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Brasília-DF. Políticas Públicas Para o trânsito e legislação aPlicada Elaboração Daniel Celestino de Freitas Pereira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO ........................................................................................................ 11 CAPÍTULO 1 O QUE É UMA POLÍTICA PÚBLICA E COMO AVALIÁ-LA ............................................................. 11 CAPÍTULO 2 POLÍTICA NACIONAL DE TRÂNSITO .......................................................................................... 22 CAPÍTULO 3 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A MOBILIDADE E PARA O TRÂNSITO ................................................ 28 UNIDADE II LEGISLAÇÃO APLICADA ....................................................................................................................... 35 CAPÍTULO 1 ÓRGÃOS DE TRÂNSITO NO BRASIL .......................................................................................... 35 CAPÍTULO 2 CÓDIGO NACIONAL DE TRÂNSITO ......................................................................................... 56 CAPÍTULO 3 RESOLUÇÕES DO CONTRAN .................................................................................................. 61 CAPÍTULO 4 LEGISLAÇÃO APLICADA ......................................................................................................... 67 CAPÍTULO 5 LEI SECA E OS RISCOS DO ALCOOLISMO NO TRÂNSITO .......................................................... 71 PARA (NÃO) FINALIZAR ..................................................................................................................... 81 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 82 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 6 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução O trânsito está entre as principais causas de mortes no mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme Figura 1. Figura 1. Ranking das causas de mortes no mundo em 2004. Fonte: ESTADÃO (2008). Embora sejam dados antigos, mas veremos que a realidade não mudou muito, pois o trânsito sempre esteve entre as maiores causas geradoras de mortes no mundo. Vejamos um estudo da WHO (2014) a respeito das principais causas de morte de 2000 a 2014, conforme Figura 2. Figura 2. Comparação dos percentuais das principais causas de mortes no mundo. Fonte: WHO (2014) com adaptações. 8 Em 2010, em pesquisa realizada pelo Instituto Avante Brasil, com dados obtidos também junto a OMS e o Datasus (Ministério da Saúde – MS), o Brasil figura como o 4o país com maior número de mortos no trânsito. Figura 3. Ranking dos países com maior número de mortes no trânsito. Fonte: GOMES (2014) com adaptações. Conforme dados do MS (Figuras 4 e 5), o trânsito mata mais que arma de fogo no Brasil. Figura 4. Quadro de mortes por arma de fogo. Ano do Óbito Região Norte Região Nordeste Região Sudeste Região Sul Região Centro-Oeste Total 2001 1.388 7.548 19.343 2.885 2.237 33.401 2002 1.526 7.710 19.365 3.173 2.386 34.160 2003 1.683 8.552 19.917 3.513 2.450 36.115 2004 1.789 8.078 18.245 3.719 2.356 34.187 2005 2.032 9.209 16.047 3.898 2.233 33.419 2006 2.308 10.360 15.923 4.034 2.296 34.921 2007 2.347 11.412 13.579 4.330 2.479 34.147 2008 2.892 12.719 12.447 4.855 2.763 35.676 2009 3.241 13.617 11.989 4.832 2.945 36.624 2010 3.820 14.179 11.366 4.620 2.807 36.792 2011 3.556 14.588 10.988 4.390 3.215 36.737 2012 3.746 16.132 11.854 4.673 3.672 40.077 Total 30.328 134.104 181.063 48.922 31.839 426.256 Fonte: BRASIL (2011) com adaptações. 9 Figura 5: Tabela de mortes no trânsito. Ano do Óbito Região Norte Região Nordeste Região Sudeste Região Sul Região Centro- Oeste Total 2001 1.930 6.578 13.061 5.830 3.125 30.524 2002 2.168 7.586 12.994 6.365 3.640 32.753 2003 2.198 7.296 13.716 6.483 3.445 33.138 2004 2.289 7.810 14.178 7.032 3.796 35.105 2005 2.366 8.550 14.424 6.909 3.745 35.994 2006 2.512 8.608 14.862 6.860 3.525 36.367 2007 2.567 9.139 15.0087.026 3.667 37.407 2008 2.728 9.295 15.183 7.076 3.991 38.273 2009 2.698 9.663 14.151 6.981 4.101 37.594 2010 3.371 11.887 15.572 7.535 4.479 42.844 2011 3.448 12.063 15.887 7.432 4.426 43.256 2012 3.634 13.285 15.687 7.640 4.566 44.812 Total 31.909 111.760 174.723 83.169 46.506 448.067 Fonte: BRASIL (2011) com adaptações. Do jeito que as coisas estão indo, se nada for feito, os acidentes de trânsito vitimarão cerca de 1,9 milhões de pessoas por ano até 2020, segundo dados da WHO (2014). Com esses números percebemos a criticidade do assunto trânsito, sobretudo a importância das ações do governo para tratar essa questão. Importante mencionar ainda questões de cunho financeiro relacionadas a essas mortes no trânsito. Durante nosso estudo abordaremos mais detalhes sobre essas questões. Objetivos » Entender o que são as Políticas Públicas. Entender a aplicação das Políticas Públicas no cenário do Trânsito. » Entender o Sistema Nacional de Trânsito Brasileiro. Abordar os principais aspectos da Legislação de Trânsito Brasileira. 11 UNIDADE IPOLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO Diversos são os problemas que temos em nossa sociedade, problemas estes que carecem de ações dos governantes no intuito de resolvê-los ou minimizar seus efeitos. Entretanto, há a necessidade de organização dessas ações do governo, de forma que possam ser planejadas, executadas, controladas, mensuradas e até mesmo extintas, é nesse contexto que existem as Políticas Públicas. Com as questões de trânsito, a situação não é diferente, há a necessidade de organização dos atores governamentais com vistas, principalmente, à preservação de vidas e mobilidade no trânsito. Veja uma matéria da TV Senado sobre a Política Nacional de Mobilidade Urbana como ponto de partida para o assunto. Falaremos mais sobre esse assunto no capítulo 3. <https://www.youtube.com/watch?v=alIYr56Vibc>. Iremos nessa unidade abordar a conceituação de Políticas Públicas e entender sua aplicabilidade para o trânsito. Bons estudos! CAPÍTULO 1 O que é uma Política Pública e como avaliá-la Nesse capítulo começaremos nosso entendimento sobre o que são Políticas Públicas de uma forma geral, para então entrarmos no assunto foco do nosso trabalho que são as Políticas Públicas voltadas para o Trânsito. Abordaremos então o conceito, os tipos e o clico de elaboração das Políticas Públicas. 12 UNIDADE I │ POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO O que é Política? Para começar nosso estudo sobre Políticas Públicas precisamos entender o conceito que trataremos de política. Na verdade existem dois conceitos principais que em inglês são diferenciadas pelas palavras politics e policy. Politics segundo Boobio (2002) é a atividade humana ligada a obtenção e manutenção dos recursos necessários para o exercício do poder sobre o homem. Em outras palavras, nesse sentido – que é o mais popular – estamos levando em consideração as eleições, ou os representantes que recebem o poder do povo para então representá-lo. Ex.: A política deve tratar dos interesses do povo. Já o termo Policy, trata do sentido de política como um processo de construção e atuação de decisões, e é nesse sentido que falamos quando utilizamos o termo políticas públicas. Em outras palavras, esse sentido diz respeito ao processo que será adotado para o alcance de um objetivo. Ex.: Temos que definir a política de transporte do Brasil. po.lí.ti.ca sf (gr politiké) 1. Arte ou ciência de governar. 2. Arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados. 3. Aplicação desta arte nos negócios internos da nação (política interna) ou nos negócios externos (política externa). 4. Orientação ou métodos políticos: Política de campanário. 5. Arte ou vocação de guiar ou influenciar o modo de governo pela organização de um partido, influenciação da opinião pública, aliciação de eleitores etc. 6. Prática ou profissão de conduzir negócios políticos. 7. Conjunto dos princípios ou opiniões políticas. 8. Astúcia, maquiavelismo. 9. Cerimônia, cortesia, urbanidade. P. de campanário: a que só vê os interesses locais. P. econômica: teoria e prática da direção econômica de um país. P. de boa vizinhança: política caracterizada pelo princípio de amizade, cooperação e não interferência nos negócios internos de outro país, principalmente país vizinho. P. social: conjunto dos princípios e medidas postos em prática por instituições governamentais e outras, para a solução de certos problemas sociais. (MICHAELIS, 2014) Bom, já entendemos os dois conceitos principais relacionados à política, então agora vamos entender a conceituação de Políticas Públicas. 13 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I Conceituando políticas públicas Para esse conceito de Políticas Públicas, precisamos entender que existem três abordagens conceituais principais: Primeira abordagem conceitual – Origem Nesse primeiro ramo conceitual, a conceituação de Políticas Públicas esta relacionada à origem, isto é, para ser uma Política Pública é necessário ter sido elaborada exclusivamente pelo estado (abordagem estatista) ou empresas privadas que executam serviços para a solução de um problema público (multicêntrica). Essas duas classes de conceituação dividem opiniões entre os estudiosos do ramo. Adotaremos aqui o conceito multicêntrico, conforme sugerido por SECHI (2010b). Nesse cenário, é importante mencionarmos mais um conceito importante, o de Políticas Governamentais. O que seriam? Essa sim, independente da aborda adotada, trata-se de ações estabelecidas por atores governamentais em suas três esferas de poder que são Executivo, Legislativo e Judiciário. Assim, a Política Governamental passa a ser um subgrupo das Políticas Públicas. Segunda abordagem conceitual – Forma de Atuação Nesse segundo ramo conceitual, a conceituação de Políticas Públicas esta relacionada à forma de atuação, isto é, para ser uma Política Pública é necessário ou não que haja uma ação do ator da ação? Essa é novamente uma conceituação que divide opiniões. Adotaremos aqui a ideia de que para ser Política Pública, necessariamente, deverá haver uma ação do estado, dessa forma, não consideraremos o não agir com Políticas Públicas, seguindo o entendimento do SECHI (2010a). Terceira abordagem conceitual – nível de atuação Por fim, nesse terceiro ramo conceitual, a conceituação de Políticas Públicas esta relacionada ao Nível de atuação, isto é, uma Política Pública pode abordar aspectos estratégicos, táticos ou operacionais. Embora alguns posicionamentos teóricos entendam que apenas as diretrizes estratégicas (macrodiretrizes) fazem parte das Políticas Públicas, adotaremos mais uma vez o conceito do SECHI (2010a), uma Política Pública aborda tanto diretrizes estruturante (de nível estratégico) quanto as diretrizes de nível intermediários e operacionais. O fato é que independentemente da abordagem, uma política pública está vinculada a uma tentativa de solução de um problema público. Mas o que é um problema público? 14 UNIDADE I │ POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO Problema público é a diferença entre a situação atual e a situação ideal possível. Essa lacuna que divide essas duas situações é o problema público, dessa forma, se a situação atual é a situação ideal possível, então não há problema público. Importante entendermos que o problema só é publico, quando atinge uma quantidade notável de pessoas. Tipos de políticas públicas Ao se falar dos tipos de políticas públicas, podemos encontrar na literatura diversos autores que criaram suas formas de tipologias para classificar as políticas públicas, como é o caso de Theodore J. Lowi (1964), James Quinn Wilson (1983), Gormley (1986), Gustafsson (1983) e Bozeman e Pandey (2004). Nessa seção iremos nos aprofundar na Tipologia de Lowi (1964). Segundo Lowi há quatro tipos de políticas públicas: » Políticas Públicas regulatórias: como próprio nome já diz, são políticas voltadas para regulação. Consistem no estabelecimentode padrões de comportamento, produtos e serviços para atores públicos ou privados. Normalmente tratam-se de itens normativos. Como exemplo dessas políticas temos as regras para segurança alimentar, regras de tráfego aéreo e até mesmo o nosso Código de Trânsito Brasileiro. » Políticas públicas distributivas: são políticas que visam a geração de benefícios para um determinado grupo de atores, sendo o custo dessa melhoria estendido à coletividade (ou maior grupo). Esse tipo de política se desenvolve em uma arena menos conflituosa e a dificuldade aqui está na delimitação do grupo beneficiado. Como exemplo dessas políticas temos as gratuidades de taxas para determinados grupos e os incentivos ou renuncias fiscais. » Políticas redistributivas: esse tipo de política se caracteriza pela disputa de interesses claramente antagônicos entre duas categorias. Esse tipo de política se desenvolve em uma arena mais conflituosa. Como exemplo dessas políticas temos as cotas raciais para universidades, políticas de benefícios sociais ao trabalhados e a reforma agrária. » Políticas constitutivas: são caracterizadas como regras sobre as regras ou regras sobre os poderes. Em outras palavras, são as políticas que definem jurisdições, regras de disputas políticas, competências, entre outros. São 15 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I denominadas meta-policies, pois são consideradas acima dos outros tipos de políticas. Esse tipo de política também se caracteriza pela arena conflituosa entre os atores diretamente interessados, que são os partidos políticos por exemplo. Como exemplo dessas políticas estão as regras do sistema político-eleitoral, a distribuição de competências entre os três poderes e as esferas de poder. Faz-se necessário observar que as diferenças entre as políticas citadas não são facilmente visíveis, até porque na maioria dos cenários, uma ação política envolve mais de um dos tipos citados. Como ilustração dessa afirmação podemos citar, por exemplo, uma política trabalhista, que envolve elementos regulatórios e redistributivos. Ciclo de políticas públicas A elaboração das políticas públicas é um processo conhecido como ciclo das políticas públicas. Esse processo é caracterizado por suas fases sequenciais e interdependentes. Diversos foram os modelos criados para expressar esse ciclo, aqui adotaremos o modelo com sete fases principais, a saber: Identificação do Problema, Formação de agenda, Formulação de alternativas, Tomada de decisão, Implementação, Avaliação, Extinção. Estudaremos aqui as sete fases separadamente, na prática essas fases normalmente se apresentam misturadas ou em sequências alteradas. Vamos conhecer um pouco cada uma delas. Identificação do problema Já estudamos que um problema é a diferença entre o status quo (situação atual) e a situação ideal possível. Aprendemos, também, que para o problema ser público ele precisa atacar um grupo considerável de pessoas. Para Sjöblom (1984), essa fase envolve: I. A percepção do problema: um problema público existe de fato no pensamento das pessoas, isto é, uma situação passa a ser insatisfatória a partir do momento em que afeta um grupo de atores, sendo assim uma questão subjetiva. II. A definição ou delimitação do problema: a delimitação do problema é uma atividade de extrema importância para o processo de elaboração da política pública. Essa delimitação consiste em sintetizar a essência do 16 UNIDADE I │ POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO problema, criando-se norteadores para definições das causas, soluções possíveis, culpados, obstáculos e avaliações. No entanto, é importante destacar que essa delimitação será objeto de adaptações futuras por parte dos políticos, burocratas e até mesmo os destinatários da política pública. III. A avaliação da possibilidade de resolução: já ouvimos diversas vezes aquela teoria de que se o problema não tem possível solução então não é um problema. Pois bem, aqui adota em parte esse conceito, pois as políticas públicas podem ser utilizadas para minimizar ou diminuir as consequências de um problema. Depois de identificado o problema, o ator que identificou terá o papel de buscar a priorização de sua resolução, dessa forma entramos na fase da Agenda. Formação de agenda A agenda consiste em um conjunto de problemas ou temas entendidos como relevantes. Esse conjunto de problema pode aparecer no mundo real como um programa de governo, um estatuto partidário, um planejamento orçamentário, entre outros. Existem três tipos de agenda: I. Agenda política: voltada para a comunidade política, consiste no conjunto de problemas ou temas que tal comunidade entende ser merecedor de ação pública. II. Agenda formal: são ações nas quais o poder público já decidiu enfrentar ou que elenca os problemas de uma instituição. Também conhecida como agenda institucional. III. Agenda da mídia: são temas em que a mídia entende como destaque. Importante ressaltar o quanto a mídia é formadora de opinião pública, dessa forma, a agenda da mídia muitas vezes interfere nas demais agendas. As agendas são costumeiramente alteradas haja vista uma seria de fatores que interferem diretamente nas mesmas, como limitação de recursos financeiros, materiais, humanos, falta de pressão pública (que pode ocasionar a saída de um problema da agenda), entre outros. Para Cobb e Elder (1983), existem três condições para que um problema faça parte de uma agenda: 17 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I I. Atenção: entendimento por parte de diversos atores (cidadãos, mídia etc.) de que o problema é merecedor de atenção. II. Resolubilidade: as intervenções possíveis são factíveis. III. Competência: trata-se de um problema de responsabilidade pública. Formulação de Alternativas A partir da agenda, inicia-se um processo de formulação de possíveis soluções para os problemas elencados, avaliando-se consequências, custos e riscos de cada alternativa além do estabelecimento de objetivos e estratégias. Para o nascimento dessas alternativas, o policymaker (responsável principal pela elaboração das políticas públicas) pode se valer de quatro mecanismos: » Premiação: influenciar comportamento dos envolvidos por meio de estímulos. » Coerção: influenciar o comportamento dos envolvidos por meio de possíveis punições ou força de normativos. » Conscientização: influenciar o comportamento dos envolvidos por meio de construção de senso moral. » Solução técnica: influenciar o comportamento dos envolvidos de forma indireta, por meio de ações práticas que influenciem o comportamento de forma direta. Cada mecanismo tem suas peculiaridades, sendo eles aconselháveis ou desaconselháveis em determinadas situações. A avaliação das alternativas é uma tarefa de extrema importância no processo de elaboração das políticas públicas, sendo crucial a participação de especialistas que possuem competência técnica para abordar o problema em questão. Para essa análise podem ser adotadas três técnicas (DUNN, 1993): » Projeções: são prognósticos baseados em dados históricos e matemáticos, isto é, são tendências apuradas pelos dados antigos e cálculos estatísticos em cima de valores qualitativos e quantitativos. Para adotar essa técnica é necessário que se haja fontes de dados seguros e possibilidade de obtenção de valores estáticos futuros. 18 UNIDADE I │ POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO » Predições: são prognósticos teóricos-dedutivos, isto é, baseiam-se também em dados passados, porém com a necessidade de proposições para tentar prever resultados. Como exemplo desses métodos temos a programação linear, a estimação de parâmetros, árvore de decisão, entre outros. » Conjecturas: são juízos baseados em aspectos intuitivos e emocionais do elaborador da política pública. Esse tipo de técnica terá seu sucesso ligado diretamente à experiência dos atores evolvidos. Um exemplo de ferramenta que pode ser utilizado é o brainstorm (tempestade de ideias). Tomada dedecisão Após a etapa de levantamento de alternativas, inicia-se a etapa de tomada de decisão. Essa etapa consiste no momento em que os atores buscam um denominador comum entre seus objetivos e métodos. Existem na literatura três métodos para chegar a esse alinhamento entre os atores: » Decisão da solução a partir do problema: esse caso ocorre quando os atores já tem o problema em mãos e sua gravidade, partindo então desse problema para decidir qual melhor alternativa para solucioná-lo. » Ajuste de problemas e soluções para tomada de decisão: nesse método, os atores realizam uma série de comparações entre problemas e alternativas de soluções, buscando assim a adequação do cenário. » Decisão a partir das soluções disponíveis impactando nos problemas: nesse método existe uma política inversa, isto é, os atores têm em mãos uma solução possível e factível e buscam então encaixar o problema a essa solução, maximizando os efeitos do problema em questão. Esses três métodos deram origem a quatro modelos de tomada de decisão que são o Modelo de Racionalidade Absoluta, Racionalidade Limitada, Modelo Incremental e Modelo de fluxos múltiplos. I. Ao se valer da premissa de que um problema nasce primeiro (Decisão da solução a partir do problema) e depois se tomam as decisões, entram em cena os chamados modelos racionalidade. Vamos entender quais são suas duas linhas de abordagem: 19 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I › Modelo de racionalidade absoluto: proposto pelo matemático holandês Jan Tinbergen a decisão é considerada uma questão puramente racional e que seria possível obter-se matematicamente a melhor opção entre as alternativas existentes. › Modelo de racionalidade limitada: proposto pelo economista Herbert Simon, que reconhece limitações dos atores defendendo a tese de que os atores devem escolher entre as opções possíveis a que achar melhor, não tendo total certeza de que se trata da solução ótima. II. Ao entrarmos no método de Ajuste de problemas e soluções para tomada de decisão, encontramos o Modelo incremental. Esse Modelo preconiza que os elementos político falam mais altos que os elementos técnicos, dessa forma, uma boa decisão deve nascer do ajuste entre problemas e soluções, tendo-se sempre a noção de que não necessariamente será escolhida a decisão ótima. Para esse método existem três características: › problemas e soluções são definidos e revisados durante todo o processo de tomada de decisão;as decisões presentes são consideradas como frutos de ações referentes a decisões passadas; as decisões são consideradas dependentes dos interesses dos atores envolvidos na elaboração da política pública. III. Por fim, ao analisarmos o método de Decisão a partir das soluções disponíveis impactando nos problemas, encontraremos o Modelo de fluxos múltiplos. Nesse caso entende-se que primeiro criam-se as soluções para depois verificar quais problemas serão solucionados com elas. Esse caso aplica-se em cenários em que os atores querem ver suas políticas publicas implementadas, nesse contexto surge o conceito das janelas de oportunidades. Janelas de oportunidades são na verdade momentos considerados especiais e favoráveis para a implantação de uma solução. Normalmente duram pouco tempo. O Modelo de fluxos múltiplos nasceu de uma adaptação do modelo de lata de lixo. Esse modelo consiste em dizer que as decisões são de fato um encontro entre o problema, a solução e as oportunidades. 20 UNIDADE I │ POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO Implementação de política pública Após a fase de Tomada de Decisão, inicia-se a fase de implementação das políticas públicas. Essa é a fase em que de fato os resultados concretos começam a ser produzidos. Trata-se da fase em que as regras, processos sociais e teóricos, passam a ser convertidos em ações. É importante percebermos que a implementação de uma política pública não se resume apenas em elementos técnicos ou problemas administrativos, mas sim em uma série de elementos políticos que são cruciais para o sucesso da implementação. Segundo Sabatier (1986) existem dois modelos de implementação de políticas públicas: » Modelo top-down (de cima para baixo): esse modelo consiste na separação em duas categorias distintas na implementação de políticas públicas, sendo os tomadores de decisões (políticos) e implementadores (administrativos). Esse modelo também é conhecido como uma estratégia política para deslocamento de culpa (blame shifting), visto que caso algo saia errado na implementação, os atores políticos tendem a culpar a classe administrativa. Nesse modelo, a avaliação da implementação é realizada observando-se as metas, procedimentos, objetivos, entre outros fatores já predefinidos. » Modelo bottom-up (de baixo pra cima): esse modelo consiste em maior liberdade dos implementadores de políticas públicas, visto que os implementadores possuem maior autonomia para modificação das políticas públicas no que tange a remodelação da mesma em caso de obstáculos. A ótica da análise nesse contexto parte da avaliação dos resultados a posteriori, além da observação prática dos detalhes da implementação. Avaliação da política pública A avaliação da política pública consiste no processo de julgamento realizado antes (ex ante), durante (in itinere), ou depois (ex post) da implementação das mesmas. É o momento chave para a produção de lições aprendidas. Os principais critérios para avaliação são: » Economicidade: referente à utilização dos recursos. » Eficiência econômica: referente à relação entre recursos utilizados e produtividade. 21 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I » Eficiência administrativa: referente ao nível de conformidade quanto aos métodos preestabelecidos. » Eficácia: referente ao nível de alcance das metas ou objetivos. » Equidade: referente a tratamento equânime quanto a benefícios e punições entre os destinatários de uma política pública. A avaliação da política pública pode levar à: » continuação da política pública nos mesmos moldes que está; » reestruturação da política pública; » extinção da política pública. Extinção da política pública A extinção da política pública consiste no processo de finalização de sua aplicabilidade. Esse processo pode se dar por três motivos: » o problema que originou a política foi resolvido; » os programas, procedimentos, normativos ou ações são claramente ineficazes. » perda de importância do problema a ser resolvido pela política pública. É importante dizer que a extinção das politicas públicas não é um processo fácil de se executar, devido principalmente a questões políticas relacionadas a interesse dos beneficiários das mesmas. Por essa razão, da mesma forma do nascimento, a extinção também depende da janela de oportunidade. 22 CAPÍTULO 2 Política Nacional de Trânsito Bom, agora que já estudamos as Políticas Públicas em seu conceito geral, iremos agora verificar como é a aplicação desses conceitos para a área de trânsito. Iremos aqui verificar como o governo atual vem tratando esse tema. Qual a importância da Política Nacional de Trânsito Conforme já comentamos, o trânsito sempre foi uma questão crítica para o Brasil. Esse assunto é muito complexo por envolver questões relacionadas à vida, ao meio ambiente, à economia, à política, entre outras. O trânsito no Brasil já matou mais que muitas guerras. Foi nesse cenário que a Política Nacional de Trânsito – PNT foi elaborada. Sob o ponto de vista econômico, uma morte gera muitos custos ao estado, além dos órgãos e entidades envolvidas em investigações e assuntos relacionados, ainda existe a questão do pagamento de pensões, despesas médico-hospitalares e afins. Para termos uma noção da dimensão desses custos relacionados aos acidentes de trânsito, segundo o Waiselfisz (2013), em 2013 os acidentes de trânsito representaram em média um custo global de U$ 518 bilhões por ano. Só para o Brasil, segundo o mesmoestudo, os acidentes representaram um total de R$ 210,8 milhões de reais. Bom, precisamos entender que nada pode ser bem feito sem o seu devido planejamento, e na Administração Pública com certeza não é diferente. A PNT é um documento formal de um planejamento a ser adotado para o trânsito. Para ser elaborada, a PNT deve observar os seguintes aspectos: » O Presidente eleito deve compor seus ministérios e expor sua política de governo.Define-se então o Ministério que irá coordenar o Sistema Nacional de Trânsito – SNT.atualmente é o Ministério das Cidades. » O Ministério coordenador deverá elaborar a Política Nacional de Trânsito – PNT baseado nos princípios e metas definidos pela política de governo. a PNT atual foi elaborada em setembro de 2004 (BRASIL, 2004). Ela contém diretrizes para o decênio que vai de 2004 até o ano de 2014. Possivelmente teremos uma nova PNT em breve. 23 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I » O Ministério coordenador designará os membros do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, que terão a responsabilidade de legislar em acordo com as diretrizes estabelecidas pela PNT. Quanto à nova PNT, o Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN disponibilizou um formulário com o intuito de colher informações para elaboração do PNT para o decênio de 2015 a 20241. Vamos agora entender um pouco mais sobre as diretrizes da PNT, que também são objetivos básicos do SNT. Essas diretrizes estão dispostas no art. 6o, I do Código de Trânsito Brasileiro – CIT. Segurança Viária A Segurança Viária seria talvez a principal diretriz a ser seguida pelo CTB. Ela está presente em quase todos os dispositivos do CTB seja de forma direta ou indireta. Ao se falar de preservação da vida, estamos falando dessa diretriz, que tem entre seus objetivos a economia gerada com a preservação de vidas, de forma que os recursos que seriam aplicados com a morte sejam destinados para outros aspectos. Vamos utilizar alguns artigos do CTB para ilustrar o uso dessa diretriz. Art. 1o, § 2o O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito. [...] Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem: I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou privadas; II - abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo perigoso, atirando, depositando ou abandonando na via objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer outro obstáculo. (BRASIL, 1997). Fluidez A Fluidez também é uma diretriz bastante mencionada no CTB. Pouco adiantaria um trânsito seguro se ele não fluísse. Perderíamos muito de nosso tempo no trânsito e teríamos uma sociedade estressada e com menor qualidade de vida. Sei que você 1 Para mais informações sobre o formulário acesse <http://www.denatran.gov.br/pesquisa_pnt.htm>. 24 UNIDADE I │ POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO deve estar pensando, já vivemos assim, perdemos muito tempo no trânsito, nos engarrafamentos etc. Ok, mas a diretriz mostrar o norte que se pretende atingir. Lembre-se disso! Vamos utilizar alguns artigos do CTB para ilustrar o uso dessa diretriz. Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o segue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá: I - se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha; II - se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha. Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em fila, deverão manter distância suficiente entre si para permitir que veículos que os ultrapassem possam se intercalar na fila com segurança. [...] Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá observar constantemente as condições físicas da via, do veículo e da carga, as condições meteorológicas e a intensidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de velocidade estabelecidos para a via, além de: I - não obstruir a marcha normal dos demais veículos em circulação sem causa justificada, transitando a uma velocidade anormalmente reduzida; II - sempre que quiser diminuir a velocidade de seu veículo deverá antes certificar-se de que pode fazê-lo sem risco nem inconvenientes para os outros condutores, a não ser que haja perigo iminente; III - indicar, de forma clara, com a antecedência necessária e a sinalização devida, a manobra de redução de velocidade. [...] Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas as condições operacionais de trânsito e da via. (BRASIL, 1997). 25 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I Conforto no Trânsito O que seria o conforto no trânsito? Algum jovem poderia correr para o pai e dizer: Pai preciso de um carro zero, espaçoso e bem confortável, e se o senhor não comprar esta agindo ilegalmente!Bom, se o pai aceitar está tudo certo! Mas não é isso que a diretriz preconiza no CTB. Como Conforto no Trânsito devemos entender que não estamos falando dos atributos de um veículo e sim com as exigências que todos os veículos devem ter, para que o trânsito seja seguro e agradável, para todos que o utilizam. Vamos utilizar alguns artigos do CTB para ilustrar o uso dessa diretriz. Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e as boas condições de funcionamento dos equipamentos de uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência de combustível suficiente para chegar ao local de destino. [...] Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de buzina, desde que em toque breve, nas seguintes situações: I - para fazer as advertências necessárias a fim de evitar acidentes; II - fora das áreas urbanas, quando for conveniente advertir a um condutor que se tem o propósito de ultrapassá-lo. (BRASIL, 1997). Defesa ambiental A defesa ambiental, princípio que também é encontrado em diversas outras legislações, está entre as prioridades do SNT, juntamente com a defesa à vida. Estudaremos na Unidade II, ao falar dos órgãos executivos de trânsito e executivos rodoviários (assim como na PRF), que essa é uma das atribuições, implicando inclusive no não licenciamento dos veículos que não estiverem dentro das condições estabelecidas em lei. Vamos utilizar alguns artigos do CTB para ilustrar o uso dessa diretriz. Art. 1o O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código. [...] § 5o Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-ambiente. (BRASIL, 1997). 26 UNIDADE I │ POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO Educação para o trânsito Educação no trânsito é um tema complexo e extenso, além de muito importante. Quantos de nós não conhecemos uma pessoa que às vezes fica como louca ao volante, gritando, xingando, imprudente etc. Esse é um tema que deve ser tratada desde a infância, na formação do indivíduo. A dificuldade desse tema está no fato de que essa questão deveria ser algo continuado, um tema que fosse tratado constantemente pelo governo, mas de fato, o próprio PNT é algo transitório, que muda de acordo com as policiadas de governo definidas pelo governo que toma posse. Enfim, o CTB entendendo essa importância, criou um capítulo para esse tema. Vamos utilizar alguns artigos do CTB para ilustrar o uso dessa diretriz. CAPÍTULO VI DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito. § 1o É obrigatória a existência de coordenação educacional em cada órgão ouentidade componente do Sistema Nacional de Trânsito. § 2o Os órgãos ou entidades executivos de trânsito deverão promover, dentro de sua estrutura organizacional ou mediante convênio, o funcionamento de Escolas Públicas de Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos pelo CONTRAN. Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito. § 1o Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito deverão promover outras campanhas no âmbito de sua circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais. § 2o As campanhas de que trata este artigo são de caráter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora de sons e imagens explorados pelo poder público são obrigados a difundi- las gratuitamente, com a frequência recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Nacional de Trânsito. 27 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na pré-escola e nas escolas de 1o, 2o e 3o graus, por meio de planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nas respectivas áreas de atuação. Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste artigo, o Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, promoverá: I - a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito; II - a adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores; III - a criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito; IV - a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-sociedade na área de trânsito. (BRASIL, 1997). A educação no trânsito é um tema muito importante e cada vez mais é trabalhado pela Administração Pública. Achei interessante citar um texto retirado do site da Companhia de Engenharia de Transportes e Trânsito do Município de Cascavel no Estado do Paraná. A educação é o instrumento capaz de formar cidadãos mais conscientes e preparados para enfrentar a vida e o trânsito. Educar para o trânsito não se limita apenas a ensinar regras de circulação, mas também deve contribuir para formar cidadãos responsáveis, autônomos e comprometidos com a preservação da vida. Diante do quadro de violência que vem se apresentando no trânsito e também em outras esferas sociais, torna-se necessário o envolvimento de toda a sociedade nessa tarefa de educar, na qual a família e a escola são a base formadora e não podem se eximir de tal responsabilidade. (PARANÁ, 2014) 28 CAPÍTULO 3 Políticas Públicas para a Mobilidade e Para o TRÂNSITO Vamos agora entender como se aplicam as Políticas Públicas e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito, dentro de um cenário prático. Como o Brasil, com seu governo atual, entendeu ser a melhor forma de trabalhar a questão trânsito no país. Contextualizando as Políticas Públicas para a mobilidade e para o trânsito A Política Pública para Mobilidade de Trânsito (ou Políticas Nacional de Mobilidade Urbana) foi regulamentada pela Lei no 12.587, em 3 de janeiro de 2012, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Essa lei tramitou durante 17 (dezessete) anos na câmara até a sua sanção. O objetivo da lei é definir diretrizes a serem seguidas pelos municípios de todo território nacional, no que concerne ao Sistema Nacional de Mobilidade Urbana (SNMU). Sistema Nacional de Mobilidade Urbana – SNMU Mas o que vem a ser esse sistema? Art. 3o O Sistema Nacional de Mobilidade Urbana é o conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, de serviços e de infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no território do Município. (BRASIL, 2012) Então entendemos que o objetivo do SNMU é o deslocamento de pessoas e cargas nos territórios municipais, mas para isso, os modos de transportes, serviços e infraestrutura devem estar integrados e otimizados para esse fim. Política Nacional de Mobilidade Urbana A Política Nacional de Mobilidade Urbana – PNMU tem como princípios os seguintes (art. 5o da Lei no 12.587, de 3 de janeiro de 2012): » acessibilidade universal; » desenvolvimento sustentável das cidades, nas dimensões socioeconômicas e ambientais; 29 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I » equidade no acesso dos cidadãos ao transporte público coletivo; » eficiência, eficácia e efetividade na prestação dos serviços de transporte urbano; » gestão democrática e controle social do planejamento e avaliação da Política Nacional de Mobilidade Urbana; » segurança nos deslocamentos das pessoas; » justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes modos e serviços; » equidade no uso do espaço público de circulação, vias e logradouros; e » eficiência, eficácia e efetividade na circulação urbana. A PNMU está orientada pelas seguintes diretrizes (art. 6o da Lei no 12.587, de 3 de janeiro de 2012): » integração com a política de desenvolvimento urbano e respectivas políticas setoriais de habitação, saneamento básico, planejamento e gestão do uso do solo no âmbito dos entes federativos; » prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado; » integração entre os modos e serviços de transporte urbano; » mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas na cidade; » incentivo ao desenvolvimento científico-tecnológico e ao uso de energias renováveis e menos poluentes; » priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento urbano integrado; e » integração entre as cidades gêmeas localizadas na faixa de fronteira com outros países sobre a linha divisória internacional. (grifo meu). Esse destaque foi dado porque as diretrizes listadas figuram entre as principais da PNMU. 30 UNIDADE I │ POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO São objetivos da PNMU (art. 7o da Lei no 12.587, de 3 de janeiro de 2012): » reduzir as desigualdades e promover a inclusão social; » promover o acesso aos serviços básicos e equipamentos sociais; » proporcionar melhoria nas condições urbanas da população no que se refere à acessibilidade e à mobilidade; » promover o desenvolvimento sustentável com a mitigação dos custos ambientais e socioeconômicos dos deslocamentos de pessoas e cargas nas cidades; e » consolidar a gestão democrática como instrumento e garantia da construção contínua do aprimoramento da mobilidade urbana. Política Tarifária da PNMU A política de remuneração prevista na PNMU, conforme Capítulo II da Lei no 12.587, de 3 de janeiro de 2012, prevê que a Tarifa de Remuneração (recebida pela empresa contratada para prestação do serviços de transporte público) será composto de Tarifa Pública (preço pago pela população usuária do serviço) mais os subsídios do governo. Um ponto importante está relacionado à transparência, conforme o artigo 8o § 2o da referida lei, os municípios deverão divulgar os impactos dos benefícios tarifários concedidos no valor das tarifas. Vamos analisar outras regras relacionadas à política tarifária: » Em caso de superávit, ele deve ser revertido para o próprio SMU. » A contratação dos serviços de transporte públicocoletivo será precedida de licitação, com edital prevendo: › fixação de metas de qualidade e desempenho a serem atingidas e seus instrumentos de controle e avaliação; › definição dos incentivos e das penalidades aplicáveis vinculadas à consecução ou não das metas; › alocação dos riscos econômicos e financeiros entre os contratados e o poder concedente; 31 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I › estabelecimento das condições e meios para a prestação de informações operacionais, contábeis e financeiras ao poder concedente; e › identificação de eventuais fontes de receitas alternativas, complementares, acessórias ou de projetos associados, bem como da parcela destinada à modicidade tarifária. Qualquer subsídio tarifário ao custeio da operação do transporte público coletivo deverá ser definido em contrato, com base em critérios transparentes e objetivos de produtividade e eficiência. Direitos dos usuários O artigo 14 da Lei no 12.587/2012 prevê que são direitos dos usuários: » receber o serviço adequado; » participar do planejamento, da fiscalização e da avaliação da política local de mobilidade urbana; » ter ambiente seguro e acessível para a utilização do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana; » ser informado nos pontos de embarque e desembarque, de forma gratuita e acessível, sobre itinerários, horários, tarifas dos serviços e modos de interação com outros modos. A participação da sociedade civil no planejamento, fiscalização e avaliação da PNMU deverá ser assegurada por: I. órgãos colegiados formados por representantes do Poder Executivo, da sociedade civil e dos operadores dos serviços; II. ouvidorias nas instituições responsáveis pela gestão do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana ou nos órgãos com atribuições similares; III. audiências e consultas públicas; e IV. procedimentos sistemáticos de comunicação, de avaliação da satisfação dos cidadãos e dos usuários e de prestação de contas públicas. 32 UNIDADE I │ POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO Competência dos entes federativos na PNMU A Lei no 12.587/2012 prevê ainda as competências de cada ente federativo. Vejamos: » Da União: › assistência técnica e financeira aos estados, DF e municípios; capacitação continuada de pessoas e para o desenvolvimento das instituições vinculadas à Política Nacional de Mobilidade Urbana nos estados, municípios e DF; › organizar e disponibilizar informações sobre o SNMU e da qualidade dos serviços; › fomentar o desenvolvimento tecnológico e científico visando ao atendimento dos princípios e diretrizes da PNMU; › prestar, diretamente ou por delegação ou gestão associada, os serviços de transporte público interestadual de caráter urbano. » Dos Estados: › prestar, diretamente ou por delegação ou gestão associada, os serviços de transporte público coletivo intermunicipais de caráter urbano; › propor política tributária específica e de incentivos para a implantação da PNMU; › garantir o apoio e promover a integração dos serviços nas áreas que ultrapassem os limites de um Município. » Dos Municípios: › planejar, executar e avaliar a política de mobilidade urbana, bem como promover a regulamentação dos serviços de transporte urbano; › prestar, direta, indiretamente ou por gestão associada, os serviços de transporte público coletivo urbano, que têm caráter essencial; e › capacitar pessoas e desenvolver as instituições vinculadas à política de mobilidade urbana do Município. E o DF? O DF possui competência cumulativa de estado e município! 33 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO │ UNIDADE I Instrumentos de Gestão Os instrumentos de gestão são aquelas possíveis ações a serem adotadas com vistas a garantir que a PNMU seja seguida. Vejamos quais são esses instrumentos previstos em lei. O art. 23 da Lei no 12.587/2012 prevê os instrumentos de gestão que podem ser utilizadas pelo governo. I. restrição e controle de acesso e circulação, permanente ou temporário, de veículos motorizados em locais e horários predeterminados; II. estipulação de padrões de emissão de poluentes para locais e horários determinados, podendo condicionar o acesso e a circulação aos espaços urbanos sob controle; III. aplicação de tributos sobre modos e serviços de transporte urbano pela utilização da infraestrutura urbana, visando a desestimular o uso de determinados modos e serviços de mobilidade, vinculando-se a receita à aplicação exclusiva em infraestrutura urbana destinada ao transporte público coletivo e ao transporte não motorizado e no financiamento do subsídio público da tarifa de transporte público, na forma da lei; IV. dedicação de espaço exclusivo nas vias públicas para os serviços de transporte público coletivo e modos de transporte não motorizados; V. estabelecimento da política de estacionamentos de uso público e privado, com e sem pagamento pela sua utilização, como parte integrante da Política Nacional de Mobilidade Urbana; VI. controle do uso e operação da infraestrutura viária destinada à circulação e operação do transporte de carga, concedendo prioridades ou restrições; VII. monitoramento e controle das emissões dos gases de efeito local e de efeito estufa dos modos de transporte motorizado, facultando a restrição de acesso a determinadas vias em razão da criticidade dos índices de emissões de poluição; VIII. convênios para o combate ao transporte ilegal de passageiros; e 34 UNIDADE I │ POLÍTICAS PÚBLICAS DE TRÂNSITO IX. convênio para o transporte coletivo urbano internacional nas cidades definidas como cidades gêmeas nas regiões de fronteira do Brasil com outros países, observado o art. 178 da Constituição Federal. Aqui eu gostaria de destacar os itens I, IV, V e VI. O item I trata dos famosos rodízios de veículos, que são a permissão e restrição de veículos para transitar em vias de acordo com o final da placa, por exemplo. O item IV seria a criação de faixas exclusivas para ônibus, por exemplo, como é o caso da criação dos BRT’s (Bus Rapid Transit). O item V diz respeito à gestão dos estacionamentos para desmotivar o uso de veículos particulares ao invés dos coletivos e, por fim, o item VI trata de ações para o transporte de carga. Esses são exemplos de ações que visam garantir uma boa execução da PNMU. Implantação da PMNU A Lei no 12.587/2012 prevê ainda em seu art. 24o §1o a §4o, ações com vista à implantação da PNMU. Essas ações têm como premissa que o sucesso dessa implantação está inteiramente relacionado à criação de Políticas de Mobilidade Urbana em âmbito municipal, segundo as diretrizes estabelecidas na PNMU. Todos os municípios estão obrigados a elaborar seus planos até abril de 2015, caso não o fizerem, ficarão impedidos de receber recursos orçamentários federais para mobilidade urbana. 35 UNIDADE IILEGISLAÇÃO APLICADA Até aqui já aprendemos bastante sobre as Políticas Públicas e suas aplicações voltadas para o trânsito. Agora iremos ver como essas políticas são materializadas em ações práticas que são na verdade as conhecidas leis. Iremos, então, conhecer como a legislação brasileira trata o assunto trânsito, além de entrarmos no conteúdo de algumas dessas legislações. Para entrarmos no contexto da importância do tema, veja a reportagem da TV Câmara de Belo Horizonte (no link abaixo) referente ao tema Lei Seca, tema que trataremos nessa unidade. < http://www.youtube.com/watch?v=CJ8q-NURDe8>. CAPÍTULO 1 Órgãos de Trânsito no Brasil Iniciemos nosso estudo de legislação de trânsito conhecendo os órgãos que compõem o Sistema Nacional de Trânsito. Abordaremos aqui a divisão de competências e a relação entre esses órgãos. O Sistema Nacional de Trânsito e sua composição Ao se falar em Sistema Nacional de Trânsito – SNT devemos ter em mente um conjunto de órgãos e entidades pertencentes aos entes da Federação Brasileira, que são a União, os Estados e o Distrito Federal, além dos Municípios. Ele foi criado por meio do Código de Trânsito Brasileiro– CTB (Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997) com a finalidade do exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, 36 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO APLICADA educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades. Art. 5o O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades. (BRASIL, 1997). O SNT distribuiu as competências dos órgãos e entidades que a compõem adotando a seguinte estratégia: as matérias de interesse nacional ficam a cargo dos órgãos e entidades da União; as matérias de interesse regional ficam a cargo dos órgãos e entidades estatais, e os assuntos de interesse local ficam a cargo dos órgãos e entidades municipais. É muito importante lembrar que o Distrito Federal possui competência cumulativa de estados e municípios, assim os órgãos e entidades distritais tratam de materiais estaduais e municipais. Passemos então a falar dos órgãos e entidades que compõem o SNT, com certeza você conhece a maioria deles. O SNT é composto pelos seguintes órgãos e entidades: I. os órgãos normativos, coordenadores e consultivos de trânsito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios; II. destaque para o Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coordenador do SNT e órgão máximo normativo e consultivo; III. os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios; › destaque para o Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN como órgão máximo executivo do SNT;os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios; IV. a Polícia Rodoviária Federal; V. as Polícias Militares dos estados e do Distrito Federal; e VI. as Juntas Administrativas de Recursos de Infrações – JARI. 37 LEGISLAÇÃO APLICADA │ UNIDADE II Observe que alguns órgãos já existiam antes da promulgação do CTB, sendo vinculados a seus ministérios e secretarias. O fato é que com o advindo do Código de Trânsito Brasileiro, esses órgãos receberam outras atribuições, é o caso da Polícia Rodoviária Federal, por exemplo, que é um órgão que já era vinculado ao Ministério da Justiça e com o CTB, passou a possuir competências também na área de trânsito. De fato alguns órgãos foram criados a partir do CTB, como é o caso do CONTRAN e DENATRAN, cujo objetivo é zelar pelo funcionamento do SNT. Passemos agora a entender um pouco mais sobre cada um dos órgãos que compõem o SNT. Órgãos normativos, coordenadores e consultivos de trânsito Aqui falaremos sobre os órgãos normativos, coordenadores e consultivos de trânsito do SNT. Começaremos pela União e passaremos por todos os entes federativos. Vamos lá! Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN Ao Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, cabe o papel de coordenador do SNT, sendo ainda o órgão máximo normativo e consultivo. O CONTRAN atua na esfera da União e entre suas atribuições destaca-se a de elaborar seu próprio regimento interno, pois possui independência funcional. O CONTRAN é um órgão integrante do poder executivo (vinculado ao Ministério das Cidades), entretanto, possui as funções principais normativas e jurisdicionais, uma vez que regulamenta as diretrizes do trânsito a serem seguidas no país, além de julgar recursos de infrações de trânsito gravíssimas aplicadas por determinados órgãos do SNT. Dentro de uma visão de governança organizacional do SNT, ao CONTRAN caberia uma visão estratégica do trânsito, ou de alto nível. Essa visão diz respeito à definição de estratégias, baseadas em uma política e planejamentos nacionais sobre o trânsito, para onde se planeja chegar, ou qual objetivo planeja-se atingir a longo prazo. Aqui cabe entrar no art. 269, XI, § 1o A ordem, o consentimento, a fiscalização, as medidas administrativas e coercitivas adotadas pelas autoridades de trânsito e seus agentes terão por objetivo prioritário a proteção à vida e à incolumidade física da pessoa. 38 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO APLICADA Ou seja, estrategicamente falando, o objetivo do SNT é a proteção à vida e à ilesividade física das pessoas, sendo assim, todas as atitudes tomadas pelo CONTRAN terão esse objetivo como fim maior. Composição do CONTRAN A composição do CONTRAN está regulamentada pelo art. 10 do CTB, sendo seu conteúdo alterado recentemente pela Lei no 12.865, de 9 de outubro de 2013. Ele tem, atualmente, a seguinte composição: » diretor do DENATRAN (que o preside); » um representante do Ministério da Ciência e Tecnologia; » um representante do Ministério da Educação e do Desporto; » um representante do Ministério do Exército; » um representante do Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia Legal; » um representante do Ministério dos Transportes; » um representante do ministério ou órgão coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito; » um representante do Ministério da Saúde; » um representante do Ministério da Justiça;um representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; » um representante da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT. Essa composição é designada pelo Ministério das Cidades, que atualmente exerce o papel de coordenação máxima do SNT, após indicação de cada um dos ministérios que compõem o CONTRAN. Essa designação é eminentemente política, haja vista que não existem requisitos técnicos para essa seleção. É importante citar que em função dessa composição, o CONTRAN pode se utilizar da criação de câmaras temáticas para auxiliá- lo na criação de suas resoluções. Atribuições principais do CONTRAN As competências do CONTRAN estão elencadas no art. 12 do CTB, todavia, podemos verificar algumas de suas competências e outros artigos do referido código. 39 LEGISLAÇÃO APLICADA │ UNIDADE II Entre as principais competências do CONTRAN, está a de dirimir conflitos referentes à circunscrição ou competências dos entes federativos. Essa competência diz respeito, por exemplo, a casos em que existe a dúvida se uma determinada via é competência de qual ente, nessa situação o CONTRAN irá decidir o caso. Além dessa, destaca-se ainda a competência de estabelecer normas regulamentares do CTB e diretrizes da Política Nacional de Trânsito. As principais competências do CONTRAN são divididas em funções normativas e jurisdicionais. Ao se falar da função normativa, as diretrizes definidas pelo CONTRAN são de observância obrigatória, sendo atos administrativos normativos objetos de fiscalização por parte do DENATRAN, quanto ao seu cumprimento. Quanto à função jurisdicional, o CONTRAN a exerce, por exemplo, no ato de julgar recursos de infrações de trânsito de natureza gravíssima, quando há multa aplicada pela PRF. Art.12. Compete ao CONTRAN: I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste Código e as diretrizes da Política Nacional de Trânsito; II - coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trânsito, objetivando a integração de suas atividades; [...] V - estabelecer seu regimento interno e as diretrizes para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE; VI - estabelecer as diretrizes do regimento das JARI; [...] XIV - dirimir conflitos sobre circunscrição e competência de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do Distrito Federal. (BRASIL, 1997). Outras atribuições do CONTRAN Conforme já mencionado, além do art. 12, o CB apresenta atribuições do CONTRAN em outros artigos, conforme veremos alguns exemplos:a. Art. 19o, XXVII – Compete ao DENATRAN instruir os recursos interpostos das decisões do CONTRAN, ao ministro ou dirigente coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito: Esse caso diz respeito a recursos em qualquer decisão não referente a recursos de multas, já que o recurso de multas é matéria expressamente tratada no art. 290 do CTB, que nos informa que estes últimos tipos de recursos se encerram no CONTRAN. 40 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO APLICADA b. Compete ao CONTRAN estabelecer, anualmente, os temas e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos períodos referentes às férias escolares, feriados prolongados e à Semana Nacional de Trânsito (art. 75o do CTB). c. É de competência do CONTRAN estabelecer as características dos veículos, suas especificações básicas, configuração e condições essenciais para registro, licenciamento e circulação, em função de suas aplicações (art. 97 do CTB). Um exemplo de aplicação desse artigo que podemos perceber no nosso dia a dia, diz respeito à obrigatoriedade da instalação de freio ABS e air-bags em 100% (cem por cento) dos veículos novos a partir de 2014, conforme resoluções no 311 de 3 de abril de 2009 (Alterada pela Resolução no 367/2010) e 380 de 28 de abril de 2011 (Alterada pela Resolução no 395/2011). d. O CONTRAN poderá autorizar, em caráter experimental e por período pré-fixado, a utilização de sinalização não prevista no CTB, conforme art. 80, § 2o do CTB. Esse artigo foi aplicado no Estado de São Paulo, com a criação de faixas exclusivas para motociclistas, situação que teve que ser autorizada pelo CONTRAN. e. No âmbito da educação para o trânsito caberá ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CONTRAN, estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a serem seguidas nos primeiros socorros em caso de acidente de trânsito (art.77 do CTB). Vale destacar que o art. 112 do CTB foi revogado pela Lei no 9.792 de 14 de abril de 1999. Destaco esse fato para dizer que o CONTRAN não tem mais a prerrogativa de definir kits de primeiros socorros de uso obrigatório a serem portados nos veículos, passando a atuar apenas mediante propostas ao Ministério da Saúde sobre tais questões. f. Quanto aos conselhos de trânsito, vale mencionar também a competência do CONTRAN estabelecer as diretrizes para funcionamento dos CETRAN’s e CONTRADIFE (art. 12, V do CTB). g. Quanto às Juntas Administrativas de Recursos de Infrações (JARI), o CONTRAN também estabelecerá diretrizes para seu funcionamento (art. 12, VI do CTB). 41 LEGISLAÇÃO APLICADA │ UNIDADE II Conselho Estadual de Trânsito do Estado e do Distrito Federal (CETRAN/CONTRADIFE) O CETRAN e o CONTRADIFE são órgãos normativos, colegiados, consultivos e coordenadores no âmbito dos estados e do Distrito Federal. A eles compete o julgamento em segunda instância, dos recursos interpostos contra penalidade aplicada por órgãos e entidades executivas de trânsito e rodoviários dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. Compete ainda ao CETRAN e ao CONTRANDIFE, o julgamento de recursos contra decisões dos DETRAN’s, em uma única instância, quando o objeto da ação trata-se de condutor (ou aprendiz) considerado inapto permanentemente, por parte do DETRAN, nos exames de aptidão física e mental ou psicológica durante os exames para habilitação. Esses conselhos de trânsito deverão receber suporte técnico e financeiro dos órgãos e entidades de trânsito dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, com o objetivo de mantê-los em pleno funcionamento. Composição do CETRAN e do CONTRADIFE O presidente dos CETRAN’s e do CONTRADIFE, assim como seus demais membros, são nomeados pelos Governadores de Estados e do Distrito Federal, respectivamente. Como pré-requisitos para essas nomeações está a reconhecida experiência em matéria de trânsito. Os nomeados terão mandado de dois anos, sendo admitida a recondução (art. 15 do CTB). Já falamos anteriormente que cabe ao CONTRAN estabelecer diretrizes para o funcionamento dos CETRAN’s e do CONTRANDIFE. Atualmente, essa regulamentação das diretrizes para elaboração dos regimentos internos dos conselhos é feita pela Resolução no 244/2007 do CONTRAN. Vamos entrar em mais detalhes sobre a composição desses conselhos! Tanto os CETRAN›s quanto o CONTRADIFE terão suas composições formadas por no mínimo 14 (quatorze) membros, sendo o presidente e mais 13 (treze) membros, sendo facultada a escolha de suplentes e obrigatória a representação das esferas do Poder Executivo estadual, dos órgãos ou entidades executivos e rodoviários municipais e das entidades representativas da sociedade ligada à área de trânsito. 42 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO APLICADA Por fim é importante mencionar que entre os membros do CETRAN deverá haver os seguintes: » um membro com formação de nível superior em qualquer área de atuação, com notório saber na área de trânsito; » um membro com formação de nível superior em Medicina, com conhecimentos em trânsito; » um membro com formação de nível superior em Psicologia, com conhecimentos em trânsito; e » um membro com formação de nível superior na área de Meio Ambiente, com conhecimentos em trânsito. Vamos entender que ao se falar na representação das esferas do Poder Executivo estadual ou distrital devemos ter em mente os órgãos ou entidades executivas de trânsito, órgãos ou entidades rodoviárias e órgãos de policiamento ostensivo de trânsito em âmbito estadual ou distrital. Os representantes dos órgãos ou entidades executivos e rodoviários municipais devem ser escolhidos de acordo com a seguinte regra: » representante dos órgãos ou entidades executivas e rodoviárias da Capital do estado; » representante dos órgãos ou entidades executivas e rodoviárias do município com maior população, desde que não contemplado no item anterior; » representante dos órgãos ou entidades executivas e rodoviárias do município com mais de 500 mil habitantes, desde que não contemplado nos itens anteriores; » representante dos órgãos ou entidades executivas e rodoviárias do município com população entre 100mil e 500 mil habitantes, desde que não contemplado nos itens anteriores; » representante dos órgãos ou entidades executivas e rodoviárias do município com população entre 30mil e 100 mil habitantes, desde que não contemplado nos itens anteriores; e assim sucessivamente quando existirem mais de três representantes. 43 LEGISLAÇÃO APLICADA │ UNIDADE II Os representantes de entidades representativas da sociedade ligadas à área de trânsito devem ser entendidas como integrantes pertencentes a sindicato patronal, sindicato dos trabalhadores, ou entidades não governamentais ligadas à área de trânsito. Órgãos executivos de trânsito Nessa seção, falaremos dos órgãos executivos de trânsito do SNT. Iniciaremos pela União e passaremos pelos demais entes federativos. Vamos conhecê-los? Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN O Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN é o órgão máximo executivo de trânsito do SNT e está vinculado ao Ministério das Cidades, sendo assim um órgão da União. É importante iniciarmos nosso conhecimento do DENATRAN entendendo que ele não exerce atividade de fiscalização propriamente dita. Embora o art.19, inc. I do CTB tenha a redação que compete ao DENATRAN cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito assim como as normas do CONTRAN, devemos ter em mente que esse “cumprir e fazer cumprir” consiste na expedição de atos ordinatórios, por meio de Portarias, com o intuito de definir procedimentos a serem adotados. Dentro da visão de governança organizacional do SNT, seria um nível tático, isto é, objetivos a médio prazo ou um maior detalhamento dos objetivos. Vale ressaltar que essa analogia com governança é apenas para que você entenda o conteúdo, nem o DENATRAN nem o CONTRAN são oficialmenteclassificados dessa forma, embora poderiam ser! Com uma análise da composição do CONTRAN, entendemos melhor o porquê da sua não fiscalização, pois vimos que o Diretor do DENATRAN é responsável por presidir o CONTRAN. Dessa forma, não seria possível que o Diretor do DENATRAN aplicasse a penalidade e o próprio a julgasse no papel de Presidente do CONTRAN. Atribuições principais do DENATRAN Há no CTB diversos artigos que tratam das competências do DENATRAN, falaremos aqui das principais competências, dando alguns exemplos de sua aplicação quando couber. Vamos a elas! 44 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO APLICADA Veremos a seguir que o DENATRAN atua como um grande organizador e padronizador de alguns procedimentos relacionados ao trânsito. Esse papel é fundamental para evitar que cada estado atue de forma diferente, além de centralizar informações em uma única base de dados nacional. Assim, começaremos a abordar as competências originárias do CTB, competências nas quais alguns autores preferem chamar de delegáveis. Essas competências dizem respeito à padronização para emissão de documentos de veículos (CRV, CRLV) e de condutores (PPD, CNH e PID). Não se preocupe com as siglas, se você ainda não as conhece, veremos nesse momento. » Certificado de Registro de Veículo – CRV: é o documento utilizado para efetuar a transferência do veículo e é emitido no momento do primeiro emplacamento, alteração de dados ou na aquisição de veículo usado. Popularmente é conhecido como DUT conforme verificado em Minas Gerais (2014). » Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo – CRLV é o documento de registro e identificação, de porte obrigatório, para trafegar com o veículo. A renovação do licenciamento é uma obrigação anual do proprietário de veículo automotor para que o veículo esteja em condições legais de circulação. Popularmente é conhecido como Licenciamento ou até «verdinho». Esse documento é emitido anualmente de forma automática pelo DETRAN de cada estado, mediante o pagamento de todas as taxas relacionadas que são Impostos Sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA, seguro obrigatório, taxa de licenciamentos e multas em aberto. (Informação retirada e adaptada de Minas Gerais – 2014). Agora eu te pergunto: multas suspensas ou em fase de notificação de autuação (NA) impedem a emissão do CRLV? Resposta: Não! Os débitos de multas não podem estar vencidos ou em fase de Notificação de Penalidade (ou lançado), mas não pago. (Informação retirada e adaptada de Distrito Federal (2014)). Aproveito a ocasião para esclarecer que uma multa, em fluxo normal, primeiramente se torna uma Notificação de Autuação – NA e depois passa a ser uma Notificação de Penalidade – NP. Enquanto NA, a infração pode ser contestada, alterada a informação do condutor, entre outros. Após passado o prazo de NA, a infração torna- se NP, momento no qual abre-se a possibilidade do pagamento. Há ainda diversas situações que podem ocorrer, como aplicação da advertência, recursos à JARI, entre outros, mas não fazem parte do foco do nosso estudo, entrei nessa situação apenas para lhe dar uma noção sobre esse conteúdo. 45 LEGISLAÇÃO APLICADA │ UNIDADE II » Permissão para Dirigir – PPD: a pessoa maior de 18 anos, que saiba ler e escrever, possua RG e CPF pode ser um candidato à obtenção da “carteira de motorista”. O fato é que no processo de obtenção da CNH que passa por aulas teóricas e práticas, o candidato aprovado receberá uma PPD. Esse documento terá a validade de 12 (doze) meses, permitindo ao portador dirigir normalmente em todo território nacional ou até mesmo em países do Mercosul. Ao final dos doze meses, caso o condutor não tenha cometido nenhuma infração grave ou gravíssima e não for reincidente em infração média, ele terá direito à CNH. » Carteira Nacional de Habilitação – CNH: a CNH é o documento válido em todo território nacional como permissão para dirigir veículos terrestres. Os veículos permitidos são divididos em categorias que vão de A a E (incluindo também a categoria ACC para ciclomotores) e sua validade varia de acordo com as restrições de saúde do condutor. Conforme já mencionado, a CNH será recebida após 12 (doze) meses de PPD, desde que cumpridas as exigências. » Permissão Internacional para Dirigir – PID: Em abril de 2006, o DENATRAN lançou um novo modelo para as PID’s conforme padrão estabelecido na Convenção de Viena (modelo firmado em novembro de 1968) e foi promulgado pelo Decreto no 86.714, de 10 de dezembro de 1981. Antes desse decreto, não havia padronização desse documento, cabendo aos estados essa definição. Essa permissão possibilita ao condutor dirigir em diversos países e sua validade e restrições são as mesmas da CNH. Bancos de dados mantidos pelo DENATRAN Conforme já citado, o DENATRAN procurou centralizar as informações nacionais, buscando assim a padronização dos dados, a integridade e a segurança das informações. Essas bases nacionais (ou banco de dados) são atualmente mantidas pelo Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO e se dividem em 4 (quatro): RENACH (art. 19, VIII e Resolução no 19/1998), RENAVAM (art. 19, IX e Resolução no 19/1998), RENAINF (art. 19, XII e Resolução no 155/2004) e RENAEST (art. 19, X e Resolução no 208/2006). Vamos conhecê-las? » Registro Nacional de Condutores Habilitados ou de Carteiras de Habilitação – RENACH: Esse banco de dados contém informações de todos os condutores e candidatos de todo o Brasil. Importante citar que a cada alteração no processo de obtenção, perda ou punibilidade da CNH, 46 UNIDADE II │ LEGISLAÇÃO APLICADA essa base deve ser atualizada sob pena de não validade no processo. Os sistemas dos DETRAN’s dos estados e do DENATRAN devem trocar informações de forma segura para continuidade dos processos. » Registro Nacional de Veículos Automotores – RENAVAM: Esse banco de dados possui informações sobre os veículos de todo o território nacional. Seu funcionamento é similar ao do RENACH. » Registro Nacional de Infrações de Trânsito – RENAINF: Essa base de dados possui informações de todas as infrações em território nacional. Ela tem uma particularidade que é a integração com as bases de dados RENACH e RENAVAM, para troca de informações. O RENAINF mantém as informações financeiras, entretanto, necessita das outras bases para obtenção dos dados dos condutores e veículos, assim como atualizar as pontuações dos condutores. Seu funcionamento também é similar às anteriores. Com essa integração, o SNT dá adeus à impunidade, pois antigamente condutores cometiam infrações em outros estados e nunca recebiam penalizações por suas infrações. A não regularização dos débitos impede a obtenção do CRLV, entre outros processos como a transferência de veículo. » Registro Nacional de Estatísticas de Acidentes de Trânsito – RENAEST: Essa base de dados mantém dados estatísticos dos acidentes de trânsito, sendo integrada às demais bases para obtenção e cruzamento de informações. Essa base serve de insumo para planejamento do trânsito, possibilitando verificar as tendências no trânsito e atuar nos principais problemas. Por meio da Resolução no 208/2006 e do art. 10, inc. X, do CTB, os órgãos executivos de trânsito (PM’s e PRF) dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, deverão integrar-se com esse sistema. Departamento de Trânsito – DETRAN Primeiramente, vamos entender que o que é o DETRAN e onde o encontramos no CTB. Na verdade não encontramos a palavra DETRAN no CTB, isso porque cada ente federativo pode adotar livremente o nome. Para essas instituições o CTB as define como órgãos e entidades executivos de trânsito. Mas o fato é que o nome DETRAN ficou popularizado assim como normalmente os municípios adotam o nome Circunscrição Regional de Trânsito – CIRETRAN, em alguns utilizou-se a nomenclatura Companhia Municipal de Trânsito – CMT. 47 LEGISLAÇÃO APLICADA │ UNIDADE II Mas os DETRAN’s são órgãos ou entidades? » Órgão é a unidade
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