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AULA 1 METODOLOGIA DE GESTÃO DE PROJETOS Prof. Sandro Fabiano da Luz 2 INTRODUÇÃO Projetos podem ser entendidos como uma importante ferramenta na gestão organizacional e de grande auxílio para o aumento da dinamicidade corporativa na atualidade. Na esfera pública, por exemplo, o seu papel é extremamente relevante, pois contribuem sobremaneira no processamento de ações coordenadas que promovam o bem-estar social. Na esfera privada, as empresas têm se utilizado, em grande medida, das suas possibilidades nas mais diversas áreas de atuação. Assim, o conhecimento fundamentado de como o gerenciamento de projetos funciona, bem como os seus componentes, formas distintas e otimizadas de gerenciamento, papel dos responsáveis pelo projeto e suas ferramentas, servem como bagagem importante para a tomada de decisão. Neste capítulo introdutório, vamos entender como os projetos operam no mercado, seus componentes e estrutura. TEMA 1 – PROJETOS E SEU PAPEL NA ORGANIZAÇÃO A utilização de projetos já faz parte da história humana desde os períodos mais remotos. Porém, muitas vezes não percebemos quanto tempo a humanidade já se utiliza de noções de gerenciamento deles. Evidentemente, cada civilização, povo ou cultura os administrava de forma particular, porém na antiguidade sempre recorreu a noções de projeto. Naquela época, era mais comum o gerenciamento estar ligado à esfera arquitetônica, como por exemplo as pirâmides do Egito ou mesmo construções de cidades antigas. Hoje, os projetos continuam sendo úteis à engenharia, mas também são utilizados para concepção de um novo produto, criação de serviços ou softwares ou até mesmo lançamento de foguetes espaciais. Em tempos atuais, o setor de computação emprega fundamentos da gestão de projetos como grandes aliados nas suas ações. As noções e gerenciamento de projetos são similares a todas essas áreas, e assim se faz necessário o entendimento do conceito de projetos, bem como os motivos de sua existência. 1.1 Conceito de projetos e sua função Muito se discute sobre o conceito de projetos ao redor do mundo, porém, de forma geral, os teóricos entendem que os projetos são empreendimentos que Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 3 possuem um término identificado para a criação de um bem tangível ou intangível único. Para Vargas (2016), um projeto pode ser definido como um empreendimento não repetitivo realizado pela instituição; também é caracterizado pela organização de uma sequência clara e lógica de evento devidamente coordenado, o qual possui início, meio e fim. Segundo o autor, os projetos se destinam a atingir um objetivo claro e definido, e são conduzidos por diferentes pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade (Vargas, 2006). Já o Guia PMBOK (2017, p. 4) indica um conceito mais sintético sobre projetos: “é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único”. Assim, projetos podem ser identificados como uma organização de recursos corporativos combinados para a criação de alguma coisa que não existia anteriormente. Esses trabalhos são regidos por questões sobre tempo, custo, qualidade e devem ser concluídos com a entrega do produto final. Figura 1 – Elaboração de um projeto Crédito: Chaosamran_Studio / Shutterstock. Nesse sentido, sobre o conceito de projetos para o Guia PMBOK, é importante salientar os dois pilares que sustentam o processo de definição utilizado pelo guia: o objetivo do projeto, que está dividido entre “produto, serviço ou resultado único”; e a temporariedade deles, identificada como “esforço temporário” (PMBOK, 2017). Sobre os objetivos dos projetos e sua concepção para criação de um produto, serviço ou resultado único, vale ressaltar que a combinação única, ou seja, exclusiva, é o que define uma importante função dos projetos. Essa concepção revela como os projetos podem auxiliar na entrega de algum produto Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 4 não existente anteriormente ou até mesmo no aprimoramento de algo desatualizado. Dessa forma, são utilizados como apoio a construção civil, fusão de duas organizações, exploração de petróleo em determinada região ou ainda na realização de uma pesquisa de mercado importante para uma empresa. Já o caráter de “empreendimento temporário” indica a importante visão temporal dos projetos, ou seja, eles possuem um prazo definido. Depois do alcance dos objetivos previamente identificados, eles são concluídos, ou ainda quando não são mais úteis ou possíveis. Essas duas características que identificam conceitos de temporariedade e esforço único são os dois grandes itens que diferenciam projetos de processos organizacionais. Assim, os projetos existem em auxílio no desenvolvimento de algo que não existia previamente e incluem aperfeiçoamento organizacional em aderência à realização de estratégias corporativas. Eles podem ser criados para aumento na competitividade, adequação legal, construção civil, exploração espacial, pavimentação de ruas etc. 1.2 Projetos e processos De forma geral, é importante entender que uma empresa necessita tanto de processos quanto de projetos; ambos atuam em consonância e cooperam para a existência da instituição. As organizações precisam de ferramental para a gerência tanto de projetos quanto de processos, que coexistem simultaneamente. Em algumas ocasiões, são de difícil observação porque realizados pelas mesmas pessoas em momentos diferentes. Porém, de maneira geral, os processos podem ser entendidos como funções organizacionais contínuas e repetitivas, diferentemente dos projetos, que são exclusivos e com fim determinado. Nesse sentido, aqui reside o grande diferencial entre os dois conceitos: processo acontece sem prazo definido para o término e de forma repetitiva, ao passo que projeto possui prazo para conclusão com objetivos definidos. As semelhanças entre eles se evidenciam no fato de que ambos são realizados por recursos organizacionais limitados e geridos por um planejamento, e também são executados e controlados. Em muitas instituições, antes da existência de um processo, quase sempre se constata que há um projeto. Um exemplo disso pode ser visualizado na linha de produção de um tênis: antes de Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 5 ser fabricado em série (processo), é preciso uma ação para idealizar suas características, cores, preços de venda e mercado-alvo (projeto). O Quadro 1, a seguir, apresenta a síntese das diferenças entre processos e projetos. Quadro 1 – Estrutura processos/projetos Processos e projetos nas organizações Processos Projetos Proximidades Realizados por recursos limitados da organização (pessoas/máquinas); são planejados e estruturados Diferenças Repetitivo e contínuo Único e temporário Vale destacar que ambos são importantes para a sobrevivência organizacional e atuam em conjunto no mercado. Dessa forma, sua composição, gerenciamento e controle são ferramentas diferenciais para um profissional. Isso ocorre muito por conta de que as empresas necessitam de pessoal capaz de responder de forma robusta a eventos correlatos a processos e a projetos. TEMA 2 – COMPOSIÇÃO E ORGANIZAÇÃO DE PROJETOS Os projetos podem ser organizados sob diferentes óticas na instituição. É importante a realização de sua ordenação em grupos de afinidade para melhor gerenciamento e controle das atividades. Porém, para que essa função ocorra de forma otimizada, é necessário o entendimento dos processos e do ciclo de vida de um projeto. 2.1 Ciclo de vida dos projetos e seus processos O ciclo de vida de um projeto possui relação com a sua linha do tempo, que apresenta informaçõesquanto ao progresso das atividades e auxiliam na tomada de decisão. Em comparação com outros projetos de qualquer área ou particularidade, percebe-se que possuem uma linha do tempo semelhante. Por isso, o ciclo de vida de um projeto, via de regra, é semelhante em qualquer ocasião. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 6 De acordo com Vargas (2016), todo projeto pode ser subdividido em determinadas fases de desenvolvimento, que ocorrem sistematicamente e acompanham o progresso das atividades. O real entendimento dessas fases leva aos interessados no projeto um eficiente controle dos recursos exigidos e também melhor monitoramento das metas estabelecidas. O conjunto das fases é chamado ciclo de vida do projeto. A análise do projeto por meio do ciclo de vida permite a avaliação de variadas similaridades que podem ser visualizadas em diferentes projetos. Desse modo, o ciclo de vida apresenta oportunidades de otimização da atuação do gerenciamento do projeto em si, assim como o acompanhamento das atividades correlatas ao andamento dele. A análise do ciclo de vida auxilia na visão de como o projeto está progredindo e numa análise de intensidade de esforço necessário de acordo com o planejado. Normalmente, um projeto é composto por atividades de diferentes intensidades ao longo do seu ciclo de vida. Logo no início, a concentração delas é relativamente menor, até o momento da metade de sua vida, quando começam a se intensificar. Já mais próximo ao fim, acontece uma desaceleração até o final efetivo do projeto. Assim, de acordo com a intensidade das atividades, um ciclo de vida se assemelha ao Gráfico 1, a seguir. Gráfico 1 – Ciclo de vida de um projeto A intenção desse tipo de conhecimento facilita o gerenciamento e a tomada de decisão, pois, sabendo-se em que momento do ciclo de vida o projeto se encontra, é possível ter mais efetividade em alguma alteração necessária, por Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 7 exemplo. Assim, quanto mais cedo as alterações forem processadas, maior o seu percentual de capacidade de aceitação e menor a rejeição. Isso ocorre porque o quanto antes uma possível alteração for identificada, menor será o número de atividades concluídas, e mais calculado o impacto nos trabalhos futuros. Normalmente, a linha de um projeto se assemelha à letra “S”, por isso esse gráfico é comumente conhecido como curva S – na maioria dos casos, se assemelha a uma curva com a letra S, independentemente das variáveis. No caso apresentado anteriormente, as variáveis são tempo e atividade, porém se fossem tempo e custo ou, ainda, tempo e utilização de recursos, a curva seria semelhante. Importante entender que, dentro dessa linha de atuação de um projeto, o ciclo de vida se divide em processos, cuja identificação é importante para constatar em que momento as atividades relativas ao progresso dele estão relacionadas. De acordo com Kerzner (2015), os processos de um projeto são: inicialização; planejamento; execução; monitoramento e controle; e encerramento. Independentemente do tamanho, do orçamento ou ainda do tempo para a conclusão do projeto, ele é subdividido desse modo. É necessário o entendimento de cada um desses momentos, pois são compostos por algumas atividades relacionadas ao projeto e vitais à conclusão dele. A seguir é apresentado figura que ilustra uma forma de ordenação destes processos dentro de um projeto, porém é importante citar que estes processos ocorrem de forma fluída e não necessariamente é sabido exatamente o momento onde um processo se inicia e outro termina. O mais importante é que eles atuam em conjunto e dão uma noção para os envolvidos, de como deve ser a postura e os trabalhos dentro de projeto. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 8 Figura 2 – Processos de um projeto Crédito: Gulman/Shutterstock. Cada um desses processos é independente, e muitas vezes é difícil perceber quando uma fase efetivamente é encerrada e outra é iniciada. Porém, o mais importante é a noção de que todas elas atuam em sincronia dentro de um projeto. 2.2 Projetos, portfólios e programas Assim como os projetos são divididos em ciclos de vida para melhor gerenciamento, assim também podem ser reunidos em programas com vistas também a otimizar o seu gerenciamento. Dessa forma, pode-se identificar os programas como a junção de projetos com determinada afinidade estratégica. Eles podem ser agrupados por questões relativas à sua afinidade ou ainda por otimização de recursos. A função dos programas é integrar projetos de forma coordenada. Já os portfólios são semelhantes aos programas, contudo também podem ser um conjunto de programas ou até mesmo de projetos que também serão coordenados de forma estratégica. Assim, a utilização de projetos, programas e portfólios dentro de uma organização se assemelha à Figura 3, a seguir. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 9 Figura 3 – Projetos, programas e portfólios Importante citar que tanto os programas quanto os portfólios que a organização possa administrar devem ter relação com o planejamento estratégico. Dessa forma, a estratégia da empresa auxiliará no funcionamento e no alcance dos objetivos atendidos por todos os projetos. TEMA 3 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E A MATURIDADE EM PROJETOS Não existe uma única maneira de se planejar e monitorar um projeto de qualquer natureza. Dentro de cada instituição, isso está muito ligado à maturidade dela com relação a essa ferramenta e também com a estrutura organizacional que possui. Assim como tal estrutura altera os projetos e é alterada por eles, esse campo se transforma em uma importante vertente de estudos. A intenção é perceber como a utilização de projetos pode ser realizada em cada cenário e como tirar o melhor proveito do seu resultado final. 3.1 Maturidade e estrutura organizacional O ambiente em que os projetos são realizados é regido por uma série de restrições que podem influenciar, em alguma medida, o andamento deles. Essas restrições podem tem a ver com cronograma, recursos (pessoas ou finanças) ou qualidade, entre vários fatores. Existem outros que afetam de algum modo o desenrolar das atividades relacionadas aos projetos, que diz respeito à própria estrutura em que a organização opera. Questões associadas à estrutura organizacional vão muito além de cenário político ou da forma de gerenciar a instituição; dizem respeito a como o processo de informação ocorre dentro das empresas. Segundo o Guia PMBOK (2017, p. 42): Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 10 Projetos operam dentro das restrições impostas pela organização por meio de sua estrutura de governança. Para operar de forma eficaz e eficiente, o gerente de projeto precisa entender onde a responsabilidade, a prestação de contas e autoridade residem na organização. Este entendimento ajuda o gerente de projetos a usar com eficácia o seu poder, influência, competência, liderança e capacidades políticas para concluir com sucesso o projeto. É importante salientar que a interação de diferentes fatores em uma organização individual cria um sistema único que afeta o projeto que está sendo realizado dentro do sistema. O sistema organizacional resultante auxilia na identificação de poder, influência, interesses e também das competências políticas das pessoas capazes de agir no sistema e que, consequentemente, atuam no projeto de forma direta ou indireta. Os fatores do sistema incluem elementos de gerenciamento, estrutura de governança e tipos de estrutura organizacional. De forma geral, existem diferentes tipos de estruturas organizacionais que indicam o poder do gerentedo projeto e também revelam a maturidade de cada instituição para com os projetos. Vale salientar que, com relação a essas estruturas, não existe uma categoria certa ou errada, mas sim um sistema que opera na instituição e que está relacionado com o seu histórico e com as pessoas que lá estão inseridas. As principais estruturas organizacionais serão apresentadas no Quadro 2, a seguir, juntamente com suas principais características: Quadro 2 – Estruturas organizacionais Tipo de estrutura Autoridade do gerente do projeto Papel do gerente de projeto Disponibilidade de recursos Quem gerencia o orçamento Funcional Pouca ou nenhuma Em tempo parcial Pouca ou nenhuma Proprietário ou operados Matricial fraca Baixa Em tempo parcial Baixa Gerente funcional Matricial forte Moderada ou alta Função em tempo parcial Moderada Gerente de projeto Balanceada Baixa a moderada Em tempo parcial Baixa Misto Projetizada Alta Função designada em tempo integral Alta Gerente de projetos Fonte: elaborado com base em PMBOK, 2017. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 11 Esses são apenas alguns exemplos de estruturas organizacionais possíveis de serem encontradas nas instituições; existem diversos outros ou mesmo a combinação de alguns desses grupos dispostos anteriormente. O que se observa, principalmente no mercado brasileiro, é que a maioria das instituições opera nessas categorias citadas, porém ainda existe a estrutura orgânica, multidivisional, virtual ou híbrida. O principal foco a notar é que essas estruturas dão um sinal de como o planejamento e principalmente a execução dos projetos podem ocorrer em cada cenário. Fatores como capacidade de delegação, controle orçamentário, simplicidade dos projetos e capacidade de especialização podem ser evidenciados com a identificação desses tipos de estruturas. Toda a estrutura organizacional não apenas evidencia o fluxo de decisão, mas, sobretudo, características sobre a maturidade institucional para com os projetos. Quando mais importância e especialização para com os projetos, maior é a autonomia do gerente de projetos na organização. TEMA 4 – PAPEL DO GERENTE DE PROJETOS É importante citar que o papel do gerente de projetos pode ser exercido por uma ou mais pessoas, respeitando as particularidades de cada instituição e de cada projeto. Em projetos consideravelmente menores, com cenários menos complexos e com escopo administrável, é comum a observação de um gerente de projeto, operando junto aos objetivos estimados. Porém, naqueles grandiosos, com grandes expectativas e quantidade enorme de recursos alocados, é razoável que o papel de gerente de projetos seja respondido por um grupo de pessoas, cada um com a respectiva responsabilidade dentro do grupo. 4.1 Conceito de gerente de projeto De forma geral, gerente de projeto é uma função exercida dentro das organizações, responsável pela administração dos projetos. Segundo o PMBOK (2017), executa um papel crítico na liderança da equipe envolvida. Esse papel é visível ao longo do projeto e, via de regra, é designado nos momentos iniciais do planejamento. Porém, em algumas organizações, o gerente de projeto pode se envolver com as atividades, mesmo antes do início do projeto, principalmente com Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 12 organização de cenários e planejamento de atividades iniciais. De acordo com Gasnier (2012), trata-se de uma pessoa proativa e responsável pelo projeto e cujo papel é coordenar os recursos com vistas a atingir o resultado planejado. Porém, essa não é uma tarefa simples e demanda do gerente uma posição de ação para com as inúmeras ocorrências que devem ser administradas ao longo do ciclo de vida do projeto. Vale salientar que até mesmo o termo gerente de projetos pode ser observado de diferentes formas, de acordo com cada estrutura organizacional. Em algumas instituições, o papel desempenhado por essa figura é de pouca ou nenhuma autonomia, se assemelhando a um analista ou auxiliar de projetos. Porém, em outras, ele possui esse nome, mas o seu poder se assemelha ao de direção-geral e pode definir orçamentos de forma decisiva ou até mesmo contratações e demissões na empresa. Via de regra, o mercado denomina essa função como a de um gerente de projetos, mas essa não é uma nomenclatura que aglutine todas as particularidades da função. Figura 4 – Atuação de um gerente de projeto Crédito: Matej Kastelic/Shutterstock. É possível perceber que o sucesso ou o fracasso obtido pelo projeto está relacionado à qualidade e à objetividade do papel exercido pelo gerente de projeto. Isso ocorre porque ele é responsável por informações importantes, como o planejamento, e também por questões relativas à centralização de decisões sobre as atividades. Dessa forma, se a função for administrada sem a devida atenção, a probabilidade de o projeto não alcançar seus objetivos é considerável (Vargas, 2016). Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 13 4.2 Habilidades necessárias a um gerente de projetos São diversas as estruturas organizacionais e suas particularidades; assim, as habilidades necessárias para desempenhar um bom papel dentro delas também são muito abrangentes. Porém, de forma geral, é percebido que a habilidade mais utilizada pelo gerente de projetos é a comunicação, o que significa que também deveria ser a que maior demandasse por especialização. Ele passa a maior parte do tempo alocado no projeto se comunicando. Dessa forma, a percepção sobre a comunicação clara, concisa e coerente é essencial. A comunicação não verbal, quando possível, é um elemento que dá maior nível de detalhe ao que está sendo conversado, de forma a ampliar o leque de como o entendimento foi retido. Segundo Vargas (2016), as habilidades de comunicação devem ser aliadas às de planejamento como estabelecimento de objetivos, análises e organização do projeto em si. O autor também indica que habilidades de equipe como empatia, motivação, liderança e flexibilidade são importantes ferramentas no trabalho de gerenciamento de projetos. Camargo (2018) avalia que se espera que o gerente de projeto atenda aos objetivos com o nível de qualidade, custos e prazo previamente estabelecidos. Para isso, ele articula com todas as restrições do projeto, como orçamento, tempo e qualidade, a fim de atingir as metas. Dessa forma, necessita de liderança, experiência, habilidades de negociação e conhecimento de tecnologia em auxílio ao gerenciamento. No quesito tecnologia, é muito importante, além do conhecimento, a atualização constante. O papel do gerente requer orquestrar diferentes recursos em sintonia para concluir o projeto; para isso, ele deve se utilizar de habilidades de mediação de conflito, uma boa montagem de equipe, compreensão de como a instituição opera e das interfases organizacionais. Essas habilidades são muito importantes, sobretudo em projetos em que os recursos estão separados por grandes distâncias. Nesses casos, o conhecimento sobre ferramentas tecnológicas de comunicação e sobre as possíveis barreiras apresentadas por cada uma delas são de vital relevância. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 14 TEMA 5 – CAUSAS DE FRACASSOS E SUCESSOS EM PROJETOS No mercado dinâmico e complexo da atualidade, os objetivos institucionais sofrem influências dos mais diversos fatores. Nesse sentido, os projetos servem para auxiliar na dinamicidade organizacional em consonância com os objetivos. Ou seja, a administração de projetos éuma importante arma empresarial que, com o auxílio do gerente ou centralizador do projeto (vale para cada particularidade), pode readequar algum ponto que precisa de otimização. Percebe-se que quanto mais cedo o papel de gerente de projetos for designado, maiores as chances de se obter sucesso nessa empreitada. Em alguns cenários, é possível notar o gerente de projeto tomando conhecimento do projeto, de seus objetivos e do planejamento quando muitos eventos já aconteceram. Assim, a possibilidade de atuação dele se torna muito limitada. 5.1 Principais causas de sucesso e fracasso em projetos O mercado empresarial atual vem dando cada vez mais atenção a uma metodologia comprovadamente satisfatória para o gerenciamento dos projetos. Assim, um dos fatores de sucesso pode ser identificado como a escolha de uma metodologia ou forma de gerenciamento que mais se adeque a cada instituição. Existem diversas disponíveis no mercado, porém o total conhecimento de suas propostas e a facilidade de entendimento por parte dos envolvidos no projeto têm se mostrado um diferencial importante para o sucesso. Analisando pelo prisma do fracasso em relação aos resultados esperados em projetos, Vargas (2016) indica que mudanças organizacionais, alteração do cenário político, metas e objetivos mal estabelecidos, treinamento inadequado e falta de liderança do gerente de projeto são fatores decisivos. Também é importante identificar a ausência de integração entre os envolvidos, a falta de experiência e a escolha de diferentes padrões dentro do projeto como aspectos que levam ao insucesso. Capítulo importante se percebe no tocante a objetivos mal estabelecidos, principalmente no quesito cronograma. Algumas instituições definem prazos desafiadores ou nunca antes obtidos, somados a um cenário complexo para a realização do projeto. Erros como esses comprometem os projetos e muito da Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 15 qualidade que poderia ser extraída deles. Situações com esses componentes se configuram como causas de insucesso ou insatisfação em projetos. Esse item pode ser relacionado ao planejamento malsucedido, mas também vale para a área financeira, qualidade, ou até mesmo recursos humanos estabelecidos para o projeto. É necessário que nessa fase, mesmo que seja de rápida decisão para projetos ágeis, as estimativas sejam possíveis dentro de cada particularidade. Para esses casos, o papel do gerente de projeto é importante como norteador e aglutinador de justificativas às decisões relativas ao projeto na organização. Pelo prisma do sucesso, é possível perceber o apoio da alta direção da empresa como um fator primordial. Aliado à realização de um bom planejamento e à seleção correta do grupo envolvido, é de importante valia para o êxito da iniciativa. É também possível observar que a correta utilização de documentos dos projetos se constitui em um fator de sucesso importante para a organização. Para isso, a instituição deve utilizar-se de um documental de decisões assertivas ou não, tomadas em projetos anteriores. Esse conjunto de informações pode servir como base para a tomada de decisão em projetos futuros e facilitar a equipe alocada no projeto. Porém, para que isso aconteça com exatidão, são importantes o apoio e a organização da instituição para com a documentação de práticas utilizadas pela empresa no passado. Também é adequado o emprego de um sistema coerente, o qual pode representar um dos fatores importantes para o sucesso na experiência com projetos. Esse sistema deve contemplar as particularidades da instituição e sua organização interna, além de proporcionar dinamicidade de práticas e servir como um repositório de decisões obtidas em projetos anteriores. Tudo isso comporá a base para boas experiências em projetos. Candido Marcelo Realce 16 REFERÊNCIAS CAMARGO, M. R. Gerenciamento de projetos: fundamentos e prática integrada. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. GASNIER, D. G. Guia prático para gerenciamento de projetos: manual de sobrevivência para os profissionais de projetos. São Paulo: IMAM, 2012. KERZNER, H. Gerenciamento de projetos: uma abordagem sistêmica para planejamento, programação e controle. São Paulo: Editora Blucher, 2015. PMBOK. A guide to the project management body of knowledge (PMBOK Guide). 6. ed. Newtown Square: PMI, 2017. VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. AULA 2 METODOLOGIA DE GESTÃO DE PROJETOS Prof. Sandro Fabiano da Luz 2 CONVERSA INICIAL No cenário atual, a troca de ideias sobre gerenciamento de projetos está sendo bastante utilizada. É comum o interesse sobre maneiras de potencializar a gestão de projetos nas mais diversas atividades humanas. Onde décadas atrás poderia ser de maior utilização somente para a construção civil, hoje o gerenciamento de projetos tem importância na área médica, no entretenimento e sobretudo na área ligada à tecnologia da informação. Neste aula, iremos conhecer um pouco sobre o histórico do gerenciamento de projetos, quais são os institutos mais reconhecidos que regulam as melhores práticas e as interações existentes no processo de gerenciamento, observadas no mercado organizacional. TEMA 1 – FUNÇÃO DO PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI) A realização de projetos rodeia a vida das pessoas e das empresas por todo o mundo. Nas instituições, a sua utilização pode envolver todos os níveis operacionais. Um exemplo disso é a constatação de que a alocação de recursos humanos para a realização de um projeto pode variar de uma pessoa até mesmo milhões. Assim, eles podem ser executados em 1 hora ou até mesmo em 10 milhões de horas, além do fato que leva em consideração o ambiente em que o projeto acontece, que pode variar de uma pequena organização, ou envolvendo diversos países de diferentes continentes. Nesse sentido, com a ampla gama de possibilidades em que os projetos são constituídos, era importante a centralização de conhecimento sobre as melhores práticas de gerenciamento de projetos, para melhor facilitar o seu acesso e atualização. Nesse contexto, surge o Project Management Institute (PMI), que auxilia nesse processo. 1.1 Função do PMI É difícil citar a evolução do gerenciamento de projetos sem mencionar o papel importante desempenhado pelo PMI. É claro que o gerenciamento de projetos foi desenvolvido pela sociedade humana há milhares de anos para as mais importantes necessidades de cada época. Um exemplo simples: é possível identificar o projeto de construção da Muralha da China, uma construção que engloba aproximadamente 64 mil quilômetros e é um marco na construção civil Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 3 de todos os tempos. Mesmo naquela época, esse tipo de construção utilizou-se de muito ferramental de gerenciamento de projeto. Continuando com essa visão de linha do tempo, agora para épocas mais recentes, foi vivenciado no início do século XX um grande avanço no campo de coleta de informações gerenciais sobre projetos. Nesse período foi possível identificar a criação do Gráfico de Gantt, a técnica Program Evaluation and Review Technique (PERT) e a estrutura matricial, por exemplo. Todos esses conceitos e técnicas foram desenvolvidos por diferentes institutos ao redor do mundo e são de importante utilização para o gerenciamento de projetos. Então, em meados da segunda metade da década de 60, um grupo de idealizadores criou uma instituição sem fins lucrativos chamada PMI, com o intuito de aglutinar, atualizar e divulgar informações sobre o gerenciamento de projetos. Foi nesse momento que o avanço de utilização de ferramentas sobre o gerenciamento de projetos começou a despertar interesse dos mais diversos ramos de atividade. Figura 1 – Gerenciamentode projetos (1) Créditos: NICOELNINO/SHUTTERSTOCK Com sede nos Estados Unidos, o PMI é a maior associação do gênero no mundo com mais de 650.000 membros associados em mais de 180 países. É claro que existem diversas outras importantes instituições mundo afora que também apresentam informações importantes sobre gerenciamento de projetos, como Association Francophone de Management de Projet (AFITEP, França), ou a Association for Project Management (APM, Inglaterra). Candido Marcelo Realce 4 Vale salientar que o PMI possui diversas filiais, denominadas chapter em todos os continentes. Aqui no Brasil, existe praticamente uma sede para cada estado. Esse tipo de capilaridade leva o PMI a ser reconhecida como uma instituição muito sólida. Não somente pelo trabalho que realiza, mas também pela grande gama de pessoas interessadas em projetos agregadas a instituição. O PMI também é responsável pela organização de seminários sobre gerenciamento de projetos em todo o mundo, publicações de jornais e revistas periódicas sobre o tema e também é responsável pela publicação mais relevante sobre o gerenciamento de projetos, o livro chamado Project Management Body of Knowledge, mais conhecido como PMBOK, livro que apresenta as melhores práticas sobre gerenciamento de projetos para serem aplicadas nos mais diversos ramos. TEMA 2 – PROJECT MANAGEMENT BODY OF KNOWLEDGE – PMBOK A mais importante publicação do PMI, sem dúvida, é o PMBOK, livro referência mundial sobre práticas de gerenciamento de projetos. Esse livro é resultado de um esforço de gerentes de projetos de todo o mundo que atualizam as ferramentas e técnicas úteis para o seu gerenciamento de projetos. A aplicação efetiva das práticas faz com que o PMBOK seja composto por um grande número de informações relevantes sobre projetos. Assim, o PMI realiza a atualização de práticas eficazes e tenta, com isso, angariar um grande número de interessados sobre o tema mundo afora. 2.1 A importância do PMBOK No final dos anos 60 e início dos anos 70, os responsáveis por projetos não conseguiam obter uma publicação com práticas-chave para melhor desempenhar a sua função. Percebendo este cenário, o PMI angariou o maior número de boas práticas e as copilou em um livro, que ficou conhecida como a primeira versão do PMBOK. Dessa forma, é difícil identificar o criador do PMBOK, que é, sim, uma aglutinação de informações úteis sobre projetos com atualização constante. Assim, se uma prática ou ferramenta útil for desenvolvida ou observada por um gerente de projetos de algum país da Ásia, ela pode ser introduzida no livro por Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 5 esse gestor. Assim, essa prática pode ser disseminada mundo afora e também servirá de bagagem para outros gestores de projetos. Segundo Gasnier (2012), o PMBOK é um importante guia de orientação profissional sobre projetos. Em síntese, trata-se de uma bibliografia de referência para muitos e uma “bíblia” sobre a atuação em projetos para outros. Seu propósito é principalmente identificar e descrever importantes conceitos, padronização de termos e informações úteis sobre gerenciamento de projetos. Atualmente, o livro está em sua sexta edição e possui tradução para diversas línguas. Apesar de, sozinho, não conseguir deter todo o conhecimento sobre projetos no mundo, é claro que é o maior referencial sobre o assunto na atualidade. Entre os objetivos do Guia PMBOK (2017), é possível destacar os seguintes: promover a aplicação de conhecimentos, processos, habilidades, ferramentas e técnicas realmente importantes e já implementadas para o processo de gerenciamento; fornecer vocabulário sobre o tema para a utilização profissional em debates e na aplicação de conceitos referência para a área; e tornar-se uma ferramenta para orientação dos profissionais, e não apenas uma metodologia. O PMBOK utiliza-se da nomenclatura de boas práticas como o arcabouço de ferramentas e técnicas inseridas no livro. Ele sugere essa nomenclatura até mesmo porque o guia realmente não é uma metodologia para o gerenciamento de projetos. Isso ocorre porque existem práticas que podem não ser úteis para determinados projetos e situações específicas. Se o livro fosse composto por um passo a passo para o gerenciamento de projetos, nesse sentido, seria uma metodologia, porém o que ele apresenta são diversas possibilidades para o gerenciamento de projeto profissional, já utilizadas e testadas em algumas situações ao redor do mundo. O PMBOK também se preocupa com as novas tendências de gerenciamento em voga no mundo. Para isso, ele apresenta algumas práticas emergentes que dão um sinal de um ferramental em ascensão para a prática de gerenciamento de projetos. É importante frisar que o guia PMBOK é composto por capítulos que praticamente indicam um âmbito de atuação do gerente de projetos na sua função. Esses capítulos dão uma dica de foco das práticas apresentadas no livro. Assim, Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 6 todas as boas práticas citadas circulam por capítulos de gerenciamento importantes para o êxito na experiência em projetos. TEMA 3 – CAPÍTULOS DO PMBOK O PMBOK é uma publicação que organiza as principais práticas reconhecidas para um bom gerenciamento de projetos. Entendendo que cada projeto e cenário possuem suas particularidades, o gerente de projetos junto à equipe deve se cercar de mecanismos que deem um comprovado benefício para a conclusão das atividades. Assim, para melhor organizar o campo de ação dos interessados, o Guia PMBOK é composto por capítulos. Eles constituem o conjunto de conhecimento atual sobre o campo de gerenciamento de projeto e recebem atualizações constantes com práticas novas e aplicadas ao redor do mundo. 3.1 Composição do PMBOK De acordo com Clements e Gido (2014), o PMBOK tem sido um referencial internacional para organizações que necessitem de direcionamento na implantação de métodos eficazes para o gerenciamento de projetos e programas. O guia identifica 10 áreas de atuação que compõem os seus capítulos. Os capítulos de gerenciamento são de vital importância para o trabalho em projetos. Não existe um capítulo mais importante que o outro. Todos eles darão maior arcabouço de gerenciamento aos interessados e constituem os campos de atuação e atualização profissional (Gasnier, 2012). Assim, o Guia PMBOK é composto pelos capítulos: Integração; Escopo; Cronograma; Custos; Qualidade; Recursos; Comunicação; Riscos; Aquisição; Partes interessadas. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 7 Segundo Kerzner (2015), os capítulos facilitam o âmbito de atuação do gerente de projetos, que se utiliza deles para aprimorar sua prática. Nesse sentido, cada capítulo é constituído por diversas práticas que são aplicadas em todos as fases do ciclo de vida de um projeto. A seguir, será apresentado um conceitual introdutório a cada uma das áreas apresentadas: Gerenciamento da integração do projeto: é composto pelos processos e atividades necessárias para, principalmente, coordenar todos os procedimentos e ações de gerenciamento de projetos em todas as áreas de atuação; Gerenciamento do escopo do projeto: inclui os processos vitais para garantir que o projeto contemple todo o trabalho necessário para que seja concluído com êxito; Gerenciamento do cronograma do projeto: é composto por processos necessários para garantir que o projeto seja concluído no tempo identificado anteriormente no planejamento; Gerenciamento dos custos do projeto: é um campo de gerenciamento vital para o projeto,pois ele é composto por processos que contemplem informações sobre estimativas, orçamentos, financiamentos, gerenciamento e controle dos custos do projeto de uma forma geral; Gerenciamento da qualidade do projeto: inclui os processos sobre a política de qualidade da organização em que o projeto está sendo desenvolvido. Ele auxilia na garantia de que o planejamento da qualidade do produto do projeto seja atendido satisfatoriamente. A intenção principal é atender às expectativas das partes interessadas; Gerenciamento dos recursos do projeto: é um grupo de gerenciamento importante para o projeto, porque se preocupa não apenas com os recursos humanos designados para o projeto, mas com todos os recursos destinados para ele. A intenção é principalmente identificar e auxiliar no gerenciamento dos mais diversos recursos necessários para a conclusão bem-sucedida do projeto; Gerenciamento das comunicações do projeto: é composto pelos processos que asseguram que as devidas informações sobre o projeto sejam planejadas, coletadas e principalmente distribuídas para as pessoas certas no momento oportuno e de maneira ideal; Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 8 Gerenciamento dos riscos do projeto: em diversos projetos, essa área de gerenciamento é bastante negligenciada. Ela é importante por ser composta por processos de identificação e análise de possíveis riscos que podem comprometer alguma parte do escopo do projeto; Gerenciamento das aquisições do projeto: diz respeito ao envolvimento de pessoas ou instituições externas ao projeto. Esta área de gerenciamento é composta por processos necessários para comprar ou adquirir produtos ou serviços externos à equipe do projeto; Gerenciamento das partes interessadas do projeto: esta é a área de gerenciamento mais recente criada nas últimas versões do Guia PMBOK. Ela é composta pelos processos necessários para melhor identificação de pessoas ou grupos que podem impactar de alguma forma o projeto. Figura 2 – Gerenciamento de projetos (2) Créditos: Sentavio/Shutterstock. Dentro do Guia PMBOK esses capítulos são denominados de áreas do conhecimento. É importante identificar que essas áreas são compostas por entradas, saídas, ferramentas e técnicas, porém em um projeto específico pode exigir uma área diferente que não foi citada acima, por exemplo, gerenciamento de segurança e saúde para os projetos de construção civil. Esses eventos também podem ser identificados no gerenciamento de riscos que contempla o guia. TEMA 4 – GERENCIAMENTO DE PROJETOS E ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Para serem gerenciados, os projetos necessitam de uma interação entre as áreas e as fases dentro do projeto. Todas elas se articulam e fazem parte da estrutura única de cada projeto em sua particularidade, porém, em um âmbito Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 9 maior, existe a estrutura organizacional da instituição, que suporta todas as decisões de projetos. Nessa estrutura, podem ser relacionados: os envolvidos direta ou indiretamente com o projeto; uma organização de classificação dos projetos dentro da instituição; e um escritório central que organiza as ações relacionadas a projetos. Assim, esses três núcleos, articulam e auxiliam na operação de projetos na organização. 4.1 Conhecimento para o gerenciamento de projetos institucional Para que a experiência com o gerenciamento de projetos seja a mais otimizada, é importante o entendimento de que o projeto é composto por uma série de diferentes áreas com a função de facilitar o gerenciamento e o seu entendimento, porém, em um âmbito maior, a instituição em que os projetos estão sendo administrados deve oferecer uma estrutura que possibilite um gerenciamento consciente. Nesse sentido, o primeiro núcleo de suporte os projetos são as partes interessadas que constituem importante significado. Na linguagem mais comum entre os acadêmicos da área de projetos, esses interessados são denominados stakeholders, termo define uma nomenclatura para os envolvidos com o produto ou com o gerenciamento do projeto e são afetados por eles, direta ou indiretamente (Dinsmore; Silveira Neto, 2010). Vale salientar que esse gerenciamento é importante, visto que alguns stakeholders podem ter relações positivas ou negativas em relação ao projeto. Por exemplo, um novo fornecedor central de um insumo para um projeto poderia ser um interessado com relações bastante positivas para com o projeto, porém os fornecedores antigos que não serão mais utilizados podem ser relacionados como envolvidos negativos para com o projeto e também devem ser monitorados. O gerenciamento dessas partes interessadas, desde a própria equipe do projeto, diretoria, potenciais clientes, os fornecedores, concorrentes e o governo por exemplo, podem ser identificados como stakeholders. A má administração desse grupo pode comprometer o projeto de forma a até mesmo ser cancelado. Um dos papéis do gerente de projetos é fazer a interação do projeto, juntamente com os envolvidos neste universo. Contudo, dentro das instituições, esse trabalho se torna complexo, muito pelo fato de que, por diversas vezes, acontecem gerenciamentos de diversos projetos ao mesmo tempo. Para isso e Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 10 para que os envolvidos entendam de que trata cada projeto é importante a apresentação do termo taxonomia. De acordo com Gasnier (2012) a taxonomia de projetos pode ser entendida como uma ciência atenta à classificação e à sistematização de um grupo de projetos. Sua intenção é melhorar a comunicação, possibilitando a segmentação de mercados, definição de diferentes abordagens e no auxílio de uma seleção do gerente de projetos com melhor perfil para cada projeto. Figura 3 – Estrutura organizacional Créditos: Yindee/Shutterstock. Uma classificação de projeto pode auxiliar a instituição na identificação de qual projeto é mais complexo, com prazos mais curtos ou ainda com tecnologia nunca utilizada na empresa. De posse dessa identificação de cada projeto, é possível não apenas identificar a equipe e o gerente de projetos ideal, mas, sobretudo, verificar a aderência com o planejamento estratégico da empresa. Vale salientar que um projeto não é um esforço temporário realizado de forma isolada dentro de uma instituição. Ele possui, ou deveria possuir, aderência com o planejamento estratégico da organização, bem como receber suporte e ser percebida sua importância em um âmbito maior. Uma taxonomia de projetos auxiliaria nessa situação. Não existe uma classificação de projetos única no mundo, pois cada empresa possui sua particularidade com o gerenciamento de projetos, porém, a título de exemplificação, é importante o entendimento completo das informações sobre o projeto para melhor classificação. Assim, informações como o custo do projeto, seu tempo, utilização de tecnologia e recursos humanos são importantes. Porém informações um pouco subjetivas do projeto também devem ser levadas em consideração, como impacto organizacional, aderência com o Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 11 planejamento estratégico, complexidade, importância do projeto e posição competitiva podem ser levadas em consideração. A intenção desse tipo de segmentação é deixar claro qual projeto pode ser até mesmo prioritário dentre o rol de projetos possíveis para a organização. Nesse sentido, a seguir será apresentado um quadro com exemplo de uma taxonomia para a utilização em projetos. Quadro 1 – Classificação de projetos 1 Ponto 2 Pontos 3 Pontos 4 Pontos 5 PontosUrgência Muito baixa Baixa Moderada Alta Muito alta Faturamento Menor que R$ 5.000,00 Entre R$ 5.000,00 e R$ 50.000,00 Entre R$ 50.000,00 e R$ 200.000,00 Entre R$ 200.000,00 e R$ 500.000,00 Acima de R$ 500.000,00 Tecnologia Comum Utilizada Conhecida Pouco utilizada De ponta Impacto organizacional Muito baixo Baixo Moderado Grande Muito grande Complexidade Muito baixo Baixo Moderado Grande Muito grande Fonte: Elaborado pelo autor. A proposta desse tipo de classificação é a fácil identificação por meio de um cociente que exprima exatamente a realidade do projeto. Basta somar a pontuação de cada característica dos projetos. O projeto que obtiver o maior número pode ser elencado como mais robusto no sentido de gerenciamento. Assim, informações sobre equipe e responsável pelo projeto seriam mais facilmente administradas, porém, para a realização de uma tabela que contemple de forma real a intencionalidade institucional, é importante a existência de um escritório de projeto que centralize todas essas decisões estratégicas. Na linguagem mais comum utilizada entre os envolvidos com projetos, um escritório de projetos é conceito de organização moderna para o ambiente de projetos. De uma forma geral, é uma estrutura hierarquizada que tem a função de decisão para com os projetos, programas e portfólios institucionais. Ou seja, é um centro de referência para com decisões de projetos. Também é conhecido como Project Management Office ou PMO. Assim, caberia ao PMO a organização de uma classificação para os projetos. Por meio de seu corpo técnico e diretoria, eles tomariam as decisões Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 12 entre quais itens os projetos poderiam ser classificados e submeteriam os projetos a essa classificação. Mas não somente isso, pois um escritório de projetos também seria responsável por um suporte administrativo para os projetos, suporte tecnológico e também um comitê executivo. Assim, vale salientar o papel hierárquico desse escritório, que teria a sua importância nas decisões sobre projetos. TEMA 5 – INTERAÇÃO ENTRE OS PROCESSOS E AS ÁREAS DE GERENCIAMENTO EM UM PROJETO É importante realizar o entendimento concreto de que todas as 10 áreas de gerenciamento estão interligadas entre si e também interligadas aos 5 processos de gerenciamento de um projeto. Todos esses conceitos compõem as possibilidades de gerenciamento, entendendo que, segundo o PMBOK (2017), o gerenciamento é a aplicação de conhecimentos, habilidades e também de ferramental às atividades do projeto. A sua intenção é conseguir atingir as expectativas dos envolvidos para com os objetivos do projeto. 5.1 Conhecimento sobre gerenciamento de projetos Existe uma grande interação e até mesmo dependência das áreas de atuação dentro de um projeto. Assim, é muito difícil identificar a área mais importante para o gerenciamento de projetos eficaz e eficiente. Um projeto pode ser extremamente bem-sucedido no gerenciamento de nove a dez áreas, porém se falhar em uma área de forma drástica, isso pode resultar no completo cancelamento do projeto ou na sua ineficiência. Por exemplo, um projeto pode ter sido bem administrado em diversas áreas, porém, no que tange aos custos, o gerenciamento não foi realizado de forma ideal. Com o passar das atividades relativas ao progresso do projeto, percebeu-se que os custos estouraram de tal forma que o projeto precise ser abortado. Ou ainda, quando as estimativas de custo foram realizadas de forma errada e bem abaixo do real. Isso pode levar a um evento de falta de recursos financeiros ao desenvolvimento do projeto com resultado imprevisível. Mas isso não somente para a área financeira, pois o comprometimento com o gerenciamento deve levar em consideração também o escopo para o qual o projeto foi constituído, uma análise otimizada dos riscos, ou até mesmo o completo Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 13 gerenciamento do cronograma das atividades. Todas as áreas que correspondem ao projeto devem ser planejadas e executadas de forma plena. Porém, décadas atrás, a experiência com projetos identificava um tripé fundamental no gerenciamento eficaz de um projeto. Esse tripé priorizava decisões de escopo, tempo e custo. Se nesses três prismas o projeto estivesse adequado, todos os outros também estariam. Dessa forma, o gerenciamento observava todas as áreas, porém com ênfase crescente sobre essas três áreas, as quais costumavam ser denominadas de restrição tripla. Com o passar dos estudos sob o gerenciamento de projeto, percebeu-se a importância também da área de qualidade que se juntou a esse grupo anteriormente formado. Agora, os grupos que aglutinavam decisões sobre escopo, tempo, custo e qualidade refletiam atenção especial. Atualmente, principalmente na literatura especializada em projetos, esses grupos não aparecem com essa identificação de importância. Com relação às publicações recentes, todas as áreas se apresentam como vitais para o projeto e devem ser observadas e administradas de forma plena por todos os envolvidos. A interação entre elas e a qualidade para com o seu planejamento e execução, definirão de que forma o projeto alcançara o sucesso. Porém, além das áreas, os processos de gerenciamento de gerenciamento devem ser analisados com minúcia. Assim, a inicialização, planejamento, execução, monitoramento e controle, e também o encerramento, se articulam com as áreas e facilitam o trabalho principalmente do gerente do projeto. Na parte da inicialização, é importante que os responsáveis pelo projeto entendam a importância da identificação correta das partes interessadas, juntamente com a análise financeira de custos e todo o estudo de viabilidade do projeto bem como o seu tempo de retorno sobre o investimento. Nesse processo também se esperam que aconteçam os processos de identificação e formalização do projeto em si. Ou seja, essas tarefas acontecem nesse processo, porém pertencem a diferentes áreas de atuação no projeto. Vale salientar que essas análises devem acontecer principalmente nessa fase do projeto, pois somente assim poderão ser realizadas de forma completa as tarefas subsequentes relativas ao projeto. Na sequência, com relação ao processo de planejamento, espera-se que todas as etapas que antecedem a execução sejam realizadas. Assim, considerações sobre detalhamento do planejamento do projeto inteiro devem ser Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 14 levadas em consideração. As criações de diferentes planos como o de comunicação, de aquisições, juntamente com o completo planejamento do escopo do projeto, devem ser realizadas. Figura 4 – Interação entre os processos Créditos: Photon Photo/Shutterstock. A execução é um processo-chave para o projeto, pois normalmente é o momento em que será exigido maior intensidade na atuação dos envolvidos. Assim, são importantes as considerações sobre a execução do projeto em si, juntamente com a análise de indicadores que indiquem o cenário atual. Elas devem servir de referência para a realização de uma comparação com o planejamento para a tomada de decisão. Nesse processo, deverão ser consideradas também as informações sobre o desenvolvimento e o engajamento da equipe destinada às atividades no projeto. Nesse momento, a distribuição das informações são importantes, juntamente com a análise de contratos e recebimento de informações de fornecedores quando utilizados. No processo denominado monitoramento e controle, informações sobre o acompanhamento do projeto inteiro são vitais. Por isso, esse processo tem praticamente a duração do projeto inteiro. A sua importância consiste em realizar o monitoramento de todasas áreas e suas interações por todo o projeto. Nesse sentido, o controle sobre o escopo do projeto se apresentam como importância relevante. O monitoramento e o controle se preocupam em responder a informações sobre o fluxo percorrido pelas informações quanto ao projeto, controle de qualidade, juntamente com o controle de custos. Como ferramentas, esse processo utiliza-se de relatórios e indicadores para a tomada de decisões. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 15 Por fim, o processo de encerramento aglutina informações de caráter final do projeto e se preocupa em levantar informações sobre o encerramento total deste. Assim, a questão de contratos é importante para que seja possível a realização de um encerramento completo do projeto. Nesse sentido, como foi possível perceber, todas as áreas articulam-se com os processos e devem ser executadas de forma otimizada para a conclusão do projeto. Assim, as tarefas exigidas em cada processo pertencem a uma das áreas do gerenciamento de projeto. A identificação bem como a sua execução definirão os rumos do projeto. Nesse sentido, de acordo com Vargas (2016), práticas de gerenciamento de projetos podem ser realizadas nas instituições, em qualquer empreendimento que possam fugir do processo rotineiro já desempenhado por elas, além do fato de que, se a atividade for realizada com a intensão de criação de um produto único e pouco familiar para a instituição, técnicas de gerenciamento devem ser intensificadas. Assim, o sucesso relacionado à gestão do projeto está ligado à eficiência do planejamento das atividades relacionadas. Uma das dificuldades existentes nas organizações na atualidade é que existe uma competição entre as atividades relacionadas aos projetos, com as atividades rotineiras de cada profissional, além do fato de que são, via de regra, atividades similares, como reuniões, análises e confecção de relatórios, ou até mesmo telefonemas. Essas atividades podem ser relacionadas tanto aos projetos quanto aos processos da organização. Nesse emaranhado de atividades pertencentes a cada área e processo, o profissional deve atentar e relacioná-las para o melhor desempenho organizacional. Dessa forma, constitui importância relevante o conhecimento de ferramental aplicável em projetos e que possam otimizar a atuação profissional. Candido Marcelo Realce 16 REFERÊNCIAS CLEMENTS, J. P.; GIDO, J.; Gestão de projetos. São Paulo: Cengage Learning, 2014. DINSMORE, P. C.; SILVEIRA NETO, F. H. Gerenciamento de projetos: como gerenciar seu projeto com qualidade, dentro do prazo e custo previsível. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. GASNIER, D. G.; Guia prático para gerenciamento de projetos: manual de sobrevivência para os profissionais de projetos. São Paulo: IMAM, 2012. KERZNER, H.; Gerenciamento de projetos: uma abordagem sistêmica para planejamento, programação e controle. São Paulo: Blucher, 2015. PMBOK – A guide to the project management body of knowledge (PMBOK Guide). 6. ed. Newtown Square: PMI, 2017. VARGAS, R. V. Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. AULA 3 METODOLOGIA DE GESTÃO DE PROJETOS Prof. Sandro Fabiano da Luz 2 TEMA 1 – ANTES DO INÍCIO DO PROJETO Projetos podem ser iniciados pelas mais diferentes necessidades e são de grande valia para as instituições. Por meio deles, inovações, adequação legal ou até mesmo criação de valor são inseridos nas empresas. Assim, é importante o conhecimento das informações necessárias para um otimizado gerenciamento de projetos. Mais do que isso, é importante conhecer todo o entorno dos projetos e sua relação com o progresso das atividades. Em relação a esse ponto, vale salientar a existência de diversas informações importantes que devem ser entendidas e relacionadas antes do início do projeto. É sobre isso e os momentos iniciais do gerenciamento de projetos que discutiremos nesta aula. Para que os projetos atinjam seus objetivos, antes de mais nada, é importante perceber determinadas informações. Precisamos levar em consideração a estratégia da empresa, seu momento atual e a relação que ela estabelece com os colaboradores. Essas informações darão mais assertividade aos projetos e adequação em relação a seu resultado. É preciso entender que o projeto não é algo isolado na instituição, muito pelo contrário. Ele faz parte da empresa, integrando-se com todos os elementos organizacionais. Assim, levar em conta toda essa estrutura auxiliará em como o projeto pode ser realizado. Juntamente à estrutura organizacional, vale salientar a importância de dois instrumentos iniciais para melhor otimização da experiência com projetos, que são a elaboração de um correto Business Case e a constituição de um Termo de Abertura para o projeto. 1.1 Business Case Business Case é um documento utilizado nos momentos iniciais dos trabalhos de determinado projeto. Para algumas instituições, ele pode ser chamado de plano para o gerenciamento de benefícios do projeto. A intenção principal é que ele contenha informações com propostas executivas para o projeto. Segundo o PMBOK (2017, p. 30), “o business case é um estudo documentado de viabilidade econômica, usada para determinar a validade dos benefícios de um componente selecionado que não tenha definição suficiente e Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 3 que seja usado como uma base para a autorização de novas atividades de gerenciamento de projetos”. Na verdade, este instrumento faz uso de uma lista com os objetivos indicados para o projeto, além das razões para sua execução. Ele é importante porque ajuda a medir o sucesso ao final das atividades relativas ao projeto. Assim, pode conter dados relativos à necessidade do negócio, uma análise da situação, recomendações e avaliações. No momento da execução das atividades, não deve ser muito claro para os interessados coletar informações sobre uma identificação e análise de riscos apurada. Porém, é importante que o documento contenha esse tipo de informação para nortear os trabalhos subsequentes. Ainda, não basta ser apenas uma identificação de riscos, este documento pode conter a identificação dos critérios para as ações relativas ao projeto. A utilização destes critérios é importante para o planejamento do projeto, pois auxilia em como o gerenciamento das ações pode ser elencado. Um exemplo de categorização pode considerar três dimensões das ações – necessário, desejável e opcional. Essas três categorias de ações podem ser úteis para uma possível utilização em situações determinadas. Elas podem auxiliar no curso de ações para cada ambiente, indicando um comportamento realmente desejável, até mesmo uma ação considerada opcional para com as ações do projeto (PMBOK, 2017). O documento de Business Case pode, portanto, fornecer uma base para realizar a medição de benefícios do projeto, juntamente do progresso de todo o ciclo de vida. Ele pode ser utilizado como um documento vital na comparação de resultados obtidos, com critérios e objetivos previamente identificados. Nesse sentido, é importante relacionar a função do Business Case com os objetivos estratégicos da instituição. Para que o projeto opere de maneira a alcançar os objetivos propostos, todos os documentos devem refletir e fazer referência a uma orientação maior: o planejamento estratégico da empresa. Ou seja, informações sobre política de lucros da empresa, concorrência atual, cenário político, intenções da instituição para os próximos cinco anos, por exemplo, devem ser levadas em consideração. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 4 1.2 Termo de Abertura O termo de abertura é uma excelente e importante ferramenta para marcar os momentos iniciais do projeto. Ele éutilizado, principalmente, para conceder autoridade ao gerente de projeto e para comprovar a existência do projeto na instituição. Sua utilização demonstra a abertura de um projeto e prepara os envolvidos a serem relacionados a atividades futuras no projeto. Segundo Batchelor (2013, p. 32): Não é necessário que esse documento seja um plano detalhado de como você vai realizar cada etapa do projeto, mas que seja estruturado para dar aos stakeholders (especialmente àqueles ligados à aprovação do orçamento e dos recursos) uma noção do que está previsto. É conhecido como sumário do projeto, documento de escopo, resumo estratégico ou termo de abertura do projeto. Assim, mesmo que autorizada a criação do projeto na instituição, a formalização do termo de abertura é importante porque auxilia na comunicação interna, na busca formal por aprovação e, consequentemente, transmite segurança para os envolvidos. Desenvolver o termo de abertura é um passo inicial fundamental para a organização do projeto. Figura 1 – Termo de Abertura Crédito: Rawpixel.com/Shutterstock. Um termo de abertura deve conter: informações iniciais sobre o escopo do projeto; orçamento; prazo; identificação inicial dos envolvidos; análise inicial de riscos já visualizados; justificativa para o projeto; estimativa de recursos necessários para a conclusão das atividades. De maneira geral, tais informações, mesmo que em âmbito inicial, servirão como base para o desenvolvimento de importantes trabalhos no planejamento. Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 5 Assim, na fase de planejamento do projeto, todas essas informações serão refinadas e as atividades organizadas para a conclusão do projeto. Porém, um dos maiores benefícios do termo de abertura é a indicação de um gerente do projeto. É neste documento que será conferida autoridade a uma pessoa ou um grupo de pessoas, responsabilizadas pelo sucesso ou insucesso do projeto. Depois da nomeação deste centralizador de informações para com o projeto, as atividades subsequentes podem ser planejadas de maneira mais otimizada. O termo de abertura serve como documento legal que reconhece a autoridade do gerente de projeto, bem como a concepção do projeto em si, na organização. Ele servirá como linha de base para os trabalhos relacionados ao gerente de projetos, e por isso deve conter informações iniciais para a sequência das atividades (Vargas, 2016). TEMA 2 – INTEGRAÇÃO E PLANEJAMENTO DO PROJETO O ato de gerenciar a integração é fundamental para o alcance do sucesso do projeto. Neste sentido, é vital indicar que a integração se preocupa com toda a sincronia entre as áreas de gerenciamento ao mesmo tempo. Assim, ela se atenta ao gerenciamento de cronograma, escopo, comunicação, riscos e todos os outros. O trabalho é realizado em todas as fases do projeto, e essa ação é importante principalmente pelo prisma da análise e do monitoramento de mudanças ao longo do projeto. Ações que geram mudanças em partes do projeto podem ocorrer por todo do tempo em alguma das áreas gerenciadas, seja por motivos financeiros, cronograma e escopo, entre vários outros motivos. Uma das mais importantes ações no gerenciamento de integração é monitorar todas essas possibilidades ao longo do projeto. Assim, a existência de um planejamento consistente que contemple ações identificadas para os eventos de mudanças é importante. 2.1 Realização do Controle Integrado de Mudanças Uma das maiores certezas com relação a projetos é que mudanças certamente acontecerão. Mesmo em projetos com baixo nível de complexidade e grande experiência da equipe, eventos diversos podem acontecer e comprometer Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 6 alguma área do projeto. Por isso, a existência de um contingenciamento é importante. Todas as informações sobre contingenciamento devem ser contempladas em um planejamento que preveja futuras alterações. É o caso prático, por exemplo, de uma alteração com relação aos custos. Os custos podem ser alterados por um evento de inflação, não bem idealizado, para a compra de determinado insumo importante para o projeto. Assim, na fase do planejamento, é importante destinar determinada quantia para utilizar neste tipo de evento. Um bom planejamento pode evitar reuniões desnecessárias e delicadas sobre o tema de destinação de recursos adicionais (Batchelor, 2013). Uma forma eficiente de realizar o gerenciamento de mudanças é atribuir um pouco de formalismo à comunicação em projetos. O formalismo não pode ser entendido como introdução de burocracia, mas como uma forma de sistematizar o recebimento de informações sobre mudanças. Muitas vezes, o responsável pelo projeto recebe a informação sobre uma possível alteração de forma pouco detalhada. A falta de detalhes pode comprometer a identificação real da mudança, bem como as áreas que serão impactadas. Uma identificação de mudanças não pode ser recebida com uma conversa de elevador, por assim dizer. Para que o evento de mudança seja realmente coletado e tratado, sugere-se o preenchimento de um formulário ou cadastro com informações mais detalhadas sobre a mudança. Assim, informações sobre a descrição da mudança em si, sua magnitude aparente e pontos preliminares de impacto no projeto devem ser considerados. Esse tipo de análise sobre mudanças deve acontecer ao longo do projeto e ser realizado por todos os envolvidos. A definição de atuação para cada evento de mudança pode ser restrita a determinado grupo no projeto, contudo, a identificação das possíveis mudanças é de responsabilidade de todos. Por isso, essa ação é identificada como pertencente à área de integração do projeto. Ela não está definitivamente alocada em uma área específica, mas sim diz respeito a todo o projeto. 7 2.2 Gerenciamento de Escopo O gerenciamento de escopo do projeto diz respeito à área de gerenciamento responsável pelo trabalho que será realizado pela equipe. De acordo com Vargas (2016, p. 57): O gerenciamento de escopo tem como objetivo principal definir e controlar os trabalhos a serem realizados pelo projeto de modo a garantir que o produto, ou serviço, desejado seja obtido através da menor quantidade de trabalho possível, sem abandonar nenhuma premissa estabelecida no objetivo do projeto. Dessa forma, uma consideração importante é o entendimento de que o escopo do projeto deve ser realizado na íntegra com o que foi previamente definido. No universo corporativo, é comum a visualização de atividades relacionadas a projetos sem relação com o escopo, ou que são executadas para a criação de alguma funcionalidade que não está previamente determinada. Assim, uma importante identificação é a análise do escopo que não será realizado, para que a equipe realmente se ocupe nas atividades que atendam alguma premissa do projeto. É comum, no entanto, a existência de projetos já concebidos sem um escopo realmente definido. Isso ocorre de maneira bastante corriqueira em projetos ágeis. Em diferentes organizações, é necessário conceber um projeto em que as premissas de escopo ainda serão validadas em sua íntegra, ou serão descobertas com o passar das atividades. Nestes, por serem mais complexos, a existência de um planejamento se torna ainda mais relevante, visto que o escopo não está completamente definido. Uma ferramenta importante a ser realizada no planejamento do projeto é a criação de uma Estrutura Analítica do Projeto (EAP) para controle do escopo. A EAP nada mais é do que a ação de decompor o escopo do projeto em pacotes de trabalho menores e que, em conjunto, atendam ao projeto. De acordo com o PMBOK (2017, p. 129), a criação da EAP pode ser entendida como o “processo de subdividir as entregas e o trabalho do projeto em componentes menores e mais facilmente gerenciáveis”. A intenção principal é melhorar o controlee a previsão de atividades que cumprirão o objetivo do projeto. Essa é uma das mais importantes atividades do projeto, pois, após a criação desta EAP, diversas outras áreas se valerão de tais Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 8 informações para previsão, como cronograma, custo, qualidade e recursos alocados em projetos. Figura 2 – Estrutura Analítica do Projeto Crédito: Astel Design/Shutterstock. Gerenciamento e atenção para com o escopo são vitais para que o projeto cumpra sua intenção. Para que isso seja realizado, indica-se a proximidade com todos os envolvidos, principalmente os que utilizarão o produto criado pelo projeto. Essa interação constante fará com que o trabalho tenha aderência com a utilização, sendo possível atingir o sucesso de maneira potencializada. TEMA 3 – GERENCIAMENTO DE CRONOGRAMA O gerenciamento do tempo para a conclusão de um projeto é fator de muita discussão no ambiente organizacional. Por isso, a gestão e a atenção a esta temática se fazem necessárias. De maneira geral, o gerenciamento de cronograma dá atenção a questões de tempo para a conclusão de todas as atividades relacionadas com o projeto. Por isso, o envolvimento dos responsáveis diretos para cada atividade é fundamental. Somente com a correta sinalização de tempo destinado para cada atividade é possível completar os trabalhos relacionados ao projeto. 3.1 Atenção ao Tempo Destinado ao Projeto Segundo Clements et al. (2014), o gerenciamento do tempo está intimamente ligado aos recursos utilizados no projeto. É com o correto Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 9 planejamento do tempo que será possível estimar quais e quantos recursos devem ser alocados ao longo do projeto. Também com um bom planejamento de cronograma e sequenciamento das atividades será possível conhecer o quanto de trabalho precisa ser realizado para a conclusão do projeto. Nesse sentido, é importante enfatizar que, para que o correto planejamento de cronograma seja realizado, é preciso criar uma também correta EAP. Estas ferramentas se complementam, visto que uma se concentra em indicar quais trabalhos precisam ser realizados para completar o projeto e outra na indicação de quanto tempo cada um destes trabalhos compreenderá. O gerenciamento de cronograma tem a maior parte de suas atividades relacionadas ao grupo denominado planejamento. Ou seja, no momento do planejamento do projeto é que as questões sobre a duração das atividades devem ser realizadas. Assim, na etapa de execução, basta aos responsáveis monitorar questões relativas ao cronograma das atividades e realizar alterações necessárias. É importante indicar que, nos momentos iniciais do projeto, principalmente na criação do tempo de abertura, questões sobre tempo de duração do projeto já devem ser abordadas, no entanto, trata-se de indicações iniciais que nem sempre devem ser aceitas pela equipe do projeto. Por isso, é muito importante a fase de planejamento do projeto, na qual as atividades serão decompostas para verificar se o tempo inicialmente indicado pode ser atendido com os recursos disponíveis. Caso a restrição de tempo seja muito importante para um projeto, então, no momento do planejamento, deve-se planejar o número e a experiência que a equipe do projeto deve apresentar. Para contar com pessoas externas ao projeto, esta é a oportunidade de visualizar como as empresas ou os envolvidos externos podem auxiliar. Quando as entregas devem ser realizadas é uma das importantes idealizações nesta fase do projeto. Uma das técnicas que pode auxiliar neste momento é a utilização de um material sobre lições aprendidas em projetos anteriores. Muitas informações já são de conhecimento da instituição quanto a questões de tempo em projetos, porém, o que se necessita é um lugar, sistema ou pasta, em que podem ser encontradas informações sobre esta temática. A utilização de informações de projetos anteriores pode auxiliar nos pontos de experiência negativa ou positiva obtidos em projetos passados, tanto com relação à equipe do projeto quanto com empresas que prestam serviço à Candido Marcelo Realce 10 organização. Vale lembrar que este tipo de ferramenta pode auxiliar não somente a gestão de cronograma, mas também outras áreas do gerenciamento de projetos, como custo, qualidade e riscos. TEMA 4 – GERENCIAMENTO DE CUSTO A gestão de custos de um projeto é uma área muito dinâmica. Porém, assim como no gerenciamento de cronograma, também no gerenciamento de custos, o maior número de atividades relacionadas a ele ocorre na fase de planejamento do projeto. Após os custos serem planejados, basta realizar um monitoramento dos valores alocados no projeto ao longo das atividades. 4.1 Realização do Gerenciamento de Custo O gerenciamento de custo pode ocorrer em dois momentos centrais nos projetos. Inicialmente, com a realização do planejamento e a criação do orçamento do projeto, e posteriormente, com o controle dos custos alocados para o cumprimento das atividades. Segundo Carvalho (2014), o gerenciamento de custo se atenta a questões relativas ao controle dos valores globais, e visa manter o projeto no orçamento aprovado. Alguns projetos utilizam-se de um fluxo de caixa que contempla entradas e saídas, porém, em outras realidades, os projetos têm apenas valores alocados como saída, para que, posteriormente, com o protótipo concluído, sejam realizadas entradas de caixa. Todas essas movimentações financeiras devem ser levadas em conta nesta área de gerenciamento, principalmente sobre dois prismas: o do orçamento e o do controle. No quesito orçamental, vale destacar que deve ser realizado por completo, envolvendo o maior número de interessados possíveis, principalmente no momento de análise de valores para cada atividade indicada para o projeto. Aqui, mais uma vez, a utilização da EAP pode ser de grande valia. 4.2 Criação do Orçamento do Projeto O momento de criação do orçamento e, principalmente, quando existem alterações nesta área, demanda do gerente de projeto e da equipe grande atenção e controle. Segundo Batchelor (2013, p. 73): Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce Candido Marcelo Realce 11 Se o responsável pelo projeto lhe pedir que mude o escopo de um projeto, o que acarretará aumento de orçamento [...], reabra o orçamento, modifique os custos e volte a fechá-lo. De outro modo, mesmo que outros aspectos do projeto ficassem dentro do previsto, pareceria que você “estourou” o orçamento! Nesse sentido, grande atenção deve ser dada aos custos ligados a contratos nos projetos. Alterações de escopo podem impactar em mudanças de custos ligadas a pessoas externas ao projeto e orquestradas por força de contrato. Este pode ser um exemplo de que alterações em projeto, monitoradas na área de integração, podem acarretar mudanças em diversas outras áreas. Por isso, a integração e, principalmente, o controle de mudanças são tão importantes. Somente com este tipo de ação realizado de maneira integrada é possível entender os reais impactos das mudanças e corrigir o curso das atividades do projeto, tanto de custos como de cronograma ou mesmo escopo. Figura 3 – Custos e orçamento Crédito: Wipas Rojjanakard/Shutterstock. Na construção do orçamento do projeto, a atividade de estimar os custos é vital. Ela pode ser entendida como o processo de desenvolver uma estimativa de custo dos recursos alocados no projeto. A intenção é quantificar o valor total necessário para completar cada atividade (PMBOK, 2017), mais um exemplo de ação a ser realizada no planejamento do projeto. Claro que podem surgir mudanças ao longo do cumprimento das atividades. Neste momento, deve-se Candido Marcelo Realce 12 atentar para a realização
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