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Desafios diante as epidemias

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Os desafios diante 
das epidemias
01
F e v – 2 0 1 8
01
Edição
Mosquito invencível?
Urbanização desordenada e desequilíbrio ambiental 
contribuem para a persistência do Aedes aegypti.
Cidadania e saúde 
Saúde pública começa em casa e todos devem ser 
protagonistas do combate às endemias.
Um médico contra todos 
Oswaldo Cruz e a sua importante contribuição 
para os avanços brasileiros em imunização. 
Por que, mesmo com os avanços da ciência 
e da tecnologia, as doenças infecciosas 
ainda assolam e assustam a população?
Editorial
Nesta edição
E x p e d i e n t e
Os desafi os diante das epidemias
Globalização. Fenômeno recorrente e responsável por tantas mudanças significativas no mundo, seja na economia, no turismo ou nas comunicações. A facilidade de locomoção, provocada por esse 
fenômeno, é responsável também por mudanças drásticas na saúde pública. 
Doenças que, antigamente, eram restritas a certas localidades espalham-
se com velocidade ao redor do mundo. É por isso que a contenção dessas 
patologias se torna cada vez mais importante e séria. 
Não à toa, o número de países que exigem o certificado internacional de 
vacina ou profilaxia tem aumentado. Um exemplo recente é o da febre amarela, 
cuja vacina já é exigida por 135 países, incluindo o Brasil – que teve o estado 
de São Paulo inserido na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) como 
área de risco de contágio, em janeiro deste ano.
Além da febre amarela, recentes epidemias assustaram e assolaram parte 
da população mundial. Foi o que ocorreu com a gripe A (H1N1), em 2009, com 
o ebola, em 2013, e com a zica, em 2015 – doenças virais, de fácil transmissão 
e alto índice de mortes ou de sequelas nos atingidos, a exemplo dos casos de 
microcefalia em crianças do Brasil.
A palavra de ordem, que deveria ser “prevenção”, muitas vezes é substituída 
por “medo”, o que, rotineiramente, atrapalha as medidas de contenção das 
doenças. Nesse contexto, esta edição traz reflexões acerca dos principais 
surtos e epidemias recentes no Brasil, ressaltando as contribuições científicas e 
individuais para afastar as moléstias.
Na seção “Contexto”, teremos acesso a um panorama dos perigos que um 
mosquito pode trazer à nossa saúde. Em “Entrelinhas”, conheça as divergências 
e exigências que existem em torno das vacinas, consideradas fundamentais para 
conter as epidemias e, por outro lado, tidas como arriscadas por quem se diz 
antivacina. Já a entrevista deste mês apresenta a carreira de Ciências Biológicas, 
uma área ampla que permite, ao profissional, descobertas e contribuições nas 
áreas de meio ambiente, educação, saúde e relações sociais. O “Parêntese” 
analisa os aspectos individuais para a prevenção de doenças, uma vez que 
é dever de todos cuidar da saúde pública. No “Extra”, uma carta curiosa fala 
sobre a contribuição do médico Oswaldo Cruz no desenvolvimento de vacinas 
e no combate a enfermidades no início do século XX, no Brasil. Tenha uma 
excelente leitura!
Equipe Leia Agora
Direção geral
Nicolau Arbex Sarkis
Gerente editorial
Emilia Noriko Ohno
Coord. de projetos editoriais
Diego da Mata
Marília L. dos Santos G. Ribeiro
Viviane Rodrigues Nepomuceno
Edição / Texto
Anaiza Castellani Selingardi
Bruno Freitas
Cláudio Leyria
Edilene Faria
Érica M. Bettoni Hayashibara
Thaís Inocêncio
Projeto gráfico
Willyam Gonçalves
Revisão
Kemi Tanisho
Diagramação
Willyam Gonçalves
Licenciamento
Jade Cristina Bernardino
7 NA TRILHA DA IMUNIZAÇÃO
ENTRELINHAS
Afinal, qual seria o melhor caminho para imunizar contra doenças 
epidêmicas e garantir a saúde da população?
9 EPIDEMIAS: SURPRESAS OU TRAGÉDIAS ANUNCIADAS?CONTEXTO
Evitar a proliferação do Aedes aegypti é necessidade antiga na sociedade.
Então, como ele é um dos vilões mais temidos atualmente?
12 CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ENTREVISTA
Uma área versátil e com desafios que 
englobam questões do meio ambiente à saúde.
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Brasil
Ciência
Educação
Saúde
Internacional
Esporte
Começam inscrições para Prêmio 
Jovem Cientista 
Começam hoje (29) as inscrições para a 29ª edição 
do Prêmio Jovem Cientista, aberto a estudantes do 
Ensino Médio e Superior e a mestres e doutores 
que contribuam para trazer soluções inovadoras aos 
desafios do Brasil. O tema deste ano é “Inovações 
para a conservação da natureza e transformação 
social”. O Prêmio Jovem Cientista visa incentivar a 
pesquisa científica no país e foi instituído em 1981. 
As inscrições serão encerradas no dia 31 de julho, 
junto com a entrega dos trabalhos.
29 jan. 2018 – Agência Brasil
Sérgio Cabral é denunciado pela 
21ª vez na Lava Jato
O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro 
apresentou mais uma denúncia envolvendo o ex-
-governador Sérgio Cabral. Esta é a 21ª denúncia 
contra Cabral: uma foi apresentada pela força-tarefa 
da Operação Lava Jato em Curitiba, e as outras 20 
pelo MPF no Rio. O ex-governador já tem quatro 
condenações pela Justiça Federal. A nova denúncia 
apresentada pelo MPF é relativa a lavagem de 
dinheiro e é um desdobramento das operações 
Calicute, Mascate e Eficiência. 
30 jan. 2018 – Agência Brasil
Surfe, skate e karatê são apostas do 
governo para os Jogos Olímpicos de 
Verão
O Brasil aposta no surfe, no skate e no karatê para 
se destacar nos Jogos Olímpicos de Verão de 2020, 
em Tóquio, no Japão. Junto com o beisebol e a esca-
lada esportiva, essas modalidades serão a novidade 
na edição da olimpíada daqui a 2 anos. Os brasileiros 
também têm chance de medalhas no Jogos Olímpi-
cos de Inverno, que ocorrem entre 9 e 25 de fevereiro, 
na Coreia do Sul. Por causa das condições climáticas, 
a pequena delegação brasileira de apenas nove inte-
grantes treina no exterior com o auxílio do Bolsa Atleta.
30 jan. 2018 – Agência Brasil
Lula é condenado por unanimidade 
por corrupção e lavagem de dinheiro
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) 
condenou por unanimidade o ex-presidente Luiz Inácio 
Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro. Os 
desembargadores João Pedro Gebran Neto, relator 
do processo; Leandro Paulsen, revisor; e Victor Luiz 
dos Santos Laus mantiveram a condenação em 
primeira instância, proferida pelo juiz Sérgio Moro, mas 
decidiram aumentar a pena para 12 anos e 1 mês em 
regime fechado. O relator do caso, desembargador 
João Pedro Gebran Neto, aumentou a pena do 
ex-presidente Lula para 12 anos e 1 mês de prisão em 
regime fechado, além de 280 dias-multa.
24 jan. 2018 – O Globo
Conflitos e desastres naturais deixam 
59 milhões de jovens analfabetos
Cerca de 59 milhões de jovens estão ficando 
analfabetos em países que enfrentam conflitos ou 
grandes impactos de desastres naturais ao redor 
do mundo. O levantamento foi feito pelo Fundo das 
Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e envolve 
jovens de 15 a 24 anos. Segundo a diretora-
-executiva do UNICEF, Henrietta Fore, “os números 
são um lembrete do impacto trágico dessas crises na 
educação das crianças”. A situação é mais complicada 
para as meninas e mulheres jovens, já que 33% delas 
não conseguem ter acesso ao básico do ensino.
1 fev. 2018 – Agência Brasil
Moro determina leilão público de 
triplex atribuído a ex-presidente
O juiz federal Sérgio Moro determinou a venda, em 
leilão público, do triplex do Guarujá (litoral paulista), 
que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), 
pertenceria ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da 
Silva. A decisão foi tomada após o imóvel ter sido 
penhorado a pedido da 2ª Vara de Execução de 
Títulos Extrajudiciais da Justiça Distrital de Brasília, 
em processo da empresa Macife contra a OAS. O 
juiz determina que os valores a serem obtidos com o 
leilão do triplex sejam revertidos à Petrobras.
30 jan. 2018 – Agência Brasil
Sem passaporte, Lula cancela viagem à Etiópia, 
onde falaria em série de eventos sobre corrupção
Leia em: <www.bbc.com/portuguese/brasil-42827689>.
Vale lembrar!
Estados Unidos voltam a permitir 
entrada de refugiados de 11 paísesOs Estados Unidos voltaram a autorizar, nesta segun-
da-feira (29), a entrada de refugiados de 11 países, 
94 dias depois da suspensão, e ampliaram as medidas 
de segurança do programa que fiscaliza a entrada des-
ses imigrantes no território americano.Mas o governo 
Trump anunciou que eles passarão por avaliações mais 
rígidas, baseadas no risco do local de origem.
29 jan. 2018 – G1
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*Todas as notícias foram adaptadas e todos os sites foram acessados em 2 fev. 2018.
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Produção de vacina contra febre amarela deveria 
ser dez vezes maior
Leia em: <https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/
estado/2018/01/30/producao-de-vacina-contra-febre-amarela-
deveria-ser-dez-vezes-maior.htm>.
Vale lembrar!
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Leia em:
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Leia em:
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Número de mortes por febre amarela 
no estado do Rio chega a 13
Mais uma pessoa morreu de febre amarela no mu-
nicípio de Rio das Flores, elevando para 13 o número 
de óbitos causados pela doença este ano no estado 
do Rio de Janeiro. A informação consta do boletim 
epidemiológico divulgado na noite desta quinta-feira 
(1º) pela Secretaria de Estado de Saúde. As mortes 
ocorreram em oito municípios: Valença (4); Teresópolis 
(2); Rio das Flores (2); Nova Friburgo (1); Miguel Pereira 
(1); Cantagalo (1); Paraíba do Sul (1) e Sumidouro (1). 
Os dados levam em consideração o local de provável 
infecção. Em 2018, 34 pessoas já contraíram a doença 
no estado.
1 fev. 2018 – Agência Brasil
É “inadmissível” agredir a Justiça, 
diz Cármen Lúcia
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), 
Cármen Lúcia, abriu nesta quinta-feira (1º) os trabalhos 
do Judiciário em 2018 com um discurso em defesa 
da Justiça. Ela disse ser “inadmissível e inaceitável” 
atacar a instituição e ressaltou que uma pessoa pode 
até discordar de uma decisão judicial, mas deve fazer 
a reclamação dentro dos “meios legais”. Para ela, 
“justiça individual” é vingança. Em sua fala, Cármen 
Lúcia também enalteceu o papel da Constituição, 
das leis e da Justiça em momentos de crise. Ela 
disse esperar que os cidadãos saibam conviver com 
responsabilidade e zelar pela liberdade. 
1 fev. 2018 – G1
Nascem os primeiros primatas 
clonados
Pela primeira vez na história, cientistas criaram clones 
de macaco por meio da mesma técnica que deu 
origem à famosa ovelha Dolly, em 1996. Zhong Zhong 
e Hua Hua, nascidos na China, são bebês idênticos e 
saudáveis da espécie Macaca fascicularis. O método 
de clonagem aplicado já foi usado para criar cópias 
de várias outras espécies de mamíferos – como cães, 
gatos, bois e ratos.
24 jan. 2018 – Superinteressante
Brasil
Ciência
Educação
Saúde
Internacional
Esporte
Antecedência
• A vacina contra a febre amarela deve ser aplicada pelo menos dez dias antes de qualquer 
viagem para locais onde há recomendação de imunização. O tempo é necessário para o 
organismo produzir os anticorpos contra a doença.
Imunes
• Quem já tiver recebido uma dose ao longo da vida não precisa procurar novamente os 
postos de saúde.
Áreas de risco
• Ao todo, 20 estados e o Distrito Federal fazem parte da chamada Área com 
Recomendação de Vacinação. Os estados são: AC, AM, AP, PA, RO, RR, TO, GO, MS, MT, 
BA, MA, PI, MG, SP, RJ, ES, PR, RS e SC.
Ciclo silvestre
• Os casos de febre amarela registrados no país permanecem no ciclo silvestre da doença – quando 
a enfermidade é transmitida apenas por mosquitos encontrados em regiões de mata, dos gêneros 
Haemagogus e Sabethes. O último caso de febre amarela urbana foi registrado no Brasil em 1942.
Diagnóstico 
• Somente um médico é capaz de diagnosticar e tratar corretamente a doença.
Doses
• De acordo com o Governo Federal, desde 2017 até o momento, foram encaminhadas cerca 
de 57,4 milhões de doses da vacina para todo o país, sendo 48,4 milhões de doses apenas 
para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, onde a 
estratégia de vacinação está sendo intensificada.
Fonte: Agência Brasil e Ministério da Saúde
A luta 
contra a 
febre 
amarela
Febre amarela: informações importantes
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Brazil launches world’s largest campaign 
with fractional-dose yellow fever vaccine
Brazil today launched a mass immunization campaign that will deliver fractional doses of yellow fever vaccine to 
residents of 69 municipalities in the states of Rio de Janeiro and São Paulo. The strategic plan for the campaign was 
developed with support from the Pan American Health Organization (PAHO) and the World Health Organization (WHO). 
It will be the world’s largest vaccination campaign, to date, using fractional doses of yellow fever vaccine.
25 jan. 2018 – Pan American Health Organization
Bill Gates invertirá 40 millones dedólares 
para desarrollar una “súper vaca”
De genio de la informática a filántropo, Bill Gates tiene ahora un ambicioso proyecto por delante, con el 
objetivo de ayudar a los más necesitados: crear una “súper vaca”. Con más salud que cualquier otra de su 
especie, sería capaz de soportar el calor extremo de Africa y de producir más leche que las europeas.
30 jan. 2018 – Clarín
BUENOS AIRES
Clarín
WASHINGTON, D.C.
Pan American Health Organization
Todas as notícias foram adaptadas e todos os sites foram acessados em 2 fev. 2018.
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Na exposição principal do Museu do Amanhã, os efeitos das ações 
humanas sobre o planeta Terra têm lugar de destaque, o que é chamado 
de “antropoceno”, termo formulado pelo cientista Paul Crutzen, Prêmio 
Nobel de Química de 1995. Esse é o tema da exposição “Ameaçados 
– Planeta em Transformação”. A mostra reúne 30 imagens do fotógrafo 
brasileiro Érico Hiller, que há dez anos percorre o mundo registrando 
as transformações no meio ambiente resultantes das modifi cações 
climáticas. A exposição fi ca em cartaz até abril. O Museu do Amanhã fi ca 
na Praça Mauá, no centro da cidade do Rio de Janeiro.
24 jan. 2018 – Agência Brasil
// IMAGEM EM FOCO
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ENTRELINHAS
Na trilha da imunização
Surtos de doenças e o crescente movimento antivacina levantam dúvidas sobre 
o melhor caminho para imunizar e garantir a saúde da população
Nos últimos 12 meses, cerca de oito mil pessoas 
contraíram sarampo na Europa, uma doença que pode 
ser prevenida com vacina e que, em muitas regiões 
daquele continente, já estava erradicada. [...] Grande 
parte desses casos, para as autoridades, cai na conta 
do movimento antivacina, grupo crescente de pais 
que decide não vacinar seus filhos, seja por crenças 
filosóficas, religiosas, medo dos efeitos colaterais ou 
porque são contra a indústria da imunização. No Brasil, 
o movimento é tímido, mas a onda global é o suficiente 
para fazer os médicos daqui se mostrarem vigilantes 
e dedicarem mais tempo para convencer aqueles que 
são avessos à vacinação — em geral jovens e com alta 
escolaridade.
Algumas pessoas relatam sangue nas fezes do 
bebê depois de ele receber a imunização contra o 
rotavírus humano, por exemplo. [...] Outras vacinas, 
como a tríplice viral — que protege contra sarampo, 
caxumba e rubéola —, também são alvo de integrantes 
do movimento antivacina, que acreditam que ela pode 
levar a problemas neurológicos e até ao transtorno do 
espectro autista.
https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/movimento-de-pais-
contra-vacinacao-cresce-no-mundo-21620399
Leia na íntegra em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/
saude/movimento-de-pais-contra-vacinacao-cresce-no-
mundo-21620399>.
A vacinação é uma das medidas mais importantes de 
prevenção contra doenças. É muito melhor e mais fácil 
prevenir uma enfermidade do que tratá-la, e é isso que 
as vacinas fazem.
A vacinação não apenas protege aqueles que recebem 
a vacina, mas também ajuda a comunidade como um 
todo. Quanto mais pessoas de uma comunidade ficarem 
protegidas, menor é a chance de que qualquer uma 
delas – vacinada ou não – seja contaminada.
www.brasil.gov.br/saude/2014/10/vacinas-sao-armas-eficazes-para-
prevenir-doencas
Leia na íntegra em: <www.brasil.gov.br/saude/2014/10/
vacinas-sao-armas-eficazes-para-prevenir-doencas>.
As vacinas são substâncias biológicas introduzidas 
nos corpos das pessoas a fim de protegê-las de 
doenças. Na prática, elas ativam o sistema imunológico, 
“ensinando” nosso organismo a reconhecer e combater 
vírus e bactérias em futuras infecções.
[...]
Há um risco, baixíssimo, em torno das substâncias 
feitas de microrganismos inativos. Indivíduos com 
imunodeficiência (incapacidade de estabelecer uma 
imunidade efetiva) estão sujeitos a esse problema. Há 
casos raros em que os vírus atenuados provocam a 
enfermidade.
[...]
Por prevenção, é recomendado que crianças sejam 
vacinadas logo cedo – assim que o sistema imune estiver 
desenvolvido o suficiente para responder a substâncias 
particulares.
www.nexojornal.com.br/explicado/2016/07/22/Vacinas-as-origens-
a-import%C3%A2ncia-e-os-novos-debates-sobre-seu-uso
Leia na íntegra em: <www.nexojornal.com.br/explicado/2016/
07/22/Vacinas-as-origens-a-import%C3%A2ncia-e-os-
novos-debates-sobre-seu-uso>.
A vacinação é uma das medidas mais importantes de A vacinação é uma das medidas mais importantes de 
TEXTO02
Nos últimos 12 meses, cerca de oito mil pessoas Nos últimos 12 meses, cerca de oito mil pessoas 
TEXTO03
As vacinas são substâncias biológicas introduzidas As vacinas são substâncias biológicas introduzidas 
TEXTO01
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ENTRELINHAS
A N Á L I S E
Com o recente surto de febre amarela, o assunto “vacinação” voltou à tona com bastante força. Acompanhamos casos 
de alastramento da doença e campanhas osten-
sivas pela vacinação de populações em áreas 
consideradas de risco. Em consonância com o 
atual cenário da saúde pública brasileira, o Leia 
Agora não poderia deixar de abordar esse tema 
tão importante.
Para dar início à nossa análise, o Texto 1 é um 
trecho de uma reportagem com caráter informativo. 
No excerto selecionado, explica-se, objetivamente, 
o mecanismo de funcionamento das vacinas no or-
ganismo, os possíveis riscos da administração delas 
e a mais comum recomendação de imunização. 
A reportagem, na íntegra, traça a história do desen-
volvimento das vacinas, constatando que há muito 
estudo antes que uma delas comece a ser 
fabricada e ainda mais testes antes que seja 
efetivamente aplicada na população.
O Texto 2 provém do site do Governo Federal 
e discorre sobre a importância da vacinação das 
pessoas, defendendo que é muito mais fácil conter 
uma patologia ao tornar as pessoas imunes a ela 
do que controlar surtos da própria doença. Além 
disso, o artigo chama a atenção para o fato de que 
se vacinar não é apenas proteger a si mesmo, mas 
proteger também aquelas pessoas que não podem 
se vacinar.
Já o Texto 3 revela que um movimento 
antivacina, mais forte na Europa, mas também 
presente no Brasil, vem ganhando força no discurso 
da não imunização de bebês e crianças. Essa 
corrente se apoia em justificativas religiosas ou 
filosóficas e questionamentos quanto à seguridade 
e real necessidade das vacinas. Integralmente, a 
reportagem elenca alguns dos efeitos adversos 
relatados por responsáveis de crianças que tomaram 
certas vacinas, o medo de que elas desencadeiem 
diversas enfermidades e os métodos alternativos 
que alguns utilizam para não precisar submeter os 
pequenos à vacinação.
Para analisar textos de natureza informativa e 
formar uma opinião embasada a respeito do assunto, 
o mais importante é buscar fontes variadas e 
questionar as visões que nos são expostas. Ademais, 
no caso em questão nesta análise, é importante 
levar em conta que os assuntos de saúde pública 
vão além do cidadão como indivíduo independente e 
adentram o campo do indivíduo como parte de uma 
sociedade. 
Considerando esses fatores, muitas reflexões 
sobre vacinação podem ser levantadas. A decisão 
por não se imunizar (ou não imunizar os filhos), por 
exemplo, leva em consideração o risco oferecido 
à saúde de pessoas imunodeprimidas, gestantes, 
idosos e demais casos em que a vacinação pode 
não ser recomendada?
Por outro lado, embora não tão comumente, 
os efeitos colaterais das vacinas podem ser 
graves e levar até mesmo à morte. Se isso já é de 
conhecimento geral, seriam necessários esforços 
para aperfeiçoar os métodos de imunização da 
população? Existiriam outras possibilidades mais 
seguras a serem aplicadas e/ou desenvolvidas?
Sobre o caso mais recente de alerta no país, o 
da febre amarela, a vacina contra essa doença não 
é rotineiramente aplicada; ao contrário, espera-se os 
momentos de surtos para dá-la à população de áreas 
afetadas e, depois, de áreas de risco. Entretanto, 
é preciso considerar que essa doença não está 
erradicada no país.Aproveite o contexto que estamos vivendo 
e as reflexões aqui propostas para procurar novas 
fontes de informação e conhecimento e construir 
uma base sólida para sua argumentação, exercitando 
sempre seu pensamento crítico e sua função como 
cidadão responsável e agente de transformação. 
Sendo assim, que tal agora elaborar sua própria 
dissertação acerca do tema “A questão da vacinação 
no Brasil: como garantir imunização segura e saúde 
à população?”. Para contribuir com seu texto, vale 
relembrar a Revolta da Vacina; analisar os métodos 
que foram e que são utilizados para imunização e 
ponderar sobre sua obrigatoriedade; aprofundar-se 
nos estudos de caso, usando exemplos de outros 
países para tecer comparativos. Bom trabalho com 
suas produções textuais!
Editorial Re
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Imunodeprimido: indivíduo que que não apresenta respostas 
imunitárias normais, seja por doença ou por tratamento a que 
está submetido.
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os últimos anos, muito tem se falado sobre 
as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. 
Trata-se de um pequeno, mas eficiente, 
mosquito que tem a capacidade de transmitir 
diversas patologias, levando milhões de pessoas a 
óbito ao redor do mundo. No Brasil, a luta contra esse 
mosquito que transmitia a febre amarela urbana teve início 
no começo do século XX, quando Oswaldo Cruz tentara 
eliminá-lo. Essa doença apresenta dois ciclos biológicos 
(urbano e silvestre), que se diferem de acordo com o 
local de ocorrência do vírus e mosquito transmissor. Na 
época, a campanha foi marcada pelo apoio militar, com o 
chamado “exército de mata-mosquitos” entrando de casa 
em casa à procura desse vetor. 
Naquele momento, a meta era erradicar o Aedes 
aegypti em quatro anos, estratégia que provocou 
a diminuição drástica da doença em área urbana, 
levando o Brasil a um reconhecimento mundial por esse 
feito. Com o passar dos anos, a ocorrência da forma 
silvestre continuou sendo registrada, entretanto, pela 
diminuição de casos, a febre amarela urbana deixou de 
ser prioridade na política pública de saúde, culminando 
para que, posteriormente, fôssemos “surpreendidos” 
por diversos surtos dessa doença. Contudo, no final 
dos anos 1930, foi criada a primeira vacina eficaz 
contra essa enfermidade, intitulada de “cepa 17D” ou 
“vírus camarada”.
Recentemente, o registro de inúmeras mortes 
de primatas infectados com o vírus da febre amarela 
vem gerando pânico entre a população humana e uma 
corrida aos postos de saúde para imunização com a 
vacina. A febre amarela silvestre ocorre em regiões 
de matas, e o mosquito envolvido na transmissão é 
o Haemagogus, que infecta primatas não humanos 
e, ocasionalmente, pica humanos que adentram 
as matas. É assim que essas pessoas contraem a 
enfermidade. O grande perigo está no deslocamento 
de humanos (não vacinados) entre a área urbana e 
zonas de mata, os quais, após serem infectados com 
o vírus e retornarem para áreas urbanas, podem dar 
início ao ciclo de febre amarela urbana, através do 
vetor Aedes aegypti.
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POR MARIANNI DE MOURA RODRIGUES
Epidemias:
surpresas ou 
tragédias 
anunciadas?
Dengue, zica, chicungunha e febre amarela são doenças transmitidas 
sempre do mesmo jeito há muito tempo; quando, afi nal, aprenderemos de 
vez a evitá-las?
9
Em se tratando de doença transmitida por vetor, a 
dengue já é uma velha conhecida dos brasileiros, pois 
os primeiros casos registrados datam de meados dos 
anos 1920. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, 
estima-se que 50 milhões de novos casos de dengue 
ocorram anualmente no Brasil e que aproximadamente 
2,5 bilhões de pessoas vivam em países onde o vírus 
pode ser encontrado.
Inúmeras tentativas foram feitas para o controle 
desse vetor. Contudo, fomos surpreendidos em 
2014/2015 por duas novas doenças transmitidas por 
esse mosquito. A zica e a chicungunha, enfermidades 
recentes e debilitantes, sendo a primeira relacionada ao 
nascimento de muitas crianças com microcefalia e que 
apresenta, ainda, correlação direta com a síndrome de 
Guillain-Barré. A segunda é caracterizada por acometer 
de forma grave as articulações dos doentes.
Mas como pode um pequeno mosquito rajado de 
preto e branco transmitir doenças que causam tanto 
sofrimento? Como é possível não conseguirmos acabar 
com ele? Historicamente, esse mosquito está associado 
à presença humana, comportamento reiterado por 
diversos trabalhos científicos que descrevem a 
presença de Aedes aegypti dentro das casas. Dessa 
forma, faz-se necessária a cooperação de todos os níveis 
da sociedade no combate ao mosquito transmissor 
dessas doenças.
Fatores como globalização, industrialização, cres-
cimento do tráfego aéreo e terrestre, urbanização 
desordenada, expansão agrícola, degradação ambiental 
e ecoturismo favoreceram a propagação e a expansão 
de muitos vírus. A situação se torna ainda mais 
delicada em regiões carentes, onde o fornecimento de 
água potável, o saneamento básico e a coleta de lixo 
precária aumentam a disponibilidade de criadouros do 
Aedes aegypti, facilitando a ampliação geográfica dos 
mosquitos.
Essas epidemias agravam a crítica situação 
da saúde pública no Brasil. Além do impacto direto 
socioambiental causado pelas infecções virais, essas 
doenças nos afetam economicamente, tanto no âmbito 
dos municípios como do estado e do nosso país. 
São exigidas ações que ultrapassam as despesas 
do tratamento médico, sendo necessários aumento 
de recursos com urgência para suprir a demanda de 
exames, médicos extras, internações e medicamentos. 
Além disso, há os danos sociais, causados tanto pelas 
faltas escolares e ausências no trabalho como também 
pelas perdas por morte prematura de pessoas que não 
conseguem se curar das doenças.
Diante dessa situação difícil, a solução viável para 
a prevenção do problema é efetivamente o controle do 
vetor, ação que tem custos expressivamente menores, 
quando comparada ao tratamento das doenças. O 
controle da urbanização desordenada e a restauração 
ambiental de áreas degradadas evitariam o surgimento 
de novos surtos dessas e de outras doenças já 
transmitidas e que possam vir a ser transmitidas pelo 
Aedes aegypti. Esse trabalho não deve ser atribuído 
somente aos administradores públicos, mas a toda a 
população, passando por reformulação no sistema 
de saúde pública, disponibilização de água tratada, 
saneamento básico e coleta de lixo da forma adequada. 
As ações para eliminar possíveis criadouros do 
mosquito transmissor são essenciais no combate ao 
avanço dessas doenças. Assim, atente para algumas 
dicas: mantenha bem tampados caixas, tonéis 
e barris de água; coloque o lixo em sacos plásticos e 
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mantenha a lixeira sempre bem fechada; não jogue lixo 
em terrenos baldios; se guardar garrafas de vidro ou 
plástico, mantenha sempre as bocas para baixo; não 
deixe água da chuva acumulada sobre a laje; encha os 
pratinhos ou vasos de planta com areia até a borda; 
se tiver pneus velhos em casa, retire toda a água e 
mantenha-os em locais cobertos, protegidos da 
chuva; limpe as calhas com frequência, evitando que 
galhos e folhas impeçam a passagem da água; lave, 
com frequência, com água e sabão, os recipientes 
utilizados para armazenar água e semanalmente os 
vasos de plantas aquáticas.
Com essas ações de vigilância permanente, 
conseguiremos evitar o nascimento do transmissor 
da doença. Enquanto não atuarmos na prevenção 
e não houver uma conscientização e colaboração 
de todos os níveis da sociedade, estaremos reféns de 
epidemias recorrentes e suscetíveis ao aparecimento 
de novas doenças.
Arquivo pessoal/ 
Marianni de Moura Rodrigues
Marianni de Moura Rodrigues tem 32 anos 
e é bióloga na Agência Transfusional do 
Hospital Regional do Vale do Paraíba de 
Taubaté (SP). É graduada pela Universidade 
de Taubaté (Unitau) e mestre em Ciências 
pela Coordenadoria de Controlede 
Doenças SES/SP. 
A
s doenças no Brasil, principalmente as transmitidas por mos-
quitos, vêm ganhando os noticiários e as conversas nas ruas 
ou em nossas casas. Mas, afinal, o que significa surto, ende-
mia, epidemia ou pandemia?
Denominamos surto dois ou mais casos que, em termos 
epidemiológicos, possuem relação entre eles. Trata-se da ocorrência 
de uma doença que fica restrita a um determinado espaço, podendo 
esse ser em um colégio, uma creche, uma festa, um bairro e outros.
O termo endemia, na área da saúde, está relacionado a uma 
doença que acontece de forma sistemática em populações que 
habitam determinados espaços. No decorrer do tempo, observam-se 
ciclos periódicos e regulares dessa doença, com variações cíclicas 
e sazonais. A epidemia pode vir a ocorrer em uma comunidade ou 
região em que a doença acometa um enorme número de pessoas 
em um mesmo período, ultrapassando o limite superior da variação 
da doença dentro de um diagrama de controle. A pandemia se dá 
quando uma epidemia atinge um amplo espectro de distribuição 
geográfica e a doença atinge diversos países ou um continente.
Tratando especificamente da febre amarela, é uma doença causada 
por um vírus advindo da África que chegou às Américas ao longo dos 
séculos, e os mosquitos africanos provavelmente vieram dentro das em-
barcações. As epidemias dessa doença são chamadas de cíclicas, mas 
não possuímos dados suficientes para determinarmos os períodos epidê-
micos. Segundo os pesquisadores, o que pode se levar em consideração 
é que os casos de febre amarela vêm ocorrendo com maior frequência.
A vacina que previne a febre amarela (que tem uma quantidade 
enorme do vírus) foi criada em 1937. Isso confirma que é uma doença 
antiga em nosso território. Mesmo a vacina fracionada já é suficiente 
para imunizar o indivíduo.
Aproveitando a explicação, nesse verão, além da febre amarela, 
outras doenças podem ganhar força. O professor Luiz Tadeu de Moraes 
Figueiredo, que atua no Laboratório de Virologia da Faculdade de Medici-
na de Ribeirão Preto, cita que a zica, a chicungunya, o rocio, a encefalite 
St. Louis e o oropuche também podem vir a se tornar epidemias.
Para entender melhor, ouça a entrevista na íntegra acessando o link a seguir: 
<http://jornal.usp.br/atualidades/a-febre-amarela-e-outras-seis-doencas-
ameacam-o-verao/>.
O comportamento das doenças
T O Q U E D O
E S P E C I A L I S T A
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Biologia
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O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 
estabelece competências e habilidades 
norteadoras do estudo dos conteúdos 
exigidos para o Ensino Médio. Por meio do 
texto “Epidemias: surpresas ou tragédias 
anunciadas?”, foram trabalhadas as seguintes 
competências e habilidades da área de 
Ciências da Natureza e suas Tecnologias:
C1 – Compreender as ciências naturais e 
as tecnologias a elas associadas como 
construções humanas, percebendo seus 
papéis nos processos de produção e no 
desenvolvimento econômico e social da 
humanidade.
H2 – Associar a solução de problemas de 
comunicação, transporte, saúde ou outro, 
com o correspondente desenvolvimento 
científico e tecnológico.
H4 – Avaliar propostas de intervenção no 
ambiente, considerando a qualidade da 
vida humana ou medidas de conservação, 
recuperação ou utilização sustentável da 
biodiversidade.
H12 – Avaliar impactos em ambientes naturais 
decorrentes de atividades sociais ou econômi-
cas, considerando interesses contraditórios.
 
POR MURILO PIRES FIORINI
11
CARREIRA:
Ciências Biológicas
Ana Carla Arantes é formada em 
Ciências Biológicas pela Universidade 
Federal de Alfenas (Unifal-MG), 
especializada em Gestão Ambiental pelo 
Instituto Federal do Sul de Minas (IFSul) e 
Global Business Administration (GBA) em 
Sustentabilidade Corporativa pelo Instituto 
Superior de Administração e Economia 
(ISAE/FGV). Atualmente, é educadora 
ambiental do Parque Natural de Pouso 
Alegre, em Minas Gerais, além de 
consultora em Licenciamento Ambiental e 
em Implantação de Projetos Ambientais. 
Acredita nessa carreira porque consegue 
perceber as marcas de suas ações no 
cotidiano das pessoas envolvidas pelo 
seu trabalho. 
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E N T R E V I S TA | Ana Carla Arantes E N T R E V I S TAE N T R E V I S TA 
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Equipe Leia Agora: Para cursar Ciências Biológicas, 
quais devem ser os interesses dos candidatos? 
O que é estudado nesse curso superior?
Para se tornar um biólogo, antes de mais nada, é 
necessário que, entre as tantas áreas possíveis de atua-
ção, o candidato já tenha uma forte simpatia por alguma 
delas, pois o curso de Ciências Biológicas abrange muitos 
campos. Isso faz do curso uma grande aventura, pois 
ele envolve desde as disciplinas menos populares entre 
os acadêmicos, como Biofísica, Cálculo, Bioquímica e 
Estatística, até as melhores aulas de campo para estudar 
ecologia marinha na praia, dinâmica de paisagens na 
montanha ou gestão de unidades de conservação em 
um parque, por exemplo. É preciso entender que todas 
essas disciplinas vão se complementar de alguma 
maneira. Uma característica importante para que o 
curso seja mais prazeroso é a curiosidade por aprender 
a fundo os processos biológicos; ter aquela pergunta 
recorrente de “como as coisas funcionam?”, seja dentro 
de seu corpo, na multiplicação de um vírus ou mesmo 
como o Universo vem se transformando evolutivamente 
ao longo do tempo e do espaço.
Equipe LA: Quais são as áreas de atuação 
de um profissional de Ciências Biológicas? 
Necessariamente, o profissional trabalhará com 
Educação?
A Resolução 227/2010 do Conselho Federal de Biologia 
(CFBio) regulamenta que o biólogo pode atuar em 
três grandes áreas: meio ambiente e biodiversidade, 
saúde e biotecnologia e produção. Diante dessa vasta 
possibilidade de atuação, já se nota que a Educação 
é apenas uma delas, podendo, também, ser sempre 
uma função que caminhe junto com outra, pois, por 
experiência própria, quando dei aulas, muito do que 
eu via no meu cotidiano de trabalho era o conteúdo 
programático das disciplinas que eu ministrava no curso 
técnico de Meio Ambiente. Lembrando que existem 
duas modalidades de curso de Ciências Biológicas: 
bacharelado, com foco em pesquisa, e licenciatura, 
que forma professores.
Equipe LA: Em um mundo cada vez mais dinâmico, 
quais são as novas possibilidades de atuação na 
carreira de um biólogo? E quais seriam as áreas que 
nunca “saem de moda”?
Posso dizer que novas possibilidades promissoras na 
área da Biologia estão relacionadas a remediações 
de áreas acometidas por impactos ambientais, por 
exemplo, toda a região do Vale do Rio Doce, onde 
houve o derramamento de lama pelo rompimento da 
barragem da empresa Samarco. Novas tecnologias 
precisam ser desenvolvidas em pesquisa, a fim de 
viabilizar novas soluções ambientais. Já as áreas que 
nunca “saem de moda” são aquelas mais românticas 
da Biologia, que envolvem o manejo e a conservação 
de espécies, por exemplo.
Equipe LA: Como ingressar no mercado de trabalho? 
O curso exige que o estudante faça estágios?
Para ingressar no mercado de trabalho, é aconselhável 
que o candidato à vaga já apresente alguma 
experiência na área de atuação específica daquele 
cargo. Portanto, os estágios são cruciais. Como 
disse anteriormente, ter afinidade por algum setor 
antes de entrar no curso irá ajudar o aluno a focar nas 
atividades extracurriculares daquela área específica, 
direcionando o curso para o aprimoramento de 
determinada habilidade, seja na área ambiental, da 
saúde ou da biotecnologia.
Equipe LA: Biologia e Biomedicina são áreas 
correlatas? Por quê?
A Biomedicina e a Biologia foram regulamentadas na 
mesma época, o que já evidencia a semelhança entre 
as duas profissões. A dúvida na hora de escolher entre 
a carreirade biólogo ou de biomédico é comum, pois há 
muitas semelhanças na atuação desses profissionais: 
ambos são cientistas, atuam fortemente com pesquisa, 
estudam os mais diversos seres vivos e trabalham 
frequentemente em laboratórios. Mas, na prática, 
desempenham papéis bastante diferentes. Quem faz 
Ciências Biológicas tem no seu trabalho uma relação 
mais ampla com a natureza e com a promoção da 
sustentabilidade. Já o profissional da Biomedicina tem 
uma função ligada à saúde do ser humano. O foco do 
seu trabalho é a prevenção e o tratamento de doenças.
 “Recomendo a carreira pela 
 importância social que ela 
 representa, pois somos capazes de 
 transformar muitas realidades por 
 meio de nossos estudos e pesquisas, 
 sobretudo pela consciência 
 ambiental que propagamos”. 
13
Equipe LA: Qual é o papel da microbiologia, no âmbito 
de pesquisa e prevenção de doenças e epidemias?
A microbiologia tem por objetivo o estudo dos 
microrganismos e suas atividades. Os microrganismos 
compreendem as bactérias, os fungos (bolores, 
leveduras e orelha-de-pau), os vírus, as algas e os 
protozoários, e o conhecimento acerca deles e das 
condições ideais para sua proliferação é crucial 
para o desenvolvimento de protocolos específicos 
de prevenção. Existem muitos campos de aplicação 
da microbiologia, sendo a microbiologia médica a que 
se relaciona à pesquisa e prevenção de doenças e 
epidemias. Ela estuda os microrganismos patogênicos 
para o ser humano, para a cavidade oral (microbiologia 
oral) e para animais (microbiologia animal ou veterinária). 
Esse campo de aplicação está relacionado ao controle 
e à prevenção das doenças, associado, portanto, às 
práticas assépticas, à antibioticoterapia, à quimioterapia 
e à imunização, bem como à epidemiologia e/ou aos 
métodos de diagnóstico das doenças infecciosas.
Equipe LA: Quais seriam as outras formas de atuação 
de um biólogo quando o assunto é epidemias e 
doenças?
Como educador ambiental, o biólogo sempre poderá 
atuar como disseminador de conhecimentos preventivos 
e informativos, em uma abordagem diferente do que 
faria um agente de saúde, por exemplo. Trabalhar com 
prevenção, com as ferramentas científicas a que temos 
acesso, torna as campanhas mais dinâmicas. É o que 
estamos vivenciando com os trabalhos de informação 
sobre a febre amarela, por exemplo. Temos primatas 
em nossa mata [Minas Gerais], o parque é rico em 
biodiversidade, e muita gente está confusa, sem saber 
no que acreditar, já que a mídia e o senso comum 
acabam virando um “telefone sem fio” da realidade. 
Nosso papel é levar a informação de maneira técnica e 
com fácil interpretação, para que a população realmente 
se previna da forma correta e não cometa nenhum crime 
ambiental por desinformação.
Equipe LA: Uma pessoa formada em Ciências 
Biológicas pode abrir a própria empresa? Quais 
seriam as mais adequadas?
Pode sim. Dependendo da área em que se pretende 
atuar, o ideal é que sejam feitas parcerias com outros 
profissionais para que os serviços oferecidos por essa 
empresa possam atrair um maior número de clientes. 
Por exemplo: uma empresa de consultoria ambiental 
geralmente vai precisar de um agrônomo, um engenheiro 
e técnicos ambientais para o cumprimento das tarefas 
correlatas de cada área específica. Existem atribuições 
que somente o agrônomo poderá assinar (assinatura de 
responsabilidade técnica), outras só o biólogo e assim 
por diante. Se um biólogo quer abrir uma empresa, mas 
não quer outros sócios, o ideal é que ele seja apenas um 
prestador de serviços, sem precisar arcar com os custos 
de um empreendimento.
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Equipe LA: Quais são as expectativas e os desafios 
do mercado de trabalho nessa área?
Acredito que as expectativas vão depender dos objetivos 
que se pretende alcançar, e os desafios maiores estão 
associados ao longo caminho que precisamos trilhar 
para termos uma remuneração à altura. Infelizmente, os 
cargos de biólogo, inicialmente, não remuneram bem o 
profissional. Ao longo da trajetória, com mais estudo, 
mais experiência e muito dinamismo, conseguimos 
melhorar esse quadro.
Equipe LA: Você está satisfeita com a profissão? Por 
que recomendaria essa carreira?
Eu faço parte do grupo de biólogos que estão mais 
diretamente envolvidos com o meio ambiente e a 
natureza pura, em seu estado mais vulnerável. Por 
trabalhar em um parque e por amar o que faço, pois 
influencio pessoas e ajudo a extrair as potencialidades 
do espaço em que trabalho de um jeito bastante 
prazeroso, eu posso dizer que estou satisfeita sim, já 
que venho atendendo às minhas próprias expectativas 
profissionais. Não tenho o perfil de estar dentro de um 
laboratório, assim como muitos biólogos de outras 
áreas não gostariam de fazer o que faço. A área é muito 
ampla, e a satisfação pessoal sempre será proporcional 
ao empenho de cada um em investir onde tiver mais 
afinidade. Recomendo a carreira pela importância social 
que ela representa, pois somos capazes de transformar 
muitas realidades por meio de nossos estudos e pesquisas, 
sobretudo pela consciência ambiental que propagamos.
Equipe LA: Qual é a relação de um biólogo com a vida 
selvagem no Brasil e no mundo?
O biólogo, como estudioso da vida, por meio de suas 
pesquisas, será sempre um suporte confiável para 
monitorar e sugerir as melhores estratégias de manejo 
para as espécies de animais selvagens, tanto no Brasil 
quanto no mundo. Existem muitos exemplos dessa 
atuação, como a que ocorreu nos parques africanos que 
atraíam turistas pela oportunidade de caça. Com muita 
luta de um grupo de biólogos, hoje em dia esses locais 
se transformaram em destinos para o turismo ecológico 
de interpretação e interação ambiental, uma vez que 
possuem tantas espécies maravilhosas em seus hábitats 
naturais.
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 “O biólogo, como estudioso da 
 vida, será sempre um suporte 
 confiável para monitorar e 
 sugerir as melhores estratégias 
 de manejo para as espécies de 
 animais selvagens”. 
A entrevistada Ana Carla 
em trabalho de campo
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Com o aumento de casos confirmados de febre amarela em diversas cidades brasileiras, 
cresce também a preocupação das pessoas com relação ao surgimento de novos registros 
da doença. Diariamente, estamos sendo bombardeados por notícias a respeito do assunto, 
motivando debates sobre o tema entre grupos de amigos, colegas de trabalho, familiares e 
vizinhos. É nesse contexto que surge a seguinte pergunta: de quem é a responsabilidade por 
esse tipo de situação?
Para responder a esse questionamento, precisamos, antes de tudo, pensar em uma segunda 
indagação, que coloca cada indivíduo como protagonista de suas ações. Há, de fato, um 
culpado ou todos nós temos a nossa parcela de responsabilidade no aumento das doenças 
infecciosas transmitidas por mosquitos, como é o caso da febre amarela, da dengue e da zica? 
Talvez a segunda hipótese seja a opção mais correta, já que, muitas vezes, esquecemos de olhar, 
literalmente, para o nosso próprio quintal.
Nesse cenário, podemos citar como responsáveis pelo aumento dos casos de febre amarela 
no Brasil diversos fatores que contribuem para a proliferação do mosquito transmissor da doença, 
como o crescimento desordenado dos centros urbanos, os hábitos de suas populações e 
a degradação do meio ambiente, todos resultados da ação do ser humano. Mas isso não tira a 
responsabilidade dos órgãos governamentais, já que a deficiência de políticas públicas, sobretudo 
aquelas voltadas ao abastecimento de água, à coleta de esgoto e ao descarte correto dos resíduos 
sólidos, também é apontada como influenciadora para o crescimento do número de casos da 
doença.
A ação de combate à febre amarela é uma via de duas mãos, na qual governantes e cidadãos 
devem trabalharem conjunto, pensando naquele velho ditado: “a prevenção é o melhor remédio”. 
Atualmente, para nos prevenirmos dessa doença, uma opção é a vacina contra a febre amarela, 
mas combater a proliferação do mosquito transmissor também é uma ação de extrema 
importância.
Assim, além das campanhas de combate aos focos do mosquito transmissor – que são 
realizadas pelos centros de zoonoses de cada município –, é preciso que haja uma participação 
massiva da população nessas ações de enfrentamento à febre amarela e a qualquer epidemia. 
Então, qual é o nosso papel nessa história? Uma dica fundamental é velha conhecida dos 
brasileiros e muito disseminada em campanhas contra a dengue: evitar o acúmulo de água 
parada, dentro ou fora de casa. E, além disso, nunca devemos baixar a guarda, já que 
todo cuidado é pouco para evitar a proliferação de um inimigo que, muitas vezes, passa 
despercebido aos olhos humanos.
De quem é a responsabilidade?
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Nara Britto. Oswaldo Cruz: a construção de 
um mito na ciência brasileira. Fiocruz, 1995.
O livro traz a construção ideológica do mito 
através da figura de Oswaldo Cruz, médico 
sanitarista que se tornou um dos ícones da 
ciência brasileira, tendo enfrentado, dentre as 
situações mais emblemáticas de sua carreira, 
a luta contra a febre amarela no Rio de Janeiro 
no início do século XX. Apresenta forte caráter 
histórico e variadas fontes de pesquisa. 
À FLOR DA PELE
Estamos acostumados a ver nos noticiários dramas de 
disseminação de várias doenças, sejam de forma contida ou 
que tomam conta de várias regiões. Felizmente, a maioria de 
nós não é acometida pelo mal. Porém, esse conceito nos 
traz uma questão: como é ter sua liberdade barrada por 
uma quarentena, por exemplo? Um filme que nos dá uma 
ideia sobre isso é Ensaio sobre a cegueira (Blindness, 
2008), do brasileiro Fernando Meirelles, baseado no 
livro homônimo do escritor português José Saramago. 
O elenco tem Julianne Moore, Mark Ruffalo, Gael 
García Bernal e Danny Glover. A história usa elementos 
não distinguíveis, como os nomes dos personagens, 
qual é a metrópole em que o enredo acontece e 
como surgiu a moléstia que a ameaça. De repente, 
as pessoas começam a ficar cegas e o governo as 
confina em instituições praticamente abandonadas e 
sem recursos, porém vigiadas por soldados armados. 
Inexplicavelmente, a personagem de Julianne Moore 
não fica cega, mas ela finge não enxergar para poder ficar 
junto do marido (Ruffalo). A agonizante situação faz com que 
pessoas comecem a expor o que há de mais primitivo dentro 
delas para conseguir um pouco da escassa comida e ameacem 
outras para obter ganhos materiais e até sexuais. Mas, no meio 
desse inferno, haverá também compaixão e preocupação com os mais 
indefesos. A cegueira foi uma forma de Saramago colocar em reflexão o 
comportamento do ser humano em situações extremas. 
OswaldoC ruz
Contágio. Direção: Steven 
Soderbergh. EUA, 2011, Warner.
Filme com vários personagens cujas 
histórias se entrelaçam durante o avanço 
de um vírus letal transmissível pelo 
ar que mata as pessoas em poucos 
dias. A doença se espalha em escala 
global, enquanto a comunidade médica 
internacional inicia uma empreitada 
desesperada para encontrar uma cura.
A história da saúde pública no Brasil – 
500 anos na busca de soluções. Direção: 
Sylvia Jardim. Vibe Films.
Documentário distribuído pela Fiocruz 
que mostra as epidemias no Brasil 
desde a época do descobrimento. Com 
uma edição dinâmica e cheia de bom 
humor, acompanhamos século a século 
as condições de um país em busca de 
soluções para deixar de ficar doente.
Acesse: <https://youtu.be/7ouSg6oNMe8>.
Mosaico 
 Cultural
• A G E N D A •
SAÚDE
Diários de tuberculose – Epidemia oculta
 Permanente
ONDE: Internet. 
Esse documentário produzido em 2015 acom-
panha comunidades carentes no Rio de Janei-
ro, presidiários no Recife e índios no Amazonas, 
todos indefesos contra o mal da tuberculose. 
Em pleno século XXI, ainda é uma doença que 
debilita milhares de pessoas por ano em todo 
o Brasil. 
INFO: <https://youtu.be/ruZj_XNKVXs>.
ARTE
Jean-Michel Basquiat
 Até 7 de abril
ONDE: São Paulo (SP).
O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBC) exibe 
a mostra com gravuras do artista-plástico nova-
-iorquino que celebrou a cultura dos negros 
em um estilo classificado por críticos como 
neoexpressionista. Basquiat morreu jovem, mas 
deixou um legado que conquistou seu nicho no 
mundo da arte.
INFO: <www.culturabancodobrasil.com.br/portal/
sao-paulo>.
HISTÓRIA
Rugendas, um cronista viajante
 Até 11 de março
ONDE: Rio de Janeiro (RJ).
A Caixa Cultural abriga a exposição de pinturas do 
alemão Johann Moritz Rugendas, que percorreu o 
Brasil entre 1821 e 1825 pintando quadros e que 
foi um dos poucos que divulgaram para o mundo 
a natureza e cultura brasileiras no século XIX. São 
cerca de 50 obras do artista. 
INFO: <www.caixacultural.com.br>
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Rio de Janeiro, capital do Brasil, verão de 1904
Caro Oswaldo Cruz,
Parece mentira, mas é verdade. Estamos em fevereiro, as cigarras 
estouram, o sol incendeia a cidade, e não há febre amarela! Devemos a 
você este benefício, que nunca seremos capazes de pagar na justa medida.
Sim, meu amigo, você foi desacreditado e ridicularizado, sobretudo 
pela imprensa, ao anunciar que o grande culpado por essa doença é um 
mosquito, e não o contato direto com as roupas, o sangue ou o suor 
dos pacientes. Mesmo assim, enfrentou a todos e decidiu não só isolar 
os doentes como criar a brigada mata-mosquito. Lembro-me de quando os 
agentes sanitários bateram à minha porta, munidos de inseticidas, a fim de 
eliminar os criadouros desse inseto. Felizmente, não os encontraram.
É com muita alegria que poderei sair às ruas tranquilamente neste 
Carnaval. Até mesmo da peste bubônica estamos nos livrando! Sem as suas 
pesquisas, não teríamos o soro antipestoso para os doentes nem saberíamos 
que essa doença é transmitida pelas pulgas dos ratos. Ah, os roedores... 
viraram moeda de troca neste mundo capitalista. Quem diria que a sua ideia 
de incentivar o pagamento pelos ratos capturados levaria as pessoas a 
criá-los com a intenção de ganhar dinheiro?! Já ouviu a marchinha que vem 
sendo tocada por aí? Pois o compositor Claudino Costa escreveu: “Rato 
velho, descarado, roedor / Rato velho, como tu faz horror! / Vou provar-te 
que sou mau / Meu tostão é garantido / Não te solto nem a pau”.
Peço que não se abata pelas críticas dessa população incrédula dos 
benefícios da ciência. Sei que você tem um novo alvo, a varíola, doença 
viral que já matou muitos brasileiros este ano. E ouvi dizer que tem tentado 
convencer o presidente do nosso país, Rodrigues Alves, a implantar a 
vacinação obrigatória contra a doença. Saiba que haverá opositores, mas 
que promover a saúde é contribuir para o desenvolvimento do país.
Pergunto-me, com frequência, por que duvidam tanto de suas palavras. 
Um rapaz que ingressou na faculdade de Medicina aos 15 anos de idade, 
montou um laboratório de pesquisa em seu próprio porão e especializou-se 
em bacteriologia no Instituto Pasteur, em Paris, o maior instituto de pesquisa 
científica deste século... era de se esperar que tivesse mais credibilidade. 
Concluo que a falta de conhecimento está em nossa sociedade. Será que, 
algum dia, as pessoas saberão a importância de se informar?
Meus sinceros agradecimentos. 
Olavo Bilac*
Carta de um poeta a um 
sanitarista
EXTRA!
P
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T
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*Esta é uma carta fictícia. No entanto, Olavo Bilac (1865-1918) foi mesmo contemporâneo de Oswaldo Cruz 
(1872-1917) e defendeu as ideias do médico sanitarista.
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