Prévia do material em texto
PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Aula 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Nesta aula, estudaremos a inserção do psicólogo no contexto jurídico. A Psicologia é de grande relevância ao ordenamento jurídico brasileiro, pois visa obter maior compreensão do comportamento do ser humano, para melhorar a solução dos litígios no contexto jurídico. Apresentaremos a história da inserção da Psicologia junto ao Direito, de uma forma geral e contextualizada no Brasil. Serão abordadas as atribuições do psicólogo nesta área, determinadas pelo Conselho Federal de Psicologia e que não mais estão restritas à avaliação psicológica. INTRODUÇÃO PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Psicologia do Testemunho Nenhum testemunho é perfeito, mas por meio dos instrumentos de análise psicológica é possível avaliar certo grau de fidedignidade do relato da testemunha através dos seguintes fatores: Percepção Memória PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO As informações do meio externo são processadas em dois níveis: sensação e percepção. Sentir e perceber é - um processo único, que é o da recepção e interpretação de informações. Percepção não deve ser confundida com sensação. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Sensação é o dado não processado recebido por um indivíduo através dos sentidos. Percepção supõe as sensações acompanhadas dos significados que lhes atribuímos como resultado da nossa experiência anterior. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO GESTALTISMO Percepção é atribuição de significado à informação recebida pelos sentidos. Elementos que mais contribuem para o processo de percepção são: as características do estímulo e as experiências passadas, atitudes e características da personalidade do indivíduo. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO GESTALTISMO O estado psicológico de quem percebe é um fator determinante da percepção, seus motivos, emoções e expectativas fazem com que perceba, preferencialmente, certos estímulos do meio. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Uma vez que se preste atenção e registre o estímulo, ocorre a possibilidade de recuperar informações. A memória possibilita reconhecer o estímulo. A memória, “faculdade de reproduzir conteúdos inconscientes” (JUNG 1991, p.18), é desencadeada por sinais, informações recebidas pelos sentidos, que despertam a atenção. Se esta não acontecer, a informação não ativa a memória. Existem memórias visuais, auditivas, cinestésicas, olfativas, emocionais, e muitas outras . MEMÓRIA PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Outros fatores dizem respeito à expressão dos fatos que podem estar ligados à falta de inteligência verbal, ao ambiente da sala de audiência, aos tipos de perguntas e à linguagem usada pelo interrogador. Embora a testemunha não deva fazer juízos de valor sobre os fatos, vários processos, na maioria inconscientes, interferem na percepção, armazenamento e exteriorização das informações. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Esses diversos fatores, entre outros que não foram contemplados aqui, de ordem psicológica, influenciam diretamente na qualidade do testemunho. Todo evento presenciado passa pelo filtro interpretativo de cada pessoa e é composto por seus conhecimentos prévios, sentimentos e expectativas. E as interferências são várias. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Ao Direito interessa a realidade efetiva dos fatos, mas nem sempre ocorre uma relação direta com a realidade psíquica das testemunhas. Um mesmo fato pode gerar diferentes interpretações, porque cada indivíduo possui uma forma particular de entender o mundo. O que a mente percebe e retém dos acontecimentos depende de fatores internos e externos, que são: PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO • FATORES INTERNOS - O próprio aparelho sensorial de cada pessoa e os conteúdos emocionais dos indivíduos que, em grande parte, escapam à sua consciência. • FATORES EXTERNOS - como os contextos social e cultural, se combinam com aqueles fatores internos para formar a realidade psíquica de cada um. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Estudos acerca dos sistemas de interrogatório, os fatos delitivos, a detecção de falsos testemunhos, as amnésias simuladas e os testemunhos de crianças impulsionaram a ascensão da então denominada Psicologia do Testemunho (GARRIDO, 1994). PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO É importante entender que esses fatos não invalidam a utilização dos instrumentos de análise psicológica para que possam favorecer a compreensão da verdade perseguida pelo Direito. Embora a prova testemunhal seja o meio mais inseguro, em muitos processos ela se constitui o principal fundamento da decisão que resolve a controvérsia. Nesse sentido, é fundamental que os profissionais do Direito possam entender a extensão com que ocorrem as interferências emocionais sobre o testemunho, aumentando as chances de melhor atuação com as testemunhas, obtendo delas um relato que seja mais próximo possível da realidade. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Atribuições do Psicólogo Jurídico no Brasil Para que você conheça o trabalho do psicólogo jurídico no Brasil é preciso entender que nesta área há uma predominância das atividades de confecções de laudos, pareceres e relatórios, pressupondo-se que compete a essa Psicologia uma atividade primordialmente avaliativa e de subsídio aos magistrados. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO É importante que você saiba que o psicólogo, ao concluir o processo da avaliação, pode levantar propostas para os conflitos apresentados, mas jamais determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser tomados. Ao juiz cabe a decisão judicial. Não compete ao psicólogo realizar esta tarefa. É preciso esclarecer essa situação, reforçando a ideia de que o psicólogo não decide, apenas conclui a partir dos dados levantados mediante a avaliação e pode, assim, sugerir e/ou indicar possibilidades de solução da questão apresentada pela situação judicial. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO Entretanto, nem sempre o trabalho do psicólogo jurídico está ligado à questão da avaliação e consequente elaboração de documentos, conforme é estabelecido pelo documento denominado Atribuições Profissionais do Psicólogo no Brasil que foi uma contribuição do Conselho Federal de Psicologia ao Ministério do Trabalho para integrar o Catálogo Brasileiro de Ocupações, enviado em 17 de outubro de 1992 e válido até hoje. Vejamos: PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO A Resolução 007 de 2003, do Conselho Federal de Psicologia, instituiu o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo. É claro que o profissional ligado à área do Direito não terá de saber sobre a elaboração destes documentos, no entanto é recomendado que tenha conhecimento da existência destes documentos e sua utilização, para que possa, nos casos em que atua e se for necessário, solicitar ao psicólogo o documento mais pertinente. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO DECLARAÇÃO É um documento que visa a informar a ocorrência de fatos ou situações objetivas relacionados ao atendimento psicológico, com a finalidade de declarar: a) Comparecimentos do atendido e/ou do seu acompanhante, quando necessário; b) Acompanhamento psicológicodo atendido; c) Informações sobre as condições do atendimento (tempo de acompanhamento, dias ou horários). PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO ATESTADO PSICOLÓGICO É um documento expedido pelo psicólogo que certifica uma determinada situação ou estado psicológico, tendo como finalidade afirmar sobre as condições psicológicas de quem, por requerimento, o solicita, com fins de: a) Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante; b) Justificar estar apto ou não para atividades específicas, após realização de um processo de avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético que subscreve esta Resolução; c) Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, subsidiado na afirmação. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO RELATÓRIO PSICOLÓGICO O relatório ou laudo psicológico é uma apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Como todo documento, deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervenção verbal), consubstanciado em referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo psicólogo PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO PARECER É um documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. O parecer tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo do conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma “questão-problema”, visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de quem responde competência no assunto. PSICOLOGIA JURÍDICA AULA 03: RELAÇÃO ENTRE PSICOLOGIA E DIREITO AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO.