Prévia do material em texto
AFECÇÕES DO SISTEMA DIGESTÓRIO DE PEQUENOS ANIMAIS 1. CAVIDADE ORAL ● 1.1 SIALOCELE OU MUCOCELE: Enfermidade caracterizada pelo acúmulo de saliva em tecidos adjacentes à glândula salivar. A causa geralmente está associada a: lesões, rupturas ou obstrução na glândula ou ducto salivar, possibilitando o extravasamento e acúmulo no SC. Dependendo do tamanho e da localização (salivar, cervical, sublingual, faríngea e zigomática), não consegue se alimentar direito. Em casos graves, pode ter dispneia (mucocele faríngea - aumento grande leva à dificuldade respiratória). Nos casos de mucocele sublingual pode ocorrer trauma devido a mastigação, causando sangramento oral. Na mucocele zigomática é como encontrar enoftalmia e estrabismo divergente. Pode-se observar edema sob a mandíbula ou língua e ocasionalmente na faringe. Na maioria das vezes não existe sensibilidade dolorosa na região do aumento de volume. - Sialodenite: inflamação da glândula que leva a sensibilidade dolorosa. Pode ser causada pela presença de corpo estranho; trauma ou infecção. Apresenta, além da sensibilidade dolorosa, edema, abscesso, anorexia e febre. DIAGNÓSTICO: histórico, sinais clínicos e exame citológico. Exame físico (palpação - ausência de dor e o tecido deve estar macio e flutuante). Aspiração com agulha fina (líquido viscoso, coloração mais translúcida ou mais amarelada por estar acumulada). Sialografia. TRATAMENTO: drenagem e remoção da glândula salivar e do ducto envolvido. Obs: Sialodenite: caso esteja com infecção - antibiótico (stomorgyl) de amplo espectro. 1.2 RÂNULA EM GATOS: É um tipo de mucocele que ocorre especificamente na região sublingual ou no assoalho da boca, geralmente associada a glândula salivar sublingual ou aos ductos salivares. ● 1.3 COMPLEXO GENGIVOESTOMATITE FELINO: Presença de inflamação difusa ou focal da mucosa oral e das gengivas. Doença de caráter crônico, que inclui várias alterações na mucosa oral, lábios e na pele de gatos, que são caracterizadas por infiltrados eosinofílicos em amostras analisadas por histopatologia. São áreas grandes, ulceradas, de forma bilateral e com proliferação gengival. ETIOLOGIA: desconhecida! - Alergia alimentar ou a ectoparasitas - resposta imune exagerada. - Doenças imunomediadas frente a bactérias da cavidade oral - Causas infecciosas: fiv, felv - Idiopático MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: - Placa ou úlcera eosinofílica - Úlceras indolentes: úlcera bem definida, com bordas elevadas e superfície avermelhada. Não costuma causar dor. - Granuloma linear: lesões firmes, elevadas e bem demarcadas. - Disfagia. Halitose. Anorexia. Sialorréia. Perda de peso Obs: dente pode agravar o quadro. DIAGNÓSTICO: Anamnese, exame físico, biópsia e hemograma (eosinofilia). TRATAMENTO: Corticóide (prednisolona), para retirar da crise, depois realiza o desmame. Antibióticos (Stomorgyl). Excisão cirúrgica. ● 1.4 ESTOMATITE Inflamação do tecido mucoso de revestimento da cavidade oral. ETIOLOGIA: - Trauma - Corpo estranho - Doença imunomediada - Periodontite - Abcessos dentários - Irritação química ou térmica - Neoplasias. - Desordem metabólica - Doenças infecciosas: fiv, felv, leptospirose, calicivirose, herpesvirose, cinomose (comum em cães) SINAIS CLÍNICOS: sialorréia; anorexia por dor; halitose; disfagia; dependentes da causa de base. DIAGNÓSTICO: histórico, exame físico (na maioria das vezes detecta por inspeção), biópsia, O exame radiográfico também é importante e deve, sempre que possível, ser realizado antes do procedimento de limpeza dental, com o objetivo de verificar a presença de abscessos dentários, e definir se, além da limpeza, será necessária a extração de algum dente comprometido. TRATAMENTO: - Antissépticos orais: reduzir carga bacteriana. Perogard (enxaguante bucal com clorexidina): chumaço de algodão e faz limpeza com leves pressões. - Limpeza ou extração dentária - Antibióticos - Bepantol pomada (cicatrizante): em lesões externas - Tratamento da causa de base!!! 2. ESOFAGO VÔMITO X REGURGITAÇÃO Definição Expulsão ativa do conteúdo do estômago e ou do intestino Expulsão passiva do conteúdo do esofago Esforço abdominal Presente: contrações visíveis da parede abdominal, diafragma Ausente: ocorre sem esforço visível Sinais prévios (pródromos) Salivação intensa, apatia, deglutição frequente, lamber os lábios, taquicardia Raros ou ausentes, ocorre de forma repentina Conteúdo expelido Alimento digerido, bile, muco, sangue, espuma (sem consistência definida: bile varia de acordo com os alimentos digeridos) Alimento não digerido, com formato tubular, sem bile, muco ou saliva. Material alimentar semi-formado e observado Tempo após ingestão Pode ocorrer minutos a horas após comer Frequentemente ocorre logo após comer - O PH do conteúdo gástrico e variável, portanto não é um indicador confiável ● 2.1 CORPO ESTRANHO Obstrução, causada por ossos, espinhos de peixe, brinquedos pequenos, bolas… que pode ser parcial ou total a depender da localização: Entrada torácica. Na base do coração. Imediatamente em frente ao diafragma. SINAIS CLÍNICOS: - Anorexia ou disfagia - Dor, principalmente ao engolir. - Inquietação ou apatia - Sialorréia - Regurgitação - Complicações: esofagite; pneumonia por aspiração; perfuração esofágica. DIAGNÓSTICO: histórico, exame físico, raio-x simples; raio-x contrastado; endoscopia (visualizar ou remover). TRATAMENTO: retirada com endoscópio; cirurgia (se não puder ser retirado por endoscopia); tratar esofagite secundária (anti-inflamatórios, protetores gástricos e antibióticos - se houver infecção) Sucralfato (forma camada de proteção), Omeprazol (diminuir acidez do refluxo gástrico que pode ocorrer), Cisaprida (aumenta o peristaltismo do esôfago - se for corpo estranho pequeno). ● 2.2 MEGAESOFAGO E o termo que se refere a dilatação e a hipomotilidade esofágica, resultante de distúrbio primário e secundário. Constitui a principal causa de regurgitação através da boca ou das narinas, pois a hipomotilidade resulta em acúmulo e retenção de alimento e líquido no esôfago. E classificado em congênito (dálmata, schnauzer - disfunção neurológica; paralisia do músculo esofágico; abertura anormal do esfíncter), adquirido idiopático e adquirido secundário (miastenia gravis, poliomielite, cinomose, botulismo, tétano, trauma, neoplasia, AVC). - Raças predispostas: mais comum em cães (pastor alemão, labrador…), siamês. SINAIS CLÍNICOS: - Regurgitação - Perda de peso - Halitose - Sialorréia - Complicações: esofagite, pneumonia por aspiração. DIAGNÓSTICO: histórico, sinais clínicos, radiografia simples e contrastada (desvio de traquéia), endoscopia. TRATAMENTO: para o resto da vida - Tratar causa primária!!! - Dieta conservadora: alimentos líquidos, pastosos, secos Posicionamento da alimentação é importante: bipedal - Sonda de gastrotomia - Estimulantes de peristalse (BETANECOL E CISAPRIDA para gatos) - Antiácidos: OMEPRAZOL - Trata pneumonia aspirativa - Cirurgia: corrigir persistência do 4 arco aórtico direito. 3. INTESTINO DIARREIA DE INTESTINO DELGADO E INTESTINO GROSSO Volume das fezes Aumentado Normal ou reduzido Frequência de evacuação Normal ou levemente aumentada Aumentada (Tenesmo: esforço frequente) Presença de muco Raro Comum Presença de sangue Digesto (escuro, tipo borra de café - melena) Fresco (sangue vivo - hematoquezia) Perda de peso Frequente (absorção prejudicada) Rara Vômitos + comuns - comuns Flatulência / distensão abdominal Comum Rara Urgência para defecar Menor Alta Dor abdominal Rara Pode haver dor e desconforto retal ● 3.1 ENTERITES E COLITES Enterite: inflamação do intestino delgado Colite: inflamação do intestino grosso CAUSAS Induzida por alimento: - Animais jovens que comeramdemais (deixa um tempo mais prolongado em voltar a se alimentar, aumenta o número de vezes, menor quantidade) - Mudança brusca na alimentação (deixar o animal sem a ração que estava recebendo, voltar a normal) O manejo dietético é a base do tratamento para estes casos, visando a normalização da motilidade intestinal e a redução da inflamação. Viral - Cães: Parvovirose (fezes líquidas, com sangue) e Coronavirose (rottweiller e doberman) - Gatos: Panleucopenia felina, FIV e FeLV Bacteriana - Salmonelose - Clostridiose (diarreia aguda sanguinolenta ou; diarreia crônica do IG): antibiótico (amoxicilina, cloranfenicol) Parasitárias - Trichuris: Cólon e ceco (arrastando o bumbum no chão e as características de diarreia) - Nematódeos (toxocara), Ancilostomídeos, Tênis (dipylidium - Tratar com praziquantel)): ID Chance de ter associações de parasitas é maior do que eles sozinhos. Principalmente com pulga que tem dipylidium. Por isso, é importante utilizar antiparasitários que pegam vermes cilíndricos e achatados. - Coccídeo (isospora): ID. Tratamento: Sulfa + Trimetoprim e Giarcid (Metronidazol + Sulfadimetoxina) - Protozoários (Giardia): ID. Tratamento: metronidazol ou febendazol; Giarcid; Giarlam (furazolidina) Se mesmo com vermífugo não melhorou, pensar no Isospora e Giárdia que o tratamento é outro, uma vez que vermífugos comuns não funcionam. Giarcid: pega o coccídeo e a Giárdia. Metronidazol tem eficácia limitada contra Giardia - funciona melhor quando associado a outras drogas (como sulfadimetoxina ou furazolidona) DIAGNÓSTICO: Histórico e exame físico. Coproparasitológico (Giardia pode dar falso negativo, por isso, é necessário a coleta de 3 amostras em dias diferentes) - diagnóstico terapêutico. Exame retal. Biópsia. Endoscopia. TRATAMENTO: Tratar a causa de base (antiparasitarios, antibióticos…). Manejo alimentar para restaurar a saúde intestinal. Fluidoterapia e correção de distúrbio hidrico-eletrolítico. ● 3.2 DOENÇA DA MÁ-ABSORÇÃO/DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL. É uma inflamação crônica do intestino que afeta principalmente o intestino delgado, mas também pode comprometer o intestino grosso. Ela altera o processo de digestão e absorção de nutrientes, levando a um quadro clínico compatível com síndrome de má absorção. Formas histológicas: Linfocítica-plasmocítica (mais comum) e Eosinofílica (mais associada a reações alérgicas) CAUSAS: É uma doença idiopática, ou seja, a causa exata muitas vezes não é conhecida, mas acredita-se que esteja relacionada a: Resposta imunomediada exacerbada Reação a antígenos alimentares ou bacterianos Desequilíbrio da microbiota intestinal SINAIS CLÍNICOS: - Vômitos e diarréia crônica - Anorexia ou polifagia (Polifagia no início (por má absorção), que pode virar anorexia com o tempo) - Perda de peso - Flatulência, borborigmos - Esteatorreia, hematoquesia, tenesmo - Dor abdominal RESPONSIVAS A ALIMENTOS Em alguns casos, a inflamação é deflagrada por uma proteína alimentar específica. O intestino reconhece esse alimento como estranho → ativa o sistema imune. DIAGNÓSTICO: Diagnóstico de exclusão - Doenças comuns (ex: Parasitas intestinais. Giardia. Insuficiência pancreática exócrina (IPE). Enterites infecciosas ou alimentares). - Biópsia intestinal com histopatologia. - Dieta de eliminação: O animal é alimentado com uma ração hipoalergênica (com uma proteína nova ou hidrolisada, que ele nunca comeu antes). Essa dieta é bem digerível e pouco inflamatória, para ver se os sintomas melhoram. O que se observa: Melhora dos sintomas gastrointestinais em até 4 dias Se houver sinais de pele (como coceiras ou dermatite alérgica), eles melhoram entre 5 a 10 dias Reexposição: Após a melhora com a dieta, o alimento antigo é reintroduzido (ração anterior ou outro alimento comum). Se os sintomas voltarem rapidamente (em 4 a 6 dias), isso confirma que havia uma reação ao alimento (alergia ou intolerância alimentar) TRATAMENTO: - Dieta hipoalergênica, pobre em gordura - Probioticos e prebioticos - Vitaminas (E, B9, B12), ômega 3 - Antibióticos como metronidazol - Imunossupressores como prednisona ou prednisolona: antiinflamatório (Dose imunossupressora por 10 dias. Depois: tentar retirar e manter apenas com dieta e probióticos. Se os sinais retornarem ao retirar o corticoide, manter na menor dose possível e com espaçamento maior. Isso evita efeitos colaterais como hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus). ● 3.3 CONSTIPAÇÃO É um achado, sinal clínico - identificar o porquê está acontecendo. É a retenção anormal de fezes no intestino grosso (principalmente no cólon). As fezes ficam paradas por muito tempo, o que faz com que o corpo reabsorve água demais, deixando-as ressecadas e difíceis de eliminar. Pode evoluir para obstipacao (agravamento - não consegue defecar sem intervenção cirúrgica) e megacólon (dilata demais e perde a capacidade de contrair). ETIOLOGIA: - Ingestão de material não digerido - Falta de exercício (Hospitalização, obesidade - diminui motilidade) - Dor ao defecar: lesões perianais (abcesso, tumores, fístula); trauma pélvico. - Obstrução mecânica: massa; fratura pélvica; hérnia perineal; divertículo retal; prostatomegalia. - Doenças neurológicas: megacólon; paraplegia; alterações na medula sacral; meningoencefalomielite. Outros fatores: Debilidade. Drogas. Endocrinopatias. Hipocalemia. Hipercalemia. Desidratação. Stress. SINAIS CLÍNICOS: - Tenesmo - Depressão - Anorexia - Desconforto abdominal - Fezes em pequenas quantidades ou incontinência - Dor ao defecar - O animal fica andando em círculos, tentando evacuar - Pode haver vocalização (choro, gemido) ao tentar defecar DIAGNÓSTICO: Histórico e exame físico. Hemograma e bioquímico (T4 livre, Ca e K). Raio-x simples e contrastado. US. Endoscopia. - Hipocalemia (potássio baixo) → intestino se move mais devagar (hipomotilidade) → fezes ficam mais tempo no cólon → o corpo reabsorve mais água → fezes ficam muito secas e duras. - Hipocalcemia (cálcio baixo) também pode prejudicar a motilidade. TRATAMENTO: - Correção de causa primária! Remover as fezes acumuladas. Evitar a recorrência. - Enema de retenção: glicerina + água morna ou solução fisiológica morna é introduzida via retal (com seringa e equipo). O líquido ajuda a amolecer as fezes e lubrificar o reto, facilitando a evacuação OBS: Glicerina pura não deve ser usada sozinha no início, porque ela forma uma camada que impede a entrada de água, o que piora a situação se as fezes estiverem muito secas. Por isso, é melhor começar com óleo mineral ou solução fisiológica morna. - Laxantes: lactulona (pode ser usado como tratamento de manutenção em casos crônicos) 4. PÂNCREAS EXÓCRINO ● 4.1 PANCREATITE Inflamação aguda (aparecimento súbito) ou crônica (inflamação contínua, alterações irreversíveis) do pâncreas com ativação de enzimas digestivas e autodigestão pancreática. CAUSAS: - Dieta rica em gordura ou animal que atacou o lixo - Obstrução de ductos pancreáticos (cálculos, tumores, parasitas) - Trauma: cirurgia (qualquer coisa que encosta no pâncreas leva a uma resposta inflamatória) - Drogas (diuréticos, sulfas, tetraciclinas, corticoides) - Toxinas (escorpiões, organofosforados) - Refluxo biliar - Isquemia, choque, hipovolemia SINAIS CLÍNICOS: - Depressão - Anorexia - Vômito e diarreia - Dor abdominal - Desidratação - Hipertermia - Icterícia (Platynosomum pode obstruir a saída do ducto biliar) - Posição de oração: tenta diminuir a pressão, a dor, dos órgãos internos DIAGNÓSTICO: Histórico e exame físico. Hemograma (hemoconcentração, leucocitose com neutrofilia e linfopenia). Perfil bioquímico (azotemia pré renal ou renal, hiperglicemia, hipocalcemia - pela diarreia, potássio vai junto - importante repor na fluído, hiperbilirrubinemia, aumento de enzimas hepáticas, hipoalbuminemia). Enzimas pancreáticas(para ter certeza de que o problema e pancreática, tem que solicitar a lipase pancreática específica de cães e gatos). Raio-x. US (difícil pela dor, mas importante, entao tenta). TRATAMENTO: - Fluidoterapia e correção de distúrbios hidro-eletrolíticos - Analgésico: tramadol, dipirona - Antiemético: ondansetrona, cerenia - Antibioticoterapia: sulfa + trimetoprim ou enrofloxacina OBS: CIVD (coagulação intravascular disseminada): complicação grave pela formação de microtrombos nos vasos. - Manejo dietético: O pâncreas produz enzimas digestivas. Quando ele está inflamado, qualquer alimento pode estimular ainda mais essas enzimas, piorando o quadro. Por isso, o manejo da alimentação deve ser cuidadoso. Alimentação micro enteral, por sonda em jejuno, sonda esofágica Alimentação microenteral: dieta liquida e bem leve. Pode ser feita por: Sonda jejunal (direto no intestino delgado) → ideal se o animal ainda vomita. Ou Sonda esofágica → usada se o animal não vomita, mas não quer comer sozinho. - Exemplo: uso de Glicopan. Água no dia seguinte: se não vomitou. Alimentação Parenteral: Se o animal não tolera nada por via oral por mais de 3 dias, IMPORTANTE! Nunca dar ração seca de uma vez! ● 4.2 INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA: Perda de função (> 90% de perda dos ácinos) do pâncreas exócrino, resultado em má digestão, pela falta de enzimas digestivas e antimicrobianas que resulta em proliferação bacteriana no intestino. ETIOLOGIA: - Pancreatite - Atrofia acinar pancreática idiopática ou hereditária (comum em Pastor alemão) SINAIS CLÍNICOS: - Perda de peso crônica - Polifagia - Fezes volumosas (pastosas, gordurosas) - Alimento não digerido/esteatorreia - Borborigmos e flatulência - Pelagem grosseira DIAGNÓSTICO: Histórico e exame físico. Bioquímico (aumento de ALT, hipercolesterolemia). Dosagem sérica específica de TLI (teste de imunorreatividade semelhante à tripsina). Teste de absorção de gordura. TRATAMENTO: - Enzimas pancreáticas: pancreatina pó (junto com alimento) - Rações terapêuticas: baixa gordura e alta digestibilidade - Antibioticoterapia: metronidazol - Vitamina B12 5. FÍGADO HEPATOPATIAS NO GERAL Gatos: doença primária do trato biliar e mais comum Cães: doença hepática crônica é mais comum Doberman: problema de absorção de cobre - alteração que vai matando as células hepáticas, e substitui tudo por tecido fibrose (cirrose hepática). SINAIS CLÍNICOS: ● Icterícia: ocorre quando a produção de bilirrubina excede a capacidade de eliminação da mesma. Manifestada pela coloração amarelada da pele, membranas mucosas e plasma OBS: A mucosa do palato mole é a primeira que inicia a alteração. Tipos (quanto a sua fonte de origem); pré-hepática (antibiótico levou a quebra da hemácia), hepática e pós-hepática (obstrução, cálculos - gatos: platynosomum). ● Aumento de volume abdominal: - Hepatomegalia - Efusão abdominal (ascite) - Anorexia - Vômito - Diarreia: pode vir com melena - Alteração da cor das fezes (fezes acólicas - obstrução total do ducto biliar - fezes brancas) - Poliúria e polidipsia: Se o fígado está com problema, ele não consegue transformar a amônia em ureia adequadamente. Dessa forma, os rins perdem sua capacidade de concentrar a urina, porque não há ureia suficiente na medula renal para manter o gradiente osmótico. - Coagulopatias: prognóstico ruim. Melena, hematêmese. - Alterações neurológicas (anormalidades do estado mental, convulsões, head pressing na encefalopatia hepática..) DIAGNÓSTICO: Histórico e exame físico. Hemograma (infecciosos ou não). Urinálise (bilirrubina e cristalúria - cristais de biurato de amônio). Análise do líquido ascítico (transudato simples ou modificado - transparente, basicamente água). Perfil de coagulação (quando para de produzir fator de coagulação está nos estágios finais). Raio-x (forma, tamanho). US. Biópsia hepática. - Perfil hepático: enzimas hepáticas (avaliam lesão hepática) ALT (hepatócitos rompidos), FA e GGT (colestase, fenobarbital e corticoide, tumor). - Função hepática: albumina diminuída, ureia diminuída, bilirrubina aumentada. HEPATOPATIAS AGUDAS ETIOLOGIA: - Necrose hepática: hepatócitos expostos a uma extensa circulação venosa e portal, suscetível a uma série de agentes etiológicos agressores (Fígado trabalha com a desintoxicação do fígado). - Felinos: deficiência de enzimas da família glicuronil transferases - falha na metabolização de fármacos. - Medicamentos: alguns tem potencial nefrotóxico ● 5.1 LIPIDOSE HEPÁTICA FELINA Acúmulo de lipídeos nos hepatócitos, quando cerca de 80% dos hepatócitos estão comprometidos, que comprime os canalículos biliares. ETIOLOGIA: - Idiopática - Secundária Em felinos obesos, a lipidose ocorre depois que o estresse intenso, com anorexia, restringe proteínas e carboidratos que metabolizariam energia do tecido adiposo ao fígado, fazendo com que a gordura se acumule nos hepatócitos. - Gatos não podem ficar sem comer! >3 dias - CUIDADO! SINAIS CLÍNICOS: - Anorexia - Perda de peso - Icterícia - Hepatomegalia - Letargia - Vômito - Desidratação - Encefalopatia hepática OBS: alteracao cor do olho - siamese - azul para verde DIAGNÓSTICO: ALT (++), FA (++++), GGT (+ ou N) - pedir os três para comparar. Dosar bilirrubina pelo tratamento, para verificar se está se recuperando. Citologia. Biópsia. US. TRATAMENTO: - Sonda naso-gástrica - Sonda nasoesofágica - até 5 dias - Sonda esofágica Até que o animal se alimente sozinho - Medicamento para estimular o apetite: mirtazapina - Tratamento nutricional intenso: reverter o acúmulo de gordura no fígado, atendendo as necessidades nutricionais. 4-6 refeições por dia. Alimentação rica em proteínas, alta digestibilidade, taurina + arginina + carnitina. - Fluidoterapia: evitar o acréscimo de glicose (auxilia ao depósito maior de gordura) - Antieméticos Prognóstico: Com suporte nutricional adequado: 60-80% sobrevivem Sem suporte nutricional adequado: 5-10% sobrevivem ● 5.2 COMPLEXO COLANGITE-COLANGIOHEPATITE Refere-se a um complexo de doenças caracterizadas por reações inflamatórias do sistema hepatobiliar - Supurativa: intenso infiltrado neutrofílico (bactérias +) infecção bacteriana ascendente do trato gastrointestinal (a partir do intestino → duodeno → ductos biliares → fígado) - Bactérias envolvidas: E. coli, Enterococcus spp., Clostridium spp., Bacteroides spp. Fatores predisponentes: Doenças intestinais (ex: IBD). Pancreatite (pelo ducto pancreático se comunicar com o ducto biliar). Disbiose intestinal - Nao supurativa: intenso infiltrado linfocítico (bactérias -): Caracteriza-se por infiltração linfocítica crônica nas vias biliares. Pode estar relacionada a: Resposta imunológica a antígenos alimentares ou microbianos. Alterações na microbiota intestinal Pode estar só com colangite ou na tríade - com doença inflamatória intestinal e pancreatite - Colangite neutrofílica. - Quadríade: junto - DRC SINAIS CLÍNICOS: - Anorexia. - Depressão - *Febre (lipidose nao tem febre) - Perda de peso - Vômito - Diarréia - Desidratação - Hepatomegalia e icterícia DIAGNÓSTICO: Hemograma (anemia NN, leucocitose), Bioquímico (alteração das enzimas hepáticas, hiperbilirrubinemia). Urinálise (bilirrubinuria). US (ductos biliares dilatados). Citologia e cultura da bile. Biópsia hepática. TRATAMENTO: - Antibioticoterapia: metronidazol + amoxicilina - Corticoterapia: nao supurativa - prednisolona (NAO PREDNISONA: pois essa vai ser convertida no fígado, então já administra metabolizada) - Coleréticos - Ursacol (fluidifica a bile): Atenção!!!! Não pode haver obstrução biliar!!! - Dieta HEPATOPATIAS CRÔNICAS ● 5.3 NEOPLASIA HEPATOBILIAR - Tumores primários e metastáticos: hemangiossarcoma e linfoma - Sinais clínicos: inespecíficos e hepatopatia - Diagnóstico: Alterações clínicas de hepatopatia+ hepatomegalia ou massa abdominal cranial + achados laboratoriais + RX/US - Biópsia ● 5.4 CIRROSE HEPÁTICA É uma hepatopatia em estágio terminal, caracterizada por fibrose difusa hepática grave e irreversível. - A fibrose compromete posteriormente os hepatócitos normais adjacentes, os fluxos sanguíneos e biliares intra-hepáticos, e consequentemente ela chega em um ponto onde passa a ser autopertupante. CAUSAS (repetição de episódios): às vezes não identifica o que aconteceu pela presença do tecido de granulação. - Exposição a toxina ou medicamentos - Infecção - colestase - Lesão imunológica - Hipóxia (insuficiência cardíaca) TRATAMENTO: não tem medicamento curativo, mas sim que diminui a velocidade de produção de fibrose. - Silimarina - SAMe Geralmente são associados De suporte: - Colestase: diminuição ou ausência de fluxo biliar, acúmulo de ácidos biliares - Coleréticos: administrar com alimentos - Moduladores da fibrose: colchicina - Dieta: manter aporte calórico e proteico, corrigir deficiências, diminuir a formação de amônia Sintomático: - Fluidoterapia - .Antibióticos (evitar drogas que sejam metabolizadas ou excretadas pelo fígado). Não utilizar: tetraciclina, sulfa-trimetoprin, cloranfenicol, lincomicina. - Tratar ascite: paracentese, dieta hipossódica, diurético (em alguns casos para retirar o resto de líquido que foi deixado após paracentese - para não correr descompressão). - Tratar encefalopatia hepática: lactulona. Controle dos sinais neurológicos: fenobarbital - Tratar úlceras GI: omeprazol, sucralfato - Tratar coagulopatias: transfusão sanguínea.