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DIREITO CIVIL I
Raul Palha Miranda e Oliveira; 1º ano AD – FDSBC
Estevan Lo Ré Pousada
2018
São Bernardo do Campo
	INTRODUÇÃO
Direito Privado x Direito Público: o primeiro trata da relação entre indivíduos, e o segundo da relação entre os indivíduos e o Estado, por exemplo. Partindo disto, diferenciamos também. Observa-se que o Direito Público leva a situações de subordinação (agente público de trânsito dotado de ius imperium quando exerce a função). No Direito Privado temos um caráter de “coordenação” entre os particulares, até porque são iguais.
Direito subjetivo x objetivo: o primeiro tem relação com a capacidade de exigir um comportamento de outrem, e o segundo, um direito protegido por lei e pelas autoridades.
Norma cogente x Norma dispositiva: Norma cogente é aquela obrigatória e inderrogável, já norma dispositiva é aquela afastável.
Características da lei: A lei pode ter diversas classificações, falando genericamente. Pode ser “genérica”, voltada para uma coletividade, ou “individual””, voltada para um único sujeito. Poderá ser “abstrata”, quando aponta várias condutas, caso da norma “matar alguém” que é aplicável muitas vezes se necessário, mas poderá ser “concreta”, quando incide uma única vez, como é o caso do testamento. Observa-se que hoje temos uma tendência à normas abstratas. Ex: “Se você chegar atrasado na aula amanhã será reprovado”, é um exemplo de norma individual e concreta, pois individualiza o receptor da norma e fala de uma única aplicação, “se atrasar amanhã”; É diferente no caso de “se qualquer de vocês faltarem nas aulas, serão reprovados” , caso em que é genérica e abstrata. A norma ainda pode ser classificada quanto ao seu caráter mandamental, podendo ser “imperativa” (ordena algo), “descritiva” (descreve algo), “expositivo” (só demonstra algo). As normas podem não ter sanção (“autorizamento”) ou podem ter sanções nela embutidas, como ocorre no direito penal na parte especial do código. Observa-se que dentro da imperatividade é possível que a norma seja “cogente” (inafastável) ou “dispositiva”. 
Quanto à sanção: No caso das normas que tem sanção, é possível classifica-las. Podem ser normas “mais que perfeitas” (penalidade + nulidade), perfeitas (nulidade), menos que perfeitas (somente penalidade) e imperfeitas (sem sanção, sem penalidade nem nulidade). Quanto à natureza: Podem ser normas substantivas (materiais) ou adjetivas (processuais), a depender do ramo de direito. Quanto à sua hierarquia: Campo delicado, podem ser constitucionais, leis complementares, ordinárias, delegadas, medidas provisórias, nesta ordem. O CC/02 é uma lei ordinária. 
	LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (LINDB)
Trata-se de uma lei cujo âmbito de aplicação não é somente o Código Civil. Abrange qualquer ramo do direito. No entanto, traz “princípios gerais”, que podem sofrer alterações de acordo com as peculiaridades de cada ramo do Direito. Observemos o art. 4º que trata do uso da analogia, inaplicável em relação à sanção de condutas delituosas no Direito Penal, admitindo a chamada “analogia in bonam partem” (relação com o princípio da legalidade) para beneficiar o delinquente. 
Art. 1o  Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada Período esse chamado também de “vacatio legis”. 45 dias após aprovada, entra em vigor, para o território internacional é em 3 meses. Observa-se que se publica a lei novamente temos o reinício da contagem, mas se a republicação ocorreu após em vigor, reinicia-se o projeto de lei como novo.
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada § 3o  Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação § 4o  As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
Art. 2o  Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue A norma só é retirada do sistema através da revogação. Exceto no caso de “leis temporárias” (com prazo) “circunstanciais” (durante situação, como na copa do mundo) e “lei de efeitos concretos”. Além disso, devemos diferenciar a “ab-rogação” (revogação total da norma) da “derrogação” (parcial). Além disso, a revogação poderá ser “tácita” (lei atual revoga antiga por incompatibilidade) ou “expressa” (lei declara a anulação de outra anterior). Devemos nos atentar para a questão da “antinomia”: Temos 3 critérios para prevalência de uma lei ou outra, nesta ordem do critério mais forte para o menor, “hierarquia”, “especialidade” e “posterior sobre anterior” (cronológico). No caso de uma lei constitucional em embate com outro, se utiliza a regra da especialidade, caso não seja possível, o cronológico (a mais recente), exceto nos casos de colisão de princípios fundamentais, em que há de se falar no princípio da proporcionalidade.
§ 1o  A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior Diz respeito à revogação que como dissemos, poderá ser expressa ao declarar, ou tácita, quando incompatível ou regular inteiramente a matéria da lei antiga. 
§ 2o  A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior Significa que se vem lei nova somente acrescendo disposições, sem contrarias as existentes, não implica na revogação tácita da lei anterior. 
§ 3o  Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência O nome disso é “repristinação”, é a retomada dos efeitos da lei revogado pela revogação da lei revogadora. Não se admite no CC/02 a repristinação automática, sendo que somente retomará os efeitos da lei revogada se o legislador determinar expressamente. 
Art. 3o  Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece Ninguém pode alegar desconhecimento da lei. Aqui devemos falar da questão da “presunção”, não admitida nesse caso. Temos a “presunção legal” (bebê nasce depois das núpcias, não é necessário exame de DNA para determinar paternidade, pois presume-se legalmente o nubente como pai). Por outro lado, temos a figura da “ficção jurídica”, assim como quando se considera indivíduo morto quando está vivo. O art. 3º pode ser interpretado de 2 modos perante isso, sendo considerado como uma ficção jurídica até porque, é impossível o indivíduo ter conhecimento de todas as normas do ordenamento jurídico. Observa-se que a disposição do art. 3º tem relação direta com o a “necessidade pública”, para que indivíduo não alegue desconhecimento da lei para se eximir de obrigações legais. OBS: Existem exceções, como no caso do art. 139 do CC/02 em que no caso de erro de direito (falha na interpretação da lei) há de se falar em escusa de cumprir a obrigação. 
Art. 4o  Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito Aqui há de se falar no fenômeno da “Integração”; Quando existem lacunas na lei, é necessário utilizar-se da analogia, costumes e princípios gerais do direito para preenche-las. Ex: Discussão de direito acerta de imagem sobre caricatura, na lei fala que não pode usar nome, mas e se utilizar caricatura de pessoa famosa para fins comerciais, pode? Por analogia não. Utiliza-se de um “raciocínio indutivo”, do concreto para o abstrato, chegando numa conclusão. Analogia: Só pode ser utilizado quando há lacuna na lei, é necessário uma semelhança de casos e identidade de fundamentos jurídicos aplicáveis. Costumes: é obrigatório, caso não seguido pode ser manejo de lei, o costume é vinculante, uso não. Observa-se que costumes “contra legem” não são passíveis de aplicação. Princípios geral do direito: são os mandamentos do sistema, que podem ser utilizados. OBS: Não se confunde “interpretaçãoextensiva” com “analogia”, a analogia poderá ser “legis” (usa só um artigo) ou “iuris” (usa o ordenamento), se utiliza outra lei para interpretar, é diferente na interpretação extensiva em que se usa tão somente aquele artigo interpretando-o, desde que haja uma proximidade objetiva (tenta-se compreender o que o legislador quis dizer). Observa-se que o Código Penal e Tributário não são passíveis de analogia ou interpretação extensiva. 
Art. 5o  Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum Esse artigo tem relação direta com o aspecto social da lei. Observa-se que no passado tínhamos leis preconceituosas, com a CF/88 muitas mudanças foram feitas e surgiram 2 correntes ao se interpretar a norma. A “subjetivista”, que acredita que se deve buscar a vontade do legislador leis, independentemente do seu aspecto social. Do outro lado, a corrente “objetivista”, que acredita que a lei tem vontade própria e pouco importa o que o legislador histórico pensa (“volunta legis”), ascensão das leis com o tempo.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada  Tem relação com o princípio da irretroatividade da lei, cláusula pétrea implícita. Temos o ato jurídico perfeito (quando suporte fático já se formou, fazer 18 anos é ato jurídico perfeito, se lei nova descrever maioridade após os 19, não atingirá os que já fizeram 18), direito adquirido (previdência) e a coisa julgada (decisão judicial transitada em julgado) como barreiras para aplicação de leis novas.      
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.                  
		CÓDIGO CIVIL DE 2002 (LEI Nº 10.406/2002)
 Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil Estamos falando da personalidade jurídica. Qualquer ser humano pode ser sujeito ativo ou passivo numa relação, qualquer um pode ter “personalidade”, a aptidão genérica a posição de sujeito na relação jurídica. No caso do estrangeiro, devemos ressaltar que tem personalidade, mas não tem direito políticos, observa-se que uma coisa não se confunde com outra. Devemos reforças alguns conceitos a seguir. “Capacidade jurídica” é a aptidão à titularidade de direitos e deveres na ordem civil, tem relação com a personalidade jurídica, todo ser humano tem propensão à ser sujeito ativo ou passivo nesse tipo de relação. A aptidão na capacidade jurídica é relativa (não absoluta), de acordo com o legislador. “Capacidade de fato” (ou de agir) é a capacidade de autogestão, de administrar por si só seus interesses sem prestar contas (depois dos 18 anos juridicamente). Nada disso se confunde com “legitimação” (aptidão para a prática de certos atos jurídicos”, até porque toda relação jurídica pressupõe uma relação entre pessoas, dotados de personalidade, que podem figurar como um polo na relação.
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro O nascituro já foi concebido, mas ainda não nasceu. Temos 2 teorias acerca dos direitos do nascituro, a “natalista” (que afirma que sua personalidade de inicia com o nascimento) e a “concepcionista” (sua personalidade de inicia a partir da concepção). No Direito brasileiro adotamos a natalista de maneira inequívoca, como prevê o art. 2. Mas cabe a nós discutir a teoria da “personalidade condicional”, em que bebê nasceu e viveu por alguns instantes, será que tem direito à herança? Questão discutida. O fato é que adotamos a teoria natalista, mas garantimos alguns direitos ao nascituro, como os alimentos gravídicos obrigatórios pela lei, pai biológico tem que pagar metade das despesas, depois se for provado que não é pai, poderá ser ressarcido. 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos Questão importante e recorrente, tem relação com a capacidade absoluta ou relativa. Estamos falando da “capacidade de fato”. Os menores de 16 anos são os únicos absolutamente incapazes pelo CC/02, seus atos são sujeitos à nulidade. Precisa ser representado para realiza-los.
Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer Precisam ser assistidos, em caso de inobservância seus atos são anuláveis. Os relativamente incapazes, diferentemente do absolutamente incapaz, podem realizar determinados atos da vida civil, por isso relativos. OBS: A incapacidade poderá ser suprida por representante (se absolutamente incapaz) ou por assistente (se relativamente).         
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos Aqui há de se falar no “casamento putativo”, por mentira de idade.
 II - os ébrios habituais e os viciados em tóxicos é o caso do viciado em tóxico, enquanto usa substâncias, esses atos precisam ser duradouros.    
 III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade Caso do sujeito tomado por fúrias e acomete algo que não faria em estado normal, ou sujeito em coma.          
IV - os pródigos São aqueles que viciados em jogos ou outros meios, são interditados, porque despendem facilmente seu patrimônio. 
Parágrafo único.  A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial lei 13.146/15 retirou muitas incapacidades, sem nenhum discernimento foi retirado da incapacidade absoluta, síndrome de down, surdos-mudos, os próprios indígenas passaram a ser regulados pelo estatuto do índio. 
Sistema de proteção do incapaz: No ordenamento jurídico brasileiro o incapaz é protegido de diversas formas. No caso de impedimento/suspensão, no mútuo (quem toma dinheiro emprestado do incapaz não é compelido ao pagamento), no caso do jogo ou aposta (quem perde o jogo ou aposta paga de volta, repetição, pessoa normal não pode pedir de volta, mas incapaz pode), na partilha de bens na herança, compra de imóveis... o incapaz goza de proteção expressa da lei. Devemos falar, portanto, da cessação dessa incapacidade, que se inicia a partir do art. 5º do CC/02. 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil É a regra geral, cessa a incapacidade com a maioridade, 18 anos completos. No entanto, é possível que cesse antes, por meio da emancipação, como dispõe o §Ú do mesmo art. 5º.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: (Emancipação); A emancipação poderá ser “voluntária”, quando os pais tornam o filho plenamente capaz para melhorar sua vida, é válida quando feita em benefício do emancipado, pais não ficam isentos de alimentar se necessário. Poderá ser também emancipação “judicial”, aquela concedida pelo juiz, se perceber que vai beneficiar o menor. E poderá também ser emancipação “legal”, por casamento, emprego público, colação de grau em ensino superior ou por estabilidade civil ou comercial, tendo economia própria. 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Observa-se que até agora falamos da capacidade. É possível que ocorra a morte do sujeito capaz, hipótese em que há de se falar em extinção da personalidade natural.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte;presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva Com a morte se extingue a personalidade natural. A morte se classifica em: 1. Real (quando se constata a morte do indivíduo, como no caso da morte cerebral pelo entendimento jurisprudencial) 2. Presumida (quando desaparece por muito tempo sem notícias ou vestígios, também há de se falar em presunção de morte quando sujeito corria perigo de vida e some, sem declaração da ausência, se sumir por até 2 anos na guerra, considerando como a data da morte a do desaparecimento ou então na sucessão definitiva) 3. Simultânea (comoriência) (quando não se consegue determinar quem morreu primeiro, no caso do acidente veicular ou de avião, hipótese em que se considera morte simultânea, importante para fins de sucessão) 4. Civil (juridicamente morto, descendentes herdam porque sujeito é considerado morto – “ficção jurídica”). 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida Caso do acidente de avião.
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos Fenômeno da comoriência, importante para fins de sucessão, quando não se pode distinguir o tempo de morte de um indivíduo para com o outro, presume-se a morte como simultânea. 
Art. 9o Serão registrados em registro público: I - os nascimentos, casamentos e óbitos; II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;
	DIREITOS DA PERSONALIDADE
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária Intransmissibilidade (Não posso transferir para outros); Irrenunciáveis (Não posso abrir mão, caso do direito à vida); Ilimitados (Não consigo quantificar nem numerar). Absolutos (Oponível “erga omnes”); Extrapatrimoniais (fora do patrimônio, sem sujeição econômica); Impenhoráveis (Não podemos dar em garantia); Indisponíveis (Não posso dispor como quiser); Imprescritíveis (Não tem validade por não exercer); Vitalício.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei Ou seja, em caso de ameaça (sem lesão) já posso pedir que cesse o ato lesivo. Posso exigir medidas preventivas (impedir publicação de biografia não autorizada), cominatórias (multa para cada dia que pessoa colocar vídeo na internet sem apagar), repressiva (vincular nome a algo). O lesado, além de pedir para cessar, pode pedir perdas e danos, ainda cabem outras sanções penais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes Integridade é um direito da personalidade, não posso dispor como quiser. “Salvo por exigência médica”, é o caso da pessoa que pode dispor do corpo em caso de exigência médica mesmo havendo deterioração, como na amputação necessária. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial É permitido o transplante de órgãos e hemoderivados desde que não seja oneroso (CF/88). Em vida, pessoa pode doar órgãos, mas precisa ser para parente até 4º grau, cônjuge ou mediante a autorização judicial. No entanto, só poderá doar se: Não acarretar risco a integridade física, não comprometer saúde vital e mental, não causar mutilação inaceitável, e por fim, é preciso ser doação de órgãos duplos. 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo O direito de mudar de ideia, chama-se consenso afirmativo, posso mudar de ideia até o momento da minha morte. 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica “Princípio da autonomia da vontade”, mesmo em caso de risco de vida (como quando se prolonga vida por meios artificiais); Muitas vezes prolongar a vida humana pode custar sua dignidade, logo, se negar tratamento médico devido a crença, o direito deve ser respeitado. Para a pessoa dispor do seu tratamento é preciso ter: Capacidade de fato e manifestação livre. Paciente pode escolher seu tratamento se estiver consciente, caso contrário, leva em conta o que ele quis antes (num documento de qualquer tipo desde que legítimo), se não ter nada, parente próximo decide. 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome Agnome (Júnior, neto). O nome é composto de diversos aspectos, no entanto, devemos nos atentar para o direito ao “prenome” e “sobrenome”. Alteração do prenome: Que exponha pessoa ao ridículo, erro de grafia, homonímia (pessoas com mesmo nome), Mudança de sexo, adoção durante menoridade, proteção de vítimas e testemunhas, apelido público e notório (Xuxa). Alteração do sobrenome: Casamento, divórcio e adoção.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória Não pode usar nome do outro se expor difamatóriamente. Observa-se que o elemento subjetivo (intenção) é dispensável quando há lesão. 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial Só pessoa pode explorar seu nome economicamente se a pessoa permitir o uso dele. 
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome Pelé, recebe a mesma proteção que o nome. Observa-se que se o sujeito adotar um pseudônimo para atividade ilícita, como tráfico de drogas, obviamente não gozará de proteção. 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais Se aplica a Pessoa Jurídica também. Hipóteses de exceção: Autorização dada pela pessoa para utilização de seu nome; Se necessário à administração da justiça (juiz precisa adentrar em palavras e imagens da pessoa em algum caso); Manutenção da Ordem Pública (quando em prol da sociedade autoridade competente invade a privacidade do sujeito).
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.   
	AUSÊNCIA
	Quando ocorre o desaparecimento do domicílio semdeixar vestígios, sob perspectiva do Direito Civil, os bens do desaparecido necessitam de uma administração; Encontra-se na figura do curador um administrador desses bens deixados pelo ausente. No Código Civil de 1916 essa matéria era atribuída tão somente aos Direitos de Família, pois lá fica descrita as atribuições do curador. No CC/02, se adota a ideia de que o desaparecido pode estar vivo ou morto, logo passou a se tratar de ausência também na parte geral.
	Quem vai administrar os bens do desaparecido? Existem diversas hipóteses a serem estudadas. Observa-se que para ser declarado ausente é necessário um desaparecimento qualificado sem deixar vestígios ou representantes legais, sem deixar procurador, ou que esse procurador não possa cuidar dos bens, seja por não ter poderes para isso, ou pelo decurso do tempo. 
	Vejamos as hipóteses possíveis nesse caso: Supondo que o sujeito desaparece sem deixar notícias, mas deixa procurador, que pode recusar a administração dos bens ou não por querer, ou por não poder cuidar no momento, ou por não ter poderes para isso. Assim há de ser declarado ausente o desaparecido. Essa é uma das hipóteses, em que mesmo tendo procurador, há de se nomear curador, da mesma forma ocorre quando não há procurador ou representante legal. Portanto, o juiz pode nomear um curador quando: 1- Desaparece sem representante legal; 2- Desaparece sem procurador; 3- Desaparece e procurador não pode exercer a administração dos bens, por não querer ou não ter poderes (porque já administrou por 3 anos).
	Existem 2 pressupostos para ausência: A) Desaparecimento do domicílio sem deixar notícias ou vestígios B) Inexistência de representante apto a gerir os bens do desaparecido (1- Por não ter nomeado, 2- por ter nomeado e não querer, poder ou ter poderes insuficientes, 3- Procurador exerceu já os 3 anos, caso em que se declara ausência com sucessão provisória).
	Quando uma pessoa desaparece, temos de pensar também nos interesses dos sucessores, credores ou devedores do ausente. Para isso, devemos compreender as 3 fases do instituto da “ausência”; Existem 3 fases após o desaparecimento:
	1. Curadoria dos bens: aqui temos a conservação dos bens, admite-se que o desaparecido tem probabilidade de estar vivo, seus bens são apenas mantidos. Se eu tenho um procurador nomeado, este ficará no poder dos meus bens por até 3 anos (logo, quando se tem procurador, não há de se falar em “curadoria dos bens”), após isso será declarada a ausência e sucessão provisória (pula a primeira fase). Como afirmado, caso não tenha procurador, se nomeia um “curador”; Existem 2 “requisitos” para nomeação do curador: 1- não tem procurador ou representante legal, 2- tem procurador, mas não pode, não quer ou não poderes para isso; OBS: Quando tem procurador após o desaparecimento do mandante, procuração não precisa ser renovada, hipótese em que ele administrará durante 3 anos os bens. Não há de se falar em curadoria nesta hipótese, pois após o decurso dos 3 anos, permanecendo desaparecido o mandante, proceder-se-á para a sucessão provisória dos bens. 2. Sucessão Provisória: Na sucessão provisória começa-se a distribuir os bens do ausente, adotando-se a ideia de possibilidade de morte. Os efeitos do art. 26 em diante ocorrem após: 1- 1 ano de curadoria dos bens, 2- quando tem procurador depois de 3 anos(nesse caso ausência é declarada na sucessão provisória, até porque se pulou a primeira fase de “curadoria dos bens”). 3. Sucessão Definitiva: 10 anos depois da sucessão provisória, admite-se que provavelmente o ausente esteja morto, produzem-se os efeitos do art. 37 em diante do CC/02. 
		Devemos a partir de agora, compreender as disposições do Código acerca da ausência. 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores Fala sobre o que o curador pode fazer, depende das CIRCUNSTÂNCIAS, de acordo com o caso o curador pode ter mais ou menos poderes. O juiz pode conferir poderes maiores ou menores de acordo com os bens dispostos pelo desaparecido, dependerá de uma série de variáveis. Mas quem poderá ser curador? Cônjuge, se não ter separação por 2 anos ou estar inapto (em coma); O companheiro (indivíduo que se admite como companheiro por viver junto, por equiparação constitucional). Ainda poderá ser curador, os pais, descendentes (quanto mais próximo tem preferência); Observa-se que essa ordem não é obrigatória, visto que o juiz escolherá o mais vocacionado para administração dos bens do ausente Ex: Neto capacitado (seja economicamente ou intelectualmente) e o filho incapacitado, nesse caso, devido circunstância, se escolhe o neto por estar mais apto Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. § 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. § 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. § 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Art. 25 no terceiro parágrafo, diz que se mesmo assim extinguindo as possibilidades, sem colaterais para administrar os bens, é nomeado um curador judicial (desconhecido) Significa que não havendo cônjuge, pais ou descendentes aptos a gerir os bens do ausente, há de se falar em curador judicial nomeado pelo juiz. 
Cessa a curadoria dos bens: 1- Com o aparecimento/retorno do desaparecido. 2- Com a comprovação da morte 3- Com a abertura da sucessão provisória. 
A partir de agora, há de se falar na “sucessão provisória”, segunda fase da ausência.
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão Significa que se tinha procurador, se espera 3 anos para abrir a sucessão provisória. Agora, se não tinha procurador e se nomeou um “curador”, decorrido 1 ano, os interessados podem requerer a declaração de sucessão provisória.
Na sucessão provisória começa-se a distribuir os bens do ausente, adotando-se a ideia de possibilidade de morte. Os efeitos do art. 26 em diante se produzem após: 1- 1 ano de curadoria dos bens, 2- quando tem procurador depois de 3 anos(nesse caso ausência é declarada na sucessão provisória, até porque se pulou a primeira fase de “curadoria dos bens). 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: 
I - o cônjuge não separado judicialmente Interessados nos processos anteriores, a palavra importante desse artigo, “somente”, não abre espaço para interpretações extensivas. Observa-se que quando se fala em cônjuge se inclui o companheiro, pois CF equipara, lembrando da antinomia de segundo grau, apesar de ser lei posterior, em 2002, CF/88, prevalece por hierarquia.
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
 III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte Para entendermos melhor este inciso, devemos nos remontar à hipótese do “usufruto”. A Propriedade é composta por (1228 CC) “ius utendi” , “ius fruendi”, “ius abutendi”, “ius reividicandi’, “ius possidendi”. Os 2 primeiros se referem ao usufrutuário, trata-se do direito de usar a propriedade e do direito de usufruir desta. No usufruto, figuram-se 2 titulares depropriedade e de seus elementos acima descrito, o proprietário detém o ius abutendi, reividicandi e possidendi; e usufrutuário fica com o ius utendi e fruendi. Quanto ao usufrutuário, o usufruto é vitalício, só em caso de morte para que o proprietário readquira o uso e a fruição. Mas se o usufrutuário desaparecer? Nesse caso, o proprietário passa a ser um dos interessados na declaração de morte do usufrutuário (suspensão provisória), tendo em vista que irá recuperar o “ius utendi” e “ius fruendi” sobre aquela propriedade. O mesmo vale nos casos de seguradoras ou demais interessados em direitos que dependem da declaração de morte do ausente, quando existe um direito que dependa dessa declaração realizada na sucessão provisória. 
 IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas Credores e devedores; Observa-se que quando assumo uma dívida, mesmo não vencida, já sou devedor, mas não posso ser obrigado a pagar. Não são todos os credores que podem clamar pelo dinheiro no IV, somente os das dívidas vencidas e não pagas. Significa que é necessário o transcurso do prazo (de eventuais parcelas ou quantia) e o seu não pagamento.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido § 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente § 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823 Supondo que sujeito desaparece no começo de 2018, ocorre a primeira fase e depois abre a sucessão provisória (se concluir os processos do artigo 26 de 3 anos para procurador e 1 para curador). Ainda não distribui os bens, aguarda 15 dias para ver se ninguém recorre (da provisória). Supondo que não haja recurso, temos o trânsito julgado, inventário é realizado e entrega de bens é feita 180 dias depois da proposição do inventário. Se ninguém pleitear abertura de inventário. Herança jacente, aguarda aparecer alguém para clamar, se ninguém aparecer no período da herança jacente, torna-se herança vacante, vai para o estado pois ninguém apareceu.
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União Primeiro efeito da sucessão provisória. Converter bens móveis em bens imóveis em caso de deterioração. Para conservar os valores também ou converter em títulos da união. Isso ocorre com bens que baixam valor rapidamente, como um eletrodoméstico, os outros investimentos ou imóveis garantem a seguridade dos valores em caso de eventual retorno do ausente ou para proceder a partilha dos bens. 
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos § 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia § 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente O §2º fala o que acontece e o §1º as consequências. Supondo que sujeito desaparece e partilha de bens vai ser de igualmente 25% para 4 pessoas. Se um dos 4 que pretende ingressar na partilha dos bens não conseguir oferecer uma garantia ficará excluído dessa partilha (obs: questão do penhor, não é penhora, coisa de oficial de justiça que obriga os bens). Os sujeitos precisam oferecer hipotecas ou penhores ao receber bens, pois o desaparecido ainda pode estar vivo. Se sujeito não pode oferecer garantias não terá posse dos bens (penhor é móvel, hipoteca é imóvel. Não se penhora, são empenhados, pois não tem oficial de justiça e penhora é por ordem judicial, penhor é voluntário). Por outro lado, se observa que cônjuge, descendentes e ascendentes não precisam dar garantias para ingressar na posse dos bens nesses casos.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína bens imóveis não podem ser alienados, a única exceção é por desapropriação devido a interesse público, ou ameaça de ruína, existe ainda o caso da oferta irrecusável, caso dos prédios a serem construídos na região e é necessária a venda do imóvel para a construção, tudo isso mediante autorização judicial. 
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas Supondo que sujeito desapareça e 3 filhos ficam com 3 imóveis, 1 imóvel dá problema, quem responderá será o somente o filho responsável por aquele, não sendo solidários entre si. 
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente Supondo que procedendo à partilha de bens, cada herdeiro fica com um imóvel, pais e filho e irmã. Cada um rende 10.000 devido ao aluguel. Pais e filhos podem gastar tudo, já irmã tem que capitalizar 50% do valor. Isso ocorre por irmã ser um “herdeiro não necessário”, se ausente voltar ele resgata essa parcela, imóveis. Observa-se que esses 50% serão resgatados pelo ausente caso retorne, no entanto, se provado que sujeito desapareceu porque quis, o capitalizado vai para a irmã.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria Se irmã não tem meios para hipoteca e garantia, e provar isso, não terá a posse, mas terá direito a metade do capitalizado por quem administra o bem. Quem estiver na posse tem direito à 50% dos frutos em relação àquele bem.
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo Se sujeito desaparece em janeiro de 2017, em janeiro de 2018 abriu a provisória, acham o corpo em Maio/18, agora há certeza de morte e processo é enquadrado de acordo com as normas de Direito da sucessão.
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono Sujeito desaparecido é encontrado, nesse caso, até que o bem seja restituído devem ser bem cuidados. Até serem devolvidos a ele, para acabar a figura da ausência (Significa que não é porque sujeito foi encontrado que irmã na posse dos bens pode larga-los, deve conserva-los até a entrega ao proprietário). 
Devemos tratar agora da questão da “sucessão definitiva”, terceira fase do instituto da ausência.
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamentodas cauções prestadas 10 anos depois da provisória podem os interessados requererem a sucessão definitiva. É provável que o ausente esteja morto. Os sujeitos que capitalizaram 50% podem exigir o que foi depositado e eventuais cauções, como as hipotecas e garantias dadas no início se foi necessário, agora poderão ter 100% dos frutos da coisa (imóvel alugado, todo o aluguel poderá ser levantado, sem necessidade de depositar a metade).
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele Pode abrir definitiva quando sujeito tem mais de 80 anos e sem notícias durante 5 anos. Precisa dos 2 requisitos nesse caso para levantar a definitiva, esse artigo pressupõe do 37. Sujeito desaparecido com 76 anos, se passados 5 anos sem notícias, provar que agora tem 81 anos contando com 5 sem informações, é possível requerer a sucessão definitiva. 
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal Se o sujeito retornar durante os 10 anos na definitiva tem que pegar tudo do jeito que está. Se o sujeito aparece 11 anos depois perde posse de tudo. Parágrafo único diz que se ninguém pedir abertura da definitiva em 10 anos, passa a domínio público. Observa-se que a sucessão definitiva produz diversos efeitos, como cônjuge que é considerado viúvo, observa-se que este pode divorciar antes, mas perderá os direitos sucessórios; Cabe afirmar ainda que em caso de retorno, o segundo casamento prevaleceria sobre o primeiro.
TÍTULO II - DAS PESSOAS JURÍDICAS
 CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS
	Um capítulo que se destina à questões da coletividade, pessoas jurídicas são, teoricamente, um agrupamento de pessoas (sociedade) ou de bens (fundações). Elas tem um propósito, uma vocação própria. A principal vantagem de se constituir uma PJ seria a resposta somente pelo patrimônio da PJ (blindagem patrimonial), fenômeno chamado de autonomia patrimonial. Normalmente, não responde, porém em determinadas ocasiões se supera essa autonomia, e alcança o patrimônio dos sócios. Existem definições diferentes de pessoa jurídica, como mística, abstrata, composta... adotamos pessoa jurídica. 
	Nós aderimos a “teoria da realidade técnica acampada”, no art. 45 do CC/02, em que se entende que a pessoa jurídica é real, mas dentro da realidade técnica, ou seja, por meio de uma realidade que é diferente das pessoas naturais. Essa teoria afirma que a personificação dos grupos sociais é de ordem técnica, pois é o meio pelo qual o direito encontra para atribuir a existência de grupos capazes. É diferente quando falamos de condomínios, não é pessoa jurídica, não tem aptidão para exercer todas as atividades jurídicas que aquela última exerce. Existem 4 pressupostos para criação da pessoa jurídica: 1. Vontade humana criadora; 2. Elaboração do ato constitutivo 3. Registro do ato constitutivo; 4. Liceidade de seu objetivo (escopo lícito, possível e determinado).
	Existem 3 sistemas de atribuição de personalidade jurídica, é necessário a observação dos 3 para que a pessoa seja considerada jurídica: 1- livre formação (vontade), 2- reconhecimento (quando 4 pressupostos acima foram observados) e 3- Disposições normativas. 
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;        
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Tem competências variadas de acordo com a pessoa jurídica de direito interno. As instituições autárquicas gozam de certa autonomia. Autarquia dá certa autonomia, tem vantagens como estabilidade e desvantagens como burocracia. As fundações, por outro lado (conjunto de bens), podem ser públicas, com regime por bem público e estrutura privada para maleabilidade. No parágrafo único, sociedade de economia mista não afasta a responsabilidade do seu gestor, isto é, regida de acordo com o direito privado do CC/02. 
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público Estados estrangeiros adquirem pessoa jurídica ao exercer papel no país. Organizações internacionais surgem por tratados, acordo de criação da pessoa jurídica, como a criação da OMC no Brasil, são pessoas jurídicas de direito público externo. Pode existir uma administração estrangeira indireta quando uma empresa estrangeira compra uma nacional, dentre outras hipóteses.
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo Questão da responsabilidade civil, que merece atenção em breve. 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos.  VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada Todas essas são regidas pelo regime de pessoa jurídica de direito privado, com exceções previstas em lei. Observa-se aí à atenção às organizações religiosas, o poder público não pode interferir nestas, só em caso de ilícito, com previsão constitucional inclusive. Empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI) precisam de uma quantidade de salários para existir, questão que será tratada em direito empresarial. 
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.            
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
A criação da pessoajurídica é nula se não tem a denominação, finalidade ou sede (I); É preciso também do nome e individualização dos fundadores e instituidores, observa-se que quem representa a pessoa jurídica é o diretor, administração depende da pessoa jurídica, por outro lado, quem cria é o instituidor, fundador surge anteriormente. O modo de administração também precisa ser registrado, dependerá da complexidade da Pessoa jurídica (III). Também se registra aspectos que podem mudar o ato constitutivo e o que foi tratado (IV) e como os membros respondem de acordo com atos da pessoa jurídica (limitada, ilimitada etc) (V). É preciso dispor sobre o caso de extinção da pessoa jurídica, se o que sobrar dela será repartido e como (VI). Tudo isso tem que estar no ato constitutivo, caso contrário será nulo. 
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo Cabe aqui delimitar o que é abuso e o que é excesso. Um sócio pode contrair empréstimos em nome da pessoa jurídica e fugir, quem será responsabilizado? Depende, se o sócio tinha o poder de contrair 500.000 fugiu, houve abuso de poder e a empresa se responsabiliza. Se o sócio não tinha poderes para isso ocorre o “excesso de poderes” e a consequente irresponsabilidade da pessoa jurídica, até porque deveria quem emprestou checar o ato constitutivo e verificar os poderes do contratante. Estudaremos em direito empresarial que essa questão é polêmica, tendo hipóteses em que não há responsabilidade.
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude Mudou para 4 anos, no artigo que será estudado depois. Em caso de administração coletiva, maioria decide, existem casos em que depende da participação de cada um na porcentagem, vai variar da espécie da sociedade e o determinado no ato constitutivo. 
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.
	DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
	Esse artigo fala sobre a desconsideração da pessoa jurídica. O “princípio da autonomia patrimonial" se traduz na possibilidade do patrimônio da pessoa física (sócios) ser inatingível pela dívida da pessoa jurídica. Essa é a regra. Isso tem relação direta com a explicação do porquê existe a pessoa jurídica; Existe para blindar o patrimônio da pessoa física à dividas da pessoa jurídica e credores (essa é a sua principal vantagem). 
No entanto, existem exceções em que o credor alcança o patrimônio pessoal dos sócios, superando a autonomia da pessoa jurídica. Existem 2 exceções em que o credor poderá agredir o patrimônio pessoal dos sócios: 1. Quando há responsabilidade fisiológica: os sócios pela sua livre vontade colocam o patrimônio pessoal como garantia de dívidas sociais. 2. Quando há responsabilidade patológica: Sinônimo de mal uso, quando sócios abusam da autonomia patrimonial para ludibriar credores. No código civil, temos o artigo 50, conferindo o nome de desconsideração da pessoa jurídica como consequência dessa responsabilização. 
O princípio do artigo 50 foi criado na década de 60 numa publicação, no qual a desconsideração da personalidade jurídica era o seu título. Serve para evitar que o princípio da autonomia patrimonial seja usado por sócios inescrupulosos. É importante ressaltar, quando há abuso, alguns credores poderão ser favorecidos, aqueles que conseguem provar o abuso (diferente de excesso de poder) serão favorecidos, outros não – Logo essas exceções são episódicas, e não genéricas. Significa que a desconsideração da personalidade jurídica irá favorecer àqueles que provarem o elemento objetivo e subjetivo quando requisitado.
	A teoria da desconsideração da personalidade jurídica é dividida em 2 modalidades, uma adotada pelo CDC (Teoria menor) e outra pelo CC (Teoria maior); Teoria Menor: Só é necessário o inadimplemento para que seja desconsiderada a pessoa jurídica, e então o patrimônio pessoal dos administradores e sócios pode ser agredido. Teoria Maior: Além da inadimplência, é necessário o abuso da personalidade jurídica (elemento subjetivo). Pelo artigo 50 ocorre de duas maneiras possíveis (uma já basta para a desconsideração): Confusão patrimonial (quando sócio paga dividas da PJ com patrimônio pessoal e vice-versa, é necessário quebrar sigilo bancário para comprovar, depois disso é fácil) ou desvio de finalidade (escritório de advocacia, que passa a vender livros. O desvio ocorre quando o objeto social nominal é diferente do objeto social real, veja que a venda episódica de livros não caracteriza o desvio de finalidade, este ocorre tão somente quando a prática é reiterada), é fácil provar, porém complexo, devido a questão da venda episódica não bastar para caracterização do elemento subjetivo no caso. Observa-se que, portanto, ao tratarmos do CC/02, há de se falar na adoção da “teoria maior”, sendo necessária a inadimplência da pessoa jurídica (objetivo) e o desvio de finalidade e/ou confusão patrimonial (subjetivo). 
	Modalidade peculiar de desconsideração da pessoa jurídica: Existe a possibilidade de ocorrer a desconsideração da pessoa jurídica inversa, quando o credor está exigindo busca de bens de uma pessoa natural, que passou seus bens para o nome da pessoa jurídica, assim isentando-se de partilha de bens num divórcio, por exemplo. Significa que o que ocorre aqui é o inverso, o sócio se refugia transferindo todos os seus bens para a pessoa jurídica, com a finalidade de que esses bens não sejam atingidos, seja pelos credores pessoais ou por eventual divórcio, por exemplo. OBS: Questão do condomínio no artigo 50; Como já observamos o artigo 63 da lei de condomínios e incorporações permite que, excepcionalmente, se atribua personalidade jurídica ao condomínio que ordinariamente não tem, em sentido inverso ao artigo 50, como sendo uma extraordinária consideração da personalidade jurídica.
Por fim, se um sujeito que fez parte de uma pessoa jurídica no passado vier a ser cobrada no futuro, pode responder pelas dívidas? Não, nesse caso o associado conseguiria o cancelamento, mas muito provavelmente que o inconveniente faria com que este jamais se associasse novamente. Por isso, concluímos que quando o juiz abre mão do princípio da autonomia patrimonial, desestimula a atividade econômica. É por isso que devemos usar a desconsideração com cuidado, aplicar muito causa desestímulo e desacreditamento no princípio da autonomia patrimonial, motivo pelo qual se constitui uma pessoa jurídica. 
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado.
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
 Precisamos reforçar alguns conceitos quando falamos de extinção da pessoa jurídica. “Dissolução-ato” é a decisão de separar (inauguram o processo de dissolução, quando os sócios reunidos decidem encerrar a pessoa jurídica). “Dissolução-procedimento” é o procedimento necessário para dissolver a pessoa jurídica, envolve a liquidação (vender todo oativo e pagar todo o passivo), o que sobrar, parcela entre os sócios pela participação a depender do que dispõe o ato constitutivo. Depois promove a extinção da pessoa jurídica com o averbamento do cancelamento da inscrição da Pessoa Jurídica.
Observa-se que devemos diferenciar ainda “sociedade de fato” (aquela com ato constitutivo inexistente, mas faticamente existe) de “sociedade irregular” (ato constitutivo existe, mas não é registrado na forma da lei), hipóteses em que o patrimônio privado e pessoal dos sócios pode ser atacado demasiadamente.
E no caso de condomínio, como proceder? Um condomínio não pode adquirir um imóvel, pois é um ente despersonalizado. Por fim, pessoa jurídica se classifica por: Nacionalidade (sede nacional criada no Brasil ou estrangeira), também em corporações (várias pessoas formando uma corporação) ou fundação (conjunto de bens reunidos com um escopo).
RESPONSABILIDADE CIVIL – TEORIA PUBLICISTA DO RISCO ADMINISTRATIVO
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Aquele que por ação ou omissão... Comete ato ilícito, falado também no artigo 187:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
“Sempre que alguém por alguma conduta fere a outrem, geralmente tem de reparar os danos”. Chamamos isso de responsabilidade civil, agora não estudaremos a responsabilidade da pessoa jurídica no Direito Privado e nem no Público externo, somente a responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito público interno: União, Estados, DF e os territórios, Municípios, autarquias, demais entidades de caráter público criadas por lei. Existem 4 elementos que desencadeiam a responsabilidade civil:
1. Elemento formal conduta, pode ser ativa quando o sujeito faz a coisa, puxa o gatilho e mata outro. Pode ser inativa, quando o sujeito deixa de fazer a coisa, quando não alimenta criança e ela morre). 		2. Elemento material Dano, preciso provar também que houve dano). 					3. Elemento causal Nexo de causalidade, relação da conduta com a causa, relação de pertinência entre o dano e a conduta geradora, por exemplo, sei que devido a conduta de não frear o sujeito causou o dano que antes não existia no meu carro, possível provar isso por meio da tecnologia, câmeras que asseguram o elemento causal.
 4. Elemento subjetivo Culpabilidade, por dolo ou culpa. Se no carro batido, o sujeito bateu porque quis, é doloso. Se por distração, celular etc... é culposo. 
Observa-se que conduta (formal), dano (material) e nexo causal (causal) são facilmente identificáveis. Mas a culpabilidade (elemento subjetivo) pode ser difícil, tem de devassar a subjetividade. Significa que os elementos formal, material e causal são os elementos objetivos da responsabilidade civil, enquanto a culpabilidade é o elemento subjetivo.
Existem casos em que o elemento objetivo da responsabilidade civil sozinho ganha a indenização, facilitando o processo para a vítima, isto é, hipóteses em que se exclui a necessidade de prova do elemento subjetivo (culpabilidade). Hoje em dia, são tantas exceções que acabou se tornando uma regra. Começou tudo com estradas de ferro, onde não precisava demonstrar a culpabilidade para indenizar, isso foi estendido até para elevadores, e por fim, passou a ser discutido também em relação à pessoas jurídicas de direito público interno, como veremos. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem Nesses casos, independentemente da culpabilidade é preciso indenizar, apenas com elementos formais, materiais e causais. É uma das exclusões acima mencionadas. Observemos a seguir essas hipóteses em que independe do elemento subjetivo para que se tenha a responsabilização por danos:
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos É possível observar alguns casos especificados acima, em que o elemento subjetivo é desprezado. No caso da atividade de risco ou quando sou dono do restaurante e tenho culpa pelo o que o meu garçom faz. 
Responsabilidade Civil no Brasil: Existem 2 sistemas no direito brasileiro relacionados à responsabilidade civil: objetivo ou subjetivo (regra). No subjetivo (regra) se faz necessário provar a culpabilidade (elemento subjetivo), enquanto na vertente do sistema objetivo (exceção) não se faz necessário provar a culpabilidade. Se a vítima não se encaixar em nenhuma das exceções precisará provar o elemento subjetivo. Caso se forre numa das exceções (como nas vistas acima) poderá provar tão somente pelos elementos objetivos. Mas como funciona o tratamento da PJ de direito público interno? 
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
As pessoas jurídicas de direito público interno passaram por uma evolução no que tange a responsabilidade civil. Partiram de uma irresponsabilidade civil completa para uma possibilidade de responsabilização até sem culpa. Vejamos, no passado, se um carro do Estado batesse no meu, não seria indenizado, pois existia a figura da irresponsabilização daquele. Com o tempo houve evolução, devido “a teoria civilista do Estado”, responsabilidade seria possível se eu provasse o dano, conduta, nexo causal e a culpabilidade. Passado mais um tempo, percebeu-se que continuava injusto, devido a não equivalência das partes na questão monetária, o público teria mais dinheiro para se com advogados e ficaria cada mais difícil para o lesado provar o elemento subjetivo (culpabilidade). Então, nessa terceira etapa, houve mais uma evolução para a “teoria publicista da responsabilidade civil”, assumindo a ideia de que se um veículo público bater no meu carro, receberei indenização demonstrando apenas os elementos objetivos, responsabilidade do estado tão somente objetiva, sem necessidade de demonstrar culpabilidade. Observa-se que nada disso exclui na hipótese de precatório quando carro é caro, já que o estado demandaria muito dinheiro para indenizar. Se o carro for mais barato, indenização é rápida.
Logo, agora o Estado é mais facilmente responsabilizado que o particular nos dias de hoje, após essa evolução da teoria civilista para a teoria publicista. Porém, a “teorias publicista da responsabilidade civil” se divide em: 1- Risco integral em que precisa demonstrar conduta, dano e nexo causal, e só vai exonerar o público da indenização se provar o contrário, por exemplo,provar que o dano não foi causado pelo público, rompendo o nexo causal... na verdade o carro já estava amassado antes, prova que se faz por mecanismo tecnológicos. 2- Risco administrativo Admite-se que o ente público pode alegar em algumas hipóteses fenômenos para se exonerar, são esses: “força maior” (bolo de casamento que não pôde ser entregue devido à chuva, teve dano, conduta e nexo causal, mas uma força maior me impediu e rompe com o nexo de causalidade), “caso fortuito” (quando o comportamento humano não me propicia que tenha um ambiente adequado para fazer uma palestra no Espirito santo, não terei de indenizar pois é um caso fortuito), “Culpa exclusiva da vítima” (metrô não precisa indenizar sujeito que se joga em frente ao trem, pois a culpa foi dele de se jogar). Mas e se a família alegar que há culpa concorrente? isto é, negligencia de segurança, metrô tem culpa só que parcial, pois não havia nada que o impedisse de pular. Por isso existem mecanismo de vidro no metro, é um “mecanismo lesivo de culpa”, serve para nesses casos se afirmar que o metrô fez alguma coisa, sujeito teve de se esforçar muito para pular e se matar. 
O art. 43 do CC/02, que rege pessoas jurídicas do direito público interno, adotou “teoria publicista de risco administrativo”. Estado não precisa de culpabilidade para indenizar (responsabilidade objetiva), basta provar a conduta, dano e nexo causal entre eles, no entanto, poderá o Estado se exonerar de responsabilização caso prove força maior, caso fortuito ou culpa exclusiva da vítima (se forrando muitas vezes em mecanismo lesivos de culpa). 
Art. 37 CF § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa Responsabilidade objetiva, pois prevê que se houver dolo ou culpa, ressarcirá a vítima. Para demandar o Estado só precisa provar dano, conduta e nexo de causalidade. Para demandar particular, é necessário também demonstrar culpabilidade. Exemplo: no caso do reparador de poste mexendo no celular, explode transformador e perco todos os filmes e prejuízo de R$200.000. Há conduta, dano e nexo de causalidade, pois o fato da conduta do operador que gerou meu dano. Se eu gravar o sujeito e provar que houve culpa, posso demandar particular, pois tenho o elemento subjetivo de culpabilidade, se não tenho gravação é recomendável demandar a concessionária de serviços públicos, pois só preciso dos elementos objetivos. Ainda posso demandar o Governo do Estado, em casos de prejuízos financeiros por parte da concessionária. 
Culpa de supervisão: Existe, quando professor contrata monitor pelo currículo, porém este não exerce atividade correta. Professor pode ter de indenizar pois não supervisionou o sujeito, existem diversas modalidades de culpa, essa é a culpa in eligendo (por ter escolhido o funcionário errado). Da mesma forma temos a culpa in vigilando (quando não se vigia corretamente subordinado ou incapaz). 
Quando há de se considerar omissão por parte do Estado? 1- Responsabilidade por conduta omissiva do Estado (buraco acaba com meu carro, responsabilidade objetiva, irrelevante se for culpa ou dolo), é um ponto extremamente discutido no direito. 2- Responsabilidade por atos judiciais (erro judiciário, existem casos que tem indenização do próprio juiz, quando haveria possibilidade de indenização e foi negada). 3- Responsabilidade por atos legislativos: Uma lei emanada que causa dano, tem possibilidade de indenização, pela prática de abusos de imunidade e outras prerrogativas dos parlamentares.
DAS ASSOCIAÇÕES
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos As associações têm algo em comum com as sociedades e com as fundações; Com as sociedades é a universalidade de pessoas, com as fundações é o agrupamento de bens. As associações, sociedades e fundações podem ter uma receita maior que a despesa, e um superávit, na sociedade divide esse superávit entre os sócios, na associação o valor deve ser reinvestido na própria atividade associativa. Logo, não tem finalidade lucrativa.
	O ato constitutivo da associação faz paralelo com um contrato bilateral; Temos a possibilidade de uma associação fechada, não entra mais membros (contrato unilateral), o mais comum é associada aberta a ingresso de outros associados que aderem ao contrato unilateral associativo, a partir desse momento, eles estão submetidos ao contrato já existente (ideia de ato-regra que subordina todos os ingressantes).
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação; Parecido com o art. 46., só que num estatuto.
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; Para as associações abertas o ingresso de novos associados (demissão é voluntária, exclusão não). Tudo precisa estar no estatuto.
III - os direitos e deveres dos associados; direito de participar das deliberações associativas, e o principal dever que é de custear a associação.
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; Tem que pagar água, luz e precisa verificar como elas serão custeadas. Geralmente o associado faz uma contribuição de tempo em tempo de acordo com o estatuto.
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;  VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. É possível alterar o estatuto, mas não é usual, geralmente tem um quórum diferenciado para certas medidas.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. Funções administrativas são complexas de acordo com seu tamanho.
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais Contradição (ex vi contrariedade), ou seja, aparência de contrariedade, circunstâncias excepcionais. Pode ter tratamento diferenciado dentre os associados, porém os direitos são os mesmos. É possível que o estatuto fale que em hipótese de dissolução vão receber primeiro os associados originários, logo, todos tem direito de receber, mas o tratamento que se dá aos associados é distinto. 
Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto Em caso de cargo personalíssimo tem casos que herdeiro não pode exercer em caso de morte do associado falecido. No caso de associação dependerá do estatuto, o filho pode participar (se o estatuto permitir) da associação, se falar que pode, o filho pode participar e fazer a cessão de sua parte. Se não estiver expressamente previsto no estatuto, não pode fazer parte de associação, mas pode ser que eles tenham dinheiro lá investido e direito à participação econômica que o falecido tinha.
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto Eficácia horizontal dos direitos fundamentais, muito defendida. Para exclusão do associado, este precisa praticar ato contra o estatuto, e é necessário a justa causa para a exclusão. Dentro desse processo de exclusão, em que o ato será apurado, tenho de respeitar o direito ao contraditório (direito de negar a imputação perfeita a pessoa e de ter conhecimento de todas as movimentações) e o direito a ampla defesa (produzir provas para minha defesa em todas as instâncias). Não há de se falar em consideração prévia de culpabilidade, só posso culpar depois do trânsito em julgado de eventual sentença. 
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direitoou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto Sujeito pode ser conselheiro fiscal mesmo se já faliu empresa, ao menos que esteja disposto contrário no estatuto.
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral:        
I – destituir os administradores;        
II – alterar o estatuto.         
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. 
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la Tutela das minorias, se uma minoria substancial achar necessário, poderá convocar órgãos deliberativos. 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
§ 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação.
§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União No estatuto pode constar que os associados vão receber o valor investido atualizado, com ou sem ordem de tratamento. Depois de liquidada, o valor remanescente vai pra instituição definida no estatuto ou semelhante, se não tiver eles deliberam, em caso de silêncio vai para alguma semelhante no território, e se mesmo assim não tiver, vai pro Estado.
DAS FUNDAÇÕES
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la Fundações correspondem à universalidades de bens, reunidos com uma finalidade pelo seu instituidor. Bases da instituição, ato de dotação (finalidade dos bens), poderá ser feita por escritura ou testamento.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de
I – assistência social;         
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;      
III – educação;         
IV – saúde;         
V – segurança alimentar e nutricional;        
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;         
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;        
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;     
IX – atividades religiosas; E se fundação quiser promover turismo? Não cabe em nenhum inciso. No entanto, mesmo assim posso fundar, pois no Art. 5º CF XVII permite liberdade de associação (associação nesse caso diz respeito da criação de uma PJ do direito privado). Logo, o somente o início do artigo, é errado ao dizer “somente”, precisamos interpretar segundo a constituição, transformando o rol de fundações em exemplificativo. Pode-se criar outras fora do inciso, só não pode ser por motivo ilícito.
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante É o caso do instituidor que faz testamento para criar fundação para pesquisar sobre a “doença X” e morre; Para salvar o desejo do instituidor, se redireciona o conjunto de bens reunidos para uma fundação de fim semelhante se o patrimônio for suficiente.
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial Se eu definir os bens passados à fundação no ato constitutivo e me comprometer a dá-los, antes do registro ainda posso voltar atrás, após da dotação, após elaboração de estatuto, mas após o registro não posso. Caso isso oponha resistência a justiça irá emitir um mandado de justiça, ordem judicial de busca e apreensão dos bens comprometidos. 
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. 
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público É possível declarar a forma de administrar no estatuto por parte do instituidor, mas pode ser que estatutos sejam confiados a sujeitos definidos por um tempo, tendo prazo de 180 dias para elaborar estatuto e submeter à aprovação, caso não obedecido o prazo, o MP elabora o estatuto, e aprova ou reprova justificando o porquê.
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.         
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público Uma fundação criada por causa mortis, por exemplo, precisa ser fiscalizada. Mesmo que seja inter vivos, pode ser ainda que o instituidor mude de ideia sobre a fundação quando vivo, quem tem a função de velar pela declaração institucional da fundação é o Ministério Público, isto é, pelo seu estatuto. 
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: Pode haver obstáculos além desses no estatuto, mas existem 3 legais abaixo, que sempre estarão:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação Quórum de qualificação.
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta Finalidade deve prevalecer.
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado MP tem que aprovar até 45 dias, se não, pode ir atrás do juiz mesmo se negar (não necessariamente o prazo é obedecido).
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias Quando o MP aprova uma mudança estatutária tem que ter a ciência de todos, caso haja uma parte vencida, se elas quiserem, podem explicar os motivos pelo qual desaprovam a mudança em 10 dias. Às vezes a razão da desaprovação é importante e pode mudar o destino da modificação.
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante Pode se tornar: Inútil (fundação para uma doença em que já foi descoberta a cura); Impossível (fundação apoiando o estudo pra provar que deus não existe e provam a existência de deus); Ilícita (Fundaçãoem 1991 para defender o casamento heterossexual e STF diz contrário). Se isso ocorrer, vai para outra fundação semelhante e caso contrário volta pro Estado como analogia do Artigo 61 (aquele que destina os fundos das associações). 
TÍTULO III - DO DOMICÍLIO
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
DOS BENS – LIVRO II QUE FALA DE BENS 
	Diz respeito aos objetos da relação jurídica. Vimos que a relação jurídica é composta por um sujeito ativo, passivo e um objeto. O objeto da relação jurídica poderá ser: 1. As coisas (objetos de direitos reais). 2. Ações humanas (direitos obrigacionais, o serviço de alguém, por exemplo, é objeto de relação jurídica) 3. Atributos da personalidade (Direitos da personalidade, o fato de pessoa permitir usar sua imagem pode torna-la objeto de relação jurídica) 4. Direitos (objeto de metadireitos, o usufruto de crédito, direitos subjetivos que podem ser objetos);
	Ser humano é um “ente” que sente sede, “necessidade”, quando sente essa necessidade teremos um objeto que pode satisfaze-la, no caso, um copo de água teria “complementaridade” com a necessidade, logo tem uma relação de “utilidade” entre a o humano e o objeto. Logo esse objeto é um bem. Mas para acepção econômica ele precisa ser também “útil” e “escasso”. Significa que para definirmos “bens” juridicamente, precisamos que o objeto seja considerado útil, escasso e passível de apropriação, aí serão uteis para o Direito. 
Existem bens, úteis, escassos e passíveis de apropriação, que poderão ser “corpóreos” (com existência física e jurídica) e “incorpóreos” (com uma existência somente jurídica - autoria de um livro). 
É por tudo isso que devemos classificar a coisa em: “res nullius” (coisa que nunca foram objeto de apropriação, mas podem ser), “res derelicta” (já foi apropriado uma vez, mas foi abandonado e pode ser incorporado depois ao patrimônio de uma pessoa, é a coisa abandonada passível de apropriação), “res commune omnium” (coisas que não podem ser apropriadas, nem ser objeto de relação jurídica, por pertencem à comunidade, como um rio, lago ou praça da cidade), “res extra commercium” (coisas que não podem ser comercializadas, como objetos de culto e rituais em Roma). 
Os bens ainda se dividem em “bens móveis” e “bens imóveis”; Os romanos já faziam uma diferenciação quanto aos móveis e imóveis, quando falamos de “mancipatio” sendo requerido para transferir imóveis, enquanto demais bens poderiam ser transferidos por simples “traditio”. Os bens imóveis modernamente são transmitidos pelo registro (1227 CC/02, não basta a escritura pública de um bem imóvel), é necessário que se leve a escritura á registro. Já a transferência mobiliária é permitida por simples tradição.
A aquisição de bens imobiliários e bens móveis pode se dar por usucapião ou causa mortis (sucessão hereditária). Salvo nesses casos, a aquisição entre móveis e imóveis é diferente. Por exemplo, quando se fala em acessão (sementes num terreno que fazem com que surja uma plantação que faz parte da acessão), só é possível para a aquisição de propriedade imobiliária. Mas existem também modos de aquisição somente válidos para bens móveis, como a “ocupação” (aquisição da propriedade mobiliária que não tinha dono), invenção, especificação (balde de bronze não pertence a ninguém e transformo em estátua, serei o dono da escultura, o antigo dono será indenizado no valor correspondente), confusão, comissão (mistura de sólidos), adjunção (fusão de bens). Resumindo: A aquisição de bem imóvel poderá ocorrer por acessão ou registro, bem móvel poderá ser adquirido por ocupação, confusão, especificação, invenção, comissão, adjunção... A única exceção, em que tanto imóvel como móveis podem ser adquiridos, diz respeito à “causa mortis” e o usucapião (meios de aquisição válidos para móveis e imóveis). 
É preciso entender também, que bens imóveis (se valerem mais que 30 salários mínimos) dependem de escritura pública para transferência. A escritura pública é uma declaração solene, com concordância de esposa, por exemplo, para vender um bem imóvel. Bens imóveis exigem mais formalidades, e posteriormente o registro imobiliário. Outra diferença para bens móveis é a nomenclatura que se dá quando é utilizado como garantia, sendo chamada de “hipoteca” (garantia com bens imóveis), sendo “penhor” para bens móveis dados em garantia de obrigação. Não se admite contrato de depósito sobre bens imóveis, superfície também tem aplicação restrita distinta do imóvel. 
“A alienação de imóveis de incapazes e ausente é objeto de cautela” Temos de atentar para essa questão, quando o incapaz ou ausente deve alienar imóveis. Vimos que na curadoria e na sucessão provisória não pode alienar salvo em casos excepcionais, como na deterioração progressiva do imóvel ou oferta irrecusável. 
Além do mais, a diferença de móvel e imóvel também se reflete em outros ramos do direito, como no direito penal, em que o crime de furto só se aplica à bem móveis. Assim como alguns tributos, no direito tributário, só tem incidência sobre os imóveis (IPTU, ITR). No âmbito processual, quando se demanda bem imóvel no processo é necessário citar o marido e a esposa, sendo um “litisconsórcio necessário por força de lei”. 
 DOS BENS IMÓVEIS
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente O imóvel por natureza é o solo e o incorporado nele; Também será imóvel outros elementos que s incorporam, como no caso de sementes que caem no solo e fazemnascer árvores, estas são também bens imóveis. Logo, se jogar semente no vizinho, irá se tornar árvore do vizinho, um bem imóvel do vizinho. Semente que cai da arvore é natural, tornando também um bem imóvel, diferente do caso de obra na casa que é artificial (com intervenção humana). 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais Hipóteses em que a lei define que um objeto será tratado como imóvel, uma “ficção jurídica”, sendo que faticamente não são imóveis. 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram Usufruto sobre coisa alheia, tem natureza imobiliária por ser um direito real sobre imóvel, assim como as ações que envolvem ele, logo se quiser transferir, precisa da escritura pública e registro, assim como um imóvel faticamente. 
II - o direito à sucessão aberta É o caso do indivíduo que morre e só deixa bens móveis, se um dos herdeiros quiser vender a parte dele deverá se submeter a formalidade do imóvel, pois esses bens móveis serão considerados bens imóveis por se tratar de uma “sucessão aberta”, precisará então de escritura pública (enquanto não for partilhado, é considerado um bem imóvel por força de lei).
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local É possível construir uma casa e mover para outro lugar sem desmontar, enquanto está sendo transportada ainda é um bem imóvel. Incomum no Brasil, mas comum em outros países como Estados Unidos. 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. Os materiais separados PROVISORIAMENTE, se eu tiro as janelas e reconstruo parede e janelas serão reincorporadas no futuro, ela ainda serão consideradas como imóveis no momento da separação e enquanto aguardam a reincorporação à parede. 
Princípio da antecipação da mobilidade: Se eu vendo árvores (bem imóvel) para serem serradas, aplica-se o “princípio da antecipação da mobilidade”, daí não precisa de escritura pública nem declaração conjugal, pois seu destino é a mobilidade. Significa que se um bem imóvel será futuramente objeto de transação em que será desincorporado do solo, reger-se-á pelas regras de bens móveis, devido princípio supracitado. 
	DOS BENS MÓVEIS
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social Se eu puder remover objeto de um lugar para outro sem altera-lo substancialmente ou sua finalidade, será considerado bem móvel (excetuada as janelas do caso da reforma), mesmo nos casos em que ter movimento próprio (animais).
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais Novamente, uma ficção jurídica, significa que os objetos abaixo terão o tratamento de bens móveis, mesmo que faticamente não sejam. 
I - as energias que tenham valor econômico Tais como energia elétrica, além de tudo elas precisam ter valor econômico. Para se ter bem precisa ser útil, tendo valor econômico, escasso e passível de apropriação.
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes Se eu quiser transferir bens de uma patente móvel, não preciso de uma escritura pública. 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações Créditos que o sujeito tem.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio Se eu instalar novas janelas ao edifício, elas ainda não são bens imóveis (só quando forem incorporadas), e se eu tirar janelas para depois demolir serão consideradas bens móveis, pois não serão reimplantadas. 
DOS BENS FUNGÍVEIS E CONSUMÍVEIS
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade Fungibilidade corresponde à substitutibilidade; Veremos que se aplica legalmente ou por vontade do interessado. Determinados bens que naturalmente são fungíveis podem se tornar infungíveis a depender de características particulares, ou por vontade da parte, como no caso do livro autografado. 
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação Bem consumível é aquele que quando empregado não pode ser empregado novamente, assim como os objetos destinados a alienação (porque só posso vender uma vez). O livro é consumível para o proprietário (porque venderá 1x) e inconsumível para o comprador.
DOS BENS DIVISÍVEIS
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam Logo a divisibilidade ou não do bem depende do caso prático. No caso de um cavalo, não posso partir o cavalo ao meio, comprometerá sua natureza. Algumas repartições podem prejudicar o uso do bem, caso da participação de 60% do indivíduo numa dada sociedade, que quando dividida faz com que se perda o caráter finalístico ou seja, tem o “prejuízo ao uso a que se destinam”, pois não mandará na empresa com menos de 50% das ações correspondentes. Do mesmo modo no caso do diamante que pode ser dividido faticamente, mas perde muito valor, logo é considerada indivisível juridicamente. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes É possível que o titular de um bem divisível, por sua vontade, o torne em indivisível. É o caso do sujeito que deixa um rebanho de 300 ovelhas e afirma que não poderá ser dividido (vontade da parte que sujeito ao tratamento unitário), justamente para finalidade de venda ou valor sentimental, nesse caso, o bem será juridicamente indivisível. 
Notem-que os bens naturalmente divisíveis podem se tornar-se indivisíveis por vontade das partes, da mesma forma os naturalmente consumíveis podem se tornar inconsumíveis por vontade das partes (comodato “ad pompam”, quando se empresta garrafa de vinho para exposição e a garrafa se torna inconsumível naquele contexto, mas é consumível para o proprietário), assim como fungível pode se tornar infungível após o carimbo da biblioteca ou por vontade dos interessados. Logo, vontade dos interessados transforma os bens em divisíveis em indivisíveis, fungíveis em infungíveis e consumíveis em inconsumíveis, só não pode transformar móvel em imóvel (era possível em 1916 pela acessão intelectual, mas não mais hoje).
DOS BENS SINGULARES E COLETIVOS
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais Um livro é um bem singular, porque pode ser alienado individualmente. Pode ser bem individual simples (aliança de ouro, única matéria) ou podem ser compostos (feitos de mais de uma matéria). Pode ter “partes integrantes” que podem ser retiradas (bateria do celular) e “partes componentes” (tela do celular, não pode ser retirada). 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária A vontade do proprietário pode fazer surgir uma universalidade, sujeito tem uma biblioteca com 3 livros de 10 reais cada, quando em conjuntos valem mais que 30, pois é atribuído um valor unitário pelo proprietário. Pode ainda assim vender um dos livros quando quiser individualmente.
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico Patrimônio é uma universalidade de direito, é o complexo de posições jurídicas ativas e passivas de uma pessoa, dotadas de possível conversão em valor econômico. Herança também é universalidade de Direito, dentre outros hipóteses definidas em lei. 
DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal Para entendermosisso basta pensar num televisor como bem principal, acessório é o controle. Observa-se que o bem principal pode ser usado sem o acessório, agora o acessório pressupõe existência de um principal (caso do professor e do monitor que pressupõe ele).
Princípio da gravitação jurídica: O acessório segue a condição do principal, se o terreno é imóvel construções ali feitas serão imóveis. Se o televisor quebra o controle perde sua utilidade.
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso A bateria do celular pertence ao celular (“parte integrante”), sem ela o bem perde a sua utilidade. Por outro lado, tenho as “pertenças”, tais como a capinha do celular, sem ela não compromete o uso do celular (dá para usar o celular sem a capinha, utilidade deste não está ligada a capinha). As pertenças têm certa autonomia das coisas a que são vinculadas, essas coisas não fazem com que a pertença tenha de ser usada sempre aformoseando daquele determinado bem (quadros em casa são pertenças, sofá também, podem ser utilizados em outras casas). Observa-se que pela lei, o negócio jurídico não abrange as pertenças (essa é a regra), por isso quando se vende um imóvel não se abrange as pertenças (pertença pode ser desacoplada, existe uma vinculação funcional entre as duas mas não estrutural, o contrário das partes integrantes, quais se presume a venda conjunta – bateria do celular).
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico Frutos e produtos são inconfundíveis. Tiro fruta da mesma árvore, são os frutos dela para sempre. Já os produtos esgotam a longo prazo, ao contrário dos frutos que não se tem perspectiva de esgotamento conquanto o bom uso. Frutos podem ser naturais (laranjas), podem ser industriais (laranjas em suco), ou civis (aluguel, ações com juros). 
Frutos podem ser: Fruto pendente: fruta pendurada na árvore. Fruto percepiendo: fruto já poderia ter sido separado da árvore. Fruto percebidos: já foram separados (vendidos e se tornam estantes, ou consumidos) Frutos estantes: para venda. Frutos consumidos: consumido e fruto de antecipação: separado precocemente.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor Benfeitoria voluptuária é aquela sem finalidade de aumentar valor do imóvel normalmente, mas para aumentar o recreio ou prazer, para aformosear o bem. 
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem Benfeitoria útil: divisão de grande garagem num grande depósito e valorização imobiliária por aumento de cômodos.
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore Melhoramento feito para conservação do bem imóvel, é chamado de benfeitoria necessária. 
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor Chuva vem e se forma um açude, mas não é benfeitoria pois foi artificial, sem intervenção humana. Benfeitoria somente é aquela realizada pelo proprietário, possuidor ou detentor do imóvel. 
DOS BENS PÚBLICOS
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem Bens pertencentes à pessoa jurídica de direito público interno são bens considerados públicos e somente eles. 
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças Em casos excepcionais podem ser cobradas importâncias pelo seu uso por parte do povo (museu do Ipiranga é de uso de todos, mas a edificação precisa ser paga, por esse motivo se cobra uma taxa para entrada)
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias FDSBC é um bem de uso restrito especial, não pode qualquer um entrar e dormir dentro por ser um bem público. 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades Sempre que um bem não é de uso especial ou restrito será dominical, todos os bens pertencentes a empresas públicas de estrutura privada são considerados dominicais. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar Os bens públicos não podem ser alienados: em caso de uma nova sede da FDSBC, no momento em que as edificações anteriores deixarem de ser utilizadas, precisa antes converter os bens em dominicais para serem alienados (respeitando os casos da lei).
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião Se eu permanecer no bem público não me tornarei proprietário, nem mesmo ficando mais de 15 anos. 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem Caso do museu Ipiranga discutido acima. 
NEGÓCIOS JURÍDICOS
Chegamos ao estudo do artigo que é por muitos considerado o mais importante do código civil, introduzindo o negócio jurídico (termo introduzido pelo CC/02, mas autores falavam há muito tempo sobre), mas afinal, o que seria negócio jurídico? Para entendermos, devemos analisar o art. 104 do Código Civil de 2002, e a partir dele realizar algumas reflexões. 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - Agente capaz;
II - Objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
	Passemos agora à explicar os elementos do desenho acima, para concluir sobre a natureza do negócio jurídico. Os fatos jurídicos em sentido amplo ou “lato sensu” são divididos entre “stricto sensu” e ato jurídico, dentre os de sentido estrito, com causas referentes à eventos, podem ser ordinários (sujeito falta na aula pois chove, é uma espécie de desculpa, mas não escusável, logo, com os fatos jurídicos “stricto sensu” e eventos ordinários, o sujeito pagaria uma indenização de qualquer jeito). Já nos casos extraordinários, existe uma desculpa escusável (sujeito falta devido tsunami, logo não terá de prestar contas pela falta). Logo, a diferença é que os fatos jurídicos em sentido estrito ordinários são inescusáveis, ao passo que os extraordinários são escusáveis.
Voltando para os atos jurídicos em sentido amplo ou “lato sensu” (condutas), podem ser divididos em atos-fatos, atos jurídicos “stricto sensu” e negócio jurídico. Ato-fato é uma ação humana recebida como se puros fatos fossem, produzindo efeitos imediatos, é o exemplo do menino que achou um tesouro, a presença de um representante seria irrelevante, corresponde ao fato de achar e não a intenção, o que importa é o comportamento material em si. Ato jurídico “stricto sensu” é diferente, pois a intenção e a vontade importam, assim como no negócio jurídico. Aqui existe uma limitação para a vontade, diferente do negócio jurídico. Sujeito quer fazer algo e por isso a vontade e intenção são importantes, para a tomada de decisão, porém depois dessa tomada, o reproduzido será submetido a lei que o ato corresponde, com ou sem vontade (casamento). Negócio jurídico “ex voluntate”, eles se originam da vontade do indivíduono momento do “negócio”, se quiser um vício no negócio para pagar menos em troca da irresponsabilidade por defeitos, pode, o negócio jurídico está intrinsecamente ligado com o elemento subjetivo “vontade”.
OBS: Quando falamos do elemento subjetivo “vontade”, ou também chamada de autonomia da vontade, devemos diferenciar: A) Autonomia da vontade: quando o sujeito dava uma libra e seu corpo por garantia de dívida, não era vedado por lei, é a vontade que se reproduz, sem limitações. B) Autonomia privada: seria a limitação da autonomia da vontade, até porque o sujeito não pode doar o coração para o filho, pois há uma limitação pela lei, uma espécie de autonomia limitada. Logo, o que temos é uma LIBERDADE CONTINGENCIADA - sujeito pega uma caneta emprestada e não recebe instruções, não pode usar ela sem limites, seria uma liberdade exercitada numa espécie de limite, uma moldura, a isso se dá o nome de autonomia privada.
Resumindo o todo: Fatos jurídicos em sentido estrito se dividem em acontecimentos naturais ou eventos e comportamentos humanos que podem atribuir efeitos jurídicos; Esses efeitos tem relação com os atos jurídicos, que podem ser divididos em atos-fatos (comportamentos em que se faz desnecessário qualquer restrição sobre incapacidade, discernimento, vontade consciência), atos jurídicos em sentido estrito (pressupõe uma análise se o indivíduo tem discernimento, é capaz etc... atos que projetam efeitos da própria lei, atos oriundos da lei, efeitos “ex legem”), negócio jurídico (são “ex voluntate” e oriundos da vontade do indivíduo). 
Diferença entre contrato e negócio jurídico: Não se confundem, porque todo contrato é necessariamente um negócio jurídico, mas nem todo negócio jurídico é um contrato. A separação se dá principalmente devido a questão do negócio jurídico ser unilateral se necessário, ao passo que o contrato não pode ser unilateral. - Exemplo da procuração que é assinada tão somente pelo indivíduo que confere os poderes a outrem, temos aí uma espécie de negócio jurídico unilateral; A procuração é uma declaração de vontade? Sim, porém não de um contrato, pois não é uma obrigação bilateral. Outro exemplo: Faço um testamento, só assina o testador, é um negócio jurídico, declaração de vontade, cujo efeitos são aqueles pretendidos pela parte, existe uma manifestação que se dá somente pela vontade do testador, e não dos herdeiros, é unilateral. Ainda podemos falar do exemplo da promoção de mercado, como quando vejo uma promoção de tomate e decido ir comprar mas, por algum motivo desisto, não serei sancionado, pois não há uma obrigação de comprar bilateral, quem tem de suportar os efeitos da oferta é o mercado caso eu decida pela compra dentro das condições, estou diante uma manifestação de vontade unilateral. Observamos a unilateralidade do negócio jurídico sendo possível, enquanto os contratos são diferentes, estes sempre pressupõem manifestação de vontade de duas ou mais pessoas. Todo contrato é um negócio jurídico visto que há declaração de vontade, no entanto, nem todo negócio jurídico é um contrato, visto que em alguns casos existem uma manifestação de vontade unilateral.
Quanto à aquisição de Direitos: Pode servir o ato-fato, os atos jurídicos e negócios jurídicos para a aquisição de Direitos, logo devemos diferenciar as espécies de aquisição de direitos possíveis. Aquisição originária: é aquela em que não existe alienação, não existe nenhuma transmissão. Aquisição Derivada: Existe a figura do proprietário antecedente e do que comprou. Aquisição onerosa: Aquela em que há a transferência propriedade de um imóvel, por exemplo, e a outra parte (comprador) transfere a propriedade sobre determinada quantia em dinheiro (gera obrigações para ambas as partes). Aquisição gratuita: Doação do imóvel, só existe circulação patrimonial, sem circulação monetária. Aquisição singular: Quando dou ou vendo um único móvel/imóvel. Aquisição Universal: Quando instituo indivíduo como sendo meu herdeiro, recebendo uma parte ou um todo da herança (relação com bens considerados universais, tais como o patrimônio). 
Pode servir também o ato-fato, atos jurídicos e negócios jurídicos para resguardar, tema complexo. Resguardo tem relação com “cautela”, “precaução”, se divide em preventivo ou repressivo, judicial ou judicial, come exemplos em cada espécie. Portanto, pode ser: Resguardo preventivo judicial: Sujeito é devedor, mas não venceu a dívida ainda, tenho provas de que o tal devedor vai viajar e não vai pagar a dívida, logo se pede ao juiz o arresto de alguns bens para efeitos de garantias, logo, um resguardo preventivo judicial. Resguardo preventivo extrajudicial: Sujeito aluga imóvel e exige uma garantia, o fiador, é só uma precaução, portanto, são extrajudiciais pois não é preciso ir à juízo para fiador, sendo um resguardo preventivo extrajudicial. Resguardo repressivo extrajudicial: Indivíduo se sente incomodado por comportamento de terceiro, não pode fazer nada nesses casos, mas excepcionalmente se permite a autotutela, caso da legítima defesa ou retenção de bens devido benfeitorias realizadas, trata-se de um resguardo repressivo extrajudicial. Resguardo repressivo judicial: Sujeito não paga a dívida que passou da validade, intento uma ação de cobrança contra ele, evitando qualquer prescrição, é repressivo pois o fato lesivo já ocorreu, e judicial devido o meio que se buscou para solucionar o litígio. 
O negócio jurídico pode surgir também para a modificação de um dos termos da relação jurídica já constituída, seja do sujeito ativo, do passivo ou do objeto. Essa modificação pode ser: Modificação objetiva qualitativa: Modificação do objeto da relação de natureza qualitativa (sujeito não quer livros queimados, então troco por outro conjunto de livros mais conservados). Modificação objetiva quantitativa: Modificação do objeto da relação de natureza quantitativa (vendo 60 livros e queimam 10, modifica o negócio para apenas 50, aqui se modifica o objeto em relação ao número, não em relação à qualidade). Modificação subjetiva “causa mortis”: Parte do negócio jurídico falece, todas as suas condições ativas e passivas são passadas para herdeiros, mas aí temos uma modificação subjetiva “causa mortis”, pois se alterou o sujeito ativo ou passivo do negócio já existente. Modificação subjetiva “inter vivos”: Caso do professor que precisa de dinheiro e pede adiantamento para coordenador, este se torna credor diante da faculdade daquilo que será devido ao fim do mês. Observa-se que nem toda modificação objetiva ou subjetiva pode ser realizada no negócio jurídico, por ser ilícito ou previsto como barreira no contrato, exemplo da qualidade associável intransmissível devido à autorização estatuária, caso contrário se trata de um cargo personalíssimo. Extinção: Após o fim da dívida e do fato jurídico, após o indivíduo vender os livros não poderá mais ser cobrado pois já deu, trata-se de uma espécie de modificar do negócio, tendo em vista que o extingue. 
Quanto à aquisição de direitos subjetivos, é importante ter as noções de “expectativa de direito” (não tem nenhuma espécie de consequência, caso do sujeito que se apresenta como herdeiro de terceiro que ainda está vivo, o sujeito foi nomeado como herdeiro no testamento, mas entre a nomeação e a posição há uma distância, só existe herdeiro de verdade para quem de alguém morto – expectativa de direito é quando o suporte fático nem começou a se formar), “direito eventual” (Sujeito tem imóvel por usucapião há 14 anos 11 meses e 27 dias, não é suficiente para adquirir propriedade por usucapião, mesmo faltando pouco tempo, quando o suporte fático não está preenchido por completo, mas em curso de formação, há de se falar em direito eventual); É interessante ressaltar que em ambos casos anteriores a norma ainda não incidiu... tratam-se de “direitos futuros” (na qualidade de acionista o sujeito tem direito à dividendos, mas tudo depende do comportamento da empresa no mercado, para saber se vai receber mais ou menos... percebemos um suporte fático formado, a norma já incidiu,porém o valor depende de eventos futuros e incertos), temos também o clássico “direito atual (adquirido)” (sujeito contribui o tempo necessário para aposentar e a lei muda, de nada o afetará, pois o direito já foi adquirido, o sujeito já preencheu o suporte fático exigido e norma já incidiu e o direito já foi incorporado no seu patrimônio).
CLASSIFICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
Os negócios jurídicos podem ser classificados em: 
1. Quanto ao número de declarantes em: A) unilaterais – sujeito outorga procuração para outro; B) bilaterais – sujeito acompanhado da esposa outorga procuração à outro; C) plurilaterais – sujeito mais esposa e outro sujeito outorgam procuração... observa-se que depende da quantidade de pessoas... +2 é plurilateral. 
2. Quanto à necessidade de ciência do destinatário para o desencadeamento de seus respectivos efeitos em: A) receptícios - são os que necessitam do conhecimento do destinatário, caso da revogação da representação do advogado (fim da procuração), sujeito tem advogado e manda carta no dia 10 cancelando serviços e só chega no dia 14, tudo que ele fez do dia 11-13 será válido, pois o negócio é receptício e demanda ciência para produção de efeitos. B) não-receptícios - são os negócios jurídicos que produzem efeito mesmo que o destinatário não saiba dele, , mesmo sem ciência, caso do testamento e o testador não sabia e morre, vai transferir bens para os filhos dele nos conformes do mesmo jeito) 
3. Quanto à circulação patrimonial em: A) gratuitos - deslocamento patrimonial unidirecional, entrega de um carro, sem exigir da outra parte qualquer obrigação, caso da doação gratuita; B) onerosos - caso da compra e venda, transfiro algo em troca da propriedade sobre o preço, gera obrigação para ambas as partes, patrimônio circula em ambas direções, portanto, oneroso. C) neutros - não tem conteúdo patrimonial imediato, caso da procuração outorgada, não tem nenhum desdobramento econômico imediato, talvez num futuro a depender do que foi estipulado. D) bifrontes - podem ser gratuitos e podem ser onerosos, quando um sujeito empresta livro pro outro, ele pode cobrar pra cuidar ou não, a incerteza transforma o negócio jurídico em bifronte, a depender da ocorrência de certos eventos e das manifestações de vontade, é o caso do negócio que começa oneroso e termina gratuito, e vice-versa.
4. Quanto à dependência da morte do agente em: A)“causa mortis” – é o negócio jurídico que pressupõe morte de alguém para gerar efeitos, como no testamento. B)“inter vivos” - não pressupõe morte de ninguém para gerar efeitos, caso dos negócios jurídicos em geral. 
5. Quanto à base sobre que existem em: A) principais - quando o negócio jurídico é o principal ou essencial, produzindo efeitos como quando é anulado e acessório segue sua condição, se o negócio principal é inválido, o acessório também será inválido, por uma contaminação B) acessórios - dependem estruturalmente do principal, caso da multa no contrato, se inválida, pode não anular o negócio principal estipulado. 
6. Quanto à referência a outro negócio jurídico em: A) autônomos - É o exemplo do aditivo contratual, em que se altera uma cláusula do contrato que faz referência ao negócio jurídico, enquanto o resto continua o mesmo, trata-se de um negócio ou cláusula autônoma. B) derivados - é diferente do acessório porque se o autônomo é invalido, o derivado não necessariamente será invalidado, portanto é possível que cancele o negócio aditivado, mas não o aditivo, porque existe uma coordenação funcional, mas não dependência estrutural como no caso dos principais vs. acessórios, logo, derivado é aquela cláusula aditiva que deriva de uma estipulação contratual. 
7. Quanto a sua formalidade em: A) solenes - seria o caso da escritura pública, fórmula imposta dos atos solenes, seja por lei ou por estipulação contratual. B) não-solenes – negócios que não exigem formalidades ou solenidades, caso da venda de um livro, pode ser formulado de forma solene ou não, ao contrário do solene que é compulsório, este é livre, pode se dar a alienação pela tradição. 
8. Quanto à quantidade de declarações em: A) simples - aquele que se aperfeiçoa por meio de uma única manifestação de vontade. B) complexos - que pressupõe mais de uma manifestação de vontade para gerar efeitos, exemplo do sujeito que faz uma oferta e é relativamente incapaz, ele precisa assinar junto com o assistente, observamos que a oferta é um negócio unilateral só que de maneira complexa. Significa que não necessariamente o negócio jurídico unilateral será simples, poderá ser complexo quando for necessária a presença de 2 sujeitos num mesmo polo, para preencher formalidades ou incapacidades. 
9. Quanto à amplitude de seus efeitos em: A) dispositivos - implicam em alienação, já operam alienação com circulação de direitos, caso da produção de efeitos diretos e imediatos, na alienação a propriedade é transferida imediatamente; B) obrigacionais - caso da compra e venda que não gera propriedade, ela apenas tende a transferência da propriedade, mas o que passa a transferência é o registro, logo, negócio jurídico obrigacional, pois gera uma outra obrigação futura (aquela de transferir a escritura quando paga as parcelas). 
10. Quanto à utilização de um instrumento abundante em: A) fiduciários - é o caso do carro financiado pelo banco, é aquele em que existe a transmissão de determinados direitos em confiança aos fiduciários... no caso do carro há a transferência da propriedade do carro para o banco, como garantia do pagamento, e após a última parcela o antigo devedor será o proprietário. Existem outras hipóteses, como fiança, que será aprofundada no momento correto. 
11. Quando a intenção do sujeito destoa de sua declaração em: A) simulados - falseamento da realidade em que existe um negócio aparente que acaba ocultando um negócio dissimulado que as partes pretendem praticar. Estudaremos os efeitos da simulação quando falarmos de vícios do negócio jurídico. 
VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO (PLANOS E SEUS EFEITOS)
	O negócio jurídico pode ser analisado sob 3 planos diferentes, sobre o plano da existência, da validade e da eficácia. Esses planos têm categorias próprias, no plano de existência nós temos os elementos (2), no plano da validade temos os requisitos ou pressupostos, e no plano da eficácia temos os fatores. Logo, há de se falar em “elementos de existência” (cerne e completantes), “requisitos de validade” (genéricos ou específicos) e “fatores de eficácia” (condição, tempo e encargos).
No que diz respeito ao plano da existência devemos explicar o que são os “elementos cerne” – Há quem acredite na existência de 7 elementos cerne para qualquer negócio jurídico, apesar da maioria doutrinária acreditar em 5 elementos. São eles: Declaração – de que adianta o sujeito ter vontade se não a declara, portanto se faz imprescindível a declaração para existência do negócio jurídico; Objeto – deve haver alguma coisa relevante para o direito, é preciso ter algum objeto para existir o negócio, seja fático ou não; Forma – pode ser uma forma solene como escritura pública ou um contrato particular ou em forma verbal ou até em forma gestual(ninguém levanta a mão quando existe uma dúvida), mas é necessário uma forma para existir o negócio jurídico; Tempo – precisa estar situado no tempo (CC/16 vs. CC/02); Espaço – preciso estar situado no espaço (Argentina vs Brasil), elegendo foro se for o caso, para incidência do Direito; Finalidade – é necessário que haja uma finalidade negocial, ou seja, que se atenda exatamente a aquilo que pretendia o declarante; Circunstâncias – A existência do negócio jurídico, para a doutrina minoritária, depende da circunstância em que surgiu para existir ou não juridicamente, por isso que o exemplo dado na sala de aula não gera nenhuma sorte de consequência, pois a circunstância em que o professor se obriga por 100 reais na sala de aula não condiz com a de surgimento de um negócio jurídico. 
Além dos elementos cerne acima explicados, para existir, pode ser que o negócio jurídico dependa de“elementos completantes” em alguns casos. Logo, pode ser que além dos cernes sejam necessários outros elementos para futuramente gerar efeitos jurídicos, é o caso do testamento por vídeo, não vale pois precisa ser escrito, caso contrário o suporte fático e insuficiente e o negócio jurídico inexistente (pois não preencher forma prevista em lei). Existe nesse caso o que chamamos de elementos completantes do suporte fático, demanda outra espécie de exigência que no caso é o testamento escrito (sem contar os 7 elementos cerne). Para analisarmos mais elementos completantes, basta observarmos os seguintes artigos: “Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis. Perfaz-se com a tradição do objeto” e “Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame”. Observa-se que temos aí elementos completantes requeridos para a existência, além dos elementos cerne que são a regra em todos os negócios jurídicos, logo, se vou no banheiro e peço para que alguém cuide de algo e dou um joinha como confirmação, não vale para afirmar um negócio jurídico como existente, pois tanto o comodato como o contrato de depósito pressupõem a entrega da coisa, chama-se contratos reais que pressupõe a entrega da coisa. Estamos aí diante de um elemento de existência, específico desse caso. Significa que existem raros casos em que além dos elementos são necessários outras exigências, tais como a entrega do contrato real. Se esses elementos não estiverem presentes, temos um suporte fático insuficiente, a sua prática não leva a absorção do fato jurídico, como consequência, teríamos aí a inexistência do contrato/negócio jurídico.
Se o negócio jurídico passa do plano da existência (preenchendo os elementos cernes e eventuais completantes), chega ao plano de validade, com requisitos/pressupostos genéricos ou específicos. Genéricos são os requisitos que são exigidos de toda e qualquer declaração de vontade, ou seja, necessários para qualquer negócio jurídico ser válido. O art. 104 CC/02 enuncia os “pressupostos positivos”, capacidade do agente, objeto lícito e relevante, possível, minimamente determinável, forma prescrita ou não proibida em lei... isso precisa estar em toda declaração de vontade. Além desses, temos os “pressupostos negativos”, que não podem estar presentes em qualquer negócio jurídico, são os vícios possíveis, como erro, dolo, coação, simulação e fraude, todas causas de anulabilidade e nulidade que não podem estar presentes, isso para todas as declarações de vontade. Existem requisitos específicos, necessários para validade de determinados negócios jurídicos (mas não todos), como no caso da venda de uma biblioteca em que todos os elementos fazem o negócio passar de plano (tornando-o existente), tem agente capaz, objeto lícito possível e determinado e pode ser realizado por lei. Porém a lei dispõe que sempre que existe uma compra e venda entre o ascendente e o descendente, os demais devem concordar... caso contrário o negócio será anulável; Observa-se que só na compra e venda se faz essa exigência, só quando o vendedor é ascendente e o comprador é o descendente (para não ocorrer fraude relacionada à sucessão de bens). Só vale nesses casos, pois esses requisitos são específicos. Caso preencha estes requisitos estamos diante de um negócio jurídico que passou do plano de existência e de validade, caso contrário teremos então um “suporte fático deficiente”... a consequência é a invalidade (nulidade ou anulabilidade), que pode ter efeitos distintos, como veremos no momento oportuno. 
Após passar pelo plano de existência, de validade, adentramos no plano de eficácia. O negócio é jurídico porque tem aptidão para gerar efeitos jurídicos, mas às vezes esses efeitos podem ser customizados por fatores de eficácia. Exemplo de fator de eficácia é a condição (efeitos subordinados à evento futuro incerto), termo (efeitos subordinados à evento futuro certo), encargo (limitação ao ato de boa-vontade de alguém, doo um imóvel para a FDSBC, mas com a finalidade de que seja uma faculdade, sendo que o negócio jurídico produz efeitos se o encargo foi respeitado).
Manifestação de vontade: Após entender os “planos do negócio jurídico”, devemos compreender que a manifestação de vontade se divide em 3 tipos (aquela que faz exsurgir o negócio jurídico), devemos diferencia-las, são elas: expressa, táctica, e presumida. A “manifestação de vontade expressa” é aquela em que o sujeito expressa sua vontade, como quando diz “não quero mais esse copo de água” e o joga no lixo, não só porque jogou o copo no lixo, mas porque teve o cuidado de esclarecer o sentido do seu comportamento (expresso). Se caso o sujeito jogar o copo de água no lixo e não dizer nada, conforme explica matéria, teremos aí uma “manifestação táctica”, pois se o sujeito está explicando a matéria e joga o copo no lixo ninguém tem dúvida de que ele não quer mais aquele copo, pois sua ação demonstra (não expressamente) a sua vontade tacitamente. A manifestação ainda tem uma última forma, a “manifestação de vontade presumida”, mais complexa, como quando o mesmo sujeito deixa uma sala e larga os copos de água na mesa, a manifestação (vontade de desfazer dos copos) é presumida, pois não sabemos se ele abandonou ou esqueceu o copo de água, portanto, quando existe essa dúvida fenomênica (mesmo com aviso dizendo que objetos deixados são abandonados), há manifestação presumida de vontade, por mais que exista a dúvida, juridicamente o sujeito abandonou aquele copo OBS: Há casos em que não se admite manifestação de vontade presumida.
Formalismo x Formalidade: Há quem distinga as palavras citadas. O formalismo (caneta verde de esperança na prova) seria algo não-essencial. Ao passo que a formalidade (fazer prova para caneta para evitar que professor apague) seria algo essencial ao negócio jurídico (escritura pública para transferir imóvel). 
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum Para entendermos esse artigo é necessário um exemplo. Imagine que Caio e Tício celebrem um contrato com Púbilo. A partir disso, podemos desenvolver hipóteses. Supondo que Caio e Tício vão transferir a propriedade de R$500,00 e Púbilo a propriedade de um livro (compra e venda), no entanto, Caio é absolutamente incapaz. A incapacidade absoluta nesse caso pode ser suscitada por qualquer um na relação, tanto por Tício (co-comprador) como por Púbilo (vendedor do livro). No entanto, no caso de incapacidade relativa, incide o art. 105 do CC/02, imagine que Caio e Tício celebram um contrato com Púbilo transferindo R$500,00 e Púbilo transferindo um livro, neste caso Caio é relativamente incapaz (sujeito à anulabilidade) e sua incapacidade só pode ser invocada se o objeto do negócio for indivisível (como no caso é dinheiro, divisível, não poderá a o co-comprador invoca-la). Logo, lendo o artigo percebemos que a incapacidade absoluta pode ser invocada por todas as partes do negócio jurídico, já que não está mencionada no 105, enquanto a relativa não pode ser invocada pela contraparte, podendo ser pelo co-interessado se o objeto for indivisível. No entanto, nesse último caso, nem Tício poderia buscar o reconhecimento da anulabilidade, visto que os R$500 são divisíveis. Conclui-se que se Caio (sendo relativamente incapaz) e Tício estivessem vendendo um livro, como é indivisível, tanto Caio como Tício poderiam invocar a incapacidade relativa para anular o negócio, no entanto, não gozaria da mesma possibilidade a contraparte, por disposição do art. 105 CC/02.
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado Imagine que um sujeito venda para outro o último exemplar do “livro X”, entre a data da celebração do contrato e a entrega devido à um incêndio,o livro queima. Nesse caso há de se falar em “impossibilidade superveniente”, isto é, porque no momento da celebração do contrato era possível a realização do negócio jurídico (livro existia intacto); A consequência é que nada disso (incêndio) irá repercutir na validade do contrato, o problema é de ineficácia (terceiro plano), o vendedor apenas irá devolver o dinheiro. Percebe-se, por outro lado, que haverá invalidade apenas quando a impossibilidade já existia quando celebrado o contrato, neste caso o objeto ordinariamente impossível leva à invalidade da declaração de vontade, mas tem 2 exceções segundo o artigo supracitado: quando a impossibilidade é relativa como quando aluno celebra contrato de que vai receber R$10.000 se terminar prova em 5 minutos, afirmando depois que é impossível cumprir com o contrato, é relativo, pois outro aluno em outra sala conseguiria terminar nesse tempo, logo, a impossibilidade relativa não gera invalidade da declaração. Também não gera invalidade a impossibilidade momentânea, como quando sujeito celebra contrato em que o outro vai receber R$1.000,00 se correr 100 metros em 8 segundos, no momento da celebração era impossível, mas supondo que no prazo de 15 dias que foi dado um sujeito quebrou esse recorde, tornando o ato possível (transformando a impossibilidade em momentânea e portanto, não invalidando o negócio jurídico celebrado). 
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir Quando falamos da forma do negócio jurídico, devem ser diferenciadas: 1. A forma que integra o próprio suporte fático normativo (cuja inobservância redunda na inexistência do negócio jurídico): Caso do testamento gravado em vídeo; Se sujeito deixa apenas gravado em vídeo, será considerado como se ele nem tivesse testamento feito, seus bens seriam distribuídos na forma que a lei estabelece; Observa-se que em alguns casos a forma do negócio jurídico é tão importante que quando não seguida implica na inexistência do próprio negócio jurídico. 2. A forma “ad substantiam” (cuja preterição redunda na invalidade do negócio jurídico): Exemplo da escritura pública para bens imóveis acima de 30 salários mínimos por definição legal, se esta for feita e não seguir a forma prevista em lei, resultará na sua invalidade (nulidade, no caso); Observa-se que nesse caso a consequência já se dá no plano da validade, sendo que a escritura existe, mas é nula. 3. A forma “ad probationem” (que desrespeitada, prejudica a defesa dos interesses do sujeito em juízo): Nesse caso a forma implica na defesa do direito da parte. Imagine que um sujeito quer ir ao banheiro e pede para outro cuidar de uma caneca, este por sua vez lhe pede R$100,00 pelo serviço. Depois de usar o banheiro percebe-se que R$100,00 é demais, e acaba o tomador adiando a dívida e não pagando. Caso o “prestação de serviços” venha a demandar a quantia em juízo, não vai conseguir nada, pois o art. 646 CC/02 define que o contrato de depósito voluntário deve se dar por escrito; Essa é a forma que importa na patologia jurídica (quando as partes não se comportam vs. “fisiologia” - quando todos se comportam), quando algo dá errado, em alguns casos se exige um início/declaração de forma escrita (caso do contrato de depósito) e não é possível defender o direito consubstanciado no negócio (que é existente e válido) por desrespeito à sua forma. 4. A forma “ad regularitatem” (desencadeadora de certos efeitos viabilizados pelo ordenamento): É o caso do registro que realizado, amplifica os efeitos do negócio jurídico existente e válido; O registro seria uma forma “ad regularitatem”, antes dele já existem efeitos do negócio entre as partes, mas após sua realização cria-se uma nova personalidade jurídica, que faz com que o contrato tenha um efeito “erga omnes”. A forma “ad regularitatem” opera no plano da eficácia, fazendo com aquele contrato tenha efeito contra todos. 
OBS: Até o art. 115 trata-se da segunda “forma” explicada (“ad substantiam”), em caso de não seguimento comina na invalidade do negócio jurídico. 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País Observa-se a ligação do disposto com a forma “ad substantiam” vista logo acima. R$30.000,00 é um valor baixo para um imóvel, quase todos ultrapassam (exceto vagas autônomas de estacionamento), além de tudo também preciso de escritura pública para constituir direitos reais sobre imóveis nesse valor, tais como do usufrutuário (quando o imóvel valer mais de 30 salário mínimos), ou seja, às seguintes operações relacionadas a direitos reais sobre imóveis necessitam de escritura pública: Constituição (adquirir bem imóvel), transferência (caso do usufrutuário), modificação (quando sujeito estende um usufruto, por exemplo), renúncia (para renunciar sobre direitos reais sobre imóveis também precisa de escritura pública, inovou em relação ao CC/16 que previa o contrário, até porque a renúncia é um negócio unilateral e se fosse praticada por instrumento particular teria uma possibilidade imensa de fraude).
Por que se utiliza a escritura pública? Esse instrumento tem 4 finalidades: 1. Chama atenção das partes para a seriedade do ato praticado (formalidade acentuada); 2. Visa pré-constituir prova autêntica a respeito daquele ato (logo, uma formalidade); 3. Resguarda a incolumidade (isenção de perigo) do próprio ato, pois no tabelião há de ser praticado o ato com observância de todas as formalidades legais (escrivão do tabelião precisa observar todas as formalidades legais, caso seja necessário consentimento do cônjuge na venda entre ascendente e descendente, se o tabelião não toma as providências, existe a possibilidade de responsabilização pelo serviço); 4. Objetiva assegurar que a manifestação de vontade é “espontânea” e isenta de quaisquer vícios. 
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato Estamos falando novamente da forma “ad substantiam”, que se dá do plano de validade. Aqui cabe a nós explicarmos outra classificação de formas, isto é, 4 modalidades formais principais: 1. Forma livre: quando a lei não estabelece nada e se permite realizar o ato/negócio jurídico por escritura, por gesto ou por instrumento particular. 2. Forma solene: forma imposta pela lei, tem que ser observada. 3. Forma contratual: Aquela em que as próprias partes se impõem e decidem acerca da forma do ato - As partes que estabelecem, não precisa vender biblioteca por escritura pública, mas se as partes quiserem escritura para proporcionar segurança, podem assim estipular; Aquele contrato entre aquelas partes terá obrigatoriedade de uma escritura, chamamos de obrigatoriedade concreta, pois só naquele contrato em decorrência de uma sujeição das próprias partes há escritura como forma, não é a lei que impõem. 4. Forma plúrima: Casos em que um ato pode ser realizado de diversas formas, como no testamento que pode ser feito por meio “particular” (revelado só para as partes, mas se perder papel é como se não tivesse feito), “público” (todos vão saber, logo mais seguro). Significa que existe uma “liberdade restrita”, o testamento corresponde à atos de forma plúrima, posso praticar um ou, mas não posso criar um específico para mim como na forma livre. OBS: O art. 109 CC/02 fala claramente da “forma contratual”, se ter cláusula de valer com escritura pública, somente será válido com esta (“ad substantiam”).
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento Reserva mental é a dissociação entre a vontade interna do sujeito e a sua declaração, dissociação essa que não se torna conhecida do destinatário (senão seria uma simulação, vício distinto do negóciojurídico). Observemos um exemplo, quando um sujeito tem amante e quer dar dinheiro para ela sem a esposa saber, para isso sequestra gato da sua família e ele mesmo oferece R$30.000,00 por ele, coloca vários cartazes na vizinhança e joga gato na frente da amante para que ela o ache. Em seguida, amante devolve gato para a esposa, mas sem nem saber que receberia dinheiro do sujeito de forma planejada. Se observa que só o declarante sabia do ocorrido, estamos diante de uma restrição/reserva mental. Agora se a amante soubesse da situação, seria uma simulação. Simulação enseja em nulidade do negócio jurídico, já reserva mental não surte qualquer efeito jurídico. 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa O silêncio como manifestação de vontade é válido, vale como exceção e não como regra. Vale em 3 situações: 1. Quando as circunstâncias assim apontarem (aspecto bem individual, costumo pegar produto e não falar nada e sujeito traz depois, se quero discordar de algo tenho de me manifestar de alguma maneira, logo, naquele caso o silêncio expressa uma vontade pela habitualidade circunstancial) 2. Por uso, caso do sujeito na reunião de condomínio que permanece em silêncio quando perguntam algo, sua inação provém consentimento. 3. No caso de oferta de doação, quando o donatário não se manifesta, assume-se que ele aceitou a doação. Nesse caso a lei permite inferir que houve uma manifestação de vontade naquele silêncio (exteriorização comissiva).
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem Para entendermos este artigo, basta separarmos um caso de compra e venda e outro de locação; Na compra e venda se transfere propriedade do bem em troca de uma quantia, deixando o vendedor de ser proprietário; Na locação, o locador recebe aluguéis (prestações periódicas), abrindo mão da posse, mas se mantendo como proprietário. Voltando para o art. 112, imagine que um sujeito faça parte de um contrato de locação, mas achando na realidade está pagando o valor de um imóvel num contrato de compra e venda parcelado. Temos aí um choque entre sua vontade (comprar) e sua declaração exteriorizada (locação), qual deve prevalecer? Existem 4 teorias: 
	1. Teoria da vontade - Num extremo, segundo qual a vontade deveria prevalecer sobre a declaração.
	2. Teoria da responsabilidade - Mais próxima da teoria da vontade.
	3. Teoria da confiança - Mais próxima da teoria da declaração Adotada pelo CC/02.
	4. Teoria da declaração - No outro extremo, que diz que sempre a declaração deve prevalecer sobre a vontade. 
Observamos que temos duas “teorias extremadas” (da vontade e da declaração) que não são adotadas pelo CC/02, visto que elas defendem que sempre uma das duas (declaração ou vontade) deve prevalecer sobre a outra. Por outro lado, temos duas “teorias intermediárias”, que admitem exceções à sua regra, temos a da responsabilidade, mais próxima da vontade, afirmando que deve prevalecer à vontade, mas excepcionalmente a declaração deve prevalecer, quando houver culpa do declarante; Como no caso do sujeito que não sabia que estava externando locação, pensava que estava comprando, mas poderia ter conhecimento, o erro foi por desleixe ou negligencia, como castigo deve fazer prevalecer não sua vontade interna, e sim a sua declaração externada. Já a teoria da confiança (mais próxima da declaração) admite em regra declaração, mas excepcionalmente a vontade quando houver culpa do declaratário; Como no caso do advogado de X, cliente manda e-mail para outro advogado do mesmo escritório confirmando a compra dos direitos intelectuais, mas advogado sabe que é um licenciamento e não compra, daí simplesmente lava as mãos, pois no contrato está escrito que é um licenciamento. Isso não é permitido, mas se o advogado ligar para o sujeito e explicar a diferença entre a cessão e o licenciamento e o que ele está achando e o que está no contrato, não terá problema. O advogado faz isso porque se pela explicação o cliente perceber que a declaração não é exatamente o que ele queria e não dizer nada, tratar-se-á de sua negligência (do declarante), com isso a declaração prevalecerá; Agora se o advogado não tivesse explicado, como dito acima, prevaleceria excepcionalmente a vontade do declarante, por simples culpa do declaratário, como uma espécie de castigo. Essa teoria é a adotada pelo Código Civil de 2002.
	Questão da “interpretação negocial”: A interpretação negocial é algo a ser debato quando chegamos nesse ponto do código. Imagine que o filho de um professor é salvo por outro de um incêndio numa dada escola. Com base nisso, o pai da criança nomeia o professor salvador como seu herdeiro universal, falecendo no dia seguinte. Imagine que no testamento, o falecido errou, nomeando como herdeiro universal não o professor que salvou seu filho, mas outro com o mesmo prenome. Qual a solução? Em tese não haveria o que fazer quando o falecido for muito sucinto no seu testamento; No entanto, se ele tivesse dito “nomeio professor x, visto que ele salvou meu filho do incêndio no dia tal” seria diferente, com uma solução, porque não é qualquer vontade solta que pode ser objeto de interpretação, mas somente a vontade consubstanciada da declaração (que nesse caso, demonstra claramente a vontade do declarante pelo o que foi externado), por isso ser detalhista é importante para que não haja nenhuma eficácia em caso de equívoco.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração Aqui devemos separar a boa-fé objetiva da subjetiva. Boa-fé objetiva é o dever de lealdade, transparência, colaboração entre contratantes, relação com comportamento das partes no negócio jurídico, como no caso do cliente e advogado. Já a boa-fé subjetiva tem relação com vícios do negócio e intenção dos agentes, se contrapondo à má-fé (sujeito desconhece o vício, obstáculo). Por fim, temos ainda uma terceira modalidade escrita no art. 113, a boa-fé interpretativa, caso do jogador de futebol que celebra contrato de 3 anos e quer desrespeitar com outro clube, pagando a multa e todos os direitos, a multa serve apenas para casos excepcionais como um problema familiar, é um exemplo da utilização da ideia da boa-fé interpretativa, relacionada com a interpretação do consubstanciado no contrato e nos usos do local onde foi celebrado.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente Quando falamos da interpretação da lei na LINDB chegamos numa conclusão que pode ser trazida para cá na interpretação dos contratos; Quanto aos seus arautos a interpretação de um contrato poderá ser: Autêntica (quando o legislador mesmo interpretava a lei, agora as próprias partes podem fazer um aditivo para esclarecer o que elas mesmas disseram); Doutrinária (O doutrinador X elabora um interpretação da lei, o mesmo doutrinador elabora um parecer do contrato – de um caso especifico; Jurisprudencial (se aplica tanto a lei como ao negócio jurídico de maneira indistinta, quando o contrato é levado à juízo). 
	Os métodos de interpretação podem ser divididos em: Literal (interpreta-se pelo que está escrito); Lógico (no negócio jurídico são as cláusulas e a lógica como foram dispostas); Sistemático (na lei eram os códigos distintos, aqui são os negócios jurídicos derivados); Histórico (todas as trocas de mensagens referentes a uma expressão no contrato, para saber a real expressão); Teleológica (toma em conta o escopo, o propósito, o intuito das partes, a chamada causa final da realização do contrato ou daquela cláusula). A interpretação por fim pode produzir efeitos: Declaratórios (disse o que pretendia, nem mais nem menos); Extensivos (falou menos do que deveria); Restritivos (falou mais do que devia, por via de hermenêutica se restringe o alcance das cláusulas que foram interpretadas).
	O art. 114 acima estudado afirma que os negócios jurídicos gratuitos ou abdicativos,aos quais se alude por meio da referência expressa, merecerão sempre a interpretação “restritiva”. Exemplo: Sujeito fala que vai doar um certo livro de uma coleção para outro, donatário cobra o livro mais caro daquela coleção, enquanto o doador diz que dará o mais barato; Nesse caso, admite-se que a doação se dará pelo item mais barato, pois em caso de negócio gratuito, sempre se interpreta da maneira menos sacrificante para o declarante, interpretação sempre restritiva conforme disposição legal. 
Antes de avançarmos, é necessário a partir deste artigo retomarmos conceitos sobre “representação”.
A representação pode ser compreendida como atuação jurídica em lugar de outro. Nos Manuais se diz que o representante atua em nome do representado. Segundo a doutrina mais prolixa, haveria duas modalidades de representação: 1. A representação direta (art.115) - é aquela em que o representante se apresenta diante de terceiros com essa qualidade (presidente de uma congregação pede para meu amigo ir no seu lugar em determinada ocasião, quando ele chega lá e preside a sessão, ele diz que está lá na qualidade de procurador amigo); Nessa modalidade o sujeito representando se apresenta como uma espécie de emissário do representado, atua em interesse de quem conferiu a ele poder de representação, esse é o “princípio da notoriedade”. 2. Representação indireta - quando representante se apresenta em lugar do representado, mas não em nome dele e sim em nome próprio (sujeito cobra R$500,00 por um livro para uma pessoa e R$50 de outro... Para isso que se tem a representação indireta, a outra pessoa em nome própria comprará o livro para o representado indiretamente). Logo a diferença entre as 2 é que na direta o representante atua em nome do representado, e na indireta o representante atua no interesse de terceiro, mas em nome próprio. No Código Civil Brasileiro a representação vem disciplinada agora e no decorrer do Código, a partir do art. 600. 
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado Temos aqui a origem da representação, de onde ela exsurge. A representação, que no caso é direta, deriva diretamente da lei ou deriva de ato de vontade do representado. Quando derivada da lei é chamada de “representação legal” (ou representação heterônoma), as próprias regras e limitações da representação estão inteiramente na lei, não adianta tutor/curador discordar da regra, pois a lei já delimita as responsabilidades do representante. Já na “representação negocial” existe uma certa autonomia, o representado que outorga uma procuração bastante ampla ou não, dependendo da sua vontade, como estudaremos ao falarmos de “mandato”. Ainda existe uma terceira modalidade, a “representação judicial”, aquela instituída no processo judicial quando assim decidido.
Toda e qualquer representação importa na concessão de prerrogativa. OBS: Atenção para a diferença entre privilégios e prerrogativas; A imunidade parlamentar é uma prerrogativa. O privilégio é pessoal, um tratamento diferenciado à uma pessoa – existem alguns negativos - já a prerrogativa é funcional, sujeito só goza da possibilidade em decorrência do fato de exercer certo mandato num intervalo de tempo, quando cessa o prazo ele não pode mais exerce-la). Quando se lança do uso de uma prerrogativa, tal como representar alguém, deve-se utiliza-la da melhor maneira para o representado, atos devem ser praticados sempre no interesse do representado, por isso os atos de alienação sempre devem ser atuados em favor do representado (pai tem prerrogativa de praticar alienações em favor do interesse da criança e do adolescente). Se o tutor se cansa da tutela e toma iniciativa de buscar a emancipação por interesse próprio, em tese não vai ser concedida, pois não é interesse do tutelado. Mas mesmo assim, se for aprovada pelo juiz, enquanto as contas do representante não forem aprovadas pelo representado, o tutor ainda poderá ser responsabilizado, mesmo com a tutoria finda, todos os abusos têm de ser provados pelo representado. No entanto, quando as contas forem aprovadas, o representante não será mais cobrado (após o fim da tutela ou curatela). 
Conclui-se que os representantes são aqueles instituídos pela lei, sem a necessidade de um processo judicial específico (representação legal), aqueles que só podem ser instituídos por processos judicial (representação judicial – inventariante até os bens serem partilhados, administrador de falência até os credores serem pagos) e aqueles instituídos por um ato de vontade (representação negocial – o chamado mandatário/procurador), quando sujeito nomeia procurador para uma certa atividade. Para alguns autores, os órgãos de uma pessoa jurídica seriam presentantes, não representantes, a diferença é que no caso do presentante não teria como o sujeito representado estar lá, até porque a pessoa jurídica não poderia se representar de modo algum, a pessoa jurídica só se faz presente por meio de seus órgãos, tornando a representação obrigatória, de tal modo que alguns autores se orientar no sentido de ter uma presentação. 
Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado Sempre que o representante atuando em nome de um representado, realiza atos ou negócios dentro dos limites dos poderes que lhe foram outorgados, produz efeitos jurídicos diretamente na esfera jurídica no representado, tanto positivamente como negativamente. Isso quer dizer que eventual insucesso na representação não retira recursos do bolso do representante, quem paga a conta acaba sendo o representado. Atenção para o “desde que ele atua nos limites de seus poderes” que não se confunde com o desleixo na representação, pois se o representado dá poderes ao representante de alugar um dado imóvel e ele celebra um contrato com um indivíduo dividendo e sem fiador, o representado terá de lidar com o ato do representante. Agora se o representante vendesse o imóvel, o representado não estaria vinculado pelo contrato celebrado, nesse caso temos um “procurador insuficiente”. Existe ainda a questão do abuso (quando se tem poder e abusa dele) e excesso (não tem poder e realiza ato), ambas responsabilizando o representante. Na hipótese do artigo, em caso de ultrapassar os limites concedidos o ato será invalidado. 
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem No momento em que se atribui à um representante certos poderes, o terceiro que irá vender o imóvel para ele terá direito de exigir a documentação que comprova que ele tem aqueles poderes para realizar aquele ato em nome do representado. Se o procurador exibe a procuração comprovando que não tem poder para aquela operação, terceiro que com ele contratou mesmo assim responde, pois o negócio depois poderá ser rejeitado. É diferente se o representante não mostra a documentação (e não tem poderes), nesse caso ele mesmo irá responder com seus próprios bens pelo negócio assumido. 
Cabe a nós nesse momento diferenciar “dever” de “ônus”. Um sujeito contratado para pintar parede e que a pinta, cumpre com o seu dever (satisfaz um terceiro). No que diz respeito ao ônus, realiza-se um ato para favorecer a si próprio e não favorecer terceiro. Se o procurador não exibir a procuração e não ter poderes suficientes, seu patrimônio será agredido, logo o interesse será dele, por isso ele deve demonstrar a procuração para inverter o ônus (eventual responsabilização) para terceiro. A isso se dá o nome de ônus – imperativo do próprio interesse, ao contrário do dever – imperativo do interesse alheio; O procurador para se desvencilhar de qualquer responsabilidade deve mostrar a procuração).
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. 
Parágrafo único. É de cento e oitentadias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo Para entender esse artigo é necessário um exemplo. Imagine que representado quer comprar um “imóvel X”, conta para o procurador e dá a ele poderes de adquirir imóveis naquela região (não especificamente o imóvel X); Após uma discussão com o representado por algo alheio, o representante enfurecido compra um “imóvel Y” naquela região, mas naquela área a qual seus poderes dele permitiam. O representado terá de pagar pelo imóvel? Em linha de princípio sim, pelo art. 116, pois ele tinha poderes para aquilo. Mas e as instruções? Eram em sentido diferente, mas elas não constavam na procuração, logo não irá prejudicar terceiros, terá o representado de ficar com o imóvel que não o agradou, mas todos os prejuízos serão pagos pelo representante; O que não se pode fazer é prejudicar o vendedor, pois tudo aquilo que o procurador fez foi dentro dos limites de seus poderes e gera responsabilidades para o representado. Observa-se que é possível que o representado se desvencilhe do negócio contra sua vontade e do terceiro, se provar que o terceiro tinha conhecimento das instruções passadas. É o caso do representado que antes da celebração do contrato cria um grupo no WhatsApp, no grupo afirma que queria o “imóvel X”, se chegar ao conhecimento do destinatário que o representante não está atuando de acordo com as instruções e mesmo assim fechar negócio, o representado não será obrigado a pagar conta nenhuma, mesmo que não escrito na procuração. Neste caso pode ser anulada a compra, representado (beneficiário da invalidação) terá de correr atrás em 180 dias, é anulável, não é nulo de pleno direito. A compra pode ser invalidada mesmo sem o terceiro ler a mensagem, pois o legislador exigiu o “conhecimento potencial”, no art. 119 se fala em “devia ser do conhecimento”, logo bastaria só a mensagem ter chegado ao destinatário para correr atrás da anulação do negócio contra a vontade do representado.
Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código A representação negocial ou voluntária e suas regras estão dispostas na parte especial de contrato de mandato do CC/02. Já a representação legal é distribuída pelo código e leis extravagantes, temos regras no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). As disposições dos art. 115-120 CC/02 que acabamos de ver estão também do art. 653 ao 692 do mesmo código, sendo que existem outras espécies de regras a variar de acordo com o caso. 
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos Precisamos entender o que significa a figura do contrato consigo mesmo. Existem 3 hipóteses em que isso ocorre: A) Imagine que um sujeito chamado Caio quer celebrar um contrato de compra e venda com Tício, Caio vendendo um imóvel e Tício comprando; Dado um ocorrido, Caio estará ocupado no dia da celebração, por isso lança mão do seu representante, Púbilo; Se Tício, o comprador, também estiver ocupado, poderia lançar mão para o mesmo representante Púbilo? Isto é, ambas partes no mesmo negócio jurídico podem estar representadas pelo menos sujeito? O mesmo procurador manifestaria a vontade de comprar e vender; Do ponto de vista jurídico, seria possível. Quando Público dizer “vendo” estará representando Caio, ao dizer “compro” estará representando Tício; O legislador ao redigir o código demonstrou preocupação com o fato de Púbilo acabar forçando a barra para um dos lados, em caso de promessa de alguma espécie de comissão. Para evitar isso, a lei proíbe esse tipo de prática, via de regra, essa contratação não deve se concretizar; No entanto, em alguns casos a lei ou os interessados permitem que ocorra expressamente, mas via de regra não pode ocorrer, sob pena de anulabilidade. B) Numa situação diferente, pensemos que o contrato foi celebrado, Tício pode estar presente, mas quem celebrará o contrato com Tício é o procurador de Caio, que é o próprio Tício. Seria isso permitido? Tício, procurador de Caio e parte, que venderá em nome de outrem e comprará em seu nome; Percebe-se que aqui temos também Tício que atuará no seu interesse e ao mesmo tempo de outrem, é provável que ele tentará baixar o preço pra desembolsar menos e favorecer a si mesmo, para evitar isso o legislador não admite tal contratação também, não devido ao ponto de vista técnico-jurídico, mas sim do ponto de vista “sociológico”, pois pode haver um conflito de interesses beneficiando o representante, ao menos que os interessados permitam expressamente, como no caso anterior. C) Migremos agora para o chamado “contrato de comissão”, em que a comissária vendeu 99 unidades de dado produto, sendo que precisa vender 100 para ganhar prêmio definido em contrato, pensando nisso, a comissária vende para ela mesma a última unidade faltante. Nesse caso, é permitido o contrato comigo mesmo, pois quando juridicamente tem um patrimônio só envolvido, sem possibilidade e prejudicar terceiro, é válido; Daí estamos diante do verdadeiro contrato consigo mesmo, em que não se há qualquer espécie de sanção. OBS: Pelo analisado em sala de aula, o contrato consigo mesmo só existe na terceira hipótese descrita, nas 2 primeiras estão sujeitas a anulabilidade, visando evitar o conflito de interesses. No entanto, nos 2 casos se existe qualquer delimitação obedecida como “vender por 100 reais”, não terá anulabilidade, isto porque se reafirma a “autonomia da vontade” das partes.
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto A partir desse ponto temos de diferenciar a condição, termo e o encargo; São comumente referidos pela doutrina como “elementos acidentais” do negócio jurídico (diferentemente do Direito Romano, que fala de elementos essenciais – elemento do plano de existência, naturais – regras dispositivas, acidentais – condição termo e encargo). Para nós, como já visto, o termo “elementos” deve ser reservado apenas ao indispensável à incidência da norma jurídica e a consequente existência do negócio jurídico (devemos nos reportar aos requisitos de validade e aos fatores de eficácia). Quando falamos de condição, estamos falando na realidade de um “fator de eficácia” do negócio jurídico. 
Não pode ser objeto de condição, termo e encargo: Existem determinados atos incompatíveis com os fatores de eficácia estudados hoje (condição, termo e encargo); Esses fatores são incompatíveis com algumas espécies de atos jurídicos em sentido amplo, são os “atos puros”, podemos destacar alguns exemplos em que não é possível estipular condição/termo/encargo: Por incompatibilidade de conteúdo; (definição valorizada do legislador, que implica com que não aprove esses atos condicionados) A) Atos relacionados à aceitação de herança – Caso do avô que falece e neto deve receber a herança, afirmando que irá aceitar a herança assim que o Corinthians for campeão Brasileiro. Nessa situação não só os direitos do neto, mas dos filhos, irmãos, do próprio filho bisneto estão em jogo. Como existem vários interesses indefinidos em função da condição, não se aceita condição nessa ocasião, legislador diz que o herdeiro deve aceitar ou não; B) Atos relacionados à Direitos da personalidade - Parente precisa de transplante de fígado, terceiro diz dar perante uma condição. Direitos da personalidade são mais importantes que os outros do direito privado, superior a contratos e patrimônios em geral, ou o pretenso doador doa ou deixo de doar, não pode deixar a mercê de um evento futuro incerto; C) Direitos de família – O casamento não pode ser supervenienteà uma condição, do mesmo modo a adoção, não se pode dizer “irei adotar sujeito se Corinthians for campeão”, também para reconhecimento de filiação, são outros exemplos de atos incompatíveis com a condição. Além desses, existem 2 atos que não podem condicionados por incompatibilidade estrutural (mesmo que o legislador quisesse que fosse possível condicionar, seria uma espécie de contradição): A) Atos jurídicos “stricto sensu” – São atos em que se precisa da vontade, discernimento, não pode existir defeitos no negócio jurídico, como no casamento em que se decide se vou casar ou não. Observa-se que no ato jurídico “stricto sensu” o sujeito de direito precisa manifestar sua vontade para um casamento, por exemplo, mas de maneira alguma irei controlar os efeitos do mesmo, não posso eliminar dos deveres do casamento, a fidelidade por exemplo, a partir do momento em que se decide casar, não se pode atrelar os efeitos à uma condição. Como nesse caso os efeitos jurídicos decorrem da lei e não da vontade, não posso adapta-los com uma condição; B) Atos materiais ou atos-fatos jurídicos (e atos puros) - Em hipótese alguma poderia ser condicionado, ao contrário da incompatibilidade por conteúdo, que é por opção do legislador, condicionar um ato-fato seria incompatível estruturalmente. É o caso da criança que acha tesouro enterrado no quintal, são atos-fatos, para que gerem efeitos jurídicos não necessita de consciência ou qualquer vontade. Os efeitos ocorrem naturalmente e inconscientemente. Efeitos nesses casos decorrem da simples materialidade da conduta, se não é necessário a vontade para produzir os efeitos, como colocaríamos uma condição para subordinar esses efeitos? Essas customizações são incompatíveis com a materialidade dos atos-fatos, que podem ser praticado até por absolutamente incapazes não representados.
	Caso da interpelação: Precisa-se entender que é interpelação. Imagine que alguém adquira dinheiro emprestado de outro e sujeito diga que pode devolver quando quiser. Sujeito na outra semana cobra o dinheiro e o devedor atrasa mais de 2 meses para devolver. O devedor será punido por juros? Sim, no momento em que ele emprestou e não estabeleceu um prazo de pagamento, estabeleceu-se uma obrigação sem prazo de pagamento. Quando o credor demanda o pagamento, do ponto de vista jurídico, é chamado de interpelação (se não foi efetuado imediatamente, constitui em mora). Deve-se juros a partir da cobrança do credor. Interpelação é um ato jurídico em sentido estrito, juros da interpelação são automáticos, mesmo sem saber, mesmo sem vontade, são estabelecidos pela lei. 
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto Condição é o que subordina efeito jurídico à eventos futuros INCERTOS. Observamos que no art. 121 o legislador considera somente condição aquilo que foi criado da vontade humana e privada, e não forjada pelo legislador.
	Observa-se a exigência de um evento futuro incerto para despontar efeitos jurídicos (tais como heranças em geral, visto que o sujeito B irá receber se o sujeito A morrer antes) se dá generalizada, trata-se de uma “conditio iuris” que deriva da vontade privada ou condição de Direito em que deriva da própria lei. Logo não se dá o nome de uma condição em sentido estrito, se chama CONDITIO IURIS. Isso porque existem 3 requisitos para que haja condição: 1. Voluntariedade - Que não se trate de algo formulado pelo ordenamento jurídico – “conditio iuris” (que o herdeiro sobreviva ao testador); 2. Futuridade - A subordinação tem de ser a eventos futuros, não pode se voltar ao passado, ainda que o evento seja desconhecido pelas partes, dando ensejo a “condição imprópria”; 3. Incerteza - Ao se tratar de um evento futuro tem de ter um evento também incerto. quando o evento futuro for certo te tratará de termo (morte do terceiro). OBS: Segundo o Professor Francisco Amaral, ainda teríamos mais 3 requisitos: Possibilidade, Licitude, não-potestatividade pura (não derivado exclusivamente da vontade).
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes Em regra, qualquer condição é lícita, se não contrariar a nenhum dos 5 requisitos negativos do art. 122, sendo defesa: 1. Quando contraria a lei – Indivíduo oferece biblioteca se matar terceiro; 2. Quando contrariar a ordem pública – Indivíduo oferece biblioteca se outro mudar de religião; 3. Quando houver violação aos bons costumes - Quando influencia um sujeito à infidelidade devido a condição, ou prostituição como condição; 4. Condições Perplexas – Quando não sabemos como nos comportar, como quando se nomeia sujeito como herdeiro universal e diz que receberá se for nos conformes da lei, só que pela lei o sujeito não receberia nada. A condição futura nesse caso subtrai todos os efeitos do negócio jurídico é nula; 5. Puro arbítrio de uma das partes ou “condição puramente potestativa” - Depende do grau de intervenção. A palavra puro é muito importante aí, imagine um sujeito que está subordinado efeito do negócio ao fato de que irá ter de concluir a faculdade. Neste caso tem um certo acaso para ele concluir, dependendo dele, então chamamos de condição simplesmente potestativa e admitida pelo Direito Brasileiro (não decorre do puro arbítrio). Agora se estipular na condição afirmando “te dou biblioteca se você quiser”, estamos diante de uma condição puramente potestativa, é ilícita e nula, pois subordina os efeitos do negócio jurídico puramente à uma das partes.
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; - Ler direto com artigo 124, quando for suspensiva se refere ao art. 123 I, quando for resolutiva se refere ou art. 124. 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; A causa ilicitude do art. 122 tem como consequência a nulidade da condição e do próprio negócio jurídico. 
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias; Quando não é claro, se oferece algo se Joao for o melhor da sala, mas tem 5 pessoas com esse nome, não sei quem é, logo nulidade da condição e do negócio jurídico. 
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível O que é uma condição impossível? Aquela em que o evento futuro é impossível, instransponível, pode ser um obstáculo fático (peço pro sujeito tocar a lua com os pés no chão) ou um obstáculo jurídico (não confundir com ilicitude, quando digo pro sujeito pedir sentença pelo STF, sendo que não é admitida mais pelo ordenamento); Logo, há de se falar em impossibilidade jurídica ou impossibilidade fática/física. Entendendo isso, temos de saber que se a condição suspensiva terá um efeito, se for resolutiva terá outro: A) Suspensiva é aquela em que a verificação do evento futuro incerto é o que desencadeia os efeitos da condição (se Corinthians for campeão te dou biblioteca); B) Resolutiva é aquela em que a verificação do evento futuro incerto estanca os efeitos, faz cessar (te dou biblioteca, mas se o Corinthians ganhar cessa a doação). OBS: Observamos que “condição resolutiva impossível” anula apenas a condição, a doação continuará intacta. Já na “condição suspensiva impossível” não apenas a condição é atingida e nula, mas também o negócio qual está inserida é invalido. 
Condições ainda podem ser: Casuais - depende exclusivamente do acaso e não da vontade dos declarantes, caso Corinthians for campeão, ninguém pode interferir; Condição simplesmente potestativa – doação de uma biblioteca se sujeito se formar em Direito, preciso da vontade e também do acaso, do seu esforço para passar do Direito; Condição Mista - Quando depende da vontade de dois sujeitos, terceiro se casar com outro, depende da vontade dos 2, nesse caso o “acaso” seriaa vontade de um terceiro, espécie de potestatividade simples especial, por isso é condição mista; Condição puramente potestativa – Aquela já vista e nula, em que os efeitos do negócio se subordinam inteiramente à vontade de uma das partes; Condição promiscua - Inicialmente puramente potestativa, mas vai se tornando simplesmente potestativa, e portanto, válida, por isso é correto afirmar que uma condição puramente potestativa sujeita à nulidade pode se convertem em simplesmente potestativa com o decorrer do tempo.
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa No que diz respeito ao funcionamento da condição puramente potestativa. Se a condição for de o Corinthians ser campeão brasileiro, até o dia 10/12 a biblioteca será de quem ofereceu ela, pois está submetida a condição suspensiva. Se pode fazer o que quiser com a biblioteca até o evento se concluir? Não, devido ao art. 130 do CC/02.
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis É o caso do sujeito que doa uma biblioteca sob efeito de condição suspensiva à uma pessoa, só que depois sujeito doa sem qualquer condição para outro terceiro. Ficará com a biblioteca o primeiro donatário, pois embora o evento futuro incerto se verifique depois, ele tem efeitos retroativos; Não importa a data em que os eventos incertos ocorrem, e sim a data em que as declarações de vontade foram produzidas. Implemento da condição tem efeito retroativo. 
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido Artigo que apenas descreve o que é uma condição resolutiva, diferente da suspensiva, pois o sujeito já teria a posse da biblioteca de eventual doação e perderia caso e evento futuro incerto se implementasse, cessando os efeitos produzidos. Imagine que um sujeito receba biblioteca enquanto temos condição resolutiva pendente e a doa e posteriormente a condição se implementa e o doador volta a ser proprietário. O que ocorreria? Neste caso todos os direitos constituídos durante a propriedade precária irão cessar e voltará tudo para o doador. O tempo que o locatário usou será pago conforme o definido no art. 128.
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé Significa que o doador após retomar a propriedade, conforme os ditames da boa-fé, permanecerá na cobrança do locatário para que pague o aluguel somente se estiver assim disposto no contrato, caso contrário retoma a posse, ressalvada sempre, como já dito, a boa-fé. 
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento Caso do sujeito que celebra contrato com alunos, com condição de que todos devem resolver a prova em 15 minutos, recompensando-os com nota 7 caso seja cumprida. Maliciosamente, os alunos apenas entregam a prova sem fazer; Nesse caso, de nada vale o ato malicioso para que o contrato seja cumprido. Do mesmo jeito no caso do sujeito que impõe certa condição ao contrato e em seguida, ao ver que era fácil demais, muda de ideia, não terá êxito em criar obstáculo malicioso. Tudo isso se relaciona com o princípio da boa-fé, em que a malícia no condicionamento dos negócios jurídicos não surtirá qualquer espécie de efeito. 
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo Imagine que um dado professor celebra contrato em que irá receber uma biblioteca após implemento de uma condição e com isso, o atual proprietário passa a destruí-la com a finalidade de inutiliza-la até o implemento da condição; O professor pode até não ser proprietário, mas ele pode tomar medidas de caráter preservativo, como cautelar. Se não houvesse essa regra o professor estaria de mãos atadas. 
TERMO
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito O termo não impede a aquisição de um direito, apenas o seu exercício, pois subordina a um evento futuro e CERTO. Alguém já é titular de um direito, só não é titular da exigibilidade natural. Significa que se diferencia da condição, em que temos a sujeição à um evento futuro e incerto, pois no termo o evento também é futuro, mas certo de que ocorrerá.
Espécies de termo: 1. Certo – Como o vencimento da mensalidade da faculdade, com data, o credor poderá exigir o pagamento após a data, que no caso representa o evento futuro e certo; 2. Incerto - A morte do sujeito, que pode determinar a exigibilidade de uma herança; É termo pois sei que ocorrerá, mas não quando, portanto, evento futuro e certo, mas como não sei a data, trata-se de um termo incerto. Podemos ainda fazer outra classificação: 1. Termo inicial – É o termo que suspende uma prerrogativa assim como a condição suspensiva; 2. Termo final – O termo que estanca efeitos que já se produziram com o implemento do evento futuro e certo, assim como condição resolutiva. 
Ainda temos: 1. Termo essencial – em que descumprida a obrigação, a consequência é o inadimplemento absoluto, sujeito não entrega bolo no casamento, daí não tem sentido mais entregar, quando é imprescindível que a obrigação seja cumprida no prazo, naquele termo, estamos diante de um termo essencial. 2. Termo não-essencial – Caso da mensalidade da faculdade, pagamento impontual da faculdade é admitido, chamado inadimplemento relativo, gerando juros.
PRAZOS
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento Diferente da “vacatio legis”, exclui o primeiro dia e inclui o último. 
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil Só se o vencimento for no dia do feriado isso ocorre; Nos dias úteis os prazos correm todos os dias, só se o último dia do prazo (vencimento) coincidir com feriado, que estende o prazo para o próximo dia útil. 
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia Definiu-se em lei isso para evitar conflito, mesmo em fevereiro com 28 dias (bissexto com 29 dias). 
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência Se o prazo for de 1 ano e iniciar em 30 de agosto de 2018, o vencimento será no dia 30 de agosto de 2019, em outros casos conta-se o dia seguinte, logo, se o prazo for de 1 ano e se iniciar em 29 de fevereiro, vencerá no dia 01 de março do ano seguinte. 
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto Dou ao sujeito prazo de 24 horas para realizar uma tarefa, conto minuto a minuto até a hora do dia seguinte, admitindo-se frações. 
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes Normalmente o prazo se conta da maneira mais interessante ao devedor ou eventual herdeiro no testamento, mas se o contrato estabelecer que a obrigação tem de ser cumprida naquela data, a amortização não poderá ocorrer. Se um contrato estabelece 30 dias, interpretaremos como úteis, porque teria um pouco mais de tempo para o devedor cumprir o prazo. 
Art. 134. Os negócios jurídicosentre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo Havendo necessidade de tempo para deslocamento ou local adverso por negócio feito na hora, o direito não poderá ser exigido de maneira imediata pelo credor. 
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva No que couber, visto que a incerteza é própria da condição, mas existem regras que podem ser adotadas nos dois institutos. 
ENCARGO 
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva O encargo corresponde à uma restrição à um ato de beneridade; É o caso da doação para a FDSBC de um imóvel, só que restringindo o seu uso para estudo. Donatário não pode fazer o que bem entender com o bem integrado no patrimônio. OBS: Primeiramente, são atos de benemerência ou liberalidades (doação ou legados). Segundo, existem expressões que apontam para condição ou para um encargo, de forma a tornar possível identifica-los e diferencia-los no contrato. Se, desde que, apenas denunciam uma condição. Para que, a fim de que, com o encargo, são as expressões que denunciam um encargo. Terceiro, a liberalidade pode ser revogada se não for cumprida, Ministério Público pode tomar iniciativa se for um objeto de bem coletivo. Se ter dúvida entre encargo e condição num contrato, adotaremos encargo, pois é menos dura para o adquirente em caso de descumprimento. 
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico Caso da doação de biblioteca para o sujeito estudar para magistratura, direcionando a vocação da pessoa, nesse caso retira-se o encargo que tolhe sua liberdade profissional e será válida a doação; Agora se diz no contrato “doo apenas para estudar”, esse apenas arrasa determinadamente a liberdade de escolha da utilização do ambiente, nesse caso a liberalidade praticada será inválida (negócio jurídico), pois ela constitui motivo da liberalidade essencial e é ilícito.
DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
	O negócio jurídico pode ser barrado no plano da validade, como já vimos, se houver qualquer um dos requisitos negativos presentes. Isso tudo porque existem defeitos do negócio jurídico, que são divididos em “vícios de consentimento”: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão; “Vícios sociais”: fraude contra credores e simulação.
 Os “vícios de consentimento” se caracterizam por serem uma espécie de problema relacionada à formação da vontade ou de sua exteriorização. É um problema no que diz respeito à interação do sujeito de direito com a sua realidade, a formação da sua vontade a partir da realidade transmitida ou na exteriorização da vontade. O vício de consentimento ocorrerá quando em alguma dessas fases tem um problema relacionado ao vício de consentimento. Observamos cada defeito do negócio jurídico: Erro - Falsa representação da realidade espontânea; Dolo - Falsa representação da realidade não espontânea Ex: Sujeito compra anel e pergunta se é de ouro e vendedor fala que é sabendo que não é, estamos diante de dolo. Se o sujeito não sabia se era ou não e disse estamos diante de um erro; Coação - Vontade interna diferente da externalizada, devido à ameaça dirigida a minha pessoa; Estado de perigo – Caso dos sujeitos numa situação de vulnerabilidade extrema, perigo de vida, e isso faz com que externem não sua real vontade interna; Lesão - sujeito que vende biblioteca valiosa por pouco devido à pressão, não externou sua verdadeira vontade interna OBS: No estado de perigo existe um risco de vida, caso não haja risco de vida ou inexperiência, é uma lesão.
	Nos “vícios sociais” teremos uma incompatibilidade entre a declaração de vontade do sujeito de direito e o interesse de terceiros, são eles: Simulação - Negócio aparente diferente do negócio dissimulado, neste caso temos um conflito com interesse de terceiros; Fraude contra credores – Caso do sujeito que dá R$50.000,00 para outro e deixa dívida com os credores ativa, com eles recebendo apenas 10% do que lhes é devido, nessa fraude sujeito em estado de insolvência resolve praticar uma doação, porém essa não pode ser praticada, pois tem interesses de terceiros – credores – que impedem, por isso temos um vício social. OBS: A lesão antes vista como vício de consentimento se encaixa em 2 possibilidades; Imagine num caso um indivíduo celebra um negócio jurídico em estado de extrema necessidade, vendendo biblioteca por valor bem abaixo, pois é o último dia antes do vencimento de uma dívida com o banco que precisa ser paga. No outro caso sujeito vende por um valor absolutamente inferior ao valor de mercado devido à inexperiência, não sabia quando valia aquela biblioteca. Neste último caso estamos diante de um vício social, ou seja, para a maioria da doutrina erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão são exclusivamente vícios de consentimento. Para doutrina minoritária, a lesão pode ser um vício de consentimento quando o sujeito vende algo por premente necessidade, mas pode ser vício social quando realiza o negócio jurídico daquela maneira por inexperiência. 
Todos os defeitos acarretam na invalidação do negócio, na anulabilidade. A simulação é objeto de nulidade sob os efeitos do art. 167 do CC/02.
A partir de agora analisaremos os 5 defeitos da declaração de vontade acima listados. 
VÍCIOS DE CONSENTIMENTO - ERRO
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio Em regra, as declarações de vontade não são anuláveis, disso já sabemos. O erro corresponde à falsa representação da realidade, geradora de um descompasso espontâneo entre a consciência do declarante e a realidade. Como quando sujeito vai comprar anel de ouro e pergunta ao vendedor se o anel é de ouro (sendo que não é). Vendedor não sabe da informação, mas diz que é de ouro. Nesse caso temos um erro, visto que é a falsa representação da realidade de forma espontânea entre a consciência do declarante e a realidade. 
 Existem 4 requisitos para que seja declarado erro (4 juntas): 1. Substancial (art.139). 2. Escusabilidade 3. Cognoscibilidade/Perceptível 4. Realidade
	Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais São 5 hipóteses de erro substancial, 3 no inciso I. Erro quanto à operação a ser celebrada (sujeito quer alugar e acaba vendendo); Erro quanto ao objeto (quero cavalo X e compro Y); Erro quanto à qualidade essencial ao objeto alienado (apartamento com iluminação da manhã, compro um que tem iluminação à tarde, a não verificação do que para mim era essencial no negócio jurídico ensejará na invalidade da declaração). 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante Aqui temos mais 1 hipótese: Erro quanto à pessoa (alugo com preço específico porque sujeito é querido, e acabo devido ao erro vendendo para outro sujeito, logo nesse caso é possível invalidar a declaração, pois o preço era aquela somente para o sujeito inicial).
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico Erro de Direito – Caso do sujeito que vai morrer e só tem irmã, não conhece sistema jurídico e irá instituir terceiro como herdeiro a receber 50% do valor e o resto irá para a irmã por lei, contra a vontade do sujeito. Temos aí um erro de direito, pois o sujeito não percebeu que a irmã é um herdeiro legal – não necessário – nesse caso ele poderia deixar a irmã sem nada, ele só não sabia. Mas e se ele já morreu? É possível invalidar essa declaração por erro e dar tudopara o terceiro? Se invalidarmos a declaração, a irmã irá receber tudo! E agora, o que fazer? Existem 3 regras excepcionais no art. 142 143 e 144.
Erro substancial, portanto, pode ser, quanto à operação, quanto ao objeto, quanto à qualidade essencial, quanto à pessoa e quanto ao erro de direito. 
Vimos que o primeiro requisito é de que o erro seja substancial (nos conformes do art. 139 e seus incisos), mas o art. 138 diz que precisa ser escusável, daí vem o segundo requisito: 2. Escusabilidade - O erro, além de substancial, precisa ser perdoável, existem erros inescusáveis, como quando sujeito é professor em civil e comete erro em relação ao direito, vai ser imperdoável, preciso considerar concretamente se o declarante tinha conhecimento suficiente para não cometer ou não o deslize. 
3. Cognoscibilidade/Perceptível - Sujeito que recebe declaração de vontade e percebe ou não o erro; Se o declaratário sabe potencialmente que o objeto precisava ser de ouro por exemplo, temos o fator perceptível. Imagine o erro substancial que poderia ser percebido, preenchendo o requisito. Se vendedor tinha conhecimento possível de que aquilo não agradaria o comprador, teremos aí mais um requisito preenchido para o erro. “Pessoa de diligência normal”, ou seja, se um vendedor mais atento notasse o possível desagrado do comprador, teríamos aí o requisito perceptível preenchido. Porém, se o comprador não externar a importância do ouro ser legitimado, teríamos aí a impossibilidade da invalidação da declaração. 
4. Realidade ou grave - O equívoco deve ser relevante, apto de gerar um concreto prejuízo patrimonial.
	Observemos que o critério da “escusabilidade” depende do declarante (o que é escusável para um pode não ser para outro), apurada concretamente, já o critério da “perceptibilidade” depende do declaratário e se outro no lugar percebesse o erro, apurada abstratamente. 
Ação redibitória vs. Ação estimatória: Na primeira sujeito entra com ação para receber valor do celular devido a defeito; No segundo com ação para desconto no aparelho, pois aquele defeito não o afeta tanto, mas diminui o seu valor- observamos de acordo com o defeito no objeto – é diferente do defeito no objeto devido por declaração de vontade, pois tem um erro quanto ao objeto, que tem um prazo mais alargado. 
OBS: No Direito italiano e francês, o erro substancial quanto operação ou quanto ao objeto enseja em inexistência do negócio jurídico, reconhecida a qualquer tempo. Já o Direito Brasileiro não reconhece essa categoria de erros substanciais mais graves. 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante Sujeito compra livros para um fim específico, combina com o vendedor e não transfere o prometido, pois sujeito desiste da compra e venda devido não estar mais entusiasmado. Suponhamos que o vendedor queira manter a compra e venda, devido promessa. O vendedor tem razão, pois os motivos unilaterais que não foram exteriorizados para com outra parte não podem ensejar na invalidação na declaração de vontade. Tudo precisa ser exteriorizado, se não fazer isso, o vendedor terá direito ao valor da venda. Precisa ser expresso para viciar a declaração de vontade. Exemplo também do casal que compra camarote para assistir jogo e este muda de lugar. Será considerado um erro substancial e será invalidado apenas se o casal expressou a qualidade do que queria no contrato – que era de assistir ao jogo naquele local específico.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta É o caso do sujeito que pede para outro comprar candelabros de prata, e o encarregado não sabe diferenciar os de prata e prateados. Como foi o procurador quem comprou e ele não conhece a diferença, então se aplicará os requisitos dos erros, nesse caso aderimos a figura do representando, invalidando a declaração se preencher todos os requisitos. 
 É diferente do sujeito que vai comprar algo para o outro sem nem saber o que é por falta de informação, apenas repetindo a declaração de vontade de outro. Logo, o sujeito apenas externa declaração de vontade alheia. Nota-se que no caso anterior o procurador tem vontade própria que repercute na esfera do representado, é diferente. Nesse caso o encarregado é o porta-voz ou núncio, transmitindo declaração que não é dele, portanto, quem erra é o sujeito que preparou a declaração – no caso do núncio não é anulável, diferentemente do que ocorre na representação, como já observado.
Mesmo com requisitos, quando não haverá invalidação da declaração:
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada Caso do sujeito que morre e deixa declaração de herança para outro que salvou seu filho, quando na verdade queria ter deixado pra outro. É possível invalidar essa declaração? Parti de um pressuposto equivocado, se invalidarmos por erro de pessoa, o sujeito que não salvou meu filho não receberá a herança, mas também não receberá aquele que eu queria que recebesse. Nesse caso, em lugar da anulação de erro quanto à pessoa, eu preciso de reconhecimento “do verdadeiro destinatário ou objeto pretendido pelo declarante”, no lugar iremos aplicar o “Princípio da conservação do negócio jurídico”: Em regra, caberia a invalidação, mas em casos excepcionais, quando a legislação assim prevê - art. 142 143 e 144 – no lugar a invalidação, preservar-se-á o negócio jurídico em outras bases.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade Quando não é erro de coisa ou de pessoa cogitada, temos o erro de cálculo que pode ser retificado. Caso do sujeito que erra cálculo de apartamento e paga muito mais, haveria invalidação da declaração em tese, mas devido ao artigo supracitado, no lugar preserva-se o negócio jurídico e não invalida a declaração, apenas autoriza o redimensionamento do valor. 
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante Se o vendedor diante do erro, se colocar a cumprir com a vontade do sujeito que quer invalidar a declaração de vontade, trocando o candelabro pelo certo (que era a vontade originária), não falaremos em erro; Como não há desfalque patrimonial, o vendedor poderá fazer a troca e não invalidar a declaração. Logo, concluímos que a regra do art. 138 tem exceções nos artigos 142, 143, 144. 
VÍCIOS DE CONSENTIMENTO - DOLO
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa O dolo corresponde à um defeito do negócio jurídico em que a falsa representação da realidade é provocada pelo co-declarante ou por terceiro, expediente prejudicial que se distingue do erro pela “espontaneidade” - Intervenção de agente terceiro/co-declarante. 
Dolo e erro não se confundem: em ambos existe falsa representação de realidade, mas um é espontâneo (erro) o outro não (dolo); Em um o problema de compreensão é do declarante, no dolo o problema de compreensão é graças a interferência de um terceiro - indução. Dolo não se confunde com coação: Em um caso é intimidado, exteriorizo a declaração de vontade, mas com total ciência de que aquela não é minha vontade interna, já no dolo sujeito não sabe que está sendo enganado; Dolo é um crime sobre a inteligência do sujeito, coação é sobre a vontade – associado com estelionato e roubo. Dolo não se confunde com a simulação e com a fraude com credores: devido ao prejuízo para terceiros nesses ninguém acaba externando algo diferente da sua vontade e prejudica terceiros (simulação), o mesmo se aplica na fraude com credores (caso do doador insolvente, com patrimônio passivo maior que o ativo).
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outromodo Dolo principal ocorre quando um sujeito é induzido pelo outro espontaneamente, promovendo a venda de candelabros afirmando que são de prata quando não são; É principal, pois se o sujeito soubesse que não era de prata não teria comprado em hipótese alguma. Dolo acidental é diferente, é o caso do sujeito que se soubesse da realidade não cancelaria a operação, isto é, sujeito compraria se fosse prateado, só que não por aquele valor, daí cabe a penas a satisfação das perdas e danos. Dolo principal enseja em anulação, Dolo acidental enseja em indenização.
Dolo Principal - Sempre tem 3 requisitos e excepcionalmente um 4º que pode estar presente ou não: 1. Intenção - Sempre precisa ter a intenção de construir a falsa realidade por parte do agente de má-fé. 2. Gravidade ou Realidade – A vítima tem de ter pagado mais pelo que valia menos; O terceiro requisito é aquele que diferencia o principal do acidental. 3. Razão determinante - Requisito adicional para invalidação quando partir de um terceiro (art. 148); 4. Conhecimento potencial - no caso dos terceiros. 
Vimos acima, a diferença entre “dolo acidental” e “dolo principal”, ainda existem outras espécies de dolo e diferenciações, como: “Dolus bonus” - Simples enaltecimento do objeto da operação, vendedor tende a enaltecer objeto vendido, aceito em certa parte pelo CC/02; “Dolus malus” - Distinção da realidade que é imperdoável. Depende do caso concreto que é analisado pelo juiz para ser anulado. Temos ainda outras diferenciações que serão agora exploradas, como o “dolo positivo” ou por ação do “dolo negativo” ou por omissão. 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado É o caso do sujeito que vai comprar candelabros e pergunta se é de prata, e o vendedor por sua vez não fala nada; Presumindo-os de prata pelo silêncio, o comprador leva e depois descobre que na realidade não eram de prata coisa alguma; Trata-se de “dolo principal”, pois se o comprador soubesse que não eram de prata não teria levado. Temos aí um dolo devido à omissão do vendedor. Daí diferenciamos o “dolo positivo” (dolo por comissão ou dolo por ação) do “dolo negativo” (omissão dolosa ou dolo por omissão).
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou Um artigo com 2 regras diferentes. Quando o dolo é proveniente de um terceiro, surge outro requisito para que seja anulada a declaração de vontade; É necessário que tenha havido o “conhecimento POTENCIAL” do vendedor para que enseje em anulação da declaração de vontade. Imagine que sujeito pergunte na mesma loja ao comprar candelabros, se são de prata para terceiro e ele confirma, tudo com vendedor perto escutando toda a conversa; Nesse caso anula a declaração de vontade do comprador, pois o vendedor poderia ter se manifestado – conhecimento potencial do vendedor. Agora se o vendedor não estivesse próximo, não teríamos qualquer espécie de anulação, teria nesse caso o sujeito direito a indenização (paga pelo terceiro que induziu ao erro). OBS: Ressalta-se que o legislador só demanda o conhecimento potencial do vendedor no caso, não efetivo, pois este seria difícil de provar. 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos Estamos falando aqui do “dolo de representante legal” e “dolo de representante negocial”; No dolo do representante legal temos como exemplo o caso em que o representante resolve vender objetos do seu representado mas acaba falseando realidade com relação à terceiro comprador, estamos diante de um dolo principal. Se tiver alguma espécie de indenização necessária, quem terá de indenizar será o representante legal – pois representado não escolheu ele. Já no dolo do representante negocial é diferente, se quem cometeu o dolo foi o representante negocial, voluntariamente escolhido, o representado terá de indenizar se necessário e também será responsável solidariamente, ou seja, terá de pagar toda a indenização caso o representante não tenha condição de pagar ou caso seja cobrado pelo lesado. Em segundo momento, será possível que o representante busque o ressarcimento pelo dolo do mandante, pelo prejuízos que experimentou.
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização Diz respeito à uma situação em que dois sujeitos agindo de má-fé celebram um negócio jurídico bilateral. Dois sujeitos que estão tentando se ludibriar, “dolo bilateral” ou “recíproco”, caso em que não será anulado e nem mesmo será concedida indenização a qualquer das partes. 
Dolo de aproveitamento (art. 156): Não seria defeito do negócio jurídico, porém manifestando na intenção de se aproveitar da situação do outro, inspira uma “lesão”, da qual falaremos adiante. 
	VÍCIOS DE CONSENTIMENTO – COAÇÃO
	Já observamos que “erro” não está na consciência do sujeito alvo, visto que o agente não sabe que está sendo enganado , isso se verifica no erro e no dolo, a diferença diz respeito ao motivo da inconsciência, em um é um defeito de percepção e no outro (dolo) essa falha de percepção é decorrente de efeito terceiro/exógeno. 		Na coação é diferente, como veremos. A vontade e a declaração se divorciam, porém, o declarante tem total ciência de qual é a sua vontade interna, e sabe que a exteriorizada não corresponde. O descompasso é consciente. Logo, como definição: A coação é um defeito do N.J em que existe um consciente deliberado descompasso da declaração de vontade do sujeito, que ocorre devido à uma pressão. 						A coação se diferencia do “erro”, pois existe uma manifestação de vontade voluntária (sujeito poderia escolher não manifestar) mesmo que não seja espontânea. Na coação o sujeito coator atua sobre a inteligência da vítima.			
Existem 2 formas de coação: 1. Física/Absoluta - Vítima da coação é reduzida a papel de objeto, sujeito é golpeado e inconscientemente é utilizado para fazer transferências bancárias; Consequências: Estou diante de um ato inexistente, pois não houve nem sequer declaração da vítima. 2. Relativa/Moral - Vítima da coação é induzida a realizar ato por ameaça à familiar, por exemplo, ela mesma faz a transferência bancária devido a coação, voluntariamente (porque escolheu realizar) realiza, mas não espontaneamente (porque não queria realizar); Consequência: Ato existente, porém enseja em invalidação (anulabilidade). 						Ainda temos: 1. Coação Principal – Quando sujeito jamais realizaria o ato se não fosse pressionado a fazê-lo, em que tudo se resolve com invalidação-anulabilidade; 2. Coação acidental – Quando sujeito até realizaria o ato se não fosse coagido, mas não no momento se não fosse pressionado a fazê-lo, nesse caso, tudo se resolve com pagamento de perdas e danos.	
	5 Pressupostos da coação para que enseje anulabilidade: 1. Razão determinante - coação principal; 2. Ameaça grave - Se sujeito coator ameaçar dar travesseiradas não corresponderia à uma ameaça grave, vale a pena lembrar que depende do caso, o que é grave para um pode não ser para outro, depende então do sujeito passivo coagido, da relevância do objeto para o sujeito ou valor de afeição; 3. O caráter injusto do mal representado (art. 153) - “Não se considera coação a ameaça do exercício normal do direito”, significa que no caso do locador que ameaça despejar o outro por falta de pagamento, não é coação, pois é uma ameaça do exercício normal do direito. Para ser coação precisa ser por ato ilícito – ameaçar matar alguém – ou por exercício anormal do Direito, como quandosujeito ameaça deixar som ligado dia inteiro fora de casa com objetivo de coagir, não posso utilizar desse meu direito de escutar música maneira abusiva; 4. Atualidade - A ameaça precisa ser atual, “ou você faz ou mato agora!”, caso contrário em que a ameaça é longínqua, estaríamos apenas diante de uma simples ameaça; 5. Que o mal se refira a pessoa do coagido, sobre pessoa da família ou pessoa próxima - Teremos uma coação eficiente se ela se dirigir à alguém pelo qual o coagido tem um certo afeto. 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial O que seria simples temor reverencial? Nada mais é do que o receio de desagradar alguém em posição superior, alguém com relação de proeminência. Caso do professor que aceita dar aulas aos sábados por receio de desagradar seu superior terá de lidar com isso, sem alegar coação posteriormente. O simples temor reverencial não é considerado coação. Agora se o sujeito ameaça o professor para que ele dê aula aos sábados, estamos diante de uma coação. Existe uma situação intermediária entre o explicado acima, o que chamamos de “temos reverencial qualificado”, em que o diretor ou coator afirma ao professor que ele dê aulas ou será prejudicado (“ou dá aulas aos sábados ou mudaremos seus horários de aula durante a semana”); Chamamos de um “temor reverencial qualificado”, pois serei prejudicado em caso de não concordâncias, caso em que implica em coação se preencher os requisitos. 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto O art. 154 e 155 tem uma regra só que pode ser entendida com um exemplo. Imagine num primeiro caso que um terceiro ameace um sujeito A e um sujeito B simultaneamente, que por sua vez celebram entre si negócio jurídico sob coação e só depois toma conhecimento dos seus efeitos. Agora em outro caso, um terceiro ameaça um sujeito A, mas o sujeito B não sabe disso, no entanto, tem “conhecimento potencial” devido à um bilhete que lhe foi entregue, mas não lido. Por fim, num terceiro caso, imagine que um terceiro ameace o sujeito A, mas o sujeito B não tenha qualquer chance de saber ou “conhecimento potencial”. Pela leitura dos artigos, devemos extrair que nos casos 1 e 2 invalida-se o negócio celebrado, pois o conhecimento efetivo e potencial invalidam. No caso 3 será inválido, o sujeito A coagido poderá buscar anulação do negócio e o terceiro responderá pelos danos, mas sujeito B não será responsabilizado, pois nem sequer tinha conhecimento potencial de que existia uma coação presente.
VÍCIOS DE CONSENTIMENTO – ESTADO DE PERIGO
	O Estado de perigo corresponde ao defeito em que o declarante celebra um negócio jurídico francamente desfavorável para si em virtude de pressão a que se mostra submetido (ele próprio ou pessoa próxima) – e conhecida pelo declaratória (negócio jurídico bilateral) - Ou seja, o estado de perigo é referente ao perigo de vida e tão somente à vida. 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. 
	Estamos diante de uma inovação do CC/02. Para compreender melhor o estado de perigo, devemos recorrer novamente a exemplos. Imagine que o pai de um sujeito engasgue, e ao seu filho abrir a porta pede para alguém o ajudar, terceiro na rua oferece ajuda por R$10.000,00 e ele, diante do risco de vida do pai, aceita o negócio excessivamente oneroso. Observa-se o “estado de necessidade” que faz com que o sujeito aceite a onerosidade.			
Percebe-se que existe uma ideia de necessidade no caso, assim como em outros institutos jurídicos ;“Passagem forçada”, em que sujeito em estado de necessidade pode passar em local proibido, “escoamento necessário”, “casamento nuncupativo” em que sujeito está em estado de necessidade e precisa casar, daí elimina algumas formalidades, “negotiorum gestio”, “testamento especiais” em que sujeito precisa fazer o testamento com urgência, daí se flexibiliza para realiza-lo devido ao estado de necessidade. No Estado de perigo estamos diante do estado de necessidade no seu maior extremo, no perigo de vida, ou se atende à vontade ou alguém irá morrer.
	O Estado de perigo não se confunde com: 1. Lesão - Porque no “estado de perigo” existe um vício sobre a própria oferta e não só no contrato como na lesão; Existe um risco de vida e não só premente necessidade como na lesão; Inadmite suplementação conservativa que é permitida na lesão; Também de diferencia por exigir a ciência do declaratória quanto à vulnerabilidade - conhecimento efetivo; 2. Estado de necessidade - Estado de perigo é um defeito do negócio jurídico, “estado de necessidade” é uma situação adversa como veremos na aula oportuna; Estado de perigo enseja anulabilidade no plano de validade, “estado de necessidade” opera no plano de eficácia, com hipótese de exclusão de antijuridicidade em que comportamento geralmente contra direito excepcionalmente é considerado de direito; 3. Coação – Na coação a razão do risco de vida que existe ocorre devido o responsável pela extorsão a ser experimentada, no “estado de perigo” o sujeito que faz a oferta onerosa se prevalece de uma situação de vulnerabilidade preexistente, o risco de vida é criado por uma fonte exterior, enquanto na coação foi criada pelo próprio agente coator.
	Elementos do Estado de perigo: 1. Necessidade - Alguém corre risco de vida; 2. Atualidade (ou iminência) de dano grave - Não basta o risco ser remoto, é necessário ser atual ou eminente, esse risco não precisa se concretizar, a “impressão” basta; 3. Nexo causal - Nexo entre a impressão de risco de vida e a consequência do sujeito pedir os R$10.000 por uma carona ou ajuda; 4. Incidência do perigo de dano sobre a pessoa do declarante ou família ou próxima - Igual na coação, juiz que interpreta de acordo com as circunstâncias quando não for familiar. 5. Conhecimento efetivo e qualificado do perigo pelo beneficiado - É necessário conhecimento efetivo da vulnerabilidade por parte do sujeito abusa da situação, também o conhecimento qualificado – quando sujeito tem a intenção de prevalecer sobre a vulnerabilidade, isso é o “dolo de aproveitamento”; 6. Obrigação excessivamente “onerosa” - Desproporcionalidade entre o que é oferecido pelo beneficiado e o que é recebido pelo lesado, além disso, a desvantagem tem de ser congênita e não superveniente. 
	VÍCIOS DE CONSENTIMENTO - LESÃO
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta “Manifestamente desproporcional” diz respeito ao “contrato sinalagmático” - Aquele em que a obrigação de uma das partes encontra em justificativa na obrigação da outra, se alguma delas não cumprir com sua parte, a outra está liberada da execução, como quando sujeito não recebe pela CLT e não é obrigado a trabalhar; Significa que existe um vínculo de correspectividadeentre as obrigações, para que haja equilíbrio na relação, o que não ocorre na lesão. A lesão se torna, sob esse aspecto, um mecanismo de defeito do negócio jurídico.
O contrato celebrado pelo lesado é desfavorável em virtude de “premente de necessidade” , isto é, com uma “desproporcionalidade congênita” - e não superveniente – como no caso do sujeito em situação de vulnerabilidade, mas sem risco de vida como no estado de perigo antes estudado, ou em situações de inexperiência. 		
Também não é lastreada pela liberalidade (vontade de doar, “animus donandi”, por valor menor para amigo). Tudo porque existe uma lesão, seja por vulnerabilidade, seja por inexperiência. 	
	
Lesão não se confundem com: 1. Dolo – Pois não existe falsa representação da realidade por parte dos agentes participantes; 2. Coação – Na lesão há uma premente necessidade não provocada pelo destinatário da declaração ou terceiro; 3. Estado de perigo - A lesão ocorre com inexistência do risco de vida conhecido – bastaria o conhecimento potencial nesse caso – diferentemente do estado de perigo que precisava do conhecimento efetivo e qualificado.	 Observa-se que o art. 157 fala somente da lesão como simples, não precisa do “dolo de aproveitamento”. 	
	
Temos 2 elementos que compõe a lesão (precisa dos 2, o objetivo sempre e uma das modalidades do subjetivo): 1. Objetivo - Desproporcionalidade entre prestações, que por sua vez é auferida pelo magistrado no caso concreto; 2. Subjetivo - Premente necessidade (externa) do declarante ou sua inexperiência (interna) – vulnerabilidade relacionada com a falta de conhecimento sobre a espécie de negócio jurídico celebrado. 
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito Significa que no caso do sujeito que se aproveitou da vulnerabilidade oferecer um suplemento (diferença do valor em caronas para o resto da vida), caberá o que chamamos de “suplemento de conservação”, baseado naquele “princípio da conservação do negócio Jurídico”. Logo, conclui-se que a lesão gera anulabilidade do negócio celebrado, salvo se réu oferecer suplemento ou redução do proveito.
VÍCIOS SOCIAIS – FRAUDE CONTRA CREDORES
A fraude contra credores corresponde ao “vício social” em que um devedor pratica ato lesivo ao seu patrimônio, já reduzido ou por meio de tal operação conduzindo-o à insolvência, comprometendo a garantia ordinária de seus credores quirografários.
	Logo em seguida veremos um segundo vício social, denominado “simulação”, que recebe um tratamento mais atentado, que ensejará em nulidade como veremos. 
	Devemos a partir de agora compreender o que é a fraude contra credores. Imagine que um sujeito em estado de insolvência (com seu passivo maior que o ativo) pratique atos de liberalidade (isto é, dispondo do seu patrimônio gratuitamente), prática vedada. Esse mesmo sujeito descrito deve R$100.000,00 para certos credores e tem um patrimônio de apenas R$30.000,00, e mesmo assim resolve doa-lo por completo. Como o seu passivo é maior que o ativo, está em situação de insolvência (quebrado, falido).	
	Nesses casos, o doador acaba sendo censurado pelos seus credores, pois a doação acaba prejudicando-os, tendo em vista que não viram a cor de qualquer dinheiro. Para evitar esse comportamento inescrupuloso do doador insolvente, existe a regra do artigo 158 do Código Civil de 2002. 
	Elementos da fraude contra credores: Para caracterizar a fraude são necessários 2 elementos em conjunto: 1. Elementos objetivo - Insolvência, que o passivo patrimonial supere o ativo; 2. Elemento subjetivo - Intenção de prejudicar terceiros, que poderá ser presumida quanto às alienações e onerações gratuitas.
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos Diz respeito a fraude contra credores em atos gratuitos, já o art. 159 fala em atos onerosos, como veremos. Ambos falam de fraude contra credores, mas um não tem nada a ver com o outro. No caso do art. 158, o insolvente que celebra o ato gratuito o terá invalidado, já no art. 159 o ato oneroso, como compra e venda, não será invalidado. Exploraremos mais disso adiante.			
 Elementos da fraude contra credores: 1. Insolvência - É diferente de “iliquidez”, caso este em sujeito não tem mais dinheiro, tem um patrimônio ativo e não tem passivo, mas não tem caixa para coisas do dia a dia, apenas não tem meios para realizar negócios onerosos, no entanto, seu patrimônio ativo ainda supera o passivo; 2. Intenção – Caso do sujeito que vende biblioteca para os credores não a alcançarem, daí temos um conluio – concílio para prejudicar terceiros; Para a maior parte da doutrina são esses 2 requisitos. 
Para a doutrina majoritária, portanto, se faz necessário para “fraude contra credores” a insolvência somada com o conluio, gerando fraude contra credores tanto em atos onerosos como gratuitos. Para doutrina minoritária, só será necessário conluio em atos onerosos, nos gratuitos basta a insolvência. 
Vejamos isso num caso concreto. Imagine que um dado sujeito doe sem saber que é insolvente e assim acaba prejudicando terceiro credor; Mesmo assim será invalidado a doação celebrada. Para alguns autores acredita-se numa “presunção absoluta” de conhecimento da insolvência (inadmitindo-se prova em contrário), mesmo sem nenhum dos dois que celebram o negócio sabendo, uma espécie de conluio juridicamente falando e não fático. Observa-se também que o devedor insolvente não pode ceder de direitos reais, renunciar herança, renunciar indenização, pois nesse caso não precisa do “consilium fraudis” ou conluio. (presunção absoluta de conluio).
Devemos nos atentar agora para a espécie de ação que envolve a fraude contra credores, isto é, aquela emplacada pelos credores lesados, estamos falando da “ação pauliana (ou revocatória)”; Chamada de ação pauliana, uma ação constitutiva negativa (modifica uma relação jurídica na realidade), não é declaratória (reconhece algo). A sentença da ação pauliana modifica a realidade existente, ação constitutiva negativa, o ato que até a sentença era anulável, depois da sentença se torna anulado. Quem pode propor, como define o próprio art. 158 supracitado, são os credores quirografários que se sentirem lesados pelo ato realizado.
§ 1 º Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente; § 2 º Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles Não é qualquer credor que pode propor a ação pauliana acima citada; No §1º afirma-se que credores garantidos em certa medida podem pedir a ação revocatória, desde que a garantia possa se tornar insuficiente com o ato realizado pelo devedor (a garantia era suficiente e depois não é mais). Já o §2º restringe, somente credores que já eram quirografários podem propor ação pauliana.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante A regra aqui estipulada seria que os atos de fraude contra credores, quando onerosos, não invalidaram o ato, caso seja gratuito invalida o ato. A exceção está no artigo 159 acima descrito, que admite excepcionalmente a invalidação do negócio em caso de ato oneroso, quando houver: insolvência notória (todo mundo sabe que o sujeito é insolvente) ou se houver motivo de ser conhecida pelo contratante (sujeito vende biblioteca para o seu contador, ele sabe que o seu cliente está em estado de insolvência, portanto, invalida-se ato). 
Observa-se que a prova do “consilium fraudis” é difícil, muitas vezes vem de “mecanismos de prova indireta”, tais como: 1. Clandestinidade da alienação - Sujeito vende biblioteca para outro secretamente,se dá às escondidas, é um indício que pode ser tomado em consideração e pode, a partir da apuração, ter uma condenação com base nesses indícios; 2. Bens alienados que permanecem na posse do devedor - Sujeito vende patrimônio para o filho e continua usando, não tem nada no seu nome, novamente é um indício de que houve conluio; 3. Alienação a familiares - Em alguns casos, sujeito em situação de insolvência vende pra familiares, pode ser um sinal de fraude se levantado pelos credores na ocasião; 4. Falta de causa de alienação – Comprador que não consegue explicar a causa do ingresso patrimonial; 5. Preço vil da operação - Diferente do desconto, coisa com muito valor e tem um desconto imenso, daí temos um conluio também, um indício; 6. Alienação generalizada de todos os bens - Sujeito solvente que vende tudo para fugir de assalto é diferente do sujeito insolvente que vende tudo para não efetuar pagamentos dos credores, indício presente que poderá ensejar em anulação do negócio jurídico.
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. 
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real Estamos falando de hipóteses em que o insolvente poderá alienar os seus bens. Também para preservar bem da família no patrimônio, por exemplo. O art. 160 fala que se o preço for pago à vista, a alienação não poderá ser invalidada, agora se não for, poderá ser feita a consignação judicial da importância (nenhum dos credores será prejudicado). No §Ú se afirma que o imóvel deve ser vendido pelo valor do imóvel, exata importância do bem deve ser depositado, caso contrário, a diferença. 
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159 , poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé Quem pode ser atingido pela ação pauliana, o próprio doador e donatário no art. 158, o vendedor e o comprador no art. 159 e terceiros à quem esses bens tenham sido repassados com comportamento malicioso (devem ser demandados em conjunto, caso contrário a ação será nula).
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu Regra muito peculiar, “quirografário” quer dizer credor que não conta com qualquer garantia (hipoteca, anticrese, fiador, dentre outras). O artigo fala sobre os credores quirografários que podem intentar a ação pauliana ou de fraude contra credores. Caso o sujeito receba do devedor insolvente, terá de devolver o valor para ser realizado o concurso de credores (visando o “tratamento isonômico entre credores”). Isto ocorre porque o credor que não conta com garantia deverá receber o seu valor junto ao dos outros credores quirografários, já o credor garantido poderia receber antecipadamente.					 
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor Garantias supervenientes concedidas ao credor quirografário, fazendo com que ele entre numa fila privilegiada, são presumidamente fraudatórias. Significa que o sujeito em situação de insolvência não pode contrair dívidas garantidas e não pode dar garantias para dividas pré-existentes. Observa-se que garantias pessoais, como no caso que aplica o patrimônio de terceiro, é permitido (caso do fiador).
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família Contrato de energia elétrica, em caso de insolvência o sujeito não poderia realizar esse contrato, mas nesse caso escapa à regra do art. 159, pois é preciso para sua existência e de sua família, o mesmo cabe para contratos que visam fornecer alimentação e meios para a subsistência do insolvente e de sua família.
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada Como garantia é originada de fraude, como vista nas regras do artigo 163 (não pode dar garantia, pois é insolvente) não invalida o negócio por completo (não contamina o negócio), apenas a garantia, logo o credor será quirografário e não garantido. OBS: Fraude contra credores é diferente da fraude de execução, que por sua vez é material e está presente no Direito Processual. 
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO (ART. 166-184 CC)
	A análise dos “fatos jurídicos” obedece a marcos teóricos, tais como os de Pontes de Miranda. A divisão do Código civil em parte geral e partes especiais subsequentes se dá do mesmo modo. Aqui cabe lembrar da aula sobre fatos jurídicos, os elementos que precisam preencher o suporte fático do negócio jurídico que, caso não presentes, resultam na sua inexistência (suporte fático insuficiente) (caso do testamento escrito como elemento cerne, se não é inexistente); Logo num plano subsequente, os requisitos de validade (tais como os específicos, caso da compra e venda entre ascendente e descendente); Ordinariamente, quando falamos de requisitos de validade, falamos da parte geral do código civil, sobretudo quando falamos dos artigos 166 e 171 (esses 2 devem ser memorizados). Significa que os “requisitos de validade” antes estudados tem total relação com o que será abordado agora na invalidade do negócio jurídico.			
Antes de tudo, ressaltemos a importância de uma categoria dos negócios jurídicos, os negócios jurídicos inexistentes; Categoria bastante peculiar, como pode ser um negócio (que tem declaração de vontade tutelada) jurídico e não existir para produzir efeitos? Por isso há quem prefira chamar de “negócio juridicamente inexistente”, isso porque aquela declaração de última vontade que não foi levada a forma escrita (caso do testamento que precisa ser escrito), não terá relevância alguma para o Direito, faticamente existe, mas juridicamente não. A teoria do negócio jurídico inexistente foi criada no século XIX, para solucionar situações que não eram abrangidas pelo regime das nulidades, tais como o casamento entre sujeitos do mesmo sexo. 			
Percebe-se que nesses casos de negócio jurídico inexistente, o fenômeno fático não seria absorvido pelo mundo jurídico; Esse negócio inexistente corresponde à uma estrutura importante, ele não gera efeito nenhum visto que é inexistente da perspectiva jurídica (testamento por vídeo); Nada disso se confunde com o negócio jurídico nulo. Devemos, portanto, falar agora deste último. 
O negócio jurídico nulo em regra também não gera efeitos, ele não tem efeitos jurídicos próprios, mas em determinadas hipóteses ele pode ter desdobramentos (diferentemente do negócio jurídico inexistente). A diferença é que o negócio jurídico inexistente nunca vai gerar efeitos, já o negócio jurídico nulo pode eventualmente gerar efeitos, como no caso do casamento putativo e na compra e venda nula que pode ser considerada como justo título para vias de usucapião ordinário; Logo, um ato nulo pode gerar efeitos se a lei assim permitir, diferentemente do inexistente, que jamais irá desdobrar no mundo jurídico.
NULIDADE (ART. 166)
A nulidade vem disciplinada sobretudo no artigo 166 do CC/02; Temos 7 hipóteses, nulidades objetivas, subjetivas, além de uma inter-relação com outras diversas matérias do direito civil, tais como a “simulação”. Observa-se que a nulidade não pode ser criada ou modificada, tem de ter fundamento legal. O que é nulo hoje, sempre será nulo, não se convalida com o passardo tempo (regime jurídico rigoroso). 	O negócio não será convalidado (válido com passar do tempo, “retro operante”) nunca quando há nulidade, o único jeito de produzir efeitos é realizar a “repetição” do ato, deste modo preenchendo os requisitos antes não preenchidos, assim gerando efeitos. No entanto, apesar do regime jurídico rigoroso, a nulidade pode ser objeto de “confirmação”.
Qual a diferença entre nulidade e invalidade? Invalidade enquanto gênero, e no diz respeito ao específico temos a anulabilidade (um pouco mais maleável, art. 171) ao lado das nulidades (rígidas, art. 166). 		A nulidade parcial ou total é estabelecida pelo art. 184 CC/02 (Sempre que possível salva parte do negócio jurídico); A nulidade pode ser ainda “direta/virtual” ou “textual” (dependente de cominação específica). Direta são aquelas cominadas pelo legislador sem qualquer espécie de dúvida, tais como os art. 166, (I) “celebrado por pessoa absolutamente incapaz” – NULIDADE SUBJETIVA, significa em hipótese de incapacidade relativa será apenas anulado (art. 171), já em virtude de um sujeito absolutamente incapaz o negócio jurídico será nulo. Nos incisos II, III e VI temos NULIDADES OBJETIVAS; Existe uma diferença entre as nulidades objetivas definidas nos incisos acima citados, no inciso II, a prestação acertada entre interessados é contaminada pela ilicitude, no III a ilicitude está no motivo das partes, já no VI a fraude está quando os sujeitos desbordam lei que não é dispositiva. Temos também nos incisos IV, V a NULIDADE FORMAL, como nos casos em que se exige e não é realizada a escritura pública , não obedeceu a forma e é nulo; É diferente no inciso seguinte, em que se obedeceu a forma(VI), só que deixou de lado formalidades, será nulo também só que com outros fundamentos.	
Vale ressaltar ainda a questão do assentimento, que pode gerar nulidade ou anulabilidade dependendo da situação. Observemos o art. 176 do código civil; Normalmente a falta de assentimento leva a nulidade da declaração de vontade; No entanto, excepcionalmente quando a lei prevê expressamente, será caso de anulabilidade, o ato não só pode ser sanado (por ser anulável) como também poderá ser convalidado com o decurso do tempo, como veremos. 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz NULIDADE SUBJETIVA. 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto NULIDADE OBJETIVA; Contrato feito para matar alguém, todo e qualquer espécie de contratação viciada no ilícito será invalidada com nulidade.
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito NULIDADE OBJETIVA ; Caso do sujeito que pretende abrir mão de suas aulas da noite para dar só no período da manhã, faz acordo com outro sujeito e troca horário por dinheiro, será nulo, isso ocorre pois é ilícita devido a motivação, o motivo é espúrio, abrir mão das aulas não é ilícito. 
IV - não revestir a forma prescrita em lei NULIDADE FORMAL; Legislador estabelece que bem imóvel precisa ser vendido por escritura pública (se valer 30x mais que o salário mínimo), se não for observada a forma em lei será invalidado o contrato de compra e venda, nulo. 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade NULIDADE FORMAL ; Estamos falando de formalidade, imagine que a escritura pública foi utilizada, mas não atendeu a todas as formalidades do art. 215; Nesse caso obedeceu a forma, mas deixou as formalidades de lado, consequência também é a nulidade, mas com um fundamento diverso. 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa NULIDADE OBJETIVA; Compra e venda entre ascendente e descendente precisa do consentimento do cônjuge como sabemos; Se de maneira fraudulenta o sujeito vende para o contador que depois vende para o descendente de forma planejada, ocorreria a fraude diante da lei imperativa, a triangulação é evidente, por isso será nulo, pois fraudou a lei do (art. 496).
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
SIMULAÇÃO
O próximo artigo trata da simulação, vício social observado; Diferente da reserva mental; Geralmente é reconhecida em negócios jurídica bilaterais, mas nem sempre.
Geralmente é bilateral, precisa ter ciência de todos os indivíduos (consciência), deliberada desconformidade da declaração em relação à intenção; Como quando 2 sujeitos sabem da divergência entre vontade e o externado. Simulação que tem o intuito de fraudar a lei , enganando terceiros, mas sem prejudicar alguém, chama-se de “simulação inocente”, que é diferente daquela simulação fraudulenta que prejudica terceiros e será nula.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem Chamamos de “laranja” no Brasil, transmite-se direitos a pessoa diferente daquela a qual eles lhe são devidos por meios fraudulentos. 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira Sujeito diz que certo valor é o pagamento de uma suposta compra e venda ,mas na verdade é uma doação. Declaração que não corresponde ao negócio feito enseja nessa simulação do inciso II. 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. Práticas espúrias são simulações, quando se coloca datas erradas para alterar os efeitos do negócio celebrado.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. Terceiros não podem ser prejudicados pelo negócio simulado, será nulo, mas irá subsistir aquilo que for necessário para não prejudicar terceiros.
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes Se o magistrado se depara com uma hipótese de nulidade, não poderá suprir mesmo que as partes queiram, diferente dos casos de anulabilidade em que mesmo com o magistrado na dúvida, se as partes quiserem confirmar o ato, terá de suprir. 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo.
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade Art. 170 tem vocação para ser parágrafo único do art. 169. 2 modalidades de conversão podem ser mencionadas: 1. Conversão formal - Art. 183, contrato de compra e venda não precisa ser celebrado por escritura, mas supondo que foi por rigor das partes, em caso de “nulidade da escritura”, esta poderá ser deixada de lado e a compra e venda subsistirá sobre um instrumento particular, se analisado que os sujeitos celebraram com boa-fé e querem salvar o negócio jurídico. Mas se na escritura estiver escrito a “invalidade das escrituras proíbe conversão formal”, o magistrado estará de mãos atadas. No caso de realizada a conversão formal, será compreendida a escritura como instrumento particular, para o negócio subsistir. 2. Conversão substancial – Quando indivíduo externa sua vontade falando que irá vender algo para quem mandar certo e-mail até 19h, outro sujeito manda no dia seguinte; Se a oferta tinha prazo determinado de vigência, a aceitação que é dirigida não se trata de uma, pois a oferta não subsiste mais. Essa aceitação na realidade será considerada uma nova oferta, parece ser aceitação, mas juridicamente será conhecida como oferta, pois o prazo para a aceitação se passou. Observa-se a conversão para dar um novo rótulo substancial a declaração de vontade. Isto é claro, se ambas as partes tiverem o desejo de prosseguir com o negócio.
ANULABILIDADE (ART.171)
Observemos as hipóteses do art. 171 do CC/02 que falam de anulação (observa-se que não é um rol taxativo, tem mais hipóteses espalhadas pelo código): Incapacidade relativa do agente (I), todos os defeitos do negócio jurídico (exceto simulação) ensejam anulabilidade da declaração da vontade (II); Observa-se que na anulabilidade tem possibilidade de sanar o vício sem suscitar anulabilidade (convalidação).
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
	Cabe fazer uma análise dos artigos 172 ao 176 juntos, porque se tratam de hipóteses dependentes, uma grande regra no art. 172 e os demais esclarecimentos. 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro Pode ser confirmado, não que elas devam, significa que somente o negócio jurídico nulo não pode ser confirmado pelas partes. O mais importante está no “salvo direito de terceiro”, imagine um caso de negócio entre 2 partes com um vício e o comprador ainda não pagou, passando a alegar o tal vício somente na hora que o vendedor vem cobra-lo; Ambos podem por meio de uma manifestação não invalidar o ato, para benefícios mútuo; No entanto, se a “confirmação” prejudicar terceiro, não será válida. Observamos que as partes realizam uma “confirmação”, não é uma “repetição”, é uma manifestação que corrige a invalidade que pendia sobre o ato invalidável, os próximos artigos falam da confirmação expressa e tácita. 
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo Confirmação expressa: O defeito do negócio jurídico que tinha gerado anulabilidade agora não existe mais por confirmação, os elementos de existência, requisitos de validade, pois bem, a manifestação de vontade irá sanar a invalidade.
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava Confirmação tácita: Imagine que sujeito celebra contrato de compra e venda sabendo que comprou determina objeto viciado, mas não liga e deixa passar. Se no dia do pagamento o vendedor vier cobrar e o devedor, que comprovadamente já sabendo que comprou o objeto viciado, pleitear anulabilidade, não terá êxito, pois houve uma confirmação tácita, graças ao comportamento das partes, uma aceita o erro, não o faz sem saber do início ao fim.
Tanto na confirmação tácita como na expressa, temos consequências no art. 175:
Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor Vítima do dolo que toma ciência de que foi induzida, mas não intenta ação alguma, praticou a confirmação tácita. O artigo acima afirma que se a vítima praticou uma confirmação tácita ou expressa (pagou o valor sabendo do defeito), não poderá intentar ação posteriormente, nem entrar com uma “exceptio” para não pagar (exceção de direito material quando requerido o pagamento ou cumprimento de obrigação).
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente Questão do assentimento já explicada. 
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade Só os interessados podem se pronunciar a respeito da anulabilidade. 
O ato anulável pode tornar-se válido com o decurso do tempo, pela conjugação dos art. 179 e 178: 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado Trata-se das hipóteses do art. 171, no caso da incapacidade relativa o prazo para contagem é até o dia da maioridade (dia em que cessa incapacidade) (III). Nos defeitos do negócio jurídico, exceto a coação, conta-se a partir dos dias em que se realizou o negócio jurídico (II). Já na coação, não existe uma certa incidência pontual, ela pode perdurar por um tempo (sequestro), a conduta demora um tempo, daí quando ela cessa, sujeito tem 4 anos para buscar a anulação (I). 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato Regra que fecha o disposto pela lei 178, se a lei ter na sua redação um prazo, esse será o utilizado (art. 116, caso da ato do representante inválido, representado tem até 180 dias), quando não tem nenhuma disposição específica, tem o prazo de 2 anos. Ou seja, o prazo é de 4 anos nas hipóteses do art. 178, o tempo especificado numa lei (180 dias para o representado) ou 2 anos quando a lei não especifica. 
Também devemos analisar os artigos 180, 181, 182 conjuntamente: 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior É o caso do sujeito que celebra contrato de compra e venda de um livro com um rapaz parecidamente jovem (de 17 anos). Quando ao incapaz é perguntado sobre sua capacidade, afirma que é maior de idade. Nesse caso, a malícia do relativamente incapaz não pode se reverter em seu benefício. Em geral, ele seria relativamente incapaz e o negócio anulado, mas no caso desse contrato em específico, devido sua má-fé, a incapacidade relativa não poderá ser suscitada. Na hipótese da incapacidade absoluta é diferente, pois a nulidade será suscitada de qualquer modo, com ou sem má-fé do absolutamente incapaz, isto pois pressupõe-se uma vulnerabilidade maior do absolutamente em relação ao relativamente incapaz. 
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga Se o sujeito for incapaz essa regra poderá ser aplicada. O art. 181 afirma que o indivíduo enganado pelo relativamente incapaz de má-fé não poderá restituir a importância despendida, exceto se provar que o incapaz reverteu em seu benefício. Significa que se o indivíduo provar que o incapaz utilizou o valor em seu proveito (pagar mensalidade de faculdade, jogou na megasena...), conseguirá reaver a importância que por ele foi paga.
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente Artigo de simples entendimento com exemplos. Imagine que um sujeito oferta um dado livro dolosamente a outro, contendo vícios. Posteriormente, se for intentada ação, o indivíduo que atuou de má-fé terá de devolver a importância desembolsada pelo enganado. Este, por sua vez, irá restituir o livro viciado dolosamente (professor dando aula e aluno menor chega vendendo fala que é um livro e é outro). Observa-se que não há qualquer relação nesse exemplo com estado de perigo (onde há risco de vida), o que temos aqui é a necessidade de restituir os elementos do negócio ao momento anterior à sua celebração (anulando-o). 
Art. 183. A invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio Caso da “prova” por prevista em lei; No depósito voluntário, como já analisado, se prova por escrito por disposição legal; Sem o instrumento escrito ele é nulo, não pode usar forma oral para valer os direitos dos sujeitos. Agora se não existe nenhuma previsão de forma “ad substantiam”, temos um tratamento diferente. Imagine que uma biblioteca foi vendida por escritura (nãoé obrigatório legalmente), e posteriormente a escritura é contaminada por um vício passível de nulidade, nesse caso, existe a possibilidade de salvar a declaração de vontade por um “instrumento particular”, a forma não respeitada não irá afetar a compra e venda, só a forma, a escritura. 
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal O artigo acima se divide em 2 partes. A primeira parte até o “separável” diz que se é possível circunscrever a nulidade à uma cláusula tão somente, caso em que as demais não serão afetadas (sempre que possível for, pois em alguns casos a invalidade contamina tudo e o negócio jurídico é no seu todo nulo). A segunda parte do artigo traz uma disposição diferente, imagine um contrato de locação e uma fiança, nesses casos, a eventual invalidade da locação gera invalidade da fiança, o acessório segue a condição do principal (princípio da gravitação jurídica); Caso contrário, só a garantia será invalidada e o contrato principal (locação) subsistirá. 
Por fim algumas diferenças de nulidade e anulabilidade: 
	QUESITO
	NULIDADE
	ANULABILIDADE
	Interesse envolvido
	Ordem pública
	Ordem privada
	Suprimento
	Inadmissibilidade
	Admissibilidade
	Confirmação
	Inadmissibilidade
	Admissibilidade
	Reconhecimento “ex officio”
	Admissibilidade
	Inadmissibilidade
	Sentença cabível
	Declaratória (cf. Posição excepcional)
	Desconstitutiva
	Efeito da sentença
	“ex tunc”
	“ex nunc”
	Legitimidade
	Ampla
	Restrita
	Inércia
	Sem efeito, salvo direito de terceiro (art. 169 cc)
	Decadência (arts. 178 e 179 cc)
	Produção de efeitos
	Ineficácia 
(salvo previsão expressa ou efeito oblíquo)
	Efeitos até que proferida 
Sentença
Devemos fazer algumas observações sobre o quadro acima. Primeiramente, “quanto ao interesse envolvido”, quando for de ordem pública será nula, quando de ordem privada, será anulado (vulnerabilidade do menor de 16 anos enseja em nulidade, pois é uma vulnerabilidade muito maior que a do relativamente incapaz); “Quanto ao suprimento”, na nulidade não pode, como já visto, e na anulabilidade é admissível com vontade as partes. O mesmo vale para a “confirmação”. “Quanto aos efeitos”, na nulidade são “ex tunc” , como se nunca tivessem gerado efeitos, já nos anulados são “ex nunc”, significa que deixam de ter efeitos quando proferida a sentença. “Quanto a inércia”, devemos ressaltar que ato nulo não é convalidado com o decurso do tempo, mas tem exceções quando o sujeito está na inércia (art. 215), como no caso do sujeito que demora para buscar a nulidade de ato sobre imóvel, o possuidor quando ter direito a usucapião não poderá ser prejudicado, pois houve uma das exceções à inércia na nulidade. No caso da anulabilidade, decai com o tempo, como visto no art. 178 e 179. 
DOS ATOS JURÍDICOS LÍCITOS 
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior Voltemos ao que aprendemos anteriormente para compreender este artigo. As condutas humanas podem ser segregadas em “negócio jurídico”, “atos” e “fatos” (comportamentos que geram efeitos automáticos no mundo jurídico), “atos jurídicos stricto sensu” (“ex legem”). “Atos-fatos” por sua vez, se dividem em “atos materiais” (conduta humana em despeito da atuação de terceiro – art. 1263 no caso de achado de tesouro, se sujeito vira dono de coisa sem dono, somente a conduta material importa); “Atos lícitos indenizativos” e “caducificantes”, que aprenderemos em aulas posteriores. 							Os “atos-fatos” dos quais falamos acima se aplicam no art. 185, aplicam-se as invalidades, a representação, agora no que diz respeito aos efeitos, não podem ser condicionados, até porque são “atos puros”, por isso o art. 121 não se aplica nesses atos jurídicos em sentido estrito estudados. 
DOS ATOS ILÍCITOS 
	Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito
“Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.” O artigo 186 é do atual CC/02, enquanto o art. 159 é do antigo Código Civil, que sob o nosso olhar, parece mais adequado, vejamos o porquê. 
Precisamos entender primeiramente os 3 aspectos diferentes entre o art. 159 do Código de 16 e o art. 186 do Código de 2002; Em primeiro lugar, temos a substituição da conjunção alternativa “ou” pela conjunção aditiva “e”; Em segundo lugar, temos a substituição do termo “prejuízo” pela expressão “dano”; Em terceiro lugar, em virtude da expressa inclusão da menção ao “dano moral” (ainda que este desponte exclusivamente);
Tratemos primeiramente da terceira peculiaridade, que diz respeito ao “dano moral” incluído; 	Observemos que os doutrinadores e magistrados conservadores do código de 1916 afirmavam que só tinha como se falar em “direito a indenização” quando houvesse “prejuízo patrimonial”. Por isso, se sujeito chamasse o outro de alguma ofensa e ninguém tivesse escutado, não teríamos direito à indenização. Seria diferente se houvesse um único aluno presente, e como consequência ocorresse um desfalque patrimonial (demissão, por exemplo) gerando direito à indenização. Observa-se que o desfalque patrimonial era imprescindível. 			
Para outros magistrados na época, não era necessário prejuízo patrimonial para que tivéssemos “dano moral”, este seria apenas um acessório ao prejuízo patrimonial. Apesar do debate, em 1988 a Constituição Federal estabeleceu que dano moral independeria de qualquer desfalque patrimonial, é por esse motivo que o Código Civil de 2002 se adaptou incluindo o “dano moral” no artigo enunciado. Significa que caso houvesse um dano exclusivamente moral (exclusivamente é importante, pois agora o dano só moral é indenizatório) teríamos o suficiente para pleitear uma indenização; 
Todo o debate anterior existia porque o doutrinador conservador era preconceituoso, acreditava que só existia direito a indenização quando tinha repercutição patrimonial; Por outro lado, o doutrinador moderno acredita no dano somente moral, significa que se sujeito se sente ofendido com determinada palavra dirigida, cabe indenização, dinheiro seria o único modo de amenizar a “mágoa”, mesmo sem repercussão patrimonial.		Agora devemos falar da segunda mudança introduzida pelo CC/02, aquela que diz respeito à diferença entre dano e prejuízo; Para entender melhor o assunto, temos de remeter ao conceito de “externalidades negativas”, que são os efeitos negativos que trazem um custo para sociedade e que não é ressarcido de modo algum, é o tipo de obra pública ou atuação que acontece e prejudica o entorno; No entanto, podemos ter a chamada “externalidade positiva”, quando a transformação acaba gerando um lucro para a sociedade ou proximidade sem que ninguém tenha pago algo por isso, é o caso da loja de doces quando governo empreende a obra de um metrô nas redondezas, implicando no crescimento das vendas dos comércios ao redor. Fato é que caso haja uma externalidade negativa que desvalorize os imóveis de uma dada região, não gerará direito à indenização para nenhum dos moradores do local.							
Esse desfalque patrimonial que não pode ser repassado para ninguém é chamado de prejuízo, não se confunde com a palavra “dano”, que é o prejuízo que é passível de alguma sorte de indenização; Conclui-se que a “externalidade negativa” não vale a sorte de qualquer indenização, logo, prejuízo é aquilo que não se pode repassar, é possível ter um mero prejuízo, mas não ter dano algum; Observa-se que essa distinção é feita pelo professor Estevan, sendo que a maioria da doutrina não se preocupa com tal peculiaridade.			Agora podemos nos voltar para a primeira mudança introduzida pelo CC/02, da substituição da conjunção alternativa“ou” pela aditiva “e”. Sob uma análise crítica, é preferível nesse caso a legislação ordinária “violar direito, ou causar prejuízo a outrem” por 4 motivos: 1. Não podemos confundir a causa ordinária da indenização (ato ilícito) com a consequência desse ato jurídico (obrigação de indenizar); Estamos estudando as causas. Segundo o estudado, o artigo ficaria melhor se trocássemos o trecho a partir de “ou causar prejuízo a outrem...” por “comete ato ilícito”, pois aí existe uma confusão entre causa e consequência, existe uma mistura, é necessário fazer uma circunscrição temática, essa matéria não deveria estar aí, só na parte indenizatória.	2. É possível que haja responsabilidade civil não só por ato ilícito, mas por atos lícitos; São os atos lícitos indenizativos, como quando se paga pela conduta que é conforme o Direito prevê, como no caso do “estado de necessidade”, sujeito age licitamente afogando a criança, mas tem de pagar alguma indenização, exclusão de antijuricidade, do mesmo jeito ocorre o contrário, art. 929, sujeito indeniza atuando licitamente. 3. Existe a obrigação de indenizar por cometer ato ilícito só que sem responsabilidade civil; É o exemplo do menino que quebra todos os itens de uma loja, levando o pai a cometer ato ilícito, mas como não tem dinheiro para pagar, não teremos responsabilidade civil;	4. Pode haver indenização sem que haja dano; Como prevê o art. 416 do CC/02, quando um sujeito sai de uma sociedade mediante cláusula contratual de que não entrará em outra concorrente até ano seguinte, se ele entra do mesmo jeito e a concorrente falir, não teremos dano à sociedade predecessora, mas ele poderá ser intentado por quebrar a cláusula contratual, mesmo sem um mínimo dano.				 
Conclui-se, depois de toda a análise, que o equívoco do legislador de 1916 esteve no fato de que talvez tenha previsto bem, mas certamente o fez em local equivocado, buscando proporcionar reparação mesmo na atuação não-contrária a direito (“atos lícitos indenizativos”), dispôs a respeito no art. 159 (atual art. 186 CC) – sendo que tal matéria deveria ter sido abordada, como exceção, junto às “obrigações por atos ilícitos” (cf. art. 927 CC); Por outro lado, o código de 2002 não conseguiu prever eles, o artigo de 2002 é ruim e o de 16 é melhor, pois ele descreveu os atos lícitos indenizativos.
Agora iremos reservar alguns trechos para tratar sobre 3 dicotomias extremamente relevantes para o direito civil; Diferenciaremos “responsabilidade contratual” de “responsabilidade extracontratual”, “responsabilidade penal” de “responsabilidade civil” e por fim, “responsabilidade objetiva” de “responsabilidade subjetiva”. 
Responsabilidade contratual e extracontratual: Temos aqui a primeira dicotomia a ser explorada. As responsabilidades “contratual” (rectius, negocial) e “extracontratual” (“aquiliana” ou extranegocial) podem ser diferenciadas quanto a variados aspectos – dentre os quais entendemos que podem ser destacados os seguintes:
1. Quanto à fonte da qual se originam: A “responsabilidade contratual” presume que haja um liame prévio entre as partes, um vínculo, um ajuste, que preceda o ato lesivo. Já na “responsabilidade civil extracontratual” não pressupõe vinculo anterior algum, se sujeito descumpre com um dever genérico (bateu no carro de alguém – dever de cuidado objetivo), será necessário provar os 4 elementos já estudados para ter indenização. Na responsabilidade contratual, como já havia um vínculo anterior, basta provar a conduta de um dano e de um nexo de causalidade, não é necessário demonstrar culpabilidade (“presunção de culpa” – o sujeito passivo precisará apresentar uma boa justificativa para exonerar-se). 
2. Na “responsabilidade contratual” a responsabilidade se dá apenas pelos elementos objetivos (presunção de culpa) enquanto na “extracontratual”, sem vínculos prévios, é necessário a prova do elemento subjetivo para qualquer sorte de indenização. 
3. Na “responsabilidade contratual” existe um entrave no que diz respeito a incapacidade, pois pressupõe celebração de qualquer contrato com a presença de um representante; Já na “responsabilidade extracontratual” não é um entrave, pois é genérica por parte do incapaz, ainda que subsidiária. Significa que a responsabilização contratual de um incapaz é uma exceção da exceção, já na responsabilidade “aquiliana” ou extracontratual independentemente da incapacidade ele irá se responder por danos causados, mesmo que subsidiariamente, até porque primeiro se agride o patrimônio do representante, depois do incapaz. Percebe-se, portanto, que o incapaz não se exime da responsabilização extracontratual. Conclui-se que responsabilidade extracontratual é “genérica”, o representante não consegue interferir em coisa alguma, diferentemente da contratual, em que o representante pode intervir de algum modo na realização do contrato.
4. Na “responsabilidade extracontratual” não importa se o sujeito é cuidadoso ou desleixado, todos serão culpados do mesmo modo e na mesma medida. Já na “responsabilidade contratual” é diferente, admite-se certo escalonamento de acordo com o grau de culpa de cada envolvido. É o caso do indivíduo que tira 5 numa prova e é elogiado e o que tira 9 recebe bronca, devido uma apuração “in concreto”, o caso concreto que determina a responsabilização ou não. Às vezes o comportamento é apurado concretamente, por isso que mandante não pode reclamar de algumas atitudes do mandatário se esse já realizava esses comportamentos antes costumeiramente. 
 Responsabilidade civil e Responsabilidade penal: O apartamento metodológico entre civil e penal é importante, devemos tomar algumas cautelas, ressaltemos: 
1. As sanções civis têm caráter “reparatório”, esse é o seu objetivo. As sanções penais têm escopo “retributivo”, “preventivo” (genérico e específico) e “pedagógico”. A função retributiva é de castigar, é isso que a pena faz; Também tem a função preventiva, isto é, um castigo com ideia do ato não se repetir; A função pedagógica, por sua vez, não pode ser confundida com aquela em que o sujeito se joga na cadeia para estudar, pedagógica nada mais é do que a ideia de ressocializar o sujeito para o seu ingresso no convívio social. Já as sanções civis têm “caráter reparatório”. Se analisarmos, temos sanções de caráter penal no direito civil, como no caso de prisão do sujeito que não paga pensão alimentícia; Assim como temos sanções civis no Código Penal, como no caso da Pena restritiva de direitos de prestação pecuniária, indenizando o sujeito que sofreu ato ilícito. 	 
2. Sanções civis podem ultrapassar a pessoa do infrator. Sanções penais não podem ultrapassar a pessoa do delinquente. Significa que o filho do falecido irá responder nos limites da herança no que diz respeito a indenizar, mas não precisa cumprir a pena pelos delitos cometidos pelo “de cujus” , isso nada mais é do que a materialização do princípio da intranscendência, de que a pena não passará da pessoa do condenado.
3. A sanção penal é preponderantemente “pessoal”, pode ter desdobramentos patrimoniais, excetuando o campo das contravenções – multa por crime de menor relevância. Sanção civil é preponderantemente “patrimonial”; Evolução da “lex poetelia papiria”, para agredir patrimônio. Existem exceções em ambas, o campo das contravenções no penal agridem muitas vezes o patrimônio do agente , e no civil temos exceções quando são autorizadas em modalidades excepcionais de prisão meramente coercitiva, por exemplo quando temos o inadimplemento voluntário ou inescusável da pensão alimentícia; Conclui-se que geralmente sanção penal priva liberdade de locomoção ou exercício de profissão – médico -enquanto geralmente sanção civil tem caráter indenizatório. A prestação pecuniária é de caráter civil, presente na ação penal, o valor vai para a vítima), a multa é de caráter civil no direito penal, em que valor vai pro Estado. 
4. Na “responsabilidade civil “(sanção penal) deve-se observar a culpa como um simples pressuposto, não deve interferir na indenização (geralmente avaliamos o dano para estabelecera indenização, não a culpa). Já na “responsabilidade penal” existe um “grau de reprovabilidade” da conduta (culpabilidade) que é parâmetro decisivo para a fixação da pena-base aplicada ao delinquente. Se sujeito leva uma batida e tem desfalque de R$1.000, a indenização é o tamanho da conduta, do dano, do nexo ou da culpa? Do dano, R$1.000 de indenização art. 944, prevendo que a indenização se mete pela extensão do dano; Já é diferente nos casos em que 2 sujeitos diferentes matam outro, um sem querer e o outro mata querendo – doloso ou culposo – , devemos nos perguntar, em qual das 2 a vítima está mais morta? O resultado é o mesmo, por que a pena é diferente? Devido ao grau de reprovabilidade da conduta. O que precisamos entender é que na responsabilidade civil precisa dos 4 elementos, mas o que irá determinar a indenização é o tamanho do dano, já na responsabilidade penal o tamanho da pena não é determinado pelo dano – morte no doloso e no culposo tem o mesmo dano – e sim sobre o grau de reprovação daquela conduta, por isso dolo tem pena muito maior.
5. Sanções penais só podem ser estabelecidas por lei (legalidade estrita, pela CF), por isso é indispensável que a sanção penal atenda ao “princípio da legalidade”, ainda que previstas no Código Civil. Já na sanção civil se admite a “responsabilidade civil punitiva”. Observamos que medidas penais só podem ser criadas ou endurecidas pelo Congresso Nacional, enquanto as civis podem ser criadas mediante medida provisória, por exemplo. No entanto, há quem não concorde com responsabilidade civil punitiva.	
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização O legislador permitiu que quando houvesse desproporção entre culpa e dano o juiz tomasse algumas medidas, punindo o sujeito que cometeu o dano. Observa-se que se temos um sujeito cometendo um dano com culpa grande, causando danos grandes, teremos uma indenização grande). No entanto, se temos uma culpa pequena de quem causou o dano, sendo este dano grande, poderemos ter uma indenização pequena, isso porque o legislador permitiu a REDUÇÃO da indenização. A palavra redução é decisiva nesse artigo, porque o legislador não permitiu aumentar a indenização quando o dano é pequeno e a culpa é grande, mas mesmo assim em alguns casos temos a figura da “responsabilidade civil punitiva” atuando, isto é, condenado o sujeito a indenizar um valor alto simplesmente pelo fato de ter uma grande culpa, mesmo que o legislador assim não tenha previsto. 
Responsabilidade objetiva e responsabilidade subjetiva: Veremos que a principal diferença entre as responsabilidades “subjetiva” e “objetiva” está no fato de que é desnecessária a prova de culpabilidade do “demandado” nesta última; Note-se que o emprego da expressão destacada põe em evidência a circunstância de que a principal repercussão da distinção se dá na seara processual, naquilo que se designa como dinâmica do “ônus da prova”; (lembrar da evolução da irresponsabilidade civil para a teoria publicista do risco administrativo). Na responsabilidade civil objetiva (art. 927) só se faz necessário comprovar os elementos objetivos (conduta, dano e nexo causal); No art. 927 sobre ato ilícito faz-se necessário provar a culpa via de regra, mas excepcionalmente a lei permite reparar o dano sem culpa. Em alguns casos não precisa provar a culpabilidade, como veremos. 
No entanto, existiriam duas modalidades de “responsabilidade objetiva” inconfundíveis:		
1. CC/16; A responsabilidade objetiva “processual” ou em sentido amplo, em que não se exclui a culpabilidade da controvérsia, apenas se estabelece uma “presunção simples”(relativa) em favor do lesado, não precisando provar que incorreu em culpa. Isso no código de 1916, é o caso do exemplo do menino que é mordido por cachorro antes de 2002, tem uma “presunção relativa” de que foi mordido, admitindo prova em contrário; Devido a presunção quem terá de provar o contrário será o dono do cachorro para inverter o ônus da prova, mas se o dono ter câmeras e comprovar que não houve culpa, afastará o elemento da culpabilidade e não precisará indenizar. Significa que no CC/16 tínhamos uma presunção simples de culpa (responsabilidade objetiva processual), que poderia ser contrariada se o sujeito comprovasse que não houve culpa alguma.					
2. CC/02 ; A responsabilidade objetiva “material ou em sentido estrito, em que a culpabilidade não pode ser tema de debate, existe uma “presunção absoluta” da culpa, não se admitindo prova em contrário. Não é possível que o sujeito se exima de indenizar a criança do ataque do cachorro provando que não teve culpa, o único jeito é romper o nexo de causalidade (art. 936 CC). Significa que se a mordida ocorre depois de 2002, comprovado os 3 elementos (conduta, dano, nexo de causalidade), a culpabilidade é presumida absolutamente e não admite prova em contrário, só conseguirá se desvencilhar se negar o nexo causal, através de “força maior” ou “culpa exclusiva da vítima”, ou negando dano ou negando conduta, por isso é chamada de responsabilidade objetiva material ou em sentido estrito. Essa modalidade é adotada pelo CC/02.
A “responsabilidade subjetiva” continua sendo o paradigma reinante nas “relações interindividuais”; Entretanto, prevalece a “responsabilidade objetiva” nas “relações entre o indivíduo e o grupo” – Caso do empresário que põe produto em circulação) – e daí a razão de ser, v. g., de normas como o art. 931 (risco-proveito) e o parágrafo único do art. 927 CC (risco-profissional);									Sob o prisma da “teoria geral do direito”, pode-se dizer que a “responsabilidade subjetiva” tem sido gradualmente derrogada pelo avanço paulatino da “responsabilidade objetiva”; Entretanto, sob perspectiva sociológica é indiscutível a prevalência da variante objetiva, à vista de sua eleição como prevalecente no CDC. 		Na teoria a responsabilidade objetiva é a exceção se olharmos o código, mas se olharmos na prática a objetiva é cada vez mais utilizada e a subjetiva é a exceção (o que é exceção vai se tornando regra). 
Imputabilidade e responsabilidade: Para entender melhor esses conceitos podemos utilizar exemplos. Imagine que incapaz acompanhado do pai, quebra loja de cristais, quem terá de indenizar o prejuízo? Quem vai ter de pagar em primeiro momento é o pai, o genitor (responsável pelo pagamento de danos causados pelo filho em sua custódia), agora em alguns casos subsidiariamente admite-se agredir o patrimônio do incapaz (filho) – Como no caso do filho que não paga conta de luz em seu nome, o pai não se responsabiliza. 			O advento da responsabilidade objetiva tem justificado medidas de percussão do patrimônio do incapaz, ainda que não venha a praticar conduta que penda reprovabilidade/culpa, isso porque se o indivíduo não compreende o caráter ilícito da sua atitude, não posso puni-lo, daí a inimputabilidade, mas não estamos falando de penal e sim de civil; O art. 928 diz que primeiro agredirá patrimônio do pai e caso esse não tenha, agredirá do incapaz. 				
Existem duas correntes acerca da conduta levada a efeito do incapaz (o quão o incapaz será responsabilizado: 1. A teoria de que o filho é inimputável, por isso não posso culpa-lo, e quem não é culpado não pratica ato ilícito, por isso o único modo de responsabiliza-lo é por meio de uma conduta lícita (atos lícitos indenizativos), em certas hipóteses atos lícitos que ensejam indenização. Teoria que compreende culpa atrelada ao ato ilícito, como a criança é inimputável não pode ter culpa, daí não comete ilícito e sim um ato lícito indenizativos.	2. O incapaz é inimputável, seu ato não pode ser objeto de reprovação, mas mesmo assim pratica um ato ilícito, não precisa de culpabilidade para ato ilícito, seria então um ato ilícito não-culpável (assumindo que inexiste uma vinculação entre antijuridicidade e culpabilidade). 						Qual a importância dessa diferenciação? É importante diferenciar porque como tem ato ilícitoa vítima pode fazer o que estiver no seu alcance para impedir a progressão criminosa, agora se adotar a primeira teoria e for considerada atitude lícita, de nada a vítima pode fazer; Caso do incapaz com arma, se for lícito não pode fazer nada, se for ilícito pode lançar mão da legitima defesa.
Quem vai ter patrimônio primeiramente agredido? O responsável pelo incapaz, responsabilidade chamada de “responsabilidade subsidiária do incapaz”, só se agride o patrimônio do incapaz em caso do responsável não ter o suficiente para cobrir a dívida. Em segundo, a indenização pode ser reduzida (quando dano é igual ao ativo): Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem É necessário manter o suficiente para necessidades básicas do incapaz e das pessoas que dele dependem. Portanto, o que temos é uma “responsabilidade subsidiária limitada”, para que ele não seja privado de alimentos e outros bens essenciais para sua vida. Na prática nesses casos, durante alguns anos se aguarda que o incapaz tenha condição financeira demonstrada na conta bancária para ressarcir o dono da loja, depois do período de 3 anos ocorre a prescrição e nada poderá exigir, por questões de “segurança jurídica”.	
Conclui-se que a responsabilidade dos incapazes, ainda que “objetiva”, não será “direta”, mas apenas “subsidiária”; Além disso, não poderá ser integral quando vier a comprometer a subsistência do próprio incapaz ou daqueles que dele dependam – assumindo, pois, uma feição “mitigada” (a respeito, cf. arts. 928, 932 e 933 CC)”
Pressupostos da responsabilidade extracontratual: Tradicionalmente temos 4 pressupostos da responsabilidade aquiliana:		
1. Conduta (por ação ou omissão) – por ato próprio (“Responsabilidade direta”), ou ato de terceiro, bem como decorrência de fato relacionado à coisa (quase-delitos, samambaia que cai no sujeito) ou animal (animal que deglutiu mão de criança; “Responsabilidade indireta”). 	
	2. Dano – necessário para justificar o pagamento de indenização pelo demandado. Existem casos de responsabilização sem danos, como no art. 416, caso do executivo que se desliga da empresa e vai para concorrente.			
3. Nexo causal – Consiste no liame (“natural”/“físico – sujeito atira no outro -ou “normativo” – guarda-vidas que não salva criança se afogando, ele se responsabiliza por lei e não o outro sujeito que estava deitado, devido ao dever normativo... do ponto de vista físico ambos tinham responsabilidade, mas do ponto normativo o salva vidas que é responsável) entre a conduta e o resultado verificado (dano), é possível afastar por rompimento (seja por caso fortuito, força maior ou culpa exclusiva alheia ou da vítima). 	
4. Culpabilidade – Caracteriza pelo dolo (direto ou eventual) ou pela culpa (lata, leve, ou levíssima) – Consiste na inobservância do “dever de cuidado objetivo”, ou seja, sujeito que dá tiro pro alto e mata outro, faltou observar seu dever de cuidado objetivo; Por imprudência – faz coisa quando não deveria fazer; Negligência – não troca pneu do carro; Imperícia – falta domínio de certa arte ou ofício e realiza mesmo assim. Cirurgião geral mata alguém realizando plástica, é homicídio culposo, apesar de alguns doutrinadores chamarem de “dolo eventual”. 	
Note-se que, no âmbito civil, a “culpabilidade” é pressuposto da responsabilidade, mas não influi, via de regra, em sua intensidade; Excepcionalmente, contudo, a responsabilidade civil “pode” estar vinculada ao grau de reprovabilidade da conduta do agente (art. 944, “parágrafo único”, CC) – tal como costuma ocorrer no âmbito penal (cf. art. 59 CP); Normalmente sujeito responde de acordo com o dano causado, mas existem exceções, art. 944 parágrafo único de novo, juiz pode reduzir a indenização). Imagine que sujeito queime bituca de cigarro e gere um dano de 15 milhões de reais (culpa pequena e dano gigantesco), se a culpa for pequena, o legislador da oportunidade para a indenização seja reduzida, mas e se mesmo reduzindo para 1 milhão for impossível de pagar? Os 14 milhões serão respondidos pelas vítimas, que não tiveram culpa alguma, essa solução é uma “antinomia valorativa” (uma das 5 modalidades); Atribuímos prejuízo para quem não teve culpa alguma em detrimento daquele que teve culpa pequena.
Merecem consideração especial certas hipóteses especiais de culpa, 1. culpa “in eligendo” (sujeito elege o outro para dar certa aula civil e ele só sabe penal, culpa de quem contratou); 2. culpa “in vigilando” (culpa por não supervisionar, caso do monitor que é contrato e não vem... culpa de quem contratou); 3. culpa “in comittendo”; 4. culpa “in omittendo”; e 5. culpa “in custodiendo”;
ATOS LESIVOS NÃO CONSIDERADOS ILÍCITOS (ART. 186-188)
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito Essa é a regra, quando se causa prejuízo, via de regra, se atua ilicitamente, existem exceções; Por isso que o art. 188 não trata de nenhuma disposição autônoma e sim uma circunstância dependente de outras disposições, até porque existem algumas situações em que atos lesivos não serão considerados ilícitos.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo Esse artigo nada mais é do que o “parágrafo-exceção do artigo 186” antes visto; Estamos diante de 3 exceções de exclusão da antijuridicidade, temos a legítima defesa, exercício de regular e o estado de necessidade. Todos os requisitos estão estabelecidos no Código Penal, mas podemos fazer algumas considerações agora. 1. Legítima defesa: Diante de ameaça injusta e grave, atual e iminente (como o risco de perder a vida) a bem jurídico próprio ou de terceiro, o sujeito repele da maneira que pode - devem ser analisadas as circunstâncias fáticas para verificar se houve outro meio menos danoso para afastar o perigo, caso do sujeito que atira mais de 1 vez no agressor, debate acerca do excesso ou não do direito da legítima defesa. Logo, a legítima defesa é um ato que exclui a antijuricidade (o que normalmente é ilícito nesse caso não será). 2. Estado de necessidade: A diferença está na origem do perigo ou mal que faz o sujeito correr risco de vida, é o caso de criança se afogando no mar devido naufrágio, seria estado de necessidade se, para salvar sua vida, um sujeito a tirasse da boia; Estado de necessidade, pois é uma ameaça parecida com a legítima defesa, mas que diferencia na origem, enquanto a legítima defesa tem perigo oriundo de terceiro agente, o estado de necessidade tem origens na natureza. 3. Exercício regular de Direito (desde que não seja evidenciado excesso): Quando alguém realiza ação dentro do previsto na lei, como nos casos da cobrança de aluguel e de coação para evitar suicídio. 4. Existe ainda uma “quarta figura” que não está prevista no CC/02, mas está implícita, é prevista no CP, é o estrito cumprimento de dever legal: Caso do carrasco que mata condenado a pena de morte, é lícito, agente cumpre a lei, exclui a antijuridicidade penal, abarcado implicitamente no art. 188 (sempre que tem excludente de antijuridicidade, o dever legal será considerado lícito). 
Ainda que não tenha atuado “ilicitamente” na hipótese de estado de necessidade, o causador do dano deverá reparar os prejuízos experimentados pelo terceiro inocente na esfera civil – tal como estabelecido pelos arts. 929 e 930 CC/02; É o caso do sujeito que vê criança em estado de necessidadeprestes a ser atropelada e joga seu carro contra o outro para evitar o acidente, com isso quebrando um muro próximo, o terceiro inocente não tem nada a ver com o ocorrido, terá de ser ressarcido pelo sujeito que agiu visando proteger a criança; Demandará posteriormente o sujeito responsável por gerar a situação de risco de vida (ação de regresso). Nesse caso existe então a indenização por ato lícito, visto que a atuação do sujeito não é considerada ilícita devido ao estado de necessidade e o excludente de antijuridicidade, são os “atos lícitos indenizativos”.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes Atentemos agora aos exercícios regulares de direito. Como já dito, não enseja em ato ilícito o exercício regular de direito, contudo, o ABUSO DE DIREITO constitui ato ilícito expressamente vedado pelo artigo 187 do Código Civil supracitado. Existem 2 abordagens a respeito de tal instituto, como será visto logo abaixo:
	Para compreender cada desdobramento da teoria, é necessário o uso de exemplos práticos. Imagine o caso do sujeito incomodado com barulho que recém-nascido do vizinho produz, decidindo assim realizar um churrasco para intoxica-lo, direcionado a fumaça para o apartamento da vítima; Tal ato é considerado um ILÍCITO, existe um Abuso de Direito; Abuso porque é direito do agente realizar churrasco, mas não com a finalidade de ceifar vidas. Ressalta-se que a noção de Abuso de Direito não é inteiramente nova, já foi trabalhado no Código Civil de 1916, definindo os atos emulativos (entre vizinhos), hoje delineado no artigo 1228 do CC/02. Ato emulativo é um ato vazio, sem utilidade alguma para o agente que o faz no intuito de prejudicar terceiro, seja vizinho ou não, para que este se verifique é necessário	o “exercício de um direito” e que deste resulte dano a terceiro, sendo que o ato seja necessariamente “inútil para o agente”, com “realização determinar” e “exclusivamente com a intenção de causar dano a outrem” (art. 1.228 CC/02).									
O abuso seria como já visto, o mal-uso de prerrogativas concedidas pelo ordenamento jurídico ao sujeito, existem 2 grandes teorias sobre tal instituto, as subjetivistas que analisam a conduta e reprovabilidade desta para caracterizar abuso de Direito e as objetivistas acreditam na análise indispensável dos resultados de tal conduta. Dentro da teoria subjetivista desdobram-se a intencional e técnica. A objetivistas se desdobra em econômica e teleológica.
Na Teoria Subjetivista Intencional só será caracterizado abuso quando há a intenção da conduta, basta o dolo (propósito de asfixiar filho do vizinho); Tal elemento subjetivo é difícil de provar. A subjetivista intencional é consagrada no art. 1228 do CC/02. A Teoria Subjetivista Técnica, por sua vez, acredita no abuso de direito quando o seu detentor maneja uma prerrogativa, seja para causar dano com intenção, ou com uma omissão ou desleixo (mera culpa). Tal teoria tem reprodução num exemplo do CPC de 1939, quando um arquiteto perde todos seus bens devido à um equívoco de advogados, devido à culpa tão somente, pois os advogados não tiveram intenção de prejudicar o arquiteto; Nesse caso, os advogados colocaram todos os envolvidos em determinado projeto no passivo, de modo culposo acabou com as atividades do arquiteto, acredita-se essa teoria que os advogados seriam responsabilizados culposamente, isto é, com ou sem intenção de causar dano a outrem em decorrência do abuso do direito
A teoria objetivista não dá grande importância para a conduta do detentor do direito, e sim para o resultado, o que chama a atenção é se no exercício regular do direito, o sujeito extraiu utilidade ou algum proveito. A Teoria Objetivista Econômica analisa se o sujeito extraiu vantagem econômica, consagrada no art. 1228 do Código Civil de 2002. Apesar da disposição, isso não é a regra no Direito Brasileiro, só para atos praticados entre vizinhos, pois o que se consagra no Direito Brasileiro é a Teoria Objetivista Teleológica acampada no art. 187 do CC/02, que diz que analisando o resultado, é preciso saber se o detentor do direito exerceu suas prerrogativas de acordo com a sua FUNÇÃO SOCIAL, definindo assim sua responsabilização ou não. 
“Art. 1º. Os direitos civis são protegidos pela lei, salvo nos casos em que são exercidos em sentido contrário à sua destinação econômica e social”; Tal exceto foi retirado do Código Civil Soviético, e a corrente adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro é dessa origem, dizia-se no art. 1º sobre a destinação econômica e social, fala da regra que passou pro italiano que foi abraçada pelos brasileiros, a corrente objetivista teleológica. Exemplo da teoria objetivistas teleológica: Caso dos jogos de tênis comprados exclusivamente pela Globo, que não os exibe prejudicando os sujeitos que queriam assistir, celebrou o contrato para inibir os concorrentes de transmitir. Resta caracterizado o Abuso de Direito, pois o contrato é celebrado para transmitir, mas seu real propósito é de impedir os concorrentes de exibirem o esporte, prejudicava os concorrentes e o público (CF e liberdade de acesso à informação), nesse caso o comportamento da Globo é ensejador de abuso de direito, NÃO CUMPRE COM O PROPÓSITO, FINALIDADE do contrato.
DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
A “prescrição” e a “decadência” são institutos caracterizados pela conjugação entre o “decurso do tempo” (a) e a “inércia do titular de uma dada posição jurídica subjetiva ativa” (b); Tais elementos, reunidos, podem dar ensejo à extinção ou a aquisição de direitos subjetivos. É o caso do sujeito que bate o carro no e causa danos à veículo de terceiro, passando a dever R$1.000,00 para o outro condutor, quando se passam 3 anos e este não ajuíza ação indenizatória. Percebe-se que se ajuizar a ação em momento posterior, terá direito a ela, mas falta-lhe exigibilidade. Isto é, ocorreu o prazo prescricional (3 anos), tem direito de ser indenizado, mas não tem como obrigar/constranger o sujeito a indenizar. É como se o Direito subjetivo do sujeito que ainda existe estivesse “mutilado”, existe, mas está afetado pela prescrição, tanto que se o devedor paga o direito da dívida prescrita, não será necessário que o antigo credor a devolva (a dívida existe). No entanto, se tal dívida prescrita não for paga de boa vontade pelo devedor, não poderá ser constrangido a solve-la.	
Observamos de certa forma a injustiça do caso, que existe devido à finalidade de segurança (estabilidade) nas relações jurídicas, repreendendo a inércia por “interesse público” no conflito de interesses do prescribente e do titular do direito mutilado.
Existiriam 2 espécies/gêneros de prescrição: 1. Prescrição extintiva Se o sujeito não cobra ação no prazo, perde prerrogativa de cobrar o devedor, privado da acionabilidade (art. 189-206 do CC/02) 2. Prescrição aquisitiva Sujeito pelo exercício de direito por tempo prologando tem ganhos, gera direito, diferente da extintiva que gera uma desvantagem (art. 1238 e usucapião); Tal distinção existiria, pois, imagine o sujeito negociando com outro solvente, celebra o contrato, vira proprietário e depois de alguns anos tem um problema; Tudo porque o vendedor tinha recebido o imóvel por herança (falecimento do tio) e descobriu-se o filho biológico do falecido, que quer tudo de volta. De fato, o sobrinho não pode transferir mais direitos do que tem, o sujeito não irá se tornar proprietário por força do registro, mas pode se tornar por meio da “aquisição da propriedade por via da usucapião” (finalidade da usucapião é regularizar as aquisições), por isso a usucapião seria uma prescrição aquisitiva, pois assim como a prescrição extintiva gera uma tranquilidade para o sujeito que bateu no carro do outro depois de 3 anos, a usucapião gera tranquilidade para o proprietárioa partir do prazo “Expediente sanatório” que gera tranquilidade, segurança para o proprietário.
Vale ressaltarmos nesse ponto que o CC/02 é regido por 3 princípios, de eticidade (lealdade entre sujeitos), socialidade (exercício de prerrogativas, desde que não entre em colisão com o interesse da coletividade), operabilidade (legislador deve criar facilidades), deste último extraímos uma simplificação para distinguir decadência de prescrição: A prescrição é prevista nos arts. 205 e 206 do Código Civil de 2002, todos os outros artigos previstos são decadência, mas tal diferenciação vai além de uma simples previsão legal, não posso me basear nessa regra existente, pois existem exceções (art. 520 e 521 do diploma civil).
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
	Já sabemos que fatos jurídicos são aqueles que tem aptidão para gerar efeitos jurídicos; O efeito principal de tal fato é a “relação jurídica” (liame entre sujeito ativo e sujeito passivo em relação à um dado objeto). O sujeito ativo tem uma posição de vantagem (direito subjetivo) enquanto o sujeito passivo tem uma posição de desvantagem (dever jurídico). 
 A partir disso, é possível entender a tabela acima desenhada. A ideia parte do sujeito ativo com o “direito subjetivo” e sujeito passivo com um “dever comportamental ou jurídico”. Se um indivíduo é matriculado numa faculdade e paga mensalidade, não poderá ser cobrado até a data do seu vencimento, mesmo que a faculdade tenha o direito de receber o valor, pois a dívida existe. Isso porque o Direito já existe, mas é desprovido da exigibilidade, desprovido da “pretensão”, o direito subjetivo da pretensão se torna mais eficiente na mão do sujeito ativo (pretensão), porque no polo passivo o “dever jurídico” irá se transformar em uma “obrigação”, portanto, obrigação e dever não se confundem, direito tem relação com dever, pretensão com obrigação. Enquanto para o sujeito ativo surge uma pretensão, para o passivo há a obrigação. 				Se dado sujeito ativo realiza cobrança e o devedor se nega a pagar, teremos diversas possibilidades de consequências, isto é, quando a “pretensão” do polo ativo é resistida ou insatisfeita pelo polo passivo, exsurge uma “ação”; Nesse caso, ação tem 3 sentidos, constitucional, processual e aqui ação em sentido material – A todo direito corresponde uma ação que o assegura - É um remédio para situação de resistência do polo passivo. O sujeito passivo em questão, se constituirá numa “situação de acionado”. 
	Além do mais, se o polo passivo (devedor) é citado na referida ação e de algum modo e afirma que tem prejuízo anterior devido pelo ativo (credor na ação), teremos o credor ativo numa relação e o inverso em outra pelo dano anteriormente causado ao devedor. É o típico caso de “compensação”, é possível graças ao manejo da figura da “exceção” (significa exceptio, defesa); Exceptio são mecanismos de neutralização da ação e de defesa, no exemplo tem uma “exceção de compensação”, caso em que o sujeito ativo entra em situação de excepto, provavelmente não irá receber pagamento algum, compensado o prejuízo causado ao devedor. Mas o que isso tem a ver com prescrição?
Existem 2 formas de explicar a prescrição (Legislador adota a primeira): 1. Quando ocorre a prescrição, a pretensão é atingida (art. 189-206, escrito no art. 189 do CC/02), isso quer dizer que o titular do crédito que foi atingido pela prescrição continua com um direito, se o passivo pagar voluntariamente em algum momento não poderá pedir de volta, pois existia um direito, ainda que inexigível. 2. Pontes de Miranda, diferentemente, acreditava que a pretensão com a prescrição não era fulminada, no lugar desta ideia, o titular continuaria tendo pretensão (assim como o direito), só que devido a prescrição o sujeito passivo poderia para defender-se arguir a “exceção de pretensão”, ou seja, que aquele direito do sujeito ativo se tornou inexigível pelo decurso do prazo A primeira corrente, adotada pelo legislador, acredita que quando há prescrição de direito não poderia o credor nem sequer cobrar o devedor, devido a pretensão fulminada, já na segunda corrente seria possível a cobrança (tendo em vista a existência da pretensão mesmo com a prescrição), mas o sujeito passivo poderia neutralizar a ação do credor com a chamada “exceção de pretensão”, que exsurge da prescrição. 
Ressalta-se que nem todos os direitos subjetivos prescrevem, observemos a diferença na segunda parte do esquema já assinalado:
	Os Direitos subjetivos (lato sensu) se dividem em “direito subjetivo stricto sensu” e “direitos potestativos”. O primeiro costuma prevalecer nas relações do direito privado, em que há uma relação de igualdade e “coordenação”, já os direitos potestativos prevalecem quando há uma espécie de desigualdade entre as partes, tônica do Direito Público, em que há relações de “subordinação”.
 Para diferenciarmos tais direitos subjetivos dos potestativos, basta nos socorrermos ao quadro acima desenhado. Na primeira hipótese (primeiro quadro), nos “direitos subjetivos stricto sensu” depois do vencimento da obrigação, o sujeito ativo tem uma “pretensão” e o passivo uma “obrigação”, antes do vencimento o sujeito ativo tem um direito subjetivo desprovido de pretensão (“ausência de pretensão”) e o sujeito passivo não tem obrigação de efetuar o pagamento, mas mesmo assim pode se livrar da dívida antecipadamente, a isso se dá o nome de “faculdade” - Sujeito tem o dever de pagar, mas pagar antes do vencimento é uma faculdade, se quiser pode pagar na data estipulada em contrato, não tem pena por isso.		Nestes exemplos em que há o direito subjetivo em sentido estrito, a relação de coordenação não que tem uma obrigação não cumprida é levada ao judiciário para que o magistrado determine o pagamento, é necessário um ato material, no mundo do “ser” que irá promover uma mudança, a sentença é chamada de “condenatória”.
Nos “direitos potestativos” é diferente, imagine um oficial de justiça vindo penhorar uma televisão, durante o dia, pois de noite lhe faltaria poder (“ausência de poder”), e se falta poder do sujeito ativo, o sujeito passivo estará numa situação de “imunidade”. É diferente no caso da esposa querendo se divorciar contra a vontade do marido, o interesse dela tem primazia sobre o do marido que quer viver vinculado, e seu interesse será atendido. O juiz decreta o divórcio e não promove muitas alterações materiais, mas graças as sentenças ele “modifica a realidade jurídica”, a essa sentença típica dos direitos potestativos se dá o nome de “sentença constitutiva”. 					
Com tal análise mais incisiva, é possível concluir que os “direitos subjetivos em sentido estrito” que ensejam sentenças condenatórias estão ligados à prazos de PRESCRIÇÃO. Já os “direitos potestativos” relacionados a sentenças constitutivas estão atrelados a prazos de DECADÊNCIA. Precisamos saber o direito a ser manejado, se for subjetivo em sentido estrito temos prescrição, se for potestativo, decadência.
O art. 189 do CC/02, portanto, estabelece que só com a violação do direito é que exsurge a pretensão; Contudo, isso só se verifica quanto é violada uma das categorias de “direitos subjetivos em sentido estrito” (“direitos pessoais”), não se aplicando aos “direitos reais” e nem mesmo aos “direitos potestativos”;
Os requisitos para que haja prescrição são: 
1. “Actio nata” Actio significa pretensão, ou seja, surgimento da pretensão é um requisito. 
2. Prazo (decurso) Sujeito ativo deve ter permanecido inerte durante todo o decurso do prazo descrito por lei.
3. Inércia que o indivíduo não tenha tomado nenhuma providência com relação aos seus interesses.
4. Inocorrência de causa impeditiva, suspensiva ou interruptiva da prescrição em curso Nenhuma dessas 3 podem ocorrer na prescrição em curso, caso isso ocorra mudará o seu andamento, como veremos a seguir.					
Além do mais, dá se o nome de “prescrição intercorrente” para aquela que ocorre durante o processo; Caso do sujeitoque propõe ação de indenização e passam-se 3 anos sem o pagamento do devido. Para alguns, se não encontrarem bens para solver o débito, o sujeito passivo não poderá ficar para sempre atrelado ao ativo, teria uma prescrição, que tem o nome supracitado. Isso ocorre por questões de segurança jurídica, como é possível perceber. 
Existem “pretensões imprescritíveis”, que serão elencadas a seguir, isto é, nem todo direito subjetivo está sujeito a prescrição, as pretensões são protegidas em: 
1. Direitos da personalidade O sujeito ativo pode tutelar seus direitos da personalidade indefinidamente, inclusive sucessores, não prescrevem. 
2. Estado Atrelados a posição do sujeito ativo, imagine o sujeito casado sendo chamado de solteiro durante 10 anos, o estado pertence ao sujeito que é tutelado constantemente, sendo tal forma derivada dos direitos da personalidade, pode pleitear em juízo a qualquer momento.
3. Direito Real Sujeito invade a casa do outro, a qualquer tempo enquanto for titular da propriedade, pode reivindicar o terreno – vale também sobre coisas alheias, é imprescritível. 
4. O erário nas hipóteses de improbidade administrativa Caso do administrador da faculdade pública que causa prejuízo ao patrimônio público (erário), atos de improbidade administrativa não prescrevem, podem ser demandados em juízo a qualquer tempo. – Observamos que os direitos potestativos não prescrevem, sujeitos a prazos decadenciais dando ensejo a sentenças constitutivas (e não condenatórias).
Prescrição e institutos afins (semelhantes): Temos institutos parecidos com a prescrição, mas que não se confundem, tais como: 
1. Preclusão (temporal) É quando o sujeito não recorre de sentença em primeiro grau no prazo estipulado em lei; Isto é, passado 1 mês não pode mais interpor recurso, em decorrência da “preclusão”, a perda da faculdade processual em virtude do prazo transcorrido. 
2. Perempção Instituto semelhante, quando sujeito propõe ação de indenização e tem de se manifestar e não o faz, caso em que o juiz extingue a ação sem resolução do mérito. Nesses casos, pode o mesmo sujeito propor outra ação sobre o mesmo assunto e não se manifestar, levando à mesma extinção da ação. Fato é que se o sujeito não se manifestar pela terceira vez (extingue 3 ações por inércia), irá perder o referido direito por perempção. 
	Diferenças entre prescrição para com a decadência: 1. A decadência se ocupa dos direitos potestativos que ensejam ações constitutivas, já prescrição dos direitos subjetivos em sentido estrito que dão em ações condenatórias. 2. A prescrição só atinge a pretensão (segundo doutrina majoritária), enquanto a decadência fulmina o próprio direito (primeira linha do quadro descrito), o próprio direito subjetivo é atingido.
Com a diferenciação realizada em mente, podemos compreender as disposições do Código Civil acerca dos institutos referidos. 
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição A prescrição pode ser suspendida, impedida ou interrompida, já a decadência muito raramente será paralisada, por isso e legislador diz “salvo”, pois existem situações em que a decadência é impedida, como no exemplo no próximo artigo.
 Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I. É o caso do sujeito que compra candelabros prateados pensamento que eram maciços; Tem decadência de 4 anos para pleitear ação. Se o sujeito morre e o filho tem somente 5 anos (absolutamente incapaz), não poderá pleitear ação de anulação imediatamente, nessas circunstâncias o prazo não irá continuar correndo. Isso ocorre porque os prazos não correm contra os absolutamente incapazes. O prazo decadencial do art. 198, acima definido, não corre contra os absolutamente incapazes, mas corre com relação aos relativamente incapazes, portanto o prazo decadencial de 4 anos irá contar a partir dos 16 anos do sujeito.
Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. 
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.
Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação A decadência (diferentemente da prescrição) pode ser criada não só pela lei, mas como por iniciativa dos interessados; Um exemplo de determinação legal é o caso da ação de anulação, direito potestativo de anular desde que observe o prazo de 4 anos, a lei que diz isso. É diferente da decadência fixada pelas partes, como quando estipulam num contrato o prazo de 7 dias para devolver coisa comprada em caso de mudança de ideia, determinação que só se aplica naquele contrato em específico; Como foi estipulado por partes, temos aí uma “decadência negocial ou convencional”, não definida por lei.	
A decadência convencional decorre da vontade das partes, as decadências fixadas pelas leis são mais rigorosas e inflexíveis, por isso o art. 209 do Código Civil dispõe que aquelas fixadas por lei não podem ser mudadas pelas partes, além de ser insuscetível de renúncia.	
O art. 210 acima visto ainda fala que o juiz DEVE conhecer a decadência fixada em lei. Ele pode espontaneamente (“ex officio”, de ofício) conhecer da decadência estipulada pelo legislador, afirmando que tal ação proposta por um autor é baseada em direito que já decaiu. O art. 211, logo em seguida, afirma que se ela for convencional, a parte pode alegar em qualquer instância, assim como na anulação, já que o direito é disponível. Significa que o juiz só poderá conhecer a decadência convencional/negocial se provocado por uma das partes em qualquer dos graus de jurisdição. 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206 O legislador só colocou aí as hipóteses em atos ilícitos, mas a pretensão surge no direito subjetivo quanto aos atos lícitos também, em obrigações sujeitas a termo (mensalidade de faculdade) por exemplo, em que a pretensão surgirá em qualquer violação de direito e na data de implemento do evento futuro e certo. O legislador só viu parte dos direitos subjetivos na disposição legal supracitada.
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão Valor que o sujeito queria receber prescreve devido inércia de 3 anos, tem o direito, mas não tem como obrigar o outro. Se pede dinheiro emprestado para o mesmo devedor, e ele comovido dá o valor (emprestando, sem saber que era com relação ao devido prescrito por ele), não poderá alegar posteriormente, quando cobrado, “exceção de compensação” e não devolver a quantia. Isto porque dívida prescrita não pode ser exigida, nem ser objeto de exceção. 
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição Quem é favorecido pela prescrição é o devedor, dando a ele segurança jurídica para que não fique para sempre atrelado a dívida não exigida por inércia do credor. Significa que o credor pode renunciar a prescrição, desde que o devedor renuncie a prescrição que o favorece. Para isso é necessário que a prescrição tenha se consumado (prazo decorrido), não pode abrir mão antes da prescrição se é devedor diante do sujeito. Além disso, a renúncia pode ser expressa (devedor reconhece que abre mão da prescrição e paga ao credor com direito prescrito) ou tácita (devedor sabe que dívida já prescreveu, mas dá o dinheiro do mesmo jeito ao credor, uma “renúncia tácita” da prescrição, pois seu ato demonstra a renúncia apesar de não expressar em palavras, observa-se que pode ser denunciado se o devedor prejudicado for absolutamente incapaz sem representante, relativamente sem assistente ou quando prejudica terceiro).
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes Já foi observado anteriormente que a decadência pode ser alteradaquando for convencional, mas não quando prevista em lei. No caso da prescrição é diferente, não há prescrição convencional, é necessariamente fonte de lei, não pode ser alterado de modo algum pelas partes em negócio jurídico celebrado. 
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita Devedor pode alegar a prescrição em qualquer instância, se não alega na primeira, pode alegar na segunda junto com as outras provas para se defender da cobrança de dívida. No entanto, a jurisprudência se posiciona de modo que não pode ser alegada em instâncias extraordinárias.
Art. 194. (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006) Para desafogar o judiciário, afirma-se que o judiciário pode reconhecer a prescrição espontaneamente, não precisa mais ser suscitada por uma das partes para o juiz ser alegada na ação. 
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente Contra os absolutamente incapazes já sabemos que a prescrição não corre, com os relativamente corre, inclusive contra pessoa jurídica. No entanto, a negligência por parte do assistente do relativamente incapaz ou do administrador da pessoa jurídica suscita que o relativamente ou a Pessoa Jurídica demande indenização dos representantes incompetentes, quando estes derem causa à prescrição. 
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor Caso do sujeito que bate no carro do outro e faltando 1 dia para a dívida prescrever morre, exemplo em que o filho absolutamente incapaz é o titular do direito. Portanto, o prazo será travado, a morte não faz com que o prazo seja recontado, vai ter de esperar o filho do credor completar 16 anos para que possa alegar a prescrição da dívida.	Observa-se que a prescrição pode ser alterada pela lei, não pelas partes (redução de 20 anos para 3).
	No art. 193 acima visto foi dito que se pode invocar prescrição em qualquer grau de jurisdição, só que é recomendado que se evoque na 1ª oportunidade, pois se é evocado depois, devido a delonga, o sujeito irá responder por metade dos custos das demandas judiciais, isso devido ao comportamento protelatório do indivíduo e da displicência em não ter evocado a prescrição antes.
Art. 197. Não corre a prescrição: (POR RAZÕES DE ORDEM FAMILIAR) Significa que o prazo estará PARALISADO, impedimento é quando se impede um prazo que não iniciou seu curso, suspensão é quando o prazo é suspenso durante seu andamento. Abaixo temos as hipóteses de suspensão. 
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal Sujeito pode pedir indenização por dívida de 10 anos atrás, após divórcio do seu cônjuge ou companheiro, caso em que terá 3 anos decorridos sem contar o casamento para pleitear.
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar Sujeito pode demandar o seu ascendente ou descendente quando cessa sua incapacidade absoluta (cessando o poder familiar) por ação cometida 10 anos antes, isto porque poder familiar interrompe a contagem da prescrição.
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela Para que não haja conflito entre gestor e gerido, depois da curatela pode demandar mesmo passado mais de 3 anos, pois durante esta o prazo prescricional estava suspenso.
Art. 198. Também não corre a prescrição: POR RAZÕES DE ORDEM PÚBLICA
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o Somente os absolutamente incapazes, relativamente corre normalmente. 
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra Sujeito na intervenção do rio, a prescrição não irá correr, se estiver fora do país se aplica o inciso II, caso de guerra aqui, será o inciso III.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: POR RAZÕES DE ORDEM TÉCNICA
I - pendendo condição suspensiva Não existe direito adquirido, logo sem pretensão, e portanto, sem prescrição.
II - não estando vencido o prazo Tem direito, mas não tem pretensão, logo sem prescrição.
III - pendendo ação de evicção Sujeito sofre evicção (terceiro com direito real), enquanto estiver sendo realizada essa discussão sobre o bem litigioso, o prazo prescricional não irá correr.
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva Caso do sujeito vítima de homicídio, enquanto o acusado não for condenado em sentença condenatória definitiva, não poderá prescrever o prazo para ação de indenização pleiteada pelos sucessores. 
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível Solidariedade é quando todos tem a mesma sorte, isto é, todos os credores são tratados conjuntamente, recebem a mesma má notícia. Se o sujeito absolutamente incapaz e outro indivíduo plenamente capaz são co-credores de um livro em face de devedor, que lhes deve 200 reais, via de regra, tudo que diz respeito ao absolutamente incapaz tem relação com o seu co-credor, é um conjunto, pois são credores solidária, o art. 201 diz que a causa suspensiva da prescrição, por sua vez, é pessoal, portanto a suspensão da prescrição só irá favorecer o incapaz, sendo que para o seu co-credor não terá suspensão do prazo prescricional em decorrência da incapacidade da outra parte do polo ativo. No entanto, existe uma exceção, quando for devido ao absolutamente incapaz e co-credor uma obrigação indivisível, caso em que a suspensão será considerada para ambos, não em razão da incapacidade e sim em razão da indivisibilidade.
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: INTERRUPÇÃO significa reinício do prazo, somente poderá ocorrer uma vez. 
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual Sujeito que demanda a indenização por meio de ação judicial, no momento em que o juiz determina a citação do réu, o prazo é automaticamente reiniciado com o despacho, fazendo com que a prescrição seja interrompida (reinicia o prazo). 
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente Quando cliente não tem dinheiro para ação de indenização, para não prescrever, contrata advogado para protestar antes da prescrição, fazendo com que o prazo seja reiniciado por meio da interrupção. Dificilmente será cumprido o protesto, mas pelo menos recontará a prescrição e o sujeito ganha mais tempo.
III - por protesto cambial Não se faz em juízo, e sim em tabelionato especial, por isso a menção especial.
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores Caso do sujeito que morre e todos os seus credores apresentam títulos simultaneamente e automaticamente; Nesses casos, os prazos prescricionais serão recontados, do mesmo jeito se o sujeito com o título estiver num concurso de credores, apresenta título e prazo é zerado.
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor Notificações judiciais, extrajudiciais não interrompem a prescrição, mas os atos judiciais que constituem em mora o devedor, sim. 
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor Caso do sujeito que reconhece uma dívida extrajudicialmente, faz com que o prazo prescricional seja recontado, interrompido. 
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado Normalmente é o sujeito ativo ou credor; Mas existem situações em que tal credor é insolvente, desinteressando-se pela cobrança tendo em vista que não verá a cor do dinheiro, caso em que os seus credores, incomodados, podem ter interesse em interromper a prescriçãopara a cobrança de dívida. 
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados Quando se tem 5 credores com um devedor, tem 5 obrigações, o que beneficia um credor não beneficia todos, vale para interrupção também, exceto nas hipóteses definidas a seguir. 
§ 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros Exceto no caso dos credores solidários, a sorte de um, é a sorte de todos.
§ 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis Imagine que a solidariedade existe entre 3 sujeitos, se 1 morre e o filho absolutamente incapaz entra na relação solidária, efeitos do §2º se produzem. Se a prescrição se deu antes, herdeiro não será solidário, os outros não serão atingidos; Tão somente os devedores e credores solidários serão atingidos por eventual prescrição, não seus herdeiros.
§ 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador Inquilino que não paga os aluguéis, se interrompe a prescrição em face do locatário, o acessório (fiador) segue o principal, caso em que o fiador será atingido pela interrupção, por exemplo; Se ocorre o contrário, isto é, ocorre interrupção para o fiador, não afetará o sujeito principal na relação (locação). 
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Art. 206. Prescreve:
§ 1o Em um ano: 
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
§ 3o Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
§ 4o Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
§ 5o Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
DA PROVA (ART. 212 A 232 DO CÓDIGO CIVIL)
	Quando se fala em prova, se fala da externalização de uma espécie de fato jurídico. Como o art. 212 diz, “o fato jurídico pode ser provado mediante”, isto é, temos aqueles meios de prova que provam fatos jurídicos em sentido amplo, não só os negócios jurídicos. Existem casos que demandam alguma forma ad probationem específica, tais como o depósito voluntário que precisa ser provado de forma escrita (documento), logo são abrangidos os atos fatos (materiais, lícitos indenizativos, caducificantes), fatos jurídicos em sentido estrito e os atos jurídicos em sentido estrito.						
Para que a prova possa produzir efeitos é necessário que seja: 
1. Admissível Necessidade de ser admitido de maneira geral pelo ordenamento jurídico, devendo a prova ser lícita (permitida em lei) e legítima (obtida de maneira adequada) – Exemplo da prova obtida por tortura que não é lícita, pois tortura não é permitida em lei, do mesmo jeito uma documento lícito obtido pelo sujeito que invade casa da outra parte, não serão válidas, pois não obedeceram o meio adequado para sua produção, foram colhidas sem o “devido processo legal”. 
2. Pertinente A prova precisa estar vinculada ao fato que se pretende demonstrar; Para provar que sujeito é pai, não é necessário certidão de casamento, não é pertinente, e sim exame de DNA. 
3. Concludente Que leve a conclusão de que o fato efetivamente se deu; No que diz respeito a prova de paternidade, tipagem é excludente e exame de DNA seria adotado visto que é concludente. 
A matéria probatória é tratada pelo Código de Processo Civil e pelo Código do Consumidor. O Direito Civil, direito material, irá tratar do valor jurídico da prova. Como a prova será produzida em juízo, é uma matéria do processual (legislador processual não pode tratar do valor jurídico da prova, tão somente da questão procedimental, são inconfundíveis). Direito civil com fundo material e não meramente processual. 
No CPC/15 o art. 334 dispõe que independem de prova os fatos notórios (aqueles que todo mundo sabe). Assim como no caso de direito federal, pois o magistrado tem de conhecer, não precisa ser demonstrado, só municipal, estadual, estrangeiro e consuetudinário.
Além do mais, as provas do art. 212 do Código Civil tem um rol exemplificativo, não taxativo, admitindo outros meios de prova, desde que moralmente legítimos (lembrando que existem meios indiretos de prova, tais como os indícios antes vistos).	
Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia.
Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados.
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado.
	Confissão A confissão pode ser classificada de vários modos: Quanto ao seu ambiente em “judicial” ou “extrajudicial” (sujeito gravando em reunião do dia-a-dia); Quanto ao elemento que desencadeia: “espontânea” (aquela em que o indivíduo diz sem que tenha sido impelido) ou “provocada” (induzida, estimulada por autoridade judicial, por exemplo). Quanto à presença de uma “intenção de confessar”: “expressa” (indivíduo diz o que fez), “tácita” (indivíduo acusadoem defesa afirma que já depositou o dinheiro em juízo, não falou mas está admitindo a culpa de algo) ou “presumida” (confissão que poder ter ocorrido ou não, sujeito que recebe documento o acusando e não responde, talvez tenha só esquecido, mas do silêncio se infere que o autor alegou fatos verídicos).
A confissão só vai ser admissível quando: 1. Produz reflexos quanto a direito que possa dispor o confitente (não pode confessar dispondo de direitos da personalidade); 2. Se deriva do representante negocial, procurador tem de ter poderes especiais para confessar (verificar poderes que o cliente conferiu ao procurador, sob pena de ineficácia); 3. Relacionando-se a bens imóveis, abranger também manifestação do cônjuge (para que não escape das mãos do cônjuge em eventual partilha).
Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação Artigo controvertido, confissão se anula só devido ao erro de fato ou de coação. Percebe-se que o legislador esquece de afirmar as demais formas de erro e defeitos. A confissão é irrevogável, pois depois não é possível voltar na atrás na matéria confessada.
	Documento É necessário lembrar das quatro formas dos negócio jurídico, os documentos são formas ad probationem, devemos diferenciar “translado”, uma cópia fidedigna de determinado ato judicial ou extrajudicial, de “certidão”, extrato que se faz de uma informação que conta nos livros do tabelião ou do registrador, pode ser sucinta (em partes) ou inteira (integral).
Art. 216. Farão a mesma prova que os originais as certidões textuais de qualquer peça judicial, do protocolo das audiências, ou de outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele, ou sob a sua vigilância, e por ele subscritas, assim como os traslados de autos, quando por outro escrivão consertados Estamos falando de certidões extraídas pelos que trabalham na justiça, da mesma forma as extrajudiciais.
Art. 217. Terão a mesma força probante os traslados e as certidões, extraídos por tabelião ou oficial de registro, de instrumentos ou documentos lançados em suas notas Extrajudiciais, os oficiais registradores que trabalham no tabelião que resguardam os interesses das partes.
Art. 218. Os traslados e as certidões considerar-se-ão instrumentos públicos, se os originais se houverem produzido em juízo como prova de algum ato Se sujeito é obrigado a trazer documento original, é possível substitui-lo por translado ou certidão, desde que oficial. 
Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé pública, fazendo prova plena Este artigo trata dos requisitos da escritura pública.; Tudo que se consta nela é considerado válido e verdadeiro até a prova em contrário.
§ 1o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:
I - data e local de sua realização;
II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;
III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;
V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à legitimidade do ato;
VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes, ou de que todos a leram;
VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato Esses requisitos não constavam no CC/16, estavam previstos nas leis de registros públicos, haviam requisitos somente nas alterações Filipinas (de 1580), o que permaneceu vigente até a década de 70, até o STF se pronunciar sobre o assunto. 
§ 2o Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa capaz assinará por ele, a seu rogo Assinatura a rogo, a seu pedido.
§ 3o A escritura será redigida na língua nacional Obedecendo a CF no seu art. 4º.
§ 4o Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião não entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público para servir de intérprete, ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimento bastantes O chamado tradutor juramentário, principalmente em comarcas maiores. O tradutor é chamado de “ad hoc”, para o caso concreto, de acordo com a necessidade. Percebe-se que sujeito no cartório, responsável pelo tabelião, que comete equívocos e causa prejuízos tem a responsabilidade objetiva, logo não convém recorrer a sua própria língua, é bom recorrer à um tradutor juramentário ou do caso concreto.
§ 5o Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo menos duas testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade Testemunhas da formalidade do ato, estas, se não obedecidas, levarão ao ATO NULO. Derivada do 166 do CC/02.
Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumem-se verdadeiras em relação aos signatários.
Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de prová-las Caso do sujeito que sai da sala e encontra um manual de Direito Civil, não sabe quem é autor, publica ele como sua autoria. Do ponto de vista técnico jurídico isto é ilícito, mas imagine que a empresa que publicou não sabe disso, está escrito no contrato que o sujeito é o autor. O importante é que o terceiro nesse caso, autor real do livro, não se prejudica porque “terceiros não podem ser prejudicados por coisas lançadas nos negócios jurídicos por partes que não poderiam ser dispostas por direito alheio”. Somente as partes se prejudicam com contrato, jamais terceiro se prejudica por contrato entre outras partes.
Art. 220. A anuência ou a autorização de outrem, necessária à validade de um ato, provar-se-á do mesmo modo que este, e constará, sempre que se possa, do próprio instrumento Relação com o art. 176 do mesmo Código, que dizia que sujeito que quer celebrar contrato com filho precisa necessita do consenso dos outros filhos e da esposa, necessária anuência. Normalmente essas anuências estão contidas no próprio contrato de compra e venda, todos vão no tabelionato para assentir, se não houver, a consequência será a anulabilidade.
 Aplica-se o “princípio da simetria formal”: Se manifestação de vontade do vendedor e comprador precisa ser vazada por escritura pública, os assentimentos também precisam ser articulados na escritura, não basta instrumento particular (não importa o local onde estão, um em Paris e outro no Brasil, cada um faz do seu local). 
Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público.
Parágrafo único. A prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de caráter legal Regra no art. 221 que em determinadas hipóteses legislador demanda forma solene para declaração válida (bens imóveis), sempre que houver imposição da forma “ad substantiam” vale utilizar qualquer espécie de forma, inclusive o instrumento particular. Ocorre que não basta a escritura para transferir propriedade, é necessário registro para bens imóveis, tradição para móveis. Parágrafo único diz que para ter projeção de efeitos erga omnes precisa utilizar o registro. 
Art. 222. O telegrama, quando lhe for contestada a autenticidade, faz prova mediante conferência com o original assinado Pode ser utilizado como prova, assim como WhatsApp, desde que ninguém tenha algo contra isso; No caso do sujeito que usa 2 celulares e se xinga,se não houver contestação do sujeito que está sendo indenizado, é possível a indenização. É diferente caso ocorra a contestação, em que se pericia o aplicativo. 
Art. 223. A cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião de notas, valerá como prova de declaração da vontade, mas, impugnada sua autenticidade, deverá ser exibido o original. 
Parágrafo único. A prova não supre a ausência do título de crédito, ou do original, nos casos em que a lei ou as circunstâncias condicionarem o exercício do direito à sua exibição A chamada “cópia autenticada”, tem os mesmos efeitos que o original (salvo restrição legal), exceto se tiver indícios impugnáveis de qualquer sorte de malícia, caso em que há pericia do material. Imagine se o sujeito tira foto de dinheiro que seria objeto de dívida, não pode mandar a foto como justificativa de pagamento, porque a cédula, a nota promissória, letra de câmbio, cheque, duplicata, são dotadas de “cartularidade”, se ela for perdida, o direito é não exercitável.
Art. 224. Os documentos redigidos em língua estrangeira serão traduzidos para o português para ter efeitos legais no País Importante, relação com o art. 13 da CF, lei oficial é português. Importante na atuação do tabelião. Juiz só pode usar português. 
Art. 225. As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, em geral, quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena destes, se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão Atriz tem vídeo peculiar divulgado, quando diz “não sou eu”, deve impugnar e oferece indícios a isso, se faz necessária a perícia técnica da matéria probatória. Quando tem impugnação o caminho é a perícia, caso contrário, sem impugnação, as imagens podem ser utilizadas livremente.
Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios.
Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos Livros escriturados pelo empresário, provam contra ele. É natural que esteja escrito ao seu favor, mas tudo aquilo que prova que ele não pagou um tributo, pode ser utilizado. Caso o que estiver escrito ajude ele a provar seu ponto, não será contundente. 
	Testemunhas: Art. 227.           (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015)       (Vigência)
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito Caput dizia que acima de um valor não poderia ter prova testemunhal exclusiva, agora qualquer valor pode ter ela como exclusiva.
Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas:  
I - os menores de dezesseis anos O absolutamente incapaz não pode assumir obrigações, não pode reproduzir atos.
II - (Revogado);            (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)         (Vigência) . III - (Revogado);            (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)        (Vigência) Pelo estatuto do deficiente
IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes Temos uma situação peculiar, sujeito “amigo íntimo” do outro na banca não é permitido, o legislador presume que pelo fato de ser amigo irá ajuda-lo, mesmo sem qualquer indício, parte do pressuposto de má-fé. 
V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consanguinidade, ou afinidade Não fala dos companheiros, mas se presume, em segundo, parente é por consanguinidade, legislador esquece da figura da adoção, não pode fazer interpretação extensiva porque restringe direitos, o que torna a questão controvertida. 
§ 1o Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo O juiz pode admitir se só elas podem provar os fatos. 
§ 2o  A pessoa com deficiência poderá testemunhar em igualdade de condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva Deficiente visual pode ser testemunha de escritura se tecnologia assistir, mas não pode ser testemunha de um jogo de futebol, pois lhe falta aptidão física, não tem discriminação.     
Art. 229.        (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015)        (Vigência) Sujeitos dispensados de testemunhar (médicos sobre seu serviço).
	Presunção: Art. 230.        (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015)  (Vigência) Presunção que não pode ser aplicada. Presunção absoluta: Não admite provas em contrário (ex: art. 158, presunção de conluio relações gratuitas) Presunção relativa: Admite prova em contrário (art. 164 – boa fé nos contratos - paternidade em relação ao filho).
	Perícia: Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa Perícia pode ser exame para constatação, ou vistoria para perpetuação, ou avaliação para mensuração; Pai de criança faz exame de DNA para perpetuação; Documentar contrato de locação, vistoria com fotografia; Avaliar imóvel mensuração antes da compra e venda. Art. 231 fala do sujeito que se recusa a exame em concurso público, alegando convenção dos direitos humanos, ele não será obrigado, mas será desclassificado. Não pode se beneficiar da escusa.
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame Caso do pai que não quer se sujeitar ao exame de DNA, o magistrado irá dizer que não tem como produzir prova, se houver malícia no comportamento do sujeito, constituirá vinculo de paternidade por sentença.

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