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Ação declaratória de inexistencia de debito

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AO JUÍZO DA XXX VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ
MARIA LUÍSA DA SILVA, brasileira, solteira, professora, residente e domiciliada na Rua xxx, nº xxx, bairro xxx, Campos dos Goytacazes/RJ, vem à presença de Vossa Excelência, por meio do seu advogado, ajuizar o presente:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C COM OBRIGAÇÃO DE FAZER POR DANO MORAL
em face de LEADER CARD, inscrito no CNPJ sob nº xxx. Sediado na Rua xxx, nº xxx, bairro xxx, pelos seguintes fatos e fundamentos:
I – GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
A autora requer o beneficio da Gratuidade de Justiça, na forma do artigo 98, do CPC, uma vez que não possui condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do sustento próprio, conforme a declaração de hipossuficiência em anexo. Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e pelo artigo 98 do CPC, o deferimento da gratuidade de justiça é medida que se impõe.
II – DOS FATOS
A autora em 20/02/2020 esteve na LOJA ABC LTDA, situada na Rua Pereira Nunes, 07, Centro, Campos dos Goytacazes/RJ, para adquirir uma TV Led 42”, através do crediário próprio.
Dirigindo se ao caixa para finalizar a compra, foi informada pela atendente que não seria possível a venda a prazo através do crediário, pois constava restrição em seu nome junto ao SPC e SERASAem razão de débito com a administradora de cartões Leader Card. 
A autora ao sair da loja, logo seguiu para CDL de Campos de Campos dos Goytacazes/RJ e fez uma consulta em seu CPF, tendo constado uma restrição referente ao mês de dezembro de 2019, no valor de R$ 2.000,00, referente a débito inscrito pela Leader Card. 
Ao juízo vem requerer as pretensões que serão aduzidas a seguir: 
III – MÉRITO
No presente caso, tem-se de forma nítida a relação consumerista caracterizada, conforme redação do Código de defesa do Consumidor:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
	A conduta perpetrada em inscrever o nome da autora nos órgãos de proteção ao crédito (SPC e SERASA), onde a autora sequer pediu pelo serviço do cartão de crédito e tampouco utilizou este cartão referente a ré, no qual mostra nitidamente a falha no fato do serviço, na forma do artigo 14, do CDC.
Sendo assim, a ré cometeu um ato ilícito conforme o artigo 186, Código Civil/02, agindo de forma contrária vontade da autora, causando lhe um constrangimento que configura dano, onde excederam os seus limites ao negativar o nome da a autora sem a mesma saber.
Além disso, a conduta que a ré adotou trouxe para a autora constrangimentos a sua imagem, como uma má pagadora diante de outra empresa, violando a sua imagem de acordo com o artigo 5º, X, CF/88 e assim também ferindo a honra e reputação da autora. 
Diante do cenário apresentado, pode se ver nitidamente que a ré é causadora de dano moral a autora, diante que correspondem aos um dos requisitos do artigo 927, Código Civil c/c 6º, VI, do CDC, já que a autora não pode efetuar a compra que desejava na loja que desejava.
APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZATÓRIA. PEDIDO DE ABERTURA DE CONTA SALÁRIO, SENDO A APELADA SURPREENDIDA COM ABERTURA DE CONTA CORRENTE. BANCO RÉU QUE NÃO TROUXE AOS AUTOS O CONTRATO CELEBRADO ENTRE AS PARTES. FORTUITO INTERNO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. INEXISTÊNCIA DO DÉBITO E EXCLUSÃO DA NEGATIVAÇÃO, MEDIDAS QUE SE IMPÕEM. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO QUE SE REDUZ PARA R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS), EM OBSERVÂNCIA ÀS BALIZAS DO MÉTODO BIFÁSICO E A JULGADOS CONGÊNERES DESTA EGRÉGIA CORTE. 1. “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. (...) O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. (Artigo 14, caput e § 3º, da Lei nº 8.078/90); 2. "As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias." (Súmula nº 479, do STJ);
 3. “A inscrição indevida de nome do consumidor em cadastro restritivo de crédito configura danomoral, devendo a verba indenizatória ser fixada de acordo com as especificidades do caso concreto, observados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade” (Enunciado sumular nº 89, TJRJ); 
4. No que tange ao quantum indenizatório, ao monetizar o sofrimento da vítima, o julgador deve levar em consideração vários critérios, em um mister sistemático que passa pela aferição do que vem consignando a jurisprudência e do sopesamento das peculiaridades do caso concreto; 5. No caso vertente, restou inequívoca a negativação do nome da autora, sendo certo que o banco réu não trouxe aos autos o contrato celebrado entre as partes. Ou seja, a instituição financeira não logrou êxito em apresentar prova impeditiva, modificativa ou mesmo extintiva do direito alegado pela autora, não se desincumbindo do ônus de caracterizar a excludente de sua responsabilidade, na forma de uma das hipóteses elencadas no § 3º do artigo 14 da Lei nº 8.078/90; 
6. Fortuito interno caracterizado. Falha do serviço, fazendo exsurgir o dever de indenizar com base na responsabilidade objetiva atrelada à teoria do risco do empreendimento; 
7. Correta a douta sentença, ao declarar a inexistência do débito e determinar a exclusão da negativação; 
8. Dano moral configurado. Quantum indenizatório que se reduz para o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em respeito aos limites da razoabilidade e proporcionalidade. Precedentes da Corte; 
9. Recurso parcialmente provido, nos termos do voto do Relator.
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL. RELAÇÃO DE CONSUMO. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZATÓRIA. INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. CARTÃO DE CRÉDITO. FRAUDE. FATO DE TERCEIRO. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE AS PARTES. HIPÓTESE DE CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. FORTUITO INTERNO. DANO MORAL IN RE IPSA. VERBA REPARATÓRIA ADEQUADAMENTE FIXADA. VERBETES SUMULARES Nº 479 DO STJ, NºS 89, 94 E 343 DO TJRJ. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. - Inclusão do nome do autor nos cadastros de restrição de crédito, em razão do não pagamento da fatura de cartão de crédito obtido através de fraude, já que o autor não possui qualquer relação jurídica com a instituição bancária. - Hipótese de consumidor por equiparação, nos termos do art. 17 do CDC. Fortuito interno ao exercício das atividades empresarial do réu. Falha na prestação do serviço, inexistindo demonstração de excludentes de responsabilidade (art.14, § 3º, do CDC). - Dano moral in reipsa. O verbete nº 479 da Súmula do STJ dispõe que as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno (fraudes/delitos praticados por terceiros em operações bancárias), assim como o enunciado nº 94, da Súmula do TJRJ. - Negativação indevida junto aos cadastros restritivos de crédito que, por si só, é motivo bastante para configurar o dano moral, de acordo com o enunciado nº 89 da Súmula deste TJRJ.
Quantum indenizatório fixado em R$ 8.000,00 (oito mil reais) que atende aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, de acordo o verbete sumular nº 343 e precedentes jurisprudenciais desta Corte de Justiça. DESPROVIMENTO DO RECURSO.
A Constituição Federal de 1988, no art. 5º, inciso X, assegura o direito de indenização pelo dano moral decorrente de violação à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas. A pretensãoda promovente também está sob a proteção do Código Civil e do Código do Consumidor brasileiro:
Código Civil – Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Código Civil – Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Código de Defesa do Consumidor – Art. 6°, VI. São direitos básicos do consumidor: (…) a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
Código de Defesa do Consumidor – Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: (…) III – rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
O dano moral é pleiteado nesta ação em virtude da inserção do nome da consumidora no cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito – SPC/Serasa.
Por fim, demostrando o perigo de dano e a probabilidade do direito nos termos do artigo 300, do CPC,se faz necessário a concessão da tutela de urgência antecipatória, para que o nome da autora seja imediatamente retirado do cadastro dos órgãos de proteção ao crédito, diante que a autora está impossibilitada de fazer qualquer tipo de compra a prazo já que se encontra inscrita no SPC e SERASA.
IV – DOS PEDIDOS
	Ante o exposto, requer:
a) A concessão de gratuidade de justiça;
b) deferimento da tutela de urgência antecipatória, afim de que o nome da autora seja retirado dos órgãos de proteção de crédito (SPC e SERASA);
c) a declaração de inexistência do débito com a ré;
d) a confirmação da tutela de urgência antecipatória retirada por definitivo; 
e) a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos morais causados; 
f) a aplicação de juros e correção monetária;
g) a inversão do ônus da prova, na forma do artigo 6º, VIII, do CPC;
h) a produção de todos os meios de prova; 
i) a realização de audiência de conciliação. 
Dá-se a causa o valor de R$ xxx
Local e Data
Advogado e OAB

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