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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Validação e Qualificação na Indústria Farmacêutica Validação de Processos, Limpeza e Sistemas Computadorizados Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Fábio Mitsuo Lima Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Introdução; • Validação de processos produtivos; • Documentação da validação de processos; • Desenvolvimento da validação; • Matriz de rastreabilidade; • Conclusão. Fonte: iStock/Getty Im ages Objetivos • Introduzir os conceitos de qualificação, bem como seus pré-requisitos, e apresentar os tipos de validações destinadas a processos produtivos, de limpeza, de sistemas compu- tadorizados e suas respectivas documentações. Caro Aluno(a)! Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Validação de Processos, Limpeza e Sistemas Computadorizados UNIDADE Validação de Processos, Limpeza e Sistemas Computadorizados Contextualização Prezado(a) aluno(a) Nesta Unidade, conheceremos um pouco mais sobre alguns dos processos que são críticos para a indústria farmacêutica. Cada vez mais, as agências têm exigido a adequação das industrias para o atendimento das normas que levam as empresas a buscarem um alto nível de qualidade e, como consequência, assegurar cada vez mais a segurança e eficácia do produto produzido por elas. Veja o material sugerido abaixo: Desenvolvimento de Processos de Limpeza como base estratégica para a validação: https://goo.gl/Q8o8NY O que é Validação de Sistemas Computadorizados?: https://youtu.be/PFvlC98fh4A Vídeo Debate Técnico sobre Validação de Sistemas: https://youtu.be/neEAwOB53EY 6 7 Introdução A indústria farmacêutica é um ambiente complexo e constituído de processos e sistemas complexos também. Em virtude da criticidade do seu papel na saúde, existem muitos requisitos e exigências que devem ser cumpridos a fim de garantir que a segurança e a eficácia do medicamento sejam alcançadas. Quando falamos em segurança e eficácia, essas não se aplicam apenas ao produto acabado, mas sim a toda cadeia produtiva, logística, de qualidade, gerencial, ou seja, envolvem todas as áreas da indústria, de forma que todos os processos estejam intima- mente projetados para serem executados com o maior nível de segurança possível. Para assegurar que esses processos e sistemas estão de acordo com os requisitos necessários para produzir um produto seguro e eficaz, a indústria farmacêutica utiliza da validação. Abordaremos três dos vários tipos de validação que ocorrem na indústria farmacêutica, são processos cruciais e de alta relevância do ponto de vista regulatório. Validação de Processos Produtivos A validação de processos em linhas gerais é um conjunto de estudos que visam garantir a reprodutibilidade de um determinado processo. Esses estudos são documentados e fornecem evidências da segurança do processo, e os resultados obtidos indicarão se o processo é efetuado de acordo com as especificações e os requerimentos de qualidade previamente estabelecidos. Reprodutibilidade: é a capacidade de um fenômeno (um dado, um processo, um resulta- do) de se reproduzir dentro das condições iniciais De acordo com a Anvisa: Validação de Processo (VP): evidência documentada que atesta com um alto grau de segurança que um processo específico produzirá um produto de forma consistente, que cumpra com as especificações pré- -definidas e características de qualidade (BRASIL, 2010b). Existe uma diferença entre validação de processo e melhoria de processo, que algumas vezes pode causar certa confusão. A validação de processo apenas atesta ou confirma que o processo está sendo executado conforme o previsto, ou não, dependendo dos resultados gerados. A validação não é uma ferramenta de melhoria. No caso da melhoria de processos, ações serão tomadas para corrigir falhas ou realizar ajustes no processo, com base nas informações obtidas durante a sua validação. 7 UNIDADE Validação de Processos, Limpeza e Sistemas Computadorizados A validação de processos é um requerimento da RDC nº 17/2010, que dispõe das Boas Práticas de Fabricação. Sendo assim, todos os documentos referentes à validação de um determinado processo devem ser devidamente elaborados e aprovados. Como nos demais tipos de validação citados na RDC nº 17/2010 (BRASIL, 2010b), a validação de processos produtivos deve ocorrer somente após a qualificação e calibração dos equipamentos envolvidos no processo. Tendo em vista que o objetivo da validação de processos produtivos visa garantir a reprodutibilidade na produção do medicamento, qualquer mudança ou alteração (equi- pamento, sistema, utilidade) que cause impacto direta ou indiretamente na fabricação do produto deve ser previamente avaliada, por meio de análise de risco (CALIXTO, 2016). Existem basicamente três tipos de validação de processos: • Validação prospectiva: é realizada durante a etapa de fabricação dos primeiros lotes industriais (lotes piloto). Os testes de validação devem ser estabelecidos antes da utilização de determinado processo na produção de lotes que serão comercializados. Os dados obtidos representam as condições ideais de funcionamento do processo; • Validação concorrente: é realizada junto com a produção de lotes que serão destinados à venda; • Validação retrospectiva: é baseada no histórico de um processo bem definido que não apresenta falhas de operação ao longo de um tempo de funcionamento. É feita uma análise dos documentos de 20 lotes sequenciais, que não apresentaram desvios de qualidade e/ou falhas operacionais. Esse tipo de validação não é adotado como primeira escolha pelas indústrias. Além de não isentar da validação concorrente, ele só deve ser empregado em casos excepcionais, onde há uma limitação para a execução dos outros dois tipos de validação, sendo necessária uma justificativa plausível perante os órgãos regulamentadores sanitários. • Revalidação: ocorre após um determinado período em que o processo está em uso. A ideia é avaliar periodicamente se o processo continua apresentando repro- dutibilidade e atendendo os requisitos pré-estabelecidos; ou seja, para garantir a segurança do processo. Um outro caso que necessita de revalidação é quando ocor- rem mudanças no processo, seja por melhorias ou por falhas. Toda mudança que ocorre n o processo após esse ser validado deve ser avaliada e classificada como: » Sem impacto: quando não há impacto no processo que já foi validado. Por exemplo: alteração no prazo de validade do produto; alteração de um equipamento ou inclusão de um outro equipamento com a mesma descrição e especificação técnica do original; 8 9 » Com impacto: é aquela que apresenta impacto no processo que já está validado. Nesse caso, deve-se avaliar a extensão da mudança para definir se a revalidação do processo será total ou parcial. Por exemplo: no caso de necessidade, incluir novos testes no método, análise do produto ou alterações de limites de especificações de testes, às vezes é necessária uma revalidaçãoparcial. Quando ocorrer a necessidade de transferir uma planta fabril para outro local, é ne- cessária uma revalidação completa; ou quando muda um equipamento da linha de pro- dução que possui especificações e desenho diferentes do que foi validado inicialmente. Documentação da Validação de Processos A documentação da validação é composta basicamente pelos protocolos e relatórios de validação. Antes de iniciar qualquer teste, os protocolos devem estar aprovados e assinados pelas áreas envolvidas. No protocolo, estão descritos todos os testes que serão realizados, bem como os equipamentos a serem utilizados, pessoal responsável, tipo de amostragem, os critérios de aceitação, a análise de risco, planejamento do estudo indicando a área onde ocorrerá a validação. No relatório, devem constar os resultados obtidos a partir dos testes executados, os desvios de qualidade que foram encontrados, a descrição do estudo e as conclusões finais. Lembre-se que a documentação é parte integrante das boas práticas de fabricação, sendo assim, deve seguir todos os requisitos descritos na legislação. Desvios de qualidade: é o afastamento dos parâmetros de qualidade estabelecidos para um produto ou processo. (BRASIL, 2010b). Desenvolvimento da validação Durante o processo de fabricação do medicamento, todas as etapas são passíveis de serem validadas, isto é, desde a pesagem da matéria-prima até o processo de embalagem secundária. Para que o desenvolvimento da validação seja eficiente, é necessário definir quais serão os controles das variáveis do processo em estudo. De acordo com a forma farmacêutica e a natureza do produto, é necessário estabelecer quais testes serão utilizados como parâmetro de avaliação da qualidade. A determinação dos limites de aceitação para cada teste é parte fundamental de um parâmetro; com base nesse limite, serão tomadas as decisões de aceitar ou não um resultado e, por isso, deve ser instituído com embasamento científico. Vejamos um exemplo prático de testes de controle em processos utilizados durante a validação de processo: 9 UNIDADE Validação de Processos, Limpeza e Sistemas Computadorizados Comprimidos e cápsulas Tabela 1 – Exemplo de parâmetros de testes para controle em processos durante a validação de processos Teor de umidade no granulado seco A perda por secagem pode ser usada para determinar se o solvente degranulação foi ou não removido para um nível suficiente durante a operação de secagem, geralmente menos do que 2% de umidade. Distribuição de tamanho de partícula no granulado É um parâmetro importante que pode afetar a compressibilidade do comprimido, dureza, espessura, desintegração, dissolução, variação de peso e uniformidade de conteúdo, uniformidade da mistura. Peso do comprimido individual ou cápsula O peso dos comprimidos ou cápsulas individuais devem ser determinados ao longo da compressão ou do encapsulamento para assegurar que o material flui adequadamente e o equipamento funciona de forma consistente. A variação do peso individual deve conter especificações estabelecidas em monografias e documentos. Ações internas da empresa flutuações de peso ou necessidades frequentes de ajustes da máquina sugerem que a formulação ou processo, por exemplo, têm falta de fluxo degranulação, não estão otimizados e o que o equipamento precisa de manutenção de dureza do comprimido. Dureza dos comprimidos Deve ser determinada periodicamente durante todo o lote para assegurar que os comprimidos estejam suficientemente robustos para revestimento, embalagem e transporte, e não muito duros de modo a afetarem a dissolução. Friabilidade É uma característica importante para avaliar a capacidade dos comprimidos para não lascar, rachar ou virar pó durante as operações de revestimento embalagem e transporte. Espessura do comprimido A espessura também é determinada periodicamente durante todo o lote e indiretamente relacionada com a dureza, é mais uma indicação de que a formulação tem ou não propriedades de fluxo do granulado de quando a compressão. Desintegração A desintegração é determinada durante a fabricação como um indicador do desempenho do comprimido – por exemplo, a dissolução. Fonte: Calixto (2016) Desvios Durante a validação, podem surgir dois tipos de desvios Como tratar os desvios? Identi�cando a causa da raiz Documentar as ações neessárias Retestar De�nir sobre continuidade ou interrupção da validação Figura 1 10 11 Validação de limpeza Dentro de um ambiente fabril, existem alguns tipos de riscos que podem ser críticos dependendo do tipo de produto que é fabricado neste local. Na indústria farmacêutica, existe uma grande preocupação e cuidado com a limpeza. Durante a produção de um medicamento, podem acontecer diferentes tipos de contaminação no produto acabado ou matéria prima, caso os devidos cuidados não sejam tomados. Por exemplo, podem ocorrer contaminações cruzadas, contaminações por material particulado, sujidades, resíduos de produtos de limpeza, lubrificantes, produtos intermediários entre outros (CALIXTO, 2016). Contaminação cruzada: Contaminação de determinada matéria-prima, produto inter- mediário, a granel ou acabado, por outro tipo de matéria-prima, ou qualquer outro estágio do produto descrito anteriormente. Além desses tipos de contaminantes, existem os resíduos de solventes e subprodutos, e a contaminação microbiológica. Diante deste cenário, a validação de limpeza surge como um pilar essencial para garantir a qualidade e segurança do medicamento. Além de ser um aspecto das Boas Práticas de Fabricação, a validação de limpeza é um requisito considerado uma das primícias da produção de medicamentos, pelos órgãos regulamentadores nacionais e internacionais. São conhecidas duas abordagens para o desenvolvimento da validação de limpeza: Tradicional Nova abordagem Nesta abordagem preconiza-se a execusão da validação em triplicata, ou seja 3 vezes. O embasamento não é estatistico, e apoia-se em documentos oriundos de estudos paralelos e complementares do processo. Nesta abordagem, considera-se o conceito de " ciclo de vida do processo". Busca o alinhamento de atividades de validação e inclui concentos de desenvolvimento farmacêutico, gerenciamento de risco e sistemas de qualidade. Figura 2 – Tipos de abordagens utilizadas no desenvolvimento de validação de limpeza Fonte: Adaptado de (CALIXTO,2016) 11 UNIDADE Validação de Processos, Limpeza e Sistemas Computadorizados O ciclo de vida do processo de limpeza envolve três etapas: Desenvolvimento e de�nição do processo de limpeza Quali�cação e validação de limpeza Veri�cação e melhoria contínua Figura 3 – Esquema do ciclo de vida do processo de limpeza Fonte: Adaptado de Calixto (2016) Fase 1 – Desenvolvimento e definição do processo de limpeza: Nesta etapa, é onde o processo de lim- peza será estabelecido. Para que essa eta- pa seja desenvolvida, é fundamental que a rota fabril seja muito bem estudada ou co- nhecida, ou seja, toda a rota de produção do medicamento deve ser mapeada, quais os equipamentos e sistemas e materiais são empregados, área física, entre outros. A partir desse conhecimento, podemos estabelecer quais serão os riscos multifato- riais e efetuar as análises de risco. Fase 2 – Qualificação e validação do processo de limpeza: Neta etapa, é onde ocorre a validação propriamente dita, os resultados serão tra- tados estatisticamente e comparados com critérios de aceitação pré-estabelecidos. A amostragem é parte fundamental para garantir a confiabilidade dos resultados do ponto de vista estatístico. Um plano de amostragem para o estudo de validação deve, antes de tudo, ser baseado em justificativa técnico-científica para a escolha dos critérios de aceitação e as limitações do método de amostragem relativas à superfície a ser amostrada. Os dois métodos de amostragem geralmente empregados são o esfregaço (swab) e/ou rinsagem. A escolha desses métodos deve ser consistente e suportaro objetivo do estudo, que é demonstrar que a quantidade de resíduo no equipamento deve ser reduzida a níveis aceitáveis (Anvisa). Fase 3 – Por meio da análise estatística dos dados gerados durante o processo, são feitos monitoramentos e verificado o aparecimento de tendências. O objetivo dessa fase é garantir o bom funcionamento do processo e identificar oportunidades de melhoria. Em um processo de limpeza, todos os materiais, equipamentos e sistemas envolvidos estão sujeitos à validação; mas validar cada etapa minuciosamente pode ser um trabalho extremamente extenso. O que é recomendável, e aceitável pela Anvisa, é validar o que chamamos de “pior caso”, ou seja, na etapa inicial do ciclo de vida do processo de validação, são identificados quais são os pontos mais críticos do processo e esses 12 13 deverão ser validados, os demais podem ser submetidos à avaliação de risco e a estudos complementares. Elementos de uma validação de limpeza (de acordo com o Guia de validação de limpeza para farmoquímicas da Anvisa): • Definição dos critérios de aceitação; • Definição dos procedimentos de limpeza, incluindo: identificação do equipamento; caracterização dos produtos (produto prévio – atividade –toxicidade, solubilidade e produto subsequente – dosagem e tamanho de lote) e determinação e caracterização dos agentes de limpeza; • Desenvolvimento dos métodos analíticos e suas respectivas validações; • Desenvolvimento dos procedimentos de amostragem e respectivas validações necessárias; • Preparação do protocolo de validação e do plano de teste; • Preparação do relatório de validação. Validação de sistemas computadorizados A validação de sistemas computadorizados consiste na comprovação documental que garante a integridade dos dados e sistemas de informação que fazem interface com os processos de Boas Práticas Relevantes (BPx relevantes). No ambiente farmacêutico, podemos citar processos como o de produção industrial, processos da área de qualidade, processo de armazenamento e distribuição de insumos e produto acabado e a gestão de documentos, gerenciamento de laboratório. A validação de sistemas computadorizados proporciona segurança e rastreabilidade dos dados gerados, e o fluxo de informações dentro da indústria. Como outros processos, apresenta vantagens como otimização dos processos, redução de gastos com falhas e perda de informações. Atualmente, muitas empresas têm se especializado em desenvolver e realizar con- sultorias em validação de sistemas computadorizados. Por se tratar de uma exigência dentro da RDC nº 17/2010, e pela alta complexidade do processo, a maioria das em- presas tem optado por esse tipo de serviço. De qualquer forma, existe a necessidade de um conhecimento prévio da empresa e envolvimento das equipes responsáveis pelos processos para contribuir nas diferentes etapas do processo de validação. Antes de iniciar um planejamento para a validação de sistemas computadorizados, é importante avaliar quais sistemas têm impacto em processos BPx relevantes. Essa análise pode ser feita a partir de um inventário de todos os sistemas; nesse inventário, serão listados todos os sistemas que a empresa utiliza, isso pode ser em forma de planilhas eletrônicas. Todos os sistemas devem ser incluídos – servidores, banco e dados, sistemas de recuperação de dados (backup), impressoras, interfaces entre equipamentos, componentes de rede, entre outros. 13 UNIDADE Validação de Processos, Limpeza e Sistemas Computadorizados Após a elaboração do inventário, seguimos com a avaliação da criticidade de cada sistema, para isso a Anvisa disponibiliza a Guia de validação de sistemas computadorizados, de abril de 2010. Guia de validação de sistemas computadorizados (2010): https://goo.gl/xdoAb1. Neste guia, podemos encontrar as diretrizes para desenvolver todo o processo de validação e, inclusive, os critérios de avaliação para determinar quais sistemas são passíveis de validação. Para os sistemas identificados como BPx relevantes, segue-se com o as etapas de planejamento da validação que envolve algumas subetapas: Plano mestre de validação No plano mestre de validação, deverá conter informações estratégicas sobre o desen- volvimento da validação; além disso, definir papéis e responsabilidades e os requisitos que deverão ser atendidos Priorização e cronograma de validação Como existem muitos sistemas computadorizados na indústria farmacêutica, o ideal é que se estabeleça uma prioridade de atendimento da validação. Consideramos que quanto maior o impacto em processos BPx relevantes, e quanto maior a relevância do produto, maior a priorização para a execução da validação Avaliação de fornecedores Deve ser feita uma avaliação dos fornecedores que atuarão diretamente com o processo de validação dos sistemas, essa avaliação pode ser feita por meio de uma qualificação. Deve ficar claro para o fornecedor quais são os papéis e as responsabilidades, bem como os requisitos pré-definidos pela empresa. Documentação Deve ser documentado quais serão os documentados adotados durante todo o fluxo do processo de validação, quais serão os procedimentos, as políticas, entre outros, a serem seguidos. Requisitos do usuário Os requisitos do usuário, ou seja, as especificações que a empresa precisa que sejam seguidas e o que deseja que o sistema execute devem estar documentadas também por meio do procedimento de requisito do usuário. É uma forma de garantir que todas as necessidades que permeiam esse sistema serão atendidas. 14 15 Especificação funcional É um documento que tem como finalidade garantir que os requisitos do usuário foram entendidos pelo fornecedor. Nesse documento, deve conter todas as partes integrantes do sistema – quanto maior o nível de detalhamento, melhor será para a compreensão do sistema. Especificação do projeto A especificação do projeto é o documento que apresenta as características técnicas do sistema, como hardware, software, ferramentas adicionais, especificação de design, servidores, estação de trabalho, firmware, entre outros. Teste de desenvolvimento Os testes de desenvolvimento contemplam os testes realizados no local de fabricação (FAT) e os testes realizados no local de uso (SAT). Esses testes visam garantir a funciona- lidade do sistema e devem ser realizados quando aplicável. Processo de qualificação A qualificação é um processo documental de testes e verificações que garantem que os requisitos processuais serão atendidos. São essas a qualificação de instalação, de operação e desempenho. Matriz de Rastreabilidade É uma ferramenta que relaciona um ou mais documentos durante o processo de validação, a ideia é garantir que todos os requisitos do usuário sejam incorporados de forma eficiente no sistema a ser validado. De acordo com o Guia de Validações de Sistemas Computadorizados da Anvisa, a matriz assegura que: • Requisitos sejam atendidos e possam ser rastreados às respectivas configurações e/ ou elementos de desenho do sistema; • Requisitos sejam verificados e possam ser rastreados para testar ou verificar atividades que demonstram que os requisitos foram atendidos. Uma matriz também pode fornecer os seguintes benefícios: » Permitir maior efetividade no gerenciamento do risco; » Avaliar potencial impacto de uma mudança pretendida; » Facilitar gerenciamento de risco para uma mudança pretendida. 15 UNIDADE Validação de Processos, Limpeza e Sistemas Computadorizados Relatório de validação O relatório de validação do sistema deve contemplar todos os requisitos comuns aos demais tipos de validações; além disso, deve conter a matriz de rastreabilidade, análise de riscos, os controles de mudanças e os desvios (ANVISA, 2010). Conclusão A indústria farmacêutica é composta por uma série de sistemas e processos, na maio- ria deles de alta complexidade. Para garantir que esses processos e sistemas funcionem de forma adequada, preservando a segurança e qualidade dosprodutos produzidos, é fundamental que haja a validação desses sistemas e processos. Além de ser um requisito regulatório, a validação é imprescindível para atingir o mais alto nível de qualidade. As- sim, conhecer cada etapa do ciclo de vida de um processo, ferramentas de gerenciamen- to, aplicar a análise de riscos e implementar as documentações estruturais são algumas das tarefas que compõem essa área tão importante dentro da indústria farmacêutica. 16 17 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Os 10 melhores guias de Validação de Sistemas Computadorizados https://goo.gl/oBYpAe Validação de Sistemas Computadorizados – GAMP5 https://goo.gl/xf8ehr Validação de limpeza: 11 motivos pelos quais as indústrias de cosméticos e saneantes não conseguem validar https://goo.gl/QahzWE Livros Validação de limpeza de equipamentos multipropósitos da linha de manipulação de comprimidos por granulação úmida: caso da furosemida SOUZA, M. A.; OLIVEIRA, P. D. A.; JÚNIOR, G. S.; SANTANA, P. D.; DA SILVA, A. J. Validação de limpeza de equipamentos multipropósitos da linha de manipulação de comprimidos por granulação úmida: caso da furosemida. Rev Ciênc Farm Básica Apl., v. 33, n. 2, p. 299-306. 2012. 17 UNIDADE Validação de Processos, Limpeza e Sistemas Computadorizados Referências BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Gerência Geral de Inspeção e Controle de Medicamentos e Produtos (GGIMP). Guias relacionados à garantia de qualidade. Brasília, 2006. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Guia de validação de sistemas computadorizados. Brasília, 2010a. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Guia de validação de limpeza para farmoquímicas. Disponível em: <http://portal.anvisa. gov.br/documents/33836/2501339/Guia+de+valida%C3%A7%C3%A3o+de+limp eza+para+farmoqu%C3%ADmicas/573873c0-f41c-42bd-833f-d01f5767cebd>. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Guia para tratamento estatístico da validação analítica. Brasília, 2017. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Guias relacionados à garantia de qualidade. Brasília, 2006. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). RDC nº 17, de 16 de abril de 2010. Boas práticas de fabricação de medicamentos (BPF) de uso humano. Brasília, 2010b. CALIXTO, J., Moretto, D. L. Qualificações e validações, Guia Sindusfarma para Industria Farmacêutica, v. 17. 2016. FDA. Guidance for industry – process validation: general principles and practices. 2011. FDA. Guidance for Industry Quality Systems Approach to Pharmaceutical CGMP Regulations. 2006. Disponível em: <https://www.fda.gov/downloads/Drugs/ GuidanceComplianceRegulatoryInformation/Guidances/UCM070337.pdf>. FDA. Guide to inspections of validation of cleaning process, division of investigations, Office of Regional Operations, Office of Regional affairs. 1993. LOFTUS, B. T. The regulatory bases for processes validation. In: BERRY, I. R. NASH, R. A. (Ed.). Pharmaceutical process validation. 2. ed. New York: Marcel Dekker, 1993. SOUZA, M. A.; OLIVEIRA, P. D. A.; JÚNIOR, G. S.; SANTANA, P. D.; DA SILVA, A. J. Validação de limpeza de equipamentos multipropósitos da linha de manipulação de comprimidos por granulação úmida: caso da furosemida. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 33, n. 2, p. 299-306. 2012. 18
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