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Direito Ambiental 7

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Aula 07
Direito Ambiental p/ AGU - Procurador Federal
Professor: Thiago Leite
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL 
Teoria, jurisprudência e questões 
Aula 07 – Prof. Thiago Leite 
 
 
AULA 07 
Biodiversidade, 
Biossegurança, Organismos 
geneticamente modificados 
e Legislação de proteção às 
espécies ameaçadas 
Sumário 
1 – Organismos Geneticamente Modificados – OGM’s .................................... 2 
2 – Biossegurança .................................................................................... 6 
3 – Biodiversidade .................................................................................. 19 
4 – Legislação de proteção às espécies ameaçadas ..................................... 24 
5 – Jurisprudência correlata ..................................................................... 28 
6 - Questões .......................................................................................... 37 
7 - Resumo da Aula ................................................................................ 43 
 
 
 
 
 
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DIREITO AMBIENTAL – PROCURADOR FEDERAL 
Teoria, jurisprudência e questões 
Aula 07 – Prof. Thiago Leite 
 
AULA 07 – BIODIVERSIDADE, BIOSSEGURANÇA, 
ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS E 
LEGISLAÇÃO DE PROTEÇÃO ÀS ESPÉCIES AMEAÇADAS 
1 – Organismos Geneticamente Modificados – OGM’s 
 
Os Organismos Geneticamente 
Modificados – OGM’s, são todas 
as entidades biológicas cujo 
material genético (ADN/ARN) foi 
alterado por meio de qualquer 
técnica de engenharia genética 
(artificialmente). A definição de 
OGM está prevista no artigo 3º, V 
da Lei 11.105/2005. A tecnologia 
genética permite a transferência 
de genes de um organismo para 
outro, geralmente com o objetivo 
de se criarem espécies mais 
resistentes e mais eficientes. 
Já que os OGM’s decorrem da alteração genética por meio da engenharia 
genética, cabe a pergunta: “o que é engenharia genética?”. Engenharia 
genética é a atividade de produção ou manipulação de material 
genético hereditário fora das células vivas mediante a modificação dos 
segmentos desse material genético. 
 
 
 
A introdução direta de material hereditário, em um organismo, se não envolver 
a utilização de material modificado (ADN/ARN recombinante), não é 
considerado organismo geneticamente modificado – OGM, conforme 
artigo 3º, §1º da Lei 11.105/05. 
 
 
• A sigla ADN significa "ácido 
desoxirribonucléico" e a sigla ARN significa 
"ácido ribonucléico". Ambos constituem o 
material genético que contém as 
informações determinantes dos caracteres 
hereditários transmitidos à descendência 
(artigo 3º, II da Lei 11.105/05) 
a 
 
 
 
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Teoria, jurisprudência e questões 
Aula 07 – Prof. Thiago Leite 
 
Lei 11.105/05 
Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se: 
... 
V – organismo geneticamente modificado - OGM: organismo cujo material 
genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia 
genética; 
... 
§ 1o Não se inclui na categoria de OGM o resultante de técnicas que impliquem a 
introdução direta, num organismo, de material hereditário, desde que não 
envolvam a utilização de moléculas de ADN/ARN recombinante ou OGM, 
inclusive fecundação in vitro, conjugação, transdução, transformação, indução 
poliplóide e qualquer outro processo natural. 
 
 
 
 
 
A Lei 11.105/2005 proíbe, inclusive, a modificação genética em embrião 
humano, bem como a clonagem humana (artigo 6º). 
 
Lei 11.105/05 
Art. 6o Fica proibido: 
... 
III – engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e embrião 
humano; 
IV – clonagem humana; 
 
 
 
• A fecundação in vitro, também 
chamada de "bebê de proveta", é 
uma técnica artifical de reprodução 
assistida, em que, num ambiente 
laboratorial, são colocados 
espermatozóides e óvulos em contato 
para que haja a fecundação. Caso 
haja sucesso, o embrião é 
introduzido, posteriormente, na 
cavidade uterina, seguindo-se 
normalmente com a gestação. Esse 
embrião não é considerado OGM, pois 
não há modificação do material 
genético!!! 
a 
 
 
 
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Teoria, jurisprudência e questões 
Aula 07 – Prof. Thiago Leite 
 
OGM é sinônimo de transgênico? A resposta é não. Transgênico é 
um organismo que possui um ou mais genes de outro 
organismo no seu material genético. Portanto, todo transgênico 
é um OGM, mas nem todo OGM é um transgênico. 
Através da transgênese é introduzido, por meio de técnicas de 
engenharia genética, um material genético de um organismo 
em outro organismo (o que não acontece naturalmente). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A transgenia é utilizada principalmente em plantas geradoras de alimentos, a 
fim de se obter espécies mais resistentes a pragas e que sejam mais 
produtivas, aumentando o lucro dos produtores. O grande perigo dessa técnica 
é que os riscos envolvidos não são totalmente conhecidos. Ou seja, não se sabe 
se tais alimentos fazem bem ou mal à saúde humana. 
 
ALIMENTOS TRANSGÊNICOS 
PONTOS FAVORÁVEIS PONTOS CONTRÁRIOS 
Aumenta a produção de alimentos Podem causar reações alérgicas 
no ser humano 
Aumenta a resistência das 
espécies às pragas e doenças 
Aumentam a resistência do ser 
humano aos antibióticos 
Aumenta a produtividade no 
campo 
Podem causar patologias no ser 
humano, como câncer 
 
 
 
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Teoria, jurisprudência e questões 
Aula 07 – Prof. Thiago Leite 
 
Possibilidade de se fazer um 
balanceamento nutricional do 
alimento 
Maior vulnerabilidade da 
plantação decorrente da falta de 
variabilidade genética 
Redução do uso de agrotóxicos 
Desequilíbrio ecológico decorrente 
do empobrecimento genético 
Aumento da validade do produto Contaminação de outras espécies 
 
 
Enfim, por constituir a modificação 
genética uma nova tecnologia com 
pouca certeza científica, a liberação 
dessa técnica de engenharia genética 
deve levar em conta o princípio da 
precaução, evitando-se maiores riscos 
não só ao homem como também ao 
meio ambiente. Por isso que o plantio 
de organismos geneticamente 
modificados precisa ser aprovado pelas 
autoridades brasileiras (CTNBIO). 
Atualmente estão autorizadas as 
modificações genéticas para as culturas 
de soja, milho, algodão, feijão e 
eucalipto. 
 
 
A legislação brasileira (lei de Biossegurança, em seu artigo 40 c/c Decreto nº 
4.680/2003 c/c IN interministerial 1/2004 c/c Portaria MJ nº 2.658/2003), 
determina que os alimentos, tanto os destinados ao consumo humano quanto 
ao consumo animal, que contenham ou sejam produzidos a partir de OGM ou 
derivados, em níveis acima de 1%, deverão conter essa informação nos 
rótulos/embalagens. O símbolo dos transgênicos é o seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 – Biossegurança 
 
A Biossegurança, no contexto que 
vamos estudar, está relacionada ao 
conjunto de mecanismos de 
segurança e fiscalização a serem 
adotados em relação aos organismos 
geneticamente modificados – OGM’s 
e seus derivados. O tema é regulado 
pela Lei nº 11.105/2005, também 
chamada de Lei da Biossegurança. A 
publicação desta lei se deu como 
decorrência necessária do avanço 
tecnológicoe da necessidade de se 
adaptar a esse novo cenário. O 
objetivo primordial da Lei de Biossegurança é estimular o avanço científico na 
área da biossegurança e da biotecnologia, protegendo a vida e a saúde 
humana, dos animais e das plantas, bem como do meio ambiente (artigo 1º). 
 
 Lei 11.105/05 
Art. 1o Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização 
sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a 
transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a 
comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de 
organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo como 
diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e 
biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a 
observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente. 
 
Ante a incerteza científica decorrente desse novíssimo campo do conhecimento 
a Lei de biossegurança prima pela observância do princípio ambiental da 
precaução. 
Referida lei trata, desde logo, de diferenciar atividade de pesquisa de atividade 
de uso comercial dos OGM’s (artigo 1º, §1º e §2º). 
• A Lei 11.460/2007, que dispõe sobre o 
plantio de OGM's em unidades de 
conservação, veda, em seu artigo 1º, a 
pesquisa e o cultivo de organismos 
geneticamente modificados nas terras 
indígenas e áreas de unidades de 
conservação, exceto nas Áreas de 
Proteção Ambiental. 
a 
 
 
 
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ATIVIDADE DE PESQUISA ATIVIDADE DE USO COMERCIAL 
Considera-se atividade de pesquisa 
a realizada em laboratório, regime 
de contenção ou campo, como 
parte do processo de obtenção de 
OGM e seus derivados ou de 
avaliação da biossegurança de OGM 
e seus derivados, o que engloba, no 
âmbito experimental, a construção, 
o cultivo, a manipulação, o 
transporte, a transferência, a 
importação, a exportação, o 
armazenamento, a liberação no 
meio ambiente e o descarte de OGM 
e seus derivados. 
Considera-se atividade de uso 
comercial de OGM e seus 
derivados a que não se enquadra 
como atividade de pesquisa, e 
que trata do cultivo, da produção, 
da manipulação, do transporte, 
da transferência, da 
comercialização, da importação, 
da exportação, do 
armazenamento, do consumo, da 
liberação e do descarte de OGM e 
seus derivados para fins 
comerciais. 
 
A manipulação dos OGM’s é restrita às entidades de direito público ou 
privado, e desde que autorizado pela Comissão Técnica de Nacional de 
Biossegurança – CTNBio, sendo vedada sua utilização por pessoa física (de 
forma autônoma e independente). 
 
Lei 11.105/05 
Art. 2o As atividades e projetos que envolvam OGM e seus derivados, 
relacionados ao ensino com manipulação de organismos vivos, à pesquisa 
científica, ao desenvolvimento tecnológico e à produção industrial ficam restritos 
ao âmbito de entidades de direito público ou privado, que serão responsáveis 
pela obediência aos preceitos desta Lei e de sua regulamentação, bem como 
pelas eventuais conseqüências ou efeitos advindos de seu descumprimento. 
§ 1o Para os fins desta Lei, consideram-se atividades e projetos no âmbito de 
entidade os conduzidos em instalações próprias ou sob a responsabilidade 
JUDICIÁRIA, técnica ou científica da entidade. 
§ 2o As atividades e projetos de que trata este artigo são vedados a pessoas 
físicas em atuação autônoma e independente, ainda que mantenham vínculo 
empregatício ou qualquer outro com pessoas jurídicas. 
§ 3o Os interessados em realizar atividade prevista nesta Lei deverão requerer 
autorização à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, que se 
manifestará no prazo fixado em regulamento. 
§ 4o As organizações públicas e privadas, nacionais, estrangeiras ou 
internacionais, financiadoras ou patrocinadoras de atividades ou de projetos 
referidos no caput deste artigo devem exigir a apresentação de Certificado de 
Qualidade em Biossegurança, emitido pela CTNBio, sob pena de se tornarem co-
responsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento desta Lei 
ou de sua regulamentação. 
 
 
 
 
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A Lei de Biossegurança traz, em seu artigo 3º, importantes conceitos que 
serão usados durante o estudo do tema. Vamos a eles: 
 
 
Organismo: toda entidade biológica capaz de reproduzir ou transferir material 
genético, inclusive vírus e outras classes que venham a ser conhecidas. 
Acido desoxirribonucléico - ADN, ácido ribonucléico - ARN: material genético 
que contém informações determinantes dos caracteres hereditários transmissíveis 
à descendência. 
Moléculas de ADN/ARN recombinante: as moléculas manipuladas fora das 
células vivas mediante a modificação de segmentos de ADN/ARN natural ou 
sintético e que possam multiplicar-se em uma célula viva, ou ainda as moléculas 
de ADN/ARN resultantes dessa multiplicação; consideram-se também os 
segmentos de ADN/ARN sintéticos equivalentes aos de ADN/ARN natural. 
Engenharia genética: atividade de produção e manipulação de moléculas de 
ADN/ARN recombinante. 
Organismo geneticamente modificado - OGM: organismo cujo material 
genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia 
genética. 
Derivado de OGM: produto obtido de OGM e que não possua capacidade 
autônoma de replicação ou que não contenha forma viável de OGM. 
Célula germinal humana: célula-mãe responsável pela formação de gametas 
presentes nas glândulas sexuais femininas e masculinas e suas descendentes 
diretas em qualquer grau de ploidia. 
Clonagem: processo de reprodução assexuada, produzida artificialmente, 
baseada em um único patrimônio genético, com ou sem utilização de técnicas de 
engenharia genética. 
Clonagem para fins reprodutivos: clonagem com a finalidade de obtenção de 
um indivíduo. 
Clonagem terapêutica: clonagem com a finalidade de produção de células-
tronco embrionárias para utilização terapêutica. 
Células-tronco embrionárias: células de embrião que apresentam a capacidade 
de se transformar em células de qualquer tecido de um organismo. 
 
 
 
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O uso terapêutico das células-tronco consiste na possibilidade destas células 
de se diferenciarem, formando outros tecidos corporais, tais como ossos, 
nervos, músculos, sangue. Esses novos tecidos são utilizados para recuperar 
tecidos já danificados por patologias, por exemplo. 
As células-tronco são encontradas em células embrionárias, no cordão 
umbilical, na medula óssea, no sangue, no fígado, na placenta e no líquido 
amniótico. 
A Lei 11.105/05 permite o uso, para fins de pesquisa e terapia, das células-
tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in 
vitro e não utilizados no respectivo procedimento. Mas são necessários alguns 
requisitos, quais sejam: 
 
a) Sejam embriões inviáveis; 
 
b) Caso sejam viáveis, que sejam embriões congelados há 3 (três) 
anos ou mais, na data da publicação da Lei 11.105/05, ou que, já 
congelados na data da publicação desta Lei, depois de 
completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de 
congelamento 
 
Em qualquer dos casos acima é necessário o consentimento dos genitores, e é 
proibida a comercialização desse material (inclusive tal conduta é tipificada 
como crime – artigo 15 da Lei 9.434/97). 
 
 
• As células-tronco são aquelas 
células que ainda não se 
diferenciaram, possuindo a 
capacidadede se dividir, dando 
origem a células que podem se 
diferenciar em diversos tipos 
(musculares, nervosas, sanguíneas, 
etc.) 
a 
• O STF reconheceu que o uso de 
células-tronco embrionárias em 
pesquisas científicas para fins 
terapêuticos não ofende o direito à 
vida. Ao contrário, concretiza o 
dirieto a uma vida digna, passando 
pelo direito à saúde e ao 
planejamento familiar (ADI 3510). 
 
 
 
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O artigo 6º da Lei 11.105/05 proíbe uma série condutas ligadas ao manejo dos 
organismos geneticamente modificados – OGM’s. São eles: 
 
Implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de 
registro de seu acompanhamento individual. 
Engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro de 
ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo com as 
normas previstas nesta Lei. 
Engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano e 
embrião humano. 
Clonagem humana. 
Destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados 
em desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos 
órgãos e entidades de registro e fiscalização. 
Liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito 
de atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorável da 
CTNBio e, nos casos de liberação comercial, sem o parecer técnico 
favorável da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão ou 
entidade ambiental responsável, quando a CTNBio considerar a 
atividade como potencialmente causadora de degradação 
ambiental, ou sem a aprovação do Conselho Nacional de 
Biossegurança – CNBS, quando o processo tenha sido por ele 
avocado, na forma da legislação. 
A utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o 
licenciamento de "tecnologias genéticas de restrição do uso" 
(qualquer processo de intervenção humana para geração ou 
multiplicação de plantas geneticamente modificadas para produzir 
estruturas reprodutivas estéreis, bem como qualquer forma de 
manipulação genética que vise à ativação ou desativação de genes 
relacionados à fertilidade das plantas por indutores químicos 
externos). 
 
 
 
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Caso haja acidente envolvendo 
organismos geneticamente modificados, 
em pesquisas ou projetos de engenharia 
genética, é obrigatório que haja a 
investigação do caso e o envio do 
respectivo relatório à autoridade 
competente no prazo máximo de 5 dias 
a contar da data do acidente. Também 
é obrigatória a imediata notificação à 
CTNBio e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio 
ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminação de OGM e seus 
derivados. Por último, devem ser adotados os meios necessários para que todos 
os envolvidos tenham consciência dos riscos a que estão submetidos (artigo 7º 
da Lei 11.105/05). 
 
A Lei 11.105/05 criou, ainda, o 
Conselho Nacional de 
Biossegurança – CNBS, 
vinculado à Presidência da 
República, órgão de 
assessoramento superior do 
Presidente da República para a 
formulação e implementação da Política Nacional de Biossegurança – PNB. 
Compete ao Conselho fixar princípios e diretrizes para a ação JUDICIÁRIA dos 
órgãos e entidades federais com competências sobre a matéria, analisar, a 
pedido da CTNBio, quanto aos aspectos da conveniência e oportunidade 
socioeconômicas e do interesse nacional, os pedidos de liberação para uso 
comercial de OGM e seus derivados, avocar e decidir, em última e definitiva 
instância, com base em manifestação da CTNBio e, quando julgar necessário, 
dos órgãos e entidades referidos no art. 16 da Lei 11.105/05, no âmbito de 
• Não se aplica a Lei de Biossegurança 
quando a modificação genética for obtida 
por meio das seguintes técnicas, desde que 
não impliquem a utilização de OGM como 
receptor ou doador: mutagênese, formação 
e utilização de células somáticas de 
hibridoma animal, fusão celular, inclusive a 
de protoplasma, de células vegetais, que 
possa ser produzida mediante métodos 
tradicionais de cultivo e autoclonagem de 
organismos não-patogênicos que se 
processe de maneira natural (artigo 4º) 
a 
 
 
 
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suas competências, sobre os processos relativos a atividades que envolvam o 
uso comercial de OGM e seus derivados e Apreciar recurso dos órgãos de 
fiscalização e registro em relação a decisão da CTNBio (artigo 8º). 
Compõem o CNBS o Ministro de Estado da Casa Civil, que o preside, o Ministro 
da Justiça, o Ministro da Ciência e Tecnologia, o Ministro do Desenvolvimento 
Agrário, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ministro da Saúde, 
o Ministro do Meio Ambiente, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e 
Comércio Exterior, o Ministro das Relações Exteriores, o Ministro da Defesa e o 
Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca (artigo 9º). 
 
Se o CNBS deliberar 
favoravelmente à realização da 
atividade analisada 
Se o CNBS deliberar 
contrariamente à realização da 
atividade analisada 
Encaminhará sua manifestação 
aos órgãos e entidades de registro 
e fiscalização do Ministério da 
Saúde, do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento e do Ministério do 
Meio Ambiente, e da Secretaria 
Especial de Aqüicultura e Pesca da 
Presidência da República. 
Encaminhará sua manifestação à 
CTNBio para informação ao 
requerente. 
 
A Lei 11.105/05 reestruturou, ainda, a 
Comissão Técnica Nacional de 
Biossegurança – CTNBio, que é uma 
instância colegiada multidisciplinar de 
caráter consultivo e deliberativo, 
integrante do Ministério da Ciência e 
Tecnologia, constituída para prestar apoio 
técnico e de assessoramento ao Governo 
Federal na formulação, atualização e 
implementação da Política Nacional de 
Biossegurança (PNB) de Organismos 
Geneticamente Modificados (OGM) e seus derivados, bem como no 
estabelecimento de normas técnicas de segurança e de pareceres técnicos 
referentes à autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso 
comercial de OGM e seus derivados, com base na avaliação de seu risco 
zoofitossanitário, à saúde humana e ao meio ambiente (artigo 10). 
A CTNBio é composta por 27 (vinte e sete) cidadãos brasileiros de 
reconhecida competência técnica, de notória atuação e saber científicos, com 
grau acadêmico de doutor e com destacada atividade profissional nas áreas de 
 
 
 
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biossegurança, biotecnologia, biologia, saúde humana e animal ou meio 
ambiente, sendo: 
12 (doze) especialistas de notório saber científico e técnico, em efetivo exercício 
profissional, sendo: 
3 (três) da área de saúde humana; 
3 (três) da área animal; 
3 (três) da área vegetal; 
3 (três) da área de meio ambiente; 
1 representante de cada um dos seguintes órgãos: Ministério da Agricultura, 
Pecuária e Abastecimento, Ministério da Ciência e Tecnologia, Ministério do Meio 
Ambiente, Ministério da Saúde, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e 
Comércio Exterior, Ministério das Relações Exteriores, Ministério do 
Desenvolvimento Agrário, Ministério da Defesa e Secretaria Especial de 
Aqüicultura e Pesca da Presidência da República; 
1 especialista em defesa do Consumidor; 
1 especialista em Saúde; 
1 especialista em Meio Ambiente; 
1 especialista em Biotecnologia; 
1 especialista em Agricultura Familiar;1 especialista em Saúde do Trabalhador; 
 
Os membros da CTNBio terão mandato de 2 (dois) anos, renovável por até mais 
2 (dois) períodos consecutivos e o presidente da CTNBio será designado, entre 
seus membros, pelo Ministro da Ciência e Tecnologia para um mandato de 2 
(dois) anos, renovável por igual período. 
 
COMPETÊNCIAS DA CTNBio (artigo 14) 
estabelecer normas para as 
pesquisas com OGM e derivados 
de OGM 
estabelecer normas relativamente 
às atividades e aos projetos 
relacionados a OGM e seus 
derivados 
estabelecer, no âmbito de suas 
competências, critérios de 
avaliação e monitoramento de 
risco de OGM e seus derivados 
proceder à análise da avaliação de 
risco, caso a caso, relativamente a 
atividades e projetos que 
envolvam OGM e seus derivados 
estabelecer os mecanismos de 
funcionamento das Comissões 
estabelecer requisitos relativos à 
biossegurança para autorização de 
 
 
 
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Internas de Biossegurança – 
CIBio, no âmbito de cada 
instituição que se dedique ao 
ensino, à pesquisa científica, ao 
desenvolvimento tecnológico e à 
produção industrial que envolvam 
OGM ou seus derivados 
funcionamento de laboratório, 
instituição ou empresa que 
desenvolverá atividades 
relacionadas a OGM e seus 
derivados 
relacionar-se com instituições 
voltadas para a biossegurança de 
OGM e seus derivados, em âmbito 
nacional e internacional 
autorizar, cadastrar e acompanhar 
as atividades de pesquisa com 
OGM ou derivado de OGM, nos 
termos da legislação em vigor 
autorizar a importação de OGM e 
seus derivados para atividade de 
pesquisa 
prestar apoio técnico consultivo e 
de assessoramento ao CNBS na 
formulação da PNB de OGM e seus 
derivados 
emitir Certificado de Qualidade em 
Biossegurança – CQB para o 
desenvolvimento de atividades 
com OGM e seus derivados em 
laboratório, instituição ou 
empresa e enviar cópia do 
processo aos órgãos de registro e 
fiscalização referidos no art. 16 da 
Lei 11.105/05 
emitir decisão técnica, caso a 
caso, sobre a biossegurança de 
OGM e seus derivados no âmbito 
das atividades de pesquisa e de 
uso comercial de OGM e seus 
derivados, inclusive a classificação 
quanto ao grau de risco e nível de 
biossegurança exigido, bem como 
medidas de segurança exigidas e 
restrições ao uso 
definir o nível de biossegurança a 
ser aplicado ao OGM e seus usos, e 
os respectivos procedimentos e 
medidas de segurança quanto ao 
seu uso, conforme as normas 
estabelecidas na regulamentação 
da Lei 11.105/05, bem como 
quanto aos seus derivados 
classificar os OGM segundo a 
classe de risco, observados os 
critérios estabelecidos no 
regulamento da Lei 11.105/05 
acompanhar o desenvolvimento e 
o progresso técnico-científico na 
biossegurança de OGM e seus 
derivados 
emitir resoluções, de natureza 
normativa, sobre as matérias de 
sua competência 
apoiar tecnicamente os órgãos 
competentes no processo de 
prevenção e investigação de 
acidentes e de enfermidades, 
poiar tecnicamente os órgãos e 
entidades de registro e 
fiscalização, referidos no art. 16 
desta Lei, no exercício de suas 
 
 
 
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verificados no curso dos projetos e 
das atividades com técnicas de 
ADN/ARN recombinante 
atividades relacionadas a OGM e 
seus derivados 
divulgar no Diário Oficial da União, 
previamente à análise, os extratos 
dos pleitos e, posteriormente, dos 
pareceres dos processos que lhe 
forem submetidos, bem como dar 
ampla publicidade no Sistema de 
Informações em Biossegurança – 
SIB a sua agenda, processos em 
trâmite, relatórios anuais, atas 
das reuniões e demais 
informações sobre suas 
atividades, excluídas as 
informações sigilosas, de 
interesse comercial, apontadas 
pelo proponente e assim 
consideradas pela CTNBio 
reavaliar suas decisões técnicas 
por solicitação de seus membros 
ou por recurso dos órgãos e 
entidades de registro e 
fiscalização, fundamentado em 
fatos ou conhecimentos científicos 
novos, que sejam relevantes 
quanto à biossegurança do OGM 
ou derivado, na forma da Lei 
11.105/05 e seu regulamento 
 
 
identificar atividades e produtos 
decorrentes do uso de OGM e seus 
derivados potencialmente 
causadores de degradação do 
meio ambiente ou que possam 
causar riscos à saúde humana 
propor a realização de pesquisas e 
estudos científicos no campo da 
biossegurança de OGM e seus 
derivados 
apresentar proposta de regimento 
interno ao Ministro da Ciência e 
Tecnologia 
 
 
 
 
A fiscalização das atividades envolvendo OGM’s e seus derivados, inclusive a 
liberação de seu uso comercial e sua importação e a aplicação de penalidades 
cabem aos órgãos e entidades pertencentes ao Ministério da Saúde, ao 
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e ao Ministério do Meio 
Ambiente, e a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da 
República, conforme determina o artigo 16 da Lei 11.605/2005. 
• A decisão técnica da CTNBio, quanto aos 
aspectos de biossegurança do OGM e seus 
derivados, vincula os demais órgãos e 
entidades da administração. 
a 
 
 
 
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A Lei de Biossegurança ainda prevê que toda instituição que utilize técnicas de 
engenharia genética ou esteja envolvida com OGM’s e seus derivados devem 
criar uma Comissão Interna de Biossegurança – CIBio, além de indicar um 
técnico principal responsável para cada projeto específico. Essa Comissão será 
responsável por manter os trabalhadores e a coletividade informados acerca da 
atividade desenvolvida, além de estabelecer programas preventivos e de 
inspeção aplicáveis às respectivas instalações e investigar acidentes e 
enfermidades possivelmente relacionadas aos OGM’s e seus derivados (artigo 
18). 
Também não podemos deixar de falar que a Lei de Biossegurança também 
criou, no âmbito do o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Sistema de 
Informações em Biossegurança – SIB, sistema este destinado à gestão das 
informações decorrentes das atividades de análise, autorização, registro, 
monitoramento e acompanhamento das atividades que envolvam OGM e seus 
derivados. Esse sistema deverá ser alimentado com as informações decorrentes 
dos órgãos de registro e fiscalização da matéria em questão (OGM’s e seus 
derivados). 
 
A responsabilidade pelos danos ao meio ambiente e 
a terceiros, em decorrência da manipulação dos 
OGM’s e seus derivados 
Solidária 
Objetiva (independe de culpa) 
 
A Lei de Biossegurança prevê como penas administrativas decorrentes das 
infrações JUDICIÁRIAs as seguintes: 
 
I – advertência; 
 
II – multa; 
 
III – apreensão de OGM e seus derivados; 
 
IV – suspensão da venda de OGM e seus derivados; 
 
V – embargo da atividade; 
 
 
 
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VI – interdição parcial ou total do estabelecimento, atividade ou 
empreendimento; 
 
VII – suspensão de registro, licença ou autorização; 
 
VIII – cancelamento de registro, licença ou autorização; 
 
IX – perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedidos pelo 
governo; 
 
X – perda ou suspensão da participação em linha de financiamento em 
estabelecimento oficial de crédito; 
 
XI – intervenção no estabelecimento; 
 
XII – proibição de contratar com a administraçãopública, por período 
de até 5 (cinco) anos. 
 
 
 
 
 
Por último, cabe ressaltar que a Lei 11.105/05 tipifica como crime a utilização 
de embrião humano em desacordo com as determinações legais (artigo 
5º), além da prática de engenharia genética em célula germinal 
humana, zigoto humano ou embrião humano, da clonagem humana e da 
liberação ou descarte OGM no meio ambiente, em desacordo com as 
normas estabelecidas pela CTNBio e pelos órgãos e entidades de 
registro e fiscalização (artigos 24 a 27). 
 
• A multa, que pode variar de R$2.000,00 a 
R$1.500.000,00, pode ser aplicada 
cumulativamente com as demais sanções 
e em caso de reincidência poderá ser 
dobrada. A aplicação é de 
responsabilidade dos órgãos de registro e 
fiscalização , a quem cabe a destinação 
dos recursos decorrentes da referida 
penalidade. 
a 
 
 
 
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Já vimos que a clonagem humana é crime. Mas o que é 
o processo de clonagem? A clonagem nada mais é 
que um processo de reprodução assexuada (natural ou 
artificial) em que há a produção de indivíduos 
geneticamente iguais (criam-se cópias de organismos 
com o mesmo material genético de outro). A clonagem animal é permitida. O 
que é proibida é a clonagem de humanos!!! 
 
“O Brasil tornou-se o primeiro país em 
desenvolvimento a dominar a tecnologia da 
clonagem. No dia 17 de março de 2001, nasceu 
Vitória, uma bezerra da raça simental, o 
primeiro animal clonado produzido no país. Os 
responsáveis pela façanha foram os pesquisadores da Embrapa, que 
passaram, então, à tentativa de criar vacas clonadas e transgênicas. Os 
pesquisadores concluíram que a combinação da clonagem com as 
demais técnicas de multiplicação animal permite obter, em um ano, o 
ganho genético equivalente a 12 anos de seleção e multiplicação pelos 
métodos tradicionais. O domínio da biotecnologia animal pelo Brasil 
possibilitará a reprodução acelerada de animais geneticamente 
superiores. 
 
 
 
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Além de viabilizar programas de melhoramento animal, esse avanço 
tecnológico pode ser utilizado para a conservação de animais 
ameaçados de extinção no território nacional. Contudo, no que tange 
às espécies ameaçadas de extinção, é preciso que o desenvolvimento 
de novas tecnologias não ignore a necessidade de preservação e 
fiscalização de áreas florestais. Seria um trabalho improdutivo elevar 
as taxas de reprodução de uma espécie e não ter como devolvê-la a 
seu hábitat”.1 
 
Atentar para a importância do Protocolo de 
Cartagena sobre Biossegurança. “Em 2000, a 
Conferência das Partes da Convenção da Diversidade 
Biológica (COP) adotou seu primeiro acordo 
suplementar, o Protocolo de Cartagena sobre 
Biossegurança. Esse protocolo é um instrumento normativo 
internacional que tem por objetivo a conservação da diversidade 
biológica, o uso sustentável da biodiversidade, a repartição justa e 
equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos 
genéticos e contribuir para assegurar um nível adequado de proteção 
no campo da transferência, da manipulação e do uso seguros dos 
Organismos Vivos Modificados resultantes da biotecnologia”.2 
 
 
3 – Biodiversidade 
 
A biodiversidade, ou 
diversidade biológica, 
consiste no conjunto de todos 
os seres vivos existentes no 
planeta. Representa a riqueza, 
a variedade de seres 
existentes, incluindo a 
variedade genética existente. 
Não podemos deixar de frisar 
que o homem necessita da 
biodiversidade para sobreviver, 
pois essa biodiversidade é 
responsável pela manutenção do meio em que vivemos. Daí a importância de 
conservamos essa enorme riqueza biológica. A biodiversidade está em 
constante mutação, e está distribuída no planeta de forma não homogênea, 
 
1 http://monografias.brasilescola.uol.com.br/biologia/clonagem.htm 
2 http://terradedireitos.org.br/2014/11/14/convencao-da-diversidade-biologica-cop-e-mop/ 
 
 
 
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sendo encontrada de forma mais abundante nos trópicos. Os grandes vilões da 
diversidade biológica são a poluição, o uso excessivo de recursos naturais, a 
expansão das fronteiras agrícolas, a expansão urbano-industrial e a introdução 
de espécies em ecossistemas diversos. 
 
“O Brasil ocupa quase metade da América 
do Sul e é o país com a maior diversidade 
de espécies no mundo, espalhadas nos seis 
biomas terrestres e nos três grandes 
ecossistemas marinhos. São mais de 
103.870 espécies animais e 43.020 
espécies vegetais conhecidas no país. Suas 
diferentes zonas climáticas favorecem a 
formação de zonas biogeográficas 
(biomas), a exemplo da floresta amazônica, 
maior floresta tropical úmida do mundo; o 
Pantanal, maior planície inundável; o 
Cerrado, com suas savanas e bosques; a Caatinga, composta por 
florestas semiáridas; os campos dos Pampas; e a floresta tropical 
pluvial da Mata Atlântica. Além disso, o Brasil possui uma costa 
marinha de 3,5 milhões km², que inclui ecossistemas como recifes de 
corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos.”3 
 
O acompanhamento da questão relativa à biodiversidade no Brasil é feito pela 
Comissão Nacional da Biodiversidade (CONABIO). 
 
A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) é um tratado da 
Organização das Nações Unidas e um dos mais importantes instrumentos 
internacionais relacionados ao meio ambiente. 
A Convenção foi estabelecida durante a ECO-92 – a Conferência das Nações 
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 
junho de 1992 – e é hoje o principal fórum mundial para questões relacionadas 
ao tema. Mais de 160 países já assinaram o acordo, que entrou em vigor em 
dezembro de 1993. A Convenção está estruturada sobre três bases principais – 
a conservação da diversidade biológica, o uso sustentável da 
biodiversidade e a repartição justa e equitativa dos benefícios 
provenientes da utilização dos recursos genéticos – e se refere à 
biodiversidade em três níveis: ecossistemas, espécies e recursos genéticos. 
A Convenção abarca tudo o que se refere direta ou indiretamente à 
biodiversidade – e ela funciona, assim, como uma espécie de arcabouço legal e 
 
3 http://www.mma.gov.br/biodiversidade 
 
 
 
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político para diversas outras convenções e acordos ambientais mais 
específicos...4 
 
 
 
Podemos citar três tipos principais de conservação5, quais sejam: 
 
CONSERVAÇÃO IN 
SITU 
CONSERVAÇÃO ON FARM CONSERVAÇÃO EX SITU 
É definida como 
sendo a 
conservação dos 
ecossistemas e 
dos habitats 
naturais e a 
manutenção e a 
reconstituição de 
populações viáveis 
de espécies nos 
seus ambientes 
naturais e, no 
caso de espécies 
domesticadas e 
cultivadas, nos 
ambientes onde 
desenvolveram 
seus caracteres 
distintos. 
Geralmente é um 
processo mais 
oneroso, pois 
depende de 
constante manejo 
e monitoramento. 
 
 
Pode ser considerada uma 
estratégia complementar à 
conservação in situ, já que 
esse processo também permite 
que as espécies continuem o 
seu processo evolutivo. É uma 
das formas de conservação 
genética da 
agrobiodiversidade, um termo 
utilizado para se referir à 
diversidade de seres vivos, de 
ambientes terrestresou 
aquáticos, cultivados em 
diferentes estados de 
domesticação. A conservação 
on farm apresenta como 
particularidade o fato de 
envolver recursos genéticos, 
especialmente variedades 
crioulas - cultivadas por 
agricultores, especialmente 
pelos pequenos agricultores, 
além das comunidades locais, 
Envolve a manutenção, fora do 
habitat natural, de uma 
representatividade da 
biodiversidade, de importância 
científica ou econômico-social, 
inclusive para o 
desenvolvimento de programas 
de pesquisa, particularmente 
aqueles relacionados ao 
melhoramento genético. Trata 
da manutenção de recursos 
genéticos em câmaras de 
conservação de sementes (-
20º C), cultura de tecidos 
(conservação in vitro), 
criogenia - para o caso de 
sementes recalcitrantes, (-
196º C), laboratórios - para o 
caso de microorganismos, a 
campo (conservação in vivo), 
bancos de germoplasma - para 
o caso de espécies vegetais, ou 
em núcleos de conservação, 
para o caso de espécies 
animais. A conservação ex situ 
implica, portanto, a 
 
4 http://www.mma.gov.br/biodiversidade/conven%C3%A7%C3%A3o-da-diversidade-
biol%C3%B3gica 
5 http://www.mma.gov.br/biodiversidade/conservacao-e-promocao-do-uso-da-diversidade-
genetica/agrobiodiversidade/conserva%C3%A7%C3%A3o-in-situ,-ex-situ-e-on-farm 
• A CDB reconhece e respeita a soberania 
dos Estados no que diz respeito aos 
direitos sobre seus recursos biológicos. 
 a 
 
 
 
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tradicionais ou não e 
populações indígenas, 
detentoras de grande 
diversidade de recursos fito-
genéticos e de um amplo 
conhecimento sobre eles. Esta 
diversidade de recursos é 
essencial para a segurança 
alimentar das comunidades. 
 
 
manutenção das espécies fora 
de seu habitat natural e tem 
como principal característica: 
(i) preservar genes por 
séculos; (ii) permitir que em 
apenas um local seja reunido 
material genético de muitas 
procedências, facilitando o 
trabalho do melhoramento 
genético; (iii) garantir melhor 
proteção à diversidade 
intraespecífica, especialmente 
de espécies de ampla 
distribuição geográfica. Este 
método implica, entretanto, na 
paralisação dos processos 
evolutivos, além de depender 
de ações permanentes do 
homem, visto concentrar 
grandes quantidades de 
material genético em um 
mesmo local, o que torna a 
coleção bastante vulnerável. 
 
As três formas de conservação vistas acima são complementares, e visam 
garantir a implementação dos grandes objetivos da CDB (conservação da 
diversidade biológica, o uso sustentável da biodiversidade e a 
repartição justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização 
dos recursos genéticos), mas a CDB confere primazia (preferência) à 
conservação in situ. 
 
A Lei nº 13.123/2015, que não se aplica ao patrimônio genético humano, 
regulamenta alguns artigos da CDB e trata do patrimônio genético e do acesso 
ao conhecimento tradicional associado. Podemos destacar o conceito de 
patrimônio genético, que é bem de uso comum do povo, como sendo 
“informação de origem genética de espécies vegetais, animais, 
microbianas ou espécies de outra natureza, incluindo substâncias 
oriundas do metabolismo destes seres vivos” (artigo 2º, I) e o conceito de 
conhecimento tradicional associado como sendo a “informação ou prática 
de população indígena, comunidade tradicional ou agricultor tradicional 
sobre as propriedades ou usos diretos ou indiretos associada ao 
patrimônio genético” (artigo 2º, II). 
A gestão, o controle e a fiscalização das atividades relacionadas a pesquisa ou 
ao desenvolvimento tecnológico e a exploração econômica decorrente do acesso 
ao patrimônio genético existente no País ou ao conhecimento tradicional 
associado é de competência da UNIÃO (artigo 3º, parágrafo único). 
 
 
 
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A Política Nacional da Biodiversidade, que tem como objetivo geral a 
promoção, de forma integrada, da conservação da biodiversidade e da utilização 
sustentável de seus componentes, com a repartição justa e eqüitativa dos 
benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos, de componentes do 
patrimônio genético e dos conhecimentos tradicionais associados a esses 
recursos, foi instituída pelo Decreto nº 4.339/2002 (o qual se recomenda a 
leitura). Referida Política é composta, basicamente, de 7 componentes, quais 
sejam: 
Componente 01 da Política Nacional da Biodiversidade: Conhecimento 
da Biodiversidade (Objetivos Gerais: gerar, sistematizar e disponibilizar 
informações para a gestão da biodiversidade nos biomas e seu papel no 
funcionamento e na manutenção dos ecossistemas terrestres e aquáticos, 
incluindo as águas jurisdicionais. Promover o conhecimento da biodiversidade 
brasileira, sua distribuição, seus determinantes, seus valores, suas funções 
ecológicas e seu potencial de uso econômico) 
 
Componente 02 da Política Nacional da Biodiversidade: Conservação da 
Biodiversidade (Objetivo Geral: Promover a conservação, in situ e ex situ, dos 
componentes da biodiversidade, incluindo variabilidade genética, de espécies e 
de ecossistemas, bem como dos serviços ambientais mantidos pela 
biodiversidade) 
 
Componente 03 da Política Nacional da Biodiversidade: Utilização 
Sustentável dos Componentes da Biodiversidade (Objetivo Geral: 
Promover mecanismos e instrumentos que envolvam todos os setores 
governamentais e não-governamentais, públicos e privados, que atuam na 
utilização de componentes da biodiversidade, visando que toda utilização de 
componentes da biodiversidade seja sustentável e considerando não apenas seu 
valor econômico, mas também os valores ambientais, sociais e culturais da 
biodiversidade) 
 
Componente 04 da Política Nacional da Biodiversidade: Monitoramento, 
Avaliação, Prevenção e Mitigação de Impactos sobre a Biodiversidade 
(Objetivo Geral: estabelecer formas para o desenvolvimento de sistemas e 
procedimentos de monitoramento e de avaliação do estado da biodiversidade 
brasileira e das pressões antrópicas sobre a biodiversidade, para a prevenção e 
a mitigação de impactos sobre a biodiversidade) 
 
Componente 05 da Política Nacional da Biodiversidade: Acesso aos 
Recursos Genéticos e aos Conhecimentos Tradicionais Associados e 
Repartição de Benefícios (Objetivo Geral: Permitir o acesso controlado aos 
recursos genéticos, aos componentes do patrimônio genético e aos 
 
 
 
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conhecimentos tradicionais associados com vistas à agregação de valor 
mediante pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico e de forma que a 
sociedade brasileira, em particular os povos indígenas, quilombolas e outras 
comunidades locais, possam compartilhar, justa e eqüitativamente, dos 
benefícios derivados do acesso aos recursos genéticos, aos componentes do 
patrimônio genético e aos conhecimentos tradicionais associados à 
biodiversidade) 
 
Componente 06 da Política Nacional da Biodiversidade: Educação, 
Sensibilização Pública, Informação e Divulgação sobre Biodiversidade 
(Objetivo Geral: Sistematizar, integrar e difundir informações sobre a 
biodiversidade, seu potencial para desenvolvimento e a necessidade de sua 
conservação e de sua utilização sustentável, bem como da repartição dos 
benefícios derivados da utilização de recursos genéticos, de componentes do 
patrimônio genético e do conhecimento tradicional associado, nos diversos 
níveis de educação, bem como junto à população e aostomadores de decisão) 
 
Componente 07 da Política Nacional da Biodiversidade: Fortalecimento 
Jurídico e Institucional para a Gestão da Biodiversidade (Objetivo Geral: 
Promover meios e condições para o fortalecimento da infra-estrutura de 
pesquisa e gestão, para o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia, 
para a formação e fixação de recursos humanos, para mecanismos de 
financiamento, para a cooperação internacional e para a adequação jurídica 
visando à gestão da biodiversidade e à integração e à harmonização de políticas 
setoriais pertinentes à biodiversidade) 
 
4 – Legislação de proteção ás espécies ameaçadas 
 
Espécies ameaçadas são aquelas cujas 
populações e habitats estão 
desaparecendo rapidamente, de 
forma a colocá-las em risco de 
tornarem-se extintas. A conservação 
dos ecossistemas naturais, sua flora, 
fauna e os microrganismos garante a 
sustentabilidade dos recursos naturais e 
permite a manutenção de vários serviços 
essenciais à manutenção da 
biodiversidade, como, por exemplo: a 
polinização; reciclagem de nutrientes; 
fixação de nitrogênio no solo; dispersão de propágulos e sementes; purificação 
da água e o controle biológico de populações de plantas, animais, insetos e 
microorganismos, entre outros. Esses serviços garantem o bem estar das 
populações humanas e raramente são valorados economicamente. 
 
 
 
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No âmbito internacional, três Convenções fornecem o arcabouço legal para o 
tratamento diferenciado das espécies consideradas ameaçadas de extinção: a 
Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas 
Naturais dos Países da América; a Convenção de Washington sobre o 
Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em 
Perigo de Extinção (CITES), e a Convenção sobre Diversidade Biológica 
- CDB. 
A Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais 
dos Países da América, ratificada pelo Decreto Legislativo nº 3, de 1948, em 
vigor para o Brasil desde 26 de novembro de 1965, foi promulgada pelo Decreto 
nº 58.054, de 23 de março de 1966. A Convenção estabelece, por meio de seu 
artigo VII, que os países adotarão medidas apropriadas "para evitar a extinção 
que ameace a uma espécie determinada". No artigo IX define que cada um dos 
países tomará as medidas necessárias para a superintendência e 
regulamentação das importações, exportações e trânsito de espécies protegidas 
da flora e da fauna. 
A Convenção de Washington sobre o Comércio Internacional das Espécies da 
Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES), da qual o Brasil é 
signatário, foi ratificada pelo Brasil por meio do Decreto Lei nº 54/75 e 
promulgada pelo Decreto nº 76.623, de novembro de 1975. A CITES estabelece 
proteção para um conjunto de plantas e animais, por meio da regulação e 
monitoramento de seu comércio internacional, particularmente aquelas 
ameaçadas de extinção, de modo a impedir que este atinja níveis 
insustentáveis. 
A Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB, por sua vez, foi ratificada pelo 
Brasil por meio do Decreto Legislativo nº 2, de 8 de fevereiro de 1994. Em seu 
artigo 8º (alínea f), a CDB define que os países devem "recuperar e restaurar 
ecossistemas degradados e promover a recuperação de espécies ameaçadas 
por meio da elaboração e da implementação de planos e outras estratégias de 
gestão". 
No âmbito nacional, a Lei de Proteção da Fauna (Lei nº 5.197, de 3 de 
janeiro de 1967), como o próprio nome estipula, dispõe sobre a proteção dos 
animais. 
 
O fundamento constitucional da proteção às espécies ameaçadas encontra-se 
no artigo 225, §1º, VII, in verbis: 
 
CF/88 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as 
presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
... 
 
 
 
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VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou 
submetam os animais a crueldade. 
 
Por força do artigo 3º do Decreto 3.607/2000 o IBAMA é a autoridade 
JUDICIÁRIA responsável pela fiscalização e emissão das licenças relativas ao 
comércio internacional de espécies da fauna e da flora. 
 
A lei 5.197/67 dispõe que os animais pertencentes à fauna silvestre, bem como 
seus ninhos, abrigos e criadouros, são bens do Estado, sendo proibidas sua 
utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha (artigo 1º). Já a Lei 
9.605/98, em seu artigo 29, §3º, define fauna silvestre como “espécimes da 
fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e 
quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu 
ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas 
jurisdicionais brasileiras”. 
É permitida a destruição de animais silvestres considerados nocivos à 
agricultura ou à saúde pública (artigo 3º, §2º). 
 
 
 
A captura e a manutenção de animais da fauna silvestre em cativeiro são 
permitidas, desde que seja observado o que dispõe o artigo 8º da Lei 5.197/67 
e a Portaria IBAMA nº 118-N, de 1997. 
 
Lei 5.197/67 
Art. 8º O Órgão público federal competente, no prazo de 120 dias, publicará e 
atualizará anualmente: 
a) a relação das espécies cuja utilização, perseguição, caça ou apanha será 
permitida indicando e delimitando as respectivas áreas; 
b) a época e o número de dias em que o ato acima será permitido; 
c) a quota diária de exemplares cuja utilização, perseguição, caça ou apanha 
será permitida. 
Parágrafo único. Poderão ser igualmente, objeto de utilização, caça, perseguição 
ou apanha os animais domésticos que, por abandono, se tornem selvagens ou 
ferais. 
 
• Caso haja necessidade de se autorizar a 
caça de algum animal (por motivo 
excepcional) a competência será do 
IBAMA. Mas a caça profissional é proibida! 
a 
 
 
 
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O simples desacompanhamento de comprovação de procedência de peles ou 
outros produtos de animais silvestres, nos carregamentos de via terrestre, 
fluvial, marítima ou aérea, que se iniciem ou transitem pelo País, caracterizará, 
de imediato, comércio ilegal. 
 
O artigo 10 da Lei 5.197/67 proíbe, ainda, a utilização dos seguintes 
instrumentos na perseguição, destruição, caça ou apanha de animais silvestres: 
 
a) com visgos, atiradeiras, fundas, bodoques, veneno, incêndio ou 
armadilhas que maltratem a caça; 
 
b) com armas a bala, a menos de três quilômetros de qualquer via 
térrea ou rodovia pública; 
 
c) com armas de calibre 22 para animais de porte superior ao tapiti 
(sylvilagus brasiliensis); 
 
d) com armadilhas, constituídas de armas de fogo; 
 
e) nas zonas urbanas, suburbanas, povoados e nas estâncias 
hidrominerais e climáticas; 
 
f) nos estabelecimentos oficiais e açudes do domínio público, bem como 
nos terrenos adjacentes, até a distância de cinco quilômetros; 
 
g) na faixa de quinhentos metros de cada lado do eixo das vias férreas 
e rodovias públicas; 
 
h) nas áreas destinadas à proteção da fauna, da flora e das belezas 
naturais; 
 
i) nos jardins zoológicos, nos parques e jardins públicos; 
 
j) fora do período de permissão de caça, mesmoem propriedades 
privadas; 
 
l) à noite, exceto em casos especiais e no caso de animais nocivos; 
 
 
 
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m) do interior de veículos de qualquer espécie. 
 
A lista dos animais ameaçados de extinção está prevista na Portaria nº 
444/2014 MMA, a lista da flora ameaçada de extinção está prevista na Portaria 
nº 443/2014 MMA e a lista dos peixes e invertebrados aquáticos ameaçados de 
extinção está prevista na Portaria nº 445/2014 MMA. 
 
 
 
 
 
 
 
5 - Jurisprudência Correlata 
 
 
 
 
INFORMATIVO STJ. 208. COMPETÊNCIA. CRIME. SOJA 
TRANSGÊNICA. Compete à Justiça Federal processar e julgar a ação 
penal cujo objetivo é apurar o crime de liberação no meio ambiente 
de organismo geneticamente modificado (soja e sementes), em 
desconformidade com as normas da Comissão Técnica Nacional 
deBiossegurança (CNTbio). CC 41.301-RS, Rel. Min. Gilson Dipp, 
julgado em 12/5/2004. 
 
CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. 
LEI DE BIOSSEGURANÇA. IMPUGNAÇÃO EM BLOCO DO ART. 5º DA 
• Compete à União (artigo 7º, XVI da 
LC140/11) e aos Estados, dentro de seu 
território (artigo 8º, XVII da LC140/11), a 
elaboração da lista contendo as espécies 
da fauna e da flora ameaçadas de extinção. 
a 
• Defeso: período em que as atividades de 
caça, pesca e coleta ficam proibidas ou 
restritas, possibilitando assim a 
reprodução natural das espécies (artigo 
2º, XIX da Lei 11.959/09). 
 
 
 
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LEI Nº 11.105, DE 24 DE MARÇO DE 2005 (LEI DE 
BIOSSEGURANÇA). PESQUISAS COM CÉLULAS-
TRONCO EMBRIONÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO 
DIREITO À VIDA. CONSITUCIONALIDADE DO USO DE CÉLULAS-
TRONCOEMBRIONÁRIAS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS PARA FINS 
TERAPÊUTICOS. DESCARACTERIZAÇÃO DO ABORTO. NORMAS 
CONSTITUCIONAIS CONFORMADORAS DO DIREITO FUNDAMENTAL 
A UMA VIDA DIGNA, QUE PASSA PELO DIREITO À SAÚDE E AO 
PLANEJAMENTO FAMILIAR. DESCABIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA 
TÉCNICA DE INTERPRETAÇÃO CONFORME PARA ADITAR À LEI DE 
BIOSSEGURANÇA CONTROLES DESNECESSÁRIOS QUE IMPLICAM 
RESTRIÇÕES ÀS PESQUISAS E TERAPIAS POR ELA VISADAS. 
IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO. I - O CONHECIMENTO 
CIENTÍFICO, A CONCEITUAÇÃO JURÍDICA DE CÉLULAS-
TRONCO EMBRIONÁRIAS E SEUS REFLEXOS NO CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE BIOSSEGURANÇA. As "células-
tronco embrionárias" são células contidas num agrupamento de 
outras, encontradiças em cada embrião humano de até 14 dias 
(outros cientistas reduzem esse tempo para a fase de blastocisto, 
ocorrente em torno de 5 dias depois da fecundação de um óvulo 
feminino por um espermatozóide masculino). Embriões a que se 
chega por efeito de manipulação humana em ambiente 
extracorpóreo, porquanto produzidos laboratorialmente ou "in 
vitro", e não espontaneamente ou "in vida". Não cabe ao Supremo 
Tribunal Federal decidir sobre qual das duas formas de pesquisa 
básica é a mais promissora: a pesquisa com células-tronco adultas 
e aquela incidente sobre células-tronco embrionárias. A certeza 
científico-tecnológica está em que um tipo de pesquisa não invalida 
o outro, pois ambos são mutuamente complementares. II - 
LEGITIMIDADE DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-
TRONCO EMBRIONÁRIAS PARA FINS TERAPÊUTICOS E O 
CONSTITUCIONALISMO FRATERNAL. A pesquisa científica 
com células-tronco embrionárias, autorizada pela Lei n° 
11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura de patologias e 
traumatismos que severamente limitam, atormentam, infelicitam, 
desesperam e não raras vezes degradam a vida de expressivo 
contingente populacional (ilustrativamente, atrofias espinhais 
progressivas, distrofias musculares, a esclerose múltipla e a lateral 
amiotrófica, as neuropatias e as doenças do neurônio motor). A 
escolha feita pela Lei de Biossegurança não significou um desprezo 
ou desapreço pelo embrião "in vitro", porém u'a mais firme 
disposição para encurtar caminhos que possam levar à superação 
do infortúnio alheio. Isto no âmbito de um ordenamento 
constitucional que desde o seu preâmbulo qualifica "a liberdade, a 
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a 
justiça" como valores supremos de uma sociedade mais que tudo 
"fraterna". O que já significa incorporar o advento do 
 
 
 
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Aula 07 – Prof. Thiago Leite 
 
constitucionalismo fraternal às relações humanas, a traduzir 
verdadeira comunhão de vida ou vida social em clima de 
transbordante solidariedade em benefício da saúde e contra 
eventuais tramas do acaso e até dos golpes da própria natureza. 
Contexto de solidária, compassiva ou fraternal legalidade que, 
longe de traduzir desprezo ou desrespeito aos congelados embriões 
"in vitro", significa apreço e reverência a criaturas humanas que 
sofrem e se desesperam. Inexistência de ofensas ao direito à vida e 
da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-
tronco embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os fins a 
que se destinam) significa a celebração solidária da vida e alento 
aos que se acham à margem do exercício concreto e inalienável dos 
direitos à felicidade e do viver com dignidade (Ministro Celso de 
Mello). III - A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO DIREITO À VIDA E 
OS DIREITOS INFRACONSTITUCIONAIS DO EMBRIÃO PRÉ-
IMPLANTO. O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da 
vida humana ou o preciso instante em que ela começa. Não faz de 
todo e qualquer estádio da vida humana um autonomizado bem 
jurídico, mas da vida que já é própria de uma concreta pessoa, 
porque nativiva (teoria "natalista", em contraposição às teorias 
"concepcionista" ou da "personalidade condicional"). E quando se 
reporta a "direitos da pessoa humana" e até dos "direitos e 
garantias individuais" como cláusula pétrea está falando de direitos 
e garantias do indivíduo-pessoa, que se faz destinatário dos 
direitos fundamentais "à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade", entre outros direitos e garantias 
igualmente distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como 
direito à saúde e ao planejamento familiar). Mutismo constitucional 
hermeneuticamente significante de transpasse de poder normativo 
para a legislação ordinária. A potencialidade de algo para se tornar 
pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-la, 
infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de 
obstar sua natural continuidade fisiológica. Mas as três realidades 
não se confundem: o embrião é o embrião, o feto é o feto e a 
pessoa humana é a pessoa humana. Donde não existir pessoa 
humana embrionária, mas embrião de pessoa humana. O embrião 
referido na Lei de Biossegurança ("in vitro" apenas) não é uma 
vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe 
faltam possibilidades de ganhar as primeiras terminações 
nervosas, sem as quais o ser humano não tem factibilidade como 
projeto de vida autônoma e irrepetível. O Direito infraconstitucional 
protege por modo variado cada etapa do desenvolvimento biológico 
do ser humano. Os momentos da vida humana anteriores ao 
nascimento devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O 
embrião pré-implanto é um bem a ser protegido, mas não uma 
pessoa no sentido biográfico a que se refere a Constituição. IV - AS 
PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO NÃO CARACTERIZAM ABORTO. 
 
 
 
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Aula 07 – Prof. Thiago LeiteMATÉRIA ESTRANHA À PRESENTE AÇÃO DIRETA DE 
INCONSTITUCIONALIDADE. É constitucional a proposição de que 
toda gestação humana principia com um embrião igualmente 
humano, claro, mas nem todo embrião humano desencadeia uma 
gestação igualmente humana, em se tratando de experimento "in 
vitro". Situação em que deixam de coincidir concepção e nascituro, 
pelo menos enquanto o ovócito (óvulo já fecundado) não for 
introduzido no colo do útero feminino. O modo de irromper em 
laboratório e permanecer confinado "in vitro" é, para o embrião, 
insuscetível de progressão reprodutiva. Isto sem prejuízo do 
reconhecimento de que o zigoto assim extra-corporalmente 
produzido e também extra-corporalmente cultivado e armazenado 
é entidade embrionária do ser humano. Não, porém, ser humano 
em estado de embrião. A Lei de Biossegurança não veicula 
autorização para extirpar do corpo feminino esse ou aquele 
embrião. Eliminar ou desentranhar esse ou aquele zigoto a caminho 
do endométrio, ou nele já fixado. Não se cuida de interromper 
gravidez humana, pois dela aqui não se pode cogitar. A 
"controvérsia constitucional em exame não guarda qualquer 
vinculação com o problema do aborto." (Ministro Celso de Mello). V 
- OS DIREITOS FUNDAMENTAIS À AUTONOMIA DA VONTADE, AO 
PLANEJAMENTO FAMILIAR E À MATERNIDADE. A decisão por uma 
descendência ou filiação exprime um tipo de autonomia de vontade 
individual que a própria Constituição rotula como "direito ao 
planejamento familiar", fundamentado este nos princípios 
igualmente constitucionais da "dignidade da pessoa humana" e da 
"paternidade responsável". A conjugação constitucional da 
laicidade do Estado e do primado da autonomia da vontade privada, 
nas palavras do Ministro Joaquim Barbosa. A opção do casal por um 
processo "in vitro" de fecundação artificial de óvulos é implícito 
direito de idêntica matriz constitucional, sem acarretar para esse 
casal o dever jurídico do aproveitamento reprodutivo de todos os 
embriões eventualmente formados e que se revelem geneticamente 
viáveis. O princípio fundamental da dignidade da pessoa humana 
opera por modo binário, o que propicia a base constitucional para 
um casal de adultos recorrer a técnicas de reprodução assistida que 
incluam a fertilização artificial ou "in vitro". De uma parte, para 
aquinhoar o casal com o direito público subjetivo à "liberdade" 
(preâmbulo da Constituição e seu art. 5º), aqui entendida como 
autonomia de vontade. De outra banda, para contemplar os 
porvindouros componentes da unidade familiar, se por eles optar o 
casal, com planejadas condições de bem-estar e assistência físico-
afetiva (art. 226 da CF). Mais exatamente, planejamento familiar 
que, "fruto da livre decisão do casal", é "fundado nos princípios da 
dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável" (§ 7º 
desse emblemático artigo constitucional de nº 226). O recurso a 
processos de fertilização artificial não implica o dever da tentativa 
 
 
 
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de nidação no corpo da mulher de todos os óvulos afinal 
fecundados. Não existe tal dever (inciso II do art. 5º da CF), 
porque incompatível com o próprio instituto do "planejamento 
familiar" na citada perspectiva da "paternidade responsável". 
Imposição, além do mais, que implicaria tratar o gênero feminino 
por modo desumano ou degradante, em contrapasso ao direito 
fundamental que se lê no inciso II do art. 5º da Constituição. Para 
que ao embrião "in vitro" fosse reconhecido o pleno direito à vida, 
necessário seria reconhecer a ele o direito a um útero. Proposição 
não autorizada pela Constituição. VI - DIREITO À SAÚDE COMO 
COROLÁRIO DO DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA DIGNA. O § 4º do 
art. 199 da Constituição, versante sobre pesquisas com substâncias 
humanas para fins terapêuticos, faz parte da seção normativa 
dedicada à "SAÚDE" (Seção II do Capítulo II do Título VIII). Direito 
à saúde, positivado como um dos primeiros dos direitos sociais de 
natureza fundamental (art. 6º da CF) e também como o primeiro 
dos direitos constitutivos da seguridade social (cabeça do artigo 
constitucional de nº 194). Saúde que é "direito de todos e dever do 
Estado" (caput do art. 196 da Constituição), garantida mediante 
ações e serviços de pronto qualificados como "de relevância 
pública" (parte inicial do art. 197). A Lei de Biossegurança como 
instrumento de encontro do direito à saúde com a própria Ciência. 
No caso, ciências médicas, biológicas e correlatas, diretamente 
postas pela Constituição a serviço desse bem inestimável do 
indivíduo que é a sua própria higidez físico-mental. VII - O 
DIREITO CONSTITUCIONAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
CIENTÍFICA E A LEI DE BIOSSEGURANÇA COMO DENSIFICAÇÃO 
DESSA LIBERDADE. O termo "ciência", enquanto atividade 
individual, faz parte do catálogo dos direitos fundamentais da 
pessoa humana (inciso IX do art. 5º da CF). Liberdade de 
expressão que se afigura como clássico direito constitucional-civil 
ou genuíno direito de personalidade. Por isso que exigente do 
máximo de proteção jurídica, até como signo de vida coletiva 
civilizada. Tão qualificadora do indivíduo e da sociedade é essa 
vocação para os misteres da Ciência que o Magno Texto Federal 
abre todo um autonomizado capítulo para prestigiá-la por modo 
superlativo (capítulo de nº IV do título VIII). A regra de que "O 
Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a 
pesquisa e a capacitação tecnológicas" (art. 218, caput) é de logo 
complementada com o preceito (§ 1º do mesmo art. 218) que 
autoriza a edição de normas como a constante do art. 5º da Lei de 
Biossegurança. A compatibilização da liberdade de expressão 
científica com os deveres estatais de propulsão das ciências que 
sirvam à melhoria das condições de vida para todos os indivíduos. 
Assegurada, sempre, a dignidade da pessoa humana, a Constituição 
Federal dota o bloco normativo posto no art. 5º da Lei 11.105/2005 
do necessário fundamento para dele afastar qualquer invalidade 
 
 
 
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jurídica (Ministra Cármen Lúcia). VIII - SUFICIÊNCIA DAS 
CAUTELAS E RESTRIÇÕES IMPOSTAS PELA LEI DE BIOSSEGURANÇA 
NA CONDUÇÃO DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-
TRONCO EMBRIONÁRIAS. A Lei de Biossegurança caracteriza-se 
como regração legal a salvo da mácula do açodamento, da 
insuficiência protetiva ou do vício da arbitrariedade em matéria tão 
religiosa, filosófica e eticamente sensível como a da biotecnologia 
na área da medicina e da genética humana. Trata-se de um 
conjunto normativo que parte do pressuposto da intrínseca 
dignidade de toda forma de vida humana, ou que tenha 
potencialidade para tanto. A Lei de Biossegurança não conceitua as 
categorias mentais ou entidades biomédicas a que se refere, mas 
nem por isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois é de 
se presumir que recepcionou tais categorias e as que lhe são 
correlatas com o significado que elas portam no âmbito das 
ciências médicas e biológicas. IX - IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 
Afasta-se o uso da técnica de "interpretação conforme" para a 
feitura de sentença de caráter aditivo que tencione conferir à Lei de 
Biossegurança exuberância regratória, ou restrições tendentes a 
inviabilizar as pesquisas com células-tronco embrionárias. 
Inexistência dos pressupostos para a aplicação da técnica da 
"interpretação conforme a Constituição", porquanto a norma 
impugnada não padece de polissemia ou de plurissignificatidade. 
Ação direta de inconstitucionalidade julgada totalmente 
improcedente (STF, ADI 3510). 
 
EMENTA: Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada contra a lei 
estadual paranaense de no 14.162, de 27 de outubrode 2003, que 
estabelece vedação ao cultivo, a manipulação, a importação, a 
industrialização e a comercialização de organismos 
geneticamentemodificados. 2. Alegada violação aos seguintes 
dispositivos constitucionais: art. 1o; art. 22, incisos I, VII, X e XI; 
art. 24, I e VI; art. 25 e art. 170, caput, inciso IV e parágrafo único. 
3. Ofensa à competência privativa da União e das normas 
constitucionais relativas às matérias de competência legislativa 
concorrente. 4. Ação Julgada Procedente (STF, ADI 3035). 
 
MANDADO DE SEGURANÇA. LEI DE BIOSSEGURANCA. SEGREGAÇÃO DA 
SOJA TRANSGÊNICA DA CONVENCIONAL. IMPOSSIBILIDADE. 
1. A legislação de biossegurança não determina a segregação da 
soja convencional da transgênica na armazenagem ou transporte, 
mas sim o direito à informação do consumidor sobre a natureza 
transgênica do produto exposto à venda. 
(TRF-4, APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA : AMS 576) 
 
 
 
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DIREITO CONSTITUCIONAL E AMBIENTAL - ORGANISMOS 
GENETICAMENTE MODIFICADOS - OGM - COMERCIALIZAÇÃO E 
BENEFICIAMENTO - INDADMISSIBILIDADE. 
1. Incumbe ao Poder Público controlar a produção, a 
comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias 
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio 
ambiente (artigo 225, § 1.º, V, da Constituição Federal). 
2. Decorrência dos princípios constitucionais da razoabilidade, 
eficiência e precaução. 
3. Agravo de instrumento improvido. 
(TRF-3 - AGRAVO DE INSTRUMENTO : AG 48585 MS 2007.03.00.048585-
1) 
 
...2. A autorização de liberação comercial do milho geneticamente 
modificado constitui ato administrativo, cuja observância da 
legalidade, princípio insculpido no art. 37 da CF/88 , sujeita-se ao 
crivo do Judiciário, na forma de inúmeros precedentes julgados por 
este Tribunal e pelo STJ... 
(TRF-4 - AGRAVO DE INSTRUMENTO AG 26126 PR 
2007.04.00.026126-4 
 
"CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL - AÇÃO CAUTELAR - 
LIBERAÇÃO DO PLANTIO E COMERCIALIZAÇÃO DE SOJA 
GENETICAMENTE MODIFICADA (SOJA ROUND UP READY), SEM O 
PRÉVIO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL - ART. 225, § 1º, IV, 
DACF/88 C/C ARTS. 8º, 9º E 10º, § 4º, DA LEI Nº 6.938/81, E 
ARTS 1º, 2º, § 1º, 3º, 4º E ANEXO I, DA RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237/97 
- INEXISTÊNCIA DE NORMA REGULAMENTADORA QUANTO A LIBERAÇÃO 
E DESCARTE, NO MEIO AMBIENTE, DE OGM - PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO 
E DA INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO CAUTELAR - PRESENÇA DO 
FUMUS BONI IURIS E DO PERICULUM IN MORA - PODER GERAL DE 
CAUTELA DO MAGISTRADO IN MORA - PODER GERAL DE CAUTELA DO 
MAGISTRADO - INEXISTÊNCIA DE JULGAMENTO EXTRA PETITA - 
ART. 808, III, DO CPC - INTELIGÊNCIA. 
(...) IV - O art.22555 da CF/888 erigiu o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado 'a bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações', 
incumbindo ao Poder Público, para assegurar a efetividade desse direito, 
'exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, 
 
 
 
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estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade' 
(art. 225, § 1º, IV, da CF/88). 
(...)." 
(Apelação Cível nº 200001000146611, Segunda Turma, TRF/1ª Região, 
relatora: Assusete Magalhães, julgado em 08/08/2000, fonte: DJ de 
15/03/2001, p. 84) 
 
...Portanto, vê-se que o Estudo de Impacto Ambiental é uma 
exigência constitucional, não sendo cabível a sua dispensa pela 
CTNBio, sobretudo em se tratando de experimentos com 
organismos geneticamente modificados, pois ainda não há 
consenso no que tange aos danos que possam causar ao meio 
ambiente... 
(TRF-4 - APELAÇÃO CIVEL : AC 445 RS 2000.71.01.000445-6 – inteiro 
teor) 
 
...4 Dessa forma, para incidir a norma penal incriminadora, é 
indispensável que a guarda, a manutenção em cativeiro ou em 
depósito de animais silvestres, possa, efetivamente, causar risco às 
espécies ou ao ecossistema, o que não se verifica no caso concreto, 
razão pela qual é plenamente aplicável, à hipótese, o princípio da 
insignificância penal... 
(STJ, HC 72234) 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. 
EXPORTAÇÃO ILEGAL DE ANIMAIS SILVESTRES. CRIME 
AMBIENTAL. TRANSNACIONALIDADE DO DELITO. DEFINIÇÃO DE 
COMPETÊNCIA. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. 
(STF, Repercussão geral no ARE 737.977) 
 
HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. ESPÉCIE DA FAUNA EM PERIGO DE 
EXTINÇÃO. INTERESSE PÚBLICO DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA 
FEDERAL. ORDEM DENEGADA. 
1. Embora a proteção a fauna seja de competência comum da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e do Município, compete à 
Justiça Federal processar e julgar ação penal que tenha por objeto 
crime ambiental envolvendo espécie da fauna em perigo de 
extinção. 
2. Não obstante o cancelamento da Súmula nº 91 do STJ e o fato da 
Lei nº9.605/98 não tratar da competência para o processamento e 
julgamento dos crimes ambientais, é certo que, nos crimes 
 
 
 
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praticados em detrimento de bens ou interesses da União ou de 
suas entidades autárquicas, a competência é da Justiça Federal. 
3. O interesse público da União caracteriza-se pela proteçâo a 
fauna silvestre, além do manifesto interesse do IBAMA, autarquia 
federal incumbida, dentre outras funções, da proteção das espécies 
animais nativas e daquelas em extinção, sendo responsável pelo 
levantamento, listagem e concessão de autorização prévia para a 
captura e criação de tais espécimes, nos termos do artigo 57, da Lei 
nº 9.985/2000. 4. No caso dos autos, os pacientes foram 
condenados pela prática dos delitos descritos nos artigos 29, 
parágrafo 1º, inciso III e parágrafo 4º, inciso I, e 
artigo 32, parágrafo 2º, ambos da Lei nº9.605/98. 5. Foi 
comprovado que muitas das aves apreendidas em poder dos 
pacientes estavam ameaçadas de extinção (curió, bicudo, arara 
canindé, arara vermelha), sendo algumas encontradas mortas e 
outras sem condições de sobrevivência. 6. Restou constatada, na 
situação em apreço, ofensa direta à atribuição da autarquia federal 
(IBAMA), tanto no que tange à fiscalização, quanto à autorização 
para comercialização dos referidos animais em extinção, além do 
interesse da União na preservação da fauna silvestre. 7. Ordem 
denegada. 
(TRF-3 - HABEAS CORPUS : HC 23181) 
 
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. IBAMA. PAPAGAIO CRIADO EM 
AMBIENTE DOMÉSTICO. OBSERVÂNCIA AOS FINS DA NORMA AMBIENTAL. 
PROTEÇÃO DA FAUNA EM NOVO HABITAT ECOLOGICAMENTE 
EQUILIBRADO. ESPÉCIE NÃO AMEAÇADA DE EXINÇÃO. 
I - A atuação do órgão ambiental há de se desenvolver na linha 
auto-aplicável de imposição ao poder público e à coletividade do 
dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, como bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, para as presentes e futuras gerações (CF, 
art. 225, caput). Em sendo assim, esse equilíbrio há de se efetivar 
de forma mútua, envolvendo o homem, a fauna e a flora, de modo 
que a apreensão de animais silvestres, criados em ambiente 
doméstico, como no caso, em que não se verifica a ocorrência de 
qualquer mal-trato e/ou a exploração ilegal do comércio de aves, 
numa relação harmoniosa e benéfica para ambos os lados, afigura-
se-lhes infinitamente mais carregada de prejudicialidade do que a 
sua permanência sob a cuidadosa e eficiente guarida

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