Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CEPED CURSOS MÁRCIA REGINA BALDUCCI marciarbalducci@gmail.com DOENÇA DO CARRAPATO EM CÃES: A ERLICHIOSE E A BABESIOSE POUSO ALEGRE/MG 2020 CEPED CURSOS 1 RESUMO O carrapato castanho Rhipicefalus sanguineus, da família Ixodidae, parasita preferencialmente os cães, podendo parasitar o homem, outros animais domésticos e silvestres também; popularmente denominado carrapato vermelho do cão, pode causar várias doenças em cães (Canis lúpus familiaris), No presente trabalho serão tratados as doenças Babesiose (ou Piroplasmose) e a Erlichiose (ou Erliquiose monocítica canina ou ainda, pancitopenia tropical canina), bem como seu contágio, diagnóstico, tratamento, enfim caracterizar as várias alterações clínicas, hematológicas, as diversas formas de diagnósticos e terapia ideal para os cães com essas enfermidades. Palavras-chave: Babesia canis, Babesiose canina, Ehrlichia, Erliquiose, cão. 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 03 2. DESENVOLVIMENTO......................................................................................... 03 2.1 – ERLICHIOSE........................................................................................ 03 2.1.1 – ETIOLOGIA (CAUSAS)..................................................................... 03 2.1.2 – TRANSMISSÃO................................................................................. 04 2.1.3 – TRATAMENTO.................................................................................. 07 2.2 – BABESIOSE......................................................................................... 08 2.2.1 – ETIOLOGIA (CAUSAS)..................................................................... 08 2.2.2 – TRANSMISSÃO................................................................................. 09 2.2.3 – TRATAMENTO.................................................................................. 10 3. CONCLUSÃO....................................................................................................... 10 4. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 11 3 1. INTRODUÇÃO A Erlichiose (ou Erliquiose monocítica canina ou ainda, pancitopenia tropical canina) é uma doença canina que tem aumentado consideravelmente em diversas regiões do Brasil. É causada por parasitas que sobrevivem na corrente sanguínea de animais (hemoparasita), sendo sua transmissão por participação de um vetor, o carrapato Rhipiceplalus sanguineus ou por transfusão de sangue. A Babesiose, Piroplasmose ou doença do carrapato, é também uma doença canina transmitida pelo protozoário Babesia canis, sendo o principal transmissor o carrapato. A seguir serão tratadas as transmissões, diagnósticos, tratamentos, e demais aspectos das referidas doenças sérias, temidas por muitos donos de cães e, atingem qualquer raça canina, independentemente de idade, tamanho ou cor. E, mesmo tendo tratamento, é importantíssima a garantia que seu animalzinho de estimação, na maioria das vezes tratados como um membro da família, não contraia tais doenças, pois em casos graves podem levar à morte. 2 – DESENVOLVIMENTO 2.1 – ERLICHIOSE 2.1.1 – ETIOLOGIA (CAUSA) A Erliquiose (ou Erlichiose ou Erliquiose monocítica canina ou ainda, pancitopenia tropical canina), é uma enfermidade riquetsial poderosamente severa, que é causada por bactérias do gênero Ehrlichia (LAU & HAY, 1996; ORIÁ, A.P., et al., 2004; SANDRINI, 2005). Enfermidade riquetsial, vem do termo “rickettsiae”, atribuído ao grupo de microrganismos da classe Proteobacteria, compreendendo as espécies do gênero Rickettsia, Orientia, Ehrlichia, Anaplasma, Neorickettsia, Coxiella e Bartonella. As rickettsias são parasitas de artrópodes como piolhos, pulgas e carrapatos. No homem causam doenças como o tifo, erlichiose, febre maculosa e febre Q (Febre Q é uma doença aguda ou crônica provocada por uma bactéria semelhante à riquétsia, Coxiella burnetii. A febre Q é transmitida aos seres humanos por animais, geralmente ovelhas, cabras e gado. É causada pela inalação de partículas de poeira contaminadas por animais infectados. Ocupações de alto risco incluem agricultura, medicina veterinária e pesquisa animal. Quando ocorrem, os sintomas incluem febre, tosse, náuseas e fadiga. A febre Q é tratada com um antibiótico. É extremamente rara.). Riquetsiose canina, tifo canino, síndrome hemorrágica idiopática, febre hemorrágica canina, moléstia do cão rastejador e pancitopenia tropical canina são 4 alguns dos sinônimos para esta doença, de acordo com (BREITSCHWERDT, 1997; JONES et al., 2000). O gênero Ehrlichia, pertencente à família das Ehrlichiaceae, constitui bactérias intracelulares obrigatórias dos leucócitos (monócitos e polimorfonucleares) ou trombócitos (ANDEREG & PASSOS, 1999; ALMOSNY, 2002; VIGNARD-ROSEZ et al., 2005). São Gram negativas, cocóides ou pleomórficas e podem ocorrer isoladamente (corpos elementares) ou em aglomerados (mórulas) (LAU & HAY, 1996; ALMOSNY, 2002). Recentemente a classificação taxonômica foi modificada, incorporando informações da biologia molecular. Algumas espécies do gênero Ehrlichia, incluindo as que parasitam cães, foram transferidas para o gênero Anaplasma. Em cães da América do sul, já foram identificadas, por meio de PCR (polymerase chain reaction), três espécies do gênero Ehrlichia: E. canis, Anaplasma phagocytophilum e Anaplasma platys (conhecida anteriormente por E. platys) (MORAIS et al., 2004; VARELA, 2005). VARELA (2005) cita que geralmente, a Ehrlichia ssp. é distinguida pela célula que parasita, sendo que a E. canis e E. chaffeensis são encontradas células mononucleares, a E. platys nas plaquetas e Anaplasma phagocytophilum e E. ewingii, nos neutrófilos. 2.1.2 – TRANSMISSÃO A transmissão da E. canis, no carrapato se dá com o aumento nos hemócitos (hemócitos são células que são encontradas nos sistemas circulatórios de vários animais invertebrados, sendo mais aplicados às células circulantes na hemolinfa dos insetos) e nas glândulas salivares atingindo o epitélio intestinal, favorecendo a transmissão transestadial (transmissão de uma geração para outra, ou seja, das larvas para ninfas adultas), sendo considerado um microrganismo pequeno com 0,2- 0,4 µm de diâmetro. A transformação vital do Ehrlichia sp. É constituída por 03 (três) fases, de acordo com GREGORY & FORRESTER, 1990; JONES et al. 2000: a) Penetração dos corpos elementais nos monócitos por fagocitose (processo pelo qual uma célula do sistema imune (célula fagicitária) "come" ou destrói qualquer substância invasora do organismo), permanecendo em crescimento por cerca de 02 (dois) dias; b) Aumento/multiplicação do agente por divisão binária, em 03 (três) a 05 (cinco) dias, formando um corpo inicial (estruturas esféricas de 1 a 2 µm); Numa mesma célula podemos ter mais de uma mórula. Estas permanecem na célula hospedeira por 03 (três) a 04 (quatro) dias para então serem liberadas por exocitose (é o processo biológico pelo qual uma célula eucariótica viva libera substâncias para o fluido extracelular, seja o fluido que envolve as células de um 5 tecido, nos organismos multicelulares, seja para o ambiente aquático, por modificação da membrana celular, ou seja, sem ser por difusão) ou lise celular (COUTO, 1998; ALMOSNY, 2002). Normalmente a mórula é observada nos leucócitos na fase aguda da infecção, mas em pequeno número e por um período curto de tempo (GREGORY & FORRESTER, 1990). A doença causada pela E.canis caracteriza-se, segundo WOODY & HOSKINS (1991), NELSON & COUTO (1994), BREITSCHWERDT (1997) e TILLEY & SMITH (2003) por 03 (três) estágios clínicos: aguda, subclínica e crônica. Experimentalmente, durante a infecção é possível diferenciar nitidamente essas fases, porém em infecções naturais não é tão evidente no hospedeiro. 1 - Na fase aguda observam-se sinais clínicos brandos e inespecíficos, como febre, secreção óculo-nasal, anorexia, depressão, perda de peso, petéquias (Petéquia é um pequeno ponto vermelho no corpo (na pele ou mucosas), causado por uma pequena hemorragia de vasos sanguíneos), equimoses (Equimose é uma mancha escura ou azulada devida a uma infiltração difusa de sangue no tecido subcutâneo), (WOODY & HOSKINS, 1991; CARLTON & McGAVIN, 1998) e passa facilmente despercebida pelo proprietário (ANDEREG et al., 1999; DUNN, 2001). Pode haver ainda, achados como edema de membros e escroto ou até vômitos que podem ser explicados em virtude de um comprometimento hepático ou renal. Epistaxe (Epistaxe, epistaxis ou hemorragia nasal é o nome dado a qualquer perda de sangue pelo nariz, geralmente pelas narinas. Existem dois tipos: epistaxe anterior (mais comum, quase junto ao exterior, mais comum devido a exposição maior do nariz na parte exterior, por isso, com sintomas não muito graves) e a posterior (situada mais no interior, menos comum, mas com efeitos mais graves), hematúria (Hematúria ou sangue na urina é um sinal que ocorre nas doenças renais e não pode ser ignorado pelos portadores, nem pelos médicos. Em toda a urina, há sempre hemácias (sangue) em quantidade muito reduzida. A hematúria pode ser microscópica ou macroscópica) e outros eventos hemorrágicos podem estar presentes (GREGORY & FORRESTER, 1990), mesmo em animais com contagem plaquetária normal, aumentada ou levemente suprimida, uma vez que a moléstia afeta também o funcionamento das plaquetas (BREITSCHWERDT, 1997). MORAIS et al. (2004) citam que no Brasil, a forma aguda com sangramentos é rara em algumas regiões e parece estar presente em cães sororreagentes concomitantemente para Ehrlichia e Babesia. BREITSCHWERDT (1997) cita que hiperestesias, contrações musculares e deficiências dos nervos cranianos podem ocorrer como resultado da inflamação ou sangramento das meninges. FRASER (1996) e ORIÁ et al. (2004) ainda descrevem que pode haver tosse e dispnéia durante esta fase. Ataxia (descoordenação motora que dificilmente permite a execução do movimento desejado, verifica-se haver dismetria e falta de sinergia na atividade muscular) também pode ser observada, e 6 segundo TILLEY & SMITH (2003) pode ser originada por uma disfunção de neurônio motor superior ou vestibular. Desordens reprodutivas, como sangramento prolongado durante o estro, falhas em conceber e abortos também estão relacionados à erliquiose (TIMONEY et al., 1988; HARRUS et al., 1997). Lesões erosivas na mucosa oral e pele, ascite, hidrotórax e gastroenterite são outras alterações que também podem ser encontradas conforme SANDRINI (2005). Os primeiros sinais podem ser observados uma a três semanas após a infecção inicial (período de incubação) (COUTO, 1998; DUNN, 2001; VARELA, 2005), podendo prolongar-se por duas a quatro semanas (BREITSCHWERDT, 1997). Durante este período, o agente se multiplica nas células mononucleares da circulação e tecidos fagocitários mononucleares do fígado, baço e linfonodos, causando a hiperplasia desses órgãos (GREGORY & FORRESTER, 1990). As células infectadas são transportadas pelo sangue, especialmente para pulmões, rins e meninges (BREITSCHWERDT, 1997), aderindo-se ao endotélio vascular destes órgãos, produzindo vasculite e infecção do tecido subendotelial (HARRUS et al., 1997; DUNN, 2001). A mortalidade é rara (FRASER, 1996) e em alguns animais a sintomatologia da fase aguda acaba atenuando-se (GREGORY & FORRESTER, 1990) mesmo sem tratamento, entrando em estado subclínico (LAU & HAY, 1996; TILLEY & SMITH, 2003). 2 - Na fase subclínica, a E. canis persiste no hospedeiro, promovendo altos títulos de anticorpos. Esta fase pode perdurar por vários anos, sendo que irá acarretar apenas leves alterações hematológicas, não havendo sintomatologia clínica evidente (VIGNARD-ROSEZ et al., 2005). Porém (WOODY & HOSKINS, 1991) afirmam que algumas complicações como depressão, hemorragias, edema de membros, perda de apetite e palidez de mucosas, ainda podem ser encontradas. Devido à deposição de imuno-complexo, alguns cães poderão desenvolver glomerulonefrite (VIGNARD-ROSEZ et al., 2005). 3 -- A fase crônica (VIGNARD-ROSEZ et al., 2005), ocorre quando a resposta imune do hospedeiro é incapaz de eliminar o agente, teremos . Esta fase assume as características de uma doença autoimune. Geralmente nesta fase o animal tem os mesmos sinais da fase aguda, porém atenuados, encontrando-se apático, caquético e com susceptibilidade aumentada a infecções secundárias, em consequência do comprometimento imunológico (HARRUS et al., 1997; COUTO, 1998). Estes quadros poderão voltar ao estado inicial de atividade, caso ocorra imunossupressão do hospedeiro. (VIGNARD-ROSEZ et al, 2005). ORIÁ et al. (2004) relatam que os sinais oculares podem estar presentes em todas as fases da doença, mas são mais evidentes no estágio crônico da doença. Hifema (Hifema é um termo médico que define o acúmulo de sangue), hemorragia sub-retinal, uveíte (Inflamação intraocular que compromete parcial ou totalmente a 7 íris, o corpo ciliar e a coroide), descolamento de retina e cegueira, são algumas alterações que podem ser observadas. A E. ewingii foi relatada em 1985 como causadora da erliquiose granulocítica canina, devido à observação da mórula em granulócitos e células mononucleares de cães com poliartrite (Poliartrite é qualquer tipo de artrite que envolve cinco ou mais articulações, geralmente causada por doença autoimune)aguda. Claudicação é o principal sinal da artrite causada pela erliquiose (ALMOSNY & MASSARD, 2005), mas os animais também apresentam dor, febre e debilidade em um ou mais membros. Derrames em mais de uma articulação podem ocorrer (FOSSUM, 2002). A espécie pode ser uma variante da E. canis ou antigênicamente relativa à espécie e produz uma infecção subclínica, causando febre e muitas anormalidades hematológicas (neutropenia, linfocitose, e trombocitopenia) entre 18 e 24 dias de infecção. O líquido sinovial apresenta elevado número de proteínas e contagem de células polimorfonucleares aumentada (LAU & HAY, 1996). Mórulas de E. canis podem ser encontradas concomitantemente nos neutrófilos presentes (CARLTON & McGAVIN, 1998; JONES et al., 2000; ALMOSNY, 2002; VARELA, 2005). A infecção aguda pela E. platys caracteriza-se pela parasitemia cíclica dos trombócitos seguida de trombocitopenia e linfadenopatia generalizada. Após um período de trombocitopenia as plaquetas tendem a retornar a valores normais após três a quatro dias e estas fases acontecem em intervalos de um a duas semanas. Os cães infectados não apresentam enfermidade clínica e raramente mostram sinais de hemorragia significativa, mesmo tendo plaquetopenias pronunciadas. As infecções associadas de E. platys e E. canis são comuns (HARRUS et al., 1997). A transmissão entre animais se faz pela inoculação de sangue proveniente de um cão contaminado para um cão sadio, pelo intermédio do carrapato. A doença também pode ser transmitida aos cães por transfusões sanguíneas (COUTO, 1998). O cão é infectante apenas na fase aguda da doença, quando existe uma quantidade importante de hemoparasitas no sangue. O carrapato poderá permanecer infectante por um período de aproximadamente um ano, visto que a infecção poderá ocorrer em qualquer estado do ciclo (WOODY et al., 1991). 2.1.3 – TRATAMENTO O tratamento da erliquiose se dá com a ingestão/utilização de diversos fármacos entre elesestão: a oxitetraciclina, o cloranfenicol, o imidocarb, a tetraciclina e a doxiciclina. (DAVOUST, 1993). Dentre essas, a doxiciclina constitui a droga de eleição no tratamento da erliquiose em todas as suas fases. (DAVOUST, 1993). A droga é bem absorvida com rapidez quando administrada por via oral. A distribuição é ampla pelo coração, rins, pulmões, músculo, fluido pleural, secreções brônquicas, bile, saliva, fluido sinovial, líquido ascítico e humores vítreo e aquoso. A doxiciclina é mais lipossolúvel e 8 penetra nos tecidos e fluidos corporais melhor que o cloridrato de tetraciclina e a oxitetraciclina. (DAVOUST, 1993). A eliminação da doxiciclina se dá primariamente através das fezes por vias não biliares, na forma ativa. A vida média da doxiciclina no soro em cães é de 10-12 horas e a "clearence" de cerca de 1,7 ml/kg/min. A droga não se acumula em pacientes com disfunção renal e por isso pode ser usada nesses animais sem maiores restrições. (DAVOUST, 1993). Segundo Bartch (1996), recomenda nas fases agudas, a dosagem de 5 mg/kg ao dia durante 7 a 10 dias e nos casos crônicos 10 mg/kg ao dia durante 7 a 21 dias. A eficácia da doxiciclina no tratamento da erliquiose na dose de 10 mg/Kg/dia em dose única foi demostrada por vários autores (HOSKINS et al., 1991; BREITSCHWERDT et al., 1998). O tratamento pode durar de 3 a 4 semanas nos casos agudos e até 08 (oito) semanas nos casos crônicos. A doxiciclina deverá ser fornecida 2 a 3 horas antes ou após a alimentação para que não ocorra alterações na absorção (WOODY et al., 1991). Frequentemente deverá ser fornecido um tratamento de suporte, principalmente nos casos crônicos. Assim, deve-se corrigir a desidratação com fluidoterapia, e as hemorragias devem ser compensadas pela transfusão sangüínea. Terapia a base de glicocorticóides e antibióticos pode também ser utilizados nos casos em que a trombocitopenia for importante e nos casos de infecções bacterianas secundárias, respectivamente (PASSOS et al., 1999). 2.2 – BABESIOSE 2.2.1 – ETIOLOGIA (CAUSA) A Babesiose (ou Piroplasmose) é mais uma doença transmitida pelos indesejáveis carrapatos aos nossos cães. Assim como a Erliquiose, ela também pode ser chamada de “Doença do Carrapato” e chega silenciosamente. A Babesiose, se não tratada, pode ser mortal, assim como a Erliquiose. Doença transmitida através do carrapato marrom (Rhipicephalus sanguineus), o famoso “carrapato do cão“. Ela é causada pelo protozoário Babesia canis, que infecta e destrói os glóbulos vermelhos (diferente da Erliquiose, que é causada por uma bactéria que destrói os glóbulos brancos). O carrapato do cão (Rhipicephalus sanguineus) é encontrado no meio ambiente muito facilmente, como canis, muros, telhados, batentes de portas, troncos e cascas de árvores, parte de baixo de folhas e plantas, residências etc. Esse parasita é muito sensível à claridade, por isso se “escondem” em ambientes com pouca luz. Lembrando que o homem não pode ser hospedeiro dos carrapatos, http://blog.petlove.com.br/caes/doencas-de-cachorros-e-gatos-conheca-mais/erlichiose-canina-a-doenca-do-carrapato 9 porque uma pessoa não deixará que um carrapato fixe-se em sua pele sem retirá-lo, e, para ser infectado pela doença (tanto a Babesiose quanto a Erliquiose), o carrapato precisa ficar preso à pele por no mínimo 4 horas, o que é muito difícil de ocorrer, já que assim que picados, a primeira reação é retirar o parasita do nosso corpo. Os animais não tem essa capacidade, eles dependem de nós para verificar se há algum carrapato em seu corpo. Por isso alguns produtos modernos como certifect, evitam que os carrapatos fiquem por até 4 horas presos a pele do cachorro, podendo ser ótimas armas no controle e prevenção. Vale ressaltar que os carrapatos não vivem sem um hospedeiro, pois precisa de seu sangue para sobreviver, sugando-o até ficar saciado. Depois de se alimentar, eles se soltam do hospedeiro até precisar de sangue novamente e partir em busca de outro animal cujo sangue irá servir de alimento. 2.2.2 – TRANSMISSÃO O carrapato é infectado quando se alimenta do sangue de um cão com Babesiose. Uma vez ingeridas as babésias, elas se instalam e contaminam os ovos que serão postos pelo carrapato fêmea. Depois de já terem contaminado os ovos, as larvas e as ninfas, esses protozoários se fixam nas glândulas salivares do carrapato adulto e se multiplicam neste lugar. Quando este carrapato contaminado for sugar o sangue do próximo hospedeiro (cão), irá infectar este cão com a Babésia. Após a infecção, a presença de parasitas no sangue acontece dentro de um ou dois dias, perdurando por cerca de quatro dias. Os microorganismos então desaparecem do sangue por um período de 10 a 14 dias, ocorrendo então uma segunda infestação dos parasitas, dessa vez mais intensa. Em alguns casos, os sintomas clínicos se tornam aparentes apenas após esforço (decorrente de exercício esgotante), cirurgias ou outras infecções. Tipicamente os sintomas da Babesiose são: febre, icterícia, fraqueza, depressão, falta de apetite, membranas mucosas pálidas e esplenomegalia (aumento do baço). Podemos encontrar ainda perturbações da coagulação e nervosas. Por isso é sempre bom estar atento ao comportamento do seu cão. Se de repente ele ficar prostrado, triste, apático, sem ânimo e com atitudes anormais para seu temperamento, investigue imediatamente o que pode estar ocorrendo. Ele pode estar apenas enjoado, mas ele também pode estar infectado, com Babesiose ou Erliquiose, ambas as doenças podendo ser chamadas de “Doença do Carrapato”. O cão pode apresentar alguns dos sintomas abaixo: – um enorme abatimento; – apatia, tristeza, prostração; – febre; 10 – grande cansaço; – urina escura (“cor de café”); – mucosas de cor amarelada antes de se tornarem “brancos de porcelana”. Nos exames de laboratório (sangue), os sintomas mais frequentes são: anemia, aumento dos níveis de bilirrubina no sangue, presença de bilirrubina e hemoglobina na urina e diminuição do número de plaquetas. É muito comum a presença de quadros de insuficiência renal aguda. A babesiose é uma causa infecciosa de anemia hemolítica. O diagnóstico é confirmado pela identificação dos microorganismos de Babesia nas hemácias em esfregaços sanguíneos corados. Porém, nem sempre os microorganismos podem ser encontrados nos esfregaços sanguíneos e nestes casos podem ser realizados testes sorológicos para confirmação do diagnóstico. 2.2.3 - TRATAMENTO O tratamento da babesiose abrange 02 (duas) questões: - o combate ao parasita, e; - a correção dos problemas que foram causados por este parasita (como a anemia e a insuficiência renal, por exemplo). Os veterinários tem as piroplasmicidas (Babesicida) capazes de destruir o parasita. O tratamento das complicações da doença consiste na cura da insuficiência renal (por diferentes meios, entre os quais a hemodiálise, ou seja, o rim artificial), além de serem tratadas as demais complicações da doença. Essas graves complicações, como a insuficiência renal e a anemia aguda, podem levar à morte do cão. Por isso é tão importante diagnosticar a Babesiose Canina o mais rápido possível, assim as sequelas hepáticas e renais são evitadas ao máximo. 3 – CONCLUÇÃO A prevenção é abordada de diferentes formas pelos autores consultados, entretanto conclui-se que o controle de vetores é importante para o controle da moléstia canina e para fins de saúde pública. A melhor maneira de prevenir a Erliquiose e a Babesiose é evitando os carrapatos, desparasitando com frequência o local onde o cão vive e assim como o próprio cão. Vale também, manter a grama do jardim sempre curta, para evitar que 11 carrapatos se escondam por baixo das folhas; aplicação da “vassoura de fogo” ou “lança chamas” nos muros, canis, estrados, batentes, chão etc., poiselimina todas as fases do carrapato: ovos, larvas, ninfas e adultos. Para desparasitar o cachorro existe vários métodos: pós, sprays, banhos, coleiras antiparasitas, medicamentos orais, etc. Ter um bichinho de estimação é uma delícia, mas com um pouquinho de preparo, pesquisa e amor incondicional, cuidar de um bichinho não é nada impossível. 4 – REFERÊNCIAS - ALMOSNY, N. R. P. Hemoparasitoses em pequenos animais domésticos e como zoonoses. Rio de Janeiro: L.F. Livros de veterinária Ltda. 2002.135 p. - ALMOSNY, N. R. P.; MASSARD, C. L. Erliquiose em caninos. Disponível no site: http://www.veterinariazen.hpg.ig.com.br/arch_erlichC.htm. Acessado em 20 de Junho de 2005. - ANDEREG, P. I.; PASSOS, L. M. F. Erliquiose canina – revisão. Clínica veterinária, São Paulo, n. 19, p. 31-37, 1999. - ANDRADE, S. F.; SANTARÉM, V. A. Endoparasiticidas e Ectoparasiticidas. In: ANDRADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária. 2. ed. São Paulo: Roca. p. 437- 476. 2002. - BREITSEHWERDT, E.B. As riquetsioses. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de medicina interna veterinária – Moléstias do cão e do gato. 4. ed. vol. 1. São Paulo: Manole, cap. 67, p.543-553.1997. - GREGORY, C.; FORRESTER, S. O. Ehrlichia canis, E. equi, E. risticci infections. In: GREENE, C. E. Infectious diseases of the dog and cat. Philadelphia: W. B. Saunders, p. 404-414, 1990. - GROVES, M. G.; DENNIS, G. L.; AMYX, H. L., HUXSSOLL, O. L. Transmission of Ehrlichia canis to dogs by ticks (Rhipiceplalus sanguineus). American journal of veterinary research. v. 36, n.7, p. 937-940, 1975. 12 - HARRUS, S.; BARK, H.; WENER, T. Canine monocytic ehrlichiosis: in update. Compendium on continuing education for practicing veterinarian. v. 19, n. 4, p.431- 444, 1997. - PASSOS, L. M. F; ANDEREG, P. I; SAMARTINO, L. E. Ehrlichiosis canina. Vet. Arg., 16 (153), 1999. - SHAW, D.H.; RUBIN, S.I. Pharmacologic activity of doxiciclin. J. Am. Vet. Med. Assoc., 189 (7): 808-9, 1986. - WANER, T.; HARRUS, S.; WEISS, D.J.; BARK, H.; KEYSARY, A. Demonstration of serum antiplatelet antibodies in experimental acute canine ehrlichiosis. Veterinary Immunology and Immunopathology,.48 ( 1/2): 177-82, 1995. - WEN, B.; RIKIHISA, Y. MOTT, J.M.; GREENE, R.; KIM, H.Y.; ZHI, N.; COUTO, G.C.; UNVER, A. BARTSCH, R. Comparison of nested PCR with imunofluorescent- antibody assay for detection of Ehrlichia canis infection in dogs treated with doxycycline. J. Clin. Microbiol. 35 (7): 1952-5, 1997. - WOODY, B.J.; HOSKINS, J.D. Ehrlichial diseases of the dog. Veterinary Clinical North America: Small animal practice, 21 (1): 45-98, 1991. 13 14 15 ANEXO NÃO É OBRIGATÓRIO 16
Compartilhar