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ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot Rondonópolis – MT Fevereiro - 2013 ORÇAMENTO PÚBLICO AMANDA CRISTINA LISOT ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot EMENTA Nome da Disciplina: ORÇAMENTO PÚBLICO Objetivo Geral: Habilitar o acadêmico para o conhecimento e domínio das informações ligadas às finanças do Estado, bem como, para o gerenciamento, controle e prestação de contas da Gestão Orçamentária perante a sociedade. Contribuindo para a construção de valores orientados para a cidadania. Ementa: Estrutura da Administração Pública. Orçamento Público. Processo Orçamentário. Estrutura Orçamentária. Receita e despesas sob o enfoque orçamentário. Créditos adicionais. Conteúdos: Estrutura da Administração Pública Administração Direta ou Centralizada; Administração Indireta ou Descentralizada; Atribuições Econômicas do Estado. Orçamento Público Breve Histórico do orçamento; Evolução conceitual do orçamento. Estrutura Orçamentária Conceitos; Sistema orçamentário brasileiro; Princípios Orçamentários; Classificação Orçamentária. Processo Orçamentário Ciclo orçamentário; Execução orçamentária; Avaliação da execução orçamentária. Receitas e despesas sob o enfoque orçamentário. Conceito; Classificação; Estágios. Créditos Adicionais Conceito; Créditos Suplementares; Créditos Especiais; Crédito Extraordinários. Bibliografia Básica: ARRUDA, Daniel; HUMBERTO, Pedro; ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos. O essencial da contabilidade pública: teoria e exercícios resolvidos. São Paulo. Saraiva, 2009 (5 exemplares) ANGELICO, João. Contabilidade pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1995 (10 exemplares) PISCITELLI, Roberto Bocaccio; TIMBO, Maria Zulene Farias. Contabilidade pública: uma abordagem da administração financeira pública. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2010 (5 exemplares) Bibliografia complementar: KOHAMA, Heilio. Balanços públicos: teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000 (8 exemplares) GIACOMONI, James. Orçamento público. 14.ed. São Paulo: Atlas, 2009 (2 exemplares) PASCOAL, Valdecir. Direito financeiro e controle externo: teoria, jurisprudência e 400 questões. 7.ed. Rio de Janeiro: Campus; Elsevier, 2009 (9 exemplares) SILVA, Lino Martins da. Contabilidade governamental: um enfoque administrativo. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2002 (3 exemplares) KOHAMA, Heilio. Contabilidade pública: teoria e prática. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2000 (12 exemplares) ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot SUMÁRIO 1 RECEITA PÚBLICA ............................................................................................ 4 1.1 Classificações da Receita Pública ................................................................... 5 1.1.1 Classificações doutrinárias da receita .......................................................... 6 1.1.1.1 As receitas, quanto à sua natureza .............................................................. 6 1.1.1.2 As receitas, quanto à afetação patrimonial .................................................. 8 1.1.1.3 As receitas, quanto à regularidade ............................................................... 9 1.1.1.4 As receitas, quanto à coercitividade ou poder de coação........................... 10 1.1.1.5 As receitas, quanto ao poder de tributar .................................................... 10 1.1.2 Classificações legais da receita ................................................................. 11 1.1.2.1 A receita, quanto à sua categoria econômica ............................................. 11 1.1.2.2 Classificação por fonte de receita .............................................................. 12 1.1.2.2.1 As receitas correntes, por fonte .............................................................. 12 1.1.2.2.2 As receitas de capital, por fonte ............................................................. 19 1.1.2.3 Classificação institucional .......................................................................... 21 1.1.2.4 Classificação por fonte de recursos ........................................................... 21 1.2 Codificação da Natureza de Receita ............................................................. 22 1.3 Estágios da Receita Orçamentária ................................................................ 30 1.3.1 Previsão ..................................................................................................... 30 1.3.2 Lançamento ............................................................................................... 31 1.3.3 Arrecadação .............................................................................................. 32 1.3.4 Recolhimento ............................................................................................. 33 1.3.5 Dívida ativa (art. 39 da Lei nº 4.320/1964 e Portaria nº 564/2004 da STN) 33 1.4 Procedimentos Contábeis Referentes à Receita Orçamentária ..................... 36 1.4.1 Deduções da Receita Orçamentária .......................................................... 36 1.4.1.1 Restituições de receitas orçamentárias ...................................................... 37 1.4.1.2 Recursos cuja tributação e arrecadação competem a um ente da Federação, mas são atribuídos a outro(s) ente(s) .................................................... 38 1.4.1.3 Renúncia de receita ................................................................................... 39 1.4.2 Imposto de Renda Retido na Fonte ........................................................... 42 1.4.3 Redutor Financeiro - FPM .......................................................................... 43 1.4.4 Transferências de Recursos Intergovernamentais ..................................... 45 1.4.4.1 Transferências constitucionais e legais ...................................................... 45 ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 1.4.5 Transferências Voluntárias ........................................................................ 46 1.4.6 Transferências a Consórcios Públicos ....................................................... 47 1.4.7 Remuneração de Depósitos Bancários ...................................................... 48 1.4.8 Receita Orçamentária por Baixa de Dívida Ativa Inscrita ........................... 49 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 51 ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 4 1 RECEITA PÚBLICA Para quem nunca estudou contabilidade, a palavra receita pode significar uma infinidade de coisas no jargão popular: entrada de recursos, faturamento, valor de vendas etc. Entretanto, do ponto de vista contábil, receita é tudo aquilo que adentra o patrimônio como elemento novo e positivo, aumentando-o. Imagine o patrimônio de uma pessoa, constituído de bens, direitos e obrigações. Toda vez que uma receita adentra a esse patrimônio, este será aumentado. Se essa pessoa recebe o salário do mês, com certeza podemos afirmar que seu patrimônio aumentou com essa entrada de recursos financeiros. Antes de conceituar receita pública é necessário destacar a diferença receita pública stricto sensu e latu sensu. James Giacomoni, citando Hugh Dalton, reconhece que: os recursos públicos podem ser definidos latu sensu ou stricto sensu (...) no primeiro caso - em sentido amplo, estão todos os recebimentos ou entradas de dinheiro; no segundo caso - em sentido estrito - os recursos recebidos sem reservas ou redução no ativo e que não serão devolvidos. Considerada a disposição da Lei nº 4.320/1964, a expressão receita é empregada em sentido genérico - amplo - de entrada ou ingresso, com poucas exceções.Resumidamente: a) Receitas stricto sensu - todo ingresso que aumenta o patrimônio (tributos, taxas etc.) como elemento novo e positivo. São receitas de ponto de vista contábil. b) Receitas lato sensu - todo ingresso que entra no caixa, independente de aumentar ou não o patrimônio (p. ex. a venda de um bem pelo seu valor contábil gera recursos financeiros, mas o patrimônio não se altera, porque houve apenas uma permuta patrimonial entra um bem vendido e o recurso financeiro). Não são receitas do ponto de vista contábil. Tal entendimento é corroborado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT: "Em sentido restrito, portanto, receitas são as entradas que se incorporam ao patrimônio como elemento novo e positivo; em sentido lato, são todas quantias recebidas pelos cofres públicos, denominando-se entradas ou ingressos (em sentido restrito, nem todo ingresso constitui receita pública; o produto de uma operação de crédito, p. ex., é um ingresso mas não é receita nessa concepção, porque em contraposição à entrada de recursos financeiros cria uma obrigação no passivo da entidade pública)". ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 5 Portanto, as receitas públicas constituem-se no conjunto de ingressos ou entradas nos cofres públicos de recursos numerários, rendas ou outros bens representativos de valores, recebidos pelo Estado ou por outras pessoas de direito público, para custear as despesas necessárias ao exercício das suas funções precípuas, ao atendimento das necessidades públicas e ao fomento e desenvolvimento econômico e social. A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) diz também que: "Outra maneira de se ver o problema é considerar que, para que exista uma receita pública, é necessário que a soma de dinheiro arrecadado seja efetivamente disponível, isto é, que possa em qualquer momento ser objeto dentro das regras políticas e jurídicas de gestão financeira, de uma alocação e cobertura de despesas públicas." As principais fontes de recursos públicos são as seguintes: doações voluntárias; rendas produzidas pelos bens públicos ou pela produção de empresas estatais; tributos e penalidades exigidas coercivamente; empréstimos de instituições, privadas ou públicas, nacionais ou estrangeiras; emissão de moeda. Importante fazer uma leitura da Lei nº 4.320/1964, principalmente nos arts. 9º e 10º; 35, I e 51 ao 57; e a LRF, com ênfase nos arts. 11 a 13. 1.1 CLASSIFICAÇÕES DA RECEITA PÚBLICA A receita pública latu sensu, de acordo com a doutrina, se classifica: quanto à natureza: receita orçamentária ou extraorçamentária; quanto à afetação patrimonial: receita efetiva e não-efetiva; quanto à regularidade: receita ordinária ou extraordinária; quanto à coercitividade: receita originária ou derivada; quanto ao poder de tributar: da União, estados, do Distrito Federal e municípios. A classificação legal, por outro lado, desmembra a classificação da receita: por categoria econômica: receita corrente e de capital; por fontes de receita; ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 6 institucional; por fontes de recursos. 1.1.1 Classificações doutrinárias da receita 1.1.1.1 As receitas, quanto à sua natureza A Lei nº4.320/1964 regulamenta os ingressos de disponibilidades de todos os entes da Federação, classificando-os, implicitamente, em dois grupos: orçamentários e extraorçamentários. Os recursos arrecadados pelo Estado e que se incorporam definitivamente ao patrimônio do Estado são chamados de receitas orçamentárias. Assim, as receitas orçamentárias integram o orçamento e se constituem em entradas no Tesouro de recursos pertencentes ao Estado, em decorrência de disposições constitucionais, legais ou contratuais, estejam essas receitas previstas ou não no orçamento, aumentando o saldo do patrimônio financeiro público. São exemplos de receitas orçamentárias: receitas tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuárias, industrial, de serviços, transferências correntes, operações de crédito e alienação de bens, amortização da dívida, transferências de capital. Características dos ingressos orçamentários: registrados como receita orçamentária corrente ou de capital; financiam as despesas orçamentárias; geram desembolsos orçamentários; seguem as classificações econômicas, institucionais e por fonte de recursos; têm caráter permanente; pertencem ao Estado. Os recursos arrecadados pelo Estado, mas que geram um passivo, ou seja, que terão que ser restituídos, posteriormente, são denominados receitas extraorçamentárias. Assim, são receitas que, em geral, não estão previstas no orçamento, e correspondem a uma entrada de recurso, em caráter transitório, que geram para o Estado a obrigação de posterior devolução (isto é, depositário ou agente passivo da obrigação). As receitas extraorçamentárias não afetam o patrimônio financeiro ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 7 do ente público, constituindo-se em meras entradas de numerário em contas pertencentes ao disponível do Ativo Financeiro com o acréscimo compensatório, em igual valor, dos saldos de contas exigíveis de curto prazo, integrantes do Passivo Financeiro do ente. As principais receitas extraorçamentárias são as cauções e garantias diversas, as consignações a crédito de terceiros retidas por ocasião dos pagamentos de despesas orçamentárias (consignatários autorizados) e as operações de créditos por antecipação de receitas - AROs, classificadas como débitos de tesouraria. ATENÇÃO: as receitas extraorçamentárias por serem apenas entrada de recursos com caráter devolutivo, não são consideradas receitas strictu sensu, tendo em vista que são registradas como receitas somente para controle e posterior devoluções. Exemplificando: o recebimento de caução em dinheiro para garantia de contrato. O fornecedor deposita um montante na conta bancária do governo, no entanto este recursos não pertence ao Estado; assim, no momento de contabilizar esta receita será registrado um débito no banco e, em contrapartida, um crédito em conta do passivo, evidenciando o caráter devolutivo no recurso. Também são registrados como receitas extraorçamentárias, para exclusivo efeito de fechamento do balanço financeiro, os valores correspondentes às despesas empenhadas e não pagas em determinado exercício financeiro, transferidas para o ano seguinte como restos a pagar ou como serviço da dívida a pagar, para compensar sua inclusão na despesa orçamentária realizada, como determina o parágrafo único do art. 103 da Lei nº 4.320/1964. As operações de crédito por antecipação de receita são receitas extraorçamentárias, conforme art. 3º da Lei nº 4.320/1964. O próprio nome da operação de crédito por ARO (antecipação da receita orçamentária) já diz que a receita é extraorçamentária. A ARO não é uma receita nova que se incorpora ao Estado, é simplesmente uma antecipação da receita orçamentária prevista no orçamento e que, no entanto, ainda não se realizou. O procedimento normal é o governo esperar a receita se realizar para aí sim gastá-lo, mas às vezes, para os problemas de indisponibilidade de caixa, o Estado não pode esperar essa realização acontecer, assim, o governo faz um empréstimo e se compromete a pagá-lo com a receita orçamentária que se realizará, por isso é preciso contabilizar a ARO como ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 8 extraorçamentária sob pena do Estado duplicar sua receita. Importante lembrar que uma receita extraorçamentária poderá se converter em receita orçamentária, a partir do momento que se constatar que não se caracteriza mais uma obrigação a pagar. Características dos ingressos extraorçamentários: registrados como passivo financeiro; não financiam as despesas orçamentárias; geram desembolsos extraorçamentários; não passam pelosestágios da receita; seguem classificação contábil; têm caráter temporário; pertencem a terceiros. QUADRO SINÓTICO DA RECEITA Receita Orçamentária Receita Extraorçamentária Contabilização Registrado como receita corrente ou de capital. Registrados como passivo financeiro. LOA Podem ou não estar previstas na LOA. Não estão previstos na LOA. Características Custeia despesas orçamentárias. Custeia despesas extraorçamentárias. Recursos Do Estado. De terceiros. 1.1.1.2 As receitas, quanto à afetação patrimonial As receitas orçamentárias podem causar aumento do patrimônio, ou seja, podem causar variação na situação líquida. Nesse caso, são chamadas de receitas efetivas. Essas receitas integram o patrimônio sem quaisquer condições, restrições ou correspondências no passivo, inserindo-se no conceito de fato contábil modificativo aumentativo, ou seja, aumentando de fato o patrimônio como elemento novo e positivo (receita strictu sensu). São exemplos de receitas efetivas, as receitas orçamentárias correntes que, são denominadas receitas públicas clássicas. Há, no entanto, casos em que os ingressos de recursos orçamentários não provocam afetação no patrimônio líquido por serem oriundos de fatos permutativos, essas receitas são denominadas receitas não efetivas ou receitas por mutações patrimoniais, ou seja, o ingresso é decorrente de intercâmbio com outros elementos do ativo e do passivo, reduzindo o ativo ou ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 9 aumentando o passivo, mas não ocorre o aumento patrimonial (receita latu sensu). As receitas decorrentes da redução de valores do ativo são classificadas como receitas de alienação de bens ou de amortização de empréstimos concedidos, ao passo que as entradas de recursos financeiros que impliquem aumento do passivo são classificadas como operações de crédito, todas incluídas entre as receitas orçamentárias de capital. IMPORTANTE: Em regra, toda receita corrente é receita efetiva e toda receita de capital é receita não efetiva, há, entretanto, exceções. As receitas de capital, em regra, são receitas não efetivas (ou por mutação patrimonial), pois toda vez que se registra uma receita de capital faz-se o registro de uma mutação patrimonial, a exceção são receitas de transferências de capital, que não geram uma mutação patrimonial, decorrente de incorporação de um direito ou de um bem ou da baixa de obrigações. As receitas correntes, em regra, são receitas efetivas, porém também existe uma exceção, a dívida ativa, que apesar de ser registrada como receita corrente dentro da subcategoria "outras receitas correntes", causa uma mutação patrimonial, referente à baixa de direito. Em síntese, portanto: Receita strictu sensu Receita Efetiva Orçamentária Receita latu sensu Receita por mutação patrimonial Extraorçamentária Receitas efetivas - são todas as receitas correntes, excetuando-se as receitas provenientes de arrecadação da dívida ativa que, embora sejam classificadas como correntes, representam, uma mutação patrimonial. São também receitas efetivas, as transferências de capital, embora sejam classificáveis em receitas de capital. Receitas não efetivas (ou por mutação patrimonial) - são todas as receitas de capital, excetuando-se transferências de capital, e incluindo-se as receitas de provenientes da arrecadação da dívida ativa. 1.1.1.3 As receitas, quanto à regularidade Receitas ordinárias - ingressos permanentes e estáveis do Estado, arrecadados regularmente em cada período financeiro, ou seja, possuem caráter de continuidade, sendo fonte perene de recursos para o Estado. ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 10 Receitas extraordinárias - ingressos com caráter de não continuidade, a sua arrecadação acontece de maneira excepcional, provenientes de calamidade pública, doações, etc. 1.1.1.4 As receitas, quanto à coercitividade ou poder de coação Conceitualmente, quanto ao poder de coação, ou coercitividade, as receitas orçamentárias estão divididas em originárias, as de natureza patrimonial ou privada, e em derivadas, ou de economia pública. Receita originária ou de economia privada - consiste na receita proveniente da exploração do patrimônio público, ou seja, são produzidas pelos ativos do Estado. O Estado atua como particular por meio da exploração de atividades privadas, ou seja, são receitas originárias as provenientes dos bens patrimoniais do próprio estado (alugueis de imóveis, dividendos, juros etc); da venda de bens e serviços (tarifas pela prestação de serviços públicos e comercialização de produtos agropecuários, industriais ou de serviços, valores provenientes de alienação de bens) ou de operações de crédito contraídas. Receitas derivadas ou de economia pública - consistem nas receitas provenientes do exercício do poder de tributar, do Estado, os rendimentos, os patrimônios, operações e transações financeiras de pessoas físicas e jurídicas de direito privado, garantido pelas Constituições. Essa receita é obtida pelo Estado em função da sua soberania, por meio de tributos, indenizações e restituições. As principais receitas derivadas são os impostos, as taxas, as contribuições e as penalidades pecuniárias aplicadas pelo Poder Público. 1.1.1.5 As receitas, quanto ao poder de tributar Classifica as receitas segundo o poder de tributar que compete a cada ente da Federação, considerando e distribuindo as receitas obtidas como pertencentes aos respectivos entes, quais sejam: governo Federal; governo Estadual; do Distrito Federal e municipal. União: impostos sobre a importação de produtos estrangeiros; sobre a exportação de produtos nacionais ou nacionalizados; sobre a renda e proventos de qualquer natureza; sobre produtos industrializados; sobre ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 11 crédito, câmbio e seguro, ou relativos a títulos ou valores mobiliários; sobre a propriedade rural; sobre grandes fortunas; outros impostos, não previstos na CF/1988, desde que não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos anteriores; taxas; contribuição de melhoria; empréstimo compulsório; contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico de interesse das categorias profissionais ou econômicas; estadual: impostos sobre a transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens e direitos; sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; sobre propriedade de veículos automotores; taxas; contribuição de melhoria; contribuições dos servidores estaduais para o custeio de seu sistema previdenciário e assistencial; municipal: impostos sobre a propriedade predial e territorial urbana; sobre a transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos de aquisição; sobre serviços de qualquer natureza, não compreendidos no campo de incidência dos serviços tributados por competência estadual; taxas, contribuição de melhoria; contribuições dos servidores municipais para o custeio do seu sistema previdenciário e assistencial. Distrito Federal: os impostos de competência estadual e municipal. É importante registrar que, por imposição constitucional, pertencem aos estados e municípios o produto do imposto de renda na fonte pagadora sobre os salários de seus servidores, bem como de serviços prestados. 1.1.2 Classificações legais da receita 1.1.2.1 A receita, quanto à sua categoria econômica A Lei nº 4.320/1964, em seu art. 11, classificou a receita orçamentária em duas categorias: receitas correntes e receitas de capital. Receitas correntes - são os recursos recebidos de outraspessoas de Direito Público ou de Direito Privado, quando destinados a atender a despesas ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 12 classificáveis em despesas correntes. As receitas orçamentárias correntes são arrecadadas dentro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades financeiras do Estado, em geral com efeito positivo sobre o patrimônio líquido e constituem instrumento para financiar os objetivos definidos nos programas e ações orçamentários, com vistas a satisfazer finalidades públicas. De acordo com o § 1º do art. 11 dessa Lei, as receitas correntes se dividem em: tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuárias, industrial, de serviços, de transferências correntes e outras receitas correntes. Receitas de capital - são recursos recebidos de outras pessoas de Direito Público ou de Direito Privado destinados a atender despesas classificáveis em despesas de capital e ainda ao superávit do orçamento corrente. As receitas orçamentárias de capital também aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento dos programas e ações orçamentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas. Porém, de forma diversa das receitas correntes, as receitas de capital em geral não provocam efeito sobre o patrimônio líquido (§ 2º do art. 11 da Lei nº 4.320/1964, com redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.939/1982). Exemplo: alienação de bens, operações de crédito e amortização da dívida. CÓDIGO CATEGORIA ECONÔMICA 1 Receitas Correntes 2 Receitas de Capital 1.1.2.2 Classificação por fonte de receita 1.1.2.2.1 As receitas correntes, por fonte Segundo James Giacomoni, ao citar que a base legal para esta classificação é o art. 2º, da Lei nº 4.320/1964, define: "São fontes de receitas todas as representadas pelas contas analíticas e sintéticas em que se subdividem as receitas correntes e de capital". A Lei nº 4.320/1964, no seu art. 11, § 1º combinando com o § 4º, estabelece que a classificação da receita corrente deve obedecer ao seguinte esquema: ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 13 1 - receita tributária; 2 - receita de contribuições; 3 - receitas patrimoniais; 1 - Receitas correntes 4 - receita agropecuária; 5 - receita industrial; 6 - receita de serviços; 7 - transferências correntes; e 8 - outras receitas correntes A Lei Complementar nº 4.320/1964 não definiu os conceitos das origens de receitas correntes ou de capital, como, por exemplo, das receitas tributárias, de contribuições, de alienações etc. Esses conceitos, bem como a classificação da natureza da receita, são atualmente estabelecidos no Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público - Parte I (Procedimentos Contábeis Orçamentários) através da Portaria Conjunta STN/SOF nº 02/2012, 5ª edição. 1) Receita Corrente – Tributária: são os ingressos provenientes da arrecadação das receitas de impostos, taxas e contribuições de melhoria. É uma receita privativa das entidades competentes para tributar: União, estados, Distrito Federal e os municípios, nos termos fixados em lei, sem contraprestação direta, sendo destinadas ao custeio das atividades ou serviços de competência do setor público. O art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN) define tributo da seguinte forma: "Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada". O art. 4º do CTN preceitua que a natureza específica do tributo, ao contrário de outros tipos de receita, é determinada pelo fato gerador, sendo irrelevante para caracterizá-lo: I - a sua denominação; e II - a destinação legal do produto de sua arrecadação. O art. 5º do CTN e os incisos I, II e III do art. 145 da CF/88 tratam das espécies tributárias impostos, taxas e contribuições de melhoria. a) Impostos: segundo o art. 16 do CTN, são espécies tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação direta ou imediata pelo pagamento. O art. 167 da CF/1988 proíbe, salvo em algumas exceções, a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa. Os impostos estão enumerados na CF/1988, ressalvando-se unicamente a ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 14 possibilidade de utilização, pela União, da competência residual prevista no art. 154, I, e da competência extraordinária, no caso dos impostos extraordinários de guerra prevista no inciso II do mesmo artigo, de acordo com o princípio da não afetação da receita. b) Taxas: as taxas cobradas pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, no âmbito das respectivas atribuições, são, também, espécie de tributo na classificação orçamentária da receita, tendo, como fato gerador, o exercício regular do poder de polícia administrativa, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição (art. 77 do CTN). Neste contexto, taxas são tributos vinculados porque o aspecto material do fato gerador é a prestação estatal específica diretamente referida ao contribuinte, em forma de contraprestação de serviços. Porém, podem ser tributos de arrecadação não vinculada, pois as receitas auferidas por meio das taxas não se encontram afetas a determinada despesa, salvo se a lei que instituiu o referido tributo assim determinou. A taxa está sujeita ao princípio constitucional da reserva legal e, sob a ótica orçamentária, classificam-se em: Taxas de Fiscalização e Taxas de Serviços. - Taxas de fiscalização ou de poder de polícia: são definidas em lei e têm como fato gerador o exercício do poder de polícia, poder disciplinador, por meio do qual o Estado intervém em determinadas atividades, com a finalidade de garantir a ordem e a segurança. A definição de poder de polícia está disciplinada pelo art. 78 do CTN: "Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito á propriedade e aos direitos individuais e coletivos". - Taxas de serviço público: são as que têm como fato gerador a utilização de determinados serviços públicos, sob ponto de vista material e formal. Nesse contexto, o serviço é público quando estabelecido em lei e prestado pela Administração Pública, sob regime de direito público, de forma direta ou indireta. A relação jurídica, nesse tipo de serviço, é de verticalidade, ou seja, o Estado atua com supremacia sobre o particular. É receita derivada e os serviços têm que ser específicos e divisíveis. Conforme o art. 77 do CTN: ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 15 "Os serviços públicos têm que ser específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte, ou colocados à sua disposição". Para que a taxa seja cobrada, não há necessidade de o particular fazer uso do serviço, basta que o Poder Público coloque tal serviço à disposição do contribuinte. a) Contribuição de melhoria: é espécie de tributo na classificação da receita orçamentária e tem como fato gerador valorização imobiliária que decorra de obras públicas, contanto que haja nexo causal entre a melhoria havida e a realização de obra pública. De acordo com o art. 81 do CTN: "A contribuição de melhoria cobrada pela União, Estados, pelo distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída parafazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado". 2) Receita Corrente – Contribuições: segundo a classificação orçamentária, contribuições são originadas de categoria econômica Receitas Correntes. O art. 149 da Magna Carta estabelece competir exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de atuação nas respectivas áreas, e o § 1º do artigo em comento estabelece que estados, Distrito Federal e municípios poderão instituir contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefícios destes, de regimes de previdência de caráter contributivo e solidário. As contribuições classificam-se nas seguintes espécies: a) Contribuições Sociais: classificada como espécie de contribuição, por força da Lei nº 4.320/64, a Contribuição Social é tributo vinculado a uma atividade Estatal que visa atender aos direitos sociais previstos na Constituição Federal. Pode-se afirmar que as contribuições sociais atendem a duas finalidades básicas: seguridade social (saúde, previdência e assistência social) e outros direitos sociais como, por exemplo: o salário educação. A competência para instituição das contribuições sociais é da União, exceto das contribuições dos servidores estatutários dos estados, Distrito Federal e municípios, que são instituídas pelos mesmos. As contribuições sociais estão sujeitas ao princípio da anterioridade nonagesimal, o que significa dizer que apenas poderão ser cobradas noventa dias após a publicação da lei que as instituiu ou ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 16 majorou. b) Contribuições de intervenção no domínio econômico: a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE é tributo classificado no orçamento público como uma espécie de contribuição que atinge um determinado setor da economia, com finalidade qualificada em sede constitucional – intervenção no domínio econômico – instituída mediante um motivo específico. Essa intervenção se dá pela fiscalização e atividades de fomento, como por exemplo, desenvolvimento de pesquisas para crescimento do setor e oferecimento de linhas de crédito para expansão da produção. Exemplo de contribuição de intervenção no domínio econômico é o Adicional sobre Tarifas de Passagens Aéreas Domésticas, que são voltadas à suplementação tarifária de linhas aéreas regionais de passageiros, de baixo e médio potencial de tráfego. c) Contribuição de interesse das categorias profissionais ou econômicas: espécie de contribuição que se caracteriza por atender a determinadas categorias profissionais ou econômicas, vinculando sua arrecadação às entidades que as instituíram. Não transitam pelo Orçamento da União. Essas contribuições são destinadas ao custeio das organizações de interesse de grupos profissionais, como, por exemplo: OAB, CREA, CRM e assim por diante. Visam também ao custeio dos serviços sociais autônomos prestados no interesse das categorias, como SESI, SESC e SENAI. É preciso esclarecer que existe uma diferença entre as contribuições sindicais aludidas acima e as contribuições confederativas. Conforme esclarece o art. 8º da Constituição Federal: "art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...) IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei." Assim, há a previsão constitucional de uma contribuição confederativa, fixada pela assembleia geral da categoria, e uma outra contribuição, prevista em lei, que é a contribuição sindical. A primeira não é tributo, pois será instituída pela assembleia geral e não por lei. A segunda é instituída por lei, portanto compulsória, e encontra sua regra matriz no art. 149 da Constituição Federal, possuindo assim natureza de tributo. b) Contribuição de iluminação pública: instituída pela Emenda Constitucional nº 39, ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 17 de 19 de dezembro de 2002, que acrescentou o art. 149-A a Constituição Federal. Possui a finalidade de custear o serviço de iluminação pública. A competência para instituição é dos municípios e do Distrito Federal. "art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica." Municípios e o Distrito Federal, a partir dessa autorização constitucional, iniciaram a regulamentação por Lei Complementar, visando a dar eficácia plena ao citado artigo 149-A da Constituição da República Federativa do Brasil. 3) Receita Corrente – Patrimonial: são receitas oriundas da aplicação de recursos ou utilização de bens do Estado ou da exploração direta, por ele, de atividades produtivas ou comerciais. Quanto à procedência, trata-se de receitas originárias. Podemos citar como espécie de receita patrimonial as compensações financeiras, concessões e permissões, dentre outras. Compensações Financeiras: a receita de compensação financeira tem origem na exploração do patrimônio do Estado, que é constituído por recursos minerais, hídricos, florestais e outros, definidos no ordenamento jurídico. Tais compensações são devidas à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, de acordo com o disposto na legislação vigente, como forma de participação no resultado dessa exploração. Elas têm como finalidade recompor financeiramente os prejuízos ou danos causados (externalidades negativas) pela atividade econômica na exploração desses bens, assim como proporcionar meio de remunerar o Estado pelos ganhos obtidos por essa atividade. De acordo com o art. 20, § 1º da Constituição Federal: "É assegurada, nos termos da lei, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração." 4) Receita Corrente – Agropecuária: são receitas originárias, com o Estado ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 18 atuando como empresário, em pé de igualdade como o particular, ou seja, decorrem da exploração econômica, por parte do ente público, de atividades agropecuárias, tais como a venda de produtos: agrícolas (grãos, tecnologias, insumos etc.); pecuários (sêmens, técnicas em inseminação, matrizes etc.); para reflorestamento e etc. 5) Receita Corrente – Industrial: são receitas originárias, provenientes das atividades industriais exercidas pelo ente público. Encontram-se nessa classificação receitas provenientes de atividades econômicas, tais como: da indústria extrativa mineral; da indústria de transformação; da indústria de construção; e outras receitas industriais de utilidade pública. 6) Receita Corrente – Serviços: são receitas decorrentes das atividades econômicas na prestação de serviços por parte do ente público, tais como: comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares, armazenagem, serviços recreativos, cultuais, etc. Tais serviços são remunerados mediante preço público, também chamado de tarifa. Exemplos de naturezas orçamentárias de receita dessa origem são os seguintes: Serviços Comerciais; Serviçosde Transporte; Serviços Portuários etc.. 7) Receita Corrente – Transferências Correntes: na ótica orçamentária, são recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas de manutenção ou funcionamento (correntes) relacionadas a uma finalidade pública específica, mas que não correspondam a uma contraprestação direta em bens e serviços a quem efetuou a transferência. Nas Transferências Correntes, podemos citar como exemplos as seguintes espécies: Transferências de Convênios: recursos oriundos de convênios, com finalidade específica, firmados entre entidades públicas de qualquer espécie, ou entre elas e organizações particulares, para realização de objetivos de interesse comum dos partícipes e destinados a custear despesas correntes. Transferências de Pessoas: compreendem as contribuições e doações que pessoas físicas realizem para a Administração Pública. 8) Receita Corrente – Outras Receitas Correntes: neste título, inserem-se multas e juros de mora, indenizações e restituições, receitas da dívida ativa e as outras receitas não classificadas nas receitas correntes anteriores. Podemos citar como exemplos as seguintes espécies, dentre outras: ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 19 Receitas de Multas: as multas também são um tipo de receita pública, de caráter não tributário, constituindo-se em ato de penalidade de natureza pecuniária aplicado pela Administração Pública aos administrados. Dependem, sempre, de prévia cominação em lei ou contrato, cabendo sua imposição ao respectivo órgão competente (poder de polícia). Conforme prescreve o §4º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964, as multas classificam-se como “outras receitas correntes”. Podem decorrer do descumprimento de preceitos específicos previstos na legislação pátria, ou de mora pelo não pagamento das obrigações principais ou acessórias nos prazos previstos. Receitas da Dívida Ativa: são os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, exigíveis em virtude do transcurso do prazo para pagamento. Este crédito é cobrado por meio da emissão de certidão de dívida ativa da Fazenda pública da União, inscrita na forma da lei, com validade de título executivo. Isso confere à certidão da dívida ativa caráter líquido e certo, embora se admita prova em contrário. Dívida ativa tributária é o crédito da Fazenda Pública proveniente da obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais, atualizações monetárias, encargos e multas tributárias. Dívida ativa não tributária corresponde aos demais créditos da Fazenda Pública. 1.1.2.2.2 As receitas de capital, por fonte Definidas como o meio financeiro proveniente de constituição de dívidas, da conversão em espécie de bens e direitos, assim como os recursos recebidos de outras pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, destinadas, precipuamente, a atender gastos classificáveis como despesas de capital: 1 - operações de crédito; 2 - alienação de bens; 2 - Receitas de capital 3 - amortização de empréstimos; 4 - transferências de capital; 5 - outras receitas de capital. 1) Receita de Capital – Operações de crédito internas ou externas: são recursos financeiros oriundos da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos a longo prazo, obtidas junto a entidades públicas ou privadas, internas ou externas, destinados ao atendimento de desequilíbrios orçamentários ou ao ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 20 financiamento de empreendimentos públicos (também chamadas operações de crédito orçamentário). 2) Receita de Capital – Alienação de bens: são ingressos financeiros com origem específica na classificação orçamentária da receita proveniente da alienação de bens móveis ou imóveis de propriedade do ente público, ou seja, são provenientes da venda de bens públicos móveis, imóveis ou semoventes. Nos termos do artigo 44 da LRF, é vedada a aplicação da receita de capital decorrente da alienação de bens e direitos que integrem o patrimônio público, para financiar despesas correntes, salvo as destinadas por lei aos regimes previdenciários geral e próprio dos servidores públicos. 3) Receita de Capital – Amortização de empréstimos: são ingressos financeiros relativos ao principal e respectivas atualizações monetárias referentes a empréstimos concedidos pelo ente público em títulos e contratos a terceiros. Na classificação orçamentária da receita são receitas de capital, origem específica "amortização de empréstimos concedidos" e representam o retorno de recursos anteriormente emprestados pelo poder público. Embora a amortização de empréstimos seja origem da categoria econômica "Receitas de Capital", os juros recebidos, associados a esses empréstimos, são classificados em "Receitas Correntes/de Serviços/Serviços Financeiros". 4) Receita de Capital – Transferências de capital: na ótica orçamentária, são recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado e destinados para atender despesas em investimentos ou inversões financeiras (despesas de capital), a fim de satisfazer finalidade pública específica; sem corresponder, entretanto, a contraprestação direta ao ente transferidor. Os recursos da transferência ficam vinculados à finalidade pública e não a pessoa. Podem ocorrer a nível intragovernamental (dentro do âmbito de um mesmo governo) ou intergovernamental (governos diferentes, da União para estados, do estado para os municípios, por exemplo), assim como recebidos de instituições privadas (do exterior e de pessoas). 5) Receita de Capital – Outras transferências de capital: são classificadas nessa origem as receitas de capital que não atendem às especificações anteriores; ou seja, na impossibilidade de serem classificadas nas origens anteriores. ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 21 1.1.2.3 Classificação institucional A classificação institucional da receita objetiva identificar as entidades ou unidades orçamentárias que, respondendo pela arrecadação, são detentoras das receitas. O fundamento legal da classificação está na disposição constitucional, que estabelece que o orçamento fiscal e o da seguridade social se referem aos poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da Administração direta e indireta. Na União, a classificação institucional da receita se divide em: recursos do Tesouro - são as receitas arrecadadas e administradas pelo Tesouro, compreendendo os impostos, taxas, contribuições e demais valores cuja arrecadação e movimentação são da responsabilidade do Tesouro. São subdivididos em recursos ordinários e recursos vinculados. receitas diretamente arrecadadas por órgãos, unidades e fundos da administração direta - são os recursos próprios dos órgãos que podem ser arrecadados por eles mesmos ou pelo Tesouro; receitas de órgãos, unidades e fundos da administração indireta - são as receitas das autarquias, fundações públicas, empresas públicas e os fundos que integram o orçamento, mesmo dependente de transferência de recursos do Tesouro. 1.1.2.4 Classificação por fonte de recursos A classificação da receita por fontes de recursos não está prevista na Lei nº 4.320/1964. Hoje esta classificação da receita é encontrada na 5ª edição do Manual da Receita pública (Portaria º 002/2012 - STN/SOF) 1. recursos do Tesouro - exercício corrente; 2. recursos de outras fontes - exercício corrente; 3. recursos do Tesouro - exercícios anteriores; 6. recursos de outras fontes - exercícios anteriores; 9. recursos condicionados. Os grupos das fontes de recursos 1 e 2 representam os recursos arrecadados no exercício, e os grupos 3 e 6 evidenciam as arrecadações de ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 22 exercícios anteriores. O grupo 9 são os recursos que estão nadependência de aprovação legal. A classificação por fontes de recursos é formada por três dígitos, sendo o primeiro dígito identificador do grupo e os dois últimos identificam a fonte propriamente dita, conforme segue: 1 00 Especificação das fontes de recursos Grupos de fontes de recursos 1.2 CODIFICAÇÃO DA NATUREZA DE RECEITA O § 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/1964 define que os itens da discriminação da receita, mencionados no art. 11 dessa lei, serão identificados por números de código decimal. Convencionou-se denominar este código de natureza da receita. Importante destacar que essa classificação é utilizada por todos os entes da Federação e visa identificar a origem do recurso segundo o fato gerador: acontecimento real que ocasionou o ingresso da receita no cofre público. Assim, a natureza de receita é a menor célula de informação no contexto orçamentário para as receitas públicas; por isso, contém todas as informações necessárias para as devidas alocações orçamentárias. A fim de possibilitar identificação detalhada dos recursos que ingressam nos cofres públicos, esta classificação é formada por um código numérico de 8 dígitos que subdivide-se em seis níveis - 1º Nível: Categoria Econômica, 2º Nível: Origem, 3º Nível: Espécie, 4º Nível: Rubrica, 5º Nível: Alínea e 6º Nível: Subalínea: 1º Nível - Categoria Econômica - utilizado para mensurar o impacto das decisões do governo na economia nacional (formação de capital, custeio, investimentos etc.). É codificada e subdividida da seguinte forma: 1. Receitas correntes; 2. Receitas de capital; 7. Receitas correntes intraorçamentárias; 8. Receitas de capital intraorçamentárias. 2º Nível - Origem - identifica a procedência dos recursos públicos, em relação ao ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 23 fato gerador dos ingressos das receitas (derivada, originárias, transferências e outras). É a subdivisão das categorias econômicas, que tem por objetivo identificar a origem das receitas, no momento em que as mesmas ingressam no patrimônio público. No caso das receitas correntes, tal classificação serve para identificar se as receitas são compulsórias (tributos e contribuições), provenientes das atividades em que o Estado atua diretamente na produção (agropecuárias, industriais ou de prestação de serviços), da exploração do seu próprio patrimônio (patrimoniais), se provenientes de transferências destinadas ao atendimento de despesas correntes, ou ainda, de outros ingressos. No caso das receitas de capital, distinguem-se as provenientes de operações de crédito, da alienação de bens, da amortização dos empréstimos, das transferências destinadas ao atendimento de despesas de capital, ou ainda, de outros ingressos de capital. 3º Nível - Espécie - é o nível de classificação vinculado à origem, composto por títulos que permitem qualificar com maior detalhe o fato gerador dos ingressos de tais receitas. Por exemplo, dentro da origem Receita Tributária (receita proveniente de tributos), podemos identificar as suas espécies, tais como impostos, taxas e contribuições de melhoria (conforme definido na CF/1988 e no Código Tributário Nacional), sendo cada uma dessas receitas uma espécie de tributo diferente das demais. É a espécie de receita. 4º Nível - Rubrica - é o detalhamento das espécies de receita. A rubrica busca identificar dentro de cada espécie de receita uma qualificação mais específica. Agrega determinadas receitas com características próprias e semelhantes entre si. 5º Nível - Alínea - funciona como uma qualificação da rubrica. Apresenta o nome da receita propriamente dita e que recebe o registro pela entrada de recursos financeiros. 6º Nível - Subalínea - constitui o nível mais analítico da receita. Quando, por exemplo, o imposto de renda pessoa física é recolhido dos trabalhadores, aloca-se a receita pública correspondente na natureza de receita código "1112.04.10", segundo esquema a seguir: ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 24 Categoria Econômica Origem Espécie Rubrica Alínea Subalínea C O E R AA SS 1 1 1 2 04 10 Pessoas Físicas Impostos sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza Impostos sobre o Patrimônio e a Renda Impostos Receita Tributária Receita Corrente Como se depreende do nível de detalhamento apresentado, a classificação por natureza é a de nível mais analítico da receita; por isso, auxilia na elaboração de análises econômico-financeiras sobre a atuação estatal. O quadro abaixo está a relação resumida dos códigos da natureza das receitas conforme Portaria nº 437/2012 - Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - Volume de Anexos - 5ª edição. Código Descrição 1000.00.00 RECEITAS CORRENTES 1100.00.00 RECEITA TRIBUTÁRIA 1110.00.00 IMPOSTOS 1111.00.00 Impostos sobre o Comércio Exterior 1111.01.00 Imposto sobre a Importação 1111.02.00 Imposto sobre a Exportação 1112.00.00 Imposto sobre o Patrimônio e a Renda 1112.01.00 Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR 1112.02.00 Imposto sobre a Propriedade Predial Territorial Urbana - IPTU 1112.04.00 Impostos sobre Renda e Proventos de Qualquer Natureza 1112.04.10 Pessoas Físicas 1112.04.20 Pessoas Jurídicas 1112.05.00 Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores 1112.07.00 Imposto sobre Transmissão "Causa Mortis" e Doação de Bens e Direitos 1112.08.00 Imposto sobre Transmissão "Inter Vivos" de Bens Imóveis e Direitos Reais sobre Imóveis - ITBI ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 25 1113.00.00 Impostos sobre a Produção e a Circulação 1113.01.00 Imposto sobre Produtos Industrializados 1113.02.00 Imposto sobre Operações reativas à Circulação de Mercadorias sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS 1113.03.00 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativos a Títulos ou Valores Mobiliários 1113.05.00 Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza 1115.00.00 Impostos Extraordinários 1120.00.00 TAXAS 1121.00.00 Taxas pelo Exercício do Poder de Polícia 1122.00.00 Taxas pela Prestação de Serviços 1122.28.00 Taxa de Cemitérios 1122.90.00 Taxa de Limpeza Pública 1130.00.00 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 1130.01.00 Contribuição de Melhoria para Expansão da Rede de Água Potável e Esgoto Sanitário 1130.02.00 Contribuição de Melhoria para Expansão da Rede de Iluminação Pública na Cidade 1130.03.00 Contribuição de Melhoria para Expansão da Rede de Iluminação Pública Rural 1130.04.00 Contribuição de Melhoria para Pavimentação e Obras Complementares 1130.99.00 Outras Contribuições de Melhoria 1200.00.00 RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES 1210.00.00 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 1210.01.00 Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social 1220.00.00 CONTRIBUIÇÕES DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO 1230.00.00 CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA 1300.00.00 RECEITA PATRIMONIAL 1310.00.00 RECEITAS IMOBILIÁRIAS 1311.00.00 Alugueis 1315.00.00 Taxa de Ocupação de Imóveis 1315.10.00 Taxa de Ocupação de Terrenos da União 1315.20.00 Taxa de Ocupação de Imóveis Funcionais e Próprios Nacionais Residenciais 1315.30.00 Taxa de Ocupação de Outros Imóveis 1319.00.00 Outras Receitas Imobiliárias 1320.00.00 RECEITA DE VALORES MOBILIÁRIOS 1321.00.00 Juros de Títulos de Renda 1322.00.00 Dividendos 1323.00.00 Participações 1325.00.00 Remuneração de Depósitos Bancários 1326.00.00 Remuneração de Depósitos Especiais 1327.00.00 Remuneração de Saldos de Recursos não Desembolsados 1328.00.00Remuneração dos Investimentos do Regime Próprio de Previdência do Servidor 1330.00.00 RECEITA DE CONCESSÕES E PERMISSÕES 1340.00.00 COMPENSAÇÕES FINANCEIRAS 1340.01.00 Utilização de Recursos Hídricos - Itaipú 1340.02.00 Utilização de Recursos Hídricos - Demais Empresas 1340.03.00 Exploração de Recursos Mineras 1340.04.00 Royalties pela Exploração de Petróleo ou Gás Natural em Terra - Concessão 1340.05.00 Royalties pela Produção de Petróleo ou Gás Natural em Plataforma - Concessão ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 26 1340.06.00 Royalties Excedentes pela Produção de Petróleo ou Gás Natural em Terra - Concessão 1340.07.00 Royalties Excedentes pela Produção de Petróleo ou Gás Natural em Plataforma - Concessão 1340.08.00 Participação Especial pela Produção de Petróleo ou Gás Natural - Concessão 1340.09.00 Receita da Supressão Vegetal no Interior das Florestas Nacionais 1340.10.00 Receita pela Produção de Petróleo ou Gás Natural - Partilha de Produção 1350.00.00 RECEITA DECORRENTE DO DIREITO DE EXPLORAÇÃO DE BENS PÚBLICOS EM ÁREAS DE DOMINIO PÚBLICO 1351.00.00 Receita de Royalties e Participações pela Exploração do Patrimônio Genético 1352.00.00 Receita de Outorga a Título Oneroso das Atividades de Pesquisa e Lavra de Petróleo e Gás Natural 1360.00.00 RECEITA DE CESSÃO DE DIREITOS 1390.00.00 OUTRAS RECEITAS PATRIMONIAIS 1400.00.00 RECEITA AGROPECUÁRIA 1410.00.00 RECEITA DA PRODUÇÃO VEGETAL 1420.00.00 RECEITA DA PRODUÇÃO ANIMAL E DERIVADOS 1490.00.00 OUTRAS RECEITAS AGROPECUÁRIAS 1500.00.00 RECEITA INDUSTRIAL 1510.00.00 RECEITA DA INDÚSTRIA EXTRATIVA MINERAL 1520.00.00 RECEITA DA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO 1530.00.00 RECEITA DA INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO 1590.00.00 OUTRAS RECEITAS INDUSTRIAIS 1600.00.00 RECEITA DE SERVIÇOS 1600.02.00 Serviços Financeiros 1600.03.00 Serviços de Transporte 1600.04.00 Serviços de Comunicação 1600.05.00 Serviços de Saúde 1600.13.00 Serviços Administrativos 1600.13.01 Serviços de Inscrição em Concursos Públicos 1600.13.02 Serviços de Venda de Editais 1600.99.00 Outros Serviços 1700.00.00 TRANSFERÊNCIAS CORRENTES 1720.00.00 TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS 1721.00.00 Transferências da União 1721.01.00 Participação na Receita da União 1721.01.01 Cota-Parte do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal - FPE 1721.01.02 Cota-Parte do Fundo de Participação dos Municípios - FPM 1721.01.05 Cota-Parte do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR 1721.01.12 Cota-Parte do Imposto sobre Produtos Industrializados - Estados Exportadores de Produtos Industrializados 1721.01.13 Cota-Parte da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico 1721.01.32 Cota-Parte do Imposto sobre o Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - Comercialização do Ouro 1721.22.00 Transferência da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Naturais 1721.22.11 Cota-Parte da Compensação Financeira de Recursos Hídricos 1721.22.20 Cota-Parte da Compensação Financeira de Recursos Minerais - CFEM 1721.22.30 Cota-Parte Royalties - Compensação Financeira pela Produção de Petróleo - Lei nº 7.990/89 1721.22.40 Cota-Parte Royalties pelo Excedente da Produção do Petróleo - Lei nº 9.478/97 art. 49, I e II 1721.22.50 Cota-Parte Royalties pela Participação Especial - Lei nº 9.478/97 art. 50 ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 27 1721.22.70 Cota-Parte do Fundo Especial do Petróleo - FEP 1721.22.90 Outras Transferências decorrentes de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Naturais 1721.33.00 Transferência de Receitas do Sistema Único de Saúde - SUS - Repasse Fundo a Fundo 1721.34.00 Transferência de Receitas do Fundo Nacional de Assistência Social - FNAS 1721.35.00 Transferência de Recursos do Fundo Nacional da Educação - FNDE 1721.35.01 Transferências do Salário-Educação 1721.35.02 Transferências Diretas do FNDE referentes ao Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE 1721.35.03 Transferências Diretas do FNDE referentes ao Programa Nacional de Alimentação - PNAE 1721.35.04 Transferências Diretas do FNDE referentes ao Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar - PNATE 1721.35.99 Outras Transferências Diretas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação - FNDE 1721.36.00 Transferência Financeira do ICMS - Desoneração - LC nº 87/96 1721.37.00 Transferências a Consórcios Públicos 1721.99.00 Outras Transferências da União 1722.00.00 Transferências dos Estados 1722.01.00 Participação na Receita dos Estados 1722.01.01 Cota-Parte do ICMS 1722.01.02 Cota-Parte do IPVA 1722.01.04 Cota-Parte do IPI sobre Exportação 1722.01.13 Cota-Parte da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE 1722.01.99 Outras Participações na Receita dos Estados 1722.22.00 Transferência da Cota-Parte da Compensação Financeira (25%) 1722.33.00 Transferência de Recursos do Estado para Programas da Saúde - Repasse Fundo a Fundo 1722.37.00 Transferências a Consórcios Públicos 1722.99.00 Outras Transferências dos Estados 1723.00.00 Transferências dos Municípios 1723.01.00 Transferência dos Recursos do Sistema Único de Saúde - SUS 1723.37.00 Transferências a Consórcios Públicos 1723.99.00 Outras Transferências dos Municípios 1724.00.00 Transferências Multigovernamentais 1724.01.00 Transferências de Recursos do FUNDEB 1724.02.00 Transferências de Recursos da Complementação da União ao FUNDEB 1724.99.00 Outras Transferências Multigovernamentais 1730.00.00 TRANSFERÊNCIAS DE INSTITUIÇÕES PRIVADAS 1740.00.00 TRANSFERÊNCIAS DO EXTERIOR 1750.00.00 TRANSFERÊNCIAS DE PESSOAS 1760.00.00 TRANSFERÊNCIAS DE CONVÊNIOS 1761.00.00 Transferências de Convênios da União e suas Entidades 1762.00.00 Transferência de Convênios dos Estados e do Distrito Federal e de suas Entidades 1763.00.00 Transferência de Convênios dos Municípios e suas Entidades 1764.00.00 Transferências de Convênios de Instituições Privadas 1765.00.00 Transferências de Convênios do Exterior 1770.00.00 Transferências para o Combate à Fome 1900.00.00 OUTRAS RECEITAS CORRENTES 1910.00.00 MULTAS E JUROS DE MORA ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 28 1911.00.00 Multas e Juros de Mora dos Tributos 1911.01.00 Multa de Juros de Mora sobre a Importação 1911.02.00 Multas e Juros de Mora - Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza 1911.02.01 Multas e Juros de Mora do Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas 1911.02.02 Multas e Juros de Mora do Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas 1911.02.03 Multas e Juros de Mora do Imposto sobre a Renda Retido nas Fontes 1911.99.00 Multas e Juros de Mora de Outros Tributos 1912.00.00 Multas e Juros de Mora das Contribuições 1913.00.00 Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa Tributos 1913.11.00 Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa IPTU 1913.12.00 Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa ITBI 1913.13.00 Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa ISSQN 1913.35.00 Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa Taxa da Vigilância Sanitária 1913.98.00 Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa Contribuições de Melhoria 1913.99.00 Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa Outros Tributos 1914.00.00 Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa das Contribuições 1915.00.00 Multas e Juros de Mora da Dívida Ativa de Outras Receitas 1918.00.00 Multas e Juros de Mora de Outras Receitas 1919.00.00 Multas de Outras Origens 1920.00.00 INDENIZAÇÕES E RESTITUIÇÕES 1921.00.00 Indenizações 1922.00.00 Restituições 1930.00.00RECEITA DA DÍVIDA ATIVA 1931.00.00 Receita da Dívida Ativa Tributária 1931.11.00 Receita da Dívida Ativa do IPTU 1931.12.00 Receita da Dívida Ativa do ITBI 1931.13.00 Receita da Dívida Ativa do ISSQN 1931.35.00 Receita da Dívida Ativa Taxa de Fiscalização Sanitária 1931.98.00 Receita da Dívida Ativa das Contribuições de Melhorias 1931.99.00 Receita da Dívida Ativa de Outros Tributos 1932.00.00 Receita da Dívida Ativa não Tributária 1932.11.00 Receita da Dívida Ativa de Alugueis 1932.12.00 Receita da Dívida Ativa de Foros 1932.13.00 Receita da Dívida Ativa de Taxa de Ocupação 1932.14.00 Receita da Dívida Ativa de Arrendamento 1932.15.00 Receita da Dívida Ativa de Laudêmios 1932.16.00 Receita da Dívida Ativa de Outras Contribuições 1932.99.00 Receita da Dívida Ativa Não Tributária de Outras Receitas 1990.00.00 RECEITAS DIVERSAS 2000.00.00 RECEITAS DE CAPITAL 2100.00.00 OPERAÇÕES DE CRÉDITO 2110.00.00 OPERAÇÕES DE CRÉDITO INTERNOS 2111.00.00 Títulos de Responsabilidade do Tesouro 2112.00.00 Obrigações do Fundo Nacional Desenvolvimento - FND 2113.00.00 Empréstimos Compulsórios 2114.00.00 Operações de Crédito Internos - Contratuais ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 29 2114.01.00 Operações de Crédito Internos para Programas de Educação 2114.02.00 Operações de Crédito Internos para Programas de Saúde 2114.03.00 Operações de Crédito Internos para Programas de Saneamento Básico 2114.04.00 Operações de Crédito Internos para Programas de Meio Ambiente 2114.05.00 Operações de Crédito Internos para Programas de Modernização da Administração Pública 2114.06.00 Operações de Crédito Internos para Refinanciamento da Dívida Contratual 2114.07.00 Operações de Crédito Internos para Programas de Moradia Popular 2114.99.00 Outras Operações de Crédito Internos - Contratuais 2119.00.00 Outras Operações de Crédito Internos 2120.00.00 OPERAÇÕES DE CRÉDITO EXTERNOS 2122.00.00 Títulos de Responsabilidade do Tesouro 2123.00.00 Operações de Crédito Externos - Contratuais 2129.00.00 Outras Operações de Crédito Externos 2200.00.00 ALIENAÇÃO DE BENS 2210.00.00 ALIENAÇÃO DE BENS MÓVEIS 2220.00.00 ALIENAÇÃO DE BENS IMÓVEIS 2300.00.00 AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS 2400.00.00 TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL 2420.00.00 TRANSFERÊNCIAS INTERGOVERNAMENTAIS 2421.00.00 Transferências da União 2422.00.00 Transferências dos Estados 2423.00.00 Transferências dos Municípios 2430.00.00 TRANSFERÊNCIAS DE INSTITUIÇÕES PRIVADAS 2440.00.00 TRANSFERÊNCIAS DO EXTERIOR 2450.00.00 TRANSFERÊNCIAS DE PESSOAS 2460.00.00 TRANSFERÊNCIAS DE OUTRAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS 2470.00.00 TRANSFERÊNCIAS DE CONVÊNIOS 2480.00.00 TRANSFERÊNCIAS PARA O COMBATE À FOME 2500.00.00 OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL 2520.00.00 INTEGRALIZAÇÃO DE CAPITAL SOCIAL 2550.00.00 RECEITA DA DÍVIDA ATIVA PROVENIENTE DE AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS 2590.00.00 OUTRAS RECEITAS 5000.00.00 TRANSFERÊNCIAS FINANCEIRAS RECEBIDAS 5100.00.00 Repasses Recebidos 5100.01.00 Câmara Municipal 7000.00.00 RECEITAS CORRENTES INTRA-ORÇAMENTÁRIAS 7100.00.00 RECEITA TRIBUTÁRIA INTRA-ORÇAMENTÁRIA 7200.00.00 RECEITAS DE CONTRIBUIÇÕES INTRA-ORÇAMENTÁRIAS 7210.00.00 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS - INTRA-ORÇAMENTÁRIAS 7300.00.00 RECEITA PATRIMONIAL INTRA-ORÇAMENTÁRIA 7400.00.00 RECEITA AGROPECUÁRIA INTRA-ORÇAMENTÁRIA 7500.00.00 RECEITA INDUSTRIAL INTRA-ORÇAMENTÁRIA 7600.00.00 RECEITA DE SERVIÇOS INTRA-ORÇAMENTÁRIOS 7900.00.00 OUTRAS RECEITAS CORRENTES INTRA-ORÇAMENTÁRIAS 8000.00.00 RECEITAS DE CAPITAL INTRA-ORÇAMENTÁRIAS 8100.00.00 OPERAÇÕES DE CRÉDITO - OPERAÇÕES INTRA-ORÇAMENTÁRIOS ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 30 8200.00.00 ALIENAÇÃO DE BENS - OPERAÇÕES INTRA-ORÇAMENTÁRIAS 8300.00.00 AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS - OPERAÇÕES INTRA-ORÇAMENTÁRIAS 8500.00.00 OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL - OPERAÇÕES INTRA-ORÇAMENTÁRIAS 9000.00.00 DEDUÇÕES DA RECEITA CORRENTE 9112.05.00 Dedução da Receita de IPVA para a formação do FUNDEB 9113.02.00 Dedução da Receita de ICMS para a formação do FUNDEB 9721.01.00 Dedução da Receita de Transferências da União 9712.01.01 Dedução da Receita para Formação do FUNDEB - FPE 9712.01.02 Dedução da Receita do FPM - FUNDEB e Redutor Financeiro 9712.01.05 Dedução da Receita para Formação do FUNDEB - ITR 9721.01.12 Dedução da Receita para Formação do FUNDEB - IPI Exportação 9721.36.00 Dedução da Receita para Formação do FUNDEB - ICMS Desoneração - LC nº 87/1996 9722.01.00 Dedução das Receitas de Transferência dos Estados 9722.01.01 Dedução da Receita para Formação do FUNDEB - ICMS 9722.01.02 Dedução da Receita para Formação do FUNDEB - IPVA 9722.01.04 Dedução da Receita para Formação do FUNDEB - IPI Exportação 1.3 ESTÁGIOS DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA A realização da receita pública é feita mediante processo técnico- administrativo que envolve uma série de atividades, desenvolvidas pelos órgãos de planejamento, execução e controle dos entes governamentais, agrupadas em quatro estágios ou fases, que são: previsão (fase de planejamento a receita), lançamento, arrecadação e recolhimento (fases da execução da receita), definidos na forma descrita a seguir: 1.3.1 Previsão A previsão da receita, também conhecida como receita orçada, é a estimativa de quanto se espera arrecadar durante o exercício financeiro. Com base na estimativa da receita, o governo planeja e define os gastos que comporão a Lei Orçamentária Anual (LOA). A previsão começa com as definições das estimativas da receita, no momento de elaboração da proposta da LOA, e encerra-se com o lançamento fiscal. A LRF trouxe, em seu art. 12, algumas regras que deverão ser adotadas quando da elaboração da previsão da receita: observarão das normas técnicas e legais; observarão as indicações contidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) respectiva; ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 31 considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante; e serão acompanhadas de demonstrativo de evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, bem como da metodologia utilizada e das premissas utilizadas. 1.3.2 Lançamento Em conformidade com o art. 52 da Lei nº 4.320/1964, as receitas previstas, referentes a impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamentos ou contratos, sofrerão lançamentos. Ainda o art. 53, da citada lei, define lançamento como "ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta". Porém, alguns autores, dentre eles Giacomoni, 2005, entendem que esses arts. se tornaram ultrapassados, pela maior amplitude dada pelo art. 142 e seguintes, da Lei nº 5.172/1966, que regula com maior amplitude a fase de lançamento, conforme segue: "Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível." Contudo, para efeitos de concurso, é bom conhecer as definições constantes dos arts. 52 e 53 da lei citada. Assim, o estágio do lançamento consiste no procedimento administrativo em que se verifica a procedência do crédito fiscal, quem e quando se deve pagar e inscreve em débito o contribuinte, ou seja, corresponde ao ato praticado pelos agentesda repartição competente referente à verificação da procedência do crédito fiscal e a pessoa física ou jurídica que lhe é devedora, inscrevendo-o no Sistema Orçamentário do respectivo ente da Federação, mediante lançamentos contábeis específicos. O procedimento do lançamento é feito após qualificação e reconhecimento da matéria como tributável; realização do cálculo do imposto; identificação do sujeito passivo; e notificação. O Código Tributário Nacional (CTN) prevê as seguintes modalidades ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 32 de lançamento: lançamento direto ou de ofício - é o unilateralmente feito pela autoridade administrativa; lançamento por declaração ou misto - é feito pela autoridade administrativa com a colaboração do contribuinte ou de uma terceira pessoa obrigada por lei a prestar informações; lançamento por homologação ou autolançamento - é feito diretamente pelo próprio contribuinte, sendo verificado, posteriormente, pela Administração Pública. As importâncias relativas a tributos, multas e outros créditos da Fazenda Pública, lançadas mas não cobradas ou não recolhidas no exercício de origem, constituem dívida ativa a partir de sua inscrição pela repartição competente. A dívida ativa compreende os créditos líquidos e certos que a Fazenda Pública tem a receber de terceiros. Portanto, pode-se concluir que somente as receitas tributárias apresentarão o lançamento como estágio da receita; conquanto isso torne compreensível o posicionamento de alguns doutrinadores, sobre o lançamento não ser um estágio da receita, deve-se levar em conta, para efeito de concurso, o posicionamento das bancas examinadoras que entendem que dentre as receitas orçamentárias a mais expressiva é a receita de tributos - impostos, taxas e contribuições - admitindo-se, portanto, falar em lançamento como estágio da receita. 1.3.3 Arrecadação A arrecadação e o recolhimento são estágios de execução da receita. A arrecadação é o momento em que os contribuintes comparecem perante os agentes arrecadadores, tesoureiros, coletores ou por terceiros, credenciados pelo Estado, como os estabelecimentos bancários e realizam o pagamento dos seus tributos ou outros débitos para com o Estado. Considerando que o art. 35 da Lei nº 4.320/1964 define que pertencem ao exercício financeiro as receitas nele legalmente arrecadadas, conclui- se que é no momento da arrecadação que se inicia a realização da receita. Dessa forma, em atendimento ao regime de caixa adotado pela contabilidade pública para ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 33 o registro da receita, somente no momento da arrecadação, segundo estágio da receita, é que deverá ocorrer a sua contabilização. A contabilidade pública apresenta diversas particularidades, dentre as quais, podemos citar o regime contábil misto, desta forma adota-se o regime de caixa para a receita e o regime de competência para a despesa. No âmbito do estudo da receita é importante saber que diferentemente da contabilidade privada, a contabilidade pública adota o regime de caixa para a receita, e que a inscrição da dívida ativa constitui exceção ao regime de caixa da receita. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. 1.3.4 Recolhimento Consiste na entrega do produto da arrecadação pelos agentes arrecadadores, públicos ou privados, diretamente aos cofres públicos constituídos por contas bancárias mantidas pelo ente público em banco oficial. O recolhimento de todas as receitas deve ser feito com a observância do princípio da unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para a criação de caixas especiais (art. 56 da Lei nº 4.320/1964). A realização efetiva da receita pública dá-se no instante do recolhimento ao Tesouro, pelos agentes arrecadadores, públicos ou privados, dos valores financeiros disponíveis na rede de arrecadação. Todavia, o registro da receita orçamentária é procedido no momento da arrecadação. 1.3.5 Dívida ativa (art. 39 da Lei nº 4.320/1964 e Portaria nº 564/2004 da STN) A dívida ativa constitui-se em um conjunto de direitos ou créditos de natureza tributária ou não tributária, em favor da Fazenda Pública, com prazos estabelecidos na legislação pertinente, vencidos e não pagos pelos devedores, ou seja, são os créditos da Fazenda exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento. Dívida ativa são os créditos da Fazenda Pública, vencidos e não arrecadados. Dívida ativa tributária: é o crédito da Fazenda Pública, proveniente da obrigação ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 34 legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas. Dívida ativa não tributária: são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios; contribuições estabelecidas em lei; multas de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias; foros, laudêmios; alugueis ou taxas de ocupação; custas processuais; preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos; indenizações; reposições; alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca, aval ou outras garantias de contratos em geral ou de outras obrigações legais. Esses créditos somente serão inscritos, na forma da legislação própria, como dívida ativa depois de apurada a sua liquidez e certeza. Essa certeza não é absoluta, é relativa, ou seja, admite prova em contrário por parte do sujeito passivo, contribuinte de fato ou de direito. O § 5º do art. 39 da Lei nº 4.320/1964 determina que a dívida ativa será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional e por força da CF/1988, na União a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN - é responsável pela apuração da liquidez e certeza dos créditos da União tributários ou não; já a LC nº 73 atribuiu aos órgãos jurídicos das autarquias e fundações públicas a mesma competência em relação a sua dívida ativa. A inscrição da dívida ativa é um fato de natureza extraorçamentária e provoca aumento no patrimônio líquido representado por uma conta de variação patrimonial aumentativa, como uma superveniência ativa (acréscimo patrimonial). Na demonstração das variações patrimoniais - DVP, a inscrição da dívida ativa é classificada do lado das variações ativas, no grupo de receitas extraorçamentárias, subgrupo das interferências ativas, na conta acréscimo patrimonial. Depois de inscrita a dívida ativa na respectiva repartição pública, esse direito poderá ser recebido ou cancelado. Caso a dívida ativa seja recebida, ela será escriturada como receita orçamentária corrente em rubrica própria, mais precisamente como "Outras Receitas Correntes", desdobradas em tributárias e não tributárias. Em decorrência do recebimento da receita da dívida ativa será necessário registrar a baixa do direito, cujo título é divida ativa - a baixa desse direito será um fato orçamentário, uma mutação patrimonial. ORÇAMENTO PÚBLICO Profª Amanda Cristina Lisot 35 Caso ocorra o cancelamento, anistia, ou quaisquer outros valores que representem diminuição dos valores originalmente inscritos em dívida ativa, mas não decorram do efetivo recebimento, o direito será baixado como desincorporação extraorçamentária, provocando redução no patrimônio líquido representado por uma conta de variação patrimonial diminutiva, ou seja, um decréscimo patrimonial. Vamos demonstrar o processo da dívida ativa de forma prática para facilitar o entendimento: 1º - Demonstração do patrimônio antes de qualquer fato relativo à dívida ativa: ATIVO PASSIVO Bens 100,00 Obrigações 50,00 Direitos 50,00 Patrimônio 100,00 Outros Direitos 50,00 TOTAL 150,00 TOTAL 150,00 2º - Inscrição da
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