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Controle fisico-quimico de qualidade de medicamentos - Gil,E S

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Controle 
Físico-Químico de 
Qualidade de 
Medicamentos 
• 
•• 
• I PREFÁCIO 
Observa-se um crescente direcionamento do profissional 
farmacêutico para áreas da farmácia clínica e de manipulação 
com ênfase na atenção farmacêutica, dirigindo ao paciente o foco 
de atenção. Essa nova abordagem incrementa a importância da 
qualidade dos medicamentos. As questões éticas e regulatórias 
implicam, por sua vez, em tendências de crescimento das exigências 
de qualidade. 
Assim , a iniciativa do organizador deste l ivro ao t razer 
aspectos regulatórios e de qualidade, passando por diferentes 
conceitos de metodologias físico-químicas, vem preencher uma 
importante lacuna, considerando-se a ausência de bibliografia 
nacional nesse segmento. A facilidade de leitura e a forma de 
apresentação, agregando aspectos estritamente práticos, mas 
trazendo respostas e embasamentos técnico-científicos, constituem 
diferenciais preciosos. 
Ainda, a gama de assuntos abordados, abrangendo aspectos 
de amostragem e estatística, ensaios de identificação, controle 
de fitoterápicos, estudo de estab ilidade, chegando à anál ise 
instrumental, é de interesse para diferentes setores farmacêuticos, 
da farmácia pública à industrial. 
Parabenizo o organizador, pela iniciativa, que será val iosa 
tanto para o acadêmico quanto para o profissional, nos desafios da 
sua atividade. 
Ora. Terezinha de Jesus Andreo/i Pinto 
Diretora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas- USP 
---------------------------------- . 
• 
• I DEDICATÓRIA 
A todos os alunos que nos fazem sentir úteis. 
• •• 
• I SUMÁRIO 
PARTE I 
ASSUNTOS REGULATÓRJOS E SISTEMAS DE QUAliDADE 
LEGISLAÇÃO NA GARA'ITIA E CO'ITROLE DE QUALIDADE ......... ... ........... 17 
1.1 Legislação recomendada sobre Controle de Qualidade em 
medicamentos .................. ................ ...... ............................................... 23 
1.1.1 Leis ... ...................... .... ...... ... .. ... ..................... ........ .. .......... . .. .. ... ... .. 23 
1.1.2 Decretos ... ... .. .... ... .. .. .. ... ......................... ..... .. ... ...... ........... ........... .. 24 
1 .1 .3 Resoluções ...................... ...................... .. ............. ....... .. .. ...... .. ........ 24 
1 .1 .4 Portarias .................... .... ...... ............................................ .. .. .. .......... 26 
1 .1 .5 Resoluções do Conselho Federal de Farmácia (CFF) .......... ....... ......... 27 
2 GESTÃO DE QUALIDADE .............................. ........ .. . ...................... .... .......... 29 
2.1 Sistemas de qualidade ............. ......................... .. ........... ........ ....... .......... 32 
2.1.1 Sistema ISO 9.000 ....... ......................... ......... ......... ......................... 36 
2.2 'ormas de qualidade .................... ....... ................... ...... .. ....................... 38 
2.2.1 Boas Práticas de Fabricação ............. .. ......................... ................ ..... 39 
3 VALIDAÇÃO DE PROCESSOS ... ...... .............. ............ .... ....... .... ....... ...... .. ...... 43 
3. 1 Procedimentos Operacionais Padrão (POP) ............. .... ... .... ....... .............. 46 
3.2 Validação de métodos analíticos ................................................ .......... .. .48 
3.2.1 Parâmetros analíticos de validação ................................................... 51 
4 IMPLA TAÇÃO DO CO TROLE DE QUALIDADE .......................... .............. 59 
4.1 Controle de Qualidade na indústria farmacêutica . ............ ..... ... ..... ...... .... 60 
4.2 Controle de Qualidade na farmácia de manipulação ............................... 63 
4.3 Controle de Qualidade em laboratórios analíticos ................................... 64 
4.4 Cronograma de implantação de laboratório de controle de qualidade de 
medicamentos ............. .. .. ............ ........... .... .... ....... ... ..... ....... ... ... ............ 67 
4.4.1 Especificações e padrões de referência .. .... ..... ... .... ...... .. .. ... .. ..... ... .. . 67 
4.4.2 Equipamentos, reagentes e utensflios ..... .... ....... ............................. . 69 
4.4.3 Espaço iísico .... .. ................................... .................................. ......... 71 
PARTE 11 
AMOSTRAS E ESTATÍSTICA APliCADA AO CONTROLE DE QUAliDADE 
5 TÉCN ICAS DE AMOSTRAGEM .. ........................... ................... ... ................... 79 
5.1 Amostragem probabilística e não-probabilística ......................... .............. 81 
5.2 Estatística aplicada à amostragem .. ................. .................... ..... ... ............. 82 
5.2.1 Cálculo da amostra ........ ........................ ....... .................... ................... 83 
6 PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS ...... .... .. ............... .... .... .. ..... .......... .. .... ...... ...... 85 
6.1 Extração líquido-líquido (LLE) ..................... ....... .... .. ............ ......... .......... 87 
• 
•• 
6.2 Extração em fase sól ida (SPE) ......... ............... ................ ......................... 88 
6.3 Microextração em fase sólida (SPM E) ........ ....................................... ... .... 91 
7 ESTATÍSTICA APLICADA AO CO I'. TROLE DE QUALIDADE ......... ............. ...... 95 
7.1 Erros em análises quantitativas ............................................. ... .. .... ... ....... 96 
7.2 Distribuição normal de dados ................................................................. 97 
7.2.1 Medidas da tendência central ... ... ... ............ ..................................... 98 
7.2.2 Medidas da dispersão dos dados ..... . ..... .......................................... 99 
7.2.3 Distribuição dos dados em torno da média .... .. ..... ............. ..... ....... . 1 00 
7.3 Estatística dos erros aleatórios ..... . ...... .. ...... . ... ...................... ......... ....... . 1 02 
7.3.1 Intervalo de confiança da média .. . ....... .... ...... .... ..... .. .................... . 102 
7.3.2 Propagação de erros aleatórios ................. ....... ......... ...................... 1 05 
7.4 Testes de sign ificância ................. ..... ................. .................... ...... ....... ... 1 08 
7.4 .1 Teste T de Student.. .... ..... .... .... .... .. ... ................ ......... .... ... ............. 11 O 
7.4.2 Teste F ........................................ ... .... ..... ........... ......... .................. 114 
7.4.3 Teste Chi Quadrado (x,) .......... ... ..... .... ............. ...... ..... ... ... ...... ....... 116 
7.4.4 Teste Q de Dixon ........................................................................... 118 
7.5 Controle estatíst ico do processo ................. ............................... ........... . 120 
7.5.1 Distribuição normal .......................................................... ...... ....... 121 
8 TRATAMENTO ESTATÍSTICO D E DADOS I STRUMENTAIS- REGRESSÃO E 
CORRELAÇÃO .. ... ... .... .... ... .. .. ... .......... .... .... ......... ..... .... ..................... ... .. .. 125 
8.1 Regressão linear ..... ..... ...... ... ... ..... ...... .... .............................................. 125 
8.1.1 Coeficiente de correlação produto-momento ............. ..................... 127 
8.1.2 A linha de regressão de Y em X ......... .... ...... ... ............................... 131 
8 .1.3 Erros nos valores da tangente e do intercepto da curva de 
regressão ..... .......... .. . ......... .. .... .. ..... ........... .. ... ............... ... ......... . ... 133 
8.1.4 Ava liação de uma concentração ..... ................... ........ ......... .......... .. 135 
8.1.5 limitesde detecção ........... ... ........ .... .............. .. ....... .. .. .... .. .... .. .. .. .. 137 
8.2 O Método
das adições padrão . .... ........ .... ........ .. ........ ......... .. ......... ... .... 140 
8.3 Retas de regressão ponderadas .................................................. .. ......... 143 
PARTE 111 
ENSAIOS DE IDENTIFICAÇÃO 
9 MÉTODOS DE IDENTI FICAÇÃO ........... .. .................................................... 155 
9.1 Métodos clássicos ................ ... ... .. .. ............................ .. .. ....................... 15 5 
9.1.1 Reações de identificação para ânions comuns ................................. 156 
9.1 .2 Reações de Identificação para cátions comuns ................................ 162 
9.1 .3 Reações de Identificação para grupos orgânicos comuns ................. 164 
9.1 .4 Teste de solubil idade .. .. .. .. ........ .................................. ................... 166 
9.1.5 Análise o rganoléptica .. .. .. .... .... .... .... ...... ........... .. ............ ........ ........ 167 
• 
•• 
9.2 Métodos instrumentais ......................................................................... 167 
9.2.1 Identificação via análise de gráficos instrumentais .. .... .. .. ...... .. ......... 168 
9.2.2 Identificação via medidas de constantes físico-químicas .... .......... .. ...... 1 70 
9.2.3 Identificação via aná lise de cromatogramas ........................................ 176 
PARTE IV 
ENSAIOS DE PUREZA 
1 O IMPUREZAS I'<ORGÂ 'ICAS ................ ....... .............................................. 185 
10.1 Métodos gerais ........................................... .. .......... .. ...... ... ...... .. ......... 185 
10.1 .1 Ensaios quantitativos ............................ .. ........... ...... ........ .. ........... 186 
1 0.1.1.1 Teor de umidade (aquametria) ................. ...... .. .. .. .. ................ 186 
1 0.1 .1 .2 Teor de substâncias voláteis e não-voláteis ............ ...... .... ..... .. 191 
1 0.1.1.3 Teor de substâncias solúveis e insolúveis totais ........................ 191 
1 0.1.1.4 Teor de cinzas ...................................................................... 191 
1 0.1.1.5 Teor de cinzas sulfatadas ...................... ....................... .. ........ 191 
10.1 .1 .6 Teor de cinzas insolúveis e ácido clorfdrico .. .. .. .. ........ .... ........ 192 
10.1 .2 Ensaios semiquant itativos ............................... .. .. .. ...... .. .... .... ........ 193 
1 0.1 .2.1 Ensaio limite para cloretos .. .. .. .. ................ .. .... .. ... ...... .. .......... 193 
1 0.1 .2.2 Ensaio limite para sulfatos .................................. .. .................. 194 
1 0.1 .2.3 Ensaio limite para amônia ...................................................... 195 
1 0.1 .2.4 Ensaio limite para ferro ......... .......... ...... ... ......... .. ...... ..... ........ 196 
1 0.1.2.5 Ensaio limite para metais pesados .......................................... 198 
10.1 .2.6 Ensaio limite para arsênio ................................. .. ........ .. ......... 199 
10.2 Métodos Alternativos ................................................................ .. ........ 202 
11 IMPUREZAS ORGÂ ICAS ............ .. .... ...... ............ .... ........ .. ........ .. ............. 203 
11 .1 Métodos instrumentais .... .. ....... ... .. .... .......... .... ................ ................... 204 
11.1 .1 Métodos de separação ...................................... .. .. .. ... .. ........ ........ 204 
11.1 .2 \1\étodos eletroanalíticos ....................................... .. ..................... 205 
11.1.3 Outros métodos empregados na detecção de impurezas ............... 206 
PARTE V 
ENSAIOS D E POTÊNCIA 
12 MÉTODOS CLÁSSICOS DE DOSEAMENTO ............................................ 211 
12.1 Métodos volumétricos ...................................................... .. .... .. ........ . 214 
1 2.1.1 Aparelhos volumétricos ......................................................... ....... 214 
1 2.1.2 Solução padrão ............. ........ ...................... ............. .... ............... 21 7 
12.1 .3 Volumetria de neutralização ................................... .. .................... 221 
12.1 .4 Volumetria em meio não-aquoso .................................................. 223 
12.1.5 Volumetria de complexação ...... ..... .... .. .. ........................... ... ........ 223 
12.1 .6 Volumetria de oxirredução ...... .... . ......... .. ....... ...................... ........ 224 
• 111 -
• • 
12.1.7 Volumetria de precipitação ................. ........... .............................. 226 
12.2 Métodos gravimétricos ......................................... ........... ................... 227 
1 3 MÉTODOS I STRUMENTAIS DE DOSEAME'-T0 ...................................... 231 
13.1 Métodos espectroscópicos .................................................................. 231 
13.1.1 Espectrometria de absorção no UV-visível. .................................... 232 
13.1.1.1 Leis da fotometria ......................................... ................ ........ 232 
13.1.1.2 Curva de analítica ............. .............................. ...................... 235 
13.1 .1.3 Outros métodos espectrométricos ......... .... ....... ....... ............... 236 
13.2 Métodos eletroanalíti cos ..................... ... ...... . ...... ... ................ ............. 237 
14 CÁLCU LO DE DOSEAMENT0 ......... ........ . ... .... ~ .. ..... ....... ... ... ... ..... ........ .... . 243 
14 .1 Cálculo da tomada de ensaio e di luição ........................... .. ................. 245 
14.1 .1 Exemplos de cálculo de tomada de ensaio .................. .................. 246 
14.1.2 Exemplos de cálculo de doseamento ..................................... ....... 250 
PARTE VI 
ENSAIOS FÍSICOS DE QUALIDADE 
15 ENSAIOS DE QUALIDADE ..... ... ... .. ... ..... ....................... ............................ 267 
1 5.1 Ensaios físicos aplicados a formas sólidas ................ ............ .... ............ 2 70 
15.1.1 Granulometria e ângulo de repouso ...... ....................... ................. 270 
15.1.2 Peso ........................ ...................... .. ............................ ............... 272 
15.1.3 Dureza ............ ................ ... .. .... ....... ........... ... ..... ... ....... ............... 275 
15.1.4 Friabi lidade ..................... .... ........ .. .. ...................................... ... ... 276 
15.1 .5 Tempo de desin tegração .... .. ...... ... ............... ....... ...................... ... 277 
15.1.5.1 Tempo de desintegração para formas plásticas .................. ...... 278 
1 5. 1 .6 Ensaio de dissolução .................................... ................... ........ ... .. 279 
1 5.1.7 Aspectos visuais .. .. . .. ....... .. .... ..... ............................ ............... .. ..... 282 
15.1.7.1 Descrição dos defeitos em embalagens ................................. 283 
15. 2 Ensaios físicos aplicados a formas semi-sólidas ........................ ............. 284 
15.2.1 Aspectos visuais e sensoriais ............................. ............................ 285 
15.2.2 Aspectos reológicos ...................................................................... 285 
15.2.2.1 Viscosímetro de Brookfield ..... .................... ........................... 286 
15.2.2.2 Determinação da consistência ............................................ ... 286 
1 5.3 Ensaios físicos aplicados a formas líquidas ........................................... 287 
15.3.1 Aspectos visuais e sensoriais ......................... ................................ 287 
15.3.2 Aspectos reológicos ....................... ........ .... .. ..................... .. .......... 287 
15.3.2.1 Viscosímetro de Ostwald ................. ...... ......... ....................... 288 
15.3.3 Volume .......... .....
... .. ... .............. ..... .......... .. .............. ........ ........ 289 
15.4 Ensaios de qualidade físico-químicos .................................................. 290 
PA RTE VIl 
CO NTROLE DE FITERÁPICOS 
• •• 
16 CO'-TROLE DE QUALIDADE D E FITOTERÁPICOS ...................... .............. 297 
16.1 Definições ..................... ..... ... ..... ... .... .... ................... ......... ................ 299 
16.2 A Regulação de fitoterápicos no Brasil. ........... ........ .................... ...... .. . 300 
16.3 Considerações gerais sobre controle da qual idade, boas práticas e 
garantia da qualidade na produção de matérias-primas vegetais e 
de tltoterápicos .... .. ...... ........ .. .. ... .. ..... ... .... ..... ........ .... ...... ... ... .. .... .. ... 301 
16.4 Controle da qualidadede de matérias-primas vegetais e produtos 
fitoterápicos .. .. .... ........ ... . .. ... .. . .. .. ...... ........ .... .. ... .. ..... .. ... ...... ........ .... .. 304 
16.4.1 Amostragem ........... .... ... ... ... . ........... .. .. ... ... ........... ... ....... ...... .... ... 304 
16.4.2 Análise macroscópica e microscópica (análise farmacobotânica) .... 308 
16.4.3 Controle físico-químico de qualidade de matérias-primas vegetais e 
produtos íitoterápicos ........ ... ..... ..... ............................................. 309 
16.4.3.1 Ensaios de pureza ....... ........................................................... 309 
16.4.3.2 Avaliação qualitativa e quantitativa de prindpios ativos, 
classe de componentes ou marcadores .......................... ......... 320 
16.4.3.3 Outras determinações para insumos vegetais .......................... 336 
16.5 Produto acabado (fitoterápicos) .......... ................................................ 337 
1 6.5 .1 Padronização de matérias-primas vegetais e produtos 
fitoterápicos ................ .... ... .... . ... .... . ... ......... ...... ......... ................. 3 3 7 
PARTE VIII 
ESTUDOS DE ESTABILIDADE 
17 ESTAB ILIDADE DE FÁRMACOS E MEDICAM ENTOS .. .... ... ............... . .... .... 351 
1 7.1 Formas líquidas .... .... ........ ... .. .. ... . .......................... . ...... .. .... .... ........ ... . 354 
17.2 Formas semissólidas e sólidas .. .... ... ... ...... ... ....... .. ........ .... ........ ...... ..... . 356 
18 ESTUDOS DE DEGRADAÇÃO FORÇADA EM FÁRMACOS E 
MEDICAMENTOS- "TESTE DE ESTRESSE" ................... .. .......................... 359 
18.1 Produtos de degradação .. .... ....... .......................... ................... ........... 360 
18.2 Condução do estudo de degradação acelerada ... .. ............................... 360 
19 TESTE DE ESTABILIDADE E PRAZO DE VALIDADE .... ............................ .. .. 363 
19.1 Estudo de estabilidade acelerada ......... ... ... ... ...................................... 366 
19.2 Estudo de estabilidade de longa duração ... ........................ .... ...... ........ 367 
20 C"-ÉTICA DE ESTABILIDADE E PRAZO DE VALIDADE ............. ................. 369 
.. PARTE IX 
FUNDAMENTOS TEÓRICOS BÁSICOS EM ANÁLISES INSTRUMENTAL 
21 MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS ... .. ... ...... .. ..... ......... .. ...... .... .. .. ... ..... ...... . 379 
21.1 Espectrofotometria no UV-visível. .... ..... ...... ..... ..... .. .... ... ... .. ..... ... ..... ... . 381 
21.1.1 Transições eletrônicas ...... ... ......... ..... .......... ..... .... ... ..... .... ... ......... 382 
• 113 -
• 
• 
21.1.2 Componentes básicos de instrumentação ... ...... ......... .................... 384 
21.2 Espectrometria no Infravermelho ........ ................................................ 385 
21.2.1 Espectrometria de infravermelho próximo (NI R) ............................ 390 
21.3 Fluorímetria .................................... ...... .. ..................................... ...... 391 
21 .4 Fotometria de chama, espectrometria de absorção atômica e lcp ......... 392 
21.4.1 Fotometria de chama ................ ................................................... 393 
21.4.2 Absorção atômica .................................................... .................... 394 
21.4.3 Espectroscopia de emissão de plasma ......... .. .......... .... .................. 395 
21 .5 Refratometria ....................... ... .. ..... ......................... ... .. .. ... ................. 396 
21. 6 Polarimetria ............................................ ....... ................... .. ............... 397 
22 MÉTODOS TERMOANALÍTICOS .................. .. ... ... .. ............................ ....... 399 
22.1 Termogravimetria ............................ ......... ................................ ..... .... 401 
22.2 Aná lise térmica diferencial ................................................................ .402 
22.3 Calorimetria exploratória diferencial ............. ............. ........................ 402 
23 M ÉTODOS DE ANÁLISE E SEPARAÇÃ0 ........ ............................................. 405 
23.1 Cromatografia .................................................................................... 405 
23.1.1 Cromatografia Uquida de Alta Eficiência ou 
Alta Performance (CLAE ou HPLC) ..................... ....... .. ................ .422 
23.1.2 Cromatografia gasosa ......... .. .. .. .............. .......... .... ..... .... .............. .425 
23.1 .3 Cromatografia supercrítica .............. ........... .. .......................... ...... 426 
23.2 Eletroforese ............... ... .. .. .. .. .. ...... ..... ............................ .. ..... .............. 427 
24 MÉTODOS ELETROQUÍMICOS ...................................... ......................... 431 
24.1 Potenciometria .. .. ..... .... ... ... ..... ..... ...... .... .. ... ....... ......... ...... .... .. ...... .... . 433 
24. 1 .1 Eletrodos de referência .......... ................ .................. ..... .... ........... 434 
24.1 .2 Eletrodos indicadores ou eletrodos de trabalho ..... .. ....... ..... .......... 438 
24.1.3 Determ inação experimental de pH .......... ..................................... 443 
24.1 .4 Equipamentos ..... ... ... ....... ................ .. ...... .. .................................. 446 
24.2 Condutometria ................................ ...... ................ ................ ... ......... 446 
24.2.1 Condutometria direta .. ...... ............ ... ........................... ................. 449 
24.2 .2 Titulações condutométricas ......... .. ... ....... ......... ......... ... ...... .......... 450 
24.3 Voltametria .. .. .. .... .. ........ ... .. ...... . .. .......................... ............................ 452 
24.3.1 Polarografia ....... ...................... .......................................... .... ...... 454 
24.3.2 Voltametria cíclica ......... ......... ..................................................... 459 
24.3.3 Voltametria de pulso diferencial ......................... ................ ......... 463 
24 .3.4 Voltametria de onda quadrada (VOQ) .......................................... 465 
ANEXOS 
A- EXEMPLOS DE PROCEDIMENTOS O PERACIONAIS PADRÃO (POP ' S) ........... 475 
B- EXEMPLOS DE MONOGRAFIAS FARMACOPÉICAS (ESTRUTURA GRÁFICA) .... 49 1 
C- TABELAS ESTATfSTICAS ............................ ................................... ............ 507 
ASSUNTOS 
REGULATÓRIOS E 
SISTEMAS DE QUALIDADE 
" Se você é capaz de tremer de indignação 
a uma injustiça, e prefere morrer em pé, 
a viver ajoelhado; então somos companheiros." 
(Ernesto "'CheN Cuevara de La Serna) 
LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE 
1 LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E 
CONTROLE DE QUALIDADE 
• 
•• 
GIL, E.S.; GONÇALVES, D. & FIGUEIREDO, G. 
Quando se estuda Garantia e/ ou Cont role de Qua lidade 
depara-se com uma d iscipl ina rígida e sistemática que tende, 
f requentemente,
a causar certa repulsa. Entretanto, tamanha rigidez 
j ustifica-se pela inerente importância do tema - afinal qualidade, para 
os medicamentos, é um atributo de caráter não apenas comercial 
mas, também, legal, ético e moral. Assim, enquanto qualidade, para 
muitos produtos, é uma questão de competitividade, no campo da 
Saúde deve ser obrigatoriamente atendida. As especificações de 
qualidade conside radas imprescindíveis, se não cumpridas, podem 
acarretar em sérias impl icações. 
"Tenha, em relação às doenças, duas coisas em vista: seja 
útil ou, ao menos, não prejudique." 
HIPÓCRATES - 430 AC 
Nesse contexto, cabe estudar a legislação referente ao 
Con trole de Qualidade dos med icamentos. Para tanto é preciso, 
em primei ro lugar, conhecer os seguintes aspectos : A) Definição; B) 
Hierarquia; e C) Extensão dos atos legais pelos quais o regulamento 
jurídico se exprime. 
A) Segundo Aurélio, (1999): " lei é regra de direito ditada 
pela autoridade estatal e tornada obrigatória para manter, numa 
comunidade, a ordem e o desenvolvimento". 
A lei é indistinta a toda a comunidade, ao rico e ao pobre, 
ao homem e à mulher, dotada de sanção. 
A Constitu ição Federal de 1988 é pedra angular de todo o 
ordenamento jurídico e fonte de val idade de todo o di reito do 
Estado. Todas as leis a ela devem se adaptar e reger segundo seus 
pri ncípios, caso contrário estão em afronta à Lei Maior, ou seja, são 
consideradas inconstitucionais. No art. 59 da Constituição Federal 
de 1988 são apontadas as chamadas espécies normativas. 
• PARTE I - ASSUN TOS REGULATÓ RIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
• 
6) Existe hierarquia nas espécies normativas? 
É uma matéri a mui to discut ida, com opiniões d iversas e 
argumentoscontundentes em duas linhas de interpretação 
distintas. Um grupo afirma a inexistência da hierarquia, com 
exceção das emendas constitucionais, e cada espécie normativa 
atuará dentro de sua esfera de competência; caso contrário, será 
caracterizada a inconsti tucionalidade. 
Alguns juristas ap ontam o esca lonamento de normas em 
determ inados casos, como uma hie ra rq uia, por exemp lo. A le i 
subm ete-se à Constituição, o regulamento submete-se à le i, a 
instru ção do M inistro subm ete-se ao decret o, a reso lução d o 
Secretário de Estado se submete-se ao decreto do Governador, a 
portaria do chefe de seção submete-se à resolução secretaria!. 
1. Emendas à Consti tuição : trabalho reformador que ai Lera o poder 
constituinte original, pelo acréscimo, modificação ou supressão 
de normas. 
2. Lei Complementar : tem como função tratar de cerlas matérias 
que, para a Const ituição, devem ser regulamentadas por normas 
mais rígidas. Exemplo: Lei O rgânica da Magistratura. 
3. Lei Ordinár ia : tudo q ue não for regu lamentado por Lei 
Complementar, sendo fruto de atividade do Poder Legislativo. 
Exemplo: Código Civil e Penal, Código de Defesa do Consumidor 
e outros. 
4. Lei Delegada: é elaborada pelo Presidente da República após 
solicitação prévia do Congresso Nacional, informando o assunto sobre 
o qual irá legislar. Exemplo: mais usada em tempo de guerra. 
5. Medida Provisória: norma privativa do Presidente da República, 
ditada em caso de relevância ou urgência, com força de lei a 
partir de sua publicação e vigência por 60 dias, prorrogáveis 
por mais 60. Nesse período o Congresso Nacional aprovará, 
rejeitará ou criará nova norma em sua substituição, podendo o 
Poder Executivo editar nova medida provisória, com o mesmo 
teor, somente na sessão legislativa do ano seguinte. Exemplo: 
responsabilidad~ técnica para distribuidora de medicamentos 
em todo o horário de funcionamento. 
6. Decretos Legislativos: deliberações de uma medida qualquer, 
de caráter administrativo ou público, e de competência exclusiva 
LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE 
• •• 
do Congresso Nacional, instrumento este que referenda e aprova 
a decisão do Presidente da República, dando-lhe liberdade para 
promulgar o texto em questão por meio de decreto. 
7. Resolução: é um ato firmado na própria atribuição, conferida ao 
órgão ou ao representante do poder público, que regulamentará 
as matérias de competência privativa da Câmara do Deputados 
e do Senado Federal. Exemplo: a Agência Nacional de Vigilância 
Sani tária (Anvisa) emi te resoluções que alteram o campo da 
fiscalização sanitária, sendo, portanto, uma norma vinda do 
direito público. 
C) A extensão territorial das leis. 
1 . Leis federais, elaboradas pelo Congresso acionai; 
2. Leis estaduais, elaboradas pelas Assembléias Legislativas; 
3. Leis municipais, elaboradas pelas Câmaras de Vereadores. 
A promulgação da Constituição da República Federativa do 
Brasil de 1988 trouxe maior intervenção do Estado na área da Saúde, 
como a importante inserção de artigos na seção correspondente,assim 
traduzidos: 
Seção 11 
Da Saúde 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução 
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal 
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção 
e recu peração. 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, 
cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre 
sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua 
execução ser feita diretamente ou através de tercei ros e, 
também, por pessoa física ou j urídica de d ireito privado. 
Art. 198 ......... .......... .... .. .. [ ... ) 
Art. 199 .. .................. ..... .. [ ... ) 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras 
atri buições, nos termos da lei: 
l- cont rol a r e fiscali za r procedimentos, produtos e 
substâncias de interesse para a saúde e parti c i par da 
produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, 
hemoderivados e outros insumos. 
PARTE I ·ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
11- .... ......... [ ... ] 
11 1-............ [ ... ] 
IV-............ [ ... ] 
v ..... ........ [ ... ] 
VI-.......... .. [ ... ] 
VIl- participar do controle e fiscalização da produção, 
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos 
psicoativos, tóxicos e radioativos. 
VI II- .......... [ ... ] 
A preocupação dos con stituintes com a qualidade dos 
produtos destinados à saúde foi ratificada pela Lei n2 8.080, ·de 19 
de setembro 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, 
proteção e recuperação da sa úde, a organização e o funcionamento 
dos serviços de saúde. 
Art.6. Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema 
Único de Saúde (SUS): 
l-execução de ações: 
a) de vigi lância sanitária 
b) ........ [ ... ] 
c ) ........ [ ... ] 
d ) ........ [ ... ] 
11-......... [ ... ] 
111- ........ [ ... ] 
IV-........ [ .. . ] 
V- ......... [ ... ] 
VI- a formulação da política de medicamentos, equipamentos, 
imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde 
e a participação na sua produção; 
VIl- o contro le e a fiscalização de serviços, produtos e 
substâncias de interesse a saúde; 
VI I I-.. .... [ .. . ] 
IX- a participação no controle e na fiscalização da produção, 
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos 
psicoativos, tóxicos e rad ioativos; 
Entende-se por vigi lância sanitá ria o conjunto de ações 
capazes de eliminar, d iminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir 
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção 
LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE 
• •• 
e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da 
saúde, abrange: 
1- o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, 
relacionam-se com a saúde, compreendidas todas as etapas 
e processos, da produção ao consumo; e 
11-o controle da prestação de serviços que se relacionam direta 
ou i ndiretamente com a
saúde. 
Os profissionais de Saúde, no momento em que se iniciam 
na carreira profissional, assumem deveres perante a sociedade como 
uma obrigação permanente, não mais uma quantidade de princípios 
que, na maioria das vezes, até então não eram observados. Com o 
advento da Lei nº 8078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe 
sobre a proteção ao consumidor, foram ampliados os deveres da 
responsabilidade técnica, assumidos pelo profissional diante da 
regulamentação específica da sua área de atuação: 
Art. 6- São direitos básicos do consumidor: 
1- a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos 
provocados por práticos no fornecimento de produtos e 
serviços considerados perigosos ou nocivos; 
11-[ ... ) 
111-a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos 
e servi ços, com especi ficação, correta de quantidade, 
características, composição, qualidade e preço, bem como 
sobre os riscos que apresentem; 
O profissional que trabalha diretamente com a vida e a saúde 
das pessoas está sujeito a legislações diversas, como a Constituição 
Federal, Códigos Civ il , Penal, Ético e de Defesa do Consumidor, leis, 
decretos, resoluções e portarias. 
O profissional poderá responder por seus atos ou omissões 
criminal, ética e civilmente. Por exemplo, pelo novo Código Civil 
promulgado pela Lei nº 10.406, de 11 de janeiro de 2003, aquele 
que causar dano a alguém tem a obrigação de indenizá-lo, podendo 
responder, ainda, criminal e eticamente: 
Art.186. Aquele que por ação ou omissão vol untária, 
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a 
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilíci to. 
Art.187. Também comete ato ilfcito o titular de direito que, 
ao exercê-lo, excede manifestamente os li mites impostos 
pelo seu fim econômico ou social, pela boa- fé ou pelos bons 
costumes. 
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
•• 
[ ... ] 
Art. 92 7. Aquele que, por ato ilfcito, causar dano a outrem, 
fica obrigado a repará-lo. 
A responsabilidade do profissional de saúde no Controle de 
Qualidade é enorme. Não se pode alegar, em nenhum momento, 
desconhecer a lei, pois a ninguém é dado o desconhecimento da 
lei referente a sua área de atuação. Segundo o art. 121 do Código 
Penal, a pena para o profissional liberal é aumentada em um terço, 
pois caberia a ele a obrigação de prever o resultado, devido ao 
conhecimento técnico próprio da sua formação. 
A Lei nº 9.695, de 20 de agosto de 1998 inseriu a falsificação, 
corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinados a fins 
terapêuticos ou medicinais, como crimes hediondos. O infrator 
estará sujeito à pena de um a 1 O anos de reclusão e os crimes serão 
considerados inafiançáveis, ou seja, o réu deverá cumprir a pena 
integralmente, em regime fechado. 
Dentro da estrutura organizacional do Ministério da Saúde 
existem autarquias, como entidades vinculadas. A Anvisa é uma dessas 
entidades, criada por força da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de1999, 
com poderes regulatórios, de fiscalização e controle de produtos e 
serviços que oferecem risco para a saúde. 
Com a publicação da Lei º 8.080/1990, o conjunto de ações e 
serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, 
estaduais e municipais, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS). 
No campo de atuação do SUS compete ao município executar os 
serviços de Vigilância Sanitária (VISA), tendo as suas atividades caráter 
educativo e repressivo. 
Ao observar, por meio da fiscalização, i rregularidades de 
natureza sanitária, as Visa aplicarão sanções embasadas na Lei n º 
6.437, de 20 de agosto 1997, e nos códigos sanitários estaduais e 
municipais. 
A infração é a desobediência ou a inobservância dos 
dispositivos regulamentares, sendo infrator aquele que, por ação ou 
omissão, causou uma infração, participou da sua prática ou dela se 
beneficiou. 
É oportuno lembrar que foi editada a Resolução CFF nº 417,de 
29 de setembro de 2004, que trata do novo Cód igo de Ética da 
Profissão Farmacêutica, e da Resolução CFF nº 431, de 17 de fevereiro 
de 2005, que trata das infrações e sanções éticas e disciplinares 
aplicadas aos farmacêuticos. Trata-se de um código progressista, que 
busca preservar a identidade da área da Farmácia. 
O novo Código de Ética afirma, em seu preâmbulo, que: 
LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE 
• •• 
"O farmacêutico é um profissional da saúde, cumprindo-lhe 
executar todas as atividades inerentes ao âmbito profissional 
farmacêutico, de modo a contribuir para salvaguarda da 
Saúde Pública e, ainda,[ .. . ] " . 
Portanto, é enorme a responsabilidade ética do profissional 
farmacêutico. 
É essencial que todo profissional tenha pleno conhecimento 
do seu Código de Ética Profissiona l, pois no mundo globalizado de 
hoje com o acesso instantâneo a informações, principalmente na 
área da Saúde, a defesa da ética profissional passou a ser vi tal. 
1.1 lEGISLAÇÃO RECOMENDADA SOBRE CONTROLE DE 
QUALIDADE EM MEDICAMENTOS 
Nos últimos anos, a legislação especificamente voltada para 
a Garantia e o Controle de Qualidade de med icamentos tem sofrido 
constantes atualizações. Várias resoluções e guias da Anvisa foram 
submetidos à consulta pública e então revogados. Deste modo, 
cabe ao leitor o cuidado de checar quais são as determinações e 
recomendações em vigor. É importante esclarecer que resoluções 
são documentos com poder de lei que devem ser obedecidas, e 
que guias são documentos que sugerem uma linha a ser seguida, 
portanto, abertos à interpretação. Os gu ias são recomendações, são 
intencionalmente vagos para deixar aos analistas a f lexibilidade de 
adaptá-los de acordo com o método a ser usado. 
Por outro lado, muitas leis e seus respectivos decretos, aos 
quais estas resoluções estão subord inadas, permanecem inalterados 
por vári as décadas. Assim, a vasta legislação vol tada ao setor 
farmacêutico pode então ser descrita por meio de leis, decretos, 
portarias, resoluções e guias específicos. 
1.1.1 leis 
• Lei no 5.991 , de 17/ 12/1973. - Dispõe sobre o contro le 
sanitário de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e 
correlatos, e dá outras providências. 
• Lei no 6.360, de 23/09/ 1976. - Dispõe sobre a v igilância 
sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas, os 
insumos farmacêuticos e os correlatos, cosméticos, saneantes 
e outros produtos, e dá outras providências. 
• Lei no 8.080, de 19/09/ 1990. - Tra ta da o rganização e 
funcionamento dos serviços de saúde. 
• 
•• 
PARTE I- ASSUNTOS REGULATÓ RIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
• Lei nll 9 .695, de 20/08/ 1998. - Dispõe sobre a falsificação, 
corrupção, adulteração ou alteração de produtos medicinais 
como crime hediondo. 
• Lei nll 9.782, de 26/01 / 1999. - Define o Sistema Nacional 
de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária, e dá outras providências. 
• Lei nll 9 .787, de 10/02/1999.- Altera a lei nll 6360, de 
23/09/ 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece 
o medicamento genérico. 
1 .1 .2 Decretos 
• Decreto nll 3.675, 28/ 11 / 2000. - Dispõe medidas especiais 
relacionadas com registro de medicamentos genéricos, de 
que trata o art. 40 da Lei nll 9 .787, de 10/02/1999. 
• Decreto nll 7.9094, de 05/01 /1977.- Regulamenta a Lei nll 
6.360, de 23/09/ 1976. 
• Decreto nll 3.961, de 10/ 10/2001 . - Altera o Decreto nll 
79.094, de 05/01 /1977, que regulamenta a Lei n11 6.360, de 
23/09/1976. 
• Decreto nll 74.174, de 10/06/1977.- Regulamenta a Lei nll 
5.991, de 17/12/1973. 
1.1.3 Resoluções 
• Resolução RDC nll 46, de 18/05/ 2000.- Normatiza os processos 
de produção e controle de qualidade, a aquisição e distribuição 
dos medicamentos hemoderivados para uso humano. 
• Resolução RDC nll 09, de 02/01 /2001. -Aprova o regulamento 
técnico
de soluções parenterais de pequeno volume. 
• Resolução RDC nll 80, de 18/ 03/ 2002.- Regulamento técnico 
de registro, alterações e inclusão pós-registro e revalidação 
de produtos bio lógicos. 
• Resolução RDC nll 35, de 25/02/2003.- Determina a todos os 
estabelecimentos distribuidores e fracionadores de insumos 
farmacêuticos o cumprimento das diretrizes estabelecidas 
no regulamento técnico de Boas Práticas de Distribuição e 
Fracionamento de Insumos Farmacêuticos. 
• Resolução RDC nll 79 , de 11 / 04/ 2003. - Trata da 
admissibilidade de códigos farmacêuticos estrangeiros como 
referência no controle de qualidade de insumos e prod utos 
farmacêuticos. 
LEGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE 
• • 
• Resolução RDC n2 133, de 29/05/2003.- Dispõe sobre o registro 
de medicamentos similares e dá outras providências. 
• Resolução RDC n2 134, de 29/05/2003. - Dispõe sobre a 
adequação de medicamentos já registrados (parcialmente 
revogado pela RDC n2 21 O e pela RDC n2 48). 
• Resolução RDC no 135, de 29/05/2003. - Regulamento 
técnico para med icamentos genéricos. (revoga a RDC no 84, 
de 2002) . 
• Resolução RDC no 136, de 29/05/2003. - Dispõe sobre registro 
de medicamentos novos (alterado parcialmente pela RDC 
n.221 O e n.272, de 2004) . 
• Resolução RDC no 139, de 29/05/2003.- Dispõe sobre registro 
de medicamentos homeopáticos industrializados. 
• Resolução RE no 899, de 29/ 05/ 2003. - Determina a 
publicação do "Guia para validação de métodos analíticos 
e bioanalfticos"; fi ca revogada a Resolução RE nl1 475, de 
19/03/ 2002. 
• Resolução RDC no 21 O, de 04/08/2003.- Determina a todos os 
estabelecimentos fabricantes de medicamentos o cumprimento 
das diretrizes estabelecidas no regulamento técnico das Boas 
Práticas para a Fabricação de Medicamentos. 
• Resolução RDC nl1 333 , de 19/ 11 /2003. - Dispõe sobre 
rotulagem de medicamentos e outras providências. 
• Resolução RDC no 186, de 27/07/2004.- Dispõe sobre a notificação 
de drogas ou insumos farmacêuticos com desvio de qualidade 
comprovado pelas empresas fabricantes de medicamentos, 
importadores, fracionadores, distribuidoras e farmácias. 
• Resolução RDC nl1 72 , de 07/04/2004. - Dispõe sobre os 
medicamentos importados a granel ou em suas embalagens 
primárias. 
• Resolução RE n2 88, de 16/03/2004. - Determina a publicação 
da " lista de referências bibliográficas para avaliação de 
segurança e eficácia de fitoterápicos". 
• Resolução RE nl1 89, de 16/03/2004. - Determ ina a publicação 
da " lista de registro simplificado de fi toterápicos". 
• Resolução RE no 90, de 16/03/2004.- Determina a publicação 
da "guia para a realização de estudos de toxicidade pré-clínica 
de fitoterápicos" . 
• Resolução RE n2 91 , de 16/04/ 2004.- Determina a publicação 
do guia para a realização de alteração, inclusões, notificações 
e cancelamentos pós-registros de fitoterápicos. 
• Resolução RDC no 48, de 16/04/ 2004. - Dispõe sobre o 
registro de medicamentos fitoterápicos. 
PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓ RIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
• Resolução RE nQ 398, de 12/1 1/2004.- Determina a publicação 
do Guia para a Realização de Estudos de Estabilidade. 
• Resolução RDC nQ 354, de 18/ 12/ 2004. - Permite a 
manipulação de produtos farmacêuticos de uso interno, 
que contenham substâncias de baixo índ ice terapêutico, aos 
estabelecimentos farmacêuticos que cumprirem as condições 
especificadas. 
• Resolução RDC nQ 27, de 30/03/ 2007. - Dispõe sobre o 
Sistema acionai de Gerenciamento de Produtos Controlados 
- SNGPC, estabelece a implantação do módulo para drogarias 
e farmácias e dá outras providências. 
• Resolução RDC nQ 58, de 05/09/2007. - Dispõe sobre o 
aperfeiçoamento do controle e fiscalização de substâncias 
psicotrópicas anorexígenas e dá outras providências. 
• Resolução RDC nQ 67, de 08/10/2007. - Dispõe sobre Boas 
Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais 
para Uso Humano em Farmácias, revogando a RDC nQ 33, de 
19/04/ 2000, RDC nQ 354, de 18/12/2003, e RDC nll 214, de 
12/12/2006. Alterada pela RDC nQ 87, de 21 /11 / 2008. 
• Resolução RDC NQ 44, 1 7/08/2009- Dispõe sobre Boas Práticas 
Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da 
dispensação e da comercialização de produtos e da prestação 
de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras 
providências. 
1 .1.4 Portarias 
• Portaria nº 344, de 12/05/1998. - Aprova o regulamento 
técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle 
especial. 
• Portaria nll 2.043, de 12/ 12/ 1994. - Institui o sistema de 
garantia de qualidade de produtos correlatos, submetidos ao 
regime da lei nº 6360, de 27/09/ 1975. 
• Portaria nº 106, de 24/06/1996. - Reconhece contrato de 
terceirização das atividades de controle de qualidade dos 
medicamentos e seus insumos com laboratórios e entidades 
públicas ou privadas. 
• Portaria nQ 19, de 16/02/ 1996. - Aprova a relação de 
documentos necessários à formação de processos para a 
sol icitação de registro de medicamentos importados. 
• Portaria nQ 40, de 13/01 / 1998. - Estabelece normas para 
nfveis de dosagens diárias de vi taminas e minerais em 
medicamentos. 
l EGISLAÇÃO NA GARANTIA E CONTROLE DE QUALIDADE 
• • 
• Portaria n!l 802, de 08/10/1998. - Institui o sistema de controle 
e fiscalização em toda a cadeia dos produtos farmacêuticos. 
• Portaria n2 272, de 08/04/1998. - Regulamento técnico para 
fixar os requisitos mínimos exigidos para a terapia de nutrição 
parenteral. 
• Portaria n2 519, de 26/06/1998. - Aprova o Regulamento 
Técnico para Fi xação de Identidade e Qua lidade de 
"Chás - Plantas Destinadas à Preparação de Infusões ou 
Decocções". 
1.1.5 Resoluções do Conselho Federal de Farmácia 
(CFF) 
• Resolução n!l 417, de 29/9/2004. -Aprova o Código de Ética 
da Profissão Farmacêutica. 
• Resolução n2 431 , de 17/02/2005. - Dispõe sobre as infrações e 
sanções éticas e disciplinares aplicáveis aos farmacêuticos. 
Fontes de pesquisa na Web: 
www.anvi sa.gov. br 
www.cff.org.br 
GESTÃO DE QUALIDADE 
2 GESTÃO DE QUALIDADE 
• 
• 
GIL, E.S. & QUINTIN O, W.A. 
O conceito de qualidade, embora bastante subjetivo, 
pode ser definido, de modo bem simples, como um conjunto de 
at ri butos que se deseja para um determinado produto. A satisfação 
das expectativas do cliente e o cumprimento de aspectos técnicos e 
de performance legalmente exigidos são dois fatores determinantes 
para o conceito. 
Para definições ma is precisas de qualidade deve-se 
contextualizá- la a parti r de enfoques como visão transcendental, 
produto, cl iente, produção e valor. 
Na ótica transcendental, qualidade é si nônimo de excelência 
absoluta, com alto nível de realização e universalmente reconhecida, 
havendo ce rta eternização nas obras de alta qualidade. 
Nessa abordagem, qualquer que sej a a natureza da 
quali dade, existe uma dependência do entend imento das pessoas, 
sendo, portanto, inerentemente subjetiva. 
Sob a ótica do produto, o conceito de qualidade passa a 
ter senti do mais concreto, preciso e mensurável. As diferenças de 
qualidade estarão atreladas a atributos específicos ou ingredientes 
do produto. 
A abo rdagem fundamentada no usuá rio retoma a 
subjetividade, pois cada consumidor apresenta desejos e preferências 
pessoais. Ressalta-se, aqui, que focar a qualidade na satisfação 
do cliente nem sempre resulta em produtos com alto padrão de 
qualidade. Por exemp lo, as rádios mais ouvidas, em geral, não são as 
que tocam música de melhor qualidade, assim como a lista de liv ros, 
CDs ou DVDs mais vendidos não seriam os mais transcendental mente 
bem elaborados. 
Na definição fundamentada na produção a qualidade passa 
a se r sinônimo do cumprimen to das especificações, que em se 
tratando de medicamentos, são bem exigentes.
Dessa forma, uma 
Ferrari e um Uno Mille poderiam equivaler em qualidade, desde 
que cumprissem as especificações. 
Por f im, há a ótica fundamentada no valor e nas relações custo-
• PARTE I ·ASSUN TOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
•• 
benefício. Definir qualidade em termos de custo e preço é uma tarefa 
de difícil aplicação prática, pois seus limites são pouco definidos e 
dependem da variabil idade das necessidades de cada cliente. 
Mas se o conceito de qualidade pode, sob vários aspectos, 
ser bastante subjetivo, sua importância é irrefutável. 
Como demonstram alguns exemplos históricos, a importância 
da qualidade, bem como o seu controle e/ou a garant ia, sempre 
esteve associada aos processos produtivos, evoluindo de acordo com 
as exigências fundamentadas em aspectos econômicos e culturais. 
Por volta de 2.150 a.C. , o código Hamurabi demonstrava 
preocupação com a qualidade das habitações e determi nava a 
imolação de construtores que negociassem imóveis débeis. 
Os fenícios, por sua vez, amputavam as mãos dos fabricantes 
que produzissem produtos fora das especificações. Posteriormente, 
no J mpério Romano, foram desenvolvidos sistemas de qua lificação 
de produtores, bastante avançadas para a época, que controlavam 
toda a produção rural de seu domínio. Já na Idade Média, Luis XIV 
aprovou normas relacionadas com a escolha de fornecedores e 
controle de processos de fabricação de embarcações. 
A evolução dos mecanismos de controle de qualidade 
passou por três fases: Era da Inspeção, Era do Controle Estatístico e 
Era da Qualidade Total. 
Na Era da Inspeção os produtos eram verificados um a um, 
com a participação do cliente; o foco estava na detecção dos defeitos, 
analisando a tendência de gerar erros ou falhas. 
A Era do Controle Estatístico surgiu com o advento da 
Revolução Industrial, durante a qual se deu a produção em 
larga escala. 
essa era, os produtos eram amestrados e inspecionados 
por um departamento especializado; a ênfase estava na localização 
dos defeitos. 
Esta era se estendeu até o final do século XX, quando foi 
substituída pela Era da Qua lidade Total. Nesta, cujo lema é "faça 
certo desde a primeira vez" , o processo produtivo é controlado 
desde a etapa do projeto, visando prevenir defe itos e assegurar a 
qualidade. Na Era da Qualidade Total todos os membros da empresa 
são responsáveis pela qualidade do produto. 
A Garant ia da Qual idade base ia-se nos princfpios da 
Qualidade Tota l, sendo necessário o contro le de toda a cadeia 
produtiva - desde a qualificação dos fornecedores até os serviços de 
atendimento ao consumidor (SAC), que a partir da Lei de Defesa do 
Consumidor nº 8.078/1990 tornaram-se obrigatórios. 
30 
GESTÃO DE QUALIDADE 
• •• 
A Garantia da Qualidade é uma estratégia de diferenciação 
e de sobrevivência. Garantir a qualidade é primar pela prevenção de 
defeitos, evitando qualquer retrabalho. Deste modo, a manutenção e 
melhoria contínua da qualidade permeia a redução de custos, que por 
sua vez, é essencial em um mercado cada vez mais competit ivo. 
Os custos associados à qualidade, como treinamento de pessoal, 
qualificação de fornecedores, controle de processo, são invariavelmente 
menores que os custos associados à não-qualidade, tais como a rejeitos, 
reca/ls, reprocessos, parada ou atraso de produção, comprometimento 
da imagem da empresa ou, nos piores casos, custo das indenizações 
aos clientes. 
Enfim, Garantia da Qualidade é um conjun to de ações 
sistematizadas, necessárias e suficientes para prover a confiança em 
que os requisitos da qualidade de um produto ou serviço sejam 
atendidos. 
Entre essas ações está contro lar a qualidade em todas as etapas, 
função desempenhada pelo departamento de Controle de Qualidade. 
Este departamento pode ser subdivi.dido ou não, de acordo com suas 
funções: controle de matérias-primas, controle físico-químico, controle 
de processo, controle biológico, controle microbiológico, inspeção de 
embalagens, inspeção de equipamentos e outros. 
Para garantia da qualidade, essas ações devem estar 
harmon iosamente correlacionadas e serem geridas como um todo, 
originando o que hoje se conhece por Gestão da Qualidade. 
Gestão da Qualidade é, portanto, o conjunto de atividades 
gerencia is que determinam a política da qualidade, seus objetivos e 
responsabilidades implementados por meio do planejamento, garantia, 
controle e melhoria contínua da qualidade. 
Esse sistema organizacional está estruturado de forma a que 
todos os procedimentos, responsabi lidades, processos e atividades 
estejam fundamentados em um objetivo comum: a busca pela 
excelência da qualidade de produtos e serviços. 
Entre outros benefícios, estratégias coorporativas baseadas na 
gestão da qualidade viabil izam a manutenção da lealdade do cliente, 
melhoria de resultados, versati lidade competitiva, otim ização do uso 
de recursos e incremento das competências da organização, além de 
agregar valores à empresa e ao cliente. 
No setor farmacêutico, os sistemas e filosofias da qualidade 
foram aperfeiçoados e intensificaram-se a partir da década de 1970, 
depois que o Guia de Boas Práticas de Fabricação foi instituído. 
A partir daí, muitos processos e filosofias sobre qualidade foram 
criados e adotados no sentido de atender ao padrão desejado para 
med icamentos. 
• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE Q UALIDADE 
•• 
2.1 SISTEMAS DE Q UA LIDADE 
Em um Sistema de Qualidade eficiente há, invariavelmente, 
participação efetiva de todos os envolvidos na cadeia produtiva. 
Portanto, a metodologia adotada por uma empresa no 
gerenciamento da qualidade associa todas as atividades executadas 
por seus colaboradores no sentido, não apenas, de atender aos 
padrões legais de qua lidade, como também de satisfazer as 
expectativas do cl iente. 
Nesse contexto, o sistema de Gestão da Q ualidade trata 
de t rês questões fu ndamentais: o planejamento da qualidade, a 
manutenção da qualidade e a melhoria contínua da qualidade. 
- No planejamento da qualidade são estabelecidas as metas 
e os objetivos, desenvolvi dos os processos, providos os 
meios e recursos, determinados os padrões de qualidade e 
estabelecidas as estratégias, ações e responsabilidades. 
- A manutenção da qualidade traduz-se pela garantia da 
qualidade. essa função são realizados o acompanhamento, 
a supervisão e o controle para atingir os padrões de qualidade 
pré-estabelecidos, bem como a auto-avaliação do sistema 
de qualidade em exercício, com revisão/atualização dos 
processos, quando necessária . 
- Na melhoria da qualidade busca-se o aperfeiçoamento e a 
resolução contínua de problemas e melhoria dos processos. 
Independente do sistema de qualidade adotado pela 
empresa, esses aspectos fundamenta is se rão sempre abordados. 
A produção de produtos e serviços com qualidade é uma 
tarefa árdua que requer desenvolvimento e implantação de Sistemas 
de Gestão da Qualidade, que sejam incorporados por todos os 
colaboradores da empresa, inclusive pela alta direção, de forma que 
haja um comprometimento comum de conquistar a excelência. 
Para tanto, é importante que se definam alguns conceitos 
fundamentais. 
Sistema é um con junto de partes que interagem e 
interdependem, formando um todo com objetivos e propósitos 
comuns, efetuando sinergicamente uma função . Em um Sistema 
da Qualidade o objetivo comum é a conquista da exce lência 
em qualidade. já os Programas de Qualidade são fi losofia s, 
procedimentos o u estratégias das q uais as partes de um sistema 
utilizam-se na busca da qualidade almejada.-
Existem hoje vários programas gerenciais ou filosofias adotadas 
GESTÃO DE QUALIDADE 
• 
•• 
na implantação de um sistema de qualidade. Destacam-se Ciclo 
PDCA, Programa SS, Metodologia dos Seis Sigma, Benchmarking, 
além
de diferentes sistemas de qualidade e logística, como }ust in 
time, MPR e OPT, os quais podem ser aplicados independentemente 
ou em associação, no sentido de atender às normas de qualidade 
compulsórias (ISO 9000) ou legalmente exigidas (BPF e BPM). Estes 
conceitos e filosofias são sinteticamente apresentados a seguir. 
•PDCA 
A filosofia do PDCA é baseada no significado dos verbos 
planejar (to plan), desempenhar/fazer (to do), analisar/ checar (to 
check) e agi r (to act). 
No ato de planejar é feito o planejamento das atividades, 
o estabelecimento das metas e elaborado um plano de ação para 
atingir os objetivos. 
No ato de desempenhar se dá a coleta de dados e a execução 
dos processos . 
Na ação de analisar/checar são conferidos os resultados 
obtidos e feita a avaliação da necessidade de ajuste de rota e de 
redefinição das ações. 
Finalmente entende-se por agir, neste programa, os atos 
voltados para a manutenção e a melhoria da qualidade, tais como 
padronização e ações corretivas. 
• Programa 5 S 
Baseia-se em cinco palavras japonesas relacionadas com a 
prática de "bons hábitos". 
a) Seiri: senso de utilização, se leção e descarte; 
b) Seiton: senso de ordenação, arrumação e organização; 
c) Seiso: senso de limpeza; 
d) Seiketsu: senso de padronização/conservação; 
e) Shitsuke : senso de autodisciplina, manutenção da ordem. 
Entre os objetivos principais do SS estão: eliminação do 
desperdícios com redução de custo, aumento da produtividade, 
conservação da energia, prevenção de acidentes, conservação 
ambiental, desenvolvimento de elementos básicos da qualidade. 
• Metodologia dos Seis Sigma 
Visa detectar e eliminar as causas dos erros ou fa lhas 
ocorridas durante os processos, focalizando resultados relevantes 
aos clientes. 
• PARTE I - ASSUNTOS REGULA TÓRIO i E SISTEMAS DE QUALIDADE 
• 
• Estratégia Benchmarking 
Nessa estratégia, a atualização de todos os processos baseia-
se na concorrência ou em um referencial de mercado. 
É fundamentada em medidas práticas de desempenho 
tomadas por organizaçõe~, diferentes, por comparação de produtos 
e processos. 
Pode ser interna, competitiva, funcional ou genérica. 
• just in time UIT) 
É um sistema de gestão no qual a produção é regida pela 
demanda, de modo que em cada estágio são produzidos apenas os 
itens realmente necessários, nas quantidades e momento corretos. 
É composto de práticas gerenciais que primam pelo estoque zero, 
eliminação do desperdício, produção em fluxo contínuo, pelo esforço 
incessante na resolução de problemas e pela melhoria constante 
dos processos. 
•MPR 
O sistema MPR é definido pela sua sigla, Material Requirements 
Planning. Nesse sistema de qualidade as metas básicas são o cumprimento 
de prazos de entrega conforme os pedidos dos clientes, o que leva, 
simultaneamente, à diminuição dos estoques. O gerenciamento deste 
sistema conta com o auxílio de poderoso software. 
•OPT 
O sistema OPT (Optimized Production Tecnology) é uma 
técnica também baseada em software desenvolvida por 
pesquisadores israelenses. O princípio desse sistema está no fluxo 
de materiais que maximizam a produção, enquanto as despesas 
operacionais, incluindo despesas com estoque, devem ser 
minimizadas. 
Além das diver;as filosofias empregadas em sistemas 
voltados para a qualidade existem várias ferramentas gerenciais 
que visam detectar problemas e resolvê-los em busca da garantia 
da qualidade. Entre outras ferramentas utilizadas nos programas 
aplicados aos sistemas de qualidade destacam-se Brainsforming, 
Diagrama de Causa e Efeito "espinha de peixe", Plano SW2H e 
Folhas de Verificação. 
GESTÃO DE QUALIDADE 
• Brainstorming: 
Geração de idéias para solução de problemas. 
Regras básicas: 
• 
•• 
a) todos os membros devem opinar cabendo a um líder 
orientar; 
b) nenhuma ideia deve ser criticada; 
c) após análise eliminam-se as causas pouco prováveis; 
d ) desenvolve reuniões com objetividade, evitando 
discussões ou debates. 
• Diagrama de causa e efeito (Diagrama de lshikawa): 
Visa a identificar todas as possíveis causas de um determinado 
efeito e segue as seguintes etapas: a) estabelecer o problema; b) 
usar o Brainstorming; c) constru ir diagrama "espinha de peixe "; d) 
determinar causas básicas; e) anotar causas secundárias; e f) avaliar 
diagrama para determinar: f1 ) as áreas de melhoria, f2) as causas 
que podem ser prontamente resolvidas, f3) áreas que necessitam 
de estudos mais profundos. 
Pessoal Matérias-primas 
__ )- ________ ) - __________ Problema 
Cliente Tecnologia de Produção 
•Plano de ação 5W2H 
É fundamentado em cinco perguntas constituídas de palavras da 
língua inglesa que começam com W e duas com H na língua inglesa: 
a) What (o quê?); Who (quem?); When (q uando?); Where 
(onde?); Why (por quê?) 
b) How (como?); How much (quanto?). 
Neste plano são fe itas perguntas básicas relacionadas ao 
processo, tais como: 
a) O que se quer melhorar, qual o problema, e quais as metas?; 
b) Quem é responsável pela tarefa, e quem é o cliente?; 
c) Quando se quer atingir um objetivo, e quando se deve cumprir 
uma tarefa?; 
• 135 -
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
•• 
d) Onde será executada ou planejada uma tarefa?; 
e) Por que se deseja determinado padrão de qualidade?; 
f) Como se pretende realizar um processo, como é avaliado o 
processo?; 
gl Por que o processo segue determinada ordem?; 
h) Quanto custa? 
• Folhas de verificação 
São mecanismos que permitem visualizar e controlar o 
processo. 
São instrumentos/documentos que permitem detectar a 
frequência de certas ocorrências durante determinado período. 
2.1.1 Sistema ISO 9.000 
A lnternational Organization for Standardization (ISO) é um 
organismo mundial de normalização sediado em Genebra, Suíça, 
em funcionamento oficialmente desde 23 de fevereiro de 1947. 
Atua lmente, conta com a participação de 1 53 países. O Brasil é 
um dos fundadores, tendo como seu representante a Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 
Sua principal atividade é a elaboração de normas técnicas 
que visam não apenas auxiliar os fabricantes no estabe lecimento e 
gerenciamento de padrões técnicos, avaliação de conformidade, 
solução de problemas de produção e de distribuição, como também 
nortear o estabelecimento de regulamentações por parte dos governos 
e lideranças econômicas, além de contribuir para que o consumidor 
possa adquirir produtos e serviços de origem confiável. 
As normas BR ISO 9000, família ISO 9000, são algumas 
das mais conhecidas entre as várias normas desenvolvidas por esse 
organismo que é uma referência internacional para normas de gestão 
da qualidade. Buscam responder às exigências de qualidade do 
mercado com base em características e padrões pré-estabelecidos 
que se tornam regulamentações a serem aplicadas e obedecidas para 
melhoria contínua da performance do produto e da organização, 
promovendo a satisfação do cliente. 
As novas normas da séri e ISO 9000, conhecidas como 
,.... 36 1• 
GESTÃO DE QUALIDADE 
• • 
ISO 9000:2000, promovem a adoção da abordagem de processo 
no desenvolvimento, implementação e melhoria dos sistemas de 
Gestão da Qualidade (expressão utilizada pelo fato de que as 
normas abordama garantia da qual idade do produto e a satisfação do 
cliente). Sua estrutura é formada pela ISO 9000:2000, fundamentos 
e vocabulário; ISO 900:2000, requ isitos- as bases do SGQ e ISO 
9004:2000, diretrizes para melhoria de desempenho. 
Foram construídas e devem ser aplicadas tendo como apo io 
oito pilares: 
a) foco no cliente- as organizações precisam compreender 
as necessidades e expectativas atuais e futuras de seus clientes de 
modo a poder atendê-las; 
b) liderança - os líderes precisam estabelecer propósitos
e 
diretrizes únicas para a organização e divulgá-las adequadamente, 
de modo que as pessoas que nela trabalham e que com ela se 
relacionam tornem-se envo lvidas; 
c) envolvimento de pessoas - para que se complete o 
envolvimento as pessoas, além de estarem conscientes dos propósitos 
da organização precisam, ainda, aplica r suas habilidades da melhor 
maneira possível, promovendo o máx imo benefício da o rganização 
e dos clientes; 
d ) abordagem de processos - os recursos existentes e 
as atividades relacionadas devem ser geridos como processos, 
com o apoio a ferramenta PDCA, já exposta anteriormente. A 
norma identifica processo como um conjunto de atividades inter-
relacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em 
produtos (saídas); 
e) abordagem sistêmica - a organização conseguirá maior 
efetividade à medida que identificar, entender e gerenciar um sistema 
de processos inter- relacionados; 
f) melhoria contínua- melhorar a cada dia as atividades e 
os produtos oferecidos deve ser uma proposta constante; 
g) decisão baseada em fatos- informações e dados devem 
ser a base para uma tomada de decisão confiável e efetiva; 
h) benefício mútuo com fornecedores - a organização 
consegue aumentar a agregação de valor àquilo que produz quando 
tem o apoio dos seus fornecedores, o que ocorre quando as relações 
são de benefício mútuo. 
O Comitê Técnico (TC 176 da ISO) desenvolveu um modelo 
de processo que retrata os requisitos genéricos de um Sistema de 
Gestão da Qualidade, baseado no Plan-Do-Check-Act (PDCA), 
• 137 -
• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
• 
reproduzido na sequência da explicitação da abordagem dada ao 
PDCA. 
a) Plan (planejar): estabelecer os objetivos e os processos 
necessários para obter resultados de acordo com os requisitos do 
cliente e com a política da qualidade da organização; 
b) Do (fazer): implementar os processos; 
c) Check (checar): monitorar e medir os processos e produtos 
em relação à política, objetivos e requisitos para o produto, bem 
como comunicar os resultados; 
d) Act (agir): executar ações com a finalidade de melhorar 
continuamente o desempenho dos processos. 
2.2 NoRMAS DE QuALIDADE 
O setor farmacêutico é regulado por leis próprias, e no que 
diz respeito a padrões de qualidade, apresenta exigências bastante 
rígidas, já que seus produtos e práticas afetam a segurança do 
consumidor. 
Os padrões de qualidade seguidos pelos fabricantes podem 
seguir normas divididas em duas categorias: as obrigatórias (legais) e 
as voluntárias (diferenciais), cabendo a este estabelecer sua própria 
política de qualidade. 
Nesse contexto, entende-se por normas de qualidade 
os padrões de qualidade regulamentados, os quais o setor deve 
obrigatoriamente, atender. O utrossim, atribui -se ao fabricante a 
responsabilidade pela qualidade do medicamento que produz, pois 
só este tem condições de evitar erros e contra-tempos, mediante a 
validação e o intenso controle de todos os processos. 
Porém, cabe ao governo de cada país a proteção de seus 
cidadãos, incluindo aqui o direito à saúde e a medicamentos seguros 
e eficazes. Desse modo, o governo deve estabe lecer e fazer serem 
cumpridos os padrões de qualidade considerados mínimos para a 
garantia da qualidade dos medicamentos. 
No Bras i I, o órgão responsável por fi scalizar o setor farmacêutico 
é a Agência acionai de Vigi lância Sanitária (Anvisa), criada em 19 de 
abril de 1999 pelo Ministério da Saúde. O modelo adotado segue os 
padrões das agências européias e norte-americanas. 
Com a finalidade de estabelecer uma referência para a 
inspeção de instalações, processos e produtos, bem como fornecer 
J- Jsl • 
GESTÃO DE QUALIDADE 
• 
•• 
treinamento a seus inspetores, a Anvisa publica regulamentos técnicos 
voltados ao setor farmacêutico. 
A Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de 2007, alterada 
em alguns itens pela RDC nº 87, de 21 de novembro de 2008, institui 
as Boas Práticas de Manipulação em Farmácias. 
A Consulta Pública nº 3 , de 12 de janeiro de 2000, 
regulamenta as Boas Práticas de Fabricação para os fabricantes de 
medicamentos. 
Finalmente, a Resolução do colegiado RDC 134, de 13 de 
junho de 2001, revogad a pela RDC 210/2003, dita os requisitos 
mínimos necessá rios às indústrias farmacêuticas para garantir a 
qualidade dos medicamentos que fabricam. 
2.2.1 Boas Práticas de Fabricação 
O conjunto de normas obrigatórias descritas pelas Boas Práticas 
de Fabricação (BPF) para medicamentos e produtos afins surgiu nos 
EUA, em 1902, e serviu de base para as normas adotadas por quase 
todos os países. 
Em 1948 a Organização Mundial da Saúde (OMS), vinculada à 
Organização das Nações Unidas (ONU), criou um conjunto de normas 
para as Boas Práticas de Fabricação que é adotada pelo Mercado 
Comum do Sul (MERCOSUL). Essas normas foram revisadas em 1990 
com base nas normas da série ISO 9.000, tornando-se ainda mais 
abrangentes no que diz respeito à garantia da qualidade. 
As normas da série ISO complementam as obrigatórias das BPF, 
de modo que sua certificação dá ao fabricante posição de status. 
O grande diferencial do padrão de qualidade ISO em relação 
ao padrão BPF é que as normas ISO se preocupam não apenas com 
a qualidade do produto, mas com uma série de outros aspectos não 
abordados pelas BPF que visam à plena satisfação do cliente. 
Segundo a RDC 21 O, de 4 de agosto de 2003, as Boas Práticas 
de Fabricação determinam que: 
a) todos processos de fabricação devem ser claramente definidos 
e sistematicamente revisados, mostrando-se capazes de fabricar 
medicamentos dentro dos padrões de qualidade exigidos; 
b) as etapas críticas dos processos de fabri cação devem ser 
val idadas; 
• 139 -
• PARTE I • ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
• 
c) as áreas de produção devem ser providas de toda infraestrutura 
necessária (pessoal qual ificado e treinado, procedimentos 
aprovados, espaço, instalações, equipamentos e matérias-primas, 
bem como armazenamento e transporte adequados); 
d) registros de todas etapas de produção que possibilitem fácil 
rastreamento e a investigação de quaisquer desvios; 
e) sistema de atendimento a reclamações pós-venda, bem como de 
recolhimento de respectivos lotes. 
No Quadro 1, são listados alguns requisitos da ISO 9000, 
que não são totalmente atendidos pelas BPF. 
Quadro 1: Requisitos ISO e grau de atendimento da BPF 
Requisitos ISO 9001 :2000 Grau de atendimento BPF Parcial Não atendido 
4.2.2 Manual de qualidade X 
5 .1 Compromisso da direção X 
5.2 Foco no cliente X 
5.3 Política da qualidade X 
5.4.1 Objetivos da qualidade X 
5.4.2 Plan~amento do Sistema Gestão da X Ouali ade 
5.5.1 Responsabilidade e autoridade X 
5.5.2 Representante da direção X 
5.5.3 Comunicação interna X 
5.6 Análise crítica da direção X 
6.1 Provisão de recursos X 
6 . 2.2 Competência, 
treinamento 
conscient ização e X 
6 .3 Infraestrutura X 
7.2.2 Análise crítica dos requisitos dos clientes X 
7.2.3 Comunicação com cliente X 
7.3 Controle de projeto X 
7.5 .4 Propriedade do cliente X 
8.2.1 Satisfação do cliente X 
8.2 .2 Auditoria interna X 
8.3 Controle de produto não conforme X 
8.5. 1 Melhoria contínua X 
8.5.2 Ação corretiva X 
8.5.3 Ação preventiva X 
Entre os requisitos essenciais abordados pelas duas normas 
estão o controle e a validação de processos. O controle de qual idade 
de cada etapa da cadeia produtiva confere à empresa maior 
segurança, reduzindo o número de rejeitos do produto final. 
GESTÃO DE QUALIDADE 
• 
•• 
No que diz respeito à validação de processos, pode-se dizer 
que não existe garantia da qualidade se o sistema de qualidade não 
dispuser demecanismos que validem todos os processos da cadeia 
produtiva. 
• 141 r :n 
VALIDAÇÃO DE PROCESSOS
3 VALIDAÇÃO DE PROCESSOS 
• •• 
GIL, E.S.; MONTALVÃO, E. V. & BATISTA FILHO, R.O.P. 
A busca da qualidade total requer um domínio amplo de cada 
fase do processo produtivo. Neste caso, a validação é a ferramenta 
adequada para garantir a confiabilidade de instalação deste processo, 
bem como de componentes-chaves que incluem qualificação de 
equipamento, instalação, fornecedores e a validação de metodologias 
analíticas, seja do setor farmacêutico, seja de qualquer outra área 
onde a qualidade do produto fabricado é indispensável. 
Validar significa provar e documentar resultados que indiquem 
que o método é seguro dentro dos limites estabelecidos, e que com 
sua aplicação se conseguem os resultados desejados. Engloba revisão 
sistemática da cadeia produtiva, incluindo instalações e equipamentos, 
com o objetivo de garantir o cumprimento dos procedimentos de forma 
reprodutível a fim de que os produtos possam ser fabricados com a 
qualidade desejada. 
Perguntas polêmicas, como: "o quê e como validar um 
processo?", são frequentes. A primeira resposta seria "tudo"; já a 
segunda parte da questão é bem mais complexa. 
Alguns processos são válidos simplesmente pela eficiência da 
forma pela qual eles são controlados e documentados (por exemplo, 
programas de manutenção preventiva, procedimento de paramentação 
e outros). Processos como controle de umidade e temperatura 
dos ambientes produtivos devem necessariamente ser atrelados 
a programas de calibração dos equipamentos de medição, enquanto 
processos como compra e recebimento de matérias-primas 
devem ser atrelados a programas de qualificação de fornecedores. 
Finalmente, a validação da grande maioria dos processos diretamente 
ligados à produção requer, além da documentação detalhada de 
todas as etapas, incluindo mecanismos de controle, a qualificação dos 
equipamentos e estudos comprobatórios de performance. 
Como exemplos ilustrativos, o Quadro 2 destaca alguns 
processos e respectivos requisitos para validação . 
• 143 -
• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
• 
Quadro 2: Processos e requisitos técnicos para validação 
Processo Exemplo de Motivo Requisitos 
Compressão Dureza e friabilidade Resistência mecânica 
Limpeza e desinfecção Contagem microbiana Controlar contaminação 
Mistura de sólidos Teste de uniformidade Precisão de dosagem 
Secagem Aquametria Estabilidade e teor 
Por sua vez, os ensaios analíticos empregados para comprovação 
da eficiência de um processo devem também ser validados (a validação 
de métodos analíticos será discutida em detalhes na seção 3.2). 
Outras perguntas, não menos polêmicas, relacionadas à 
validação de processos, tais como: " Por onde começar a val idar? 
A quem compete a função de validar?", não apresentam 
respostas genéricas. Para tanto, as empresas se mobilizam e tendem 
a adotar a estratégia do Benchmarking. 
Na maioria dos casos é recomendável começar a validação 
pelos processos mais problemáticos (falhos) ou novos (desconhecidos), 
enquanto a função de validar pode ser atribuída a departamento 
interno específico, distribuída entre os diversos setores da empresa, 
ou à consultoria externa. 
Enfim, a fase de validação de processos é, no setor farmacêutico, 
um desafio necessário à garantia da qualidade e exigido no atendimento 
das BPF. 
Sem a validação de todos os processos não há como obter 
órgãos de rastreamento que assegurem a integridade, segurança e 
confiabi lidade dos seus produtos. Uma vez implantado o sistema de 
qualidade, cabe à empresa não medir esforços para a segurança e 
cumprimento das normas. Ressalta-se que a responsabilidade pela 
qualidade de um medicamento não é exclusiva da indústria farmacêutica 
ou farmácia de manipulação, mas também compete aos fornecedores 
e demais segmentos envolvidos, até o consumidor final. 
Existem quatro tipos de validação: a) Validação Prospectiva; b) 
Validação Retrospectiva; c) Validação Concorrente; e d) Revalidação. 
Validação Prospectiva: é um ato documentado com base na 
execução de um plano de testes previamente definidos, que demonstra 
se um novo sistema, processo, equipamento ou instrumento ainda 
não operante, satisfaz as especificações funcionais e expectativas de 
desempenho. Esse tipo de validação é realizado ainda durante o estágio 
de desenvolvimento do produto (planta-piloto) e viabiliza a identificação 
de pontos críticos antes da efetivação do processo de fabricação. 
VALIDAÇÃO DE PROCESSOS 
•li 
•• 
Validação Retrospectiva: é um ato documentado com base na 
revisão e análise de registros históricos, que demonstra se um sistema, 
processo, equipamento ou instrumento já operante satisfaz as especificações 
funcionais e as expectativas de desempenho. Embora não se aplique como 
medida de garantia de qualidade, é muito útil para estabelecer prioridades 
em um programa de val idação, e quando o resultado se mostra positivo, 
descarta-se a necessidade imediata de validação. 
Validação Concorrente: é um ato documentado, com base na 
execução de um plano de testes previamente definidos, que demonstra 
se um sistema, processo, equipamento ou instrumento em operação 
satisfaz as especificações funcionais e expectativas de desempenho. 
É realizado durante a produção de rotina, e os primeiros lotes devem 
ser monitorados da forma mais abrangente possível, avaliando-se os 
resultados do controle de processo e produto acabado. 
Revalidação: é um ato documentado que assegura 
as mudanças, intencionais ou não, no processo de produção, 
equipamentos e no ambiente. Portanto, é feita periodicamente ou 
em vi rtude de mudanças no processo. 
Independente do tipo de val idação adotado, deve-se elaborar 
um protocolo de validação e adotar um plano-mestre de val idação. 
Protocolo de Validação: é um documento que descreve as 
atividades a serem realizadas no processo de validação, incluindo-se 
os critérios de aceitação ou limites de aceitação das especificações, 
para a aprovação de um processo de produção ou parte dele. 
Plano-Mestre de Validação (PMV): deve definir os objetivos, 
procedimentos, prazos e responsabi lidades. 
Fazem parte dos processos de val idação a qualificação de 
fornecedores, equipamentos, operações e instalações, bem como a 
calibração de instrumentos de medida. 
Qualificação de equipamento e instalações: são operações que 
estabelecem se, sob condições especificadas, o equipamento apresenta 
o desempenho previsto e se está adequadamente instalado. 
A Qualificação Operacional certifica se o sistema ou subsistema 
apresenta o desempenho previsto em todas as faixas de operação; 
todos os equipamentos utilizados na execução dos testes devem ser 
identificados e calibrados antes de utilizados. 
Calibração: é um conjunto de operações que visam estabelecer 
relação entre os valores indicados por um instrumento de medida, 
sistema ou valores apresentados por um material de medida, comparados 
• 145 -
111• PARTE I -ASSUNTOS REGULATÓRIOS E SISTEMAS DE QUALIDADE 
•• 
aos obtidos por um padrão de referência correspondente. 
Cabe ao produtor de medicamentos qualificar seus 
fornecedores e orientar os usuários e transportadoras quanto às 
condições de armazenamento, bem como, no decorrer do processo 
de produção, controlar de modo rigoroso e detalhista cada etapa. 
Assim surgem os Procedimentos Operacionais Padrão (POP) 
ou do inglês SOP (Standard Operational Procedures). 
3.1 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRÃO (PQP) 
Os procedimentos operacionais padrão são documentos 
de uso interno necessários à vali dação de todos os processos, 
prática necessária ao cumprimento das BPF. Em contrapartida, 
esses documentos compõem o manual de qualidade da empresa, 
constituindo a base da pirâmide da maioria dos sistemas de qualidade 
adotados por empresas de variados setores. 
Cada documento (POP) descreve

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