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APOSTILA 6 - EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS E DISPOSIÇÕES FINAIS

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EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
 
A lei penal se aplica a todos, nacionais ou estrangeiros, por igual, não 
existindo privilégios pessoais (artigo 5°, caput, e inciso I, da CF/88). 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos 
termos desta Constituição; 
Há, no entanto, pessoas que, em virtude de suas funções ou em razão 
de regras internacionais, gozam de imunidades. Trata-se de 
PRERROGATIVA FUNCIONAL (não é privilégio), uma proteção ao 
cargo ou função desempenhada. 
 
Em que pesem as discussões a respeito do tema, a imunidade penal 
não é vista como privilégio, mas um mecanismo jurídico para assegurar 
as garantias e os direitos fundamentais estipulados na Constituição 
Federal, bem como respeitar o exercício da soberania dos demais 
estados, em obediência a tratado ou convenção internacional. 
 
Vamos estudar as imunidades diplomáticas e parlamentares 
(absoluta e relativa), lembrando que a análise mais detalhada sobre as 
demais espécies de imunidades é feita pelo Direito Constitucional. 
 
IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS 
 
A imunidade diplomática é uma prerrogativa de direito público 
internacional de que desfrutam: 
 
a) os chefes de governo ou de Estado estrangeiro e sua família e 
membros da sua comitiva; 
b) embaixador e sua família; 
c) os funcionários do corpo diplomático e sua família; 
d) funcionários das organizações internacionais (ex: Organizações das 
Nações Unidas – ONU, Organização dos Estados Americanos – OEA, 
etc), quando em serviço. 
 
Em se tratando de direito penal, sabe-se que as embaixadas já foram 
consideradas território do país representado, porém, após 
a Convenção de Viena, a regra foi alterada, sendo que as embaixadas 
não são mais consideradas território do país representado, 
sendo que seus respectivos territórios são do próprio país onde se 
localizam (ou seja, no caso, Brasil). 
A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, assinada em 1961 
e incorporada ao direito brasileiro por meio do Decreto n° 56.435/65, 
regula a imunidade diplomática. No seu artigo 31, 1, de forma 
expressa, assegura ao agente diplomático o gozo de imunidade de 
jurisdição penal do Estado acreditado. Ou seja, os representantes 
diplomáticos não se sujeitam à jurisdição criminal do país onde estão 
acreditados porque suas condutas permanecem sob a eficácia da lei 
penal do Estado a que pertencem. 
Em síntese, o agente diplomático está sujeito à lei do país que 
ele representa. 
Caso venham a cometer crime no Brasil, haverá o fenômeno da 
INTRATERRITORIALIDADE, aplicando-se a lei penal estrangeira a 
fato cometido no território brasileiro. Por consequência, se no país de 
origem o fato não é crime, o agente não será responsabilizado. 
O agente diplomático, por disposição expressa, não poderá ser objeto 
de nenhuma forma de detenção ou prisão (artigo 29, Decreto n° 
56.435/65). Esta inviolabilidade de que é portador estende-se à sua 
residência particular, seus documentos, correspondências e bens 
(artigo 30, do mesmo decreto). 
A discutida imunidade estende-se aos funcionários do corpo 
diplomático, acontecendo o mesmo com os componentes da família do 
representante. 
Dessa forma, os lugares em que exercem os serviços da embaixada 
são invioláveis. Não no sentido da extraterritorialidade (não em razão 
da embaixada ser considerada território estrangeiro), mas em função 
da imunidade dos representantes. Assim, cometida uma infração 
nesses locais (embaixada) por pessoa que não goza da imunidade, o 
fato fica sujeito à jurisdição territorial. 
Não se deve confundir o agente diplomático com o agente consular. O 
Cônsul exerce apenas funções administrativas e não desfruta da 
mesma imunidade que o agente diplomático. A imunidade do cônsul é 
restrita aos atos de seu ofício, por isso chamada de imunidade 
funcional relativa. Tratando-se de crime comum, são punidos de acordo 
com a lei brasileira; já no caso de delito relacionado diretamente com 
a função consular (por exemplo, fraude na concessão de passaportes), 
incide a imunidade e o cônsul fica sujeito à lei do país de origem. 
A imunidade dos agentes diplomáticos é IRRENUNCIÁVEL (não pode 
abrir mão), pois é conferida em razão do cargo e não da pessoa. 
Contudo, pode haver a renúncia, desde que EXPRESSA, por parte do 
Estado de origem do agente diplomático (denominado Estado 
Acreditante), nos termos do artigo 32, 1 e 2, do Decreto n° 56.435/65. 
 
IMUNIDADES PARLAMENTARES 
As imunidades parlamentares encontram previsão na Constituição 
Federal e tem como finalidade conferir aos parlamentares ampla 
liberdade de palavra no exercício de suas funções. Desse modo, 
impede-se que os referidos parlamentares venham a responder por 
eventuais abusos no uso da manifestação do pensamento. 
As imunidades parlamentares classificam-se em absolutas e 
relativas. 
IMUNIDADE PARLAMENTAR ABSOLUTA (freedom of speech) 
Também chamada de imunidade substancial, material, real, 
inviolabilidade ou indenidade, a imunidade parlamentar absoluta 
está previsto no artigo 53, caput, da CF/88, nos seguintes termos: 
CF, Art. 53. “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e 
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”. 
Quais os limites da imunidade parlamentar material? 
Deve haver vínculo (conexão) entre as palavras e/ou opiniões do 
parlamentar e o exercício da sua função. 
Entende a doutrina (seguida pela jurisprudência) que, estando o 
parlamentar nas dependências do parlamento, presume-se (de modo 
absoluto) o nexo. Esse elo, porém, não será presumido nos casos em 
que o parlamentar se encontrar fora das dependências da casa 
legislativa respectiva, demandando prova de que as manifestações são 
ligadas ao exercício do mandato. 
Na hipótese de utilização de meios eletrônicos (Whatsapp, Facebook, 
Twitter, Instagram, e-mails, etc) para divulgar mensagens ofensivas à 
honra de alguém, deve haver vinculação com o exercício parlamentar 
para que seja afastada a responsabilidade, ainda que a mensagem 
tenha sido gerada dentro do gabinete. 
A imunidade absoluta não se estende ao corréu que pratique o 
crime em concurso de agentes com parlamentar que não tenha a 
prerrogativa do cargo, porquanto, circunstância pessoal incomunicável 
(artigo 30 do CP - “Não se comunicam as circunstâncias e as 
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do 
crime”). 
Esse é o entendimento manifestado pelo STF, nos termos da súmula 
245: “A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa 
prerrogativa”. 
Sendo inerente ao mandato, a imunidade parlamentar absoluta é 
irrenunciável, não se podendo instaurar inquérito policial ou ação 
penal, mesmo que o parlamentar autorize. Trata-se de instituto que 
visa preservar o regime representativo, possibilitando a atuação livre 
e independente do Parlamento, e não a pessoa do Parlamentar. 
IMUNIDADE PARLAMENTAR RELATIVA 
A imunidade parlamentar relativa, também conhecida como imunidade 
formal, processual ou adjetiva, encontra previsão no artigo 53, §1° ao 
§8°, da CF/88: 
Artigo 53 (...) 
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, 
serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal 
Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso 
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime 
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e 
quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus 
membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 35, de 2001) 
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime 
ocorrido após a diplomação, o Supremo TribunalFederal dará ciência 
à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela 
representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a 
decisão final, sustar o andamento da ação. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo 
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa 
Diretora. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o 
mandato. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a 
testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em 
razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes 
confiaram ou deles receberam informações. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, 
embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de 
prévia licença da Casa respectiva. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 35, de 2001) 
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão 
durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o 
voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos 
praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam 
incompatíveis com a execução da medida. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 35, de 2001) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
 
IMUNIDADE PARLAMENTAR RELATIVA - 1) Prerrogativa 
relativa ao foro 
Artigo 53 (...)§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do 
diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo 
Tribunal Federal. 
 
O foro especial se estende da diplomação (e não da posse) até o fim 
do mandato. 
=> A prerrogativa de foro se limita aos crimes cometidos no 
exercício do cargo e em razão dele; 
=> A jurisdição do STF se perpetua caso tenha havido o 
encerramento da instrução processual (intimação das partes 
para as manifestações finais – artigo 11 da Lei n° 8.038/90) 
antes da extinção do mandato. Isso serve para que sejam 
preservadas a efetividade e a racionalidade da prestação jurisdicional 
e evita manobras processuais, como já ocorreu, de um parlamentar 
que estava prestes a ser julgado renunciou o mandato para que o 
processo fosse encaminhado para a primeira instância e com isso o 
processo demorasse muito mais. 
IMUNIDADE PARLAMENTAR RELATIVA – 2) Relativa à prisão 
CF, Artigo 53 (...) § 2º Desde a expedição do diploma, os membros 
do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em 
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos 
dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto 
da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 35, de 2001) 
 
Consiste na impossibilidade do parlamentar ser preso, salvo em 
flagrante delito e por crime inafiançável (racismo, tráfico de drogas, 
crimes hediondos), ou quando definitivamente condenado. Em resumo, 
o parlamentar não poderá ser preso, mesmo que em flagrante delito, 
por crime afiançável. 
A imunidade atinge somente os crimes cometidos após a diplomação 
(ato que o investe no cargo parlamentar). 
Cabe prisão civil contra o Congressista devedor de alimentos? 
A questão gera grande controvérsia na doutrina. Uadi Bulos ensina ser 
cabível a prisão civil do congressista quando devedor de alimentos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc35.htm#art1
Gilmar Mendes leciona que a imunidade abarca qualquer ato de 
privação da liberdade, o que impede também as prisões civis. 
Rogério Sanches Cunha diverge dos dois dizendo que se deve 
diferenciar os alimentos provisórios dos definitivos. Nos casos de 
alimentos provisórios, não seria possível a prisão, assim como não é 
possível a prisão provisória (antes de condenação transitada em 
julgado). No que tange aos alimentos definitivos, admitem a coação da 
prisão civil. Nada justifica a preponderância da liberdade do exercício 
da função quando comparada com a comprovada necessidade do 
alimentando. 
IMUNIDADE PARLAMENTAR RELATIVA – 3) RELATIVA AO 
PROCESSO 
Caso o parlamentar venha a ser preso em flagrante por crime 
inafiançável, deverá a Casa respectiva ser informada em 24 horas para 
deliberar sobre a manutenção desta ou pelo relaxamento do flagrante. 
Independentemente da decisão tomada pela Casa, poderá o 
Procurador Geral da Republica oferecer denúncia contra o parlamentar, 
não havendo mais necessidade de autorização da casa legislativa, 
como era antes da EC nº 32/01. 
Oferecida a denúncia contra o parlamentar, preso ou não, o Supremo 
Tribunal Federal receberá a denúncia e oficiará a casa respectiva para, 
por voto da maioria absoluta (metade mais um dos membros que 
compõem a casa legislativa) e no prazo improrrogável de 45 dias, após 
requerimento de partido político do parlamentar denunciado, ou outro 
com representação na casa, sustar a presente ação até o término do 
mandato. Durante o mandato, a prescrição penal também 
permanecerá suspensa. 
IMUNIDADE PARLAMENTAR RELATIVA – 4) RELATIVA À 
CONDIÇÃO DE TESTEMUNHA 
A Constituição Federal continua a reconhecer também a imunidade 
para servir de testemunha. 
Dispõe o Parágrafo 6º do artigo 53, que os deputados e senadores não 
serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou 
prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas 
que lhes confiaram ou deles receberam informações. 
Embora a testemunha tenha o dever de comparecer quando intimada 
pelo juízo para prestar depoimento, o artigo 221 do Código de Processo 
Penal estabelece que os deputados e senadores terão a prerrogativa 
de ajustar dia, horário e local com essa finalidade. A prerrogativa 
processual penal é exclusiva para parlamentar enquanto ostentar a 
condição de testemunha, NÃO se aplicando ao parlamentar investigado 
ou acusado. 
Quanto ao mais, porém, os congressistas deverão prestar 
depoimentos. 
IMUNIDADES PARLAMENTARES E ESTADO DE SÍTIO 
As imunidades absolutas e relativas dos deputados e senadores 
subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas 
mediante o voto de dois terços dos membros da Câmara respectiva, 
nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso, e que sejam 
incompatíveis com a execução da medida. Nas demais hipóteses, ou 
seja, qualquer crime praticado no recinto do Congresso ou que não 
sejam incompatíveis com o estado de sítio praticados fora dele, são 
asseguradas imunidades parlamentares (artigo 53, par. 8º). 
 
IMUNIDADES DO PARLAMENTAR LICENCIADO 
Caso o parlamentar se licencie do cargo para o qual foi eleito com o 
objetivo de exercer outro, NÃO manterá sua imunidade, que não é 
pessoal, mas da função, cessando igualmente a prerrogativa de foro, 
a não ser que o cargo assumido também confira a prerrogativa, como 
no caso de ministros deEstado. 
IMUNIDADES DOS DEPUTADOS ESTADUAIS 
Não obstante as regras das imunidades sejam previstas para todos os 
deputados federais e senadores, a própria CF estendeu o rol aos 
deputados estaduais, com fulcro no princípio da simetria (artigo 27, 
Parágrafo 1º, CF). 
CF, Art. 27 (...) 
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, 
aplicando-se-lhes as regras desta Constituição sobre sistema 
eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de 
mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas. 
 
PARLAMENTARES FEDERAIS PARLAMENTARES ESTADUAIS 
Imunidade absoluta nas opiniões, 
palavras e votos. 
Imunidade absoluta nas opiniões, 
palavras e votos. 
Imunidade relativa: 
a) Foro (STF); 
b) Prisão; 
Imunidade relativa: 
a) Foro (TJ/TRF/TRE); 
b) Prisão; 
c) Processo; 
d) Condição de testemunha. 
c) Processo; 
d) Condição de testemunha. 
 
IMUNIDADES DOS VEREADORES 
Os vereadores, por força do artigo 29, VIII, do CF/88, desfrutam 
somente de imunidade absoluta, desde que suas opiniões, palavras e 
votos sejam proferidos no exercício do mandato (nexo material) E na 
circunscrição do Município (critério funcional). 
CF, Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois 
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois 
terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, 
atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na 
Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: 
(...) 
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e 
votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município. 
 
IMUNIDADES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois 
terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento 
perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou 
perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. 
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: 
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-
crime pelo Supremo Tribunal Federal; 
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo 
pelo Senado Federal. 
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não 
estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo 
do regular prosseguimento do processo. 
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações 
comuns, o Presidente da República não estará sujeito à prisão. 
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode 
ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. 
 
O Presidente da Republica goza de imunidades formais em relação à 
prisão e à ação penal durante o exercício do mandato presidencial. Isto 
significa que, com relação à prisão, somente poderá ser preso 
sobrevindo sentença penal condenatória. 
O §3º, do artigo 86, veda a aplicação de qualquer modalidade de prisão 
provisória ao Presidente da República, mesmo em flagrante delito por 
crime inafiançável. 
No tocante à ação penal, o presidente somente poderá ser processado 
após autorização – juízo de admissibilidade – da Câmara dos 
Deputados por 2/3 dos votos de seus membros (2/3 de 513 
deputados). 
 
Tratando-se de crime comum, o Procurador Geral da República – chefe 
do Ministério Publico da União – oferecerá denúncia ao Supremo 
Tribunal Federal que oficiará a Câmara para autorizar a ação penal. 
Autorizada a ação e recebida a denúncia, o Presidente ficará afastado 
de suas funções pelo prazo máximo de 180 dias. 
 
No entanto, em se tratando de crime de responsabilidade, previstos na 
Lei 1.079/50, a denúncia será oferecida por qualquer cidadão à Câmara 
dos Deputados que autorizará o processo perante o Senado Federal. 
Admitida a ação pela Câmara, o Senado é obrigado a processar o 
Presidente. É o denominado processo de impeachment. 
Por fim, a Constituição Federal ainda prevê o princípio da 
irresponsabilidade penal do Presidente da República enquanto estiver 
exercendo mandato presidencial (portanto, a imunidade é temporária) 
às: 
 
a) infrações penais cometidas do início do exercício do mandato; 
b) infrações penais cometidas durante o exercício do mandato, mas 
que não guardam correlação com suas funções. 
 
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS 
 
1) EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA 
 
Na conformidade da lei brasileira (artigo 935 do Código Civil e artigos 
63 e 64 do Código de Processo penal), uma vez existente sentença 
condenatória na esfera criminal, pode ser o autor do crime 
responsabilizado civilmente, sem possibilidade de discussão do mérito. 
Atualmente, com a reforma processual penal de 2008, o valor mínimo 
indenizatório pode, inclusive, ser fixado pelo juízo criminal, por ocasião 
da sentença, nos termos do artigo 387 do CPP. 
 
 Código Civil, Art. 935. “A responsabilidade civil é independente da 
criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, 
ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem 
decididas no juízo criminal”. 
 
Código de Processo Penal, Art. 63. “Transitada em julgado a 
sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo 
cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu 
representante legal ou seus herdeiros. 
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a 
execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso 
IV do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para 
a apuração do dano efetivamente sofrido”. (Incluído pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
 
 Código de Processo Penal, Art. 64. “Sem prejuízo do disposto no 
artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta 
no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o 
responsável civil. (Vide Lei nº 5.970, de 1973) 
Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá 
suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela”. 
 
Código de Processo Penal, Art. 387. “O juiz, ao proferir sentença 
condenatória: 
(...) 
IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela 
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido”; (Redação 
dada pela Lei nº 11.719, de 2008) 
 
Pode ocorrer, contudo, que a sentença criminal seja proveniente de 
órgão jurisdicional estrangeiro e, neste caso, deverá ser homologada 
no Brasil, exigindo-se, para tanto, que esteja provado o seu trânsito 
em julgado (súmula 420 do STF – “Não se homologa sentença proferida 
no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado”). 
 
A homologação de sentença estrangeira, para produzir efeitos no 
Brasil, compete ao SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ, conforme 
prevê o artigo 105, I, “i”, da CF/88: 
 
CF, Art. 105. “Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
I - processar e julgar, originariamente: 
(...) 
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de 
exequatur às cartas rogatórias”; 
 
A decisão da homologação da sentença estrangeira não atinge o seu 
mérito (o seu conteúdo), vez que o STJ somente realiza um exame 
formal acerca do preenchimento dos requisitos elencados nos incisos 
do artigo 788 do Código de Processo Penal. 
 
CPP, Art. 788. “A sentença penal estrangeira será homologada, 
quando a aplicação da lei brasileira produzir na espécie as mesmas 
consequências e concorrem os seguintes requisitos: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/Ret/RetDel3689-41.doc#art387iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1930-1949/Ret/RetDel3689-41.doc#art387iv
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1970-1979/L5970.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11719.htm#art1
I - estar revestida das formalidades externas necessárias, segundoa 
legislação do país de origem; 
II - haver sido proferida por juiz competente, mediante citação regular, 
segundo a mesma legislação; 
III - ter passado em julgado; 
IV - estar devidamente autenticada por cônsul brasileiro; 
V - estar acompanhada de tradução, feita por tradutor público”. 
 
Reza o artigo 9° do Código Penal: 
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira 
produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no 
Brasil para: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros 
efeitos civis; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Parágrafo único - A homologação depende: (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte 
interessada; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com 
o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de 
tratado, de requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
Observação: Uma sentença penal estrangeira gera reincidência (art. 
63 do CP). Para gerar este efeito, não é necessária a sua homologação; 
exige-se, contudo, prova idônea (documento oficial traduzido por 
tradutor juramentado). 
 
2 – CONTAGEM DO PRAZO 
 
 
Em matéria penal, devem ser diferenciados os prazos processuais e os 
prazos penais. 
 
Os PRAZOS PROCESSUAIS seguirão a regra do art. 798, §1°, do 
CPP, não se computando o dia do começo, mas incluindo-se o do 
vencimento. O prazo que terminar em domingo ou feriado considerar-
se-á prorrogado até o imediato dia útil (artigo 798, §3°, do CPP) e 
a intimação na sexta-feira conduz o início do prazo processual na 
segunda-feira seguinte – ou primeiro dia útil que se seguir (súmula 
310 do STF). 
 
CPP, “Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão 
contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo 
ou dia feriado. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art9
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§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, 
o do vencimento. 
(...) 
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á 
prorrogado até o dia útil imediato”. 
 
“Súmula 310, STF - Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou 
a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial 
terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, 
caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir”. 
 
Os PRAZOS PENAIS são computados na forma do artigo 10 do Código 
Penal. 
 
Há a inclusão do dia inicial e exclusão do dia final. 
 
São improrrogáveis. Mas podem ser suspensos ou interrompidos, como 
por exemplo, nos casos de prescrição (artigo 116 e 117 do Código 
Penal). 
 
A contagem do artigo 10 do CP aplica-se a todos os prazos da lei 
material, tais como o de duração das penas, do sursis, do livramento 
condicional, da prescrição, da decadência, etc. 
 
Além disso, a contagem deve levar em conta o calendário comum (mês 
de 30 dias e ano de 365 dias). 
 
“CP, Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-
se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum”. 
 
Contagem de mês e ano: são contados como períodos que 
compreendem um número determinado de dias, pouco importando 
quantos sejam os dias de cada mês. Exemplo: 6 meses a partir de 
abril; terminará o prazo em setembro, não importando se o mês tem 
30 ou 31 dias. 
 
Os anos são contados da mesma forma, sendo irrelevantes se bissextos 
ou com 365 dias. Exemplo: Cinco anos a partir de janeiro de 1994 será 
cumprido em janeiro de 1999. 
 
Questão: o agente começa a cumprir pena às 19h27min do dia 
5 de agosto de 2003. Foi condenado a 6 anos, 9 meses e 23 dias 
para cumprir. Calcular a data do término. 
 
Resposta: Dividir em três colunas dia, mês e ano. Em seguida, 
adicionar o quantum a ser cumprido. 
 5 DE AGOSTO DE 2003 
DIA MÊS ANO 
5 8 2003 
 
1ª etapa: somam-se os anos => 2003 + 6 anos = 2009 
 
DIA MÊS ANO 
5 8 2003 
+ 
6 ANOS 
= 
2009 
 
FINAL DA 1ª etapa 
DIA MÊS ANO 
5 8 2009 
 
2ª etapa: depois de somar o número de anos, somam-se os meses. 
 
DIA MÊS ANO 
5 8 (AGOSTO DE 
2009) 
+ 
9 MESES= 
MAIO DE 2010 
2009 
 
FINAL DA 2ª etapa 
DIA MÊS ANO 
5 5 2010 
3ª etapa: somar os dias 
DIA MÊS ANO 
5 
+ 
23 
= 
28 
5 2010 
 
FINAL DA 3ª etapa 
DIA MÊS ANO 
28 5 2010 
 
Dessa forma, a pena de 6 anos, 9 meses e 23 dias, cujo cumprimento 
começou em 5 de agosto de 2003, pela soma deve terminar em 28 de 
maio de 2010. 
 
NÃO ESQUEÇA, PORÉM, QUE DEPOIS DA OPERAÇÃO DEVE-SE 
DIMINUIR SEMPRE UM DIA, JÁ QUE, PELA REGRA, O DIA DO 
COMEÇO DEVE SER COMPUTADO. 
 
A pena, assim, estará cumprida em 27/05/2010. 
 
 
3 - FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA 
 
CP, “Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas 
restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações 
de cruzeiro”. 
 
Nas penas privativas de liberdade, desprezam-se as horas (fração de 
dia); nas penas de multa, desprezam-se os centavos. 
 
 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
Às vezes, duas ou mais normas parecem regular o mesmo fato. 
A primeira tarefa é verificar se há hipótese de conflito 
intertemporal de normas, pois se existir este conflito em virtude da 
sucessão de normas no tempo, não há se falar em conflito aparente de 
normas. 
 
Conflito aparente de normas Sucessão de Lei penal no 
tempo 
Lei vigente x Lei vigente Lei revogada x Lei vigente 
 
Afastada a hipótese do conflito intertemporal, poderemos estar 
diante de um “conflito aparente de normas”. Diz-se aparente, porque 
não é verdadeiro. 
 
CONCEITO: é o conflito que se estabelece entre duas ou mais normas 
aparentemente aplicáveis ao mesmo fato. Há conflito porque mais de 
uma norma pretende regular o fato, mas é aparente, porque, com 
efeito, apenas uma delas acaba sendo aplicada à hipótese. 
 
ELEMENTOS: Para que se configure o conflito aparente de normas é 
necessária a presença de certos elementos: 
 
1) Unidade do fato (há somente uma infração penal); 
2) Pluralidade de normas (duas ou mais normas pretendendo 
regulá-lo); 
3) Aparente aplicação de todas as normas à espécie (a incidência 
de todas é apenas aparente); 
4) Efetiva aplicação de apenas uma delas (somente uma é aplicável, 
razão pela qual o conflito é aparente). 
 
Verificados os pressupostos, impõe-se a solução do conflito (aparente) 
para: 
a) assegurar a harmonia e coerência do sistema penal e, ao mesmo 
tempo; 
b) evitar a possibilidade do BIS IN IDEM, que poderia ocorrer caso duas 
normas (aparentemente aplicáveis) incidissem sobre o mesmo fato. 
 
SOLUÇÃO DO CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 
O conflito que se estabelece entre as normas é apenas 
aparente, porque, na realidade, somente uma delas acaba 
regulamentando o fato, ficando afastadas as demais. 
A solução dá-se pela aplicação de alguns princípios, os quais, 
ao mesmo tempo em que afastam as normas não incidentes, apontam 
aquela que realmente regulamenta o caso concreto. 
Esses princípios são chamados de “princípios que solucionam 
o conflito aparente de normas”. 
 
São TRÊS os princípios: 
 
a) ESPECIALIDADE; 
b) SUBSIDIARIEDADE; 
c) CONSUNÇÃO. 1) PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE – “LEX SPECIALIS 
DEROGAT LEGI GENERALI” 
 
O princípio da especialidade está previsto no artigo 12 do Código Penal. 
 
CP, “Artigo 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos 
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso”. 
 
Consiste na derrogação da NORMA GERAL pela NORMA 
ESPECIAL. A norma é especial quando acrescenta na norma geral um 
ou vários requisitos especializantes, que trazem um minus ou um plus 
de severidade. 
É como se tivéssemos duas caixas iguais, em que uma se 
diferenciasse da outra em razão de um laço, uma fita ou qualquer outro 
detalhe que a torne especial. Entre uma e outra, o fato se enquadra 
naquela que tem algo a mais. 
 
Ex.: O infanticídio (art.123), acrescenta ao Homicídio (art.121) vários 
requisitos especializantes: a vítima não pode ser qualquer “alguém”, 
mas o próprio filho da autora + o momento do crime deve ser durante 
o parto ou logo após + a autora deve estar sob influência do estado 
puerperal. 
 
Ex: O tráfico internacional de drogas (artigo 33 da Lei n° 11.343/06) 
se distingue do contrabando (artigo 334-A do Código Penal) porque se 
refere, especificamente, a um determinado tipo de mercadoria 
proibida, qual seja, a substância entorpecente. 
 
Em suma, tem-se um único fato, o qual na dúvida entre a norma 
genérica e uma com elementos especiais, opta-se pela ESPECIAL. 
 
CONSEQUÊNCIA: A LEI ESPECIAL PREVALECE SOBRE A GERAL, A 
QUAL DEIXA DE INCIDIR NAQUELA HIPÓTESE. 
 
Para se saber qual norma é geral e qual é especial, não é preciso 
analisar o fato concreto praticado, sendo suficiente que se comparem 
abstratamente as descrições contidas nos tipos penais. Da mera leitura 
das definições típicas já se sabe qual norma é especial. A norma 
especial não é necessariamente mais grave ou mais ampla que a geral, 
ela é apenas... ESPECIAL. 
 
EXEMPLO: A norma do art. 123 do Código Penal (Infanticídio) prevalece 
sobre a do art. 121 (Homicídio), porque possui, além dos elementos 
genéricos deste último, os seguintes especializantes: “próprio filho”, 
“durante o parto ou logo após” e “sob a influência do estado puerperal”. 
O infanticídio não é mais completo nem mais grave, ao contrário, é 
bem mais brando do que o homicídio. É, no entanto, especial em 
relação àquele. 
 
Na conduta de importar cocaína, aparentemente duas normas se 
aplicam: a do art. 334-A do Código Penal (contrabando – importar 
mercadoria proibida) e a do art. 33, caput, da Lei n. 11.343/2006 
(importar drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização legal ou 
em desacordo com determinação legal ou regulamentar). O tipo 
incriminador previsto na Lei de Drogas, embora bem mais grave, é 
especial em relação ao contrabando. Assim, a importação de qualquer 
mercadoria proibida configura o delito de contrabando, mas, se tal 
mercadoria for substância considerada como DROGA, esse elemento é 
especializante e afastará a incidência do art. 334-A do CP, incidindo o 
crime de tráfico de drogas (artigo 33 da Lei n° 11.343/06). 
 
 O tipo fundamental é excluído pelo qualificado ou privilegiado, 
também por força do princípio da especialidade, já que os tipos 
derivados possuem todos os elementos do básico, mais os 
especializantes. 
 
Assim, o furto privilegiado e o qualificado prevalecem sobre o simples. 
 
2º) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE – “LEX PRIMARIA 
DEROGAT LEGI SUBSIDIARIAE”: Subsidiária é aquela que descreve 
um grau menor de violação de um mesmo bem jurídico, isto é, um fato 
menos amplo e menos grave, o qual, embora definido como infração 
penal autônoma, encontra-se também compreendido em outro tipo 
como fase normal de execução do crime mais grave. 
 
Dessa forma, se for cometido o fato mais amplo, duas normas 
aparentemente incidirão: aquela que define esse fato e a outra que 
descreve apenas uma parte ou fase dele. 
 
A norma que descreve o “todo”, isto é, o fato mais abrangente, é 
conhecida como primária e, por força do princípio da subsidiariedade, 
absorverá a menos ampla, que é a norma subsidiária, justamente 
porque esta última cabe dentro dela. 
 
A norma primária não é especial, é mais ampla. 
 
Ex: O crime de ameaça (art. 147 do CP) cabe dentro do de 
constrangimento ilegal mediante ameaça (art. 146 do CP), o qual, por 
sua vez, cabe dentro da extorsão (CP, 158). 
 
O Crime de seqüestro (art. 148, CP) cabe dentro do de extorsão 
mediante seqüestro (CP, art. 159). 
 
O disparo de arma de fogo (Lei n. 10.826/03, art. 15) cabe no de 
homicídio cometido mediante disparo de arma de fogo (art. 121 do 
CP). 
 
Nos casos, há um único fato, o qual por ser maior do que a norma 
subsidiária, só se pode encaixar na primária. 
 
CONSEQUÊNCIA: a norma primária prevalece sobre a subsidiária, que 
passa a funcionar como um soldado de reserva (expressão de Nelson 
Hungria). Tenta-se aplicar a norma primária, e somente quando isso 
não se ajustar ao fato concreto, recorre-se subsidiariamente à norma 
menos ampla. 
 
É necessário verificar qual crime foi praticado e qual foi a intenção do 
agente, para só então saber qual norma incidirá. 
 
Não há elementos especializantes, mas descrição típica de fato mais 
abrangente e mais grave. Uma norma é mais ampla que outra, mas 
não necessariamente especial. É como se tivéssemos duas caixas de 
tamanhos diferentes, uma (a subsidiária) cabendo dentro da outra 
(primária). 
 
Ex: o agente efetua disparos de arma de fogo sem, no entanto, atingir 
a vítima. Aparentemente três normas são aplicáveis: o art. 132 do CP 
(periclitação da vida ou saúde de outrem); o art. 15 da Lei n. 
10.826/2003 (disparo de arma de fogo); e o art. 121 c/c o art. 14, II, 
do CP (tentativa de homicídio). O tipo definidor da tentativa de 
homicídio descreve um fato mais amplo e grave, dentro do qual cabem 
os dois primeiros. Assim, se ficar comprovada a intenção de matar, 
aplica-se a norma primária, qual seja, a da tentativa de homicídio. 
 
A subsidiariedade pode ser: 
a) expressa ou explícita 
b) tácita ou implícita 
 
EXPRESSA OU EXPLÍCITA: A própria norma reconhece 
expressamente seu caráter subsidiário, admitindo incidir somente se 
não ficar caracterizado fato de maior gravidade. 
 
Exemplos: o tipo penal previsto no art. 132 do CP estabelece sua 
incidência “se o fato não constitui crime mais grave”; o art. 21 da Lei 
de Contravenções Penais prevê as vias de fato, reconhece: “... se o 
fato não constitui crime”. 
 
TÁCITA OU IMPLÍCITA: a norma não diz nada, mas, diante do caso 
concreto, verifica-se sua subsidiariedade. 
Exemplo: mediante emprego de violência, a vítima é constrangida a 
entregar a sua carteira ao autor. Incidem aparentemente o tipo 
definidor do roubo (norma primária) e o do constrangimento ilegal 
(norma subsidiária). Da mera comparação entre os tipos, sem que a 
lei nada diga, resulta, porém, a prevalência do art. 157 sobre o art. 
146. 
 
ESPECIALIDADE X SUBSIDIARIEDADE 
 
Na especialidade, é como se tivéssemos duas caixas, cuja diferença 
seria algum detalhe existente em uma e não constante na outra, tal 
como um laço vermelho ou um papel de embrulho; na subsidiariedade 
há duas caixas idênticas, só que uma, menor, cabe na outra. 
 
3) PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO – “LEX CONSUMENS DEROGAT 
LEGI CONSUMPTAE”: Quando uma conduta definida por uma norma 
incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou 
execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior 
ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática 
atinente àquele crime. 
 
Ex.: A lesões corporais são consumidas pelo homicídio, se aquelas 
constituírem fase de realização deste. 
 
O crime consumado consome ou absorve o crime tentado. 
 
O dano absorve o perigo. 
 
O furto consome a violação de domicílio, etc. 
 
Na subsidiariedade, em função do fato concreto praticado, 
comparam-se as normas para se saber qual é a aplicável. 
 
Na consunção, sem recorrer às normas, comparam-se os fatos, 
verificando-seque o mais grave absorve os demais. 
 
A comparação é estabelecida entre os fatos, não entre as normas, de 
forma que o mais completo (o todo) prevalece sobre a parte. 
 
Não há um fato único buscando se enquadrar numa ou noutra norma, 
mas uma seqüência de situações diferentes no tempo e no espaço, 
uma sucessão de fatos, na qual o fato mais grave absorve o menor. 
 
O PEIXÃO ENGOLE O PEIXE, QUE ENGOLE O PEIXINHO, QUE ENGOLE 
O ALEVINO. 
 
Dessa forma, como todos vão parar na barriga do Peixão, só ele e a 
sua norma restarão. Não é a norma que absorve a outra, mas o fato 
que consome os demais, restando com que reste apenas uma norma. 
 
Por exemplo, um sujeito dirige perigosamente (direção perigosa) até 
provocar, dentro do mesmo contexto fático, um acidente fatal 
(homicídio culposo no trânsito). Neste caso, o Peixe (direção perigosa) 
é absorvido pelo Peixão (homicídio culposo na direção do veículo 
automotor). 
 
Hipóteses em que se verifica a consunção 
 
1º) Crime progressivo; 
 
2º)Crime complexo; 
 
3º) Progressão criminosa (progressão criminosa em sentido 
estrito, fato anterior (“ante factum”) não punível e Fato 
posterior (“post factum”) não punível. 
 
Crime progressivo 
 
Existe um elemento subjetivo e uma pluralidade de fatos, ou seja, o 
crime é composto de vários atos, mas existe sempre a mesma 
vontade desde o início (ex.: um sujeito tem o dolo (intenção) de 
matar a vítima; para isso utiliza-se de um instrumento qualquer que 
vai causando lesões, desde as leves até as gravíssimas, até chegar à 
consumação do crime. Neste caso, o homicídio absorve as lesões, 
mesmo porque o dolo era de matar a vítima). 
 
Como se nota, há uma única ação, isto é, um único crime (um 
homicídio), comandado por uma única vontade (a de matar), mas 
constituído por vários atos, progressivamente mais graves. Aplica-se o 
princípio da consunção e o agente responde somente pelo crime mais 
grave (homicídio). 
 
São quatro os elementos do crime progressivo: 
a) unidade de elemento subjetivo (desde o início, há uma única 
vontade); 
b) unidade de fato (há um só crime, comandado por uma única 
vontade); 
c) pluralidade de atos (se houvesse um único ato, não haveria 
falar em absorção); 
d) progressividade na lesão ao bem jurídico (os atos violam de 
forma cada vez mais intensa o bem jurídico, ficando os anteriores 
absorvidos pelo mais grave). 
 
CONSEQUÊNCIA: o agente só responde pelo resultado mais grave, 
ficando absorvidas as lesões anteriores ao bem jurídico. 
 
Crime complexo 
Resulta da fusão de dois ou mais crimes que passam a funcionar como 
elementares ou circunstâncias no tipo complexo. 
 
Ex.: Extorsão mediante sequestro => Dentro do mesmo artigo 
(artigo 159 do CP) prevê a extorsão (artigo 158 do CP) + sequestro 
(artigo 148 do CP). Assim, se alguém privar outra pessoa de liberdade 
para exigir um resgate para libertar a vítima (extorsão + sequestro), 
responde pelo crime do artigo 159 do Código Penal - EXTORSÃO 
MEDIANTE SEQUESTRO, e não pelos crimes do artigo 158 (extorsão) 
e do artigo 148 (sequestro). 
Ex: Latrocínio=> Dentro do mesmo artigo (artigo 157, §3°, 
parte final, do CP) prevê o roubo (artigo 157 do CP) e o homicídio 
(artigo 121 do CP). Assim, se alguém, durante um roubo e em razão 
desse roubo empregar violência e matar a vítima (roubo + homicídio), 
responde pelo crime do artigo 157, §3°, parte final, do CP – 
LATROCÍNIO, e não pelos crimes do artigo 157 (roubo) e do artigo 
121 (homicídio). 
 
CONSEQUÊNCIA: o fato complexo absorve os fatos autônomos que o 
integram, prevalecendo o tipo resultante da reunião daqueles. 
 
Progressão criminosa: compreende três subespécies: 
 
1) Progressão criminosa em sentido estrito; 
2) Fato anterior (“ante factum”) não punível; 
3) Fato posterior (“post factum”) impunível. 
 
1) Progressão criminosa em sentido estrito: 
 
O agente deseja inicialmente produzir um resultado e, após atingi-lo, 
decide prosseguir e reiniciar sua agressão produzindo uma lesão mais 
grave. 
 
Existe uma pluralidade de fatos e elementos subjetivos e uma 
progressividade na lesão, ou seja, cada fato será progressivamente 
mais grave que o outro. 
Ex.: um sujeito tem o dolo (intenção) de causar uma lesão leve na 
vítima; após consumado o crime, o agente decide causar lesões graves 
na vítima; logo em seguida, o agente decide matar a vítima 
consumando o crime. Neste caso, o homicídio absorve as lesões. 
 
CONSEQUÊNCIA: embora haja condutas distintas (cada sequência de 
atos comandada pela vontade corresponde a uma conduta, logo, para 
cada vontade, uma conduta), o agente só responde pelo fato final, mais 
grave. Os fatos anteriores ficam absorvidos. 
 
Elementos da progressão criminosa em sentido estrito: 
 
a) Pluralidade de desígnios (o agente inicialmente deseja 
praticar um crime e, após cometê-lo, resolve praticar outro de 
maior gravidade, o que demonstra existirem duas ou mais 
vontades); 
a) Pluralidade de fatos (ao contrário do crime progressivo, em 
que há um único fato delituoso composto de diversos atos, na 
progressão criminosa existe mais de um crime, correspondente 
a mais de uma vontade); 
b) Progressividade na lesão ao bem jurídico (o primeiro crime, 
isto é, a primeira sequência voluntária de atos, provoca uma 
lesão menos grave do que o último e, por essa razão, acaba por 
ele absorvido). 
 
2) Antefactum não punível 
 
Sempre que um fato anterior menos grave for praticado como meio 
necessário para a realização de outro mais grave, ficará por este 
absorvido. É um fato anterior imprescindível para a execução do fato 
principal. 
 
Note que o fato anterior que integra a fase de preparação ou de 
execução somente será absorvido se for de menor gravidade (somente 
o peixinho é engolido pelo peixão, e não o contrário). Ex: quando uma 
pessoa entra no imóvel de outra para furtar objetos do local, o crime 
de violação de domicílio (fato anterior que configura o meio para a 
prática do furto - crime fim) fica absorvido, respondendo o autor 
apenas por furto. 
 
3)Postfactum não punível 
 
Configura fato posterior irrelevante. O fato posterior é tomado como 
mero exaurimento.Exemplo: o sujeito que furta um automóvel e depois 
o danifica não praticará dois crimes (furto+dano), mas somente o 
crime de furto, sendo a destruição do objeto furtado fato posterior 
impunível. 
 
OBSERVAÇÃO: Há uma regra que auxilia na aplicação do princípio da 
consunção, segundo a qual, quando os crimes são cometidos no 
mesmo contexto fático, opera-se a absorção do menos grave pelo de 
maior gravidade. Sendo diferentes os momentos, responderá o agente 
por todos os crimes em concurso. 
 
Exemplo: se o sujeito é agredido em um boteco e, jurando vingança, 
dirige-se ao seu domicílio ali nas proximidades, arma-se e retorna ao 
local, logo em seguida, para matar seu algoz, não responderá pelos 
crimes de porte ilegal de arma de fogo, disparo de arma de fogo em 
concurso com homicídio doloso, já que tudo se passou na mesma cena, 
em um mero desdobramento de ações até o resultado final. Neste caso, 
o porte e o disparo integram o homicídio no seu iter criminis, de 
maneira que puni-los autonomamente implicaria em bis in idem, pois 
já foram punidos como um todo. 
 
Ao contrário, se um larápio perambula a noite toda com um revólver 
pelas ruas, até que, ao nascer do sol, encontra uma desafortunada 
vítima, a qual vem a assaltar, haverá concurso de crimes entre o porte 
ilegal e o roubo, dado a diversidade dos momentos consumativos e dos 
contextos em que os delitos foram cometidos.

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