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HTTP://WWW.ANVISA.GOV.BR/DIVULGA/PUBLIC/LIVRO_ELETRONI CO/NEOPLASIA.HTML ANTINEOPLÁSICOS Lenita Wannmacher I. EFICÁCIA CLÍNICA INTRODUÇÃO A quimioterapia oncológica era, até recentemente, reservada a etapas avançadas da doença cancerosa. Hoje é empregada em fases iniciais. A terapia medicamentosa antineoplásica subdivide-se em: adjuvante (após tratamento cirúrgico e/ou radioterápico), neo-adjuvante (antes do tratamento cirúrgico ou radioterápico definitivo), paliativa e curativa. Quimioterapia de indução é administrada em neoplasias avançadas, podendo ser paliativa, aumentar a sobrevida ou ser curativa1. A prevenção do câncer tem sido objeto de especulação desde a década de 50, quando o Dr. Richard Doll acumulou evidências de que tabagismo era condicionante de câncer de pulmão2. Nos Estados Unidos, atualmente se detecta queda média anual de 0,8% em todas as neoplasias, atribuída à diminuição do tabagismo e às campanhas de prevenção, entre 1990 e 19973. Mais recentemente passou- se a discutir o papel dos radicais livres, sugerindo-se que estejam aumentados em pacientes com câncer de mama e diminuam após cirurgia, quimioterapia ou uso de tamoxifeno4. O mesmo interesse foi suscitado com as vitaminas. Desenvolveram-se deltanóides, análogos de calcitriol, mostrando propriedades antiproliferativas em animais de experimentação, mas isentos dos efeitos calcêmicos que aparecem com uso crônico de calcitriol5. Alfa e γ-tocoferol, análogos de vitamina E, parecem ter efeito preventivo em câncer de próstata6. Quanto ao tratamento, os desfechos clínicos da terapia antineoplásica englobam sobrevida (tratamento curativo), qualidade de vida, morbidade (tratamento paliativo), impedimento de disseminação (metástases) e recorrências (tratamento adjuvante). O fator decisivo na escolha do tratamento é o diagnóstico histológico da doença. Cada tipo de tumor, e conforme sua localização, tem história natural própria e resposta particular à quimioterapia. Importa aqui conhecer a resistência da célula tumoral aos diversos antineoplásicos. A resistência pode aparecer no tratamento inicial (primária) ou emergir no momento de recidiva da doença (adquirida). Para controle da resistência são usadas associações medicamentosas. O segundo fator determinante da terapia é o estadiamento da doença, o qual orienta a resposta a tratamento. Há outros fatores prognósticos específicos a cada caso, tais como genética, hereditariedade, dieta, exposição ambiental etc. A avaliação clínica geral do paciente, incluindo idade e doenças concomitantes, também é decisiva na determinação da estratégia de tratamento. A maioria dos antineoplásicos atua sobre células que estão no ciclo celular que compreende as fases G1 (pré-sintética), S (síntese celular), G2 (pós-síntese) e M (mitose), precedidas de G0. Há agentes que atuam dependentemente deste ciclo, necessitando de proliferação celular para exercer seus efeitos citotóxicos. Alguns desses têm ação preferencial em uma fase específica do ciclo celular, sendo chamados de agentes dependentes do ciclo fase-específicos. Outros são citotóxicos em qualquer ponto do ciclo celular, constituindo-se em agentes dependentes do ciclo fase-não específicos. Há ainda fármacos independentes do ciclo celular que agem sobre células que estão fora desse ciclo. As associações medicamentosas com agentes que atuam em diferentes fases parecem ter ação sinérgica no combate ao crescimento e desenvolvimento do tumor1. Até recentemente o tratamento medicamentoso do câncer baseava-se exclusivamente em drogas citotóxicas. Hoje, agentes que induzem diferenciação celular tornaram-se disponíveis. Novas descobertas para tratamento farmacológico do câncer incluem fatores de crescimento celular e de transmissão de sinais intracelulares. A identificação de alterações moleculares relacionadas ao câncer dirige grande parte da pesquisa atual para tentar sua correção por manipulação gênica. Produtos naturais que integram a chamada medicina complementar também estão sendo usados, muitas vezes sem serem convenientemente testados3. Há alguns princípios básicos da quimioterapia antineoplásica. O primeiro é de que cada dose de citostático destrói certa fração de células leucêmicas e não certo número das mesmas. Essa resposta é proporcional ao tamanho do inóculo. Logo, a curabilidade de uma neoplasia é inversa ao volume do inóculo inicial1. O segundo princípio é de que, após quimioterapia, o crescimento das células tumorais se faz na mesma taxa de antes do tratamento. Logo, a curabilidade depende da concentração efetiva de antitumoral e do tempo a que as células são expostas. Assim, para obter-se cura, são necessárias múltiplas injeções de quimioterápicos, em dose que condicione taxa de destruição celular maior do que a da "repopulação" do tumor. O objetivo da quimioterapia do câncer é reduzir a zero o número de células neoplásicas1. O uso de associações de antineoplásicos resulta em maior taxa de resposta quando comparado a monoterapia. Para realizá-lo, as drogas combinadas devem ter: 1) atividade antitumoral demonstrada em monoterapia; 2) diferentes mecanismos de ação; 3) toxicidades diferentes sobre tecidos normais; 4) ausência de resistência cruzada. Mais freqüentemente a combinação de drogas é empírica e não baseada em considerações específicas de interação. Apesar disso, resultou em grande progresso na quimioterapia do câncer. Importante fator limitante da quimioterapia antineopláscia é a toxicidade das drogas em tecidos sadios, especialmente os que têm taxa de proliferação rápida, como medula óssea, epitélio gastrintestinal, folículos pilosos da pele e epitélio germinativo. Assim, efeitos adversos mais freqüentes incluem mielossupressão, náusea, vômito, diarréia, alopecia e diminuição da fertilidade. Face ao tratamento potencialmente tão lesivo, é fundamental definir padrões de resposta que apontem alcance ou não dos objetivos terapêuticos, nesse último caso determinando suspensão da terapia. Após determinado número de ciclos de quimioterapia, a resposta pode ser completa quando há desaparecimento de todo sinal ou sintoma durante pelo menos um mês;parcial quando diminuem pelo menos 50% das lesões mensuráveis e há ausência de progressão ou aparecimento de qualquer nova lesão; estável em que inexiste alteração em tamanho de tumor ou sinais e sintomas da doença; progressiva em que aumentou o tumor em pelo menos 25% ou surgiu nova lesão. Agentes antineoplásicos classificam-se por mecanismo de ação citotóxica (agentes alquilantes e antimetabólitos), ação fisiológica (hormônios) ou origem (produtos naturais). Agentes que não se enquadram nessas categorias são classificados como miscelânea. A classificação geral dos antineoplásicos pode ser vista a seguir. Classificação de antineoplásicos7 Classe Tipo Droga Agentes alquilantes Mostardas nitrogenadas Mecloretamina Ciclofosfamida Ifosfamida Melfalam Clorambucil Etileniminas e metilmelaminas Tiotepa Altretamina TEM Alquil sulfonato Bussulfam Nitrosuréias Carmustina (BCNU) Lomustina (CCNU) Semustina Estreptozocina Triazenos Dacarbazina http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Ciclofosfamida http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Clorambucila http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Dacarbazina Temozolomida Antimetabólitos Análogo do ácido fólico Metotrexato Análogos das pirimidinas 5-Fluoruracil Floxuridina Idoxuridina Citarabina Capecitabina Azacitidina Gencitabina Análogos das purinas Mercaptopurina Fludarabina Tioguanina Pentostatina Cladribina Produtos Naturais Alcalóides da Vinca (antimitóticos) Vincristina Vimblastina Vinorelbina Vindesina Taxanas (promoção de micortúbulos) Paclitaxel Docetaxel Epipodofilotoxinas (complexação comTopoisomerase II e DNA) Etoposida Teniposida Análogos da camptotecina (inibição de topoisomerase I) IrinotecamTopotecam Antibióticos Dactinomicina Daunorubicina Doxorubicina Valrubicina Idarubicina Epirubicina Mitoxantrona Bleomicina Mitomicina Plicamicina Modificadores de resposta biológica Interferon alfa Interleucina 2 Enzimas L-asparaginase Miscelânea Complexos de platina Cisplatina Carboplatina Oxaliplatina Uréia substituída Hidroxiuréia Derivado de metilidrazina Procarbazina Supressor adrenocortical Mitotano (o,p’ - DDD) Aminoglutetimida Inibidor da tirosina quinase Imatinib Trastuzumab Rituximab Além dos agentes citostáticos, a terapia do câncer ainda conta com agentes coadjuvantes como corticosteróides, progestógenos, estrógenos, antiestrógeno (tamoxifeno), andrógenos, antiandrógeno (flutamida), análogos do hormônio liberador de gonadotrofina (leuprolida, goserelina). Alguns dos agentes citostáticos (clorambucil, ciclofosfamida, metotrexato, interferon beta e gama) são usados como imunodepressores em doenças relacionadas a distúrbios da imunidade, acrescidos de azatioprina, eritropoetina e corticosteróides. http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Metotrexato http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Fluoruracila http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Citarabina http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Azatioprina http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Fludarabina http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Vincristina http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Vimblastina http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Paclitaxel http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Etoposido http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Doxorrubicina http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Bleomicina http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Interferona_alfa http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Aldesleucina http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Asparaginase http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Cisplatina http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Trastuzumab http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Dietilestilbestrol http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Tamoxifeno http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/Neoplasia.html#_Goserrelina A MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIA NA TERAPIA DO CÂNCER O presente capítulo foge ao formato usual desta publicação. Não é com facilidade que se fundamenta o uso de antineoplásicos pelo paradigma que permeia praticamente todas as especialidades médicas. As dificuldades metodológicas são inúmeras. Gravidade e/ou letalidade da doença exercem pressão sobre investigadores e profissionais da saúde para a obtenção de rápidas inovações medicamentosas, benvindas e necessárias, mas algumas vezes usadas sem definida comprovação farmacológico-clínica de benefício. Há impedimentos éticos para que se façam estudos controlados por placebo. As associações de agentes citostáticos são muitas vezes imperativas, constituindo vieses de confusão nos ensaios clínicos. É muito freqüente que se encontrem estudos comparativos com alta especificidade: para tumores localizados em determinados órgãos, em estadiamentos específicos, sob condições particulares (após radioterapia ou cirurgia, por exemplo). Há especificidade de resposta celular tumoral a alguns medicamentos, dificultando a comparação de antineoplásicos entre si. Os ensaios costumam ter seguimento de cinco anos, o que representa um longo tempo entre a descoberta e sua aplicação. Há o chamado viés de publicação, referente à não divulgação de resultados negativos de pesquisas. Assim, é mais comum o relato de respostas a protocolos clínicos (estudos observacionais) do que a realização de ensaios clínicos randomizados, multicêntricos, em larga escala. Com freqüência a tomada de decisão provém de estudos de pequeno porte8. Em 1952, Norman Topping, ao anunciar a criação do Clinical Center for Medical Research nos Estados Unidos, disse: “A grande lacuna neste programa de pesquisa dá-se em pesquisa clínica”. Após todos esses anos, o panorama não mudou substantivamente na área da terapia antineoplásica. Por isso a preocupação das sociedades americana e européia de oncologia em treinar médicos para que se tornem pesquisadores clínicos. No entanto, em julho de 2001, comitê do National Institute of Health verificou que o suporte financeiro distribuído o fora a menos de 50% de estudos em pacientes, prevalecendo estudos de linhagens de células e modelos animais9. Esta constatação se torna mais contundente quando se afirma que mais de 400 novas drogas para tratamento do câncer estão sendo testadas nos Estados Unidos. Dessas, 17 têm estudos em andamento há 12 anos e aguardam a revisão do FDA. Em sua maioria correspondem a produtos oriundos da biotecnologia, como vacinas, anticorpos monoclonais e imunomoduladores10. Informações sobre desenvolvimento de novas drogas encontram-se na página eletrônica de Pharmaceutical Research Manufacturers of America (www.pharma.org), onde a lista se faz por tipo de tumor. Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative da universidade canadense MacMaster (http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm), dentro do Program in Evidence-Based Care, publica diretrizes relativas ao câncer, valendo-se de metanálises e revisões sistemáticas e procurando responder a questões específicas. The Food and Drug Administration (FDA) publicou informações sobre estudos em câncer, por meio do Cancer Clinical Trials Directory, informando que a mais ampla lista de ensaios clínicos (cerca de 2000) está no National Cancer Institute´s PDQ database (www.cancernet.nci.nih.gov). Ainda se encontram em conceituados periódicos médicos ensaios clínicos randomizados sobre antineoplásicos, salientando-se investigadores como Early Breast Cancer Trialists´Collaborative Group que publica desde 199211, Liver Infusion Meta-Analysis Group12, PORT Meta-Analysis Trialists Group13, Non-Small Cell Lung Cancer Collaborative Group14, SIOP Liver Tumour Study Group15. Em todas essas publicações, mantêm-se as especificidades acima referidas, o que torna cada relato muito particular para uma dada situação. A seguir são dados alguns exemplos de informações sobre quimioterápicos antineoplásicos, provenientes das diretrizes publicadas pelo Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative, as quais, apesar de se pautarem por evidências externas, mostram as inconsistências e dificuldades presentes nesta área. As atualizações indicam número ainda pequeno de ensaios clínicos randomizados e muitos ensaios de fases II e III dos fabricantes, além de estudos que só aparecem como resumos. http://www.pharma.org/ http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm http://www.cancernet.nci.nih.gov/ Em pacientes com alto risco de recorrência de melanoma maligno, após excisão do tumor primário e de metástases em gânglios linfáticos regionais, a terapia adjuvante com altas doses de interferon alfa apontava redução de mortalidade em cinco anos de 54% versus 63% no grupo controle, tendo NNT de 11, segundo um ensaio clínico. No entanto, resultados de novo estudo do Eastern Cooperative Oncology Group negaram benefício na sobrevida com alta ou baixa dose de interferon16. Em carcinoma pulmonar de pequenas células em estágio inicial, um ensaio clínico avaliou dois esquemas quimioterápicos (ciclosporina, vincristina e adriamicina versus etoposida e cisplatina), não encontrando diferenças de desempenho em relação à sobrevida, mas com menor toxicidade do segundo regime. Houve conflitantes resultadosquanto à vantagens na sobrevivência quando foram alternados os dois esquemas, comparativamente a cada um deles isoladamente17. Em carcinoma pulmonar não de pequenas células em estágio avançado ou já metastático, avaliou- se o uso de gencitabina isolada em comparação a etoposida mais cisplatina, não demonstrando diferença significativa (OR 0,90; IC95% 0,43-1,90; P=0,78). Três ensaios clínicos demonstraram mais eficácia com a combinação de gencitabina com cisplatina quando comparada a cisplatina isolada ou outras associações quimioterápicas18. Vinorelbina isolada ou em combinação com cisplatina produziu maior resposta na sobrevida que outros alcalóides de vinca isolados em pacientes sem tratamento prévio. A associação superou o uso isolado de vinorelbina segundo dois ensaios clínicos randomizados, enquanto dois outros não encontraram diferenças significativas entre os dois braços do estudo19. Em pacientes adultos com diagnóstico recente de leucemia mielóide crônica, avaliou-se a eficácia de interferon, bussulfam e hidroxiuréia em relação a prolongar a sobrevida. Segundo metanálise de sete ensaios clínicos, interferon, comparado a hidroxiuréia, reduziu a taxa anual de morte em 26%, com benéfico absoluto de 12% na sobrevida em 5 anos (46,5% para hidroxiuréia versus 58,6% para interferon; P= 0,001). No entanto, hidroxiuréia é preferida quando se deseja minimizar efeitos adversos e melhorar qualidade de vida. Em três ensaios bussulfam não mostrou vantagens sobre qualquer outro regime, não devendo ser usado como tratamento inicial. Estudo francês evidenciou que a combinação de interferon e citarabina obteve sobrevida em cinco anos de 70% em comparação a 58% de interferon isoladamente (P < 0,02)20. Já em pacientes com leucemia linfocítica crônica, a associação de fludarabina com clorambucil induziu expressivas mielossupressão, mielodisplasia e leucemia mielóide aguda (3,5%) em comparação ao uso isolado de fludarabina (0,5%)21. No carcinoma de mama metastático, epirrubicina foi comparada a doxorrubicina, mostrando igual eficácia quanto à sobrevida e menor toxicidade em onze ensaios clínicos randomizados22. Pacientes (n=526) com câncer de colo uterino localizado, submetidas à radioterapia, foram randomizadas para receber por seis semanas cisplatina isolada (grupo 1), cisplatina, seguida de fluoruracil e hidroxiuréia (grupo 2) e hidroxiuréia isolada (grupo 3). O seguimento médio foi de 35 meses. Os grupos que receberam cisplatina foram significativamente melhores do que hidroxiuréia no que se refere à sobrevida (P< 0,001 para ambas as comparações)23. Em pacientes com câncer ovariano previamente tratadas com platina, nenhum antineoplásico dos testados (platina, epirrubicina, plactaxel, topotecam, doxorrubicina lipossomal, oxaliplatina) mostrou-se superior aos outros em ralção à sobrevida ou qualidade de vida. A evidência proveniente da pesquisa contemporânea não é suficiente para permitir a emissão de diretrizes de tratamento desta condição24. Referências bibliográficas: 1. Roithmann S. Fármacos antineoplásicos. In: Fuchs FD, Wannmacher L editorsFarmacologia clínica. Fundamentos da terapêutica racional. 2nd ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. p. 317-27. 2. Lee JA. Prevention and the pleasure principle. Lancet Oncol 2001; 2 (1): 3. The Lancet Oncology. A shot in the dark. Lancet Oncol 2000; 1 (2): 4. Heinz G. 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Lancet 1992; 339: 1-15; 71-85. 12. Liver Infusion Meta-Analysis Group. Portal vein chemotherapy for colorectal cancer: a meta-analysis of 4000 patients in 10 studies. L Natl Cancer Inst 1997; 89: 497-505. 13. PORT Meta-Analysis Trialists Group. Postoperative radiotherapy in non-small cell lung cancer: systematic review and meta-analysis of individual patient data from nine randomized controlled trials. Lancet 1998;352: 257-63. 14. Non-Small Cell Lung Cancer Collaborative Group. Chemotherapy of non-small cell lung cancer: a meta-analysis using updated individual patient data from 52 randomised clinical trials. BMJ 1995; 311: 899-909. 15. Perilongo G, Shafford E, Plaschkes J. SIOPEL trials using preoperative chemotherapy in hepatoblastoma. Lancet Oncol 2000 ; 1 : 94-100. 16. Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative. [online] Systemic adjuvant therapy for patients at high risk for recurrent melanoma (Practice guideline n o . 8-1). Update guideline Sep 2000.Disponível em: <http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm> (25 dez/2001) 17. Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative. . [online] The role of combination chemotherapy in the initial management of limited-stage small-cell lung cancer. (Practice guideline n o . 7-13-1). Summary March 2001. Disponível em: <http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm> (25 dez 2001) 18. Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative. . [online] Use of gencitabine in non-small-cell lung cancer. (Practice guideline n o . 7-8). Summary September 2001. Disponível em: <http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm> (25 dez 2001) 19. Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative. . [online] Use of vinorelbine in non-small-cell lung cancer. (Practice guideline n o . 7-5). Summary August 2001.Disponível em: <http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm> ( 25 dez 2001) 20. Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative. . [online] Drug therapy for Chronic Myeloid Leukemia. (Practice guideline n o . 6-3). Summary July 2001.Disponível em: <http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm> ( 25 dez.2001) 21. Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative. Fludarabine in intermediate- and high-risk chronic lymphocytic leukemia.. (Practice guideline n o . 6-1). Summary July 2000.http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm [Consulta em 25/12/2001] 22. Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative. . [online] Epirubicin, as a single agent or in combination, for metastatic breast cancer. (Practice guideline n o . 1-6). Summary April 2001. Disponível em: < http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm> (25 dez 2001) 23. Rose PG, Bundy BN, Watkins EB, et al. Concurrent cisplatin-based radiotherapy and chemotherapy for locally advanced cervical cancer. N Engl J Med 1999 ; 340 : 1144-53. 24. Cancer Care Ontario Practice Guidelines Initiative. . [online] Chemotherapy for recurrent ovarian cancer previously treated with platinum. (Evidence Summary Report no. 4-3). Summary September 2001. Disponível em: < http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm> (25 dez 2001) MONOGRAFIAS ALDESLEUCINA Fabiana Vieira Lacerda Mendes http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlm http://hiru.mcmaster.ca/ccopgi/guidelines.htlmSinonímia Interleucina 2; IL-2 Mecanismo de ação É proteína obtida pela técnica do DNA recombinante, exercendo função moduladora de respostas biológicas. Liga-se a receptores específicos na superfície de células responsivas, induzindo proliferação, diferenciação e recrutamento de células B e T e timócitos. Tem ação citolítica em linfócitos e células malignas. Induz produção de interferon gama. Tem importante efeito no sistema imune e pode estar envolvida na regulação da imunotolerância. Indicações Tratamento de carcinoma metastático de células renais, melanoma metastático, carcinoma de cólon e reto, sarcoma de Kaposi de portador de HIV, linfoma não-Hodgkin. Contra-indicações Hipersensibilidade a interleucina e/ou aos componentes da fórmula. Pacientes com função pulmonar e teste de estresse ao tálio anormal, taquicardia ventricular, distúrbio no ritmo cardíaco. Alterações no eletrocardiograma indicativas de angina ou infarto do miocárdio, disfunção renal que necessite de diálise por mais de 72 horas, coma, repetidas ou incontroladas convulsões, isquemia/perfuração intestinal, sangramento gastrintestinal que necessite de cirurgia, intubação por mais de 72 horas, órgãos transplantados. Precauções Pacientes com história de doença cardíaca ou pulmonar, doença do sistema nervoso central, hipotensão severa, disfunção renal e hepática, mudanças no estado mental, convulsões, função dos neutrófilos danificada (reduz a quimiotaxia dos neutrófilos). Aumenta o risco de rejeição em pacientes transplantados e disseminação de infecções. Promove exacerbação de doenças autoimunes preexistentes ou iniciação de desordens inflamatórias ou autoimunes. Altas doses de interleucina estão associadas com síndrome do extravasamento capilar. Antes do tratamento com interleucina, pacientes recentemente nefroctomizados devem ter creatinina sérica menor ou igual a 1,5 mg/dL. A segurança e a eficácia em crianças menores que 18 anos ainda não foi estabelecida. Uso cauteloso durante gravidez e amamentação. Categoria de risco para a gestação C (FDA). Reações adversas > 10% Disfunção sensorial, taquicardia, arritmias, congestão pulmonar, hipotensão, angina, infarto do miocárdio, edema, fraqueza, dor, febre, calafrios, mudanças cognitivas, fatiga, desorientação, sonolência, ilusão paranóica, eritema, rash, ressecamento e esfoliação da pele, eritema macular, náusea, vômito, ganho de peso, diarréia, estomatites, anorexia, sangramento gastrintestinal, anemia, trombocitopenia, leucopenia, eosinofilia, desordens na coagulação, elevação de transaminase e fosfatase alcalina, icterícia, tonteira, oligúria, anúria, proteinúria, disfunção renal, retenção de líquidos, azotemia, hipofosfatemia, dispnéia, edema pulmonar. DE 1% A 10% Podem apresentar aumento da permeabilidade capilar, síndrome do extravasamento capilar, ascite, edema, infiltração pulmonar, efusão pleural. < 1% Podem apresentar acidose, reações alérgicas, alopecia, artrite, coma, hipercalemia, hipomagnesemia, hipotireoidismo, aumento dos níveis plasmáticos de hormônios relacionados com stress, espasmo muscular, pancreatite, poliúria, convulsões. Interações medicamentosas Corticoesteróides reduzem os efeitos colaterais, mas também a eficácia da interleucina-2. Betabloqueadores e outros antihipertensivos podem potencializar a hipotensão causada pela interleucina- 2. Pode ocorrer interações com o uso concomitante de agentes psicotrópicos (narcóticos, analgésicos, antieméticos, sedativos, tranqüilizantes). Aumenta a toxicidade com o uso concomitante de agentes que possuam efeitos de nefrotoxicidade (aminoglicosídeo, indometacina), cardiotoxicidade (doxorubicina), hepatotoxicidade (metotrexato, asparaginase) e mielotoxicidade. Farmacocinética A absorção por via oral não é observada. Pode ser administrada por via intramuscular, subcutânea ou intravenosa. Após administração subcutânea o pico plasmático ocorre de 2,5 a 6 horas. A absorção intramuscular é incompleta. Apresenta rápida distribuição, primeiramente no plasma, depois no pulmão, fígado, rim e baço, com meia-vida de distribuição de 13 minutos. O volume de distribuição é de 4-7 litros. A biodisponibilidade após administração intramuscular é de 37%. Cerca de 80% do fármaco é metabolizado no rim à aminoácidos. A taxa de depuração é de 268 ml/minuto e a meia-vida de eliminação de 85 minutos. Prescrição/Cuidados de administração Via Intravenosa Carcinoma de célula renal e melanoma metastático ADULTOS: 2 ciclos de 5 dias de tratamento: 600,000 UI/Kg (0,037 mg/Kg/dose) a cada 8 horas. Máximo de 14 doses. Após 9 dias de descanso, repetir outras 14 doses. Máximo de 28 doses por ciclo. Infecção por HIV ADULTOS: 18.000.000 UI diariamente por 5 dias por mês, total de 6 ciclos. Formas farmacêuticas Disponível no Brasil: Pó para solução injetável: 18.000.000 UI/mL Disponível no exterior: Pó para solução injetável: 18.000.000 UI/mL * *18.000.000 UI são equivalentes a 1,1 mg de proteína. Aspectos farmacêuticos Apresenta-se como pó cristalino branco e torna-se levemente amarelado quando reconstituído, seu peso molecular é de aproximadamente 15.300 daltons. É obtida pela técnica do DNA recombinante. Após reconstituída em água para injeção, apresenta pH entre 7,2-7,8. As ampolas devem ser conservadas sob refrigeração (2ºC a 8ºC). Deve ser reconstituída somente em glicose 5% e água estéril livre de conservantes e infundida por 15 minutos. Resconstituição em soluções que contenham conservantes ou cloreto de sódio 0,9% resultará no aumento de formação de agregados. A solução não pode ser filtrada. Após reconstituída, a solução é estável por 48 horas à temperatura entre 2ºC e 25ºC. Como a solução é livre de conservantes, armazená-la sob refrigeração. Não congelar. Soluções intravenosas devem ser retiradas da geladeira e antes de infundidas devem alcançar a temperatura ambiente. ASPARAGINASE Tatiana Chama Borges Luz Sinonímia L- Asparaginase, L-Asparagina, Amidoidrolase Mecanismo de ação Contém enzima que catalisa a cisão da asparagina, aminoácido essencial para a sobrevida da célula, a ácido aspártico e amônia. As células normais sintetizam sua própria asparagina, mas certas células neoplásicas não apresentam esta capacidade, requerendo asparagina exógena. O fármaco inibe sínteses protéica e de DNA e RNA. É ciclo-específica da fase G1 do ciclo celular. Indicações Tratamento de indução de leucemia linfocítica aguda e linfomas não-Hodgkin e Hodgkin. Contra-indicações Hipersensibilidade ao fármaco. Pancreatite ativa ou história da doença. Precauções Reações de hipersensibilidade são freqüentes e podem ocorrer durante o primeiro curso do tratamento. O fármaco tem sido associado a reações adversas graves, incluindo anafilaxia e morte repentina. Estas reações podem ocorrer na primeira dose ou após o uso de sucessivas doses. Retratamento em pacientes que já utilizaram o fármaco pode resultar em risco aumentado para reações de hipersensibilidade. Teste intradérmico é recomendado antes da primeira administração do fármaco ou quando há intervalo de uma semana ou mais entre as doses, para todos os pacientes. Pacientes que apresentaram resposta positiva ao teste intradérmico ou que tiveram exposição prévia ao fármaco precisam ser dessensibilizados. É recomendada hospitalização e supervisão médica na administração. Hepatotoxicidade ocorre na maioria dos pacientes. O tratamento pode exacerbar disfunção hepática pré- existente e aumentar a toxicidade de outros medicamentos. Pode ocorrer depressão da medula óssea, leucopenia, trombose, além de diminuição dos fatores de coagulação, favorecendo o surgimento de hemorragia. Pode haver aumento da concentração de amônia no sangue durante a conversão da asparagina a ácido aspártico, podendo ser necessário aumento da dose de agentes antigotosos para controlar hiperuricemia e gota. Considerar risco-benefício na presença de diabetes melito, gota, diminuição da funçãorenal, herpes zoster, cálculos renais de urato, disfunção hepática, infecção, além de quimioterapia e radioterapia prévias. Pode ser necessário ajuste da dose de hipoglicemiantes caso ocorra alteração nas concentrações de glicose sangüínea. O fármaco mostrou retardar ganho de peso na mãe e no feto. Porém, há poucos relaatos em humaanos. Parece ser seguro quando administrado no segundo e terceiro trimestres da gravidez. Muita cautela no primeiro trimestre a gestação. É considerado categoria de risco gestacional C (FDA). Não há informação disponível sobre excreção do fármaco no leite materno, mas, em função das potenciais reações adversas na criança, a amamentação deve ser descontinuada. Reações adversas > 10% Febre, náusea, vômitos, calafrios (como efeitos imediatos em 50-60% dos pacientes), pancreatite aguda (15%), fadiga, sonolência, depressão, alucinações, agitação, desorientação ou convulsões (10 a 60%), coma (25%), hiperglicemia (10%), cólicas abdominais (70%), elevação das transaminases, azotemia pré-renal (66%), reações de hipersensibilidade e do tipo anafilático (15-355). DE 1% A 10% Hiperuricemia, estomatite. <1% Hipotensão, sintomas parkinsonianos, desorientação, sonolência, rash, prurido, urticária, diabetes melito tipo 2, perda de peso, mielossupressão, espasmo de laringe, tosse. Interações medicamentosas Aumento de toxicidade: mercaptopurina (aumento de hepatotoxicidade), vincristina (aumento de neuropatia), prednisona (aumento de hiperglicemia). Diminuição do efeito de: metotrexato (redução da síntese protéica e impedimento da entrada na fase S do ciclo celular). Aumento do efeito de: ciclofosfamida (diminuição do metabolismo), vacinas com vírus vivos, anticoagulantes (especialmente cumarínicos). Farmacocinética Não é absorvido por via oral, requerendo administração por vias intramuscular (preferida por ser menos imunogênica) ou intravenosa. Após a administração intramuscular, atinge pico sérico em 14 a 24 horas. Pequena fração atravessa a barreira hematoencefálica; as concentrações no líquor não chegam a 1% das plasmáticas. O volume de distribuição varia entre 4,8 e 7 L/kg. A meia-vida plasmática é dose- dependente, variando, respectivamente, de 8-30 horas a 39- 49 horas, após a administração intravenosa ou intramuscular. Desconhece-se o processo de eliminação. Apenas traços aparecem na urina após administração intravenosa. Prescrição / Cuidados de administração O fármaco causa irritação, e tanto o pó quanto a solução devem ser manuseados com cuidado a fim de evitar inalação ou contato com membranas e mucosas (especialmente os olhos). Caso haja contato acidental lavar a área com água abundante por, pelo menos, 15 minutos. Via intramuscular Dose individualizada segundo necessidade e tolerabilidade do paciente. Administração por injeção profunda em grande músculo. Usar dois sítios de injeção para doses maiores do que 2 mL. 6000 UI/m2 de superfície corporal nos dias 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22, 25 e 28 do período de tratamento. Em associação com vincristina e prednisona. Via intravenosa 6000 UI/m2, em dias alternados, por 3-4 semanas. O fármaco deve ser reconstituído em água estéril para injetáveis ou em cloreto de sódio. A solução assim obtida deve ser clara, caso contrário, deve ser descartada. O volume recomendado para a reconstituição é de 5 mL para cada 10.000 UI. A solução pode ser utilizada por período de até 8 horas após a reconstituição. Em leucemia linfocítica aguda ADULTOS: 200 UI/kg/dia, por 28 dias. Para dessensibilização rápida Doses progressivamente crescentes, iniciando-se com 1 UI, sendo dobrada a cada 10 minutos, até a dose total planejada para o dia de tratamento, caso não ocorra nenhuma reação adversa. Via intradérmica A solução para teste intradérmico pode ser preparada, reconstituindo 10.000 UI em 5 mL de diluente. Desta solução retirar 0,1 mL e diluir em 9,9 mL perfazendo uma solução para teste de aproximadamente 20 UI/mL. Injetar 0,1 mL (2UI) da solução preparada. Observar por 1 hora. Considerar reação positiva caso haja aparecimento de saliência na pele ou eritema. Uma reação negativa não exclui a possibilidade de desenvolvimento de reação alérgica ou anafilática. Formas farmacêuticas Disponível no Brasil: Pó liofilizado para injetável: 10.000 UI Disponíveis no exterior: Injetável: 1.000 UI/ml Pó liofilizado para injetável: 10.000 UI Aspectos farmacêuticos É a enzima L-Asparagina amidoidrolase tipo EC-2, de alto peso molecular, obtida de culturas de Escherichia coli e Erwinia carotovora. Apresenta-se como pó cristalino branco. É livremente solúvel em água, praticamente insolúvel em metanol, clorofórmio e acetona. A atividade do fármaco é expressa em termos de Unidades Internacionais (UI). Os frascos com pó devem ser refrigerados a menos de 8 oC. As soluções reconstituídas são estáveis à temperatura ambiente por uma semana. AZATIOPRINA Aline Matias de Freitas Mecanismo de ação É análogo da purina, derivado imidazólico da 6-mercaptopurina. Antagoniza o metabolismo das purinas e, com isso, afeta a síntese e o metabolismo dos nucleotídeos e altera a síntese de RNA, DNA e proteínas. Azatioprina suprime a hipersensibilidade tardia das células mediadoras da imunidade e induz várias alterações na produção de anticorpos. Suprime mais a atividade dos linfócitos T que a dos linfócitos B e tem potentes propriedades antiinflamatórias. O efeito em rejeição de enxerto é dependente da relação temporal com o estímulo antigênico: o fármaco é eficaz apenas se administrado antes da exposição ao antígeno ou durante os primeiros estágios, quando a imunidade está começando a ser induzida. Tem pouco efeito quando a rejeição do enxerto já está estabelecida. Suprime manifestações de doenças e processos associados a doenças autoimunes, sendo usado como imunossupressor. Também é usado como antineoplásico. Indicações Como adjuvante na prevenção de rejeição de enxertos de órgãos sólidos. Tratamento de artrite reumatóide grave não responsiva a outros agentes. Tratamento de várias doenças autoimunes (púrpura trombocitopênica idiopática, anemia hemolítica autoimune, lúpus eritematoso sistêmico, esclerose múltipla e doença de Crohn. Contra-indicações Hipersensibilidade ao fármaco ou a outro componente da formulação. Gravidez e lactação. Precauções A administração concomitante com alopurinol requer redução de aproximadamente 1/3 a ¼ da dose habitual de azatioprina. O uso concomitante com inibidores da enzima conversora de angiotensina II (IECA) tem produzido leucopenia severa. Imunosupressão crônica com azatioprina aumenta o risco de neoplasias, toxicidade hematológica e mutagenicidade. Usar com cuidado em pacientes com deficiência em fígado e rim. Monitorar função hematológica rigorosamente. Os pacientes devem informar qualquer hemorragia incomum ou ferimento ou sinal de infecção. Mulheres não devem ficar grávidas enquanto estiverem usando azatioprina. Fator de risco na gestação é D (FDA). Reações adversas > 10% Febre, calafrio, náusea, vômito, anorexia, diarréia, trombocitopenia, leucopenia, anemia, infecção secundária. DE 1% A 10% Erupção cutânea, pancitopenia, hepatotoxicidade. < 1% Alopécia, estomatite aftosa, artralgias (que incluem mialgias), dispnéia, hipotensão, erupção cutânea maculopapular, reações de hipersensibilidade raras, retinopatia. Interações medicamentosas Aumento de efeito: alopurinol (toxicidade), agentes alquilantes (ciclofosfamida, clorambucil, melfalam) aumentam o risco de neoplasias, metotrexato. O uso concomitante com inibidores da ECA pode induzir leucopenia severa. Azatioprina diminui a ação de anticoagulantes, ciclosporina e bloqueadores neuromusculares. Farmacocinética Bem absorvida após administração oral. Pico sérico ocorre em 1 a 2 horas. Doses usuais produzem níveis sangüíneos inferiores a 1 micrograma/mL. Esses níveis não se correlacionam com os efeitos clínicos. Azatioprina e 6-MPse ligam a proteínas plasmáticas (30%). Acumulam-se nos tecidos. Atravessa a placenta. Sofre extenso metabolismo, produzindo 6-mercaptopurina (6-MP) por ação de xantina oxidase. Ambos os componentes são rapidamente eliminados do sangue e são oxidados ou metilados em eritrócitos e fígado. Azatioprina tem meia vida de 12 minutos e 6-MP de 0,7-3 horas. Ambas são indetectadas na urina após 8 horas. A depuração renal provavelmente não é importante para predizer efetividade ou toxicidade, entretanto a redução da dose é feita em pacientes com pobre função renal. É pouco dialisável (5% a 20%). Prescrição / Cuidados de administração Via oral Transplantes ADULTOS E CRIANÇAS: Dose inicial: 2-5 mg/kg/dia, em administração única no dia da cirurgia de transplante; ocasionalmente é feita de 1 a 3 dias antes do transplante. Dose de manutenção: 1-3 mg/kg/dia Artrite reumatóide ADULTOS: 1 mg/kg (50 a 100 mg), em administração única diária ou dividida em duas vezes ao dia, por 6-8 semanas; aumentar 0,5 mg/kg/dia, a cada 4 semanas, até a dose máxima de 2,5 mg/kg/dia. Dose ótima média: 2-2,5 mg/kg/dia. Pode ser descontinuada abruptamente, mas efeitos retardados são possíveis. Via intravenosa Transplantes ADULTOS E CRIANÇAS: Dose inicial: 2-5 mg/kg/dia. O uso intravenoso de azatioprina deve ser reservado para pacientes que não podem tolerar medicamentos orais. Geralmente, faz-se administração única no dia do transplante e, ocasionalmente, 1 a 3 dias antes do transplante. Ajuste de dose DCE de 10-50 mL/minuto: administrar 75% da dose normal diária DCE < 10 mL/minuto: administrar 50% da dose normal diária Administrar dose pós-diálise. Formas farmacêuticas Disponíveis no Brasil: Comprimido: 50 mg Comprimido revestido: 50 mg Pó liofilizado para injetável: 100 mg Disponíveis no exterior: Comprimidos: 25 mg, 50 mg Comprimido sulcado: 50 mg Azatioprina sódica: Injetável: 50 mg, 100 mg Aspectos farmacêuticos Apresenta-se como pó amarelo-claro, praticamente insolúvel na água. Deve ser mantida ao abrigo de luz e umidade, em recipientes bem fechados, à temperatura controlada, entre 15 e 25 ºC. A solução injetável é estável por 24 horas à temperatura ambiente e por 16 dias sob refrigeração. É estável em soluções neutras e ácidas, mas hidroliza-se em soluções alcalinas. A solução injetável é muito alcalina e irritante, só devendo ser usada se a via oral não for disponível. BLEOMICINA Fabiana Vieira Lacerda Mendes Mecanismo de ação É antibiótico antineoplásico do grupo dos glicopeptídeos, isolado de culturas de Streptomices verticillus. Das trintas frações identificadas, são mais importantes as bleomicinas A2 e B2. Inibe a incorporação de timidina no DNA, inibindo a síntese deste; liga-se ao DNA, causando quebras de suas hélices. Há inibição menor na síntese de RNA e proteínas. É agente ciclo-específico, com maior efeito nas fases G2 e M do ciclo celular. Também possui ação esclerosante. Indicações Tratamento de carcinoma testicular, linfoma de Hodgkin, linfoma não-Hodgkin, carcinoma celular escamoso, melanomas, sarcomas. Tratamento esclerosante de derrame pleural maligno. Contra-indicações Hipersensibilidade a sulfato de bleomicina e/ou aos componentes da fórmula, reação idiossincrásica, doença pulmonar grave. Precauções Pacientes com função pulmonar comprometida, insuficiência renal e/ou hepática, fumantes e idosos e crianças. Monitoramento cuidadoso após 1ª e 2ª doses, devido ao risco de reações idiossincrásicas. Recomenda-se a realização de radiografias pulmonares freqüentes. Procedimentos adequados para o manuseio e a exposição a antineoplásicos. Urina produzida após 72 horas do uso de bleomicina deve ser manuseada com roupas apropriadas. Recomenda-se descontinuar a amamentação. É necessário ajuste de dose em insuficiência renal. Uso cauteloso na gravidez. Categoria de risco para a gestação D (FDA). Reações adversas > 10% Fenômeno de Raynaud, febre, dor, eritema, rash, hiperceratose, vesiculações, hiperpigmentação, alopecia, estomatites, alterações nas unhas, náusea, vômito, anorexia, flebites, dor na região do tumor. DE 1% A 10% Alopecia, perda de peso, pneumonites, fiibrose pulmonar, reação idiossincrática (hipotensão, febre, confusão, dor e respiração ruidosa, fibrose pulmonar e morte). < 1% Acidente vascular cerebral, hepatotoxicidade, infarto do miocárdio, toxicidade renal, taquipnéia, danos respiratórios dose-dependentes, tosse, diarréia, dispnéia, infiltração pulmonar bilateral. Interações medicamentosas Diminui efeito de: digoxina, fenitoína. Cisplatina aumenta efeito de bleomicina (diminui sua eliminação). Farmacocinética A absorção por vias intramuscular e intrapleural produz nível sérico correspondente a 30% do obtido com administração intravenosa. Administração por vias intraperitonial e subcutânea induz níveis equivalentes aos da via intravenosa. O pico plasmático ocorre 60 minutos após a administração intramuscular, com duração de 4 horas. A taxa de ligação a proteínas é mínima (1%) e o volume de distribuição é de 22 L/m2. Não atravessa a barreira hematoencefálica. É metabolizada em fígado, rim, intestino, pele, pulmão. A eliminação é bifásica, tendo a fase inicial meia-vida de eliminação de 1,3 a 2 horas e a fase terminal, de 9 a 30 horas, dependendo da função renal. Cerca de 50% a 70% do fármaco são eliminados na forma íntegra na urina. Não pode ser removida por diálise. Prescrição/Cuidados de administração Pode ser administrada por vias IM, IV, SC, intrapleural ou intracavitária. Uma unidade de bleomicina corresponde a 1 mg de sulfato de bleomicina. Vias intramuscular, intravenosa e subcutânea Linfoma de Hodgkin, Linfoma não-Hodgkin, carcinoma celular escamoso e carcinoma testicular ADULTOS: 0,25 a 0,5 U/kg ou 10 a 20 U/m2, uma ou duas vezes por semana. Dose de manutenção: 1 U/dia ou 5 U/semana Via intrapleural Efusão pleural maligna ADULTOS: 60 U, dissolvidas em 50 a 100 mL de cloreto de sódio 0,9%. Formas farmacêuticas Disponíveis no Brasil: Sulfato de bleomicina: Pó liofilizado para injetável: 15 mg, 30 mg Disponíveis no exterior: Sulfato de bleomicina: Pó para injetável: 15 U, 30 U Aspectos farmacêuticos O sulfato de bleomicina apresenta-se como pó branco ou branco amarelado, muito higroscópio, e perde mais ou menos 3% do seu peso quando seco. Muito solúvel em água, levemente solúvel em álcool diidratado e praticamente insolúvel em acetona e éter. Uma solução 0,5% em água tem pH 4,5 a 6,0. Conservar em recipientes fechados, ao abrigo da luz e sob temperatura entre 2-8 ºC. Sulfato de bleomicina perde potência quando armazenada em recipientes de plástico, deve ser estocado em recipientes de vidro. Manter as ampolas sob refrigeração (2 a 8º C) por 24 meses. Não usar após expirada a validade. Reconstituída em cloreto de sódio 0,9%, é estável por 24 horas; em glicose 5%, é menos estável. Prolongada infusão de bleomicina deve ser feita em recipientes de vidro. A dose intravenosa deve ser administrada devagar, por tempo superior a 10 minutos. CICLOFOSFAMIDA Fabiana Vieira Lacerda Mendes Mecanismo de ação É agente antineoplásico alquilante que impede a divisão celular. Induz ligação cruzada e/ou fragmentação das hélices de DNA, interferindo em sua síntese e função. É um pró-fármaco,necessitando de processo de ativação complexo (em fígado e tecidos) antes de exercer função antitumoral. É agente não-específico de fase do ciclo celular, ou seja, a alquilação pode ocorrer em células em divisão ou em repouso. Também possui atividade imunossupressora. Indicações Tratamento adjuvante do câncer de mama e de metástases; câncer colo-retal, de cérvice uterina, tumor de Wilms, adenocarcinoma de pulmão (pequenas células ou não), doença de Hodgkin, linfoma não- Hodgkin, linfoma de Burkitt, micose fungóide adiantada, leucemia linfóide aguda, leucemia mielocítica e monocítica, mieloma múltiplo, neuroblastoma, retinoblastoma,rabdomiossarcoma, sarcoma de Ewing, carcinoma de testículo, próstata, endométrio e ovariano, bexiga, rim, sarcoma de tecidos moles, granulomatose de Wegener, miastenia grave, esclerose múltipla, anemia hemolítica autoimune, púrpura trombocitopênica idiopática, hemosiderose pulmonar idiopática, vasculites. Como imunossupressor: profilaxia da rejeição em transplante de rim, fígado, coração e regime de condicionamento para transplante de medula óssea; artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico e síndrome nefrótica. Contra-indicações Hipersensibilidade a ciclofosfamida ou aos componentes da fórmula. Depressão grave da medula óssea. Precauções Deve ser administrada com cuidado a pacientes com leucopenia e trombocitopenia, infiltração de células tumorais na medula óssea, quimioterapia ou radioterapia prévias, terapia com outros agentes citotóxicos, hemorragia cística, infecção urinária, diabete melito, insuficiências renal e hepática e nos submetidos a adrenalectomia. Recomenda-se ingerir bastante líquido e ter micções freqüentes para evitar cistite hemorrágica. Administrar conjuntamente MESNA (N-acetilcisteína-sódio-2-mercapto-etano- sulfonato) com o mesmo objetivo. Alguns autores indicam ajuste de doses para pacientes com insuficiência renal. Uso cauteloso durante a gravidez, pois ciclosfosfamida tem potencial teratogênico e carcinogênico. Pacientes em uso deste fármaco devem evitar a amamentação. Categoria de risco para a gestação D (FDA). Reações adversas > 10% Alopecia, interferência em ovogênese e espermatogênese, esterilidade, oligospermia e azoospermia, amenorréia, náusea, vômito, diarréia, anorexia, estomatite, mucosite, cistite hemorrágica grave (7% a 12%). DE 1% A 10% Dor de cabeça, rash, rubor facial, mielodepressão, leucopenia, trombocitopenia, anemia. < 1% Reações anafitáticas, disfunção cardíaca com insuficiência cardíaca congestiva (altas doses), necrose miocárdica ou miocardite hemorrágica e cardiotoxicidade. Fibrose pulmonar, fibrose de bexiga e ovariana, retenção de líquido, hiperuricemia, aumento de toxicidade em pacientes adrenalectomizados, interferência com processo de cicatrização, hepatotoxicidade, necrose tubular renal, visão turva, pneumonite intersticial, fraqueza, escurecimento da pele, hiperglicemia, hipocalemia, secreção inapropriada de HAD, pancreatite, neoplasia secundária, infecções. Interações medicamentosas Ciclofosfamida diminui os efeitos de digoxina e quinolonas. Aumenta a toxicidade de: citarabina, doxorrubicina, alopurinol, colchicina, probenecida, cloranfenicol, anticoagulantes orais e succinilcolina. Cimetidina inibe o metabolismo hepático da ciclofosfamida. Fenobarbital e fenitoína induzem enzimas hepáticas e aumentam a velocidade de biotransformação da ciclofosfamida, diminuindo assim seus níveis séricos. Uso simultâneo de azatioprina, ciclosporina ou mercaptopurina pode aumentar o risco de infecção e o desenvolvimento de neoplasias. Tiazidas podem prolongar a leucopenia induzida por ciclofosfamida. O uso de MESNA (N-acetilcisteína -sódio-2-mercaptoetano-sulfonato) protege a bexiga por inativação dos metabólitos urinários tóxicos da ciclofosfamida. Farmacocinética É bem absorvida por via oral, sendo a biodisponibilidade superior a 75%. Pico plasmático ocorre em 1 hora após administração oral. A taxa de ligação a proteínas é baixa (10% a 56%). O volume de distribuição é de 0,48 a 0,71 L/kg. Atravessa parcialmente a barreira hematoencefálica e a placenta e é excretada pelo leite materno. A ciclofosfamida pode ser absorvida pela pele intacta. O início do efeito terapêutico pode levar de 7 a 21 dias. A meia vida de eliminação é de 1,3 a 16 horas. É extensamente metabolizada no fígado a metabólitos ativos (4-hidróxi-ciclofosfamida, aldofosfamida, mostarda de fosforamida, acroleína) e inativos (4-ceto-ciclofosfamida, carboxifosfamida). Acroleína pode ser responsável pela cistite hemorrágica. Menos de 10% são excretados na urina como fármaco íntegro e 85% a 90%, na forma de metabólitos. É moderadamente dialisável (20% a 50%). Prescrição / Cuidados de administração Pode ser administrada por vias intramuscular, intrapleural, intraperitonial, intravenosa intermitente ou em infusão contínua (1-2 h). Deve haver ingestão de 2 litros de líquido por dia. Em infusão de altas doses, deve-se usar MESNA. Via oral Neoplasias ADULTOS: 1-5 mg/kg/dia para dose inicial e dose de manutenção. A dose deve ser ajustada de acordo com a resposta e/ou a taxa de leucopenia. CRIANÇAS: 40-50 mg/kg em doses divididas por 2 a 5 dias. Dose deve ser ajustada de acordo com a resposta e taxa de leucopenia. Síndrome nefrótica CRIANÇAS: 2-3 mg/kg/dia, por 60 a 90 dias. Granulomatose de Wegener: ADULTOS: Inicialmente 2 mg/kg/dia juntamente com 1mg/kg/dia de prednisona. Vasculite cerebral ADULTOS: 1 a 2 mg/kg/dose. Via intravenosa Linfoma não-Hogdkin CRIANÇAS: dose de indução 1000-1200 mg/m2. Dose de manutenção: 600-1000 mg/m2. Lúpus eritematoso sistêmico CRIANÇAS: 500-750 mg/m2, a cada mês. Dose máxima: 1g/m2. Artrite reumatóide juvenil / Vasculites CRIANÇAS: 10 mg/kg a cada 2 semanas. Neoplasias (como agente isolado) ADULTOS: Inicialmente 40 a 50 mg/kg, em doses divididas, por curso de tratamento (1 a 5 dias). Pode ser repetido a intervalos de 2-4 semanas. Dose máxima: 7 g/m2 Outros esquemas terapêuticos: 10 a 15 mg/kg, administrados a cada 7 ou 10 dias ou 2 a 5 mg/kg, administrados 2 vezes na semana. A dose dever ser ajustada, dependendo da resposta obtida e/ou da taxa de leucopenia. Esquema de doses diárias contínuas admite 1-2,5 mg/kg/dia. Vasculite cerebral ADULTOS: 500-1000 mg/m2, uma vez a cada 1 ou 3 meses. Esclerose múltipla ADULTOS: Dose inicial de 400-800 mg/m2 a cada 4 semanas. Transplante de medula ADULTOS: Dose única de 400-1800 mg/m2 por curso de tratamento (1-5 dias) que pode ser repetida com intervalos de 2-4 semanas. Dose máxima: 7g/m2. Dose contínua: 60-120 mg/m2 por dia. Transplante de medula autólogo ADULTOS: IVPB 50 mg/kg/dose por 4 dias ou 60 mg/kg/dose por 2 dias; a dose total é geralmente dividida por 2-4 dias. Formas farmacêuticas Disponíveis no Brasil: Comprimido: 50 mg Comprimido revestido: 50 mg Drágea: 50 mg Pó liofilizado para injetável: 200 mg, 500 mg, 1 g, 2 g Disponíveis no exterior: Comprimidos: 25 mg, 50 mg Pó liofilizado para injetável: 100 mg, 200 mg, 500 mg, 1 g, 2 g Aspectos farmacêuticos Apresenta-se como pó cristalino branco ou quase branco. O peso molecular é de 279.1. É solúvel em água e álcool, levemente solúvel em éter. Solução recentemente preparada a 2% em água tem pH entre 4,0 a 6,0. Liquefaz-se ao perder sua água de cristalização. Manter em recipientes herméticos, a temperaturas de 2 a 30 ºC. Soluções preparadas se deterioram quando estocadas; soluções aquosas podem ser armazenadas por apenas algumas horas à temperatura de 25 ºC. A temperaturas superiores a 30ºC ocorre hidrólise com perda de cloro. Para uso intravenoso, adiciona-se água para injeção nas seguintes proporções: 5 ml ao frasco-ampola de 100 mg; 10 ml ao frasco-ampola de 200 mg; 25 ml ao frasco-ampola de 500 mg; 50 ml ao frasco-ampola de 1,0 g; 100 ml ao frasco de 2,0 g. A solução injetável reconstituída é estável por 24 horas à temperatura ambiente e por 6 dias sob refrigeração (2 a 8 ºC). Reconstituição da ciclofosfamida com água bacteriostática contendo como conservante álcool benzílico pode resultar em decomposição. As soluções reconstituídas podem ser infundidas com cloreto de sódio 0,9%, glicose 5%, glicose 5% e cloreto de sódio 0,9%, glicose 5% e Ringer e Ringer-lactato. As drágeas devem ser armazenadas à temperatura de 25 ºC. CISPLATINA Milena Oliveira Bittencourt Sinonímia DDP; CDDP; cis-DDP; sal de Peyrone; diaminodicloreto de platina. Mecanismo de ação Em solução aquosa, os íons cloreto são lentamente deslocados pela água, gerando complexo carregado positivamenteque reage com sítios nucleofílicos de DNA, RNA ou proteína. Disso resulta formação de ligações covalentes bifuncionais, similares às reações alquilantes; as ligações cruzadas intra- filamentos, em particular com guanina e citosina, mudam a conformação do DNA e inibem sua síntese. Também pode ligar-se a bases, formando pares anormais que determinam desenrolamento do DNA. Cisplatina tem sido classificada como agente alquilante não-específico sobre o ciclo celular. Embora cause imunossupressão, a estimulação da resposta imune do hospedeiro contra o tumor pode contribuir para a sua ação antineoplásica. Também possui propriedades mutagênicas. A cisplatina não tem exibido resistência cruzada com outros agentes alquilantes. Indicações Câncer de bexiga, próstata, ovário, testículo, cabeça e pescoço, pulmão, pulmão de pequenas células, mama, linfomas Hodgkin e não-Hodgkin, neuroblastoma, sarcomas, mieloma, mesotelioma, osteossarcoma. Contra-indicações Insuficiência renal pré-existente; mielossupressão; dificuldades na audição; alergia à cisplatina ou a compostos contendo platina. Precauções Devido à disfunção renal relacionada à idade, os idosos podem requerer redução da dose. Na insuficiência renal, a função deve retornar ao normal antes de administrar outra dose de cisplatina. Nefrotoxicidade tem sido associada a pico plasmático de platina maior que 6 microgramas/mL (obtido 5 minutos após infusão intravenosa de cisplatina). Danos aos túbulos renais podem ser evidentes na segunda semana após a administração da dose. Hidratação adequada e produção urinária devem ser mantidas antes e por 24 horas após a dose para evitar nefrotoxicidade. Efeitos tóxicos cumulativos ocorrem em rins, medula óssea e ouvidos. A ototoxicidade pode ser mais severa em crianças. Monitorar magnésio, cálcio, sódio e fosfato de potássio, creatinina e ácido úrico séricos. Fazer hemograma completo semanalmente e realizar audiometrias periódicas. Embora a maioria da platina no leite materno esteja provavelmente ligada a proteínas, recomenda- se que a mãe não amamente enquanto receber cisplatina. Em geral, o uso de contraceptivo é recomendado durante a terapia com drogas citotóxicas. A cisplatina é embriotóxica e teratogênica em ratos e pode ser tóxica ao trato urogenital do feto humano. Em um caso relatado, o bebê desenvolveu leucopenia profunda com neutropenia transitórios; o desenvolvimento foi normal, exceto pela perda bilateral da audição. Categoria de risco para a gestação D (FDA). Reações adversas > 10% Náusea e vômito (76% a 100%); zumbido e perda da audição (31%); mielossupressão moderada e temporária, incluindo leucopenia (27%), trombocitopenia (16%) e anemia (11%); insuficiência renal crônica ou aguda (18% a 36%); eventos tromboembólicos (12,9%); hiperuricemia; neuropatia periférica (em concentrações acima de 200 mg/m2); reações anafiláticas (incluindo edema facial, dificuldades na respiração, hipotensão e taquicardia). DE 1% A 10% Extravazamento determina dor ou vermelhidão no local da injeção (pode causar tromboflebite e dano ao tecido). < 1% Leucemia, arritmias, bradicardia, visão turva, neurite óptica, hepatotoxicidade, hipocalcemia, hipocalemia, hipomagnesemia (incluindo tetania, fraqueza muscular, tremores, tontura, mudanças na personalidade e parestesias nas mãos e ao redor da boca), hipofosfatemia, perda de cabelo moderada, feridas na boca, papiledema, flebite, síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético (tontura, confusão ou agitação, cansaço ou fraqueza incomum). OUTRAS REAÇÕES ADVERSAS: Insuficiência da medula óssea, hipertensão sistêmica severa, hipotensão ortostática, infarto do miocárdio, angina pectoris, nefropatia, hiponatremia, síndrome uricêmica hemolítica, problemas na espermatogênese e na função das gônadas, neurite retrobulbar, toxicidade retinal, alterações na percepção das cores, estomatite, amilase sérica elevada, perda de sensações gustativas, perda de apetite, soluços, erupção, convulsões, níveis plasmáticos de ferro elevados, anemia hemolítica, pirexia (3 relatos), pancitopenia (1 relato), encefalopatia severa (1 relato), eritema afetando as partes periféricas (1 relato), celulite e fibrose (1 relato), toxicidade vestibular (1 relato). Náusea e vômito iniciam-se nas primeiras 4 horas e duram de 12 a 96 horas. Doses altas e cumulativas podem provocar espasmos musculares. Interações medicamentosas Diminuem o efeito da cisplatina: Ácido tióctico (antagonismo). Drogas que têm seu efeito diminuído: Carbamazepina (absorção reduzida ou eliminação acelerada); fenitoína (metabolismo aumentado); vacinas de microrganismos mortos (supressão dos mecanismos de defesa do paciente); alopurinol, colchicina, probenecida e sulfimpirazona (aumento da concentração de ácido úrico no sangue). Aumentam os efeitos tóxicos da cisplatina: Diuréticos de alça (ototóxicos); docetaxel (neurotóxico); tacrolimus (nefrotóxico); topotecam (mielossupressor); aminoglicosídeos, capreomicina e vancomicina (nefrotóxicos e ototóxicos). A cisplatina pode aumentar o risco de infecção por vacina de microrganismos vivos devido à resposta imune diminuída. O uso concomitante de anti-histamínicos, buclizina, ciclizina, loxapina, meclizina, fenotiazinas, tioxantenos e trimetobenzamida pode mascarar os sintomas de ototoxicidade. Há relatos de casos isolados de alterações nas concentrações séricas de lítio. Há 2 relatos de leucemia após o uso concomitante de doxorrubicina. Considerar os riscos e benefícios. Antieméticos profiláticos devem sempre ser prescritos. Amifostina pode ser usada para reduzir toxicidade renal cumulativa. Pode-se usar tiossulfato de sódio como antídoto em caso de extravazamento. Farmacocinética A ligação a proteínas plasmáticas (albumina, transferrina e gama-globulina) é superior a 90%. Quantidades mínimas chegam ao SNC. Há alta captação em rins, fígado, ovários, útero e pulmões. O volume de distribuição é de 11 a 12 L/m2. A meia-vida na fase alfa é de 20 a 30 minutos e na fase beta, 60 minutos (acima de 240 minutos em pacientes anúricos). Pode ser transformada não enzimaticamente em um ou mais metabólitos. Os metabólitos estão extensamente ligados a proteínas e possuem atividade citotóxica mínima, mas a fração não ligada a proteína (inalterada) é citotóxica. Excreta-se em mais de 90% na urina e em 10% na bile. A depuração renal é igual a 62 mL/min/m2, e a depuração corporal total é de 15 a 16 L/h/m2. A meia-vida de eliminação varia de 16 a 53 horas. A inibição do DNA persiste por vários dias após a administração. A platina pode ser detectada nos tecidos 4 meses ou mais após a dose. A hemodiálise, mesmo quando iniciada 4 horas após superdosagem, parece ter pouco efeito na remoção da platina, devido ao alto grau de ligação a proteínas da cisplatina. Prescrição / Cuidados de administração O alumínio reage com a cisplatina, formando gás e um precipitado negro; portanto, a aparelhagem usada para preparar e administrar cisplatina não deve conter alumínio, incluindo agulhas, seringas, cateteres, equipos de infusão, dentre outros. Diluir a dose em 2 L de dextrose 5% com ½ ou 1/3 de cloreto de sódio 0,9% contendo 37,5 g de manitol; infundir esta solução por 6 a 8 horas, à velocidade de 1mg/minuto. Cisplatina também tem sido administrada por vias intrarterial, intraperitonial e por instilação dentro da bexiga. Via intravenosa Câncer avançado de bexiga 50 a 70 mg/m2, uma vez a cada 3 ou 4 semanas. Iniciar com dose de 50 mg/m2, uma vez a cada 4 semanas para pacientes fortemente pré-tratados. Câncer de ovário 75 a 100 mg/m2, uma vez a cada 4 semanas, em combinação com ciclofosfamida (600 mg/m2 uma vez a cada 4 semanas). Se administrado como agente único, a dose é de 100 mg/m2, uma vez a cada 4 semanas. Para pacientes não tratados anteriormente, a dose é de 75 mg/m2, uma vez a cada 3 semanas, em combinação com paclitaxel (135 mg/m2, uma vez a cada 3 semanas). Câncer metastásicono testículo 10-20 mg/m2/dia, por 5 dias, repetido a cada ciclo em 3-4 semanas. Câncer de cabeça e pescoço 100-120 mg/m2 Ajuste de dose DCE (10 e 50 mL/min): 50% da dose normal DCE (<10 mL/min): não administrar cisplatina. Doses de manutenção devem ser administradas após hemodiálise. Formas farmacêuticas Disponíveis no Brasil: Solução injetável: 0,5 mg/mL, 1 mg/mL Pó liofilizado para injetável: 10 mg, 20 mg, 25 mg, 50 mg, 100 mg Disponíveis no exterior: Injeção: 1 mg/mL Pó para injetável: 10 mg, 50 mg Aspectos farmacêuticos É complexo inorgânico solúvel em água que contém um átomo central de platina cercado por 2 átomos de cloro e 2 moléculas de amônia na posição cis. O isômero cis é 14 vezes mais citotóxico que o isômero trans. O peso molecular corresponde a 300,06. Trata-se de pó amarelo ou de cristais amarelos ou alaranjados, levemente solúvel em água, praticamente insolúvel em álcool e escassamente solúvel em dimetilformamida. A solução reconstituída tem pH de 3,5 a 5,5. Cisplatina aquosa deve ser armazenada entre 15 e 21° C e protegida da luz. Não refrigerar. Está disponível em frascos multidose sem preservativos. Uma vez que o frasco tenha sido penetrado, a cisplatina restante é estável por 28 dias se protegida da luz ou por 7 dias, sob luz ambiente fluorescente. Em condições ambientais de iluminação, a cisplatina sofre processo de degradação, formando tricloroaminoplatinato (TCAP), menos tóxico que cisplatina. pH maior que 4,3 (especialmente 6,3) produz alta perda de cisplatina e formação mais rápida de TCAP. A decomposição da cisplatina em soluções aquosas é principalmente devida à substituição reversível da água pelo cloreto, e sua estabilidade é aumentada em soluções de cloreto de sódio devido ao excesso de íons cloreto disponível. Armazenar o pó liofilizado abaixo de 40° C, preferencialmente entre 15° e 30° C e proteger da luz. Reconstituir adicionando quantidade de água estéril suficiente para se obter solução de 1 mg/mL de cisplatina, clara e incolor. Recomenda-se que a solução de dextrose 5% em cloreto de sódio 0,3% ou 0,45% seja usada no caso de diluição adicional para administração intravenosa ser requerida, assegurando estabilidade. Soluções reconstituídas são estáveis por 20 horas a 27° C. A solução removida deve ser protegida da luz se não for utilizada dentro de 6 horas. Um precipitado se formará se as soluções reconstituídas forem refrigeradas. Se a solução for congelada, ela deve ser descongelada à temperatura ambiente até que o precipitado se dissolva. Este descongelamento não afeta a estabilidade química ou física do produto. Cisplatina é rapidamente degradada na presença de bissulfito ou metabissulfito; a mistura com preparações contendo esses preservativos pode resultar em perda da atividade. Soluções intravenosas compatíveis: cloreto de sódio 0,225%, 0,3%, 0,45% e 0,9%; dextrose 5% em cloreto de sódio 0,225%, 0,45% e 0,9%; dextrose 5% em cloreto de sódio 0,33% com cloreto de potássio 20 mEq/L e manitol 1,875%; dextrose 5% em cloreto de sódio 0,33% e 0,45% com manitol 1,875%; dextrose 5% em água (75 e 100 mg/mL de cisplatina). Soluções intravenosas incompatíveis: Bicarbonato de sódio, cloreto de sódio 0,1%, dextrose 5% em água (300 mg/mL de cisplatina). Drogas compatíveis: Alopurinol, aztreonam, sulfato de bleomicina, carboplatina, carmustina, ciclofosfamida, cimetidina, citarabina, cladribina, clorpromazina, fosfato de dexametasona, difenidramina, doxorrubicina, droperidol, doxapram, etoposido, famotidina, filgrastim, floxuridina, fosfato de fludarabina, fluorouracil (50 mg/mL fluorouracil+1 mg/mL cisplatina), furosemida, ganciclovir, gencitabina, granisetron, heparina, hidromorfona, hidroxizine, ifosfamida, leucovorina, lorazepam, sulfato de magnésio, manitol, melfalan, succinato de metilprednisolona, metoclopramida, metotrexato, mitomicina, sulfato de morfina, ondansetron, paclitaxel (300 mg/L paclitaxel+200 mg/L cisplatina; 1,2 mg/mL paclitaxel+1 mg/mL cisplatina 1:1), cloreto de potássio, edisilato de proclorperazina, prometazina, propofol, ranitidina, sargramostim, sulfato de vimblastina, sulfato de vincristina, tartarato de vinorelbina, teniposido. Drogas incompatíveis: Alumínio, amifostina, anfotericina B, cefepima, fluorouracil (1 g/mL fluorouracil+200 mg/L cisplatina; 10 g/L fluorouracil+500 mg/L cisplatina), nitrato de gálio, mesna, paclitaxel (1,2 g/L paclitaxel+200 mg/L cisplatina), piperacilina/tazobactam, solução de nutrição parenteral total, tiotepa. O cloreto de sódio 9 mg/mL é usado como veículo das soluções injetáveis. Além do pó de cisplatina, no frasco ainda há manitol e cloreto de sódio; ácido hidroclórico também está presente para ajustar o pH. CITARABINA Aline Matias de Freitas Sinonímia Arabinosilcitosina, Ara-C, Arabinosina citosina Mecanismo de ação Está disponível em formulação convencional e lipossomal. É análogo das purinas, especificamente da desoxicitidina. Entra na célula em processo mediado por carreador, sendo então convertida no composto ativo: trifosfato de aracitidina. Compete com o substrato normal (trifosfato de desoxicitidina - dCTP) pela enzima DNA polimerase, inibindo-a, o que resulta em diminuição da síntese de DNA. Atua especificamente em fase S do ciclo celular. O grau de citotoxicidade relaciona-se linearmente com a incorporação ao DNA que é, pois, é responsável pela atividade e toxicidade do fármaco. Duas propriedades importantes da citarabina são: 1) efeito relativamente sinergístico com outras classes de antineoplásicos, incluindo agentes alquilantes, tiopurinas e antraciclinas;2) efetividade clínica significantemente afetada pelo esquema de administração. Indicações Citarabina convencional Tratamento de leucemia não-linfocítica aguda e leucemia mielocítica crônica (fase blástica). Indicado com ressalvas na leucemia linfocítica aguda. Prevenção e tratamento de leucemia meníngea. Tratamento de linfomas não-Hodgkin em crianças. Citarabina lipossomal Tratamento de meningite linfomatosa. Contra-indicações Hipersensibilidade ao fármaco ou a outro componente da formulação. Infecção meníngea ativa (citarabina lipossomal). Precauções Citarabina convencional Usar com cuidado em gestantes, nutrizes e lactentes, imunodeprimidos, insuficientes hepáticos e renais. Monitorar a tolerância ao fármaco. Alertar o paciente sobre a toxicidade do fármaco. A contagem de células brancas e plaquetas deve ser feita regularmente, e a terapia deve ser interrompida imediatamente se os valores diminuírem rapidamente. Em casos de supressão marcante da medula óssea é necessária a redução da dose, diminuindo-se o número de dias de administração. Evitar produtos que contenham ácido acetilsalicílico e álcool. Evitar vacinações durante o tratamento. É indicado o uso de citarabina convencional em crianças. Tem categoria de risco gestacional D (FDA). Citarabina lipossomal Administrar apenas sob supervisão de médico com experiência no uso de agentes quimioterápicos. Araquinoidite química (náusea, vômito, cefaléia e febre) tem sido relatada em todos os estudos. Se não tratada, pode ser fatal. A incidência e a gravidade desta manifestação pode ser reduzida pela co- administração de dexametasona. Segurança e eficácia de citarabina lipossomal em pacientes pediátricos não foram estabelecidas. Reações adversas Citarabina convencional > 10% Conjuntivite, ceratite córnea. Convulsões (via intratecal). Síndrome cerebelar ou toxicidade cerebelar (ataxia, disartria, disdiadocinesia) relacionadas a dose, reversíveis ou não. Ulceração oral e anal, erupção cutânea, náusea, vômitos (dependente de dose), diarréia, mucosite, hemorragia, mielossupressão (granulocitopenia, anemia), disfunção hepática, hiperbilirrubinemia, icterícia, aumento agudo das transaminases, tromboflebite, edema pulmonar, pericardite, tamponamento. Potencial emetogênico: Dose < 500 mg: moderadamente baixo (10 a 30%) Dose entre 500 e 1500 mg: moderadamentealto (60 a 90%) Dose > 1500 mg: alto (>90%) Mielossupressão: Início: 4-7 dias Nadir: 14-18 dias Recuperação: 21-28 dias DE 1% A 10% Cardiomegalia, cefaléia, sonolência, confusão, neurite, prurido, alopécia, celulite no local da injeção, retenção urinária, mialgia, dor óssea, neuropatia periférica, síndrome da aflição respiratória aguda progredindo para edema pulmonar, pneumonia, sepsis, pancreatite, febre, síndrome mão-pé. Citarabina lipossomal: Araquinoidite química é o efeito adverso mais comum. Pode incluir dor no pescoço, rigidez na nuca, cefaléia, febre, náusea, vômito e dor nas costas. > 10% Cefaléia (28%), confusão (14%), sonolência (12%), febre (11%), dor (11%), vômito (12%), náusea (11%). DE 1% A 10% Edema periférico (7%), constipação (7%), incontinência (3%), neutropenia (9%), trombocitopenia (8%), anemia (1%), dor nas costas (7%), fraqueza (9%), andadura anormal (4%). < 1% Anafilaxia, dor no pescoço. Interações medicamentosas Citarabina convencional Diminui efeito de: digoxina(absorção), gentamicina, flucitosina. Aumenta efeito de: radiação, agentes alquilantes, análogos de purina, metotrexato. É usada em associação com daunorrubicina, dexametasona, ifosfamida e cisplatina. Citarabina lipossomal A limitada exposição sistêmica minimiza o potencial para interação com outros medicamentos. Farmacocinética Citarabina convencional A via oral não é usada, devido à presença de enzima inativadora no trato gastrintestinal. Após administração intravenosa, a concentração plasmática cai rapidamente. Utilizando via subcutânea, o pico é atingido em 20 a 60 minutos. Aproximadamente 15% da dose se ligam a proteínas plasmáticas. É rápida e amplamente distribuída aos tecidos. Atravessa a barreira hematoencefálica após administração intravenosa rápida; as concentrações cerebrospinais correspondem a 40-50% da concentração plasmática após infusão intravenosa contínua. Biotransformação acontece em plasma, fígado e outros tecidos. A meia vida alfa dura 10-20 minutos e a terminal varia de 1 a 3 horas (cerca de 2 horas após administração intratecal). Excreta-se na urina como metabólitos inativos (80%) dentro de 36 horas. Cerca de 10% são excretados na forma não modificada. Citarabina lipossomal Administra-se por via intratecal, atingindo nível máximo em 5 horas. Metaboliza-se no plasma a ara-U (inativo). Sua meia-vida terminal varia de 100 a 263 horas, para doses entre 12,5 mg e 75 mg. Elimina-se primariamente na urina, como metabólito (ara-U). Prescrição / Cuidados de administração Citarabina convencional Via intravenosa Administrações em injeção, em bolo e em infusão contínua determinam variações de toxicidade. Injeção em bolo é mais bem tolerada, mas se caracteriza por determinar toxicidade gastrintestinal e neural. Infusão contínua gera mielossupressão. Leucemia não linfocítica aguda em combinação com outros antineoplásicos ADULTOS E CRIANÇAS: 100 mg/m2/dia, por infusão contínua ou por injeção a cada 12 horas, durante 5-7 dias. O curso de tratamento pode ser repetido a cada 2 semanas. Leucemias e linfomas refratários ADULTOS: 1 a 3 g/m2, a cada 12 horas, em infusão contínua de 3 horas, durante 2 a 6 dias. Linfoma não-Hodgkin CRIANÇAS: Dose de indução: 75 mg/m2 Dose de consolidação:100 a 150 mg/m2 Dose de manutenção:150 mg/m2 Transplante de medula óssea 1,5 g/m2, por infusão contínua, por 48 horas. Vias subcutânea e intramuscular Leucemia mielóide aguda ( tratamento paliativo) IDOSOS: 10-20 mg/m2/dia Linfoma não-Hodgkin CRIANÇAS: Dose de consolidação:100 mg/m2 Dose de manutenção:1-1,5 mg/kg, em dose única, a intervalos de 1 a 4 semanas. Via intratecal Leucemia meníngea ADULTOS E CRIANÇAS: 5 a 75 mg/m2 uma vez ao dia por 4 dias para uma vez a cada 4 dias. A dose mais comum tem sido de 30 mg/m2 a cada 4 dias até a normalização do fluido cerebrospinal seguido por um tratamento adicional. Linfoma não-Hodgkin CRIANÇAS: Dose de indução:15-70 mg/ m2 Dose de consolidação:15-30 mg/ m2 Ajuste de dose Em pacientes com nefrotoxicidade: 2-3 g/m2, uma vez ao dia. Recomenda-se que a dose seja reduzida em pacientes com insuficiência hepática. Em diálise peritoneal e hemodiálise nenhuma suplementação é necessária. Citarabina lipossomal Via intratecal Meningite linfomatosa ADULTOS: Indução: 50 mg, administrados em duas doses, com intervalo de 14 dias (semanas 1 e 3). Consolidação: 50 mg, administrados em três doses, com intervalos de 14 dias (semanas 5, 7 e 9), seguidos por dose adicional na semana 13. Manutenção: 50 mg, administrados a cada 28 dias, totalizando 4 doses (semanas 17, 21, 25 e 29). Se o paciente desenvolver neurotoxicidade, reduzir a dose para 25 mg. Se persistir, descontinuar o tratamento. Formas farmacêuticas Disponíveis no Brasil: Citarabina convencional: Solução injetável: 20 mg/mL, 50 mg/mL, 100 mg/mL Pó para injetável: 100 mg, 500 mg, 1 g, 2 g Disponíveis no exterior: Citarabina convencional: Injetável: 20 mg/mL, 100 mg/mL Pó para injetável: 100 mg, 500 mg, 1 g, 2 g Citarabina lipossomal: Injetável: 10 mg/mL Aspectos farmacêuticos Apresenta-se como pó cristalino branco ou quase branco e inodoro. Solúvel em água, levemente solúvel em álcool e clorofórmio. Deve ser estocado em temperaturas abaixo de 40ºC, preferencialmente entre 15-30ºC, ao abrigo da luz. As soluções reconstituídas são estáveis à temperatura ambiente por 48 horas. Descartam-se soluções que apresentem leve turbidez. Soluções para infusão que contêm até 0,5 mg/mL são estáveis à temperatura ambiente durante 7 dias. A solução para uso por vias intravenosa ou subcutânea pode ser preparada pela adição de 5 mL de água para injeção bacteriostática, resultando em solução com concentração de 20 mg/mL e pH de aproximadamente 5,0. A solução para uso intratecal pode ser preparada pela adição de 5 mL de diluentes isotônicos tamponados (sem conservante), tais como solução B de Elliot, solução injetável de Ringer- lactato ou líquido cefalorraquidiano do paciente ao frasco-ampola contendo 100 mg de citarabina. O volume administrado deve corresponder ao mesmo volume de líquido cefalorraquidiano eliminado. Apesar de se descreverem incompatibilidades com soluções de fluoruracila e metotrexato, alguns estudos reportam ser ela estável por algumas horas quando misturada com o últimos. Estocar citarabina liposomal em ambiente refrigerado entre 2 a 8ºC, proteger do congelamento e evitar agitação agressiva. CLORAMBUCILA Ana Paula Barroso Hofer Sinonímia Cloraminofeno Mecanismo de ação É agente alquilante, derivado da mostarda nitrogenada. Dissocia grupos alquila (carregados positivamente e eletrofílicos), capazes de atacar sítios ricos em elétrons (carregados negativamente) na maioria das moléculas biológicas. Assim, forma pontes moleculares, adicionando o grupo alquila a átomos de oxigênio, nitrogênio, fósforo ou enxofre de ácidos nucléicos e proteínas. Seu efeito citotóxico relaciona- se a alterações em estrutura e função de DNA, inibindo ou alterando sua replicação, o que resulta em mutação ou morte celular. É agente fase-inespecífico do ciclo celular. Indicações Tratamento paliativo de leucemia linfocítica crônica, linfomas Hodgkin e não- Hodgkin, macroglobulinemia de Waldenström, carcinomas de mama, ovário e testículo, coriocarcinoma. Como imunossupressor: síndrome nefrótica, uveite e meningoencefalite associados com Doença de Behcet, trombocitemia, policitemia vera, síndrome hipereosinofílica, dermatomiosite, sarcoidose e artrite reumatóide. Contra-indicações Hipersensibilidade ao clorambucil ou a outro agente alquilante. Resistência prévia ao clorambucil. Precauções É necessário cuidado na manipulação do agente antineoplásico, bem como das excretas dos pacientes submetidos a ele. Cautela em pacientes com distúrbios convulsivos e supressão da medula óssea. Recomenda-se monitoração periódica dos níveis de hemoglobina,
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