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GRADUAÇÃO TRABALHO DE PENAL PRINCIPIO DUPLA PUNIÇÃO

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GRADUAÇÃO: DIREITO	
ALUNO (A): STELA MARI DE ARAÚJO MONTEIRO
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA DUPLA PUNIÇÃO
Canoas, 06 de março de 2020
O Princípio da Proibição da Dupla Punição é um dos princípios do Direito Penal e Processual que nos diz que ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo delito. Este principio não está expresso em nossa Constituição Federal, mas fica claro que ele vem para reforçar a segurança jurídica no nosso ordenamento jurídico, impedindo que o Estado abuse de seu poder punitivo, defendendo assim os direitos e as garantias individuais de cada cidadão já assegurados pela Constituição Federal, uma vez que ela nos trás em seu artigo 5º, inciso XXXVI que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” (BRASIL, 1988, [s.p.]). Entende-se aqui que o direito adquirido do indivíduo não pode ser prejudicado, o que ocorreria caso alguém fosse punido duas vezes pelo mesmo crime, haja vista que ele cumprirá a pena que será imposta a ele, em caso de ser condenado após transitar em julgado sua sentença.
Ao pesquisar sobre este principio no Direito Penal, chamado então de Dupla Punição, no Direito Processual ele é chamado de ne bis in idem pela doutrina. Zaffaroni (2003, p.234 e 235) ainda nos diz que:
1. O principio processual ne bis in idem e a proibição de punição dupla acham-se intimamente vinculados, mas não coincidem quanto a seu alcance: o primeiro ¹³ opera mesmo antes da punição, e a segunda também em casos nos quais o primeiro não se encontra formalmente comprometido ¹³7. 
Ele nos traz casos mais materiais sobre o tema, onde segundo ele deve-se levar em consideração quando se de punição, a fim de contabilizar também como pena e para não ocorra à dupla punição, os casos onde já há punições administrativas, onde há pessoas que sofrem lesões, doenças ou prejuízos patrimoniais por ação ou omissão dos agentes do estado durante investigação ou repressão de delito cometido (ZAFFARONI, 2003, p. 235), e ainda destaca as punições indígenas, já que em sua cultura eles já são punidos de acordo com suas crenças. Mas deixa uma questão em aberto, os juízes poderiam fixar penas menores que o estabelecido em lei? Sim, porque levando em consideração estes exemplos de punições, consequentemente as penas nos processos se atenuariam, ficando aí menores que o previsto em Lei.
O Princípio da Proibição da Dupla Punição também está implícito nos artigos 8º e 42º do Código Penal Brasileiro onde consta que as penas no Brasil podem ser atenuadas por penas cumpridas no estrangeiro, em caso de mesmo crime, e respectivamente que computam-se na pena privativa de liberdade quaisquer outras prisões submetidas ao indivíduo pelo mesmo crime, incluindo aí prisão temporária e administrativa.
Cabe ressaltar aqui, mas não de forma aprofundada que este princípio é levado em consideração em caso de julgamento de crimes continuados, bem como na aplicação das penas. A jurisprudência já está pacificada quanto a este princípio, que é também utilizado em outros ramos do direito, como no tributário por exemplo. O Supremo Tribunal Federal (proferido no Habeas Corpus nº. 80.263-0) através de seu relator, Vossa Excelência Min. Ilmar Galvão ressalta que:
[...] A incorporação do princípio do ne bis in idem ao ordenamento jurídico pátrio, ainda que sem o caráter de preceito constitucional, vem, na realidade, complementar o rol dos direitos e garantias individuais já previstos pela Constituição Federal, cuja interpretação sistemática leva à conclusão de que a Lei Maior impõe a prevalência do direito à liberdade em detrimento do dever de acusar. Nesse contexto, princípios como o devido processo legal e o juízo natural somente podem ser invocados em favor do réu e nunca em seu prejuízo [...].
Sendo assim, este princípio junta-se aos demais princípios do Direito Penal, no intuito de assegurar um processo penal justo, onde o direito a liberdade do indivíduo é o bem protegido, e sendo assim seria inadmissível a pessoa “pagar” duas vezes pelo mesmo crime cometido. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
ZAFFARONI, Eugenio Raul; Batista, Nilo. Direito Penal Brasileiro – I. 2ª edição. Rio de Janeiro; Editora Revan, 2003.
BRASIL. Superior Tribunal Federal. Habeas-Corpus 80.263-0. Impetrante: Arnaldo Malheiros Filho e Outros. Coautor: Superior Tribunal de Justiça. Rel. Min. Ilmar Galvão. Brasília, 20 de fevereiro de 2003. Diário de Justiça, Brasília-DF, 27 de junho de 2003. Acesso em 05 de março de 2020. Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=78309>.

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