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ATERROS SOBRE SOLOS MOLES
1 - O PROBLEMA:
A construção de aterros sobre solos moles consiste, ainda, em um grande problema para a Engenharia, apresentando-se de forma onerosa e nem sempre eficaz. Muitas vezes se tenta desviar a obra para evitar o inconveniente sabido porém que se defronta com o aumento de custo e prazo daí tem-se que pensar e ponderar, e então aterrar. (sugestão)Muitas vezes a obra é desviada para evitar o inconveniente, porém há o surgimento de outro , qual seja, o aumento de custos e prazo da obra. Necessário se faz ponderar, demasiadamente, para então optar pelo aterramento. 
2 - RUPTURA DA BASE E RECALQUES EM EXCESSO:
Estes fatores devem ser analisados, impreterivelmente, na concepção de um aterro sobre solo mole.
A ruptura da base consiste no deslizamento de uma porção de solo de fundação e/ou do aterro onde se observa a elevação da fundação. Normalmente esta ruptura ocorre de maneira cilíndrica (raio) e é exaustivamente estudada em estabilidade de maciços (Método de Fellenius).
O problema poderia ser analisado por considerações de capacidade de carga e da teoria de elasticidade dos solos.
No que se refere a recalques excessivos, devem ser cuidadosamente estudados tanto os recalques totais e diferenciais, como o tempo e a velocidade destes .
Os recalques diferenciais, sem nenhuma uniformidade de um ponto para outro, resultam em tensões adicionais que podem exceder as tensões de projeto, promovendo a ruptura do aterro. Em alguns casos estas rupturas podem ser muito perigosas além de onerosas. 
No que se refere a tempo e velocidade, é necessário e muito importante que estes ocorram durante a execução do aterro, evitando, portanto, que ocorram em grande proporção após o carregamento a que se destina o aterro ( estruturas, etc..). Por este motivo se faz necessária a aceleração dos recalques por intermédio de técnicas, tais como sobrecargas e drenos verticais de areia. 
Tais aspectos, ruptura de base e recalques excessivos, são interligados em qualquer solução adotada, pois a resistência do solo é função de seu adensamento. Adiante serão citados estudos mais detalhados sobre os recalques em aterros sobre solos moles.
3 - ESCOLHA DA SOLUÇÃO:
 Na escolha da solução ou das soluções em conjunto determinadas à execução de aterros sobre solo mole, devem ser considerados os seguintes fatores:
3.1 - DIMENSÃO DO ATERRO:
Este elemento afeta diretamente a solução a ser escolhida, pois quanto maior o aterro, maiores são as tensões desenvolvidas e, por conseqüência, maiores serão os recalques e, quanto mais largo, maior será o bulbo de pressão no subsolo.
3.2 - CARACTERÍSTICA DO MATERIAL DE FUNDAÇÃO:
Neste caso em particular, primeiro executa-se o processo de sondagem onde, até atingir camadas mais rijas determinam-se as diferentes camadas do solo, delimitando verticalmente e horizontalmente a camada de solo fraco. O próximo passo consiste em colher amostras indeformáveis, para a execução de teste em laboratório, onde se objetiva determinar as características de resistência e compressibilidade. Ainda se verifica a necessidade de realizar teste “in sito”, no caso de argilas sensíveis, onde os testes de laboratório serão afetados pelo amolgamento das amostras coletadas, normalmente ocasionado pela penetração do amostrador e talhagem dos corpos de prova. Estes exames detalhados são de extrema importância, para que não se construa aterros inseguros ou anti-econômicos dependendo do coeficiente de segurança adotado. A determinação do peso específico do material e também do nível do lençol freático pode interferir na solução a ser escolhida. É importante citar, que qualquer custo relacionado à investigação prévia do subsolo é na grande maioria dos casos muito menor do que os custo de re-trabalho na execução da obra seja por ruptura da base ou por recalques excessivos.
3.3 - MATERIAIS DISPONÍVEIS
É muito importante saber quais materiais disponíveis, próximo ao local do aterro a ser executado e também para uma eventual substituição do material mole ou ainda para a execução de bermas, também se faz necessário, avaliar a existência de areia próximo ao local do aterro para possível execução de drenos. Na execução do aterro é necessário avaliar sobre esses materiais:
volumes e características de cada material;
peso específico previsto após compactação do aterro;
resistência do maciço a ser executado;
coeficientes de empolamento e redução;
distâncias de transporte;
custos de cada um dos materiais e operações a serem executadas.
Dos elementos citados, cabem a este trabalho mencionar apenas os relacionados as características dos materiais. 
A característica dos aterros, após a execução, deve ser avaliada através de corpos de prova para determinar o grau de compactação e o seu teor médio obtidos no aterro, adotando um desvio padrão tanto para o grau de compactação, quanto para a umidade, coerentes com as condições que influem na variabilidade do aterro compactado. Moldar corpos de prova, de tal forma que os parâmetros de moldagem distribuam em torno da média, o desvio padrão previsto e realizar nestes corpos, ensaios que determinem a resistência ao cisalhamento para as condições em estudo. As envoltórias obtidas serão empregadas nas análises de estabilidade do aterro.
3.4 - PROGRAMA DE CONSTRUÇÃO:
O tipo de equipamento disponível e o prazo previsto, afetam diretamente a escolha da melhor solução para a execução do aterro.
3.5 - LOCALIZAÇÃO DO ATERRO:
A topografia do local influência a escolha da solução. Onde deve se levar em conta a capacidade de drenagem natural do terreno e as facilidades que a localização pode atribuir a obra (deslocamento de material, etc..). As condições das construções vizinhas devem, também, serem examinadas, para que se possa definir a melhor solução, por exemplo: não utilizar explosivos em locais vizinhos a edifícios e a análise de influência do adensamento proposto pelo aterro às áreas vizinhas e o resultados negativos que podem causar.
4 - SOLUÇÕES PARA EXECUÇÃO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES:
4.1 - SOLUÇÃO POR FUNDAÇÃO PROFUNDA:
Pode ser considerado o método mais eficaz, pois transfere as cargas do aterro a uma laje e esta se apóia a fundações que transferem a carga diretamente às camadas mais resistentes, eliminando qualquer tipo de recalque e tensões sobre o solo mole (argila mole), sendo indicadas a locais onde os recalques podem afetar tubulações subterrâneas (água, gás, cabos, etc.), No entanto, este processo é extremamente caro, não sendo recomendado para grandes áreas (rodovias etc.)
4.2 - SOLUÇÃO POR REMOÇÃO DE MATERIAL MOLE:
Uma das soluções típicas, comumente utilizadas, consiste na escavação e retirada de uma camada superficial muito fraca e na reposição, no mesmo local, de um material mais resistente, com compressibilidade conveniente. O novo subsolo, nestas condições, terá que resistir a pressão transmitida pelo aterro e não deverá sofrer recalques apreciáveis sob efeito destas tensões. Esta técnica foi utilizada na construção da rodovia Piaçaguera - Guarujá. 
Entretanto, um problema poderá ocorrer na execução deste tipo de técnica, qual seja, a influência do nível do lençol freático, onde a medida que a altura submersa aumenta, os problemas com escavação aumentam na mesma proporção, necessitando conter e repor os materiais o mais rapidamente possível. Outro fator é que ao determinar a execução através deste método, podem ser encontrados dutos de passagem no subsolo.
A remoção do material pode ser executada por bombeamento, deslocamento por explosão ou também pelo método tradicional de escavação.
	
4.2.1 - Escavação Mecânica:
Somente se opta por esta solução, quando a camada de solo a ser substituído é considerada rasa (baixa profundidade ~ 3 metros) e, também, quando se tem pouco tempo para obter a estabilidade do aterro. As escavações são feitas por meio de escavadeiras tipo “dragline”,executando-se ao mesmo tempo o aterro. Este procedimento facilita a utilização dos equipamentos e evita o refluxo do material na região escavada.
O processo só pode ser utilizado, quando se tem material de reposição em quantidade suficiente para executar o aterro.Este material, normalmente granular, é mais bem compactado mesmo com a presença de água. No entanto, se o refluxo de material escavado for muito rápido devido ao índice de plasticidade ocasionado pela presença de água, outro método executivo deverá ser aplicado. Este processo exige muita atenção quanto a possível mistura de material removido com material mole, o que propicia a existência de bolsões de material mole, ocasionando recalques diferenciais sérios no aterro. Este método é executado quando o material mole apresenta aumento de resistência e compressibilidade baixa, com a profundidade, reduzindo a camada compressível.
4.2.2 - Deslocamento pelo peso do aterro:
É empregado, principalmente, quando o material mole possui espessura superior a 3 metros e o aterro é suficientemente alto para fornecer o peso necessário para o deslocamento. Além disto costuma-se colocar uma sobrecarga de 1 ou 2 metros sobre o aterro, com objetivo de acelerar o deslocamento do material mole. Existem alguns meios de execução deste método, conforme segue abaixo:
Utilizando-se a técnica de remoção total com a construção do aterro, apenas na cabeça deste é colocada uma sobrecarga e a escavação não é total, o material resistente sendo deslocado pelo peso do aterro mais a sobrecarga. Geralmente nesse caso se realiza, primeiro a escavação do material, por escavadeiras, até 2 ou 3 metros, deslocando, a seguir, o material, conforme descrito acima. Neste caso o deslocamento é feito pela frente do aterro.
Construindo-se um pequeno aterro, nota-se, depois de um certo tempo, o deslocamento de material para as laterais devido ao peso, remove-se o material em um dos lados e aumenta-se o aterro para este lado, aumentando por conseqüência altura. Sobre o efeito deste acréscimo de peso, nota-se o aparecimento de novos deslocamentos laterais, o material deslocado é removido, sempre do mesmo lado. E desta maneira, sucessivamente, até completar o aterro. O deslocamento nesse caso é feito sempre para uma mesma direção.
Construindo um pequeno aterro no centro, sobre uma escavação pequena, até, no máximo, o nível da água, aumenta-se o aterro simultaneamente nos dois lados, provocando, por efeito deste peso adicional o deslocamento ascendente para ambos os lados. O aumento gradual do aterro, processa-se continuamente e pode ser acelerado, removendo-se o material deslocado, através de valetas laterais adicionais. 
Os dois últimos processos devem ser realizados com muita cautela, evitando-se rupturas de base.
4.2.3 - Assentamento por jato d’água:
Este método pode ser empregado quando o material possui resistência suficiente para não se deslocar com o peso do aterro, porém permite recalques excessivos após a execução do mesmo.
A utilização de jatos d’água sobre o material, promove uma alteração na argila, amolgamento da mesma que acaba se deslocando sob o peso do aterro. O processo pode ser utilizado quando se dispõe de água suficiente.
O lançamento de jatos d’água sobre o aterro promove sua saturação e, conseqüentemente, aumento do peso, bem como a velocidade de deslocamento da camada inferior. 
Neste processo existe o grande risco da permanência de material mole (bolsões moles) que podem ocasionar sérios recalques diferenciais no aterro.
4.2.4 - Remoção por meio de bomba de sucção:
As bombas de sucção são muito utilizadas na retirada de material extremamente mole, normalmente são montadas em terra ou barcas (Dragas). Processo pouco executado devido ao elevado custo.
4.2.5 - Deslocamento por meio de explosivos:
Este processo se mostra bastante eficaz, quando se possuem camadas muito espessas de material mole, necessitando removê-las. O método é executado, promovendo explosões nestas camadas, criando sua dispersão, podendo o aterro, assim que aplicado, descer até atingir camadas mais firmes. Evidentemente, este processo deve ser aplicado em condições que não afetem construções vizinhas devido ao abalo provocado pelos explosivos. È considerado um processo pouco preciso, pois possibilita a permanência de grande quantidade de material mole.
Este processo é indicado para grandes áreas, onde a presença de pequenos bolsões de material mole não causaria grandes danos, comprovado em alguns casos, a vantagem econômica sobre outros métodos executivos.
No projeto deste tipo de técnica é fundamental o conhecimento do perfil do solo, obtido através de sondagens, o que permite ajustar a profundidade das camadas a serem deslocadas e também verificar a camada que suportará o aterro, após a retirada do material mole.
As explosões, não apenas deslocam o material mole que deseja substituir, mas, também, transformam a estrutura do solo argiloso, amolgando e baixando sua resistência, daí a necessidade de planejar as explosões para que não ocorra liquefação total do material acima dos limites desejáveis. 
Os principais métodos empregados são:
4.2.6 - MÉTODO DAS VALAS: 
Este método apresenta interesse, quando o material mole está entre 4 e 6 metros de profundidade, não apresenta excessiva tendência de escorregamento e não existam objetos a proteger até certa distância, pois o material é lançado à cerca de 70 metros ou mais.
Coloca-se uma ou mais fileiras de cargas, próximas à base da argila, espaçadas, geralmente, da metade ou 2/3 da espessura da mesma. Quando o local a ser escavado é relativamente comprido, a explosão é geralmente feita em trechos de 15 a 20 metros.
A explosão deixa aberta uma vala, na qual deverá ser imediatamente colocado o aterro. Quando necessário, se obtem um melhor assentamento deste, auxiliando com mais algumas pequenas explosões. A carga pode ser disposta ao longo de toda a seção transversal (Cross-Section Method), para a obtenção das valas largas e de pouca profundidade, ou no eixo onde de se deseja aterrar (rodovia), em uma única fileira, obtendo maior profundidade (2 a 4 metros) porém mais estreitas (10 a 15 metros).
4.2.7 - MÉTODOS DA EXPLOSÃO PROFUNDA:
Este método pode ser utilizado para deslocamento de camadas de turfa de praticamente todas as espessuras (7 a 15 metros). É empregado também onde o material turfoso apresenta muitas fibras vegetais.
Este processo consiste na colocação do aterro sobre o material, antes do deslocamento do mesmo por meio de explosões. Após a explosão o aterro penetra no espaço livre, enquanto que o solo mole escoa para os lados e para cima. As principais variantes deste método, estão na execução de todo o aterro antes das explosões, principalmente no caso de aterros estreitos, ou construção de um aterro estreito e posterior alargamento para um dos lados apenas. A carga sob o aterro pode ser colocada em uma ou várias fileiras, conforme desejado.
4.2.8 - MÉTODO DO ALÍVIO:
Neste processo, são feitas valas laterais ao aterro por meio de explosões, onde, após as explosões, o material previamente colocado desloca o material mole. Este método é uma combinação entre o primeiro e o segundo métodos em epígrafe. È melhor aplicado quando o material do aterro é argiloso e se assenta com único bloco, a valeta alivia a pressão, sendo, assim, o aterro empurrado para dentro do solo mole.
Em algumas aplicações se faz necessária a utilização de explosões secundárias para a descida do aterro.
4.2.9 - MÉTODO DO TIRO PRÓXIMO:
Este método consiste em fazer explodir o material mole na frente do aterro em execução. O material do aterro é então atirado à área explodida, avançando em forma de “V” , até levantar uma onda de lama, adicionando-se uma sobrecarga, enquanto são colocadas novas cargas de explosivos ao pé do aterro. Quando os explosivos são detonados, o aterro assenta novamente, e assim sucessivamente.
Em todos o casos,as perfurações para colocação dos explosivos, são realizadas com equipamentos comuns de perfuração como as hastes, onde o furo permanece aberto até revestimentos através do qual o explosivo é posicionado.
Quantidade de explosivos nos métodos:
Método das valas: 0,5 Kg / m³ de material deslocado;
Método de explosões profundas: 0,12 a 0,25 Kg / m³ de superfície de camada vegetal;
Método de alívio: 0,5 kg / m³ de massa da vala deslocada.
4.3 - EXECUÇÃO EM RITMO LENTO:
Quando o solo for excessivamente fraco para uma determinada carga de aterro, mas para as suas características de compressibilidade, puder ter sua resistência aumentada durante um processo lento de construção, por efeito de seu adensamento sob o peso do material do aterro, pode-se utilizar um ritmo lento de construção de aterros, por etapas, impedindo a ruptura de base. No entanto para o carregamento do aterro, considera-se o tempo necessário para que ocorra o adensamento do material mole e do tempo usado para a execução do aterro, evitando manutenções futuras. A restrição de utilização deste processo, esta na necessidade da redução dos prazos de entrega das obras. 
Para emprego deste processo, é necessária a determinação da velocidade para estabilização do aterro, evitando que as cargas aplicadas ultrapassem sua capacidade de suporte. Esta determinação depende de uma serie de variáveis, o que dificulta sua solução. 
A interpretação de resultados das leituras de piezômetros tem, em muitos casos auxiliado a aplicação dos processos teóricos de cálculo. Evidente, que neste tipo de solução são necessários muitos valores de estudo, para que sejam avaliados os resultados estatisticamente, tais como resistência e compressibilidade do solo mole. Devem ser particularmente analisadas, as curvas que exprimem a variação de adensamento em função do tempo (tempo- recalque), bem como as curvas de índices de vazios em função de logaritmo das pressões, e as pressões de pré-adensamento, por meio destas determinadas. Ainda são necessários ensaios, de compressão triaxial e adensados rápidos, com pressões de adensamento variáveis e crescentes, correspondentes às diversas fases de construção do aterro, a fim de determinar o aumento da resistência correspondente ao aumento do adensamento do material sob a carga estática (aterro).
4.4 - UTILIZAÇÃO DE SOBRECARGA:
A utilização deste método é muito utilizada na execução de aterros, onde há aprimoramentos das técnicas utilizadas para ensaio e a comprovação prática das teorias de cálculos, que dão resultado à aplicação cada vez maior de métodos em que se necessita de maior conhecimento do comportamento do solo.
A colocação da sobrecarga tem por fim transmitir ao solo de suporte, pressões bastante elevadas, resultando recalques elevados, por conseqüência. A figura 2, mostra um exemplo típico do andamento dos recalques do aterro, com e sem a sobrecarga, para as demais condições constantes. A retirada da sobrecarga se faz em geral um pouco acima da assíntota correspondente à carga prevista, não só por não se conhecer exatamente a posição desta, porque, geralmente, após a retirada da sobrecarga, ocorre um certo inchamento do material, normalmente pequeno e de pouca duração, não prejudicial.
Os principais efeitos do emprego da sobrecarga são: 
- Em primeiro lugar permitir que se dê certo efeito de pré-adensamento na argila;
- Em segundo lugar, acelerar os recalques, de forma a se poder construir a superestrutura mais rapidamente, sujeita a sofrer recalques diferenciais menores que os previsíveis sem a sobrecarga;
 - Em terceiro lugar, aumentar a resistência ao cisalhamento do solo, uma vez que, devido ao fenômeno histerese, apenas parte do aumento dessa resistência produzida pela sobrecarga desaparece após sua remoção , o que irá corresponder a um aumento do coeficiente de segurança da obra, após a retirada da sobrecarga.
Evidentemente, a sobrecarga só pode ser utilizada neste caso, quando o terreno de fundação tem capacidade de suporte suficiente, sendo, às vezes, necessária sua construção em etapas, ou ritmo lento, podendo contar com o aumento da resistência de suporte em função deste.
Ensaios de campo com os equipamentos adequados se fazem necessários no emprego e execução deste processo, onde se necessita medir “in sito” a pressão neutra desenvolvida e sua dissipação, bem como, a determinação dos recalques observados. Os resultados acima citados adequadamente associados, determinam um índice de andamento do processo de adensamento e da segurança da construção ou ainda do emprego de qualquer medida corretiva necessária.
Este método é comumente utilizado em conjunto com drenos de areia, este citado a seguir, dando muito bom resultado.
A sobrecarga, na maioria dos casos, consiste na utilização do próprio material do aterro, sendo complementado caso necessário, devido a ocorrência de recalques diferenciais.
4.5 - BERMAS DE EQUILIBRIO:
Quando ocorre a ruptura de base, a superfície de ruptura tem, geralmente, uma forma cilíndrica, portanto, resultando em um círculo para uma determinada seção, indicando que para cada seção existe um círculo crítico, onde o coeficiente de segurança é mínimo. 
As análises de cada círculo, são dadas pela relação entre os momentos em relação ao centro do círculo, das forças atuantes e das forças resistentes, onde as forças atuantes são constituídas, isolando-se a seção circular pela resultante correspondente à soma algébrica do peso do aterro e do material de fundação, e, portanto, ao peso do material da seção situado do mesmo lado que o aterro (vertical que passa pelo centro), menos o material situado do lado oposto, as forças resistentes são dadas pela resistência do material ao longo do círculo (material de aterro e fundação).
Quando a relação entre as forças apresenta valores inaceitáveis, excessivamente baixos, aumenta-se a estabilidade pela construção de bermas de equilíbrio, contra-pesos colocados na semi-seção oposta ao aterro, diminuindo o resultado da soma algébrica, referida anteriormente, aumentando a parcela negativa.
As dimensões das bermas são determinadas de acordo com o problema, garantindo que a própria berma tenha estabilidade com um coeficiente de segurança conveniente. Ao posicionar a berma, o círculo crítico varia de posição, sendo necessário refazer as análises de estabilidade.
As bermas são utilizadas para corrigir rupturas ocorridas durante ou após a construção de aterros. Nestes casos, se determina a posição do círculo de ruptura, por análise e observação da onda de lama formada, das trincas e da profundidade do terreno firme. Neste caso se define para este círculo crítico, um coeficiente de segurança igual a 1, a equação de resistência do material e, compará-la com os resultados dos ensaios, sobre o mesmo material, ajustar as hipóteses assumidas e das demais condições desenvolvidas no caso em estudo.
Para o efeito de recalques, as bermas possuem a característica de agravá-los, ainda mais, onde sua ação benéfica se restringe a eliminar os problemas de ruptura da base.
O melhor método, para cálculo de equilíbrio de bermas, é dado por meio de análises de estabilidade e tentativas, segundo o método Sueco de Fellenius, ou ainda, quando se deseja maior aproximação, com melhorias nestes cálculos, executados por Bishop. 
Quando o solo de fundação não suportar, nem mesmo a berma de altura necessária, para resolver o problema de estabilidade do aterro, introduz-se, bermas auxiliares, de altura menor que as principais, dimensionadas de maneira análoga. 
O material das bermas, não precisa ser compactado, como o do aterro, podendo sempre que possível ser constituído de material “bota-fora”, inaproveitável na construção do subleito, tornando o processo bastante econômico. Para utilização, neste caso, é necessária a análise de estabilidade e da envoltória de resistência do material da berma, diferentemente do aterro compactado.
A altura admissível do aterro pode ser calculadaatravés de diversas fórmulas, conforme a capacidade de carga adotada. Jakobson desenvolveu um método para cálculo da altura admissível de um aterro sobre solo mole, e da quantidade de bermas necessárias a sua estabilidade, bem como, um método de cálculo para os comprimentos das bermas. As principais hipóteses envolvidas em suas deduções é que o material de fundação é homogêneo e apenas coesivo (ângulo de atrito nulo); que a carga aplicada pelo aterro é infinita na direção longitudinal (tratamento bidimensional do problema); que o terreno de fundação apresenta superfícies limítrofes horizontais; que o carregamento é constituído por cargas pontuais muito próximas porém independentes (os círculos de ruptura não se propagam no aterro). A última hipótese, demonstra o quanto este processo criado por Jakobson está, excessivamente a favor da segurança.
Segue abaixo o procedimento de cálculo de Jakobson, para altura e número de bermas:
Determinar por meio de sondagens ou similar, o perfil do subsolo em estudo;
Por meio de ensaios “in situ”, laboratoriais, ou, ainda, análise de estabilidade sobre círculo de ruptura já ocorrido, determinando a coesão do material de fundação;
O terreno de coesão “c”, pode ser submetido a um carregamento uniformemente distribuído de: Padm = c / 0,18;
Para um coeficiente de segurança “η”, e para um aterro de peso específico “γ”, a altura do aterro será: h adm = c / 0,18 x η x γ; 
Quando a altura do aterro h1 > h adm, devem ser utilizadas bermas de equilíbrio, de tal modo que: p2 = p1 – c / 0,18 , onde p1= pressão do aterro e p2 = pressão da berma;
Quando p2 > p adm, deve ser usada uma segunda berma ;
A determinação do comprimento da berma, necessário para que haja estabilidade do aterro, não é tão simples. Jakobson divide seu estudo em três casos distintos, de acordo com o círculo crítico de ruptura, tangente ao solo firme subjacente ao material mole;
Irá cortar o próprio aterro;
Compreende todo o aterro dentro da seção;
Não alcance terreno firme.
Em cada caso citado, momentos de forças são desenvolvidos, por meio de forças atuantes em relação ao centro do círculo de ruptura, o momento máximo é calculado, igualando-se a primeira derivada a zero, dando resultados através de gráficos.
 (figura 3 – apenas exemplo para o primeiro caso) 
4.6 - DRENOS VERTICAIS DE AREIA:
São empregados, para acelerar o adensamento do solo, permitindo o aproveitamento da máxima resistência ao cisalhamento possível, pela diminuição da pressão neutra, e fazendo com que os recalques diferenciais ocorram em menor tempo. Sua finalidade é oferecer um caminho mais fácil de passagem para água expulsa pelo solo em processo de adensamento (percolação).
A construção de aterros por etapas e a utilização de drenos de areia, devidamente projetados, permite a construção de aterros sobre camadas bastante profundas de solo mole e com altura inadmissível, sob condições de construção sem maiores cuidados.
O processo é utilizado, geralmente, com a utilização simultânea de sobrecarga, com intuito de acelerar o desenvolvimento dos recalques e reduzir os efeitos de compressão secundária.
Os drenos comumente utilizados são os de areia. No passado, não no Brasil, eram utilizados drenos de papelão, feitos por indústrias especializadas, que eram cravados em campo, através de máquinas especiais.
O projeto dos drenos verticais de areia, para a construção de aterros sobre solo mole consiste em:
Calcular a velocidade do adensamento do solo mole, que se deseja aterrar, sob a ação dos drenos e do carregamento do aterro, e eventualmente da sobrecarga, sendo esta velocidade, função dos fatores naturais, inerentes ao problema, tal como a espessura da argila, a espessura por face de drenagem (distância de drenagem), e as características de compressibilidade do solo (índice de compressão, coeficiente de adensamento vertical e radial),e elementos que serão fixados pelo próprio projeto, como diâmetro e espaçamento dos drenos de areia, a velocidade de lançamento do aterro, a altura e a permanência da sobrecarga, o recalque permitido, após a retirada da sobrecarga, sendo este o limitador das pressões neutras previstas, a serem usadas como elemento de controle no campo, comparadas às medidas no piezômetros que devem ser instalados sob o aterro para este fim.
Analisar a estabilidade do aterro, tanto durante, o adensamento como, após a construção.Essa análise deve levar em consideração a resistência ao cisalhamento do solo e o respectivo aumento como conseqüência da diminuição da pressão neutra pelo adensamento, deve ser feita para vários estágios, durante a construção e após o término desta.
 Na relação abaixo estão citados os diâmetros e distâncias de drenos mais utilizados:
	
	Intervalo de variação (m)
	Valor mais freqüente -75% (cm)
	Diâmetro
	15 a 75
	45 a 50
	Espaçamento
	2 a 6
	2 a 3
	n = R / r (*)
	4 a 42
	9
(*) Citado adiante;
4.6.1 – CÁLCULOS DE ADENSAMENTO:
Devido ao fato, dos drenos de areia dependerem diretamente do cálculo do adensamento decorrente do fluxo de água nas três direções, na seqüência segue um resumo do cálculo de adensamentos vertical e radial, bem como do adensamento tridimensional.
4.6.1.1 - Adensamento Vertical:
Baseado nos estudo de Terzaghi com as seguintes hipóteses:
O solo é homogêneo, saturado com fluido incompressível e constituído de partículas sólidas também incompressíveis;
È válida a lei de Darcy (v = ki), sendo constante o coeficiente de proporcionalidade;
O fluxo de água e a deformação são unidimensionais;
Há uma relação linear entre o aumento de pressão efetiva e conseqüente variação do índice de vazios;
A pressão neutra “u” é dada pela diferença entre o aumento de pressão normal causado pela aplicação de carga e o aumento de pressão efetiva correspondente;
Algumas propriedades do solo (tal como coeficiente de adensamento), são tidas como independentes e constantes;
O tempo de processamento do adensamento é inteiramente devido à baixa permeabilidade do solo;
As equações diferenciais deduzidas são integráveis;
Para aplicação em argila saturada, a variação do índice de vazios de um elemento é igual à quantidade de água expulsa do elemento, em virtude da compressão, chegando-se à equação:
 du/dt = Cv = du² / dz², em que Cv = k x (1- ε ) / γa ª
onde: 
k = coeficiente de permeabilidade de Darcy;
ε = índice de vazios inicial;
γa = peso específico da água;
a = dε / dp = coeficiente de compressibilidade, suposto constante no intervalo dp;
u = pressão neutra;
t = tempo;
z = distância da superfície ao elemento considerado;
Com as hipóteses mencionadas e estabelecidos limites de integração para “t”, variando de 0 a ∞ e “z” variando de 0 a H, foi deduzida a equação final, da forma
U = f(tv)
Onde, definida a “porcentagem de adensamento” Uz”, em qualquer cota e instante, pela proporção entre o recalque parcial sofrido por um elemento de solo com altura dz, e o recalque total que irá resultar do acréscimo de pressão, a integração desses valores ao longo de toda a camada fornece a porcentagem de adensamento U,
 e Tv = Uv / Hd² x t , 
onde:
Cv = coeficiente de adensamento vertical, suposto constante;
Hd = distância de drenagem;
T = tempo.
Terzaghi e Frohlich procuraram determinar “U”, em função de “T”, para diversos casos representativos de distribuições de pressões encontradas na prática, colocando as soluções sob a forma de gráficos.
Está apresentada na figura 4 a curva correspondente a U = f(Tv), para o caso mais comum de um carregamento que varia linearmente com a profundidade (curva tracejada).
Calculado o adensamento vertical, a partir de ensaios de laboratório, e conhecida a altura de drenagem da camada, é possível determinar o valor de Tv, que , através do gráfico da Fig.4 , fornece a porcentagem de adensamento “U”, para um certo tempo “t”, calculado ainda o recalque total“H”, dado por:
H = ((K x H) / 1 + ε) x log ( pf / pi), 
onde:
K = índice de compressão;
H = altura total da camada de argila;
ε = índice de vazios inicial;
pf = pressão final ( pressão inicial mais acréscimo de pressão);
pi = pressão inicial;
e para o recalque após um determinado tempo “t” , será:
Ht = U x ∆H
Richart introduziu nesse estudo, a influência da variação do índice de vazios na equação diferencial, variando portanto o termo ( 1 + ε) na expressão de Cv, chegando a uma série de curvas bastante próximas às anteriormente obtidas, e concluiu pelo não interesse de levar em conta este fator.
Schiffman, desenvolveu, recentemente, uma teoria de adensamento unidimensional de camadas em que o carregamento é função do tempo.
4.6.1.2 - Adensamento Radial:
Os drenos são posicionados, conforme indicado na figura 4 e permitem fluxo vertical e radial, agora em estudo. A zona de influência de cada dreno, de forma hexagonal, pode ser considerada cilíndrica de diâmetro equivalente a 2R. Terzaghi determinou a equação diferencial referente ao adensamento radial, de forma semelhante ao unidimensional;
∂u / ∂t = Cr [(∂²u / ∂r²) + 1 / r x (∂u / ∂r)]
onde:
Cr = Coeficiente de adensamento radial;
Desenvolvendo esta equação para o caso acima, de escoamento horizontal de água em direção radial, da superfície externa vertical de um corpo cilíndrico para um filtro que ocupa a parte central do mesmo cilindro Terzaghi aponta a solução de Rendulic:
Ur = f (Tr)
Tr = [Cr / (2R) ²] x t 
Onde: t = fator tempo radial;
A relação entre a porcentagem de adensamento radial Rr e o fator tempo Tr depende do valor da relação:
R / r = n:
Onde: 
R = raio da zona de influência do dreno;
R = raio do dreno.
Apresenta Terzaghi curvas que dão:
U = f (Tr) para n = 1, n = 10 e n = 100.
Barron faz um estudo bastante completo do adensamento radial, analisando separadamente o caso de deformação vertical livre, é a resultante de uma distribuição uniforme da carga superficial, e a de igual recalque é ausência de recalques diferenciais, por imposição da mesma deformação vertical em todos os pontos da superfície. Desenvolve as equações referentes a cada caso, colocando suas soluções sob a forma de gráficos semelhantes ao de Terzaghi.
Richart compara os resultados decorrentes das duas hipóteses, que representam os casos extremos, mostrando ser pequena a diferença de resultados principalmente para curvas de n=10, sendo, mesmo para n=5, as curvas praticamente idênticas a partir de 50% de adensamento. Assim, sendo o tempo necessário ao cálculo baseado na hipótese de deformação livre da ordem de 10 à 15 vezes, o necessário para o cálculo baseado na outra hipótese de igual recalque, como feito por Baron e Kjellman.
As curvas correspondentes às equações Ur = f (Tr) se encontram na Fig.4, para vários valores de n.
O cálculo do adensamento radial, portanto, se faz conhecendo-se a altura da camada de argila e fixando-se o diâmetro e o espaçamento dos drenos de areia. O coeficiente de adensamento, em geral, é calculado a partir do coeficiente de permeabilidade da direção radial, admitido em função do coeficiente de permeabilidade vertical e do tipo de terreno em apreço (segundo Casagrande, Apud e Milton Vargas, pode ser tomado de 5 a 10 para aterros compactados e de 1 a 100 para sedimentos naturais).
Foram desenvolvidos ensaios de adensamento para a determinação dos coeficientes de permeabilidade e adensamento radiais, com carregamento vertical e onde só se permite fluxo radial.
Com o valor de Cr, admitido ou determinado, calcula-se:
Tr = [Cr / (2R) ²] x t , a partir das curvas Ur = f (Tr).
O valor de Ur Baron introduz em seu estudo a influência exercida por duas condições que podem afetar o andamento do adensamento radial, no caso dos drenos de areia:
Efeitos decorrentes da colocação dos drenos na argila, que conseqüentemente, geram não só o amolgamento da camada mais próxima dos drenos, como também a presença de finos arrastados durante a execução dos trabalhos, e que vão diminuir a permeabilidade da camada adjacente aos drenos. Este efeito depende do tipo de aparelhamento e técnica, utilizados na abertura dos furos e colocação dos drenos. Supondo que a zona de perturbação, pela colocação dos drenos, tem dimensões e propriedades constantes, sendo considerada incompressível, por seu adensamento demasiado rápido. Leva em conta a relação entre o coeficiente de permeabilidade horizontal do solo indeformado kn e o da zona perturbada kp, e a relação s entre o raio da zona perturbada, e o dreno.Richart mostra que a posição das curvas tempo-recalque é função apenas de n, e a influência dos efeitos de colocação é função de n, s e kn/kp. Conclui-se que, dado um determinado raio real de influência de um dreno, rodeado por uma zona perturbada pela sua colocação, a combinação de valores n, s e kn/kp pode definir um dreno ideal com raio de influência menor, equivalente ao dreno real.
O efeito da resistência dos drenos, à passagem da água é impossível de se evitar com a colocação de material extremamente permeável porque, é necessário que o material de filtro tenha vazios suficientemente pequenos para impedir a sua invasão por partículas vizinhas de solo. Baron introduz o valor kd do coeficiente de permeabilidade do dreno deduzindo as equações correspondentes. Richart assinala que, para casos práticos, de drenos verticais de areia de 7<n<15 e para 2R / H <1, o efeito de resistência dos drenos sobre o adensamento é desprezível. Schiffman introduz na dedução de suas equações, para o caso de fluxo radial e deformação igual, o coeficiente de permeabilidade e carregamento variáveis, e por suas equações sob a forma de gráficos. Hansbo deduz a equação do adensamento radial, para os drenos verticais de areia e deformação igual, para uma teoria de permeabilidade diferente da de Darcy, desenvolvida em seu trabalho após a realização de ensaios de permeabilidade. Para pequenos gradientes hidráulicos, como é o caso, a lei de permeabilidade é segundo Hansbo, dada por v= k x i m, em que m varia de 1 a 1,5, e é função do índice de vazios, da temperatura e da argila. As equações deduzidas são postas em gráficos e comparadas a medidas efetuadas, apresentando-se bastante concordantes.
4.6.1.3 - Adensamento Tridimensional:
A equação fundamental do adensamento tridimensional, segundo Terzaghi é:
∂u / ∂t = Cr [(∂²u / ∂r²) + 1 / r x (∂u / ∂r)] + Cv (∂²u / ∂z²)
Carrido (Apud) mostrou que o fluxo tridimensional pode ser resolvido em um fluxo linear e um radial, de acordo com a relação:
100 – U% = 0,01 ( 100 – Ur%) ( 100 – Uz%)
Esta equação simplificada solução do problema do fluxo tridimensional, fazendo-o recair na sobreposição do dois cálculos anteriormente vistos.
4.6.2 - INSTALAÇÃO DE DRENOS.
A instalação dos drenos verticais de areia, compreende a perfuração do solo, o revestimento do furo, o enchimento do furo com material drenante de granulometria conveniente, bem como, a retirada do tubo de revestimento.
A perfuração pode ser feita de acordo com o caso, utilizando trado ou broca rotativa ou de percussão, com ou sem jato d’água, sendo conveniente a colocação de tubo de revestimento, evitando o estrangulamento do dreno devido ao fechamento do furo, ou ainda pode ser cravado diretamente o tubo, retirando o material de dentro do tubo por meio de jatos d’água ou ar. O segundo processo, embora inconveniente de maior dificuldade de limpeza do furo, é o que menor amolgamento introduz no solo, durante a cravação.
O enchimento do furo, após a limpeza completa do furo, através de material com a granulometria adequada, para permitir a saída da água, com maior permeabilidade possível e ao mesmo tempo evitando que os finos impermeabilizem os drenos. A granulometria é função do próprio solo.
Em geral é conveniente que uma camada de areia de granulometria semelhante ao do dreno seja colocada ligando a partesuperior dos drenos, recobrindo o aterro, para melhor conduzir a água trazida pelos drenos de areia.
4.6.3 - FATORES COMPLEMENTARES:
Existem fatores que influem no comportamento dos drenos, comparado às condições previstas no projeto. Os principais fatores serão citados de maneira resumida logo abaixo, para que se possa conhecê-los e avalia-los em cada caso particular, não só para poder prever as diferenças entre o andamento projetado do adensamento e seu processamento real, como para interpretar os resultados dos ensaios de controle durante a ocorrência do fenômeno, intervindo onde necessário.
4.6.4 - Coeficiente de adensamento:
Terzaghi mostrou que para o caso de escoamento linear, a hipótese de constância do coeficiente de adensamento dá ao cálculo precisão razoável, no que diz respeito ao adensamento bi ou tridimensional, considera que esta hipótese poderia ser a causa de erros com importância desconhecida.
A experiência referente a amostras indeformadas em compressão virgem, demonstrado, para o adensamento unidimensional, que as variações do coeficiente de adensamento com pressão, são relativamente pequenas, podendo ser desprezada sem que introduza grande imprecisão de cálculo. O que pode ser considerado verdade, pois quando se leva em consideração toda a imprecisão inerente ao processo, não só no que se refere às demais hipóteses admitidas, como à adoção de parâmetros obtidos em ensaios de laboratório como verdadeiros para o protótipo, e a própria escolha dos parâmetros mais representativos do solo em questão e outros fatores que serão citados a seguir, afetando de maneira mais intensa do que esta hipótese, e a diferença entre o comportamento previsto e o real em drenos verticais de areia.
4.6.5 - Influência de Compressão Secundária.
Terzaghi e Peck indicam ser essa a causa da maior discrepância entre a teoria e a realidade.
A compressão secundária, não estando diretamente relacionada com o excesso de pressão não é levada em conta na teoria de adensamento de Terzaghi e, também, do cálculo e adaptação do projeto de drenos verticais de areia. Entretanto, é justamente neste último caso que se sentem mais seus efeitos, uma vez que é nos solos em que são instalados, que a compressão secundária se apresenta em maiores valores. Além disso, sendo reduzido o tempo de processamento da compressão primária, pela instalação de drenos, a parte correspondente à compressão secundária, que não sofre influência destes passa a representar elevada proporção, de grande importância relativa, após a ocorrência de maior parte de compressão primária.
A compressão secundária, que é variação de volume do solo que continua, após o término da compressão, primária, é linearmente proporcional ao logaritmo do tempo, é ainda assunto muito discutido, envolvendo conceitos plásticos de tensões entre grãos de solo, tendo sido desenvolvidas algumas teorias para a interpretação do fenômeno. O assunto, entretanto, ainda não está perfeitamente estabelecido no consenso de todos os que o estudam. Como em diversos outros pontos, o problema está em estágio temporário de evolução, à espera de que novas teorias, acompanhadas de observações do fenômeno, tragam maior conhecimento.
4.6.6 - EFEITO DAS INSTALAÇÕES DE DRENOS:
A instalação de drenos introduz certo amolgamento no material de fundação, onde sua influência nas características de resistência e de compressibilidade do solo, é função do método construtivo dos drenos e da sensibilidade da argila. Estes efeitos são de fácil percepção, não apenas no solo ao lado dos drenos, mas, também, se observados à distância. 
Todo cuidado deve ser tomado com a condição de instalação do dreno, pois o solo pode ser afetado de maneira tal, que a resistência a ser obtida pelo adensamento, devido a instalação dos drenos, seja menor do que a perda de resistência do solo devido ao emprego errado da técnica, tendo por fim um resultado negativo no que se refere a resistência do solo. Ainda, o efeito do amolgamento pode se fazer sobre o coeficiente de adensamento do solo, sendo necessário avaliar cuidadosamente o efeito no cálculo e projeto dos drenos.
4.6.7 - SECCIONAMENTO DOS DRENOS:
Este é um dos problemas mais sérios que pode ocorrer na instalação dos drenos verticais de areia, inutilizando-os por completo, sendo em alguns casos não percebidos e levando alguns projetos ao fracasso. Essa situação pode ocorrer na colocação do material arenoso, ou no lançamento do aterro, e até mesmo no fim deste lançamento. A solução para este grave problema, é a utilização do método adequado de instalação do dreno, com o uso de tubos de revestimento a ser retirado após a colocação do material arenoso, e principalmente a análise cuidadosa da estabilidade do aterro, não só com relação a círculos de ruptura de superficiais, como com relação a círculos profundos. Desta forma, quando previsíveis pela análise, tais seccionamentos podem ser evitados, quer pelo emprego de bermas de equilíbrio, quer pela adoção de um ritmo mais lento de construção do aterro, quer ainda pela instalação de um sistema adicional de drenos.
4.6.8 - EFEITO DOS GASES CONTIDOS NO SOLO:
Embora as teorias de adensamento, tenham se baseado, admitindo que os vazios do solo estejam completamente cheios de água, muitos solos, na prática, quando são instalados drenos verticais de areia, contém gases, como observado nos casos de argilas orgânicas.
Terzaghi, estudando o efeito da presença de gases nos vazios da argila, concluiu que embora a porcentagem de adensamento inicial seja maior que para argilas saturadas, é pequeno esse efeito sobre a velocidade de adensamento. O problema ainda não foi suficientemente analisado para casos de drenos verticais de areia. 
4.6.9 - CONTROLE:
Durante e após a construção do aterro, sobre os drenos verticais de areia, existe a necessidade de acompanhar o adensamento do solo com o tempo, por meio de medições da pressão neutra, a partir da instalação e leitura de piezômetros, e analisando também os movimentos verticais da base do maciço.
Para projetos de grande importância, seja por custo ou segurança, é indispensável a instalação de piezômetros em várias posições, em planta e em perfil, com a finalidade de acompanhar a variação de pressões neutras e compará-las às previstas em fase de projeto. Tal precaução permite a adoção de medidas para a segurança e bom andamento da obra, tais como o ritmo lento de construção, o emprego de bermas de equilíbrio, ou de drenos de areia adicionais, o rebaixamento do nível d’água em alguns dos drenos, por meio de ponteiras, ou outro processo de aceleração da drenagem do solo.
4.6.10 - HETEROGENEIDADE DO SOLO:
Este fator deve ser considerado com muita importância, em projetos a ele relacionados, em planta e perfil, por se revelarem fonte de maiores discrepâncias entre o cálculo e a situação real. Sendo muito importante em drenos verticais de areia, em que se conta com uma melhoria de propriedades de resistência e de compressibilidade que só se pode avaliar com critério de médias gerais. Daí a necessidade de utilizar um processo estatístico na determinação das características do solo em que se baseia o cálculo, não só na locação dos furos de sondagem, como na escolha das amostras a serem analisadas, nas condições de ensaios, e ainda na interpretação destes. Objetivando levar em conta a grande heterogeneidade do solo, há necessidade de avaliar os casos em que tem significado tomar a média, e os que em que se deve admitir um valor mais conservativo, em que se tenha apenas entre 10% a 20%, probabilidade contra a segurança. A escolha dos parâmetros de cálculo depende dos critérios a serem utilizados pelo engenheiro, em função do caso em particular e de sua experiência na solução de casos similares.
5 - COMBINAÇÃO DE SOLUÇÕES TÍPICAS:
Na prática são usadas duas ou mais soluções típicas para resolver problemas de ruptura de base ou de recalques excessivos, dentro de condiçõeseconômicas razoáveis. Desta forma, sem empregar soluções cabais que excessivamente caras e também outras mais econômicas e pouco satisfatórias.
As combinações de soluções, são diversas, pois sempre poderá ser idealizado um processo novo para a solução de um problema. Abaixo serão citados casos os mais encontrados na prática, apenas para efeito de exemplo.
Drenos verticais de areia são empregados com sobrecarga, onde após alcançado o adensamento final previsto, entretanto esta solução fica restrita a solos com capacidade de carga suficiente para apoio do terreno acrescido da sobrecarga. 
Em determinados casos, foram feitas escavações parciais, para reduzir a espessura da camada de solo mole, combinadas com outro processo, tal como o emprego de bermas de equilíbrio, sendo estas, por vezes quando possível construídas apenas pelo lançamento do próprio material escavado, o que reduz o custo do processo.
È comum o emprego de faxinas na base de aterros, combinadas com a execução de bermas de equilíbrio. Pode-se ainda fazer a escavação de uns dois metros de material mole, apenas no local das bermas, e sua substituição por material de aterro, de maior densidade, e colocado até atingir a conta superior de projeto, dessa maneira o peso se contrapõe e equilibra o do aterro, sendo maior que o da simples berma, podendo reduzir a altura desta, e eventualmente a necessidade de uma segunda berma para equilíbrio da primeira, esta segunda, se necessária, poderá ainda ser construída com o próprio material mole escavado.
Também se pode tentar, de acordo com o mesmo princípio, construir a berma com material de maior densidade, caso existe disponível.
6 – ESTABILIDADE DOS ATERROS:
Devido à dificuldade da estimativa confiável das pressões neutras, que se desenvolvem no processo de ruptura, existe uma preferência em analisar a estabilidade dos aterros sobre argilas moles, por métodos que consideram as tensões totais envolvidas, além do fato de que o número de análises de rupturas em termos de tensões totais, é muito maior do que em tensões efetivas, o que resulta no aprimoramento do método além de proporcionar maior confiabilidade a quem o emprega.
Para a análise de estabilidade, dois aspectos devem ser considerados: os parâmetros representativos da resistência do solo e o método de análise das forças envolvidas, a estabilidade. Estes problemas são equacionados, para carregamentos na superfície, através de equações do tipo: q = Nc x Su , sendo q a tensão aplicada, que provoca a ruptura, Nc é um coeficiente que depende da geometria da área carregada e do método de cálculo, Su é a resistência não drenada do solo, único parâmetro envolvido.
6.1 – RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DAS ARGILAS MOLES:
Nos problemas simples de fundação em argilas, a coesão é de fácil obtenção. Podendo ser adotada como a metade da compressão simples, ou estimada através de correlações empíricas em função do SPT. Este procedimento é aceito pois, em argilas de consistência média, rijas e duras, a coesão varia pouco em relação a fatores referentes a amostragem e a procedimentos de ensaio. Outro fator é que para alguns projetos de fundações, se empregam coeficientes de segurança de ruptura de 3 “três” onde pequenas flutuações estariam cobertas por este coeficiente.
Em aterros sobre argilas moles, dificilmente os coeficientes de segurança ultrapassam 1,3 , sendo em geral, por questões de economia, sendo considerados inviáveis projetos com coeficientes superiores. Portanto qualquer oscilação nos valores de resistência, podem comprometer a estabilidade da obra. E em argilas moles, diversos fatores influem na resistência não drenada, estes acima de 30%.
Baseado no que está sendo apresentado, segue abaixo um breve resumo, sobre as características da resistência não-drenada das argilas moles.
6.1.1 – ANISOTROPIA DE RESISTÊNCIA:
 A resistência não drenada das argilas moles, depende do plano submetido ao cisalhamento, o que provoca a anisotropia não é apenas a disposição relativa das partículas sedimentadas, fatores estes comprovados através de ensaios executados, Oshima (1991), comprovando a anisotropia de resistência não drenada, associada a direção do plano de cisalhamento e do sentido das tensões cisalhantes, induzidas pelo carregamento. Para a análise das rupturas, ativas e passivas dos taludes, em centrifuga, foram utilizados valores obtidos de prensa de cisalhamento direto, desenvolvida por Mikasa (1993), onde a principal característica, consiste na eliminação do atrito entre os anéis este fato é reconhecido por estudiosos, onde se considera que ao longo da superfície de ruptura, ocorrem situações diferentes conforme figura A, tem-se realizado ensaios que representam estas três situações, indicado na figura B, onde se apresenta que a resistência a compressão triaxial é sempre superior à obtida em extensão triaxial, sendo a relação maior quanto maior a plasticidade do solo, podendo até atingir 2.
6.1.2 – A RESISTÊNCIA NÃO DRENADA COM O TEMPO;
Tanto os ensaios de laboratório, como ensaios de palheta em campo (vane test), mostram que a resistência depende da velocidade de aplicação das cargas. Em ensaios em argilas da baixada fluminence, Bjerrum (1972), mostra que a resistência varia de 10% a 15% por ciclo de variação do tempo de carregamento, quando a solicitação é feita em um tempo dez vezes mais longo, a resistência é 10% a 15% menor.
Este fenômeno é explicado por Bjerrum (1972), com base na não permanência definitiva, de ligações argila-argila nas forças transmitidas entre as partículas do solo, sendo este efeito maior, quanto mais argiloso o solo. Com base no que foi descrito, concluiríamos que quanto mais rápida a execução do aterro, o mesmo apresentaria uma capacidade de carga maior. Em princípio, sim , porém o mesmo não ocorreria com o tempo, vindo o mesmo a romper. Dois fatores passam a ocorrer, as ligações argila-argila passam a se desfazer lentamente. E a dissipação da pressão neutra diminui o índice de vazios, aumentando a resistência. Em longo prazo a estabilidade será aumentada, porém, em curto prazo, ela poderá estar sendo diminuída. Com base em retro-análises, Bjerrum (1972), sugere coeficientes para a correção de valores de ensaios de resistência determinados em ensaios de palheta de campo para que representem a resistência média que ocorria na ocasião da ruptura levando-se em conta o efeito do tempo e a anisotropia (Figura C).
6.1.3 – SOBRE ADENSAMENTO PROVOCADO POR ADENSAMENTO SECUNDÁRIO:
Em ensaios de adensamento se observa, nitidamente, o efeito do adensamento secundário, principalmente nas argilas moles, e para as tensões acima das tensões de cedência (pré-adensamento).
A figura D, ilustra como o efeito do adensamento secundário afeta a curva de um solo, apresentando uma tensão de pré-adensamento superior as tensões que o solo foi previamente adensado. Considerando que o adensamento secundário é mais visível quanto mais argiloso é solo. A razão de cedência (OCR), relação entre a tensão de pré-adensamento e a tensão efetiva vertical de campo (razão de sobre adensamento), para argilas normalmente adensadas por períodos de alguns milhares de anos, variam, segundo Bjerrum (1972), conforme a figura F. A alteração da terminologia, procura evitar distorções de conceitos que a anterior proporcionava. Sob o ponto de vista geológico, ainda existem argilas normalmente adensadas porém sob o ponto de vista das tensões efetivas envolvidas, Tal consideração é extremamente importante para a interpretação das correlações freqüentemente empregadas para estimar a resistência não drenada das argilas.
6.1.4 – MANUTÊNÇÃO DAS TENSÕES INTERNAS DAS AMOSTRAS:
Ensaios de compressão simples de argilas realizados em corpos de prova, por Bjerrum e Berre ( 1972), 
moldados imediatamente após a amostragem, apresentavam resistência superior a de corpos de prova moldados alguns dias após. Este fator se dá a não permanência de pressão neutra negativa nas amostras. A pressão neutranegativa, em amostras de boa qualidade, depois de algum tempo da coleta, não fica em níveis superiores a 40% dos valores, correspondentes ao alívio das tensões decorrentes da amostragem. 
A resistência cai para valores entre 60% e 70% da de campo, não sendo a queda da mesma intensidade da correspondente à pressão neutra por ficar a amostra sobre-adensada em relação a tensão efetiva atuante.
6.1.5 – RESISTÊNCIA NÃO DRENADA A PARTIR DE ENSAIOS DE CAMPO:
O ensaio de cisalhamento pela palheta (vane test), é quase o único no emprego para a determinação da resistência não drenada, apresentando boa reprodutibilidade, apesar de muito criticado. 
O exemplo deste, se mostra na figura 8, onde se demonstram os resultados de ensaios em três perfis verticais, com distância de 15 metros na estaca 56, da Rodovia dos Imigrantes, onde a resistência cresce conforme a profundidade prevista.
Figura 8
6.1.6 – Resistência não drenada a partir de ensaios de laboratório:
A dependência da resistência não drenada a permanência de tensão de sucção da amostra, acima comentada, é um argumento contundente contra a utilização de ensaios de compressão simples ou triaxial não drenado (UU) para estimar a coesão. Onde afirmam os especialistas, no Brasil e no mundo que a adoção destes resultados, são imprecisos e atentam contra a segurança.
Na figura 8 é possível ter a noção da dispersão dos resultados em comparação ao ensaio de palheta (vane test).
Se a opção for a realização de ensaios de laboratórios, eles devem ser de compressão triaxial , drenado (CU), com corpos de prova re-adensados a condição anisotrópica de campo e submetidos a compressão e extensão, representando a solicitação em dois planos de ruptura. Pode-se recomendar ainda a utilização de ensaio de cisalhamento simples, onde o mesmo consiste na baixa velocidade de carregamento nos ensaios, e a media dos três resultados seria a resistência de projeto.
6.1.6 – PROCEDIMENTOS BASEADOS EM CORRELAÇÕES:
Verifica-se que a relação entre a resistência não drenada e a tensão efetiva atuante no solo é uma constante, tanto para a condição de normalmente adensada como para qualquer razão de cedência (OCR) . A razão destes parâmetros é chamada de razão de resistência. 
Figura 9 e 10
Skempton (1957), verificou que a razão de resistência, determinada com ensaios de palheta de campo, era função da plasticidade do solo, originando a correlação citada na figura 9. Na correlação de Skempton, o denominador da razão é a tensão de cedência, (tensão vertical efetiva de campo em caso de adensamento secundário).
Bjerrum (1973), apresentou um estudo semelhante, diferenciando argilas recentes de argilas envelhecidas por efeito do adensamento secundário, conforme a figura 10, porém, neste caso, o denominador é a tensão vertical de campo. 
As correlações expressam resultados que se obtém em ensaios rápidos, sendo muito úteis para a sua avaliação e até para a estimativa das condições de pré-adensamento das argilas. Porém, por serem relacionados a ensaios rápidos, os mesmos não são indicados para projeto.
Ao desenvolver um projeto de aterro sobre solo mole, o projetista, utiliza mais de uma fonte de dados. Sendo neste sentido, as correlações sempre úteis, sendo, também, convenientes a projetos em etapas, permitindo ao projetista prever ganho de resistência nas diversas fases construtivas.
6.1.7 – A ANÁLISE DA ESTABILIDADE:
Analisando a equação : hc = 5,5 x Su / γn,
Onde: γn é o peso específico do aterro. hc é denominado “altura crítica”. Su é a resistência não drenada do solo e 5,5 um valor obtido para Nc, considerando o aterro como um carregamento uniforme sobre o solo, como a carga de uma sapata.
A altura crítica, a máxima altura de aterro que o terreno pode suportar, entretanto não é aplicada em depósitos onde a coesão é crescente com a profundidade, como o solo da Baixada Santista. Neste caso conforme Pinto (1962), a altura possível para um aterro depende do talude do aterro construído, pois quanto mais abatido o talude maior a profundidade de solicitação na argila e também maior a resistência mobilizada.
O problema se assemelha ao da estabilidade de taludes e a solução é dada pelo equilíbrio de forças da massa que se desloca. Como o método de Bishop simplificado, Jambu ou Spencer.
Existe um tema que está sujeito a questionamento, é a contribuição do corpo do aterro na estabilidade do mesmo. Se intacto, o aterro resiste; se trincado, não. Em geral se o aterro for constituído de material não coesivo, a trinca não se mantém, o terreno deve se refazer e então contribui para a sua resistência. No caso de aterros compactados com solos coesivos, as deformações do terreno a ser aterrado, provocam tensões de tração que reduzem a capacidade de resistência e levam a formação eventual de trincas.
7 – O RECALQUE DOS ATERROS:
A consideração aos recalques e sua evolução em função do tempo, após a construção do aterro, é muito preocupante, mesmo em aterros onde se julga garantido, seja por camada de areia superficial, ou pela construção de colchão de areia.
7.1- RECALQUES FINAIS:
A teoria utilizada, para o cálculo dos recalques através do adensamento,é considerada uma operação simples, porém a sua aplicação para o cálculo de recalques em solos moles, como os da baixada Santista, traz uma considerável dificuldade, devido ao fato destes depósitos, serem levemente sobre-adensados, devido as oscilações negativas do nível do mar, como demonstrado por Massad em 1985, ou ainda por efeito do adensamento secundário.
A figura 15 abaixo, mostra o resumo feito por Massad, onde ele demonstrou a importância da consideração do sobre-adensamento na estimativa dos recalques, analisando dados experimentais disponíveis, onde a deformação específica final (recalque final pela espessura da camada) é apresentada em função relação entre as tensões efetivas após e antes da construção do aterro e da razão de sobre-adensamento. 
Na previsão dos recalques, como na escolha da coesão na análise de estabilidade, o projetista deve se basear em análise a partir diversas frentes de abordagem. No caso dos recalques a heterogeneidade dos depósitos e a dificuldade de estimativa da tensão de pré-adensamento (dependente da qualidade da amostra e da técnica de ensaio), justifica o estudo da solução construtiva por diversos caminhos.
Figura 15
7.2- RECALQUES DOS ATERROS COM O TEMPO APÓS A CONSTRUÇÃO:
Milton Vargas, analisando dados de aterros experimentais feitos para a construção da Cosipa, concluiu que os recalques ocorrem em tempos muito menores do que os que seriam esperados a partir da teoria do adensamento, aplicando-se parâmetros de ensaios de laboratório sobre amostras indeformadas. Os resultados eram mais próximos as permeabilidades obtidas no campo, do que nos ensaios de laboratório. Estes dados permitiram a Vargas (1973), estimar para a construção da Rodovia dos Imigrantes (1º pista), onde o mesmo citou que grande parte dos recalques (70%) ocorreria durante o período de execução.
Em análise a dados da construção da Rodovia dos Imigrantes (1º pista), Pinto e Massad (1978), concluíram que os coeficientes de adensamento equivalentes dos solos orgânicos moles da baixada Santista, são de 30 a 100 vezes superiores ao modelo matemático da teoria do adensamento, onde a discrepância se deve a:
Hipótese de adensamento exclusivamente unidimensional ;
A existência de lentes de areia;
Ao efeito de adensamento secundário anterior, afetando o resultado dos ensaios;
Ao fato de se considerarem valores médios para as camadas de 20m de espessura.
Massad (1985), confirmou após outros estudos que o coeficiente de adensamento médio correspondente ao comportamento dos aterros é de 0,1 a 0,5 m²/dia, muito superiores aos 10-3 m²/dia obtidos em laboratório.
8 - CONCLUSÃO:
È importante evidenciar, que em qualquer que seja a solução e o caso em estudo, a atenção deve ser para a prevençãoe não a atuação, após fatos ocorridos, estes normalmente resultam no amolgamento da argila, diminuindo, conseqüentemente, sua resistência e alterando sem uniformidade suas características de adensamento e permeabilidade e acarretam no aumento do volume de terra a ser lançado, pois parte desse material se destinará a substituir o material deslocado e também pelo fato que qualquer processo corretivo é muito oneroso comparado a solução projetada. A estes fatos citados pode-se acrescentar ainda prejuízos com a paralisação dos trabalhos, rescisões de contratos e prorrogação do prazo de término da obra. 
“E importante frisar que em assunto tão complexo, e de solução tão onerosa, a verdadeira engenharia não se deverá jamais guiar por normas e regras, e sim procurar criar a solução mais adequada às variáveis específicas de cada problema particular” – Evelina Bloem Souto Silveira.
 
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