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Os Mandamentos do Superego

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INTRODUÇÃO
A priori, o trabalho em questão aborda o resumo do capítulo onze do livro Fundamentos
Psicanalíticos de David E. Zimerman. Apresenta-se a divisão por tópicos: O que é o
superego e qual sua função no psiquismo; As subestruturas do super ego; O superego e o
complexo de édipo; O superego para Melanie Klein e Bion e as subestruturas na prática
analítica.
O que é o superego e qual a sua função no psiquismo?
Titulado como integrante da segunda teoria do aparelho psíquico, o superego é uma
instância psíquica responsável pelas funções da moral, estruturadora de leis e proibidora
do rompimento das mesmas, possuindo também a condição de dominar o próprio ego que
lhe deu origem. Além de julgar criticamente as outras funções mentais, em termos de um
padrão moral de certo e errado, bom e mau, recompensa e castigo. 
O Superego como abordado acima, possui em sua composição a instância de alterar a
vivência e subordina-se a ela, por meio de instrumentos internalizados que insistem de
acordo com uma certa demanda no segmento de algumas regras, postuladas pelo mesmo
que contrariam às pulsões do id; responsável também por intimidar e desviar às funções
do ego, cumprindo as determinações sobre o que o sujeito pode ou não fazer, questão
que a todo momento ocasiona uma condição mental de culpas, acompanhado do
sentimento de medo e defesa.
Pode-se dizer, que o Superego é uma instância que age a partir de três procedimentos, o
de auto-observação que é a comparação que o superego faz do ego com o mundo e os
objetos, e a análise que ele faz também da presença de desejos; o de consciência moral
que é responsável pela formação de culpas; e o de ideais que é responsável pelo
sentimento de inferioridade, quando estes não são atingidos.
Muitos autores consideram o superego como uma estrutura do conjunto, que é formulado
por diversas subestruturas; o “ego ideal” e o “ideal do ego”, “ego auxiliar”, “alter ego”,
possuindo cada uma um significado. David E.Zimerman, nos traz uma diferenciação
precisa sobre esses termos, afim de cessar a confusão semântica que ocorre entre eles.
As subestruturas do super ego
Primeiramente, o “ego ideal”, termo criado por Freud, está fortemente ligado ao fator do
sujeito ter uma opinião muito elevada sobre si mesmo. Além disso, este possui a
necessidade de admiração, a crença de que as outras pessoas são inferiores e a falta de
empatia, basicamente narcisismo. O sujeito, no caso, sofre demandas ilusórias impostas
por seu narcisismo e quando estas não são supridas, lhe ocasionam um sentimento de
humilhação e um estado depressivo.
O “ideal do ego”, termo também criado por Freud, corresponde ao sentimento de
vergonha quando o sujeito não consegue corresponder às expectativas dos outros, que
através de uma estruturação, passam a ser também as suas expectativas, ou seja, o ideal
do ego na criança é originado através dos ideais do “ego ideal” de cada um dos pais da
criança. Fundamentando, assim, no sujeito os ideais dos outros sobre o que ele deve ser
e ter.
O “Ego auxiliar”, auxilia na discriminação dos utensílios superegóicos, a partir do princípio
que os mesmos são absorvidos de forma tirânica e ameaçadora. Além de ser um termo
dificilmente utilizado, o ego auxiliar ajuda a estabelecer os limites requisitados e na
imposição de valores morais e éticos. Origina-se deste fato o seu nome, além de ser
classificado como amigável e bondoso.
O “alter ego”, é formulado a partir do fato que o sujeito constrói uma duplicação sua, ou
seja, basicamente um gêmeo imaginário através de identificações projetivas maciças dos
seus superegóicos objetos internos em alguém.
O “contra-ego” é um termo formulado por Zimerman, que segundo ele significa, a
existência de um esquema narcisista que interfere no crescimento do ego sadio. Refere-
se, então, a uma subestrutura inconsciente que interfere no crescimento das partes
saudáveis do sujeito.
O “Supra-ego” é uma definição trazida por Bion, pra explicar uma possível existência de
um super-superego. Este, como sendo responsável pelo fator do sujeito estabelecer uma
moral que quer impor a todos, além de ser uma subestrutura constante da parte psicótica
da personalidade.
O superego e o complexo de édipo 
Segundo Freud, o superego se origina da dissolução do Complexo de Édipo, pois quando
a criança supera com mais ou com menos êxito os conflitos desse complexo, ela
identifica-se com seus pais e com as suas interdições, e assim as internaliza, na tentativa
de solucionar as angústias que vêm desse conflito.
No entanto, a criança se identifica com apenas alguns aspectos dos pais e não com
outros aspectos, pois isso ocorre devido a um mandamento interno : “ Deves ser
assim...como teu pai”, como também “Não deves ser assim como o teu pai, não podes
fazer tudo o que ele faz; muitas coisas são prerrogativas exclusivas dele, ai de ti se o
desobedeceres...”. A partir disso, pode-se dizer, que ao mesmo tempo que o superego se
origina do Complexo de Édipo, ele também contribui para sua dissolução por meio dessas
interdições e ameaças.
Além do Complexo de Édipo, o superego surge e é reforçado por mais dois fatores; a
própria hostilidade da criança quando voltada para si mesma, obrigando o seu psiquismo
a se proteger com uma instância fiscalizadora e as posteriores influências e exigências do
meio onde essa criança se encontra.
O super ego para Melanie Klein e Bion
Melanie Klein, ao contrário de Freud, acreditava que a formação do Superego se dá de
maneira precoce, que ocorre por volta do sexto mês de vida do bebê. Ela também
afirmava, que o Superego se origina do Complexo de Édipo, mas que este também ocorre
mais cedo.
Em síntese, Melanie Klein afirma em sua teoria que o superego se origina a partir da
introdução do seio da mãe, ao qual o bebê atribui poderes ambivalentes extremos, como
fonte de proteção e perseguição ou de prazer e de dor. Ademais, Klein nos traz a visão de
que a internalização dos pais a partir da dissolução do Complexo de Édipo, viria
carregada de fantasias do medo da criança de perder seus pais.
Além disso, quando Klein teve experiências na análise de crianças pequenas, afirmou ter
se deparado com um superego cruel destas e a partir disso, evidenciou que a severidade
do superego deriva da “fase máxima” do sadismo da criança, que viria acompanhado de
sentimentos de culpa decorrentes de suas fantasias orais de devorar a mãe e seus seios
cheios de “tesouros” que ela quer exclusivamente para si. Pode-se dizer que, quando
essas imagos da mãe sendo atacada são internalizadas, “ameaçam” a criança com sua
destruição.
Bion, no caso, criou o termo denominado de Super-Superego ou Supra-Ego para explicar
o que ele chama de Parte Psicótica da Personalidade. Assim, o sujeito que possui essa
característica, através do supra-ego, cria verdades próprias e tenta impor a todos de
maneira destrutiva.
As subestruturas na prática analítica
Na prática analítica, observa-se a presença de um superego tirânico, quando um paciente
possui facilidade em assumir sentimentos de culpa desnecessários para a situação em
que se encontra, ou por meio de atos auto-sabotadores que irão impossibilitar que seu
ego se desenvolva de maneira adequada. Além disso, observa-se também no paciente,
quadros de melancolia e proibições de comportamentos sexuais.
A partir do pressuposto de que o ego ideal se origina do narcisismo primário e este
funciona no plano do imaginário, pode-se perceber na prática analítica que o indivíduo
que porta de uma estruturação narcisística forte, não goza de uma visão sólida de futuro,
pois o ego ideal foca-se apenas no presente. Além disso, percebe-se, que o indivíduo se
encontra apoiado em uma fantasia dominante, em que “ter” é igual a “ser”, e que por isso,
o indivíduo espera sempre o máximo de si mesmo. Assim, como a maioria de seus ideais
são inalcançáveis, o sujeitose encontra em um permanente estado de frustração,
maquinando planos através de suas defesas maníacas. A partir disso, o analista deve
gradativamente afastar o paciente das suas ilusões e fazer com que este se aproxime do
“Ego Real”.
O ideal do ego, por sua vez, como herdeiro do ego ideal, traz consigo aspirações e
expectativas dos pais do sujeito, o que faz com que ele se sinta alarmado por causa da
possibilidade de nunca conseguir corresponder à essas expectativas e com isso, perder o
amor de seus pais. A partir disso, pode-se dizer que, o sujeito pode vir a construir uma
personalidade submissa ou fóbica. A função do analista no caso, é fazer com o que o
indivíduo reflita sobre essas metas que o afligem, se deve atingi-las ou não.
É importante observar e diferenciar a relação entre "ego ideal" e "ideal de ego". Uma vez
que o ego ideal é uma formação intrapsíquica, depositário de toda felicidade, expectativa,
idealização e perfeição do narcisismo primário, predominando a autossuficiência. Já o
ideal do ego é o seu modelo de ego ideal, herdeiro das exigências narcísicas dos pais
onde figuras importantes servem de modelo na orientação da vida.
Ainda se pode fazer presente o contra-ego, motivo de muitas vezes a análise fracassar
apesar de ter sido bem executada. O próprio ego sabota e impede o crescimento do
restante da personalidade do sujeito. Dessa forma, o terapeuta deve ficar alerta em certos
casos que as expectativas naturais não respondam ao que tange as verdadeiras
mudanças psíquicas e em certos aspectos da personalidade do paciente.
Vale ressaltar dois aspectos: o processo de contratransferência patológica, que consiste
no terapeuta não conseguir reconhecer, ele não consegue ir para o lugar de observador,
então ele passa a atuar na transferência e não a interpretar a transferência. Outro aspecto
é o das “interpretações” do analista, onde não é rara a possibilidade de que disfarçada de
“interpretação” ele esteja julgando e usando seus preceitos, mesmo que positivamente.
No mais, a tarefa principal do terapeuta é orientar o paciente afim de fazê-lo traçar os
caminhos corretos da liberdade interna, sem tornar-se refém dos mandamentos internos.
Não somente o superego, como os demais no aparelho psíquico.

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