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ZAYN – INSTITUTO MINEIRO DE FORMAÇÃO CONTINUADA RENÊ AMARAL MONTARROIOS A IMPORTÂNCIA DO ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS Belo Horizonte - MG 2019 RENÊ AMARAL MONTARROIOS A IMPORTÂNCIA DO ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS Belo Horizonte – MG 2019 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto ZAYN como requisito para obtenção da Pós- Graduação em Ciências da Religião A IMPORTÂNCIA DO ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS RENÊ AMARAL MONTARROIOS Aprovada em ____/____/_____. BANCA EXAMINADORA: _________________________________________________ orientador Titulação-Instituição __________________________________________________ Membro banca Titulação-Instituição __________________________________________________ Nome Completo Titulação-Instituição CONCEITO FINAL: _____________________ DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que eu chegasse até aqui. Em especial gostaria de destacar o apoio da minha esposa e filhos que são as bases e motivação das minhas conquistas. AGRADECIMENTOS A Jesus Cristo, amigo sempre presente, sem o qual nada teria feito. Aos meus pais, a quem sou grato pelos ensinamentos e correção. Ao Prof.° .............., que me acompanhou, transmitindo-me as dicas e conteúdos necessários “As religiões, assim como as luzes, necessitam de escuridão para brilhar.” Schopenhauer RESUMO Este Trabalho de conclusão de curso tem como objetivo principal promover uma análise e uma reflexão sobre a importância do ensino religioso nas escolas públicas brasileiras, exibindo, ainda que de forma não exaustiva, a relação deste item do currículo escolar com a história do ensino público nacional e as questões políticas do país. O estudo está direcionado demonstrando a relevância do ensino religioso como área de conhecimento alicerçado na Ciência da Religião; destaca e pondera a multicultural religiosidade da sociedade do país e sua importância na compreensão da cultura, e da formação dos brasileiros. Deve-se frisar que a religião é uma constante na história da humanidade. O ensino religioso deve ter como princípio a cultura do diálogo para a construção a paz e do respeito. A metodologia utilizada para a elaboração deste estudo consistiu em pesquisa bibliográfica acerca do tema proposto. Palavras-chave: Ensino Religioso, Escola pública, Igreja Católica, Religião, Ecumenismo, Respeito. ABSTRACT This paper aims to promote an analysis and reflection on the importance of religious education in Brazilian public schools, showing, but not exhaustively, the relationship of this item of the school curriculum with the history of national public education. and the political issues of the country. The study is directed demonstrating the relevance of religious teaching as an area of knowledge based on the Science of Religion; highlights and ponders the multicultural religiosity of the society of the country and its importance in the understanding of culture, and the formation of Brazilians. It should be stressed that religion is a constant in the history of mankind. Religious teaching must have as its principle the culture of dialogue for the construction of peace and respect. The methodology used for the elaboration of this study consisted of bibliographical research about the proposed theme. Keywords: Religious Education, Public School, Catholic Church, Religion, Ecumenism, Respect. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 9 1. A MANIFESTAÇÃO DA RELIGIOSIDADE DOS POVOS ............................................................ 14 1.1- A OBSERVAÇÃO DA MANIFESTAÇÃO DA RELIGIOSIDADE HUMANA. ......................... 14 1.2- A ESPIRITUALIDADE INDÍGENA BRASILEIRA. ............................................................... 15 1.3- A ESPIRITUALIDADE AFRICANA. .................................................................................. 18 1.4- A ESPIRITUALIDADE CRISTÃ ROMANA. ....................................................................... 20 2. HISTÓRICO RESUMIDO DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL ................................................ 22 2.1- O ENSINO RELIGIOSO DO DESCOBRIMENTO AO IMPÉRIO. ......................................... 22 2.2 - O ENSINO RELIGIOSO APÓS A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. .............................. 25 3. O ENSINO RELIGIOSO ESCOLAR NO CONTEXTO DO BRASIL PÓS-MODERNO ..................... 30 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 35 10 INTRODUÇÃO Discorrer sobre educação escolar é uma tarefa na maioria das vezes árdua, laboriosa, visto que é um campo que se complementa através de inúmeras contribuições e possibilidades de uma mesma realidade. A matéria de Ensino Religioso na área da educação escolar, ainda provoca diversas discussões, porque esse tema não só envolve a educação, mas também a sociedade, paixões e ódios diversos, valores culturais e a individualidade de cada ser. Segundo Cardoso (2007, p. 7), a compreensão de Ensino Religioso é apresentada como um "espaço para levar o aluno a refletir sobre o sentido da vida e assumir um compromisso responsável de transformação da realidade segundo valores religiosos, por meio de escolhas livres e coerentes". Já para Cândido (2004), o Ensino Religioso deve ser construído para atender os alunos com relação à busca pelo sentido da vida. Ela ainda defende a possibilidade de um ensino confessional católico não proselitista (CÂNDIDO, 2004, p. 164-165). Opina Magri (2010), o argumento que valida a oferta da disciplina é "a necessidade que o homem tem de buscar a "plenitude", pois, se não o fizer, corre o risco de se perder em meio à selva de pedra" (MAGRI, 2010, p. 11). Afirma Vieira (2006, p. 5) "na vida comunitária social, as pessoas se relacionam umas com as outras ou em grupo assumindo um consenso, em torno de uma significação irredutível aos simples mecanismos biológicos e técnicos". Ruedell (2005, p. 4) entende a disciplina como "um elemento indispensável para a educação integral do cidadão e para a obra de edificar uma sociedade mais justa e solidária". Machado informa que (2006, p. 6), é atribuição do Ensino Religioso trabalhar a cidadania. Para ele, "desde o entendimento da polis grega até os dias atuais, a prática da cidadania como condição natural da educação que defende o ser humano contra a barbárie". Dessa forma, ele entende humano como aquele que se torna cidadão e se afasta da barbárie no sentido da civilização moderna da cultura cristã. Como pode ser visto todas as ideias giram em torno de que a 11 técnica não é suficiente para oferecer ferramentas para dar-se sentido à vida, pois não considera a formação humana em todas as suas dimensões. Soma-se a isso tudo o fato de que os dias atuais são marcados por uma sociedade cada vez mais líquida e inconsistente no qual valores e instituições se dissolvem facilmente como afirma Bauman: Em primeiro lugar, a passagem da fase "sólida" da modernidade para a "líquida" - ou seja, para uma condição em que as organizações sociais (estruturasque limitam as escolhas individuais, instituições que asseguram a repetição de rotinas, padrões de comportamento aceitável) não podem mais manter sua forma por muito tempo (nem se espera que o façam), pois se decompõem e se dissolvem mais rápido que o tempo que leva para moldá-las e, uma vez reorganizadas, para que se estabeleçam (BAUMAN, 2007, p. 7) Diante dessa inconsistência, a sociedade cada vez fica caracterizada pelo pluralismo cultural e de pensamento, além de mudanças rápidas de paradigmas. Por seu turno, a religião não está imune a processos de mudanças em seus espaços e enfrenta o desafio do ecumenismo também no espaço escolar. O Ensino Religioso no Brasil compõe a educação escolar desde os tempos do Brasil Colônia. Nos primórdios nacionais, a religião não era uma escolha individual, e sim uma determinação do Estado. O ensino refletia e ressaltava a doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana, religião oficial do Império. A meta era homogeneizar as culturas. Com a proclamação da República (1889), se estabeleceu a ruptura entre Igreja e Estado, garantindo-se a liberdade de culto e o respeito à diversidade religiosa. A despeito disso, o Ensino Religioso, na prática, permaneceu quase que em sua totalidade, ensinando a religião cristã católica. Como aponta Junqueira: 12 Na realidade, o ensino religioso tem exigido uma discussão mais ampla sobre o pluralismo religioso, fenômeno relativamente recente na história do Brasil. Ao longo dos primeiros quatro séculos, este país se constituiu como uma sociedade unirreligiosa, tendo o catolicismo como religião oficial para a plena cidadania brasileira. Tal situação estava relacionada ao contexto mais amplo, em que a religião aparecia como princípio fundamental de todas as sociedades humanas. Nesta perspectiva, a cada sociedade deveria corresponder uma única religião, que cimentava as relações sociais que unem as pessoas (JUNQUEIRA,2011, p.151). Com o passar dos anos novas leis foram criadas e depois da alteração do Artigo 33 da Lei Nº 9394/96 (LDB) pela Lei Nº 9475/97 houve expressivas mudanças na compreensão do Ensino Religioso, além de certificá-lo nas escolas públicas. Agora Ensino Religioso passou a ser idealizado como uma relação pedagógica, abarcando o ser humano no seu todo, considerando a sua interação com o meio, em busca de respostas para as inquirições existenciais, sem adesão, em tese, a uma religião particular. Desse modo, o Ensino Religioso consiste em ver o Homem como possuidor de uma psiquê transcendente, religiosa. A religião, como expressão da espiritualidade humana, existente em todos os povos e civilizações e sempre teve uma posição elevada nas vidas das pessoas e das comunidades. Assim sendo, a instrução que almeja o efetivo progresso do discente não deve negligenciar a educação da religiosidade e do fenômeno religioso, cerne da compreensão do ER. Nesse conceito, o Ensino Religioso como disciplina facilita a retomada dos princípios humanos, a partir do entendimento do meio sociocultural da pessoa e dos valores que fundamentam a sociedade. Acredita-se que esse resgate de concepções contribuirá demasiadamente para a boa postura dos educandos no ambiente escolar e em na vida em sociedade, uma vez que a escola possui uma função crucial no tocante ao desenvolvimento pleno dos alunos. 13 Considerando esse ponto de vista, é preciso refletir que o país é um povo multicultural, por isso é imprescindível aceitar as diversas manifestações religiosas dos povos no Brasil inseridos, bem como superar o modelo confessional cristão e Católico apenas. Essa deve ser a proposta perseguida pelo Ensino Religioso, alicerçada nas Ciências da Religião e com a finalidade de formar para a cidadania. Essa nova concepção do Ensino Religioso ajuda ainda como ferramenta de transposição das controvérsias isoladas de cada cultura, gerando a chance de uma formação crítica e dialética do cidadão, deve-se trazer ao aluno o conhecimento das religiões, de modo a estimular o crescimento do discente enquanto pessoa, através dos valores dos diversos costumes religiosos, além disso o professor tem a chance, não só de trabalhar os valores nas diferentes disciplinas, como também desenvolver projetos que despertem as capacidades para a construção de uma relação mais fraterna e próxima da revelação da espiritualidade. 14 1. A MANIFESTAÇÃO DA RELIGIOSIDADE DOS POVOS 1.1- A OBSERVAÇÃO DA MANIFESTAÇÃO DA RELIGIOSIDADE HUMANA. Desde os tempos antigos os pesquisadores procuram investigar sobre o fenômeno religioso, para saber o motivo da sua existência. As ciências humanas estão sempre pesquisando sobre os mais variados sistemas religiosos que se mostram com suas peculiaridades, é fato comprovado pela história e outras ciências que não existe nenhum povo sem religião ou sem tradição religiosa. O fenômeno é um fato universal; ele se encontra em todas as culturas. Em todos os tempos, lugares e povos encontramos o fenômeno religioso. Segundo Franz Bretano, a fenomenologia é a “intencionalidade da consciência humana”. A função da fenomenologia é interpretar os fenômenos que se apresentam à percepção. A fenomenologia surgiu para extinguir a separação entre “sujeito” e “objeto”. Para Emanuel Kant, o fenômeno tem duas propriedades: tempo e espaço. O tempo é a priori enquanto dedução lógica da coisa, e a posteriori enquanto identificação do objeto. Por isso, o homem como ser religioso acredita numa divindade, dentro ou fora de si.1 As distintas religiões que foram se formando no decorrer da história motivam a sua compreensão de transcendente, o sentido da vida e da morte, a maneira que os indivíduos devem ser e agir no mundo, através de seus escritos sagrados e da oralidade. Por mais que se retroceda no tempo, continuamente é encontrado vestígios de culto religioso dos mais variados. O homem não vive 1 O FENÔMENO RELIGIOSO. Disponível em: <https://santuariopenapolis.com.br/arquivos> acesso em: 24/10/2018. https://santuariopenapolis.com.br/arquivos 15 sem Deus como diria Santo Agostinho “O coração humano vive inquieto enquanto não repousar em Deus”.2 A religião é considerada como um fenômeno unicamente humano, não só individual, mas em grupo ou em uma sociedade. Quanto é investigado mais é necessário estudos para se descobrir os mistérios entre os céus e a terra. Cada tradição religiosa apresenta o seu fenômeno religioso, a partir da visão histórica de uma cultura, uma sinopse particular de todas as coisas que fogem à percepção humana. Segundo os cientistas da religião, os seres humanos criaram as tradições religiosas e as sistematizaram para cultuarem o sagrado, na tentativa de explicar o mundo por uma visão diferente da científica. Todas as religiões buscam a sua verdade, sejam elas tradicionais ou não, com escritos sagrados, orais ou místicos. 1.2- A ESPIRITUALIDADE INDÍGENA BRASILEIRA. Na tradição religiosa indígena brasileira deve-se destacar alguns pontos relevantes que foram fundamentais para a formação cultural brasileira, além disso, ela pode ser chamada de uma religião da natureza por estar sempre ligada e dependente do meio florestal em que vivem. Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmos direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores. Duas figuras importantesna organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os 2 AGOSTINHO, S. Disponível em: < https://www.pensador.com/frases_de_santo_agostinho/> acesso em: 24/10/2018. https://www.pensador.com/frases_de_santo_agostinho/ 16 rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios. A educação indígena é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprender. Portanto a educação indígena é bem prática e vinculada a realidade da vida da tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta. Cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas. O pajé era o responsável por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos chegavam a enterrar o corpo dos índios em grandes vasos de cerâmica, onde além do cadáver ficavam os objetos pessoais. Isto mostra que estas tribos acreditavam numa vida após a morte3 Em síntese, os índios brasileiros usam o xamanismo para se relacionar com o sagrado. Algumas pessoas na atualidade estão tentando resgatar essa cultura de respeito e dependência da natureza. O xamanismo, por ser uma das mais antigas formas de conexão do ser humano com o sagrado, se apresenta para a cultura indígena como um referencial que visa o reencontro do homem com os ensinamentos e fluxo da natureza e com seu próprio mundo interior. É através desses ensinamentos que os povos indígenas se relacionam com o sagrado, através da observação da natureza e de seus sinais: Sol, lua, terra, água, fogo, ar, animais, plantas, vento, ciclos, etc. Essa religião tem como guia espiritual, o xamã4. No contexto indígena brasileiro, o pajé corresponde à imagem 3 RAMOS. Jeferson Machado. Índios do Brasil. Disponível em: < https://www.suapesquisa.com/indios/>. Acesso em: 03/04/2019. 4 Xamã (do tungus siberiano "aquele que enxerga no escuro") é um portador de função religiosa, um sacerdote do xamanismo, que podem acessar outras dimensões, através de um estado extático e fazer contato com aliados (animais, vegetais, minerais) e espíritos ancestrais.[1] Este entra em estado transe ou êxtase durante rituais xamânicos, manifestando poderes sobrenaturais e invocação de espíritos da natureza, ocorrendo a incorporação em seu corpo. Este contato permite a recepção de orientações e ajudas dos espíritos para resolver situações que desafiam o ser humano e seus grupos sociais. Enciclopédia Eletrônica Wikipédia. Disponível em:< https://pt.wikipedia.org/wiki/Xam%C3%A3> Acesso em: 03/04/2019. https://www.suapesquisa.com/indios/ 17 do xamã siberiano. Esse sacerdote conhece profundamente de forma empírica a maioria das fórmulas de cura das doenças do corpo e da alma. É comum durante a pajelança o uso de instrumentos musicais característicos tais como: maracás, zunidores, entre outros, típicos do Brasil. O essencial são as técnicas de cura e as comunicações espirituais que estão sempre presentes nestes rituais. Um aspecto relevante é a preservação da natureza cultuada por essa infinidade dos povos indígenas existentes no Brasil, cujo relacionamento com o sagrado se apresenta de diferentes formas, que atuam na prática, por isso suas vidas são permeadas de valores religiosos. Entre eles não existem desigualdades, tudo é partilhado com o outro. De acordo com o professor Castro (2000 p. 7-8), estudioso da questão indígena junto ao grupo Arawté - Altamira - PA que apresenta aspectos da religião indígena: “Os europeus que chegaram ao Brasil no século XVI deixaram nas cartas missionárias uma frase que se tornou chavão na época”. Por isso assevera: Os índios Tupinambás não têm fé, nem lei, nem rei. Isto porque, diziam os cronistas, não possuem o F, L, R no seu alfabeto. Prova disso, é que não conseguem pronunciar tais letras; numa das cartas jesuíticas de Manoel da Nóbrega, revelam-se dados curiosos: O povo daqui é como papel em branco, pode-se escrever o que quiser nele, porque não possui qualquer religião anterior. Ou seja, tudo o que se quiser ensinar será fácil, porque todos os obstáculos apresentados à conversão são apenas maus costumes, dizia Nóbrega. - Outra carta de Nóbrega dez anos depois: Na Índia é muito difícil converter a população, porque ela possui sacerdotes, pelos quais são capazes de morrer. Mas, uma vez convertida, ficará para sempre. No Brasil, ocorre o contrário. O índio é inconstante. Convencido de algo, hoje diz sim e amanhã, não, exatamente por não possuir ídolos. - Nóbrega escreveu outra carta reveladora, que diz assim: O essencial da religião é servir e adorar um Deus soberano. Como esse povo não serve nem adora ninguém, não pode -acreditar em nada (CASTRO, 2000, p.7-8). Por certo que na sociedade brasileira os modos de vida e religião desses povos causam certa estranheza. Muitas vezes o colonizador branco afirmava que os povos primitivos brasileiros não tinham deuses e sua religião era algo irracional e sem valor. O que não asseveravam é que os grupos indígenas sempre foram resistentes à conversão, porque para eles o que valia era a sua crença. Muitos estudos feitos apresentavam que tinham uma crença em um ser superior. Para eles, Deus -Tupã- se apresenta de diferentes maneiras e em toda a terra, eles sentem a presença do “Criador”. Apesar da grande diversidade de povos indígenas brasileiros eles tinham algo em comum: a inexistência de requisitos sociopolíticos da religião, dizendo de outro modo, para os índios de 18 forma geral, não existem verdades teológicas organizadas com reuniões e concílios, nem livro sagrado, porém, cada comunidade tem a liberdade de escolher a sua crença, sendo tudo transmitido e perpetuado através da oralidade. 1.3- A ESPIRITUALIDADE AFRICANA. Uma das culturas religiosas mais desprezadas no Brasil certamente são as de matriz africana. Em primeiro lugar, a própria igreja católica romana via os povos africanos como um jumento de carga ou um cavalo, voltado apenas para o trabalho e, portanto, sem alma, escravizáveis e desprezíveis. Eram considerados uma raça inferior de seres que não eram considerados humanos. A despeito desse preconceito generalizado por parte dos colonizados portugueses, a sociedade brasileira sofreu diversas influências da cultura e espiritualidade africana como um todo. Apesar disso, os colonizadores europeus eram vistos como superiores, e os negros sofriam uma dupla agressividade em seus destinos. Em primeiro lugar a escravidão porque além de serem considerado uma raça inferior, por causa da cor, costumes e tradições católicas eles eram vilipendiados também na sua espiritualidade como povo maligno de rituais demoníacos e totalmente primitivos apesar disso resistindo e trazendo seus costumes do continente negro até o novo mundo. De acordo com que leciona sobre os Orixás migrantes: nadando da África para o Brasil: Os deuses tiveram que migrar juntamente com seus protegidos. Os povos africanos são um exemplo vivo desta „migração forçada ‟dos seres divinos. Não teriam suportado, resistido e reagido à infame escravidão em terra estrangeira sem o auxílio de seus fiéis orixás. [...], os orixás tiveram de dialogar com as cortes celestes estrangeiras e fazer algumas concessões. Primeiro tiveram que seentender com as divindades indígenas. [...], estavam todos no mesmo barco e isso deu à luz a riqueza das pajelanças e catimbós [...].(LOBO, 2000, p. 13). 19 Para a maioria desses povos, a vida e a religião eram uma coisa só, não havia separação entre vida sagrada e profana e não existiam ateus. A divindade maior era chamada de Olorum, o qual entrega uma série de características aos seus admiradores e que também veneram esse ser supremo, como um ser de bondade e clemência. Por outro lado, esse Ser para eles também é capaz de mostrar a sua ira, mandando catástrofes e inundações, eliminando assim muitas vidas. Seus cultos estão ligados aos seus antepassados e às suas divindades. Nas tradições religiosas afro-brasileiras, o ser humano é dimensionado como parte integrante desta totalidade cosmológica. Homem-Orixá-Deus criador integram esta totalidade divina. Apesar da cristianização e ocidentalização, imposta a eles, essa cultura ainda surpreende enquanto religião tradicional, devido o apego à terra dos seus antepassados. Isso é uma inquietação para essas pessoas, quando têm como modelo cultural religioso a sua religião (LOBO, 2000, p. 7) No início da chegada dos africanos ao Brasil tudo era bem difícil pois tinham que adaptar seus ritos aos Santos Católicos. De tanto resistirem os negros conseguiram algo importante que foi o sincretismo religioso. Com o surgimento do sincretismo religioso em que os escravos eram obrigados pelos jesuítas a adorarem as imagens dos santos, no imaginário deles faziam isso pensando em seus orixás, eles queriam a todo custo confundir os ritos católicos no intuito de resgatar o misticismo da sua própria cultura e o contato com a natureza era a forma que podiam se comunicar com suas divindades. Ainda existe nos dias de hoje resquícios do cristianismo em relação aos santos em muitos terreiros. De qualquer forma este sincretismo religioso, envolvendo estas três culturas: Cristianismo católico, Indígenas e africanas, que cultuam o seu sagrado de forma diferente, até hoje perdura não só nos rituais, mas em toda a tradição cultural brasileira. Em seu artigo Botas define quem é Deus para os africanos: 20 Deus é a força vital – o axé – que organiza e integra o homem e o mundo além das aparências. Não existe uma separação como no catolicismo, entre terra e céu. Existe o mundo visível – ayé – e o mundo invisível – orún. Por isto o Deus africano não é somente transcendente, mas imanente, pois está sempre presente na vida cotidiana. Ele não é um Deus puramente lógico ou racional, mas é o Deus do coração. É ativo, pai e mãe, é o Deus da vida. Não é um Deus abstrato e distante. É concreto, real e existente no seio da família e da comunidade. O Deus africano é um ser social, interessado na tensão cotidiana, na frustração, na desilusão e na bênção (BOTAS, 2002, p. 14). É interessante conhecer um pouco sobre o fenômeno religioso dessas culturas tão importantes, mas oprimidas e excluídas até hoje da sociedade brasileira por isso mesmo se faz tão importante que esse conteúdo também seja disponibilizado em sala de aula, pois esses povos muito contribuíram na formação do povo brasileiro. 1.4- A ESPIRITUALIDADE CRISTÃ ROMANA. A tradição religiosa cristã, introduzida no Brasil pelos portugueses com o fundamental auxílio dos padres jesuítas, foi a predominante no País até os dias atuais. Tendo como precursor Jesus de Nazaré que foi o ungido de Deus para a salvação do Homem eis o significado da palavra Cristo (ungido). O Cristianismo católico romano define Deus em Jesus Cristo, que subsiste em três pessoas Deus Pai, Deus Filho, e Deus Espírito Santo. Esse dogma é chamado de Santíssima Trindade. Além disso a Igreja Romana ensina que certas pessoas com vidas retas diante de Deus intercedem por nós nos céus como a Mãe de Jesus, Maria, O Pai José e diversos outros que comumente são chamados de santos e adorados em diversos altares espalhados pelo panteão católico no mundo. De acordo com o Livro Sagrado chamado Bíblia, há uma vida além da morte que se chama ressurreição e um lugar de bem-aventurança chamado paraíso bem como um lugar de castigo eterno chamado inferno. Por mais de dois séculos essa religião foi discriminada pelos romanos, vista como uma religião de pobres, fracassados e escravos, não se deve perder de vista que Jesus morreu 21 em uma cruz algo que era totalmente vergonhoso e ultrajante tanto para Judeus como para Romanos pois era determinada esse tipo de pena aos piores salteadores da época. Os cristãos reuniam-se às escondidas semanalmente para partilhar a Palavra de Deus, pois não tinham sacerdotes, altares, cultos e templos sagrados. Só bem mais tarde é que foram introduzidos elementos estranhos ao cristianismo graças a suposta conversão do Imperador Constantino que ordenou que todos os súditos deveriam ser cristãos sob pena de serem mortos. os termos: diocese, mitra, cúria, província, Eclésia, bispos, entre outros, eram trazidos do Império Romano dando sinais de um cristianismo de Estado chamado católico romano. Nos dias atuais existem três divisões do Cristianismo: Protestantismo, Catolicismo e Igreja Ortodoxa. Em razão disso, existem, também, díspares entendimentos e aspectos em cada um deles. Todavia, de forma geral, pode-se afirmar que os adeptos do cristianismo creem na existência de um Deus, criador do universo; de Jesus Cristo, elemento essencial da religião, estimado como redentor da humanidade; e da vida após a morte. O Catolicismo Romano, foi se renovando com o passar dos séculos e hoje em dia sugiram movimentos espirituais de renovação carismática, movimentos que chegam bem perto do povo, falando a sua linguagem, entoando hinos que falam de um Deus que cura e que mexe com a emoção do povo. Esse mesmo Deus dá emprego e restaura a saúde. Em geral o homem perdeu o élan de sua autorrealização, ficando condicionado à onda da moda. Tornou-se um ser determinado, quer biologicamente, de acordo com os darwinistas; quer psicologicamente, conforme os freudianos; quer economicamente, segundo os marxistas; quer tecnicamente, de acordo com a filosofia de produção-consumo [...] é preciso que a sabedoria dos antigos helênicos volte a orientar o homem da técnica, perdido nos meandros das fugacidades temporais. O homem como ser livre se rege por leis morais, que para Deus são eternas e invioláveis, mas que para o homem podem ser 22 violadas, apesar de causarem a sua desgraça como também a desordem no universo criado”. (ARESI, 1980, p.21,25). Diante do exposto, pode-se perceber que o Brasil é um misto de entendimentos religiosos que não pode ficar de fora também da sala de aula todos eles sem exceção são importantes para o entendimento do povo Brasileiro sua formação crenças e cultura como um todo. 2. HISTÓRICO RESUMIDO DO ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL. 2.1- O ENSINO RELIGIOSO DO DESCOBRIMENTO AO IMPÉRIO. Nos tempos do descobrimento do Brasil a preocupação central do reino português era a catequização e conversão do novo mundo à fé católica com suas tradições e “civilidade” trazidas da Europa. Os costumes e a religião do povo não eram respeitados ou vistos com bons olhos a hegemonia eurocêntrica se fazia presente, vejamos o que diz Sangenis: os jesuítas empreenderam no Brasil uma significativa obra missionária e evangelizadora, especialmente fazendo uso de novas metodologias, das quais a educação escolar foi uma das mais poderosas e eficazes. Em matéria de educação escolar, os jesuítas souberam construir a sua hegemonia. Não apenas organizaram uma ampla ‘rede’ de escolas elementares e colégios como o fizeram de modo muito organizado e contando com um projeto pedagógico uniforme e bem planejado, sendo o Ratio Studiorum a sua expressão máxima (SANGENIS, 2004, p. 93). A criação de um novo mundo católico no formato dasociedade portuguesa da época era um dos principais objetivos do colonizador português, uma tarefa difícil, mas fundamental para constituição da sociedade ensejada. 23 As Constituições Primeiras produzidas pelo arcebispado da Bahia foram uma documentação legal e moral como é informado por Casimiro: no início do século XVIII, refletindo a teologia moral em vigor e sintetizando as ideologias religiosas reinantes, surgiram, no Brasil, as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, publicadas em 1707, pela Igreja Católica (...) Esta obra traduzia, de forma muito fiel, as tendências teológicas daquele momento específico, bem como normatizava a prática religiosa, detalhadamente, para uma sociedade específica, que era a sociedade colonial.5 Dentre outras coisas obrigações estava previsto o encargo dos proprietários de escravos sobre o cuidado com a formação religiosa deles: Segundo o entendimento do Padre Benci, as Constituições Primeiras consideravam que o cumprimento dos deveres cristãos dos escravos era uma responsabilidade dos seus senhores. Como os pais de família tinham obrigações religiosas com os filhos que dependiam deles, da mesma forma os Senhores as tinham com os escravos (n.4). As obrigações religiosas fundamentais dos senhores para com os escravos eram duas: ensinar-lhes a doutrina cristã e cuidar da administração dos sacramentos em especial o batismo. Também se esperava, que como cristãos, os senhores respeitassem o casamento dos escravos, corrigissem as mancebias que estes praticavam e os fizessem assistir à missa aos domingos. Além disso, os senhores ficavam obrigados a dar aos escravos um enterro decoroso em lugar sagrado. 6 A função designada aos sacerdotes era a de ensinar a doutrina católica aos escravos e aos garotos. Aqui não que se falar em ensino religioso como disciplina, mas apenas como um curso de formação do caráter religioso da 5 CASIMIRO, Ana Palmira Bittencourt Santos. CONSTITUIÇÕES PRIMEIRAS DO ARCEBISPADO DA BAHIA: Educação, Lei, Ordem e Justiça no Brasil Colonial. Disponível em: < http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/44753> Acesso: 19/10/2018. 6 LONDONO, Fernando Torres. As Constituições do Arcebispado da Bahia de 1707 e a presença da escravidão. Disponível em: < https://tinyurl.com/y5djhx87 > Acesso: 09/01/2019. http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/44753 https://tinyurl.com/y5djhx87 24 época. Aos meninos eram dirigidos e ensinados a leitura e a escrita por meio de textos sagrados e acontecia a alfabetização e a doutrinação simultaneamente. Letras e matemática era a temática da época mesclado ao ensino religioso católico. Deve-se lembrar que no período o rei era o representante da Igreja no Brasil podendo até nomear bispos e pagava o salário do clero. A segunda documentação de destaque advém do Código de Direito Canônico, o qual assevera que toda a formação religiosa dos moços, em qualquer escola, está sujeita à ordem e verificação eclesiásticas. A educação era comandada e monopolizada pela Santa Sé, que detinha todas as instituições de ensino da época. Durante o império do Brasil, a Constituição de 1824 declarava em seu artigo 5º que a Igreja Católica Apostólica Romana era a religião oficial do Império e devido a essa união nas escolas públicas nacionais se refletia no seu ensino religioso. A união entre os dois era tamanha que houve quem afiançasse ser a Santa Sé apenas um apêndice da administração civil (JUNQUEIRA, 2004, p. 28) Em 1827 Dom Pedro I estabelece um decreto que determina a criação de escolas em todos os municípios, cidades e lugares mais populosos do país. Em seu artigo 6º estabelecia que: “Os Professores ensinarão a ler, escrever as quatro operações de arithmetica, pratica de quebrados, decimaes e proporções, as nações mais geraes de geometria pratica, a grammatica da lingua nacional, e os principios de moral chritã e da doutrina da religião catholica e apostolica romana, proporcionandos á comprehensão dos meninos; preferindo para as leituras a Cosntituição do Imperio e a História do Brazil.”7 7 BRASIL. Lei de 15 de outubro de 1827. Disponível em< https://tinyurl.com/yxftuhax > acesso: 10/02/2019. https://tinyurl.com/yxftuhax 25 No final do século XIX o ER começou a ser retirado das escolas públicas nacionais em seu lugar foi instituído a disciplina de moral e cívica, outro ponto importante foi a liberação daqueles que professavam outras religiões não serem constrangidos mais a assistir aulas do ensino religioso romano. A disciplina de Moral e Cívica serviria para difundir às novas gerações valores republicanos e virtudes cívicas. Seus maiores incentivadores são os maçons com a tentativa de início de uma nova religião agora uma religião cívica, alicerçada na razão e no culto ao progresso científico apregoado pelo positivista August Comte. Cada vez essa disciplina se agiganta nos primeiros momentos do regime republicano formando a moderna identidade nacional desejosa de ser totalmente apartada da Igreja. 2.2 - O ENSINO RELIGIOSO APÓS A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. Em 1889 proclamou-se a República no Brasil e a parceria da Igreja com o Estado terminou. Em 7 de Janeiro de 1890 a Igreja é afastada do Estado em decorrência da sua laicização que foi confirmada com a constituição de 1891. Vários itens que à época necessitavam da Igreja se secularizaram tais como: Casamento, Cemitérios, Certidões de Nascimento etc. O ER foi retirado de vez das escolas públicas em nome da laicidade do ensino. Segundo Figueiredo: Com a mudança do regime monárquico para o republicano, desarticula-se o que parecia imóvel, abala-se o que se considerava permanente por de curso de tempo, interrompe-se o que sempre se concebia contínuo por força dos costumes vigentes. [...] No entanto, tais conflitos permanecem até os dias atuais. Com outras palavras, tem início e continuidade um movimento que acontece ao mesmo tempo em que o Estado Republicano é instalado e cujo regime continua em pleno vigor, com as mesmas características. Tal movimento é intensificado nos momentos de elaboração, promulgação, implementação e implantação das sucessivas Cartas Magnas e Leis regulamentares [...] (FIGUEIREDO,2005, p.61). 26 Os positivistas e os liberais defendiam a separação total entre a religião e o Estado e entre o poder temporal e o poder espiritual. Como pode ser visto na constituição de 1891: Isso posto, em relação ao aspecto religioso, a Constituição de 1891 apresentava as seguintes características: a) vedava aos estados e à União estabelecer, subvencionar, ou embaraçar o exercício de cultos religiosos (art.11, n.2); b) vedava o alistamento eleitoral (aos pleitos federais e estaduais) dos religiosos de ordens monásticas, companhias, congregações, ou comunidades de qualquer denominação sujeitas a voto de obediência, regra ou estatuto, que importe renúncia da liberdade individual (art.70, n.4); c) assegurava a liberdade religiosa a todos os indivíduos e confissões, que poderiam exercer pública e livremente o seu culto, associando-se para esse fim e adquirindo bens, observadas as disposições do direito comum (art.72, n.3); d) dispunha que a República reconheceria apenas o casamento civil, cuja celebração seria gratuita (art.72, n.4); e) determinava a secularização dos cemitérios, que viriam a ser administrados pela autoridade municipal, ficando livre a todos os cultos religiosos a prática dos respectivos ritos em relação aos crentes, desde que esses não ofendessem a moral pública ou as leis (art.72, n.5); f) dispunha que o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos deveria ser leigo (art.72, n.6); g) estabelecia que nenhum culto ou igreja gozaria de subvenção oficial, nem teria relações de dependência ou aliança com o governo da União, ou o dos estados (art.72, n.7); h) assegurava que, pormotivo de crença ou função religiosa, nenhum cidadão brasileiro poderia ser privado de seus direitos civis e políticos, nem eximir-se do cumprimento de qualquer dever cívico (art.72, n.28); i) dispunha que os que alegassem motivo de crença com o fim de se isentarem de qualquer ônus que as leis da República impusessem aos cidadãos perderiam todos os direitos políticos (art.72, n.29) (LEITE, 2011, p.40). Obviamente houve reação da Igreja Católica à essa secularização sob a liderança de alguns bispos brasileiros tais como D. Sebastião Leme, D. João Becker e D. Vicente Scherer e de intelectuais católicos, Pe. Leonel Franca, Mario de Lima, Alceu Amoroso Lima de viés conservadores que desejavam promover a diferença do poder espiritual do temporal mas não sua total ruptura, ou seja eram contra total afastamento do Estado e da Igreja. Nesse sentido, a liderança mencionada acima entendia que a Igreja deveria comandar o poder espiritual e tudo aquilo que se relaciona com as questões espirituais e sobrenaturais. Já o 27 poder temporal deveria se preocupar com as questões naturais e de ordem política e social. Ambos os poderes tinham suas responsabilidades e competências específicas, mas deveriam viver em clima de harmonia e aliança. O eminente Rui Barbosa, no entanto, fazia a defesa de uma escola laica sob controle do Estado. Para esse idealista, não caberia à escola ensinar o ER. Contudo, este poderia ser oferecido por representantes das várias crenças, mas fora do horário regular, sem qualquer conexão com o currículo oficial. Com ideais positivistas, optava por uma educação liberal. Durante um bom período o E.R. foi eliminado das escolas. Para os republicanos o que deveria prevalecer era a formação da razão ou a formação do pluralismo de ideias, desde que sejam ideias científicas, racionais e comprováveis. Nesse viés ideológico, defende-se a "laicidade" da escola pública a partir da ideal de separação total entre a religião e a coisa pública. Para os defensores do cancelamento do total das aulas de E.R. diziam que a escola é o lugar da ciência e dos saberes racionais e comprováveis. Infere- se, que os saberes racionais ou comprováveis são saberes que respeitam a liberdade e a pluralidade ou pluralismo de ideias. Os saberes sobre a religião e/ou da religião, por sua vez, promovem intolerância e deveriam ser tratados no âmbito privado ou a partir de outras disciplinas escolares sempre de forma superficial e acessória. Para os bispos do Brasil, o ideal de uma escola laica, pública, neutra e indiferente à religião era uma maneira de acabar com o cristianismo na sociedade brasileira formando ateus e impenitentes. Não era razoável para eles que a maior religião do Brasil, o catolicismo, não fizesse parte do ensino nas escolas públicas. Dessa forma, as crianças e adolescentes não necessitavam de uma mera educação laica e sim de uma educação religiosa católica para formar a alma, para moldar o caráter cristão e sua personalidade de acordo com os princípios do bom fiel católico. 28 Durante o período da revolução de 1930, o governo provisório de Getúlio Vargas aprova uma série de medidas na seara educacional, cria o Ministério da Educação e Saúde Pública, (hoje o MEC), o ER volta nas escolas públicas primárias, secundárias e normais do país, sendo inicialmente admitido em caráter facultativo através do Decreto nº 19.941 de 30 de abril de 1931, por conta da concretização da Reforma Francisco Campos. Este reorganizou ainda o ensino secundário e oficializou os currículos nas escolas oficiais. Em 1934, entrou a Carta Magna, normatizou o ensino religioso no seu artigo 153 que define: “O ensino religioso será de frequência facultativa e ministrado de acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno manifestada pelos pais ou responsáveis e constituirá matéria dos horários nas escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e normais.” (BRASIL, 1934). Já em 1946 a nova constituição afirma sobre o Ensino Religioso: “O ensino religioso constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, é de matrícula facultativa e será ministrado de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo seu representante legal ou responsável.” (BRASIL, 1946). Por fim, pode-se destacar no processo de redemocratização do Brasil em 1988, a Assembleia Constituinte aprovou no artigo 210, parágrafo primeiro que: “O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”. O artigo 5º define que: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. No artigo 19 verifica-se: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou 29 aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; II - recusar fé aos documentos públicos; III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. (BRASIL, 1988). Claramente fica exposto diante da aprovação desse artigo a atuação vencedora dos defensores do ensino religioso foi vitoriosa em face dos que defendiam a educação laica nas escolas públicas do país. Basta articular que a emenda popular favorável à laicidade recebeu somente 280 mil assinaturas, todavia o apoio à manutenção do ensino religioso nas escolas públicas teve a maioria indiscutível de 800 mil assinaturas. Contudo, o posicionamento da constituição recebe fortes críticas ainda hoje por parte da Igreja Católica como expõe o Cônego Carlos Antônio da Silva: [...] A Constituição fala sobre a educação religiosa, como um direito do cidadão. Educação religiosa é sempre confessional, não existe uma religião aconfessional. [...] seria transmitir um ensino religioso que servisse para qualquer religião. Isso não existe. O ensino religioso por natureza é confessional. Impor um ensino aconfessional é um absurdo, isso que estaria ofendendo a constituição. Os fiéis católicos que desejarem (porque é facultativo) que seus filhos tenham educação católica têm o direito de que os filhos tenham esta disciplina. Então, não será imposto um ensino católico para as pessoas de outras crenças e, nem mesmo, para quem é católico e não queira que os filhos a estudem. Evidentemente não irá se ensinar religião católica para alunos que não sejam católicos. Então, que os evangélicos tenham educação evangélica, que os espíritas tenham educação espírita, que os budistas tenham educação budista. Mas os católicos têm o direito de ter educação católica. É um artigo perfeitamente lógico, perfeitamente jurídico e não fere, em nada, a Constituição, muito pelo contrário, quem está querendo impor um ensino religioso aconfessional é que está ofendendo a constituição. Porque está querendo impor um ensino religioso que não combina e não serve para a sensibilidade religiosa católica e nem evangélica.8 8 SILVA, Carlos Antonio. Entenda passo a passo o Acordo entre Brasil e Santa Sé. Entrevista concedida à Canção Nova em 19 de agosto de 2009, 13h57. Disponível em <http://www.noticias.cancaonova.com> Acesso: 09/09/2019. 30 3. O ENSINO RELIGIOSO ESCOLAR NO CONTEXTO DO BRASIL PÓS-MODERNO. Em um mundo capitalista, cada vez mais acelerado, tomado por tecnologia por todos os lados e com certezas se dissolvendo a cada minuto, fica patente a necessidade de mudança como afirma em seu Leite em seu discurso: A liquefação da modernidade transforma-se no período histórico também chamado de pós-modernidade. A modernidade demonstrava as promessas estáveis, sólidas e que se tornaram líquidas.Havia um projeto de vida elaborado pela razão instrumental que aos poucos foi se saturando e, passa a demandar por outras viabilidades de conveniência (...) Bauman com acerto chamou a Ética na Pós-Modernidade como a “Era da Moral”. O referido fundamento nuclear dos fenômenos éticos não consegue ser exaurido dentro de normas precisas calculáveis. A moral, para Bauman, não pode ser demonstrada tampouco logicamente deduzida. Moral é categoria contingente, ambivalente e incontível. É a única autoridade capaz de orientar os seres humanos para compreensão de si, pois flui na incerteza do desejo. Bauman advertiu conforme in litteris: “Se não houver essa força e essa autoridade, os seres humanos estarão abandonados ao seu próprio juízo e à sua própria vontade. E, estes, como os filósofos argumentam e os pregadores tentam fazer com que as pessoas entendam, e podem dar à luz apenas o pecado e o mal; como os teólogos nos explicaram de forma convincente, não se pode confiar neles para produzir com comportamento correto ou fazer passar um julgamento correto. Não pode haver algo como uma “moral eticamente infundada”, e uma moralidade autofundada é, gritante e deploravelmente, algo infundado do ponto de vista ético. De uma coisa podemos ter certeza: não importa quanta moralidade haja ou possa haver numa sociedade que tenha reconhecido estar sem chão, sem propósito e diante do abismo atravessado apenas por uma frágil prancha feita por convenções, ela pode apenas ser uma moral eticamente infundada. Como tal, é e continuará a ser incontrolável, imprevisível. Ela se constrói da mesma maneira pode se demonstrar e se reconstruir de outra forma no curso da sociabilidade (...).”9 A mudança de paradigmas também se impõe na educação em geral e mais especificamente no Ensino Religioso, porque o cenário religioso também passa por modificações e o modelo confessional se depara com dificuldades para se 9 LEITE, Gisele. A ética e moral na pós-modernidade. Disponível em < https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/a-etica-e-moral-na-pos-modernidade> acesso: 01/10/2019. https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/a-etica-e-moral-na-pos-modernidade 31 manter. A religião sempre existiu na história do ser humano, não existe povo, por mais primitivo que seja, ateu. A religião é algo constante na raça humana e a busca pelo transcendente é algo de foro íntimo, portanto o E.R. deve ser incentivado também no ambiente escolar com o devido cuidado para que não haja favorecimento de religião alguma ou qualquer tipo de proselitismo. O Ensino Religioso deve ser abordado com um viés pedagógico e científico do fenômeno religioso. Esse modelo é interessante porque propõe uma educação para a cidadania, para o saber lidar com as diferenças crenças, está embasado e fundamentado no campo das ciências. Outro aspecto a ser considerado para o E.R. é a rica produção cultural e religiosa da sociedade brasileira. A escola deve ministrar ao aluno o conhecimento do fenômeno religioso, os seus componentes sociológicos, históricos e epistemológicos, a fim de promover o desenvolvimento do educando enquanto pessoa, por intermédio de valores e atitudes presentes nas várias tradições religiosas, favorecendo assim o entendimento e a reverência à diversidade cultural. Com vistas para que se evite, no futuro, cenas deploráveis como a de um pastor chutando uma santa em rede nacional.10 Deve-se sempre ter em mente que o ER de contínuo foi muito mais do que aparenta, um dos objetivos do ER é: “proporcionar o conhecimento dos elementos básicos que compõem o fenômeno religioso, a partir das experiências religiosas percebidas no contexto do educando”11. Culturas e Tradições religiosas; Historicidade das religiões; Escrituras Sagradas; Teologias Comparadas; Ritos devem ser englobados no currículo do ER. Cabe frisar que há ainda liberdade da escola e do professor em tratar outros assuntos incluídos como importantes no procedimento de desenvolvimento dos discentes. Nesse viés de pensamento, o Ensino Religioso deve alcançar, na sala de aula, conteúdos que adaptem ao educando a constituição de interações e 10 Notícia. Revista virtual Fórum. Disponível em: <https://revistaforum.com.br/politica/23-anos-apos- chutar-imagem-de-nossa-senhora-bispo-faz-discurso-inflamado-pro-bolsonaro-diz-que-pt-e-o-diabo/> acesso: 20/08/2019. 11 PCNER.Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso, (1997). Documento elaborado por educadores de diversas crenças religiosas, contendo as diretrizes curriculares que norteiam o ER nas escolas públicas brasileiras. (FONAPER). https://revistaforum.com.br/politica/23-anos-apos-chutar-imagem-de-nossa-senhora-bispo-faz-discurso-inflamado-pro-bolsonaro-diz-que-pt-e-o-diabo/ https://revistaforum.com.br/politica/23-anos-apos-chutar-imagem-de-nossa-senhora-bispo-faz-discurso-inflamado-pro-bolsonaro-diz-que-pt-e-o-diabo/ 32 afinidades entre os saberes que traz do seu cotidiano e os conhecimentos e vivências religiosas dos seus pares na escola, e somando-se a isso os conhecimentos impressos pela instituição de ensino, oferecendo ao aluno a edificação do seu saber religioso por meio da observação e reflexão, atrelado ao seu exercício adquirido no colégio. A indagação existencial, a investigação do sentido da vida e a sensibilidade para o sagrado deve ser proporcionado também dentro da atmosfera escolar. E por meio do estudo da religião, da reflexão e do acúmulo de conhecimento, o educando forjará a sua intelectualidade na diversidade cultural da sala de aula, ao mesmo tempo em que será instruído para a aquiescência das diferenças, aperfeiçoando pessoas com massa crítica, desprovidas de intolerâncias religiosas e receptivas ao debate e a alteridade. É importante destacar até que os PCNER12, quando tratam das suas diretrizes, fazem uma abordagem sobre os conteúdos deste componente curricular, conduzido pelos eixos temáticos. É papel do docente trabalhar junto aos discentes o aprendizado, mesmo que superficial, das culturas e tradições religiosas, sem distinção. Precisa-se ainda entender que a definição de Educação é um conceito aberto, dessa forma ela é concebida como um modo de aumento das capacidades intelectual, moral, física e de socialização. Olhando por esse prisma, a educação religiosa ocorre em todo o tempo, em qualquer etapa da vida do ser humano, pois no convívio em sociedade todos estão constantemente sujeitos a vários pontos de conexão com as distintas religiões. E por mais que a sociedade seja “líquida” o homem nunca deixará de buscar o transcendente como afirma Amaral: o ser humano é transcendente por natureza e nem mesmo o pragmatismo e o ceticismo instalados na cultura ocidental podem desconsiderar as bases da crença e da religiosidade imanentes ao humano. Portanto, o fenômeno religioso se impõe como um aspecto indissociável da vida humana, cujo estudo não pode ficar fora da escola. (AMARAL, 2010, p. 44) 12 Ibidem. 33 Para efetividade do E.R. e sua urgente implementação como algo indispensável é necessário que se destaque suas diversas contribuições aos educandos cooperando para a sua formação integral. por exemplo, pode-se afirmar que o Ensino Religioso afasta o ser humano da barbárie; ele também serve como um instrumento para a constituição da cidadania, além disso pode ser um fomentador da cultura de paz e da solidariedade, pode-se destacar ainda que o E.R. promove no ambiente escolar um espaço para se relacionar com o próximo, refletir e através das pequenas atitudes do dia a dia se aproximar do sagrado ou do transcendente. O ser humano reduzido a mecanismos técnicos e biológicos, é o humano que se perde na "selva de pedras" (MAGRI, 2010, p. 11), pode-se citar ainda que outro benefício do Ensino Religioso atualmente é dar um sentido para a vida ou para a morte e assim por diante. Nesse mesmodiapasão duas mensagens ficam evidentes: 1) o ser humano é aberto ao transcendente desde os primórdios e busca um sentido para a vida, 2) o ser humano forma-se para a cidadania, paz, solidariedade por meio do Ensino Religioso. É necessário fique claro que, todo ser humano é um ser religioso, porque ele tem consciência que, foram criados por alguém, e existe uma causa maior que o criou. Para Oliveira (2009, p. 74) “(...) o indivíduo acredita vivamente que Deus existe”. O indivíduo sente a necessidade de reverenciar, respeitar, adorar, ou obedecer cumprindo alguns ritos, para sustentar a sua crença, isso denominamos religião, que é o ato de tentar aproximar-se de um ser superior, é a tentativa de relacionar com o transcendente. A enciclopédia de Champlin descreve religião dizendo que: A palavra Religião vem o latim, religare, “religar”, “Atar”. A aplicação dessa palavra é a idéia de que certos poderes sobrenaturais podem exercer autoridade sobre os homens, exigindo que eles façam certas coisas e evitem outras, forçando- os a cumprir ritos, sustentar crenças e seguir algum curso específico de ação.13 13 CHAMPLIN. R.N. ENCICLOPÉDIA DE BÍBLIA TEOLOGIA E FILOSOFIA, VOLUME 5, São Paulo: Editora Hagnos. 2012, p. 637 34 De acordo com esse discurso, seria esse o projeto de humanidade que o Ensino Religioso procura instruir, por meio da "formação integral do aluno" corpo e alma. Entende-se, portanto, que os dois enunciados fazem parte do mesmo discurso na medida em que a assim chamada "formação integral do aluno" é o campo associado utilizado como referência. Em resumo a busca pelo transcendente é algo inerente aos homens e dá sentido tanto da morte quanto da vida aproximando-o do sagrando, além disso, contribui fortemente para a formação da cidadania e construção de uma sociedade de paz e fraternidade. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse trabalho, verificaram-se, de forma sucinta, alguns tópicos relevantes correspondentes ao ensino religioso na educação brasileira, utilizando pesquisa de contextualização histórica. O início da educação religiosa no Brasil colonial se deu com a catequização do índio e este evento histórico influenciou na religião do povo, refletindo também um fenômeno social mais amplo. Para que isso fosse melhor interpretado foi necessário a incursão por cada cultura religiosa e sua efetiva contribuição para formação do povo brasileiro. Mais tarde, a cisão religião e Estado (entre o poder espiritual e o poder temporal) foram observadas como fator de progresso para o país, uma nova religião pautada na ciência era o tema central da época. Depois de muitas idas e vindas históricas ficou provado que é imprescindível a prática do ensino religioso nas escolas. No tocante ao debate sobre religião, entende-se que a mesma pode ser estudada mais eficazmente como temática transversal por todas as Ciências Humanas e suas Tecnologias e Filosofias, Portanto, o objetivo principal aqui é promover e incentivar a sua evolução, desde que ela se faça de uma forma científica e com um objeto de estudo específico como as demais ciências escolares. Por fim, apesar de ser uma ciência o E.R. também influencia de forma positiva na formação integral do promovendo o afastamento da barbárie e a construção de uma cultura de paz e tolerância. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINHO, S. Disponível em: < https://www.pensador.com/frases_de_santo_agostinho/> acesso em: 24/10/2018. AMARAL, Vera Lúcia do. Formação continuada nos cursos de pós-graduação lato sensu do Ensino Religioso no cenário brasileiro. 2010. 126f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica Paraná, Curitiba. 2010. ARESI, Albino. Pode-se Educar Sem Deus? III ed. 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