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1. Roberto, um jovem de mente empreendedora, percebendo que a farinha da sua cidade é conhecida mundialmente, pensou em abrir uma empresa individual para venda da famosa farinha de Bragança, e tem disponível para investimento um capital de 80.000,00 (oitenta mil reais). Porém o rapaz não entende nada de Direito Empresarial e não sabe qual o tipo de sociedade é adequada para o seu negócio e lhe procura como advogado para orientá-lo. Diante disso, qual sociedade mais apropriada para a demanda do seu cliente? Justifique e fundamente. A sociedade mais apropriada é aquela permitida com o advento da lei n°.13.874/19 (Lei da Liberdade Econômica) que trouxe a figura da Sociedade Limitada Unipessoal, uma sociedade de responsabilidade limitada com um único sócio, unindo as vantagens da EIRELI e do EI, onde uma se trata de uma empresa limitada, porém, com a proteção ao patrimônio do sócio, separando da pessoa jurídica, sem exigência de capital social mínimo, sendo um único proprietário, logo, a solução mais apropriada para o cliente. O nome da razão social da empresa deve ser o nome do proprietário, sendo possível abreviar os primeiros nomes mas não o último e com seguido da palavra limitada. Além disso, faz-se necessário a elaboração de um contrato social contendo os objetivos, regras, condições para funcionamento da empresa bem como os interesses da mesma com registo na Junta Comercial, além de outros tipos de permissões como emissão de CNPJ solicitado inscrição na Receita Federal, na Secretaria da Fazenda, alvará de funcionamento, entre outros conforme particularidades do negócio. 2. Fernando, desejando desenvolver regular atividade econômica de prestação de serviços, constituiu empresa individual de responsabilidade limitada, adotando por nome empresarial firma, seguida da expressão EIRELI. Por opção estratégica, quando da apresentação dos atos constitutivos para registro, está correto Fernando solicitar perante a Junta Comercial o enquadramento para Empresa de Pequeno Porte. Fundamente a respeito do assunto. Na EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), criada pela Lei 12.441/11, somente o titular/único dono é quem possui responsabilidade limitada com as obrigações da empresa, não podendo ter seu patrimônio afetado pelas dívidas da empresa, com capital social de no mínimo cem salários mínimos em vigor, consonante art. 980-A/CC. É uma modalidade que apresenta vantagens como a possibilidade de se enquadrar enquanto ME ou EPP, mantendo uma gestão simplificada, trazida pela Lei Complementar n° 139/ 11, a qual modificou o art. 3° da Lei Complementar n° 123/06 (Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte). Seu ato constitutivo se dá por meio de estatuto que deve ser encaminhado à Junta Comercial, não podendo haver participação de outra pessoa jurídica no capital, bem como a empresa não deve ter participado no capital de outra companhia. Vale salientar que para que a EIRELI de Fernando possa se adequar ao EPP optando pelo Simples Nacional enquanto regime de tributação, deverá faturar até 4,8 milhões anuais. Já o nome empresarial da EIRELI pode ser firma ou denominação, art. 1.155/CC, no caso de Fernando que visa adotar o nome http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10658214/artigo-1155-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 empresarial firma, essa deverá ser formada com seu próprio nome completo ou abreviando os prenomes seguido de EIRELE , também, “FIRMA EIRELE EPP”. 3. João e Marcelo eram sócios em uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada. Durante a existência da pessoa jurídica, o sócio João veio a falecer. O contrato social que regulava a pessoa jurídica não contemplava qual seria o procedimento de sucessão em caso de morte de um dos sócios. A viúva de João, ciente de seus direitos, procurou um advogado para resolver a questão. Qual a norma que regulará tal sucessão? Quais os direitos da viúva e do sócio remanescente? A norma aplicável é a das Sociedades Limitadas onde a responsabilidade dos sócios é restrita ao valor do capital social investido, as quotas. O ideal teria sido ter estabelecido em contrato social as regras mediante falecimento de um dos sócios, não havendo, conforme o art. 1028/CC, a quota do falecido (João) na empresa deverá ser liquidada, quitada, não podendo mais possuir posse na empresa, se a empresa não tiver condições de arcar com os custos deve ser encerrada. Entretanto, o mesmo artigo traz três ressalvas, a primeira trata da disposição diferente em contrato, ou seja, se no contrato social tiver normas que disponham questões contrárias à liquidação das cotas do sócio morto; a segunda condiz na possibilidade dos sócios remanescentes (Marcelo) decidirem pela dissolução da sociedade enquanto opção após a morte de um dos sócios vendendo todo o patrimônio, pagando as possíveis dividas e o que sobrar dividir com os herdeiros do falecido, de acordo com suas quotas; há também a possibilidade de ingresso dos herdeiros na empresa, desde que haja comum acordo entre os herdeiros e os sócios remanescentes. 4. Carlos, João e André decidem investir no ramos da apicultura, com produção e venda de mel, influenciados pelo pai de André que é biólogo. Para tanto, pretendem constituir uma sociedade limitada. Então resolvem discutir a elaboração do contrato social, no qual estabelecem quais os direitos e obrigações de cada um, definem os interesses da sociedade, objetivos da empresa, além do valor do capital que cada sócio vai integralizar, para assim levá-lo à Junta Comercial. Conforme o exposto, responda: a) Pelas características expostas acima, qual tipo de sociedade limitada pretendem abrir os sócios? Os tipos societários ou natureza jurídica determinam como a empresa vem ser organizada em torno dos seus sócios e suas respectivas responsabilidades com o negócio, sendo a preterida aqui pelos sócios, a LTDA. b) O que significa responsabilidade limitada? Os sócios têm a responsabilidade limitada, restrita à empresa, ao valor de suas quotas, sendo seus bens pessoais protegidos em caso de falência ou débitos, atingindo apenas o patrimônio da pessoa jurídica. Entretanto, todos respondem solidariamente pela integralização do capital social, conforme art. 1052/CC, se o capital permitido pelo sócio não for quitado em sua totalidade, os demais respondem pela inadimplência. c) Os sócios podem nomear o pai de André como administrador da empresa? Sim, os sócios podem nomear pai de André para ser administrador. Com o advento da lei n°. 12.375/10, que altera o art. 1061/CC, há a permissão para que o administrador seja não sócio na administração da sociedade limitada, independentemente de contrato social que pré-estabeleça o ato de constituição de nomeação como era exigido anteriormente, desde que a designação tenha a aprovação da unanimidade dos sócios diante de capital não-integralizado e 2/3 (dois terços) após a integralização. 5. Severino tem uma sociedade limitada com Astrolinda há 6 anos e seus respectivos capitais, devidamente integralizados, somavam o total de 800 mil reais, sendo este o total do capital social. Porém, com a atual conjuntura instalada pela pandemia provocada por um vírus, que suscitou a publicação de diversos decretos governamentais e obrigou o encerramento temporário das atividades não essenciais, a sociedade de Astrolinda e Severino teve uma queda nas finanças. Severino, em conversa com sua amiga, Balbina, disse que pretende vender sua quota-parte dispondo de 30% de seu capital social, a amiga se ofereceu para comprar e ele ficou pensativo quanto à proposta da ajuda que ela o ofereceu desejando assim, fazer parte da sociedade que ele tem com Astrolinda. Quando Balbina ofertou compra no valor de 200 mil reais, imediatamente, Severino aceitou, sem consultar sua sócia. Porém, Astrolinda possui 224 mil de capital integralizado na sociedade em questão e ao ser consultada, ela nega o ingresso de Balbina nasociedade. Severino, aborrecido, ignora a opinião e fecha acordo com Balbina sob o argumento de que a ideia de formar a sociedade que eles têm há tempos foi dele e por isso cabe a ele a decisão. O contrato social é omisso quanto ao tema da cessão de quotas. Astrolina procura você, na qualidade de advogado, para saber quais medidas ela poderá tomar quanto à conduta de Severino. Qual a sua orientação? Fundamente. O ingresso do novo sócio (no caso, Balbina) tem de ser em comum acordo de todos os sócios e respectiva alteração do contrato social. Para que ocorra a venda das quotas a terceiros, deve antes ser oferecida em igualdade de condições aos demais sócios. O sócio que deseja vender suas quotas deve averiguar o que consta no contrato social, se não dispuser nenhuma cláusula sobre o tema, aplicar-se-á o art. 1057/CC, que prevê ao sócio a cessão parcial ou total de sua quota no negócio, não precisando de audiência dos outros e não-sócio, desde que não haja oposição de mais de um quarto do capital social. A sociedade limitada é uma sociedade de pessoas a qual a lei permite a quaisquer tempo e motivo, o direito de sair da sociedade empresarial, bem como não são obrigados a permanecerem sócios de quem não desejam, logo, Astrolinda não precisa aceitar Balbina, nem justificar o motivo, sob pena de ineficácia, visto que o art.1003/CC alega que a modificação do contrato social, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios. Além do que, Astrolinda possui 28% do capital, correspondente a mais de um quarto exigido pelo art. 1057, parágrafo único/CC, podendo legalmente opor-se à sociedade com Balbina.
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