de barreira da pele. Portanto, é o estrato córneo que limita a entrada das drogas. Tendo em vista aspecto abordado entende-se que para obter eficácia um ativo aplicado por via tópica depende, não só das suas pro- priedades farmacológicas, mas tam- bém da sua disponibilidade no local de ação. A maioria dos fármacos que são utilizados no tratamento de pro- blemas dermatológicos tem como local de ação os tecidos mais pro- fundos da pele. Assim, o fármaco necessita permear o estrato córneo para chegar ao seu local de ação. Com relação às vias de per- meação os apêndices da pele apenas constituem 0,1% da superfície pelo que se estima se a via trans- epidérmica a principal via de per- meação de fármacos. Assim, a ab- sorção percutânea via transepi- dérmica envolve a difusão através do estrato córneo, das células viáveis da epiderme e, finalmente, das cama- das superiores da derme até a micro- circulação. O passo determinante da absorção cutânea é a permeação através do estrato córneo. As pro- teínas desta camada constituem 22 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO uma camada descontinua, enquantoque a fase lipídica é continua. Teoricamente, existem então duas vias potenciais de passagem: a transcelular e a intercelular. Contu- do, em ambas as vias de permeação a estrutura do estrato córneo obriga o fármaco a se difundir através das bicamadas lipídicas intercelulares. Estudos experimentais indicam que a permeação da maioria dos com- postos através da camada córnea está dependente, quer da sua lipoficidade quer do seu tamanho molecular. A vitamina C exerce uma ação anti-oxidante sobre a pele, prote- gendo-a da ação dos radicais livres, que favorecem o envelhecimento. Além disso, o uso tópico da vitamina C estimula por reações químicas no metabolismo a formação de colá- geno e consequentemente a forma- ção de novo tecido. O mecanismo de ação pelo qual a vitamina C atua na síntese de colágeno é complexa e ainda não está totalmente esclarecido. Recen- temente ficou demonstrado que a vitamina C tópica aumenta nível de RNA dos colágenos I e III. A vita- mina C para humanos (ácido ascór- bico) pode ser somente obtida de ali- mentos, como o das frutas cítricas. A luz solar e a poluição ambiental po- dem depletar a vitamina C presente na epiderme (25) e, como a vitamina C é um potente antioxidante, parece razoável que se obtenha benefícios aumentando suas concentrações na pele. As preparações de vitamina C são instáveis, por isso devem ser mantidas em recipientes herméticos e em embalagens resistentes à luz para evitar exposição aos raios UV ou ao ar. O uso da vitamina C tópica como um fotoprotetor foi estudado in vitro e in vivo, demonstrando seus efeitos na prevenção da queimadura solar em células e diminuindo o eritema pós-exposição tanto para as radiações UVA quanto UVB. A adição de vitamina C tópica para qualquer protetor solar anti- RUVA ou RUVB mostrou melhor proteção solar que quando compara- do ao uso do protetor solar isolado. Além disso, o uso da vitamina C tó- pica nos produtos para uso “depois do sol” foi eficaz na remoção das espécies reativas induzidas pelo UV. Vitamina D A vitamina D é sintetizada ao nível cutâneo na forma ativa de vitamina D3. Esta síntese inicia-se com o colesterol onde os quera- tinócitos sintetizam inicialmente o 7-dihidrocolesterol, convertendo-o posteriormente em colecalciferol ou vitamina D3. Esta é uma reação mediada pela radiação UV. Esta 23 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO vitamina está implícita em múltiplas funções, tais como a homeostasia do cálcio, efeitos imunorreguladores, participando também na regulação da apoptose, sendo também cito- protetora. Existem estudos que demons- tram uma eficácia marcada no tra- tamento da psoríase, dermatite ató- pica e outras doenças, sendo em muitos países o tratamento primário da psoríase. Neste estudo compro- vou-se que a vitamina D, devido à sua atividade antioxidante e estimu- ladora da produção de colágeno con- tribui para uma melhoria da rapidez do processo de cicatrização, melho- rando igualmente situações de hi- perpigmentação e também o aspeto de uma pele envelhecida. Outras Vitaminas Existem outros compostos, como a vitamina F, H (ou biotina), vitaminas do complexo B, que revê- lam algum interesse de exploração ao nível cutâneo. Contudo, e devido à escassez de informação de estudos em humanos, é viável agrupá-las nesta mesma categoria. A vitamina F, facilmente em- contrada nos óleos alimentares (de trigo, soja ou milho, por exemplo) nos ácidos gordos insaturados, pode revelar vantagem da utilização na pele. Estes ácidos gordos insatu- rados existem normalmente como constituintes do cimento interce- lular e na membrana, podendo a sua alteração devido à idade, estar im- plícita com a alteração da estrutura lipídica da pele. Daí podem ser for- necidos através da dieta norma- lizando a estrutura lipídica da pele contribuindo para uma manutenção da homeostasia da mesma. Quanto à vitamina H ou bio- tina, encontrada, por exemplo, na gema do ovo, é uma vitamina hi- drossolúvel funcionando como co- enzima de carboxilases, como por exemplo, a acetil-Coenzima A carbo- xilase. Em crianças ou adultos, a sua carência conduz a alopécia, derma- tite eritematosa, levando também a uma alteração ao nível do processo de queratinização - a hiperquera- tose. Indivíduos com deficiência nos níveis de biotina apresentam lesões cutâneas infetadas por Candida albicans. Um estudo comprova que defeitos no metabolismo da biotina conduzem a anormalidades neuro- lógicas, acidose metabólica mas também rash cutâneo. Desta forma, acredita-se que uma compensação tópica com vitamina H possa com- tribuir de igual forma para a manu- tenção da homeostasia cutânea, uma vez que a sua falta conduz de alguma forma a distúrbios dérmicos. No que respeita às vitaminas do Complexo B estas são um conjunto de vitaminas 24 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO que possuímos geralmente em dé- ficit, implícitas no metabolismo de proteínas pelo que a nível cutâneo o seu déficit pode contribuir para a diminuição dos níveis de colágeno e elastina. Alguns exemplos são a tiamina ou vitamina B1, riboflavina ou vitamina B2, vitamina PP, B3 ou niacina, entre outras. Um outro composto é o DMAE ou dimetilaminoetanol, relativa- mente recente, este é um composto análogo da vitamina B e precursor da acetilcolina. Num estudo realiza- do, um gel contendo 3% desta molécula foi aplicado durante 16 semanas tendo sido demonstrado eficácia evidente contra o envelhe- cimento cutâneo, melhorando as rugas da testa e o contorno do lábio. Para, além disso, poderá possuir também propriedades anti-inflama- tórias e capacidade de aumento da firmeza cutânea. Enzimas Antioxidantes Há um interesse cada vez maior na possível aplicação de enzi- mas antiradicalares como a catalase, ou a superóxido dismutase nos cos- méticos. Atualmente existem alguns estudos que pretendem relacionar a diminuição das espécies oxidantes da pele, com a melhoria significativa do envelhecimento cutâneo. Estas enzimas possuem a capacidade de neutralizar espécies oxidantes, recorrendo a diversos mecanismos (dependendo da enzi- ma em questão), justificando assim a possível aplicabilidade em nível de cosméticos, dado que, tal como refe- rido anteriormente, uma das pos- síveis causas do envelhecimento possa ser o aumento do número de espécies oxidantes. Exemplo de um estudo de apli- cabilidade, realizado em 2010 pro- vou que reduzindo as espécies oxi- dantes denominadas neste de ar- NOX na pele, recorrendo a uma em- zima artificial, semelhante à supe- róxido dismutase, é possível melho- rar os níveis de colagénio melho- rando desta forma o aspeto fisio- lógico da pele. Outra vertente é a procura destas enzimas antioxidantes em compostos de origem fitoterápica. Existem estudos que sugerem a oli- veira (Olea europaea) como possível planta a ser aplicada dado a sua riqueza a nível de enzimas antioxi- dantes, de exemplo, a polifenolo- xidase, ascorbato-peroxidase e gua- iacol-peroxidase. Esfoliação Com o passar do tempo, mês- mo que aplicado diariamente um produto de limpeza, é comum que a 25 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO pele ganhe alguma espessura deven- do por isso ocasionalmente utilizar um método de esfoliação. A pele aumenta a sua espessura, pois com a idade o processo de renovação celu- lar que normalmente ocorre em 27 dias passa a decorrer durante 45 a 60 dias, ou seja, há uma renovação mais lenta e menos eficaz. Surgem assim os AHA (α-hi- droxiácidos) e os BHA (β-hidroxiá- cidos), compostos provenientes de frutos e plantas respectivamente, como o ácido glicólico ou láctico que possuem a capacidade de inibirem a hiperqueratinização, promovendo uma melhoria da microcirculação e uma renovação celular maiseficaz contribuindo clinicamente para uma pele mais suave, funcionando como um peeling natural. Os BHA, mais lipofílicos, ori- ginários de plantas, mostram ser um tratamento eficaz no fotoenvelhe- cimento, melhorando o aspeto vi- sual da pele pela sua ação esfoliante e por penetrar lentamente na pele, assegura menos efeitos adversos. Quanto aos AHA, proveni- entes de frutos, são capazes de exfo- liarem a superfície celular (usados em peeling’s) contribuindo para au- mentar o teor de compostos hidra- tantes endógenos. Uma vez que não penetram os poros, podem ser usa- dos numa pele com tendência ao desenvolvimento de acne. Os AHA mais comuns são: Ácido láctico: Extraído do leite, é usado predominantemente em for- mas sintéticas. Esfolia a superfície da pele, podendo causar irritação. Ácido glicólico: É a molécula menor do grupo dos AHA. Não pos- sui cor ou cheiro, sendo hidros- solúvel. Ácido mandélico: É uma das exceções do grupo dos AHA pos- suindo atividade antibacteriana. Em concentrações abaixo de 5% atuam como hidratantes, emoli- entes não possuindo atividade anti- envelhecimento. Esta só é obtida quando usados em concentrações compreendidas entre 11 e 30 %, onde têm ação exfoliante promoven- do a renovação da epiderme. Polifenóis Os flavonóides, inicialmente denominados de “polifenóis das plantas”, podem ser administrados na dieta através de vegetais, estando também presentes no vinho tinto. A sua ação anti-idade está associada à ação antioxidante, anti- inflamatória e cicatrizante que pos- sui. Os flavonóides demonstram também efeitos protetores contra a radiação UV. Dentro do grupo dos poli- fenóis, destacam-se igualmente as procianidinas também denomina- 26 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO das de “taninos condensados”, que demonstraram função protetora do colágeno e elastina evitando a sua degradação e estimulam a prolife- ração dos folículos capilares. Pode ser encontrado em extratos de chá verde e de cacau. Fitoesteróis Provenientes da soja (Glicine max), os fitoesteróis têm sido fre- quentemente usados na menopausa devido aos efeitos semelhantes que possuem aos estrogénios. Tal como já referido a menopausa conduz a uma diminuição dos níveis de es- trogénios (17β- estradiol) podendo assim, com estes compostos, fazer a compensação hormonal de uma for- ma natural. No entanto, este efeito cinge-se às isoflavonas de soja. Da soja é possível obter três produtos com objetivos distintos: o óleo de soja, com capacidade hidra- tante e emoliente, muitas vezes as- sociado a cremes hidratantes, asiso- flavonas ricas em fitoestrogénios que atuam de forma compensatória na menopausa e a proteína da soja, que tem ação inibidora da elastase e estimuladora da síntese de tropo- elastina. Desta forma é possível ini- bindo a elastase, prevenir a destru- ição das fibras de elastina (processo associado ao envelhecimento cutâ- neo), podendo estas últimas ser apli- cadas com efeito antienvelheci- mento. Existem muitas classes de ati- vos antienvelhecimento que pode ser incorporados aos cosméticos, com a possibilidade de benefício clínico, tais como: vitaminas, mine- rais, botânicos, peptídeos e fatores de crescimento. No entanto, são pouquíssimos os estudos clínicos controlados e randomizados. De qualquer forma, esses pro- dutos podem ser úteis e parece não causar efeitos adversos. Lamentavelmente, o papel do marketing, da mídia e até de pro- fissionais mal intencionados tem sido colocado muito acima do valor da ciência e da pesquisa, demons- trando desinteresse da indústria de cosméticos e farmacêutica pela rea- lização de estudos clínicos de boa qualidade. Não existe a melhor técnica ou a mais indicada para aquele grau de envelhecimento, e sim aquela que se enquadra ás necessidades do pa- ciente, levando em consideração sua disponibilidade e seu estilo de vida. O ideal é a associação de proce- dimentos disponíveis antienvelhe- cimento respeitando as etapas com- forme as complexidades das alte- rações de envelhecimen 27 27 28 ENVELHECIMENTO CUTÂNEO 28 4. Referências Bibliográficas ALLEN, J., (2001). Ultraviolet Radiation: How it affects life on Earth? Earth Observatory Nasa AZULAY, M. M; FIGUEIRA L. A; LACERDA, C. A. M et al. Vitamina C. Anais Bras. Dermatos. 78(3) p. 265 – 274 Maio/JUN Rio de Janeiro, 2003. BARBOSA, N. S. e Kalaaji, A. N., (2014). CAM use in dermatology. Is there a potentialrole for honey, green tea, and vitamin C? Complement Therapies in Clinical Practice. 20, pp. 11-15. BORELLI, Shirlei Schanaider. As idades da pele: orientação e prevenção. 2. Ed. São Paulo: SENAC,2004. CZOGALA, J., et al (2008). Effect of tobacco smoking on skin and mucosa appea-rance,ageing and pathological conditions. Przegl Lek. 65, pp. 732-736. GROSSMAN, R., (2005). The role of dimethylaminoethanol in cosmetic der- matology. 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